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52 ABORTAMENTO É definido como a perda espontânea ou induzida dos produtos da concepção antes que o feto seja viável (antes de 20 a 24 semanas de gestação ou peso feto < 500 g). Não é conhecida a frequência exata dos abortos. Estima-se que 30% das concepções terminam em abortos. PRINCIPAIS FATORES ETIOLÓGICOS NOS ABORTAMENTOS ABORTAMENTO PRECOCE (< 13 SEMANAS) ABORTAMENTO TARDIO (> 13 SEMANAS) - Cromossomopatias. - Idade materna avançada. - Hormonal – insuficiência do corpo lúteo, diabetes, tireoidopatias. - Doenças autoimunes. - Infecções – pelviperitonites. - Incompetência do orifício interno do colo uterino. - Malformacões uterinas – útero bicorno. - Leiomiomas, especialmente os submucosas. - Infecções – amniorrexe prematura, - Malformações fetais. FORMAS CLÍNICAS: ameaça de aborto, aborto inevitável, aborto incompleto, aborto retido, aborto completo, aborto infectado e aborto habitual. AMEAÇA DE ABORTO Sinais e sintomas: sangramento genital, dor no baixo ventre de fraca intensidade, colo uterino impérvio. Achados ultrassonográficos: vitalidade embrionária presente, desenvolvimento embrionário adequado e descolamento ovular (< 40% da área). ABORTO INEVITÁVEL Sinais e sintomas: sangramento genital abundante, dor no baixo ventre de forte intensidade, colo uterino dilatado e presença ou não de aminiorrexe. Achados ultrassonográficos: vitalidade embrionária presente ou não, desenvolvimento embrionário adequado ou não, deslocamento ovular (> 40% da área), SG ocupado a região do istmo ou colo/vagina. ABORTO INCOMPLETO Sinais e sintomas: sangramento genital variável, dor no baixo ventre de intensidade variável (média/fraca) e colo uterino diltado ou impérvio. Achados ultrassonográficos: embrião ausente, material ecogênico (restos ovulares) na cavidade uterina, hematométrio, útero de volume aumentado. ABORTO RETIDO É a morte embrionária sem eliminação após 28 dias. Sinais e sintomas: sangramento genital descreto de cor escura ou ausente, ausência de dor em baixo ventre, colo uterino impérvio, coagulopatias/infecções (2%). Achados ultrassonográficos: embrião sem vitalidade, perda do desenvolvimento embrionário e saco gestacional deformado. ABORTO COMPLETO Sinais e sintomas: sangramento genital discreto ou ausente, ausência de dor no baixo ventre, colo uterino impérvio. Achados ultrassonográficos: embrião ausente, cavidade uterina vazia e homogênea, hematométrio discreto ou ausente, útero de volume normal ou aumentado (quando muito recente). ABORTO INFECTADO Pode ser classificado em I, II e III de acordo com os estudos de Neuwirth e Friedman. O aborto infectado pode ser por consequência do abortamento provocado ou espontâneo. Os agentes mais comuns são: peptococos, peptoestreptococos, E. coli, bacterioides, clostridium perfingens ou welchii. Grau I: infecção limitada ao conteúdo da cavidade uterina, decídua e miométrio. O quadro clínico é com febre; regular estado geral; exame pélvico tolerável; dor no baixo ventre tipo cólica, discreta ou moderada; sangramento discreto ou moderado; colo fechado ou permeável e útero ≤ idade gestacional. A conduta é curetagem + antibióticoterapia + correção de distúrbios metabólicos. Grau II: infeção do miométrio, paramétrios, anexos e peritônio pélvico. O quadro clínico é de maior comprometimento do estado geral; exame pélvico quase impossível; sangramento com secreção purulenta e fétida; temperatura elevada; colo permeável; pelviperitonite. A conduta é curetagem + antibióticoterapia + correção dos distúrbios metabólicos. 53 Grau III: infecção generalizada. O quadro clínico é com peritonite, septicemia e choque séptico. A conduta é histerectomia + antibióticoterapia + correção dos distúrbios metabólicos. MANIFESTAÇ ÕES CLÍNICAS ABORTAMEN TO EVITÁVEL INEVITÁV EL RETIDO COMPLETO INCOMPLETO INFECTADO DOR + AUSENTE/+ AUSENTE/+ +++ ++++ SANGRAMENT O + AUSENTE/+ AUSENTE/+ +++/++++ ++/+++ ALTERAÇÕES HEMODINÂMIC AS MÍNIMAS NÃO POUCA MODERADA/ GRAVE GRAVE COLO IMPÉRVIO IMPÉRVIO IMPÉRVIO PÉRVIO PÉRVIO ÚTERO/IG = < < < ≤ USG VIABILIDADE (+) VIABILIDAD E (-) NORMAL RESTOS OVULARES RESTOS OVULARES ABORTO HABITUAL 3 ou mais abortos consecutivos, sem a ocorrência de feto viável intercalado. Pode ser primário, quando não ocorre gravidez de termo anterior à sequência de perdas consecutivas. Ou secundário, quando ocorre gravidez de termo anterior à sequência de perdas consecutivas. O diagnóstico pode ser feito com anamnese, exame físico geral, exame obstétrico, USG e ß-hCG seriado. Possíveis diagnósticos diferenciais: gravidez ectópica, gravidez heterotópica, doença trofoblástica gestacional, sangramento de implantação, doenças cervicais (pólipos, miomas, câncer) e doenças vaginais e uterinas. Quanto as condutas: Expectante: é possível agudar 28 dias quando a paciente não está em vigência de infecção. A paciente deve ser orientada a retornar em caso de sangramento importante o outras complicações. Dilatação e expulsão: é utilizada o Misoprostol (Cytotec®) para abertura do colo uterino. A expulsão ocorre de forma natural, sem necessidade de curetagem. Mante a paciente em observação por 6 horas a fim de se certificar de que não haverá sangramentos intensos. Sucção ou aspiração (AMIU): é menos traumático para a cavidade uterina do que a curetagem. Dilatação e curetagem: há riscos de perfuração, infecções e Síndrome de Asherman (formação de sinéquias uterinas). LEGISLAÇÃO No Brasil, o aborto induzido é permitido para salvar a vida da gestante, quando a gravidez for resultante de estupro ou em casos comprovados de anencefalia. O aborto, fora esses casos, está sujeito a pena de detenção ou reclusão. Segundo o Conselho Federal de Medicina, de 2013: Quando houver risco à vida ou à saúde da gestante. Se a gravidez resultar de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnicas de reprodução assistida. Se for comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independentemente, em ambos atestados por dois médicos. Por vontade da gestante até 12ª semana de gestação – a partir desse momento pode apresentar mais riscos para a mãe e o SNC do feto já está formado. Artigo 28 do Código de Ética Médica (amparado pela constituição): “O médico poderá se recusar a realizar atos médicos, que embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames da sua consciência”. Organização Mundial da Saúde (OMS): cerca de 25 milhões dos abortos são realizados de forma insegura, resultando na morte de 70 mil mulheres sobretudo em países pobres e com legislações restritivas ao aborto. Complicações: aborto incompleto; hemorragias; infecções; perfurações uterinas, intestinais e vesicais; perda do útero; choque séptico/hemorrágico e morte. Aborto no Brasil: as mulheres que abortam são geral casadas, já têm filhos e declaram seguir uma fé cristã. 1 a cada 5 mulheres já realizou um aborto até os 40 anos.
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