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CONCEITO DA GESTÃO FINANCEIRA

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CONCEITO DA GESTÃO FINANCEIRA
UNIDADE 1
GESTÃO FINANCEIRA: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Objetivos de aprendizagem
•	Definir os conceitos de função financeira, gestão financeira e análise financeira, destacando a importância do gestor financeiro para a empresa.
•	Mostrar os principais riscos existentes decorrentes do ambiente econômico e financeiro no qual a empresa está inserida.
•	Evidenciar que o fluxo internacional de capitais e a volatilidade presente nos diferentes mercados bem como alterações na taxa de câmbio, na taxa de juros e inflação são fontes de risco para as empresas.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	Importância e Principais Funções da Gestão Financeira
•	Análise dos Riscos: Contexto Histórico
•	Análise dos Riscos no Ambiente Externo da Empresa
Introdução
Caro(a) aluno(a), iniciamos nosso estudo sobre Conceitos de Gestão Financeira, destacando a relevância do termo “Gestão”, sempre presente no dia a dia dos stakeholders, e a atualidade do termo“financeiro”. Em suma, os aspectos financeiros permeiam todas as instâncias da vida moderna, sendo que terminologias, como administração financeira, crise financeira, gestão financeira, mercado financeiro, entre outras, já são corriqueiras. Desse modo, nesta unidade, buscamos introduzir o conceito de gestão financeira e demais conceitos correlatos a esse tema.
A atuação em um mercado financeiro em franca expansão, a tomada de decisões em grandes corporações, ou mesmo em uma empresa de base familiar, requer o conhecimento de aspectos ligados à Gestão Financeira. Um bom gestor financeiro não é afetado pelo “achismo”, ele se baseia em indicadores, ele não é conduzido pelo viés retrospectivo (Eu avisei! Se tivesse feito isso!) ou pelos alarmistas de plantão. O gestor toma decisões com base em uma análise fundamentada, preocupando-se com o planejamento financeiro, a captação e gestão dos recursos existentes na empresa, o fluxo de caixa, os estoques, fica de olho nas mudanças econômicas que podem influenciar a sua companhia. Em suma, é exigida desse profissional certa versatilidade.
Com isso, espera-se que o conteúdo apresentado desperte seu interesse para
a multiplicidade de aspectos que circundam o conceito de gestão financeira. Ou seja, não temos a intenção de encerrar o debate sobre esse vasto tema, a ideia aqui é apresentar conceitos introdutórios, que somados a outros conceitos vão solidificar a base para o entendimento da importância da gestão financeira. Como o gestor financeiro atua em várias frentes dentro de uma empresa, o presente material constitui-se em um subsídio para que o aluno seja apresentado a vários dos temas correlatos à gestão financeira, sem a pretensão de grande aprofundamento nessas questões. Enfim, seja bem-vindo(a) e aproveite essa interessante temática, que é a gestão financeira.
IMPORTÂNCIA E PRINCIPAIS FUNÇÕES DA GESTÃO FINANCEIRA
Dentro da vasta área das finanças, Weston e Brigham (2000) destacam que existem três áreas correlacionadas: mercado monetário e de capitais, investimentos e administração financeira. O mercado monetário é composto por bancos, companhias de seguro, de poupança e de empréstimo; associações de crédito coexistem, no qual os agentes se preocupam com aspectos relacionados à taxa de câmbio, taxa de juros, regulamentação das instituições financeiras.
O mercado de investimentos é composto por bancos, fundos mútuos ou companhias de seguros que administram carteiras de investimentos. Por fim, tem-se a administração financeira, a mais ampla das três áreas segundo o autor, que envolve decisões desde a expansão de uma fábrica, estoques, capital de giro até a distribuição de dividendos (WESTON; BRIGHAM, 2000).
Para Gitman (2004), a administração financeira compreende as mais diversas tarefas financeiras, avaliação de projetos, planejamento financeiro, captação de recursos, concessão de crédito a clientes, entre outras. Para Ansoff (1977), as empresas têm que tomar decisões estratégicas, administrativas e operacionais. As decisões estratégicas referem-se às relações entre a empresa e seu ambiente, e são decisões da alta administração que geram atos com efeito duradouro.
Por sua vez, as decisões administrativas ou tácitas ocorrem no nível gerencial, produzem efeitos a médio prazo e estão relacionadas com a estruturação dos recursos da empresa visando ao melhor resultado possível. As decisões operacionais estão ligadas ao dia a dia da empresa, e são tomadas para alcançar padrões de funcionamento preestabelecidos, com o intuito de criar as condições adequadas para a realização do trabalho diário da organização (ANSOFF, 1977).
Esse tipo de decisão permite a geração de um nível detalhado de informação de tarefas ou atividades possibilitando a criação de indicadores plausíveis sobre a situação da empresa. Essas decisões são inerentes ao gestor financeiro, destacando, assim, a importância desse profissional para a empresa e como a gestão financeira está intrinsecamente ligada às demais atividades da empresa.
No âmbito dessa área das finanças, denominada por Weston e Brigham (2000) como administração financeira, é necessário definir alguns conceitos: função financeira, gestão financeira e análise financeira. Para Ferreira e Esperto (2007), a função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos valores movimentados por todas as áreas da empresa, e engloba a preparação, execução e controle das decisões financeiras da empresa.
Ou seja, trata dos meios para que a empresa compre, produza, venda ou simplesmente troque recursos financeiros. Encontrada em diferentes tipos de empresa, a função financeira tem um papel importante no desenvolvimento das atividades operacionais, assegurando que a soma dos resultados obtidos nessas atividades contribua para o sucesso do empreendimento.
Ferreira e Esperto (2007) destacam que a função financeira conduz os responsáveis da organização e outras entidades no processo de tomada de decisão. Dentre os objetivos da função financeira, podem-se destacar: assegurar os fluxos econômicos e financeiros da empresa, maximizando o resultado obtido; adequar as fontes de financiamento minimizando os riscos; elaborar estudos avaliativos sobre a situação econômico-financeiro da empresa, e disponibilizar informações para todos os envolvidos no processo decisório.
Ademais, a gestão financeira consiste em um conjunto de rotinas, centralizadas hierarquicamente ou não, que preocupam-se com a mobilidade funcional do capital, tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo da empresa. Para Ferreira e Esperto (2007), a gestão financeira envolve aspectos relacionados ao passado (registro e monitoramento), ao presente (controle financeiro) e ao futuro (planejamento financeiro) da instituição. Dentre os objetivos da gestão financeira, podem-se citar: assegurar a estrutura financeira mais adequada; manter a integridade do capital e promover o seu reforço sempre que possível; assegurar a rentabilidade e solvabilidade da empresa.
Na gestão financeira de uma empresa, é possível identificar qual é o montante de recursos disponíveis; o que se pode fazer com os recursos disponíveis perante as alternativas de investimento; qual o recurso necessário para um determinado empreendimento, no qual é possível obter os recursos necessários.
Hoji (2009) divide as decisões do gestor financeiro em três etapas. A primeira etapa seria a de Análise, Planejamento e Controle Financeiro, que consiste na coordenação, monitoramento e avaliação de todas as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros. A segunda etapa compreende as Decisões de Investimento, as quais se referem à destinação dos recursos financeiros, considerando uma adequada relação de risco e retorno entre os capitais investidos. Por fim, têm-se as Decisões de Financiamento, a qual compreende as decisões tomadas para captação de recursos financeiros, considerando a estrutura de capital adequada, composta por capitais de curto e longo prazo.
Para Hoji (2009, p. 415), o planejamentode modo geral deve atender aos seguintes princípios: contribuição aos objetivos, precedência, abrangência, maior eficiência, eficácia e efetividade. Para Zdanowicz (2003), o planejamento financeiro deve levar em conta alguns princípios básicos, tais como: ser exequível, a meta proposta deve ser viável, possível de ser realizada; ser quantificável, dados concretos passíveis de análise estatística; ser flexível, permitir adequações a situações imprevistas, e ser único, integrado em um plano geral.
Como uma terceira etapa da administração financeira, tem-se a Análise Financeira. A Análise financeira engloba um conjunto de instrumentos, técnicas e métodos que permitem conhecer, avaliar e interpretar (realizar diagnósticos) a situação financeira e econômica da empresa.
Dentre os objetivos da análise financeira, pode-se destacar: diagnosticar, propor medidas e detectar tendências futuras; informar todos os interessados sobre o desempenho da empresa; e colaborar na definição da estratégia de expansão da empresa. Para Helfert (2000), pode ser usada para interpretar o desempenho do sistema empresarial, sendo agrupada de acordo com os seguintes pontos de vista analíticos: contabilidade financeira, análise do investidor e engenharia econômica.
Enfim, ao falar sobre função, gestão ou análise financeira, estamos descrevendo o processo decisório da empresa. Sendo que o sucesso da operação, do desempenho e da viabilidade, a longo prazo, de qualquer negócio depende de uma sequência contínua de decisões. Essas decisões financeiras envolvem o diagnóstico, monitoramento, a tomada de decisões e prognósticos quanto ao futuro do empreendimento, sendo que essas decisões impactam os recursos financeiros existentes.
No tocante às decisões financeiras, as mesmas podem ser divididas em decisões de curto e de longo prazo. Para Ferreira e Esperto (2007), as decisões financeiras de curto prazo englobam colocação de disponibilidades, cessão de créditos, endividamento e recursos bancários. Por sua vez, as decisões de longo prazo englobam aquisição de ativos corpóreos (edifícios, equipamentos etc.), ativos incorpóreos (alvarás) e ativos financeiros.
Em última instância, falamos de informação financeira, sendo a informação que as empresas preparam com base e regras em princípios contábeis, e devem, entre outros aspectos, ser apresentados de forma clara e compreensível, sendo factíveis e confiáveis, permitindo comparabilidade quando necessário e, sempre que possível, serem tempestivas, ou seja, apresentadas no momento apropriado.
Até aqui foram apresentadas várias terminologias (função financeira, gestão financeira, análise financeira, decisões financeiras e informação financeira). Conhecendo essas terminologias, destacando que as mesmas são indissociáveis, doravante, trataremos do termo Gestão Financeira. O próximo passo da análise é apresentar os diferentes ciclos da empresa e sua relação com o processo de gestão.
Para Hoji (2009), o Ciclo Operacional de uma empresa compreende o período que se inicia na aquisição da matéria-prima para produção (empresas industriais) ou na aquisição de mercadoria (empresas comerciais), ou na prestação de serviços (empresas de serviços), e se finaliza no recebimento pelo produto ou serviço final. Para o autor, o ciclo operacional é a soma do prazo de rotação dos estoques e prazo de recebimento da venda.
Por sua vez, Assaf Neto e Silva (1997) dizem que o Ciclo Financeiro mede exclusivamente as movimentações de caixa, abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa e o recebimento da venda do produto. Ou seja, representa o intervalo de tempo de que a empresa irá necessitar efetivamente ao financiamento para suas atividades.
Por fim, Hoji (2009) destaca que o Ciclo Econômico inicia-se com os desembolsos ou gastos na compra da matéria-prima (esses gastos podem ser feitos antes da efetiva obtenção da matéria-prima) e encerra-se com a venda do produto fabricado.Para Assaf Neto e Silva (1997), o ciclo econômico não leva em conta os reflexos de caixa verificados em cada fase operacional, ou seja, os prazos de recebimentos das vendas e os pagamentos dos gastos incorridos. A Figura 1 apresenta a relação entre os ciclos econômico, financeiro e operacional da empresa.
Figura 1: Ciclos Econômico, Financeiro e Operacional para uma empresa industrial Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2007, p. 521)
Nota: 
PMEMP - Prazo médio de estocagem da matéria-prima 
PMF - Prazo Médio de Fabricação
PMV - Prazo Médio de Venda
PMC - Prazo Médio de Cobrança (ou de recebimento) 
PMPF - Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores
Para Assaf Neto (2007), a diferença entre os ciclos operacional, econômico e financeiro pode ser explicitada por meio das seguintes fórmulas:
Ciclo Operacional = PMEMP + PMF + PMV + PMC 
Ciclo Econômico = PMEMP + PMF + PMV
Ciclo Financeiro = (PMEMP + PMF + PMV + PMC) – PMPF
O gestor financeiro pode avaliar a dinâmica desses três ciclos por meio do cálculo de alguns indicadores de prazo médio. O prazo médio de estocagem da matéria- prima é dimensionado levando em conta o custo de capital, custo das instalações, custo dos serviços e risco de estocagem (BRAGA, 1995).
O prazo médio de fabricação depende do ramo de atividade da empresa, e o prazo de venda depende das características do mercado em que a empresa atua, sendo variáveis exógenas ao gestor, ou seja, na maioria das vezes, o gestor não tem como promover alterações nesse prazo.
O prazo médio de cobrança ou recebimento indica o tempo decorrido, em média, entre a venda de seus produtos e o efetivo ingresso dos recursos. Esse prazo é afetado pela política de crédito da empresa. 
O prazo médio de pagamentos representa o tempo decorrido, em média, o prazo que a empresa vem obtendo de seus fornecedores para quitar suas obrigações advindas da compra de matérias-primas ou serviços (BRAGA, 1995). Esses prazos são indicadores muito importantes, sendo utilizados pelo gestor para aumentar a eficiência da gestão dos recursos da empresa. Enfim, esses distintos ciclos são utilizados para mensurar o tempo em que cada atividade da empresa é desenvolvida. São úteis na medida em que refletem a cultura organizacional da empresa, sendo que o entendimento desses ciclos é um ponto primordial na elaboração do orçamento, para projetar as necessidades de capital de giro e entender o fluxo de caixa da empresa, elementos que serão analisados nas próximas aulas.
ANÁLISE DOS RISCOS: CONTEXTO HISTÓRICO
As finanças das empresas já são elementos de estudo da Ciência Econômica desde os primórdios. Para Assaf Neto (2007), a Grande Depressão da década de 1930, a influência de diferentes vertentes teóricas, a crescente complexidade dos negócios possibilitaram a criação e a expansão da teoria das finanças. Nesse contexto, as décadas de 1950 e 1960 foram prodigiosas para o ramo das finanças, sendo que os gestores financeiros da atualidade se beneficiam das inovações de autores, como Harry Markowitz, William Sharpe, Franco Modigliani, Merton Miller, Eugene Fama, entre outros.
Na década de 1950, surgem duas correntes com forte influência sobre as finanças modernas: Markowitz, em 1952, e Modigliani e Miller, em 1958. Harry Markowitz lança as bases da teoria do portfólio, avaliando a relação risco e retorno, sendo seguido por autores como Tobin (1952) e Sharpe (1964), mas a importância dos seus estudos só foi reconhecida a partir da década de 1970. Por sua vez, no teorema Modigliani-Miller, esses autores desenvolveram a concepção de que o valor da empresa independe de sua estrutura de capital (SAITO; SAVOIA; FAMÁ, 2006).
Nesse sentido, a moderna gestão do risco, especificamente o risco financeiro, ganhou ímpeto com a teoria do portfólio de Markowitz (1952). A contribuição desse autor, com a teoria do portfólio, se baseia na redução do risco por meio da diversificação de ativos, rejeitando a hipótese de que os investidores devem formar o seu portfólio embasado somente no maior retorno esperado. A partir de então, a relação risco e retorno foi avaliada por outro prisma; deixou-sede avaliar unicamente o risco isolado de cada ativo para avaliar os resultados de risco e retorno inerentes a uma carteira de ativos.
De uma forma simplista, seria o equivalente ao ditado popular“não coloque todos os ovos em uma cesta só”. Entretanto, o autor alertou que somente a quantidade de ativos não mitiga o risco, é necessário escolher ativos pouco relacionados. O ponto aqui é que com a sistematização matemática da teoria do portfólio, a escolha dos ativos que compõem essa“cesta”ou portfólio passou a ser um passo importante para a gestão de qualquer patrimônio. Bernstein (1997, p. 257) destaca a importância da contribuição de Markowitz:
“O artigo Portfolio Selection revolucionou a atividade de gerência de investimentos, ao elevar o risco à mesma importância do retorno esperado. O artigo, junto com o livro de mesmo nome que Markowitz escreveu em 1959, foi a base de quase todos os trabalhos teóricos de finanças que se seguiram.”
Cabe destacar que tal teoria leva em conta o retorno esperado, a correlação, a volatilidade e as covariâncias entre os ativos que compõem a carteira, e toda uma construção matemática que não será abordada neste livro.
Fonte: o autor
Com base no exposto, Tobin (1952) contribui com essa vertente teórica, demonstrando que o investidor toma suas decisões combinando um ativo livre de risco com o portfólio situado na Fronteira Eficiente. Em outras palavras, esse autor criou a Teoria da Separação, demonstrando que o investidor primeiro determina o portfólio de ativos mais eficientes, e depois determina a proporção de recursos a ser alocados nos ativos livres de risco e nos ativos de risco. Em última instância, para o autor, o grau de diferenciação vai depender da maior ou menor tolerância ao risco (SAITO; SAVOIA; FAMÁ, 2006).
Por sua vez, William Sharpe (1964), aprofundando os conceitos da teoria do portfólio, criou um índice para avaliar a eficiência dos investimentos, para então classificar diferentes ativos levando em conta a relação entre o retorno esperado e a volatilidade do ativo (RENNER, 2010). Esse autor, de certo modo, simplificou a teoria do portfólio ao demonstrar que o risco total é composto do risco sistêmico e do risco não-sistêmico (ou diversificável).
Figura 2: Tipo de risco existente na composição de uma carteira de ativos 
Fonte: adaptada de Assaf Neto (2007, p. 236)
•	Risco diversificável é o risco que pode ser total ou parcialmente diluído pela diversificação de carteira.
•	Risco sistemático é o risco que está sempre presente na estrutura do portfólio, é o risco decorrente das mudanças do sistema econômico como um todo (ASSAF NETO, 2007, p. 236).
William Sharpe também ficou conhecido por suas contribuições no modelo de avaliação de ativos de capital ou CAPM. Nesse modelo, o autor introduziu o conceito de beta que mensura a relação existente entre o retorno de um ativo e o mercado. Essa variável beta pode ser explicada por meio da fórmula:
r − rf = β (rm − rf) 
em que,
r é a taxa de retorno do investimento, ou taxa mínima de atratividade;
rf é a taxa de retorno de um investimento livre de risco; e
rm é a taxa média de retorno do mercado
ß é o beta
Como já disse Albert Einstein, “para descrever a verdade, deixe a elegância para os alfaiates”. Então, essa fórmula aparentemente simples nos leva a uma importante conclusão: o prêmio de risco esperado de um determinado investimento (r - rf ) é igual ao beta multiplicado pelo prêmio de risco esperado no mercado (r - rm). Por exemplo, um prêmio de risco esperado por um investidor com um beta de 0,5 é metade do prêmio de risco esperado pelo mercado (BREALEY et al., 2008).
Já os investidores Modigliani-Miller seguiram outra linha. De acordo com Oga (2007, p. 13), em 1958, Franco Modigliani e Merton Miller demonstraram que, sob certas condições, as decisões reais são separadas das decisões financeiras. Nesse sentido, esse teorema demonstra que as empresas não têm que ajustar suas decisões às preferências de risco dos diversos investidores e que a política de dividendos das firmas não afeta o seu valor de mercado.
Na década de 1970, Eugene Fama define a Hipótese de Mercado Eficiente (HME), alvo de muitos trabalhos empíricos até os dias atuais, onde postula que o preço de mercado de uma ação ou de um outro título deve corresponder ao seu “preço justo”. Nesse sentido, o que determina, em curto prazo, o preço do ativo é o seu risco, definido pela volatilidade dos retornos esperados, segundo o modelo CAPM. Sem entrar no detalhamento desse modelo, a década de 1970 incorporou um novo segmento de estudo na teoria das finanças: a gestão de risco. O arcabouço teórico das finanças ganhou mais um capítulo, a teoria de avaliação das opções de Fisher Black e Myers Scholes.
Enfim, em um espaço de pouco mais de duas décadas, a teoria das finanças havia se diversificado, assumindo diversas facetas que vão desde a teoria de carteiras de Markowitz, a teoria de avaliação de risco de Modigliani-Miller, o modelo CAPM de Sharpe, a teoria de eficiência dos mercados financeiros de Fama e o Modelo de apreçamento de ativos de Black-Scholes. A ideia aqui é demostrar o amplo arcabouço teórico sobre o tema de que estamos tratando e que foram muitos os desdobramentos teóricos ao longo dos últimos 50 ou 60 anos para chegarmos à concepção atual de gestão financeira.
Caro(a) aluno(a), findamos a primeira etapa dessa aula apresentando uma concepção histórica da análise do binômio risco X retorno, mostrando um pouco da metodologia existente para a avaliação do risco existente. Seguindo em nossa análise, é necessário definir adequadamente o termo risco e identificar as principais fontes de risco.
Até aqui, utilizou-se o termo risco, mas para um gestor financeiro, é de fundamental importância que ele entenda a diferença entre risco e incerteza. Para clarificar essa questão, abaixo seguem algumas definições.
Para Knight (1972), risco é uma contingência desfavorável e pode ser medido em termos de probabilidade objetiva, e a incerteza refere-se a situações singulares, em que não há a possibilidade do cálculo, a priori, de algo acontecer. Para Crouhy, Galai e Mark (2004), riscos são fenômenos que se podem identificar e medir, avaliar e minimizar por meio de uma gestão técnica, enquanto que incerteza é todo evento derivado do desconhecido, de uma fonte sem controle. Para Gastineau e Kritzman (1999), a terminologia risco expressa, de uma maneira geral, um fenômeno que expõe o agente econômico a mudanças por conta da adversidade que ocorre em um mercado ou até mesmo um país. Também, para Garofalo Filho (2004), o risco indica perigo, sobretudo, possibilidade de perda financeira ou econômica.
Portanto, existe uma percepção do risco por parte dos agentes, em que se pode antecipar uma série de decisões, podendo até se tirar proveito desse processo. Enquanto que a incerteza está ligada a fatos futuros desconhecidos, não passíveis de perfeita mensuração e quantificação, por força da sua própria particularidade.
Desse modo, risco e retorno são variáveis financeiras indissociáveis. Dessa análise, criou-se o jargão “quanto maior o risco, maior o retorno”. Então, a essa altura, você já deve ter percebido que estamos abordando dois pontos distintos: risco e incerteza. Na existência de incerteza, vamos corrigir essa máxima para “quanto maior o risco percebido maior será o retorno potencial”.
Embora as incertezas possam ser ainda não conhecidas, no entanto, podem ser minimizadas, tornando-se, assim, um grande desafio dos gestores, diretores, investidores etc. Então, caro(a) aluno(a), saber que existe incerteza já é um primeiro passo, pois assim a atuação profissional será realizada buscando“aparar as arestas”, para evitar surpresas, derivadas do desconhecido, e para antecipar decisões minorando os riscos conhecidos e até tirar proveitos de certas situações.
A classificação dos riscos é conhecida na literatura como tipologia de exposição ao risco. Utilizando as definições de Gitman (2004, p. 185), os riscos podem ser caracterizados conforme o Quadro 1.
Quadro 1: Fontespopulares de risco para administradores financeiros e acionistas
Dada a diferença entre riscos e incertezas, diante do reconhecimento de que diversos ambientes afetam ou determinam os riscos existentes, com isso, há uma vasta gama de riscos existentes, assim, pode-se assumir que não existe uma possibilidade definitiva de eliminar os riscos e as incertezas. Assim o gestor toma decisões influenciado pelas preferências (aversão ou aceitação dos riscos), com informações incompletas, e há o desconhecimento das reais consequências dessas decisões.
ANÁLISE DOS RISCOS NO AMBIENTE EXTERNO DA EMPRESA
Para administrar financeiramente uma empresa, tem que se ter em mente um conjunto de decisões. Partindo da análise, planejamento e controle financeiro, onde o orçamento, o fluxo de capital e a identificação da necessidade de capital de giro são variáveis importantes, o gestor se defronta com duas decisões importantes: decisão de financiamento (captação de recursos) e decisão de investimento (aplicação de recursos).
O gestor sabe que além do ciclo financeiro, deve levar em conta os ciclos econômico e operacional da empresa, que a percepção do risco e a precaução são condutas adequadas em suas decisões. Além disso, seu grau de aversão ao risco e à informação incompleta sobre todas as variáveis que afetam sua empresa vão afetar os resultados das suas decisões.
Aqui temos um ponto importante em nossa análise, o gestor não tem uma informação completa, o pleno conhecimento de todas as variáveis que afetam a sua empresa ou empreendimento. Até aqui falamos dos principais aspectos do ambiente interno que afetam a tomada de decisão. Mas há uma série de variáveis relacionadas ao ambiente externo da empresa, que serão avaliadas nesta aula.
Os negócios estão se tornando cada vez mais competitivos, a lucratividade da empresa depende da estratégia operacional da empresa, porém, com a globalização, o capital especulativo percorre o mundo atrás de rentabilidade e retorno, fato que afeta as economias de diversos países e, com isso, também influencia o dia de dia das empresas.
Primeiramente, as empresas realizam seu planejamento financeiro que, segundo Weston e Brigham (2000, p.343), envolve a realização de projeções de vendas, renda e ativos baseada em estratégias alternativas de produção e marketing, seguidas pela decisão de como atender às necessidades financeiras previstas. Por sua vez, o controle financeiro situa-se na fase de implementação dos planos, caracterizando-se como um processo de ajustamento. Dessa definição, vamos avaliar tanto as projeções quanto os fluxos de mercadorias e os fluxos financeiros.
Quanto às projeções de vendas, para que as empresas atinjam suas metas, uma série de variáveis externas à empresa deve ser considerada: mudanças na renda da população, mudanças nos preços das empresas concorrentes, novos bens substitutos etc. Em uma escala mais ampla, um determinado mercado pode ser afetado pela atuação de uma empresa multinacional.
Para Hoji (2009), as multinacionais são empresas que distribuem sua produção em mais de um país, buscando redução do custo e economia de escala. Para Weston e Brigham (2000), as empresas estão buscando o caminho internacional devido a cinco principais motivos: buscar novos mercados, novas matérias-primas, novas tecnologias, aumentar a eficiência na produção e evitar problemas políticos e regulatórios.
Um caminho encontrado pelas empresas para atuar em mercados globais é o das fusões e aquisições. Para Weston e Brigham (2000), a busca por sinergias é um dos motivos das fusões, sendo que dentre as principais sinergias, pode-se citar: economias de escala, maior eficiência administrativa e maior poder de mercado. Outros motivos estariam relacionados a questões tributárias, à compra de ativos abaixo do seu custo de substituição e à diversificação, entre outros.
Logo, uma determinada empresa, ao fazer suas projeções de vendas e receitas, tem que levar em conta que o ambiente competitivo está em constante mudança. Nesse ponto, pode-se distinguir a gestão financeira doméstica da gestão financeira multinacional. Weston e Brigham (2000) destacam que a tarefa de um gestor de uma empresa multinacional é mais complexa, pois envolve o conhecimento de: diferentes denominações monetárias, das ramificações econômicas e legais de uma determinada operação, diferentes idiomas, diferenças culturais, diferente papel e atuação dos governos e o risco político.
Para Hoji (2009), em uma operação comercial internacional, surgem dois outros tipos de risco, o risco de cambial e o risco político. O risco cambial pode ser definido como a variação inesperada e não quantificável da moeda estrangeira em relação à moeda local. Para Gitman (2004), como muitas empresas atuam também em mercados estrangeiros, parte das suas receitas e de seus custos está atrelada à moeda estrangeira, desse modo, o risco cambial é causado pela oscilação da taxa de câmbio entre as moedas doméstica e estrangeira, causando assim oscilações na receita e nos custos da empresa.
Para reduzir o risco de câmbio, são adquiridas divisas no mercado a termo ou é realizado hedging no mercado futuro (HOJI, 2009). Na gestão internacional de caixa, uma empresa multinacional pode reagir aos riscos de câmbio existentes protegendo (fazendo hedge) suas exposições indesejáveis em termos de caixa ou realizando certos ajustes em suas posições (GITMAN, 2004, p. 661). O Quadro 2 apresenta uma lista de ferramentas para redução do risco de câmbio.
Quadro 2: Ferramentas utilizadas para redução do risco de câmbio
Por sua vez, o risco político existe quando o governo do país devedor não permite a remessa de divisas para o exterior, em determinadas circunstâncias. Hoji (2009) destaca que para reduzir o risco político, são exigidas cartas de crédito, seguro de crédito para exportação, fianças bancárias internacionais e garantias de agências oficiais de fomento. No Quadro 2, é apresentada uma lista de medidas para mitigar o risco político:
Quadro 3: Enfoques para lidar com riscos políticos
Outro ponto importante para a empresa é a decisão de como atender às necessidades financeiras previstas, uma decisão de investimento. Entretanto, o crescente fluxo de capital especulativo entre os países aumenta a volatilidade no preço de diversos ativos financeiros, os quais exercem influência nos ativos reais da economia.
De acordo com Hull (2006), a volatilidade de um ativo é a medida de incerteza quanto aos retornos por ele proporcionados. Essa característica implica em maior instabilidade na realização dos negócios, devido ao elevado grau de risco presente na comercialização do produto. Segundo Purcell e Koontz (1999), o cálculo da volatilidade é realizado a partir de uma série temporal histórica dos preços diários de um determinado ativo, por meio da fórmula:
Em que,
s é a volatilidade histórica;
n é o número de variações nos preços (logo, n+1 é o número de observações de preços);
sendo si o preço do ativo que está sendo analisado, com média r . 
Enfim, incorporamos novas variáveis relacionadas à decisão de planejamento e controle financeiro do gestor público. Em um ambiente cada vez mais competitivo, o gestor público se defronta com variáveis que estão fora do seu controle e uma dessas variáveis é a concorrência. Como o ambiente competitivo está em constante mudança, o gestor deve considerar esse ponto em sua análise. Em uma estratégia de longo prazo, esse ambiente competitivo conduz à busca de economias de escala, maior eficiência administrativa, novos insumos, diversificação etc., fato que faz com que o gestor cogite a possibilidade de atuar em novos mercados, especialmente em mercados internacionais. Nessa esfera, identificamos novos riscos, o risco cambial e o risco político e os instrumentos utilizados para reduzir esses riscos, demonstrando que o simples crescimento do mercado financeiro propicia um maior movimento especulativo dos ativos e, consequentemente, atribui uma maior volatilidade do mercado. Saber calcular e interpretar essa volatilidade é uma ferramentaimportante na gestão financeira de uma empresa.
RESUMO
No campo das finanças, a administração financeira é uma ampla área que envolve decisões estratégicas, tácitas e operacionais da empresa. Nessa área, podemos ilustrar os conceitos de função financeira, gestão financeira e análise financeira. A função financeira engloba a preparação, execução e controle das decisões financeiras da empresa.
Por sua vez, a gestão financeira é um conjunto de rotinas relacionadas a aspectos do passado (registro e monitoramento), do presente (controle financeiro) e do futuro (planejamento financeiro) da instituição. E a análise financeira engloba um conjunto de instrumentos, técnicas e métodos necessários para gerar informações úteis à gestão financeira.
As decisões são tomadas levando em conta três ciclos que coexistem dentro da empresa: ciclo operacional, ciclo econômico e financeiro. Esses ciclos refletem a cultura organizacional da empresa e afetam decisões, como a estocagem e a política de crédito, além de influenciar aspectos relacionados ao fluxo de caixa e capital de giro da empresa.
Para entender o estado da arte da gestão financeira, apresentamos alguns fatos históricos e teorias que foram responsáveis pelo arcabouço institucional da gestão financeira moderna. Porém, como ponto de partida, focamos na década de 1950, período em que foram formadas as bases das finanças modernas. O passo seguinte é mostrar os riscos decorrentes do ambiente econômico no qual a empresa está inserida.
Com a análise do binômio risco-retorno, reescrevemos um conhecido ditado popular para“quanto maior o risco percebido maior será o retorno potencial”, identificando assim a importante diferença de risco e incerteza. Posteriormente, classificamos os diferentes riscos existentes: financeiro, operacional, liquidez, mercado etc. Posteriormente, vamos realizar uma análise do ambiente institucional, apresentando os conceitos de Sistema Financeiro Nacional, Mercado Financeiro e Mercado de Capitais.
UNIDADE 2
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Objetivos de aprendizagem
• Apresentar o conceito introdutório de orçamento empresarial.
•Definir os conceitos de orçamento operacional, de caixa e de capital.
•Apresentar os conceitos de política de crédito e de cobrança e gestão de estoque.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•Conceito de Orçamento
•Planejamento do Capital de Giro e Fluxo de Caixa
•Política de Crédito e Gestão de Estoque
Introdução
Os conceitos predominantes da função financeira na atualidade, apresentados na unidade I, são frutos do conhecimento acumulado ao longo do tempo. Nesse contexto, as atribuições do gestor financeiro tornaram-se cada vez mais complexas e pluralistas. Por exemplo, sabemos que o gestor financeiro toma decisões com base em dados e indicadores provenientes de uma constelação de processos desenvolvidos no interior da empresa. No entanto, essas decisões financeiras não ocorrem em um ambiente de total certeza em relação a seus resultados. Assim, por estarem focadas no futuro da empresa, essas decisões envolvem certo grau de risco e incerteza.
Como forma de minimizar os riscos e incertezas na tomada de decisões, é fundamental que o gestor financeiro domine os instrumentos de planejamento e controle financeiro. Assim, você irá conhecer alguns instrumentos úteis ao planejamento e controle financeiro, como: orçamento, capital de giro, fluxo de caixa, política que crédito e gestão de estoque.
Antes de abordar cada um desses temas, é necessário enfatizar também que o Planejamento e Controle Financeiro (PCF) são instrumentos úteis para a racionalização dos gastos, segurança e qualidade dos projetos e otimização dos investimentos. O processo de planejamento deve incorporar os fatores de perturbação (riscos) suscetíveis de ocorrer e, consequentemente, afetar os resultados da empresa. Por sua vez, o controle tem o papel de acompanhar custos e confrontar os resultados obtidos com as estimativas realizadas. É na etapa de controle que são revistas as estimativas, ocorrendo, assim, um feedback entre controle e planejamento e vice-versa.
CONCEITO DE ORÇAMENTO
Uma das etapas no processo de decisão do gestor financeiro é a etapa de Análise, Planejamento e Controle Financeiro. Weston e Brigham (2000) destacam que o Planejamento Financeiro envolve a realização de projeções de vendas, renda e ativos baseada em estratégias alternativas de produção e marketing, seguidas pela decisão de como atender às necessidades financeiras previstas. Enquanto que o Controle Financeiro situa-se na fase de implementação dos planos, caracterizando-se como um processo de ajustamento em feedback para assegurar que os planos sejam seguidos e modificar os planos existentes em resposta a mudanças no ambiente operacional. 
Nessa fase de planejamento e controle, uma importante ferramenta é o orçamento. O Orçamento nada mais é do que um instrumento contendo a definição quantitativa dos objetivos da empresa e dos recursos necessários para que sejam atingidos esses objetivos. Enquanto que no planejamento persegue-se o futuro da empresa, o orçamento é o elo final desse planejamento, pois o mesmo expressa em termos monetários o planejamento operacional da empresa.
Para Gonçalves (2000), as empresas são grandes coleções de processos, como: administração geral, manufatura, marketing, processos educacionais, desenvolvimento de tecnologia, financeiro, organizacionais, legais, comerciais, de suporte aos clientes, entre outros. Baseado nas considerações de Peter Keen (1997), o autor destaca que o grupo financeiro, pode ser subdividido em: gestão do orçamento empresarial, planejamento de investimentos, acompanhamento do desempenho, gestão de créditos aos clientes, gestão de caixa, entre outros.
Então, caro(a) aluno(a), até aqui já vimos que uma das etapas da gestão financeira compreende a análise, planejamento e controle. No tocante ao planejamento, podemos selecionar uma parcela importante referente à gestão do orçamento empresarial. Desse modo, estamos saindo do foco abrangente da gestão financeira, para o foco mais específico da gestão do orçamento.
Para Leite et al. (2008), o orçamento empresarial não deve ser entendido como instrumento limitador e controlador de gastos, mas como forma de focalizar a atenção nas operações e finanças da empresa, antecipando os problemas, sinalizando metas e objetivos que necessitem de cuidado por parte dos gestores, contribuindo para a tomada de decisões com vistas ao atendimento da missão e do cumprimento das estratégias das empresas.
Para Atkinson et al. (2000 apud LEITE et al., 2008), o orçamento reflete as condições quantitativas de como alocar recursos para consecução dos objetivos, bem como é o instrumento de divulgação das metas de curto prazo da empresa. Para Frezzatti (2006), o orçamento é mais do que uma estimativa, pois evidencia o compromisso dos gestores em termos de objetivos e metas a serem alcançados. Para Leite (2008), outra finalidade do orçamento é indicar a existência de problemas potenciais e servir como ferramenta para encontrar as respectivas soluções. Ademais, o orçamento disponibiliza informações de quanto recurso será necessário para financiar os estoques de um determinado ciclo produtivo, antevendo potenciais problemas, funcionando, assim, como uma ferramenta para encontrar as possíveis soluções.
Cabe destacar que o processo orçamentário refere-se ao conjunto das atividades
de planejamento, coordenação, preparação, controle e reprogramação das operações empresariais. Para Frezatti (2006), o processo orçamentário da empresa pode ser dividido em planos que englobam aspectos relacionados ao orçamento operacional, de caixa e de capital, os quais são: plano de marketing, plano de produção, plano de investimento, plano de recursos humanos, plano de custos e despesas e plano financeiro.
Dependendo da atividade de planejamento também é possível particionar o orçamento em diferentes extratos. Leite (2008), em sua dissertação de mestrado, divide o orçamentolevando em conta a sua estrutura e finalidade. Para a autora, o orçamento pode ser dividido em:
•	Orçamento Operacional - focado nas atividades geradoras de renda de uma determinada empresa, o qual pode ser subdividido em: Orçamento de Vendas; Orçamento de Produção; Orçamento de Despesas Administrativas Financeiras; Orçamento de Marketing, e Outras Receitas e Despesas Operacionais (LEITE, 2008, p. 125).
•	Orçamento de Caixa - apresenta os recursos necessários para a execução do plano geral de operações e também da realização das transações monetárias da empresa (LEITE, 2008). Uma das conclusões a partir da observação desse orçamento é o caixa mínimo operacional, ou seja, o saldo de caixa que uma empresa planeja ter no início do mês a fim de conduzir suas atividades no período (WESTON; BRIGHAM, 2000).
•	Orçamento de Capital - ou orçamento de investimentos - engloba as despesas necessárias para aquisição, modificação, substituição, construção e transformações que tenham o caráter de melhoria ou reposição da capacidade produtiva ou prestação de serviços (LEITE, 2008). Constitui- se em um programa de aplicação de capital de longo prazo vinculado ao plano estratégico da empresa (HOJI, 2009).
Orçamento de capital faz parte do plano estratégico da empresa e pode englobar diferentes projetos: substituição de equipamentos com o intuito de manutenção dos negócios; substituição de equipamentos visando à redução do custo; expansão dos produtos ou mercados existentes; expansão em novos produtos ou mercados e projetos de segurança e ou ambientais para atender à legislação, acordos trabalhistas etc. (WESTON; BRIGHAM, 2000).
O processo de orçamento de capital consiste em cinco fases distintas e inter- relacionadas que, segundo Gitman e Madura (2003), são:
•	Geração de propostas: feitas em todos os níveis da empresa, devendo ser revisadas em nível superior, principalmente as que são mais dispendiosas.
•	Revisão e análise: permite analisar a adequação das propostas e sua viabilidade econômica. Nessa fase, rejeitam-se ou não se rejeitam os projetos.
•	Tomada de decisão: com base em informações das etapas anteriores e no recurso disponível (próprio ou financiado), a empresa decide sobre o que e onde investir.
•	Implementação: após a aprovação, os gastos são feitos e os projetos, implementados. Normalmente, os gastos de um grande projeto ocorrem em fases.
•	Acompanhamento: os resultados são monitorados e os custos e benefícios são comparados com a previsão.
O horizonte do planejamento do orçamento depende das incertezas presentes no mercado e dos objetivos do próprio orçamento. Os orçamentos a longo prazo, chamados orçamentos de capital, são quase sempre preparados para determinados projetos, como compras de equipamentos, localização de fábricas e introdução de linhas de produtos, geralmente compreendem um maior período de tempo.
Os orçamentos gerais, que consolidam os planos globais de uma organização em um prazo mais curto, são geralmente preparados anualmente. Para Hoji (2009), o orçamento geral de uma empresa é formado por um conjunto de orçamentos específicos: orçamento de vendas, de produção, de matérias-primas, de custos indiretos de fabricação, de custo de produção, de despesas gerais, de investimento de aplicação financeiro de caixa e de resultado. Na literatura internacional, Hansen e Mowen (2003) apresentam um fluxograma do processo orçamentário ou um orçamento mestre que permite relacionar os diferentes extratos do processo orçamentário (Figura 1).
Figura 1: Modelo de Fluxograma do processo Orçamentário Fonte: Leite (2008, p.147)
Enfim, o orçamento compõe-se em um elemento primordial, na medida em que se constitui na formalização do plano estratégico, em um instrumento ativo de controle e acompanhamento das metas estabelecidas pela empresa.
PLANEJAMENTO DO CAPITAL DE GIRO E FLUXO DE CAIXA
Até então, falamos sobre vários aspectos do planejamento da empresa. Destacamos que após a etapa de registro e monitoramento, tem-se a etapa de controle financeiro e, posteriormente, de planejamento financeiro. Assim, o planejamento financeiro em si está vislumbrando o futuro da empresa. Vimos também que o planejamento antecede as decisões de investimento da empresa. Quanto ao termo capital, até então, só mencionamos o orçamento de capital, que constitui-se em um programa de aplicação de recursos vislumbrando o longo prazo.
Nessa etapa, partimos para duas variáveis importantes para qualquer gestor financeiro, o capital de giro e o fluxo de caixa. Para Hoji (2009), o estudo do capital de giro é fundamental para a gestão financeira, dado que a empresa precisa recuperar os custos realizados em um ciclo operacional e obter o lucro desejado. Assaf Neto (2007) salienta que a importância do planejamento do capital de giro para as empresas tem aumentado nos últimos anos, em decorrência das elevadas taxas de juros praticadas no mercado, do acirramento da concorrência determinado pela abertura de mercado e dos planos de expansão das empresas.
Para Hoji (2009), o capital de giro é conhecido também como capital circulante e corresponde aos recursos aplicadas em ativos circulantes, que se transformam constantemente dentro do ciclo operacional da empresa. Para Assaf Neto (2007), a gestão do capital de giro (circulante) envolve basicamente as decisões de compra e venda tomadas pela empresa, assim como suas mais diversas atividades operacionais e financeiras.
A expressão “capital de giro” originou-se com o velho mascate ianque que lotava sua carroça com mercadorias e então se punha a caminho para vender seus artigos. Chamava-se capital de giro porque era o que ele na verdade vendia ou“girava” para produzir seus lucros. A carroça e o cavalo eram seus ativos permanentes. O consumo de capital para comprar as mercadorias, foram os empréstimos de capital de giro (WESTON; BRIGHAM, 2000, p. 379).
Enfim, qualquer que seja a noção adotada, o conceito de capital de giro (circular de capital circulante) identifica os recursos que giram (circulam). Em outras palavras, corresponde a uma parcela de capital imposta ao negócio em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, que assume várias formas ao longo do seu ciclo produtivo e de vendas (ASSAF NETO, 2007).
Em termos contábeis, tem-se a definição de Capital de Giro Líquido (CGL), exibindo o valor líquido das aplicações, ou seja, processado no ativo (capital) circulante da empresa, ou seja, é calculado pela diferença entre o Ativo e o Passivo Circulante. Entretanto, na utilização do termo Capital de Giro Próprio (CGP), o mesmo pode ser feito por meio da simples diferença entre o Patrimônio Líquido e o Ativo Permanente, demonstrando assim o volume de capital próprio da empresa que está financiando o ativo circulante e o realizável a. longo prazo (ASSAF NETO, 2007).
Para Hoji (2009), os passivos circulantes representam as fontes de financiamento do capital de giro na empresa, no curto prazo, sendo que algumas fontes são geradas pelas próprias operações da empresa (duplicatas a pagar, salários e encargos a pagar etc.), enquanto outras fontes são provenientes de atividades financeiras (financiamento e empréstimos bancários).
Em termos econômicos, o capital de giro é afetado por uma importante variável, a inflação. As variações nos preços por si só não são apenas o problema, o problema ocorre quando há variações desproporcionais nos fatores de produção e nos preços das mercadorias. Também é necessário corrigir o capital de giro, exigindo uma maior margem de precaução de recursos.
Juntamente com o conceito de capital de giro, tem-se o conceito de fluxo de caixa. O fluxo de caixa nada mais é do que uma ferramenta que controla a movimentação financeira em um determinado período de tempo. O fluxo de caixa é um recurso fundamental para os gestores saberem com precisão qual a situação financeira da empresa, e possibilita ao gestor vislumbrar o montante de obrigações assumidas, quais os valores a receber e o saldo disponível.
As principais funções da caixa de diálogo são o banco mínimo de caixaque pode ser utilizado imediatamente. Nesse sentido, Hoji (2009) destaca que a empresa deve levar em conta as seguintes obrigações para manter o saldo mínimo de recursos no caixa: pagamentos e compromissos financeiros decorrentes da compra de matérias- primas e contratação de serviços; amortização de empréstimos e financiamentos, desembolso para investimentos permanentes e pagamentos de eventos não previstos.
Cabe destacar também que a manutenção do saldo mínimo de caixa está focada no curto prazo da empresa. Porém, a boa gestão do caixa também permite conhecer a capacidade de obtenção de caixa a longo prazo, ou seja, sabendo o montante que a empresa poderá tomar emprestado, é possível planejar um crescimento sustentável da empresa.
De forma simplificada, a Demonstração dos Fluxos de Caixa indica a origem de todo o dinheiro que entrou em caixa (e equivalentes a caixa) bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do caixa em determinado período e, ainda, o resultado do fluxo financeiro.
Para Iudícibus et al. (2010), a função da DFC é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante certo período, auxiliando na análise da capacidade da entidade de gerar e de suas necessidades de utilizar caixa e equivalentes de caixa.
De acordo com o autor, a DFC é chamada de demonstração dos fluxos de caixa (no plural) porque engloba os fluxos de três atividades distintas:
•	Operacionais: envolvem todas as atividades relacionadas com a produção e entrega de bens e serviços e os eventos que não sejam definidos como atividades de investimento e financiamento (CPC 03, item 06). Normalmente, relacionam-se com as transações que aparecem na Demonstração de Resultados. Exemplos: recebimentos pela venda de produtos e serviços à vista e pagamento à vista de fornecedores.
•	Investimentos: atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa (CPC 03, item 06). As aquisições de Ativos não Circulante – Imobilizado, Investimentos e Intangível bem como a venda destes itens e a participação em outras empresas devem ser destacadas nesta atividade.
•	Financiamentos: atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade (CPC 03, item 06). Exemplos: financiamentos e aporte de capitais, como também o pagamento de dividendos e amortização de financiamentos.
Existem duas formas de evidenciação da DFC, a elaborada pelo método direto e a elaborada pelo método indireto. Tanto o método Direto como o Indireto devem destacar os fluxos das atividades: operacionais, de investimento e de financiamento. A principal diferença entre os métodos que pode ser destacada refere-se à apresentação das atividades operacionais.
O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das operações expressa o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante um período. O método indireto faz“conciliation between the late graphic”ou o mecanismo de operações organizacionais, por isso também é chamado de método da conciliação. Para fazer a conciliação entre o lucro líquido com o caixa gerado nas operações, é necessário: remover do lucro líquido os diferimentos de transações que foram caixa no passado e todas as alocações no resultado de eventos que podem ser caixa no futuro, e remover do lucro líquido as alocações ao período do consumo de ativos não circulantes e aqueles itens cujos efeitos no caixa sejam classificados como atividades de investimento ou financiamento (IUDÍCIBUS et al., 2010).
Enfim, a movimentação das disponibilidades do caixa da empresa, em um dado período, deve ser estruturada na DFC, conforme as atividades: operacionais, de investimentos e de financiamento. A soma algébrica dos resultados líquidos de cada um desses grupamentos totaliza a variação no caixa do período, que deve ser conciliada com a diferença entre os saldos respectivos das disponibilidades, entre o início e o fim do período considerado. Stickney e Weil (2001) apresentam de uma forma simplificada como é elaborada a DFC (Figura 2).
Figura 2: Etapas de Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 
Fonte: adaptada de Stickney e Weil (2001, p. 173).
POLÍTICA DE CRÉDITO E GESTÃO DE ESTOQUES
Para Hoji (2009, p. 509), “o planejamento financeiro consiste em adequar o volume de recursos exigidos para executar as atividades operacionais e de investimento da empresa, com as fontes de recursos”. Nesse contexto, é necessário avaliar tanto a estrutura de capital quanto a capacidade de obtenção de financiamento de uma determinada empresa. Nesse contexto, planejar, controlar e analisar adequadamente a alocação de recursos na empresa é uma importante tarefa do gestor financeiro.
Desse modo, segundo o autor, o planejamento e controle das operações financeiras devem avaliar o comportamento das despesas e das receitas financeiras. A formulação de orçamentos, o acompanhamento do fluxo de caixa e capital de giro são ferramentas úteis nesse processo. Primando por uma adequada alocação de recursos da empresa, o gestor, juntamente com a alta administração, deve formular um política de crédito ou de cobrança e uma adequada gestão de estoques.
Para Weston e Brigham (2000), o volume de vendas e a média de deslocamento entre as vendas e as carreiras são características dos responsáveis pelo acúmulo de renda. Ou seja, ao conceder o crédito, a empresa aumenta suas vendas, reduz os seus estoques e aumenta a sua conta. Porém o autor ressalta que essas posições em recebíveis têm custos diretos e indiretos, então, cabe ao gestor monitorar os recebíveis da empresa, elaborando uma política de crédito e um nível ótimo de contas a receber. Para Schrickel (2000, p. 25), crédito pode ser descrito como “ato de cessão temporária de parte do patrimônio a um terceiro com a expectativa de que esta parcela volte à sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado”.
A gestão de crédito e cobrança é uma ação coordenada pela área comercial da empresa e envolve riscos decorrentes da inadimplência dos clientes. Então, o risco de crédito figura juntamente com os riscos operacionais e financeiros, dentre os principais riscos da empresa. Sendo que um desses riscos pode potencializar os demais riscos.
Para J. P. Morgan (2013), o risco de crédito pode ser definido como a possibilidade de perdas resultantes pelo não recebimento de valores contratados junto a clientes em decorrência da incapacidade econômico-financeira desses mesmos clientes.
Para Sousa e Chaia (2000), a venda a prazo consiste na troca de um ativo real (bem) por um direito a realizar-se no futuro (crédito), assim a avaliação da relação risco- retorno também deve ser aplicada para vendas a prazo. As vendas a prazo geram, para a empresa, indicadores, como o prazo médio de cobrança e o cronograma de vencimentos.
É interessante destacar que a avaliação do risco de crédito está relacionada com o ciclo econômico.
Podemos verificar que em momentos distintos de um determinado ciclo econômico, as taxas de juros oscilarão, fato que pode contribuir com uma maior ou menor inadimplência. Essa relação entre ciclo econômico e probabilidade foi fundamental para a elaboração de uma matriz de risco da Standard & Poor´s para avaliar diferentes categorias de clientes (rating).
Nesse contexto, desenvolveu-se a avaliação de risco de investimento, ou seja, um sistema de nota desenvolvido por agências de análise de riscos para alertar os investidores de todo o mundo sobre os perigos do mercado que eles escolhem para aplicar seu dinheiro. A partir da nota de risco recebida por determinado país, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de perdero capital investido por causa da instabilidade do país em questão. Segue abaixo um exemplo da atuação das agências de rating:
O Prazo Médio de Cobrança é parte integrante dos ciclos operacional e financeiro da empresa e pode ser descrito como o tempo decorrido, em média, entre a venda de seus produtos e o efetivo ingresso dos recursos. Enquanto que, para Weston e Brigham (2000), o cronograma de vencimentos é um relatório que mostra o comportamento dos recebíveis, com informações sobre o tempo até ser pago, a percentagem dos recebíveis atualmente vencidos ou a vencer em um determinado período de tempo. Outro ponto importante na análise do crédito são os parâmetros adotados pela política de crédito. Segundo Sousa e Chaia (2000), deve-se definir um padrão de concessão, que expressa os requisitos mínimos a serem atendidos pelos clientes para a venda a prazo. É necessário definir uma política de cobrança, ou seja, definir os procedimentos adotados pela empresa para cobrar seus devedores, podendo ser desde uma simples carta até recursos judiciais, se for o caso. De acordo com os autores, uma decisão correlata é quanto ao desconto financeiro, ou seja, definição de uma redução do valor do produto quando o pagamento é realizado à vista.
A política de cobrança elaborada pela empresa deve ser executada cumprindo as normas do Código de Defesa ao Consumidor, que postula, entre outros aspectos:
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
[...]
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III - acréscimos legalmente previstos;
IV - número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
Fonte: BRASIL (2014)
Na literatura sobre gestão de crédito, é comum representar a capacidade de pagamento dos clientes em cinco dimensões, conhecidas como os 5 C´s do Crédito. Conforme o exposto por Weston e Brigham (2000, p. 441), Sousa e Chaia (2000, p. 19) e Schrickel (2000, p. 51), os 5 C´s do Crédito podem ser descritos como:
•	Caráter - probabilidade de que os clientes honrarão suas obrigações, com base no histórico de pagamento dos compromissos financeiros e contratuais do cliente. Geralmente, os relatórios de créditos são usados para medir essa dimensão do crédito, funcionando como uma proxy da idoneidade do tomador do crédito.
•	Capacidade - representa o potencial financeiro para honrar os compromissos, geralmente realizada uma análise subjetiva baseada no histórico do tomador de crédito, na renda auferida ou índices de liquidez, e endividamento no caso de pessoa jurídica. Os analistas de crédito obtêm informação para julgamento desse fator de uma série de fontes.
•	Capital - representa a solidez patrimonial, ou seja, a condição patrimonial ou a solidez de uma determinada empresa é levada em conta para determinação da concessão de crédito.
•	Colateral - é representado pelos ativos que os clientes podem oferecer como garantia a fim de obter o crédito. Devem ser aplicados nos colaterais os mesmos procedimentos de avaliação de crédito.
•	Condição - representa as condições econômicas vigentes e as características do indivíduo, sendo que mudanças nessas condições poderiam surtir efeito sobre a capacidade dos clientes de atender às suas obrigações.
Santos (2003, p. 68) destaca que o processo de análise de crédito tem uma série de etapas, que são: análise cadastral - preenchimento de uma ficha cadastral com elementos de identificação do cliente; análise de idoneidade - utilização de informações sobre protestos, registro de cheques sem fundos, assim como qualquer problema de natureza jurídica; análise econômico-financeira - análise da solidez patrimonial do cliente ou da situação financeira da empresa, com base em informações disponíveis.
Por fim, Weston e Brigham (2000, p. 445) destacam os principais instrumentos utilizados em uma operação de crédito:
•	Conta Aberta - é um acordo de crédito pelo qual uma fatura é assinada pelo comprador ao receber os produtos. Depois disso, tanto o comprador quanto o vendedor registram a transação em seus livros;
•	Nota Promissória - é um documento especificando quantia, taxa de juros, cronograma de pagamento e outros termos e condições de um empréstimo;
•	Saque Comercial - é um instrumento emitido pelo e a favor do vendedor que deve ser assinado pelo comprador antes de tomar posse da mercadoria;
•	Saque à Vista - é um instrumento que determinada o pagamento mediante a aceitação das mercadorias pelo comprador;
•	Saque à Prazo - é uma letra pagável em data futura especificada. Nesse grupo tem-se o aceite bancário que é uma letra a prazo garantida por um banco;
•	Contrato Condicional de Vendas - nessa modalidade, o vendedor detém a propriedade legal dos produtos até que o comprador tenha completado o pagamento.
Na tarefa de alocar de maneira eficiente os recursos, seguimos para o nosso segundo item de análise, a gestão de estoques. Na maioria das empresas, a tarefa de gerir os estoques é delegada para um departamento específico. Para Assaf Neto (2007), os estoques podem ser classificados em quatro grupos: mercadorias e produtos acabados; produtos em elaboração, matérias-primas e embalagens, e por fim, materiais de consumo e almoxarifado.
Os estoques absorvem capital que poderia estar sendo investido de outras maneiras, desviam fundos de outros usos potenciais e têm o mesmo custo de capital que qualquer outro projeto de investimento da empresa. Por isso a gestão de estoque preocupa-se, entre outras coisas, com a supervisão dos pedidos, do armazenamento e das vendas dos itens que uma empresa compra e vende.
Para Martins e Alt (2004), a gestão de estoques constitui uma série de ações que permitem ao Administrador verificar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem localizados, bem manuseados e bem controlados. Ou seja, nesse processo, define- se: O que comprar? Quando comprar? Quanto comprar? Como armazenar? Como controlar o estoque (elaboração de inventários periódicos)?
Por sua vez, Assaf Neto (2007) enumera os fatores que influenciam os níveis de estoque em uma determinada empresa (Quadro 1).
Quadro 1: Fatores que influenciam o nível de estoque nas empresas.
Fonte: Assaf Neto (2007, p.588)
Para Pozo (2007), os principais objetivos do controle e planejamento de estoque são:
•	assegurar o suprimento de insumos adequados ao processo de fabricação;
•	manter o estoque compatível com as necessidades;
•	identificar itens obsoletos e defeituosos e prover sua substituição e/ou eliminação;
•	evitar atrasos no fornecimento de matérias-primas e componentes;
•	evitar a obsolescência e desvios de produtos e materiais;
•	prevenir eventuais perdas, extravios ou mau uso;
•	fornecer informações para o planejamento, apresentando as necessidades de estoque, e minimizar os custos.
Até aqui vimos que os estoques são uma importante ferramenta para o planejamento e controle do gestor financeiro. Problemas provenientes da má gestão do estoque, como dilatação dos prazos de entrega e cancelamento de pedidos, interrupções na produção, entre outros, afetam todo o empreendimento produtivo. Mas como avaliar se a gestão de estoque está sendo realizada corretamente?
Silva (2005) destaca que algumas medidas são úteis, como: nível de atendimento, giro de estoque e cobertura de estoque. O nível de atendimento demonstra a eficiência da empresa para atender às requisições/solicitações dos clientes. O giro de estoque mede quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou. E a cobertura de estoque indica o número de dias em que o estoque médio é capaz de cobrir a demanda média.
As técnicas comuns de administração de estoque, segundo Gitmam (2004), são o sistema ABC e o modelo de lote (EQQ).O modelo ABC consiste na classificação do estoque pelo seu valor. Um grupo A compreende os itens de maior valor, o grupo B, os itens de valor médio, e o grupo C, os itens de menor valor, direcionando assim um monitoramento mais intenso aos itens de maior valor. Para Silva (2005), a filosofia ABC de controle de estoques foi empregada pela primeira vez na General Eletric, sendo que a ideia dessa metodologia é propiciar uma redução das imobilizações de estoque sem comprometer a segurança.
Martins e Alt (2004) sugerem como alternativa a abordagem ABC, uma separação dos produtos pelos seus níveis de criticidade, pois mesmo produtos de baixo preço unitário, se não geridos corretamente, podem afetar todo o empreendimento. A separação proposta pelo autor seria a seguinte: um primeiro nível englobaria os materiais cuja falta ocasiona custos não recuperáveis; no nível subsequente estariam relacionados os materiais cuja falta pode ocasionar custos adicionais compensáveis; e, por fim, um grupo com materiais cuja falta não implica em custos adicionais significativos.
O modelo de Lote Econômico de Compra (LEC) ou Economic Order Quantity (EOO) é uma técnica utilizada para determinar a quantidade ótima dos itens estocados. Para Gitman (2004), nessa técnica são levados em conta os custos de pedido e custos de carregamento. Os custos de pedido incluem as despesas administrativas de emissão e recebimento de pedidos, enquanto que os custos de carregamento compreendem as despesas variáveis por unidade para manter um item em estoque por certo período (custos de armazenamento, de seguro, depreciação, deterioração e obsolescência). Weston e Brigham (2000) destacam que os custos do pedido caem e os custos de carregamento sobem com o aumento do tamanho do pedido (Figura 3).
Figura 3: Determinação do lote econômico de compra
Fonte: adaptada de Weston e Brigham (2000, p. 463).
Enfim, esse modelo analisa a compensação entre os custos de pedido e custos de carregamento, para determinar a quantidade a ser pedida, que minimiza o custo total de estoque.
Gitman (2004, p. 518) define por meio de fórmulas a relação entre esses diferentes custos.
Em que S representa o consumo em unidades por período; O é o custo por pedido; C o custo de carregamento por unidade por período e Q a quantidade de pedidos, em unidades. Como o lote econômico é definido com base na minimização da função de custo total, tem-se:
Gitman (2004, p. 518) exemplifica a aplicação da metodologia de determinação de lote econômico de Compra. Uma empresa (Max Company) utiliza e precisa estocar o item x que custa $ 1.500,00 e a empresa utiliza 1.100 unidades por ano. Sabendo que o custo por pedido é de $150,00 e o custo de carregamento por unidade por ano é de $200,00, qual é o lote econômico ótimo?
O lote econômico dá uma ideia da quantidade ótima, mas será que a empresa conseguiria adquirir exatamente 41 unidades desse produto? Esse modelo leva em conta o estoque médio, mas mudanças na demanda podem influenciar essa variável. Outros modelos comuns para a determinação dos estoques são o just-in-time e o KANBAN. Para Silva (2005), o modelo just-in-time é o sistema em que os fornecedores devem mandar os suprimentos à medida que eles vão sendo necessários à produção, ou seja, os materiais só devem chegar à empresa no momento em que são necessários para a produção, assim, a gestão de estoque estaria resumida ao estoque de produção. Por sua vez, KANBAN é uma tecnologia de controle de fábrica pela qual as necessidades de entregas determinam os níveis de estoque no decorrer do processo, sendo que esse processo propicia fluxos de produção mais uniformes e a oportunidade de fazer melhoramentos.
RESUMO
Um importante instrumento analisado nesta unidade foi o orçamento, que contém a definição quantitativa dos objetivos da empresa e os recursos necessários para atingi-los. O orçamento é um importante processo dentro das decisões financeiras da empresa e pode ser dividido em orçamento operacional, orçamento de caixa e orçamento de capital, sendo que cada um desses grupos admite outras subdivisões.
O Orçamento Operacional fornece uma visão geral dos custos e das despesas do dia a dia da empresa, por estar focado nas atividades geradoras de renda, e possibilita a realização de estimativas do volume de negócios de uma determinada empresa. Por sua vez, o orçamento de Caixa apresenta os recursos necessários para a execução do plano geral de operações e também da realização das transações monetárias da empresa. Por fim, o orçamento de capital engloba as despesas necessárias para aquisição, modificação, substituição, construção e transformações que tenham o caráter de melhoria ou reposição da capacidade produtiva ou prestação de serviços.
Na sequência, avaliamos o capital de giro ou circulante da empresa e o fluxo de caixa. O capital de giro pode ser interpretado contabilmente pela ótica de capital de giro líquido e capital de giro próprio. Por sua vez, o fluxo de caixa é avaliado por meio da Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC), conforme o preconizado pela Lei 11.638/07, que engloba os fluxos operacionais, de investimento e de financiamento da empresa. A DFC pode ser evidenciada pelos métodos direto e indireto.
Para uma adequada alocação de recursos da empresa, o gestor, juntamente com a alta administração, deve formular uma política de crédito ou de cobrança e uma adequada gestão de estoques. A política de crédito é importante porque quando a empresa troca um ativo real (bem) por um direito, um recebível (crédito), está assumindo mais um risco em sua operação, o risco de crédito. Por fim, abordamos a importância da gestão de estoque e apresentamos algumas técnicas, como abordagem ABC e modelo de lote.
UNIDADE 3
DECISÕES DE INVESTIMENTO
Objetivos de aprendizagem
• 	Definir os conceitos pertinentes à composição do Sistema Financeiro Nacional e apresentar as principais instituições do Sistema Financeiro Nacional.
•	Apresentar os principais cálculos financeiros e a sua aplicação na Análise de Investimentos.
•	Apresentar os conceitos de Governança Corporativa e Relação com Investidores.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	Ambiente Institucional: o Mercado e as Instituições
•	Cálculos Financeiros e Análise de Investimento
•	Governança Corporativa e Relação com Investidores
Introdução
A gestão financeira é um vasto campo de estudo teórico e prático, apresentando estreita relação com outras ciências, como a Contabilidade, Economia, Direito, Matemática, Informática e Estatística. De uma maneira simplista, a gestão financeira visa assegurar um eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos.
Nesse contexto, podemos destacar, por exemplo, o papel da Contabilidade, cujos demonstrativos e relatórios elaborados pelos profissionais da área contábil subsidiam as decisões financeiras do gestor; temos também a Matemática Financeira, que traduz em números as finanças das empresas; papel importante também é atribuído à Estatística, que auxilia o gestor na análise de previsões e projeções; o Direito, com o regramento dos procedimentos administrativos e financeiros; a Informática, com a sua contribuição no ordenamento dos dados e elaboração de relatórios. E, por fim, temos a Economia, que estuda as leis que regem o mercado e o comportamento dos agentes econômicos.
Nesse ponto da nossa análise, você irá conhecer algumas contribuições teóricas das Ciências Econômicas a respeito dos conflitos de interesse entre os agentes e do funcionamento do mercado como um todo.
Até aqui você estudou as variáveis internas, procedimentos e métodos característicos das decisões operacionais, tácitas e estratégicas no âmbito da empresa. Porém, existe uma série de variáveis exógenas (externas) à empresa que não podem ser controladas. Veremos um pouco do ambiente institucional e organizacional, ou seja, as “regras dos jogos”.
AMBIENTE INSTITUCIONAL: O MERCADO E AS INSTITUIÇÕES
Uma primeira definição é quanto ao mercado, que de uma forma simplista, é o localonde os agentes se relacionam trocando fluxos de bens econômicos e haveres monetários.
Vasconcellos e Garcia (2012) destacam que o mercado pode ser subdividido em:
•	Mercado Monetário - nesse segmento, são realizadas operações de curto e curtíssimo prazos. Esse mercado caracteriza-se pelas políticas monetárias do Governo, como o controle da oferta de moeda e taxa de juros.
•	Mercado Cambial - nesse mercado, são transacionadas moedas internacionais com operações de compra e venda de moeda estrangeira, sendo a taxa de câmbio uma importante variável desse mercado. Participam desse mercado todos os agentes econômicos que realizam transações com o exterior.
•	Mercado de Crédito - mercado em que os tomadores de recursos relacionam- se com as instituições financeiras, suprindo suas necessidades de crédito de curto e médio prazos. Como exemplo, podem-se citar o capital de giro para empresas e recursos para consumo para as famílias.
•	Mercado de Capitais - supre as necessidades de financiamento de longo prazo, por exemplo, investimentos para as empresas e aquisição de bens duráveis para as famílias. Nesse mercado, pode-se destacar a presença das Bolsas de Valores.
Para o bom funcionamento desses mercados, é necessário o estabelecimento de um conjunto de regras. Nesse contexto, cabe ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) - composto por um conjunto de instituições - o papel de controlar e fiscalizar a circulação de moeda, crédito, atuação das instituições financeiras etc.
Para facilitar nossa análise, o SFN pode ser dividido em subsistema normativo e subsistema de intermediação. O subsistema normativo é responsável pelo funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições, fiscalizando e regulamentando suas atividades, enquanto o subsistema de intermediação, também conhecido como subsistema operativo, é composto das instituições (bancárias e não bancárias) que atuam em operações de intermediação financeira.
Atualmente, no Brasil, funcionam três órgãos normativos: Conselho Monetário Nacional (CMN) - órgão superior do sistema financeiro nacional; Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) - responsável pelas diretrizes dos segmentos de seguros, capitalização e previdência privada; e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) - para definição das políticas dos fundos de previdência fechados. As entidades supervisoras do Sistema Financeiro Nacional são: Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) (CVM, 2013).
Figura 2: Segmentos do Mercado Financeiro.
Fonte: CVM (2013, p.15).
Em nosso estudo, vamos focar nossa análise nas principais autoridades monetárias. O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Instituído pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN (HOJI, 2009). O CMN faz parte do subsistema normativo, e entre suas funções, cabe destacar: orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras; regular o valor interno e externo da moeda; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa (BCB, 2013).
O Banco Central do Brasil (BCB) é o principal executivo do CMN, atuando principalmente como um organismo fiscalizador do mercado financeiro, gestor do sistema financeiro e executador da política monetária do governo (ASSAF NETO, 2007). Os principais objetivos do BCB são: zelar pela adequada liquidez da economia; manter as reservas internacionais em nível adequado; estimular a formação de poupança; zelar pela estabilidade; e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro (BCB, 2013). No âmbito do BCB, em 1996, foi criado o Comitê de Política Monetária (COPOM), que é responsável, desde 1999, pelo acompanhamento e cumprimento das metas de inflação (HOJI, 2009).
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Fazenda, criada por meio da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, é responsável por regulamentar, desenvolver, controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país. Para este fim, exerce as funções de: assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores mobiliários; evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação no mercado, entre outras (CVM, 2013).
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi criado por meio da lei n° 1.628, de 20 de junho de 1952, como Autarquia Federal, com a finalidade de substituir a dependência total do país por recursos externos e atuar em projetos da infraestrutura rodoviária, energética, de portos, e, dessa forma, ter condições melhores de competição no mercado internacional, buscando assim superar o subdesenvolvimento do Brasil (CARIO; REDIVO, 2013). Em linhas gerais, o BNDES é responsável pela política de investimentos a longo prazo do Governo Federal (BCB, 2013).
A intervenção do Estado no sistema financeiro brasileiro já faz parte do contexto histórico da economia brasileira. Podemos citar duas importantes participações do Estado, como a criação do Banco do Brasil (BB), em 1808, e a Caixa Econômica Federal (CEF), em 1861. Neste contexto, o BB constitui a principal instituição provedora do crédito rural e apoio às exportações, enquanto a CEF é caracterizada como a instituição predominante no crédito imobiliário.
O financiamento da infraestrutura e da indústria – máquinas e equipamentos – é provido principalmente pelo BNDES, embora o BB e a CEF também possuam linhas de crédito para atender a esses setores. Por fim, não obstante, em eventuais momentos de desconcentração do crédito para as regiões mais pobres do país – notadamente o Norte e o Nordeste –, o Banco da Amazônia (BASA), criado em 1966, e o Banco do Nordeste (BNB), criado em 1952, atuam como as principais instituições de fomento regional (ARAUJO; CINTRA, 2011).
No subsistema de intermediação, cabe destacar a presença de instituições financeiras bancárias (basicamente bancos comerciais), responsáveis pelas operações de crédito e outras operações de natureza financeira (HOJI, 2009). E as instituições financeiras não bancárias, as quais não têm capacidade de emitir moeda ou meios de pagamento, como os bancos comerciais, são: Sociedades de Crédito Financeiro e Investimentos (financeiras), Sociedades de Arrendamento Mercantil (leasing), banco de investimento, cooperativas de crédito etc. Dentre as instituições auxiliares, podemos destacar as bolsas de valores, de derivativos e as sociedades corretoras e os agentes autônomos de investimento. Por fim, como instituições não financeiras, temos as sociedades de fomento comercial (factoring), as sociedades de capitalização, administradoras de cartão etc.
CÁLCULOS FINANCEIROS E ANÁLISE DE INVESTIMENTO
O conceito de juros é comumente utilizado em operações financeiras de curtíssimo e curto prazos, desconto de duplicatas e títulos, cobrança de juros de moras, entre outros (HOJI, 2009). Segundo o enfoque da economia, o conceito de juros decorre da preferência temporal dos agentes de consumir determinado bem ou serviço. Se o agente postergar seus consumos, o mesmo exigirá uma recompensa pelo sacrifício de poupar, que é definido como juro (ASSAF NETO, 2007).
Nesse contexto, muitas decisões dos gestores financeiros envolvem a gestão de recursos no tempo e, consequentemente, irão se defrontar com essa variável em suas análises. Com isso, pretende-se apresentar os pressupostos básicos do cálculo financeiro, que são largamente aplicados em várias operações empresariais.
Os cálculos financeiros fazem parte da matemática financeira que, segundo Bauer (2003), tem por objetivo estudar as diversas formas de evolução do valor do dinheiro no tempo bem como as formas de análise e comparação de alternativas para aplicação/obtenção de recursos financeiros. O autor diferencia dois conceitos importantes:

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