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Aborto: Causas, Sintomas e Formas Clínicas

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ABORTAMENTO 
 
É definido como a perda espontânea ou induzida dos produtos da concepção antes que o feto seja viável (antes de 20 a 24 
semanas de gestação ou peso feto < 500 g). Não é conhecida a frequência exata dos abortos. Estima-se que 30% das 
concepções terminam em abortos. 
 
PRINCIPAIS FATORES ETIOLÓGICOS NOS ABORTAMENTOS 
ABORTAMENTO PRECOCE (< 13 SEMANAS) ABORTAMENTO TARDIO (> 13 SEMANAS) 
- Cromossomopatias. 
- Idade materna avançada. 
- Hormonal – insuficiência do corpo lúteo, diabetes, 
tireoidopatias. 
- Doenças autoimunes. 
- Infecções – pelviperitonites. 
- Incompetência do orifício interno do colo uterino. 
- Malformacões uterinas – útero bicorno. 
- Leiomiomas, especialmente os submucosas. 
- Infecções – amniorrexe prematura, 
- Malformações fetais. 
 
FORMAS CLÍNICAS: ameaça de aborto, aborto inevitável, aborto incompleto, aborto retido, aborto completo, aborto 
infectado e aborto habitual. 
 
AMEAÇA DE ABORTO 
 Sinais e sintomas: sangramento genital, dor no baixo ventre de fraca intensidade, colo uterino impérvio. 
 Achados ultrassonográficos: vitalidade embrionária presente, desenvolvimento embrionário adequado e descolamento 
ovular (< 40% da área). 
 
ABORTO INEVITÁVEL 
 Sinais e sintomas: sangramento genital abundante, dor no baixo ventre de forte intensidade, colo uterino dilatado e 
presença ou não de aminiorrexe. 
 Achados ultrassonográficos: vitalidade embrionária presente ou não, desenvolvimento embrionário adequado ou não, 
deslocamento ovular (> 40% da área), SG ocupado a região do istmo ou colo/vagina. 
 
ABORTO INCOMPLETO 
 Sinais e sintomas: sangramento genital variável, dor no baixo ventre de intensidade variável (média/fraca) e colo uterino 
diltado ou impérvio. 
 Achados ultrassonográficos: embrião ausente, material ecogênico (restos ovulares) na cavidade uterina, hematométrio, 
útero de volume aumentado. 
ABORTO RETIDO 
É a morte embrionária sem eliminação após 28 dias. 
 Sinais e sintomas: sangramento genital descreto de cor escura ou ausente, ausência de dor em baixo ventre, colo uterino 
impérvio, coagulopatias/infecções (2%). 
 Achados ultrassonográficos: embrião sem vitalidade, perda do desenvolvimento embrionário e saco gestacional 
deformado. 
 
ABORTO COMPLETO 
 Sinais e sintomas: sangramento genital discreto ou ausente, ausência de dor no baixo ventre, colo uterino impérvio. 
 Achados ultrassonográficos: embrião ausente, cavidade uterina vazia e homogênea, hematométrio discreto ou ausente, 
útero de volume normal ou aumentado (quando muito recente). 
 
ABORTO INFECTADO 
Pode ser classificado em I, II e III de acordo com os estudos de Neuwirth e Friedman. O aborto infectado pode ser por 
consequência do abortamento provocado ou espontâneo. Os agentes mais comuns são: peptococos, peptoestreptococos, 
E. coli, bacterioides, clostridium perfingens ou welchii. 
 Grau I: infecção limitada ao conteúdo da cavidade uterina, decídua e miométrio. O quadro clínico é com febre; regular 
estado geral; exame pélvico tolerável; dor no baixo ventre tipo cólica, discreta ou moderada; sangramento discreto ou 
moderado; colo fechado ou permeável e útero ≤ idade gestacional. A conduta é curetagem + antibióticoterapia + 
correção de distúrbios metabólicos. 
 Grau II: infeção do miométrio, paramétrios, anexos e peritônio pélvico. O quadro clínico é de maior comprometimento 
do estado geral; exame pélvico quase impossível; sangramento com secreção purulenta e fétida; temperatura elevada; 
colo permeável; pelviperitonite. A conduta é curetagem + antibióticoterapia + correção dos distúrbios metabólicos. 
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 Grau III: infecção generalizada. O quadro clínico é com peritonite, septicemia e choque séptico. A conduta é 
histerectomia + antibióticoterapia + correção dos distúrbios metabólicos. 
 
 
MANIFESTAÇ
ÕES 
CLÍNICAS 
ABORTAMEN
TO 
 
EVITÁVEL 
INEVITÁV
EL 
RETIDO COMPLETO INCOMPLETO 
 INFECTADO 
DOR + AUSENTE/+ AUSENTE/+ +++ ++++ 
SANGRAMENT
O 
+ AUSENTE/+ AUSENTE/+ +++/++++ ++/+++ 
ALTERAÇÕES 
HEMODINÂMIC
AS 
MÍNIMAS NÃO POUCA MODERADA/ 
GRAVE 
GRAVE 
COLO IMPÉRVIO IMPÉRVIO IMPÉRVIO PÉRVIO PÉRVIO 
ÚTERO/IG = < < < ≤ 
USG VIABILIDADE 
(+) 
VIABILIDAD
E (-) 
NORMAL RESTOS 
OVULARES 
RESTOS 
OVULARES 
 
ABORTO HABITUAL 
3 ou mais abortos consecutivos, sem a ocorrência de feto viável intercalado. Pode ser primário, quando não ocorre gravidez 
de termo anterior à sequência de perdas consecutivas. Ou secundário, quando ocorre gravidez de termo anterior à sequência 
de perdas consecutivas. O diagnóstico pode ser feito com anamnese, exame físico geral, exame obstétrico, USG e ß-hCG 
seriado. Possíveis diagnósticos diferenciais: gravidez ectópica, gravidez heterotópica, doença trofoblástica gestacional, 
sangramento de implantação, doenças cervicais (pólipos, miomas, câncer) e doenças vaginais e uterinas. Quanto as 
condutas: 
 Expectante: é possível agudar 28 dias quando a paciente não está em vigência de infecção. A paciente deve ser orientada a 
retornar em caso de sangramento importante o outras complicações. 
 Dilatação e expulsão: é utilizada o Misoprostol (Cytotec®) para abertura do colo uterino. A expulsão ocorre de forma 
natural, sem necessidade de curetagem. Mante a paciente em observação por 6 horas a fim de se certificar de que não 
haverá sangramentos intensos. 
 Sucção ou aspiração (AMIU): é menos traumático para a cavidade uterina do que a curetagem. 
 Dilatação e curetagem: há riscos de perfuração, infecções e Síndrome de Asherman (formação de sinéquias uterinas). 
 
LEGISLAÇÃO 
No Brasil, o aborto induzido é permitido para salvar a vida da gestante, quando a gravidez for resultante de estupro ou em 
casos comprovados de anencefalia. O aborto, fora esses casos, está sujeito a pena de detenção ou reclusão. Segundo o 
Conselho Federal de Medicina, de 2013: 
 Quando houver risco à vida ou à saúde da gestante. 
 Se a gravidez resultar de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnicas de reprodução 
assistida. 
 Se for comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida 
independentemente, em ambos atestados por dois médicos. 
 Por vontade da gestante até 12ª semana de gestação – a partir desse momento pode apresentar mais riscos para a mãe e o 
SNC do feto já está formado. 
 
Artigo 28 do Código de Ética Médica (amparado pela constituição): “O médico poderá se recusar a realizar atos médicos, 
que embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames da sua consciência”. 
 
Organização Mundial da Saúde (OMS): cerca de 25 milhões dos abortos são realizados de forma insegura, resultando na 
morte de 70 mil mulheres sobretudo em países pobres e com legislações restritivas ao aborto. 
 
Complicações: aborto incompleto; hemorragias; infecções; perfurações uterinas, intestinais e vesicais; perda do útero; 
choque séptico/hemorrágico e morte. 
 
Aborto no Brasil: as mulheres que abortam são geral casadas, já têm filhos e declaram seguir uma fé cristã. 1 a cada 5 
mulheres já realizou um aborto até os 40 anos.

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