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Aula 12
PM-AL (Soldado Combatente) História
Geral, de Alagoas e do Brasil - 2021
(Pós-Edital)
Autor:
Sergio Henrique
Aula 12
28 de Junho de 2021
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SUMÁRIO 
00. Bate Papo Inicial .......................................................................................................... 3 
1. O Estado Republicano e suas Constituições: 1889 até hoje............................................. 4 
1.1. Constituição de 1891 (Promulgada)........................................................................................... 4 
1.2. Constituição de 1934 (Promulgada)........................................................................................... 5 
1.3. Constituição de 1937 (Outorgada) ............................................................................................. 5 
1.4. Constituição de 1946 (Promulgada)........................................................................................... 5 
1.5. Constituição de 1967 (Promulgada)........................................................................................... 6 
1.6. Constituição de 1988 (Promulgada)........................................................................................... 6 
2. No Horizonte do Brasil ................................................................................................... 8 
2.1. O Governo Sarney ....................................................................................................................... 9 
2.2. O Plano Cruzado ....................................................................................................................... 11 
2.3. A Constituinte: Centrão e Progressistas ................................................................................... 15 
3. Governo de Fernando Collor de Mello ......................................................................... 18 
3.1. Plano Collor .............................................................................................................................. 20 
3.2. Ministério Collor ....................................................................................................................... 22 
3.3. Impeachment ........................................................................................................................... 23 
4. Era do Real: Itamar Franco e FHC ................................................................................. 24 
4.1. Plano Real ................................................................................................................................. 25 
4.2. Eleição de FHC .......................................................................................................................... 26 
4.3. Reeleição de FHC ...................................................................................................................... 28 
4.4. Privatizações ............................................................................................................................. 31 
5. A Era PT: para além do Bem e do Mal .......................................................................... 33 
6. O Brasil e a Hiperinflação ............................................................................................. 35 
6.1. As Causas da Hiperinflação Brasileira ...................................................................................... 36 
6.2. Principais Indicadores de Inflação do Brasil ............................................................................. 37 
6.3. Dados Extras ............................................................................................................................. 37 
7. Presidentes da Nova República do Brasil ...................................................................... 38 
8. Lista de Moedas do Brasil ............................................................................................ 42 
9. Cronologia dos Planos de Estabilização Econômica do Brasil ........................................ 43 
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10. Textos Complementares ............................................................................................ 45 
10.1. A Última Eleição Indireta ........................................................................................................ 45 
10.2. A Frente Liberal e a Aliança Democrática .............................................................................. 45 
10.3. A eleição de Tancredo ............................................................................................................ 46 
10.4. A antiga “Raposa do PSD” ...................................................................................................... 46 
10.5. A Constituição de 1988........................................................................................................... 48 
10.6. A Polarização .......................................................................................................................... 48 
10.7. O Peso da Mídia ..................................................................................................................... 49 
10.8. Os Anos da Hiperinflação ....................................................................................................... 50 
10.9. A Estabilidade Melhorou a Alimentação ................................................................................ 50 
10.10. A Política Brasileira e as Alianças Partidárias ...................................................................... 51 
10.11. Questões Sociais ................................................................................................................... 51 
10.12. O Massacre de Eldorado dos Carajás ................................................................................... 52 
10.13. O Governo Lula ..................................................................................................................... 52 
10.14. Política Econômica Ortodoxa ............................................................................................... 53 
10.15. Fome Zero e Bolsa Família ................................................................................................... 53 
10.16. Programa de Governo .......................................................................................................... 53 
10.17. Desenvolvimento Social........................................................................................................ 54 
10.18. Lei de cotas para o Ensino Superior ..................................................................................... 54 
10.19. O Brasil é um país pobre ou desigual? ................................................................................. 55 
10.20. Pré-Sal .................................................................................................................................. 56 
10.21. Bolsa Família ........................................................................................................................ 56 
11. Orientações de Estudo (Checklist) e Pontos a Destacar .............................................. 58 
12. Questionário de Revisão ............................................................................................ 61 
Questionário - Somente Perguntas ................................................................................................. 61 
Questionário - Perguntas e Respostas ............................................................................................ 62 
13. Exercícios ...................................................................................................................66 
14. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 143 
15. Considerações Finais. ............................................................................................... 145 
 
 
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00. BATE PAPO INICIAL 
Olá, amigo concurseiro. É com muita alegria que o recebo novamente para falarmos de 
história. Estudar as aulas anteriores é fundamental para que você possa compreender muitas das 
coisas que vamos tratar aqui. Leia com atenção seu texto de apoio, releia e pratique exercícios. Aos 
poucos, o conteúdo básico vai ficar retido na sua memória. Claro que, para isso, é muito 
importante você fazer suas próprias anotações, ou em forma de resumo ou anotações nos 
exercícios, não importa, você escolhe. O importante é estudarmos bastante e nos concentrarmos 
nos estudos. Estimule sua disciplina e procure motivação pensando em seus sonhos. Bons 
estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. O ESTADO REPUBLICANO E SUAS CONSTITUIÇÕES: 1889 ATÉ HOJE. 
Ao todo, o Brasil teve 7 constituições. 1 monárquica e 6 republicanas 
Constituição ou Carta Magna (carta mãe) é a lei maior de todo o país. Nela estão escritos 
todos os princípios básicos quer regem o Estado. Se for uma república ou monarquia está na 
constituição. Se o funcionamento do país é democrático permitindo a organização partidária e a 
liberdade de expressão, está na constituição. O tamanho do poder do presidente, o direito de 
propriedade e igualdade de gênero e raça também estão na constituição. Todas as outras leis do 
país devem ir de acordo com a constituição. Se um país não tiver constituição ele será governado 
arbitrariamente. Desde a proclamação da República em 1889 o Brasil já teve 6 constituições (Se 
você pensou que isso é pouco, os EUA foram a primeira constituição do mundo, data de 1776 e 
nunca foi trocada). 
As constituições podem ser: 
 
✓ Promulgadas (votadas em uma assembleia constituinte, normalmente democráticas) 
ou: 
✓ Outorgadas (impostas, características de governos autoritários). Já tivemos 
constituições promulgadas e outorgadas. A nossa atual constituição foi promulgada em 
1988 e é chamada de constituição cidadã. 
 
O Brasil foi uma monarquia até 1989 quando foi proclamada a república. Durante todo o 
período imperial (1822-1889) vigorou no país somente uma constituição, que era monárquica e 
permitia a escravidão. Quando a República é proclamada, é dissolvida (invalidada) a constituição 
imperial e foi necessário escrever uma nova constituição republicana, que foi promulgada em 
1892. As várias trocas de constituição não são um bom sinal. Significam que o país passou por 
vários golpes e períodos autoritários, característica de instabilidade política. 
 
1.1. CONSTITUIÇÃO DE 1891 (PROMULGADA) 
É a primeira constituição da República. Suas características principais são: 
✓ O Brasil é uma República presidencialista. 
✓ Separação do Estado e da Igreja (o Estado passa a ser laico, ou seja, não religioso). 
✓ Criação do cartório de registro civil (antes os registros de nascimento, casamento e 
morte eram feitos pela Igreja). 
✓ O voto era aberto (não secreto) e masculino. 
✓ Mulheres, analfabetos, soldados e padres não votavam. 
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1.2. CONSTITUIÇÃO DE 1934 (PROMULGADA) 
 A primeira constituição republicana durou até 1930 quando através da tomada do poder 
por Getúlio Vargas, ela foi dissolvida. O país ficou sem constituição até 1934 quando foi 
promulgada trazendo como principais novidades: 
✓ Os direitos trabalhistas (a CLT é de 1932 e se tornou-se constitucional em 34). 
✓ Voto secreto. 
✓ Voto feminino. 
✓ Manutenção do Estado Laico (que permanece até hoje). 
 
1.3. CONSTITUIÇÃO DE 1937 (OUTORGADA) 
 Vargas em 1937 deu um golpe que iniciou a ditadura do “Estado Novo”. Dissolveu a 
constituição promulgada em 34 e outorgou outra em 1937. Esta constituição era autoritária e 
ampliava os poderes do presidente, proibia partidos e impunha a censura. Ficou conhecida como a 
“Polaca” por ser bastante semelhante à constituição da Polônia, autoritária. 
✓ Autoritária. 
✓ Ampliava os poderes do presidente. 
✓ Censura. 
✓ Proibição dos partidos. 
 
1.4. CONSTITUIÇÃO DE 1946 (PROMULGADA) 
 A ditadura varguista do “Estado Novo” durou até 1945, quando Getúlio sai do poder. Neste 
momento o Brasil passa por uma redemocratização (retorno à democracia), então era necessária a 
promulgação de uma nova constituição democrática. Foi um retorno à Constituição de 34. Neste 
contexto, o Brasil estava alinhado na política externa aos Estados Unidos. Em 1937, o Partido 
Comunista foi proibido. A proibição das greves era uma forma de enfraquecer os socialistas. 
✓ Proibia greves. 
✓ Não havia segundo turno para eleição presidencial. 
✓ Votava o eleitor para presidente e para vice-presidente separadamente. 
✓ Manteve a proibição de votos para os analfabetos. 
 
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1.5. CONSTITUIÇÃO DE 1967 (PROMULGADA) 
 Em 1964 o exército dá um golpe e depõe o presidente João Goulart. Entre 1964 e 1967, os 
militares governaram através de decretos e atos institucionais. A constituição de 1967 foi 
outorgada para dar legalidade aos atos militares. Mesmo com a constituição os militares 
continuaram a governar através de atos institucionais. Os militares escreveram o rascunho do 
texto e enviaram para o congresso aprovar. 
✓ Eleições indiretas para presidente e governadores de estado. 
✓ Os prefeitos de cidades consideradas estratégicas e as capitais seriam indicados pelo 
governador. 
✓ Aumentava a centralização política e as atribuições do Executivo. 
 
 
1.6. CONSTITUIÇÃO DE 1988 (PROMULGADA) 
 Nossa atual constituição é chamada cidadã pois amplia o sentido de cidadania garantindo 
além da liberdade de expressão e organização política, direitos sociais como acesso educação e 
saúde pública, gratuita e de qualidade. Foi promulgada no contexto da redemocratização do Brasil, 
pós ditadura militar. 
✓ Contra a arbitrariedade do Estado (O Estado deve seguir a lei e proteger o indivíduo). 
✓ Proibição da pena de morte e da tortura (decorrente do primeiro ponto). 
✓ Direitos do cidadão. Todos têm direitos que devem ser respeitados pelo Estado: direito 
à liberdade individual, de poder mudar o governo, de receber assistência social do 
Estado em saúde, educação, moradia e aposentadoria, livre manifestação de suas ideias 
através de partidos e organizações da sociedade civil. 
✓ Igualdade de gênero (entre homens e mulheres). 
✓ Proteção ao índio. 
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✓ Fim da censura. 
✓ Racismo se torna crime. 
✓ Voto para os analfabetos, e opcional aos 16 anos. 
✓ Eleição em 2 turnos. 
✓ Equilíbrio e independência dos 3 poderes. 
 
Duas constituições foram promulgadas em um contexto de redemocratização: a de 
1946 (após a ditadura varguista do “Estado Novo”) e a de 1988 (após a ditadura militar). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. NO HORIZONTE DO BRASIL 
 Comparada a outros regimes latino-americanos, alguns dizem que a Ditadura Militar no 
Brasil não foi a mais sangrenta. No entanto, o autoritarismo e a repressão ficaram alojados nas 
estruturas sociais e políticas do país de forma inquestionável. A remoção do “entulho autoritário” 
foi tarefa do primeiro governo civil, mas até hoje não foi completamente concluída. 
 O sistema político que surgiu ao fim do governo militar foi chamado de Nova República. A 
eleição indireta que indicou os candidatos Tancredo Neves e José Sarney para a presidência em 
1985 fez parte de estratégia que envolveu uma coalizão conservadora das elites que participavam 
do processo de transição política e que desejavam um processo de democratização sem rupturas. 
Vista como um período histórico, a Nova República foi capaz de promover reformas institucionais, 
em especial uma nova Constituição, que criou uma ordem democrática no país e que incorporou à 
agenda importantes questões de natureza social, ambiental e de direitos individuais.1 
 Em 15 de março de 1985, data da posse do novo presidente, o país foi informado de que 
Tancredo Neves fora internado às pressas em um hospital de Brasília com problemas de intestino. 
Então o vice-presidente José Sarney, eleito indiretamente, subiu a rampa do Palácio do Planalto e 
recebeu a faixa presidencial. Aquela foi uma ocasião significativa para o Brasil, pois após 21 anos os 
brasileiros viam um civil com a faixa presidencial. 
 Contudo, a natureza conservadora da transição, contaminou a nova ordem pela dificuldade 
de realizar muitas das reformas progressistas que poderiam mudar a realidade social, política e 
econômica do país. Durante a Ditadura Militar, José Sarney foi ex-governador e ex-senador pelo 
Arena (o partido dos militares), além de presidente do PDS (um dos partidos que substituiu o 
Arena), de tal modo que aprendeu bem o percurso realizado diversas vezes em busca dos 
gabinetes do poder militar. Era acompanhado por antigos colaboradores do Regime Militar, como 
Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel, e pelos principais representantes da oposição, como 
Ulysses Guimarães e Franco Montoro. 
 Em 21 de abril, data da morte de Tiradentes, morria o mineiro Tancredo Neves, logo 
transformado em ídolo pelo PMDB e em “santo” pela crença popular, sendo cortejado por milhões 
em lágrimas em seu enterro. Os brasileiros saíram às ruas para acompanhar o cortejo fúnebre em 
São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del Rei, onde foi enterrado. Em muitas faixas 
empunhadas pelos manifestantes lia-se a frase: “Nós não vamos nos dispersar”, fazendo menção 
ao apoio popular e esperanças depositadas sobre Tancredo Neves. 
 Sem respaldo popular, cercado de desconfianças dos oposicionistas e conduzindo uma 
coalizão política extremamente heterogênea, num contexto de acentuada crise econômica, o 
governo Sarney pautou-se pelo imobilismo e pelo fisiologismo. A oposição petista e pedetista não 
 
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perdoava: “O povo não esquece, Sarney é PDS” e “Sarney não dá, diretas já”. Em 1985, uma 
complacente legislação havia permitido a livre criação partidária, que tirou da clandestinidade o 
PCB e o Partido Comunista do Brasil (PC do B), propiciando o surgimento de um grande número de 
legendas, muitas de reduzida expressão política. 
 Por outro lado, o estabelecimento de uma ordem democrática impunha a elaboração de 
uma nova Carta Constitucional em substituição à legislação do regime autoritário. Para tanto, 
foram delegados poderes constituintes ao Congresso Nacional, renovado pelas eleições em 1986. 2 
 
2.1. O GOVERNO SARNEY 
 José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasceu em Pinheiro (MA) em 24 de abril de 1930, 
filho de Sarney de Araújo Costa e de Kiola Ferreira de Araújo Costa. Em 1965 adotou legalmente o 
nome de José Sarney Costa, do qual já se utilizava para fins eleitorais desde 1958, por ser 
conhecido como “Zé do Sarney”, isto é, José, filho de Sarney.3 
 José Sarney foi presidente como produto da “roda da fortuna”, sendo empossado em 
condições muito peculiares. Como ele mesmo explicaria dez anos depois em artigo na Folha de S. 
Paulo (28/4/1995), Tancredo surgiu como candidato “numa engenharia política que só ele sabia e 
levou para o túmulo, compôs um governo que juntava as correntes mais heterogêneas e 
inconciliáveis. (...) Mantive os seus objetivos básicos e enfrentei obstáculos que ele jamais 
enfrentaria. O ministério e o governo não eram meus, não me tinham fidelidade e compromisso. 
Por outro lado, as forças que formavam a Aliança Democrática não me aceitavam, porque fui vice-
presidente para viabilizar a vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral, mas tinha a marca de um 
egresso do PDS”.4 
 Considerando Sarney traidor do PDS e de seu governo, o último militar a exercer o poder 
durante a Ditadura, João Figueiredo, se recusou a participar da cerimônia de transmissão do cargo 
em 15 de março de 1985. 
 Ele foi responsável por dirigir o país em um momento único de transição: de um Regime 
Militar para um Regime Civil; de uma ordem econômica organizada por um governo centralizador e 
autoritário a um modelo que teria de ser negociado no Congresso e com a sociedade; em um 
momento que era necessário enfrentar a crise econômica internacional e, ainda, a crise doméstica 
 
2 CAMPOS; CLARO, 2013. 
3 FGV-CPDOC; DIAS; LEMOS, 2009. 
4 FGV-CPDOC; DIAS; LEMOS, 2009. 
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que era um somatório da situação da economia doméstica herdada do Regime Militar e das duras 
condições econômicas impostas pela conjuntura externa.5 
 O ministério, organizado por Tancredo de maneira a garantir a transição pacífica, tinha 
feição fortemente conservadora, incluindo cinco políticos que até meses antes haviam apoiado o 
governo militar — Aureliano Chaves (Minas e Energia), Olavo Setúbal (Relações Exteriores), Marco 
Maciel (Educação) e Paulo Lustosa (Desburocratização), do PFL, e Antônio Carlos Magalhães 
(Comunicações), do PDS. Os demais, a maioria ligada ao PMDB, eram Afonso Camargo 
(Transportes), Almir Pazzianotto (Trabalho), Aluísio Alves (Administração), Carlos Santana (Saúde), 
Fernando Lyra (Justiça), Flávio Peixoto (Desenvolvimento Urbano), Francisco Dornelles (Fazenda), 
João Sayad (Planejamento), José Aparecido de Oliveira (Cultura), Nélson Ribeiro (Reforma e 
Desenvolvimento Agrário), Pedro Simon (Agricultura), Renato Archer (Ciência e Tecnologia), 
Roberto Gusmão (Indústria e Comércio), Ronaldo Costa Couto (Interior), Valdir Pires (Previdência), 
José Hugo Castelo Branco (Casa Civil), general Rubens Bayma Denis (Casa Militar), general Leônidas 
Pires Gonçalves (Exército), brigadeiro OtávioJúlio Moreira Lima (Aeronáutica), almirante Henrique 
Sabóia (Marinha), general Ivan de Sousa Mendes (Serviço Nacional de Informações) e general José 
Maria do Amaral (Estado-Maior das Forças Armadas). No dia 17, Sarney presidiu a primeira reunião 
ministerial, quando leu um discurso preparado por Tancredo que indicava as duas linhas de força 
do governo da Nova República, expressão criada por Ulysses Guimarães para designar o plano de 
governo da Aliança Democrática: austeridade nos gastos públicos e combate à inflação. 
 Iniciando o governo sob suspeitas geradas por suas ligações com os governos militares e em 
meio à expectativa geral em torno do restabelecimento de Tancredo, que se submeteria a uma 
série de cirurgias, uma das primeiras medidas que Sarney tomou, em 19 de março, foi a suspensão 
de mais de cem concessões e permissões de emissoras de rádio e televisão assinadas por 
Figueiredo a partir de outubro de 1984. 
 Em seguida, iniciou o processo de desmontagem dos dispositivos de exceção herdados do 
Regime Militar, o chamado “entulho autoritário”. Em abril, anunciou que não assinaria mais 
decretos-leis e que todos os atos que precisassem de lei para entrar em vigor seriam remetidos ao 
Congresso em regime de urgência, medida que, ainda que não viesse a ser observada 
estritamente, teve o mérito de chamar a atenção para a necessidade de rever os instrumentos de 
ação do Executivo. No dia 19, o governo aprovou um programa de emergência, com a definição 
das seguintes áreas prioritárias: merenda escolar; alimentação de gestantes, de jovens mães e de 
crianças; oferta de cesta básica de alimentos; saneamento e construção de habitações populares, 
presídios e delegacias. 
 Após submeter-se a sete cirurgias, Tancredo morreu em 21 de abril. No dia seguinte, Sarney 
assumiu efetivamente a presidência, anunciando que seu governo seria “o governo de Tancredo”. 
Em seu primeiro discurso na nova condição, tratou das duas maiores prioridades nacionais — a 
 
5 PRADO; LEOPOLDI, 2017. 
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redemocratização e a crise econômica herdada do último governo militar —, prometendo que 
convocaria a Assembleia Constituinte “o mais cedo possível” e que o país cumpriria seus 
compromissos com os credores internacionais, mas não ao preço do sacrifício do povo.6 
 O projeto político da Nova República tomou forma com a aprovação da Constituição de 
1988. Mas o fracasso da política econômica do governo Sarney – não apenas na questão da 
estabilização econômica, mas na busca por um projeto de relativa autonomia com referência a 
agenda de reformas que vinham sendo impostas de fora para dentro no processo de negociação 
da dívida externa – levou ao abandono das ideias desenvolvimentistas. O novo modelo econômico 
que se desenhou, ao fim de seu governo, era inconsistente com o projeto político da Constituição 
de 1988, inspirada por ideias sociais-democratas. A Constituição, com um executivo moldado no 
modelo presidencialista, mas dependente do apoio do Congresso – expresso pelo presidencialismo 
de coalizão, não produziu a estabilidade política esperada por seus idealizadores. Ao contrário, o 
sistema de eleição proporcional e com amplo acesso de partidos pequenos a verbas públicas, 
exigia do governante a associação a partidos frágeis ideologicamente, para implementar suas 
políticas públicas e, em particular, para viabilizar uma política econômica consistente. Nos 
primeiros governos da Nova República, a aceleração da inflação e a desmoralização das políticas 
econômicas heterodoxas, em um contexto internacional de avanço das ideias neoliberais, levou ao 
fim definitivo das políticas desenvolvimentista no Brasil. A crise criou as bases para o novo modelo 
que se consolidaria depois do sucesso do Plano Real, no governo Itamar Franco.7 
 
2.2. O PLANO CRUZADO 
 O Brasil, como outras economias latino-americanas, enfrentou na década de 1980 uma crise 
econômica que tinha dois componentes interconectados: uma grave crise cambial, devido à sua 
incapacidade de financiar seu déficit em transações correntes e pagar adequadamente os serviços 
da dívida externa; uma elevada taxa de inflação, pressionada por desequilíbrios fiscais do governo 
e pela indexação generalizada da economia. Essa crise, que foi construída na década anterior, foi 
um dos fatores fundamentais para explicar a perda da sustentabilidade política do Regime Militar. 
Uma das expectativas criadas com a restauração da democracia foi que ela seria capaz de 
enfrentar, com sucesso, os problemas econômicos e políticos decorrentes da deterioração do 
ambiente econômico.8 
 Reproduzindo a retórica de Tancredo, Sarney anunciou que honraria os compromissos 
financeiros do país, mas não ao preço da miséria do povo ou da soberania nacional. O problema do 
 
6 FGV-CPDOC; DIAS; LEMOS, 2009. 
7 PRADO; LEOPOLDI, 2017. 
8 PRADO; LEOPOLDI, 2017. 
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endividamento externo tinha, contudo, dimensões continentais e opunha interesses dos países do 
Terceiro Mundo aos dos agentes financeiros internacionais, em especial americanos.9 
 Visto, em retrospectiva, fica claro que não havia à época percepção do tamanho da crise e 
das estreitas margens de manobra para resolver a questão doméstica, sem uma solução adequada 
para a questão externa. A década de 1980 e, em especial, o governo Sarney é um momento de 
inflexão da trajetória de longo prazo da economia brasileira. 
 Por meio século, desde a recuperação da grande depressão na década de 1930, a economia 
brasileira empreendeu um longo processo de convergência em direção ao nível de renda de 
economias mais desenvolvidas. Isso deu-se através de uma elevada taxa de crescimento da renda 
per capita e de mudanças estruturais na sua economia. Ou seja, de um país essencialmente 
agrário, com um pequeno parque industrial têxtil, até a década de 1920, a economia brasileira no 
início da década de 1980 alcançou um nível de complexidade e diversificação de sua estrutura 
industrial sem precedente entre os países em desenvolvimento. 
 Esse processo de desenvolvimento não ocorreu sem profundas distorções e assimetrias. Em 
especial, o crescimento econômico brasileiro deu-se com o aprofundamento de um processo de 
exclusão de importantes setores da sociedade brasileira, caracterizando-se com um dos países de 
renda mais concentrada do mundo. 
 Um outro problema não adequadamente enfrentado no Brasil foi as desigualdades 
regionais de desenvolvimento. Apesar de algumas tentativas exemplares, como a criação da 
Sudene, sob a inspiração de Celso Furtado, e da Sudam, uma agência que não teve a mesma 
repercussão da primeira, todos os planos para enfrentar a questão regional no Brasil foram 
fracassados. Além disso, esse crescimento não foi, também, equilibrado na questão fundamental 
da amplitude e qualidade da oferta de educação. O Brasil, em meados da década de 1980, 
continuava a ser um país com parte importante de seus jovens fora da escola e/ou com uma 
qualidade de educação sofrível. Por outro lado, a Universidade brasileira começava a estruturar 
um setor de pesquisa de padrão internacional e recebia de volta no país a primeira geração de 
doutores formados no exterior, com bolsa integral, paga pelo governo brasileiro. Nesse período, 
foram formados a primeira geração de professores de pós-graduação, os quais exerciam a 
profissão em horário integral nas principais Universidadespúblicas do país e, ainda, em algumas 
poucas Universidades e Centros de Ensino privados. 
 Esse país grande, complexo, diversificado, desigual, mas autoconfiante e esperançoso, foi 
sendo progressivamente esgarçado pela contínua incapacidade da sociedade brasileira de 
construir uma alternativa bem-sucedida para a experiência desenvolvimentista. Dessa forma, 
desde o fim da década de 1980 o país nunca mais repetiu o desempenho econômico do passado. O 
projeto desenvolvimentista, que apesar de suas contradições, foi a política que mais conseguiu 
 
9 FGV-CPDOC; DIAS; LEMOS, 2009. 
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apoio na sociedade brasileira, entrou definitivamente em colapso depois da decepção com os 
resultados dos planos heterodoxos no governo Sarney.10 
 Para conter a corrida inflacionária, em fevereiro de 1986 foi implementado o Plano 
Cruzado, que estabelecia o congelamento dos preços e promovia uma reforma monetária. Inflação 
zero e aumento real de salários de cerca de 8% foram decisivos para que o plano obtivesse a 
aprovação da população brasileira, que, entre lágrimas de economistas e discursos de 
consumidores contra remarcações indevidas, virou “fiscal do Sarney”. No entanto, por motivações 
político-eleitorais, a flexibilização do congelamento foi adiada ao máximo, o que contribuiu para o 
fracasso do plano já no final de 1986. 
 O primeiro semestre de 1987 assistiu ao retorno da crise econômica e financeira. Em 
fevereiro, o país anunciou a suspensão do pagamento dos juros da dívida externa. A volta da 
inflação e as medidas amargas de contenção do consumo rapidamente atingiram a popularidade 
de Sarney e da Nova República. Acossado pela opinião pública, o presidente buscou apoio político 
para seu governo nos setores mais conservadores do Congresso Nacional. Isso trouxe 
consequências nefastas para as novas tentativas de ajustes econômicos que ainda iriam ser 
implementadas (Plano Bresser, de junho de 1987, e Plano Verão, de janeiro de 1989).11 
 Com a inflação de maio chegando a 23,26%, Sarney adotou, em 12 de junho, o Plano 
Bresser: novo congelamento, por três meses, de preços, aluguéis e salários; extinção do subsídio 
ao trigo e adiamento de obras públicas já planejadas, a fim de conter o déficit público, considerado 
responsável pela inflação. Em 9 de julho, Bresser apresentou a Sarney seu Plano de Consistência 
Macroeconômica, que propunha cortes nos gastos do governo em projetos e no custeio da 
máquina governamental e a redução da meta de crescimento do PIB nos três anos seguintes, 
estimada em 6% ao ano; tais medidas foram adotadas pelo governo duas semanas depois. Em 18 
de dezembro, porém, o ministro se demitiu, por não ter conseguido apoio de Sarney para o novo 
conjunto de medidas com que pretendia resolver os problemas do déficit público e da inflação. Foi 
substituído por Maílson da Nóbrega, secretário-geral do Ministério da Fazenda, que assumiu 
interinamente. No fim do ano, a inflação atingiu o índice de 366% e, em 6 de janeiro de 1988, 
Maílson foi efetivado. 
 O novo ministro apelidou sua estratégia de luta contra a inflação de “feijão-com-arroz”. 
Tratava-se de conviver com a inflação sem medidas drásticas, apenas fazendo ajustes parciais com 
o objetivo de evitar a hiperinflação. Na gestão de Maílson, Sarney assinou, em maio, três decretos-
leis e um decreto introduzindo alterações na política industrial: facilidades para a importação — 
redução do imposto de 105 para 70% — e exportação — suspensão do controle prévio pelo 
governo — e reformulação do Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI). A nova orientação 
rompeu com a política de substituição de importações e de protecionismo tarifário em vigor 
 
10 PRADO; LEOPOLDI, 2017. 
11 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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durante quase meio século, iniciando um movimento de adequação da economia ao mercado 
mundial que se concretizaria em governos posteriores. 
 Como a inflação acumulada tivesse passado dos 366% em 1987 para 933% no fim de 1988, 
Maílson apresentou, em 15 de janeiro de 1989, um novo conjunto de medidas, o Plano Verão: 
congelamento de preços, salários e tarifas; substituição do cruzado pelo cruzado novo, com três 
zeros a menos e desvalorizado em 18,32% em relação ao dólar; extinção da correção monetária; 
política de gastos do governo subordinados à arrecadação; privatização de estatais; demissão de 
servidores; extinção dos ministérios da Habitação e Bem-Estar Social, da Reforma e 
Desenvolvimento Agrário, da Irrigação, da Ciência e Tecnologia e da Administração; 
remanejamento de atribuições e fechamento de grande número de órgãos federais e autarquias. 
 O plano não obteve êxito. Em setembro, Sarney e seus ministros da área econômica 
atribuíram à proximidade das eleições a aceleração inflacionária do mês em curso. Ao fim do 
mandato de Sarney, os números mostrariam uma inflação de 2.751% acumulada de fevereiro de 
1989 a fevereiro de 1990.12 
 Quaisquer iniciativas de contenção dos gastos públicos esbarrariam nas necessidades 
pragmáticas de sustentação política. O governo administrou as taxas inflacionárias, sem promover 
ajustes estruturais na economia do país. A permanência da inflação e da recessão, o desequilíbrio 
fiscal e as indefinições a respeito da política de renegociação da dívida externa foram 
extremamente negativos para o novo regime democrático, que procurava se firmar. Democracia e 
crise econômica caminharam juntas, numa década em que se acentuaram os graves problemas 
sociais brasileiros. 
 Por outro lado, o PMDB saíra vitorioso das urnas em 1986. Com a maioria absoluta dos 
parlamentares e com a quase totalidade dos governadores, o antigo partido oposicionista tinha em 
suas mãos o destino político do Brasil. No entanto, dividido em termos ideológicos e inchado pelo 
ingresso de políticos recém-saídos do PDS, o PMDB estava controlado por conservadores. Mas na 
Constituinte, tal divisão impediu a implementação de um projeto peemedebista. Setores 
conservadores articularam-se numa grande frente denominada Centrão, aglutinando 
parlamentares do Partido da Frente Liberal (PFL), do PMDB, do PDS e do PTB. Em minoria, a 
bancada progressista era composta por membros do PMDB, do PT, do PDT, do Partido Socialista 
Brasileiro (PSB), do PCB e do PC do B. O PMDB, o maior partido do Brasil, estava dividido. 
 Em 1988, o país ganhou sua nova Constituição, e o PMDB sofreu sua mais importante baixa, 
quando um grupo de parlamentares de centro-esquerda, liderado pelos senadores Mário Covas, 
Fernando Henrique Cardoso e José Richa, e pelo ex-governador de São Paulo, André Franco 
Montoro, deixou o partido para formar o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Essa 
ruptura foi motivada pelo posicionamento da maior parte do PMDB em defesa do mandato de 
 
12 FGV-CPDOC; DIAS; LEMOS, 2009. 
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cinco anos para José Sarney, o que adiava as esperadas eleições diretas à presidência para 1989, e 
pelo alinhamento do partido com os setores mais conservadores do Congresso. 13 
 
2.3. A CONSTITUINTE: CENTRÃO E PROGRESSISTAS 
 Sarney sancionou em 10 de maio várias medidas aprovadas peloCongresso com o objetivo 
de redemocratizar o país: restabelecimento das eleições diretas para presidente, em dois turnos, e 
para prefeito das capitais, estâncias hidrominerais e municípios até então considerados áreas de 
segurança nacional; concessão do direito de voto para os analfabetos; representação política para 
o Distrito Federal, e fim da sublegenda e da fidelidade partidária, bem como liberdade de criação 
de partidos e formação de coligações partidárias. Os partidos clandestinos, isto é, Partido 
Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foram legalizados, e com a 
liberalização das regras criaram-se várias legendas. 
 O prosseguimento do processo de redemocratização era, contudo, limitado pela 
sobrevivência da Constituição imposta pelo regime militar em 1969, bem como de dispositivos 
como a Lei de Segurança Nacional e o decreto que estabelecera a censura prévia. A iniciativa de 
convocação da Assembleia Constituinte cabia ao presidente, e Sarney deveria optar entre as duas 
propostas de encaminhamento apresentadas. Uma, defendida por setores da ala progressista do 
PMDB, do PT e maioria do PDT e demais partidos de esquerda, preconizava que se elegesse, ainda 
em 1985, uma Assembleia Constituinte especialmente para fazer a nova Constituição, 
independentemente do Congresso, a qual se dissolveria em seguida. A outra, defendida pelas 
forças do centro político, o centrão, pelos setores conservadores do PMDB, pelo PFL e pelo PDS, 
propunha que se fizesse a eleição em 1986. 
 Anunciando que cumpria “o mais grave compromisso da Nova República”, Sarney 
encaminhou ao Congresso, em 28 de junho, proposta de emenda convocando a Assembleia 
Nacional Constituinte, composta pelo Congresso a ser eleito em novembro de 1986 e pelos 
senadores no exercício do mandato, que se reuniriam a partir de 1º de fevereiro de 1987 para 
elaborar uma nova Constituição. Em seguida, nomeou a Comissão Provisória de Estudos 
Constitucionais, articulada por Tancredo. Integrada por 50 membros sob a presidência de Afonso 
Arinos de Melo Franco, e incumbida de, no prazo de dez meses, elaborar um anteprojeto de 
constituição, a comissão foi instalada em 3 de setembro. 
 Procurando um canal de comunicação direta com o eleitorado de maneira a fortalecer suas 
posições em relação aos temas políticos que entrariam em discussão, Sarney, embora anunciasse 
que se manteria em posição de neutralidade, estreou em outubro de 1985 o programa “Conversa 
ao pé-do-rádio”. Usaria o programa durante os trabalhos da Constituinte para criticar os 
 
13 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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congressistas que divergiam de seus pontos de vista e o manteria até 1989, com índices nacionais 
de audiência baixos. No fim de seu mandato, pesquisa feita em Curitiba revelaria que 91,2% dos 
entrevistados nunca tinham ouvido o programa. 
 Eleições para prefeitos e vereadores realizadas em 15 de novembro de 1985 em 201 
cidades, inclusive as capitais, deram a vitória ao PMDB, embora o partido perdesse em São Paulo, 
Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. A Aliança Democrática saiu enfraquecida da disputa, que em 
várias cidades opôs o PMDB e o PFL. À esquerda, a oposição também obteve trunfos importantes, 
como a vitória do PDT no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, e do PT em Fortaleza. Em 1º de 
dezembro, os dois partidos fizeram um acordo para iniciar uma campanha por eleições diretas 
imediatas para a presidência. 
 Instalada a Assembleia Nacional Constituinte em 1º de fevereiro de 1987, Sarney anunciou 
mais uma vez que se manteria neutro em face das disputas políticas. Em 18 de maio, porém, fez 
um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão informando que, embora, de acordo 
com a Constituição em vigor, seu mandato estivesse fixado em seis anos, estaria disposto a abrir 
mão de um ano, de forma a evitar uma discussão que poderia imobilizar a nação. Defendeu, 
também, a manutenção do regime presidencialista. 
 Ao articular politicamente a manutenção do presidencialismo e a fixação de seu mandato 
em cinco anos, Sarney seria objeto de graves acusações de utilização de recursos públicos na 
conquista do voto de parlamentares. A principal moeda de troca teria sido a concessão de canais 
de rádio e televisão. 
 Nesse ínterim, a Comissão de Sistematização da Constituinte aprovou a proposta de 
implantação do parlamentarismo. Presidencialista, Sarney, informou em agosto ao relator da 
comissão, senador Bernardo Cabral (PMDB-AM), que reagiria se a proposta fosse mantida. No mês 
seguinte, defendeu uma proposta conciliatória, na forma de um presidencialismo em que o 
Congresso tivesse poder para destituir ministros mediante voto de censura. Não conseguindo 
mudar a tendência predominante na comissão, passou a admitir a adoção do parlamentarismo, 
contanto que fosse aprovado por maioria absoluta da Constituinte e incluísse o voto distrital e a 
possibilidade de dissolução do Congresso em caso de impasse na nomeação do primeiro-ministro. 
 Em 23 de março de 1988, a Assembleia Nacional Constituinte, num dos momentos mais 
tensos dos seus trabalhos, aprovou a manutenção do regime presidencialista e fixou o mandato 
dos futuros presidentes em cinco anos. A decisão teve repercussões imediatas no PMDB: no dia 
seguinte, oito deputados constituintes mineiros, entre os quais o ex-líder do governo Pimenta da 
Veiga, e os pernambucanos Fernando Lyra e Cristina Tavares desligaram-se do partido. Em 8 de 
abril, surgiu o Bloco Independente do PMDB, anunciado em manifesto assinado por 93 dos 280 
constituintes peemedebistas, entre os quais os senadores paulistas Mário Covas e Fernando 
Henrique Cardoso, e também José Richa (PR). O grupo convocava os ministros a romper 
imediatamente com o governo e a lutar por eleições diretas para presidente ainda em 1988. 
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 Em 2 de junho, o plenário da Constituinte determinou que o mandato de Sarney duraria 
cinco anos e marcou para 15 de novembro de 1989 a escolha do sucessor. Alguns anos mais tarde, 
Sarney revelaria, em entrevista à Folha de S. Paulo (22/8/1993), que, na expectativa da resolução 
da Assembleia, informara ao ministro da Justiça, Paulo Brossard, que, caso a Constituinte optasse 
por reduzir seu mandato para quatro anos, entenderia o fato como uma “moção de desconfiança 
do Congresso” e renunciaria. A decisão da Constituinte fez com que os membros do Bloco 
Independente do PMDB, partidários do prazo de quatro anos, abandonassem a legenda para 
fundar, em 24 de junho, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). 
 A aprovação em 26 de julho, em primeiro turno, do texto da futura Constituição levou 
Sarney a novo pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão. Advertiu que se o texto 
prevalecesse, após a votação em segundo turno, o país se tornaria ingovernável, haveria aumento 
de impostos e do déficit público, recessão e desemprego. O discurso provocou crise no governo, 
resultando na demissão dos ministros Renato Archer, Luís Henrique e Celso Furtado. 
 Mas em 5 de outubro de 1988, finalmente foi promulgada a nova Constituição brasileira, 
que ficaria conhecida como a Constituição Cidadã de 1988, por causa dos princípios que ela 
garantiu. Sua promulgação foi marcada pelo discurso do então deputado federal e participante da 
Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães, que disse: “A Constituição pretende ser a voz, a letra,a vontade política da sociedade rumo à mudança. Que a promulgação seja nosso grito: Muda para 
vencer! Muda, Brasil!”14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 FGV-CPDOC; DIAS; LEMOS, 2009. 
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3. GOVERNO DE FERNANDO COLLOR DE MELLO 
 O cenário sucessório de Sarney, contudo, estava indefinido. Os dois maiores partidos, PMDB 
e PFL, ainda discutiam os nomes que lançariam. Mas o desgaste do PMDB junto à opinião pública 
ficou evidente em novembro de 1989, quando finalmente foram realizadas as primeiras eleições 
presidenciais diretas em quase trinta anos. Responsabilizado pela instabilidade política do governo 
e pela grave crise econômica que o país atravessava, o partido do candidato Ulysses Guimarães, 
um dos mais importantes líderes da oposição durante os anos da Ditadura, recebeu uma votação 
inexpressiva, amargando o sétimo lugar no primeiro turno eleitoral. 15 
 Apenas os candidatos de dois partidos expressivos estavam em campanha aberta: Leonel 
Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), e Luís Inácio da Silva, o Lula, do Partido dos 
Trabalhadores (PT). A posição de liderança que ocupavam nas pesquisas de intenção de voto 
sugeria que as forças de esquerda tinham boas perspectivas de vitória. Mas os meios de 
comunicação, canais de televisão e revistas começaram a contra-atacar a possibilidade de um 
governo esquerdista, acusando de populista, se Brizola fosse eleito, ou de socialista, no caso da 
vitória de Lula.16 
 Novas medidas de redução dos gastos do estado de Alagoas com os “marajás” despertaram 
a atenção dos órgãos de imprensa das grandes cidades, especialmente de São Paulo e do Rio de 
Janeiro, para o nome de Collor, que, então, já aparecia em terceiro lugar nas pesquisas. As mesmas 
pesquisas apuraram que a maioria dos eleitores preferia um candidato jovem, com experiência 
administrativa e que fosse claro opositor do presidente José Sarney. 
 Collor lançou-se por uma coligação partidária praticamente inexpressiva, capitaneada pelo 
recém-fundado Partido da Renovação Nacional (PRN). 
 Dois candidatos conseguiram canalizar as expectativas por mudanças no país: o jovem ex-
governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, e o líder operário, Luiz Inácio Lula da Silva, 
principal dirigente das greves de 1978 e 1980 no ABC paulista. 
 Ex-integrante do PDS, eleito governador pelo PMDB em 1986, Collor recebeu inestimável 
ajuda da Rede Globo de Televisão, que, além de garantir-lhe a necessária exposição na mídia, 
promoveu intensa campanha contra seus adversários. Lula conseguiu reunir a maior parte da 
esquerda (PT, PSB e PC do B), animada pelos sucessos obtidos nas eleições municipais de 1988.17 
 Em 30 de março, o PRN apresentou seu primeiro programa no horário gratuito reservado 
aos partidos políticos na televisão, em cadeia nacional. Apoiado em modernas técnicas de 
comunicação audiovisual, Collor apresentou-se como o único candidato capaz de resolver os 
 
15 CAMPOS; CLARO, 2013. 
16 FGV-CPDOC; LEMOS, 2009. 
17 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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problemas brasileiros. Denunciou a crise moral que o país estaria vivendo, chamou a atenção para 
as dimensões da dívida externa e criticou duramente Sarney e os “coronéis” que, no seu 
entendimento, dominavam a política. Não esqueceu de bater em seu alvo predileto, os “marajás”. 
Uma semana depois, nova pesquisa o apontou como o líder na preferência dos eleitores. Sua 
candidatura ainda não era vista, porém, como uma real ameaça pelos favoritos, que a 
interpretavam como fenômeno eleitoral passageiro. 
 Collor apareceu na televisão em cadeia nacional pela segunda vez em 27 de abril, como 
convidado especial do Partido Trabalhista Renovador (PTR), também totalmente desconhecido do 
público. Retomando os temas do primeiro programa, reforçou sua imagem de “caçador de 
marajás”, combinando-a com a de um candidato jovem e ousado.18 
 Quando, em 18 de maio, Collor participou do terceiro programa de televisão em cadeia 
nacional, no horário reservado ao também inexpressivo Partido Social Cristão (PSC), já era o líder 
disparado nas pesquisas eleitorais. Usando técnicas de comunicação política e marketing e 
assessorado por um instituto de pesquisas, como o Vox Populi, do cientista político Marcos 
Antônio Coimbra, sua candidatura começava a se distanciar significativamente das concorrentes, o 
que lhe granjeou o apelido de “furacão Collor” e a adesão de políticos e empresários que passaram 
a vê-lo como única alternativa viável para barrar uma vitória de Lula ou Brizola. A diferença para 
seus concorrentes crescia de forma tão acelerada que, em junho, já se aventava a possibilidade de 
a eleição ser decidida no primeiro turno. 19 
 Apenas a candidatura do empresário e animador de televisão Sílvio Santos, lançada 15 dias 
antes da realização do primeiro turno pelo inexpressivo Partido Municipalista Brasileiro (PMB), 
surgiu como ameaça à trajetória fulminante de Collor em 1989. Pesquisas de opinião apontaram 
Sílvio Santos como o preferido de 30% dos eleitores, a maior parte dos quais nas camadas mais 
pobres, onde Collor vinha obtendo grande apoio. Mas a candidatura de Sílvio Santos acabou 
impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Collor capitalizou o episódio, apontando-o 
como uma manobra do presidente José Sarney contra ele. No horário eleitoral gratuito do dia 4 de 
novembro, investiu contra o presidente, chamando-o de “corrupto, incompetente e safado”. A 
agressão lhe valeu, por decisão do TSE, uma resposta de Sarney no horário eleitoral do PRN num 
outro dia, além de um processo por injúria, calúnia e difamação. Em contrapartida, contribuiu 
decisivamente para a consolidação das suas possibilidades de vitória. 
 No primeiro turno, Collor concorreu com 24 candidatos, entre eles Aureliano Chaves (PFL), 
Guilherme Afif Domingos (Partido Liberal, PL), Leonel Brizola (PDT), Lula (PT), Mário Covas (PSDB), 
Paulo Maluf (PDS), Roberto Freire (Partido Comunista Brasileiro, PCB) e Ulysses Guimarães 
 
18 FGV-CPDOC; LEMOS, 2009. 
19 FGV-CPDOC; LEMOS, 2009. 
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(PMDB). Em 15 de novembro, foi o mais votado, seguido de Lula. Como não obteve 50% mais um 
dos votos válidos, a disputa da presidência ficou para ser decidida no segundo turno. 20 
 No segundo turno das eleições, o Brasil viveu uma impressionante polarização ideológica 
entre grupos de direita e esquerda. Ao lado de Collor ficaram os remanescentes do Regime Militar, 
os conservadores do PMDB e a imensa maioria do empresariado e proprietários de terras. Com 
Lula, além do PT, PSB e PC do B, fecharam o PDT, o PCB, o PSDB e representantes dos movimentos 
populares e de direitos civis. 
 Apresentando-se como o “caçador de marajás” – alusão a funcionários públicos de altos 
salários – e representante dos “descamisados”, Collor conseguiu vencer as eleições. Antes dele, o 
último presidente eleito havia sido Jânio Quadros (1960-1961), que prometera deixar a direita 
indignada e a esquerda perplexa.21 
 
3.1. PLANO COLLOR 
 Collor procurou encarnar a modernidade e a esperança de justiça social. Em março de 1990, 
o jovem presidente implementavao Plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, que foi 
um plano econômico lançado 1990 cujo objetivo era controlar a inflação no Brasil. Entre outras 
medidas, estabeleceu o confisco por dezoito meses de recursos depositados em contas bancárias e 
cadernetas de poupança, e o congelamento de preços. 
 O líder comunista Fidel Castro, que viera assistir à posse de Collor, não se conteve ao saber 
das medidas: “Nem em Cuba fizemos isso”. Mas, no Brasil, os grupos dominantes não só 
permitiram como até apoiaram as investidas de Collor sobre suas próprias contas bancárias. A 
expropriação feita por um membro das elites era preferível ao “risco” de uma expropriação 
realizada por um líder operário. Em compensação, Collor iniciou um amplo programa de 
privatização de empresas estatais e abertura da economia brasileira ao capital internacional. A 
elite poderia, a partir de então, desfilar pelo país em carros importados, deixando de lado as 
“carroças” nacionais. 22 
 O Plano Collor foi decretado através de uma medida provisória. Isso quer dizer que ele não 
foi levado ao Congresso Nacional para debate e nem votado pelos congressistas. Igualmente, 
Collor e sua equipe jamais tinham mencionado dito plano durante a campanha eleitoral. O 
candidato prometia acabar com a inflação e melhorar a economia, mas reforçava que seria através 
do combate à corrupção e da demissão de maus funcionários públicos. 
 
20 FGV-CPDOC; LEMOS, 2009. 
21 CAMPOS; CLARO, 2013. 
22 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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 Assim, a população brasileira foi tomada de surpresa com o feriado bancário de três dias 
após a posse. Mas o que geraria mais espanto foi a comunicação realizada pelo próprio presidente 
Collor no dia 16 de março de 1990 explicando o plano econômico. As medidas do Plano Collor 
forma: poupança retida para quem tivesse depósitos acima de 50.000 cruzeiros novos 
(atualmente, 5.000 a 8.000 reais aproximadamente); os preços deveriam voltar aos valores de 12 
de março; mudança da moeda: de cruzados novos para cruzeiros, sem alterações de zeros; início 
do processo de privatização de estatais; reforma administrativa com o fechamento de ministérios, 
autarquias e empresas públicas; demissão de funcionários públicos; abertura do mercado 
brasileiro ao exterior com a extinção de subsídios do governo; flutuação cambial sob controle do 
governo. 
 A medida mais polêmica do Plano Collor foi a retenção das poupanças nos bancos, para os 
correntistas que tivessem depósitos acima de 50.000 cruzeiros. Rapidamente, isto foi chamado de 
“confisco” pela população. O governo retinha os depósitos acima deste valor e pretendia devolvê-
los em 18 meses com correção e juros de 6% ao ano. Com isto, visava conseguir liquidez para 
financiar projetos econômicos. 
 Segundo a Ministra responsável, Zélia Cardoso de Mello, 90% das contas de poupança 
brasileiras eram abaixo deste valor e esta retenção não prejudicaria a economia nacional. 
Igualmente afirmava que o governo ressarciria os depósitos dentro do prazo estipulado.23 
 Tal fato nunca ocorreu e milhares de correntistas tiveram que entrar na Justiça para reaver 
seu dinheiro. 
 O Plano Collor 1 foi um fracasso. Embora tivesse conseguido diminuir a inflação no primeiro 
mês, nas semanas seguintes os preços continuariam a aumentar e os salários a diminuir. Portanto, 
também por medida provisória publicada em 1º de fevereiro de 1991, o presidente instituiu mais 
normas econômicas que seriam conhecidas como o Plano Collor 2. Dentre elas estavam: aumento 
de tarifas públicas para os Correios, energia e transporte ferroviário; fim do overnight no mercado 
financeiro e criação do Fundo de Aplicações Financeiras (FAF); criação Taxa de Referência de Juros 
(TR). 
 Os planos Collor 1 e 2 não conseguiram salvar a economia brasileira e tampouco conter a 
inflação. Alguns economistas afirmam que o Brasil quebrou, pois os créditos ficaram mais caros e 
difíceis de obter. Outros estudiosos apontam que foi apenas uma recessão muito profunda. Isso 
deixou vários pequenos empresários e investidores falidos, acarretando suicídio e morte de várias 
pessoas por enfarte. Em seguida, o desemprego aumentou substancialmente, a indústria nacional 
foi sucateada e algumas estatais foram vendidas abaixo do preço de mercado. Somente em São 
Paulo, no primeiro semestre de 1990, 170 mil postos de trabalho deixaram de existir. O PIB 
(Produto Interno Bruto) diminuiu de US$ 453 bilhões em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990. Da 
 
23 FGV-CPDOC; LEMOS, 2009. 
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mesma forma, houve desmonte das ferrovias e cortes de investimento em infraestrutura por parte 
do governo federal. 
 Posteriormente, Collor de Mello se veria envolvido e acusado de corrupção pelo seu próprio 
irmão, Pedro Collor de Mello. A população foi às ruas e exigiu o impeachment para o presidente. 
No entanto, antes que o processo fosse iniciado, Collor renunciou ao cargo em 29 de dezembro de 
1992.24 
 
3.2. MINISTÉRIO COLLOR 
 Collor nomeou como responsável pela pasta econômica, a professora da USP Zélia Cardoso 
de Mello. Ela não tinha experiência política, mas tinha sido ex-assessora da Secretária do Tesouro, 
durante os anos 1980. Ali conheceria Collor, então governador de Alagoas, e trabalharia com ele 
desde o começo da campanha eleitoral. O ministério da Economia englobou os do Planejamento e 
da Fazenda, além de secretarias como a Receita Federal. Zélia Cardoso era, assim, uma das 
ministras mais poderosas do governo. 
 Governando com uma pequena equipe de ministros de baixíssima expressão política, 
exceção feita a Celso Lafer, Adib Jatene, Sergio Rouanet e José Goldemberg, Collor mantinha laços 
com os grupos incrustados no poder desde 1964. 
 Collor apresentava-se como uma espécie de herói da geração saúde. Fazia cooper, pilotava 
jatos, dirigia carro de corrida, moto e jet ski. Apesar disso, a ministra da Economia Zélia Cardoso de 
Mello e o ministro da Justiça Bernardo Cabral deixaram escapar à imprensa detalhes de um caso de 
amor embalado ao som do bolero Bésame mucho. O criativo ministro do Trabalho, Antônio 
Rogério Magri, brindou o país com explicações surpreendentes. Sua esposa foi flagrada em uma 
clínica veterinária transportando sua cachorra dobermann, chamada Orca, com o carro oficial do 
ministro. Indagado se aquele gesto não configurava um uso indevido de bens públicos, o ministro 
reverberou: “A Orca é um ser humano como qualquer um de nós”.25 
 O começo do fim da Era Collor, porém, deu-se rapidamente, justamente na marca dos 
primeiros cem dias de governo, quando surgiu a primeira denúncia de tráfico de influências 
envolvendo Paulo César Farias, o PC, tesoureiro da campanha de Collor à presidência. 
 O entusiasmo inicial com que se recebeu tanto o vigoroso presidente - flagrado quase que 
diariamente, nas primeiras semanas depois da posse, em atividades esportivas e espetaculares - 
quanto o seu programa de governo - calcado num receituário neoliberal que, a rigor, vinha sendo 
divulgado sistematicamente pela mídia há pelo menos um ano - refluiu em pouco tempo, uma vez 
 
24 BEZERRA, 2018. 
25 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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que não apenas a inflação não se deixou abater, como a profunda e desorganizada intervenção do 
governo jogou a economia na recessão e confundiu a administração.26 
 
3.3. IMPEACHMENT 
 Em 1992, em um enredo dramático, Pedro Collor de Mello, o irmão do presidente concedeu 
várias entrevistas à imprensa acusando Fernando Collor de farsante, corrupto, imoral e usuário de 
drogas. Num país onde as fronteiras entre o público e o privado não são claramente definidas, as 
críticas ao comportamento administrativo do presidente não eram novas. A oposição, desde a 
campanha eleitoral, denunciava a farsa política montada em torno do candidato. Após a posse, 
denúncias de corrupção envolvendo o governo inundavam os noticiários quase diariamente. 
Mesmo assim, a credibilidade de Collor parecia não ser abalada. Ou melhor, sua falta de 
credibilidade era tolerada pela população. 
 No entanto, quando as denúncias envolveram sua vida particular, a pretensa moralidade 
brasileira foi atingida. A indignação tomou conta do país em 14 de agosto de 1992, numa sexta-
feira, ocasião em que, diante das câmeras de TV, visivelmente alterado, Collor pediu aos brasileiros 
que se vestissem com as cores da bandeira brasileira no domingo, em sinal de apoio ao presidente. 
Desde as primeiras horas do dia 16 de agosto, por todo o país, sem que tivesse havido condições 
de planejamento e organização para qualquer ato público, milhares de brasileiros saíram às ruas, 
mas de preto. 
 Nos dias seguintes, jovens estudantes pintaram o rosto de verde, amarelo e preto e 
tomaram as ruas e avenidas das principais cidades do país, exigindo a queda do presidente e ética 
na política. Após uma série de comícios, negociações e a abertura de uma Comissão Parlamentar 
de Inquérito (CPI), votou-se o impeachment do presidente. Numa última cartada, Collor renunciou 
à presidência antes de sua cassação. Mesmo assim, teve seus direitos políticos suspensos por oito 
anos. O vice-presidente, Itamar Franco, assumiria o principal cargo da República, de modo que 
alguns ironicamente chamaram o Brasil de “República vice-presidencialista”.27 
 
 
 
 
 
 
26 FGV-CPDOC; LATTMAN-WELTMAN, 2017. 
27 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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4. ERA DO REAL: ITAMAR FRANCO E FHC 
 Itamar Franco assumiu a presidência após o Impeachment de Fernando Collor de Mello de 
forma interina entre outubro e dezembro de 92, e em caráter definitivo em 29 de dezembro de 
1992. O Brasil vivia um dos momentos mais difíceis de sua história: recessão prolongada, inflação 
aguda e crônica, desemprego, etc. Em meio a todos esses problemas e o recém Impeachment de 
Fernando Collor de Mello, os brasileiros se encontravam em uma situação de descrença geral nas 
instituições e de baixa autoestima.28 
 A montagem do governo Itamar Franco foi produto de uma série de acordos políticos entre 
os partidos que estiveram à frente da destituição de Collor. Mais uma vez, o PT optou pela via 
oposicionista, seguido pelo PSB e partidos comunistas. No entanto, uma de suas principais estrelas, 
a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, aceitou participar como ministra do governo Itamar 
Franco. Para solucionar a situação, Erundina se desligou do PT. 
 Outros partidos preferiram soluções diferentes. O PFL, o PMDB, o PSDB e o Partido 
Progressista Reformador (PPR) compuseram com Itamar um amplo governo de coalizão. Até 
mesmo o PDT tinha um representante no governo, o senador Maurício Correia. 29 
 Itamar Franco buscou formar um governo de entendimento nacional. Reverteu a reforma 
ministerial feita por Collor e distanciou-se da política privatizante. No entanto, sua gestão foi 
marcada por turbulências na área econômica: em 27 meses, teve seis ministros da Fazenda. 
 Em abril de 1993 foi realizado um plebiscito sobre a forma de governo, atendendo a uma 
emenda aprovada na Assembleia Nacional Constituinte de 1987-88. A população foi chamada a 
escolher entre o sistema de governo republicano ou monarquista e entre o presidencialismo ou o 
parlamentarismo. O sistema republicano presidencialista obteve maior número de votos. 
 Em maio de 1993 Itamar nomeou para a pasta da Fazenda o então ministro das Relações 
Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, que no início de junho apresentou o Plano de Ação 
Imediata, cuja meta básica era a redução de seis bilhões de dólares nos gastos públicos. No mês 
seguinte o ministro decretou o corte de três zeros da moeda nacional, que passou a chamar-se 
cruzeiro real. 
 Em 7 de dezembro, Fernando Henrique anunciou o Plano de Estabilização Econômica do 
governo. Seus principais pontos diziam respeito ao ajuste fiscal, que seria feito por meio de cortes 
radicais nos gastos públicos, à ampliação do programa de privatização, com sua extensão aos 
setores elétrico e ferroviário, e à preparação de uma nova moeda, antecedida pela adoção da 
Unidade Real de Valor (URV), que passaria a funcionar progressivamente como indexador único da 
 
28 DANTAS, 2019. 
29 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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economia. No dia 1º de março de 1994 a URV entrou em vigor, e em 1º de julho foi afinal lançada a 
nova moeda: o Real.30 
 
4.1. PLANO REAL 
 Em junho de 1994, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, anunciava à 
nação mais um plano econômico, denominado Plano Real. A moeda brasileira foi equiparada ao 
dólar e teve seu nome alterado para Real. Foi anunciado um amplo programa de estabilização da 
economia, que previa a elevação da taxa de juros e a redução do déficit público com uma política 
de privatizações de empresas estatais.31 
 Duas características básicas podem ser identificadas no Plano Real dentro da sequência de 
tentativas de estabilização da economia brasileira, depois da crise da dívida externa do início da 
década de 1980. Uma característica foi a intenção deliberada de fugir aos movimentos bruscos e 
do elemento surpresa que fizeram a glória e o fracasso de seus antecessores, e que atingiram o 
paroxismo no Plano Collor. A segunda característica foi a insistência da equipe no governo em 
anunciar o plano como uma estratégia multifásica de estabilização, da qual a reforma monetária 
seria apenas um momento, e não necessariamente o mais importante. Essas duas características 
tinham o objetivo de desarmar os agentes econômicos, que tinham se habituado a associar 
programas de estabilização a perdas de direitos. 
 O comportamento defensivo contra os choques anti-inflacionários acentuava conflitos e 
acelerava a inflação ao gerar corrida contra a moeda, aumentando, a cada tentativa, os custos dos 
programas de choque e diminuindo as chances de sucesso em programas baseados em 
desindexação. A concepção de uma sequência de etapas permitiria certa flexibilidade para a 
correção dos erros inevitáveis dos programas de choque, mas, ao mesmo tempo, se tornaria 
compatível com a construção de uma imagem de serenidade na (re)institucionalização da política 
econômica, que seria útil para minimizar os custos da estabilização em termos de perdas bruscas 
de crescimento econômico e de desemprego.32 
 A primeira etapa foi a construção de algum espaço para a política fiscal. Diante do irrealismo 
de tentar fazer uma reforma fiscal de profundidade sem conhecer as necessidades de 
financiamento do governo por detrás do véu da inflação elevada, optou-se por obter um mínimo 
de desvinculação entre despesas e receitas orçamentáriasa partir da criação do chamado Fundo 
Social de Emergência (FSE). 
 
30 FGV-CPDOC; ABREU, 2016. 
31 CAMPOS; CLARO, 2013. 
32 FGV-CPDOC; CARNEIRO, 2016. 
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 A segunda foi anunciar uma sequência de reformas que envolveria a Previdência Social, e os 
componentes administrativo e patrimonial, com a finalidade de construir um horizonte plurianual 
no qual fosse possível se obter uma redução consistente das necessidades de financiamento 
inflacionário do governo. 
 A terceira foi a introdução de uma moeda de conta indexada capaz de, através de um 
mecanismo de operacionalidade simples, permitir uma recuperação mínima da percepção de 
preços relativos. 
 As vendas de Natal confirmaram os prognósticos mais otimistas, que apontavam para um 
nível de atividade mais elevado ao final de 1993. O ano fechou com um crescimento industrial de 
mais de 8% e um PIB com crescimento da ordem de 5%, deixando tranquilo o presidente Itamar 
Franco, que passou a ter mais razões para acreditar em sua equipe. Sem recessão, com reservas 
abundantes e um saldo cambial em dezembro da ordem de três bilhões de dólares, havia 
segurança para o anúncio dos primeiros passos do novo programa de estabilização.33 
 
4.2. ELEIÇÃO DE FHC 
 Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro homem público perseguido pelo Regime Militar a 
assumir o cargo de presidente da República no Brasil. Esse vínculo com a luta democrática seria 
resgatado meses depois, quando ele encaminhou ao Congresso um projeto de indenização às 
famílias de desaparecidos políticos. 
 Seu discurso de posse, em 1º de janeiro de 1995, deu ênfase à situação política do país. O 
Brasil fizera uma transição mais lenta que outros países que também haviam saído de situações 
autoritárias, mas a realizara de forma mais ampla e em nível mais profundo, combinando a 
restauração das liberdades democráticas com a reforma da economia. Em seu governo, a justiça 
social seria a principal meta, mas para atingi-la seria preciso reorganizar o Estado, pois a 
administração federal se encontrava deteriorada pelos desmandos financeiros, o clientelismo, o 
corporativismo, a ineficiência e a corrupção. A vitória que acabara de conquistar significava que a 
maioria do povo brasileiro desejava a continuidade do Plano Real e as reformas estruturais 
necessárias para afastar definitivamente o perigo da inflação.34 
 O sucesso do Plano Real embalou a campanha presidencial de 1994. Fernando Henrique 
Cardoso lançou-se candidato numa aliança política entre o PSDB e PFL. Para vice de sua chapa foi 
escolhido o senador Marco Maciel. A vitória no primeiro turno não deixou dúvidas sobre a 
aceitação do Plano Real. Mais uma vez os candidatos da esquerda, Lula, pelo PT, e Brizola, pelo 
PDT, não obtiveram êxito. 
 
33 FGV-CPDOC; CARNEIRO, 2016. 
34 FGV-CPDOC; LEMOS; CARNEIRO, 2016. 
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 Em janeiro, de 1995, Fernando Henrique subiu a rampa do Palácio do Planalto como 
presidente da República. Foi acompanhado por diversos representantes do PFL, que já haviam 
feito o mesmo percurso nos governos Sarney, Collor e Itamar. Aliás, considerando-se que o PFL 
(hoje DEM) constituiu-se de uma dissidência do PDS, que era a continuação da Arena, que foi 
formada principalmente pela UDN. Ora, percebe-se que os efeitos do Golpe de 1964 ainda hoje 
estão presentes na política nacional: os herdeiros de Carlos Lacerda conseguiram manter-se no 
poder. 35 
 Os primeiros anos do governo FHC foram marcados por estabilidade monetária e queda da 
inflação. Apesar do ritmo recessivo da economia, controlada e limitada por uma excessiva alta dos 
juros, houve crescimento da renda per capita e principalmente, pela primeira vez em várias 
décadas, uma redistribuição da renda nacional. Num país marcado pela mais perversa 
desigualdade social do planeta – oitava economia do mundo e um dos últimos em distribuição de 
renda –, a participação nos ganhos nacionais dos 50% mais pobres aumentou 1,2%, enquanto os 
20% mais ricos perderam 2,3%. 
 Insuficiente para resolver os desequilíbrios sociais brasileiros, a estabilidade do Plano Real 
conseguiu atordoar a oposição. Dividido em grupos radicais e moderados, que estabeleciam uma 
duríssima disputa pelo controle do partido, o PT oscilou entre denunciar os efeitos recessivos do 
programa econômico do governo e a vulnerabilidade diante do capital estrangeiro e apresentar 
alternativas político-econômicas para o país. 
 O PDT reduziu seu espaço de intervenção na mesma medida da perda de popularidade de 
Leonel Brizola, abalada pelas surpreendentes alianças que este promoveu: apoiou Lula no segundo 
turno em 1989, apoiou Collor na época do impeachment, aproximou-se do PT a partir de 1995 e 
promoveu a entrada no PDT de diversos políticos que participaram da Arena e do PDS, como Jaime 
Lerner e Francisco Rossi. 36 
 O primeiro governo FHC estabeleceu como meta uma ampla série de reformas, com o 
objetivo de diminuir a participação do Estado na economia e, consequentemente, reduzir o déficit 
público. Uma avassaladora onda de privatizações atingiu diversas empresas estatais de setores 
considerados estratégicos à época da República Populista e da Ditadura Militar: telecomunicações, 
eletricidade e siderurgia. Nessa mesma perspectiva neoliberal, o Brasil deu passos decisivos para a 
integração com os países do Mercosul e a abertura de sua economia a empresas europeias, 
asiáticas e estadunidenses.37 
 
 
35 CAMPOS; CLARO, 2013. 
36 CAMPOS; CLARO, 2013. 
37 CAMPOS; CLARO, 2013. 
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4.3. REELEIÇÃO DE FHC 
 Mas o empenho político do primeiro governo FHC destinou-se à aprovação de uma emenda 
constitucional que permitiria a reeleição do presidente da República e dos governadores dos 
estados. No dia 1º fevereiro de 1995, o deputado José Mendonça Filho (PFL-PE) apresentou ao 
Congresso emenda constitucional facultando o direito de reeleição a chefes de Executivo, inclusive 
àqueles então no exercício do cargo. A matéria seria objeto de uma longa tramitação, não só por 
questões de princípio levantadas pela oposição, mas também porque envolvia interesses de 
candidatos em potencial.38 
 Passado o primeiro turno das eleições municipais de outubro de 1996, os parlamentares 
governistas começaram as articulações visando à aprovação da emenda no Congresso. O tema foi 
transformado no principal item da agenda política de Fernando Henrique, o que lhe valeria a 
acusação de concentrar energias na sua reeleição, descuidando dos problemas do país. 
 A tramitação da emenda seria fortemente influenciada pela disputa entre o PFL e o PMDB 
pelas presidências da Câmara e do Senado. Entretanto, outros partidos da base governista, como o 
PPB e o Partido Liberal (PL), também fariam pressão sobre o governo para obter cargos em troca 
de apoio à emenda. 
 Depois de sucessivos adiamentos da votação, determinados, entre outros motivos, pelo 
apoio do presidente da República à candidatura de Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) à 
presidência do Senado, finalmente, em 14 de janeiro de 1997, a emenda da reeleição foi aprovada 
na comissão especial da Câmara, levando Fernando Henrique

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