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Os_Idosos_do_RS_-_Relatorio_de_Pesquisa

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OS IDOSOS DO
RIO GRANDE DO SUL:
Estudo Multidimensional de
suas Condições de Vida
SECRETARIA DO TRABALHO, CIDADANIA
E ASSISTÊNCIA SOCIAL,
CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO
e
UNIVERSIDADES VINCULADAS
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL:
Estudo Multidimensional de
suas Condições de Vida
RELATÓRIO DE PESQUISA
Porto Alegre, outubro de 1997
R585 Rio Grande do Sul. Conselho Estadual do Idoso
 Os idosos do Rio Grande do Sul: estudo multidimen-
sional de suas condições de vida: relatório de pesquisa / Conse-
lho Estadual do Idoso. - Porto Alegre: CEI, 1997
 124p. : il.
 1. Gerontologia Social 2. Idoso - Rio Grande do Sul I.
Título
CDD 362.6042
Bibliotecária Responsável: Viviane Castanho - CRB - 10/1130
Universidades Conveniadas
Fundação Universidade do Rio Grande - FURG
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS
Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
Universidade de Caxias do Sul - UCS
Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ
Universidade Federal de Pelotas - UFPEL
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
Universidade Luterana do Brasil - ULBRA
Universidade de Passo Fundo - UPF
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Sumário
1 - COMITÊ DE REDAÇÃO ..........................................................
2 - COMITÊ TÉCNICO-CIENTÍFICO ...........................................
3 - APRESENTAÇÃO ....................................................................
4 - INTRODUÇÃO ........................................................................
5 - OBJETIVOS..............................................................................
5.1 - Objetivo Geral ...............................................................
5.2 - Objetivos Específicos ...................................................
6 - METODOLOGIA ......................................................................
6.1 - População...................................................................
6.2 - Amostra ......................................................................
6.2.1 - Processo de Seleção .........................................
6.2.2 - Dimensionamento..............................................
6.3 - Instrumento .................................................................
6.4 - Trabalho de Campo ......................................................
6.5 - Processamento e Análise de Dados ...............................
7 - RESULTADOS .........................................................................
7.1 - Dados Gerais do Idoso ..................................................
7.2 - Qualificação da Moradia e infra-estrutura ......................
7.3 - Composição Familiar e Relações Sociais .......................
7.4 - Aspectos Sócio-Econômicos .........................................
7.5 - Aspectos Sócio-Culturais ..............................................
7.6 - Saúde ..........................................................................
7.6.1 - Percepção Pessoal da Saúde .............................
7.6.2 - Atividades Físicas e Condições de
A u t o n o m i a . . . . . . .
7.6.3 - Acesso aos Serviços de Saúde ...........................
8 - CONSIDERAÇÔES FINAIS ....................................................
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................
10 - ANEXO 1: Instrumento de Coleta de Dados ................................
11 - ANEXO 2: Relação dos Municípios Sorteados .............................
9
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17
17
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53
54
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66
69
75
79
121
1 - Comitê de Redação
Angela Tramontini Grams - ULBRA
Heloisa Salvadora de Carvalho Barrilli - PUCRS
João Anibal Gottems dos Santos - UNISC
Leonia Capaverde Bulla - PUCRS
Lourdes da Silva Gil - ULBRA
Miriam Bonho Casara - UCS
Nivaldo Almeida Fonseca - PUCRS
Olga Collinet Heredia - UNISINOS
Sandra Vieira Larratéa - UFRGS
Sergio Antonio Carlos - UFRGS
Vania Beatriz Merlotti Herédia - UCS
2 - Comitê Técnico Científico
Adriano Mendonça Souza - UFSM
Agostinho Both - UPF
Angela Tramontini Grams - ULBRA
Antônio Carlos Araújo de Souza - CEI
Djalma Ferreira Paes - URI
Else Elizabeth Knapp Madruga - UCPEL
Fábio Leite Gastal - UCPEL
Heloisa Salvadora de Carvalho Barrilli - PUCRS
Ivalina Porto Nicola - FURG
João Anibal Gottems dos Santos - UNISC
José Francisco Silva Dias - UFSM
Jussara Rauth da Costa - CEI
Jussara Gazola - UNIJUÍ
Laurie Cristine Tavares - UNISC
Leonia Capaverde Bulla - PUCRS
Loni Sebastião - UNICRUZ
Lourdes da Silva Gil - ULBRA
Mariângela da Rosa Afonso - UFPEL
Marinês Tambara Leite - UNIJUÍ
Marco Antonio Fetter - UNISINOS
Miriam Bonho Casara - UCS
Nivaldo Almeida Fonseca - PUCRS
Olga Collinet Heredia - UNISINOS
Sandra Vieira Larratéa - UFRGS
Sergio Antonio Carlos - UFRGS
Silvio Henrique Filippozzi Lafin - CEI
Vania Beatriz Merlotti Herédia - UCS
Vera Regina Waldow - UFRGS
Zilla Maria Daros Sander - CEI
3 - Apresentação
O Conselho Estadual do Idoso, na sua função normativa, consultiva e
deliberativa, tem a importante missão de estabelecer diretrizes para uma política
social para o idoso no Rio Grande do Sul. Embora significativo o apoio que
vem obtendo dos órgãos públicos, entidades privadas e grupos organizados
que atuam junto à terceira idade, o Conselho sempre careceu de dados confiáveis
para assentar sua função estatutária de normatizador e estabelecedor da política
social para o idoso. Neste campo de atividade, voltado para o atendimento dos
idosos, a identificação das condições bio-psico-sócio-culturais e espirituais deste
segmento etário sempre esteve em fase nebulosa de constatações.
Complementando a recente publicação dos dados preliminares da
pesquisa sobre o idoso no Rio Grande do Sul, vimos agora apresentar o Relatório
de Análise sobre o Estudo Multidimensional das Condições de Vida do Idoso.
Cumpre assinalar que a pesquisa foi realizada graças à parceria entre este
Conselho e quatorze Universidadesgaúchas, contando ainda com subsídios do
Governo do Estado do Rio Grande do Sul. É viável, assim, a partir de agora,
uma reavaliação das ações sociais até aqui desenvolvidas na parte meridional
do nosso país.
O Relatório, fundamentado em dados alicerçados em rigor científico,
apresenta subsídios consistentes para serem utilizados em todos os meios de
investigação, quer nos poderes públicos, quer nas entidades privadas. Por sua
confiabilidade, os dados disponíveis fortalecerão os instrumentos de trabalho
para o desenvolvimento humano e social dos idosos.
Os profissionais que desempenham funções nas áreas da Educação,
Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e
outras encontram, hoje, apoio para sua produção de conhecimentos e
desenvolvimento de suas especializações. Podem aprimorar sua atuação na área
do envelhecimento, trazendo contribuições significativas para melhoria das
condições físicas, mentais, sociais, ocupacionais e econômicas da população.
Censos demográficos têm demonstrado o aumento da população idosa
e, assim, a idéia de que somos um país de maioria jovem, começa a mudar. Para
14 - RELATÓRIO DE PESQUISA
essas transformações precisamos estar preparados.
Os idosos ressentem-se de uma sociedade que ainda os exclui porque
não entende como vive este segmento da população. O Relatório, que ora
estamos publicando, fornece dados que contribuirão não só para a inserção do
idoso na comunidade, como para a sua participação nas atividades do dia-a-dia
da parcela economicamente ativa da sociedade.
ANTONIO PARISSI
Diretor-Presidente do Conselho Diretor do CEI
4 - Introdução
O presente relatório (segunda etapa de divulgação da pesquisa sobre os
idosos do Rio Grande do Sul) trata de um tema de importância primordial para
a realidade brasileira, considerando-se que a partir da década de 70 constata-seno país um crescimento considerável do contingente populacional de indivídu-
os com mais de 60 anos. O envelhecimento da população vem acentuando-se
cada vez mais. Prevê-se que no ano de 2025 o Brasil será o sexto país do
mundo em população idosa. Esse fato torna-se mais evidente no Rio Grande do
Sul, onde se verificam melhores condições sociais, sanitárias, econômicas e
culturais, aumentando a expectativa de vida, hoje em torno de 74 anos. Consi-
dera-se, entretanto, que não é suficiente saber que haja condições de se viver
mais tempo. É necessário também investigar as condições de existência do
idoso, aprofundando conhecimentos sobre as características bio-psico-sociais-
culturais e espirituais desse grupo etário, para assegurar à população que enve-
lhece uma melhor qualidade de vida.
Justifica-se, desta forma, a ação empreendida pelo Conselho Estadual
do Idoso, de congregar, desde 1993, quatorze universidades gaúchas em torno
do tema envelhecimento. Nesses quatro anos de intercâmbio, a equipe formada
pelos representantes das universidades envolvidas trabalhou intensamente de
forma contínua e sistemática para a concretização deste projeto. Em decorrên-
cia, foi possível elaborar o projeto, desenvolver e analisar a pesquisa que está
sendo apresentada neste relatório. O estudo assumiu características
interinstitucional e transdisciplinar, tendo abrangido as multidimensões da vida
dos idosos urbanos, não institucionalizados, do Rio Grande do Sul. A
concretização de seus objetivos tornou-se possível devido à parceria estabelecida
entre as instituições conveniadas e o apoio financeiro das Universidades, do
Governo do Estado e do Ministério de Bem Estar Social.
Este relatório de pesquisa compõe-se de duas partes distintas:
metodologia e resultados da pesquisa. Na metodologia da pesquisa, são trata-
das as questões relativas à população, à amostra, ao instrumento utilizado, ao
desenvolvimento do trabalho de campo e a procedimentos de análise dos da-
16 - RELATÓRIO DE PESQUISA
dos. Nos resultados da pesquisa, são apresentados dados gerais, tais como,
qualificação da moradia e infra-estrutura, composição familiar e relações soci-
ais, aspectos sócio-econômicos, aspectos sócio-culturais e aspectos de saúde.
Os resultados deste estudo possibilitam o conhecimento da situação
dos idosos no Estado e poderão servir de subsídios para a implantação e desen-
volvimento de políticas sociais adequadas para essa faixa etária, visando à
melhoria da qualidade de vida dos idosos de hoje e das gerações futuras, bem
como sua inserção nos diversos setores da sociedade.
5 - Objetivos
5.1 - Objetivo Geral
Realizar um estudo multidimensional das condições de vida do idoso
no RGS.
5.2 - Objetivos Específicos
- Elaborar o perfil do idoso do Rio Grande do Sul, identificando as
condições biopsicossociais, culturais e espirituais que interferem em sua quali-
dade de vida.
- Avaliar o nível de desempenho do idoso nas atividades de vida diária
e sua participação social;
- Subsidiar a política social do idoso no RGS através dos indicadores
detectados na pesquisa;
- Reforçar os trabalhos de produção de conhecimentos pelas
Universidades sobre o processo de envelhecimento;
- Contribuir na qualificação de recursos humanos para suprir as
demandas pela Terceira Idade;
- Criar um Banco de Dados de domínio público, referente às condições
de vida dos idosos do RGS;
- Instrumentalizar o CEI-RS e as Universidades de forma a viabilizar a
instalação de um banco de dados sobre a Terceira Idade.
6 - Metodologia
A pesquisa utiliza, como suporte teórico-metodológico, a abordagem his-
tórico estrutural. A velhice é vista em seu desenvolvimento histórico e contex-
tualizada no Rio Grande do Sul, levando em consideração as condições soci-
ais, econômicas e culturais, vinculadas à existência desse fenômeno. Essa abor-
dagem permite uma análise da vida do idoso, em suas múltiplas dimensões,
organizando-as em blocos ou níveis, sistematizando-as e estabelecendo as in-
terconexões entre esses vários aspectos e a realidade social em que se situa a
população estudada.
A proposta de análise se fundamenta no questionamento crítico da visão
de sociedade, destacando seu caráter dinâmico e contraditório, mas visualizan-
do suas possibilidades de transformação, em benefício do ser humano e, mais
especificamente do idoso, sujeito deste estudo.
6.1- População
Este estudo, de corte transversal , tem como sujeitos de investigação
pessoas idosas, maiores de 60 anos , urbanas, de ambos os sexos, não
institucionalizadas e residentes no Estado do Rio Grande do Sul em 1995.
6.2- Amostra
No que diz respeito à construção do plano amostral, inicialmente apresenta-
se o processo de seleção e, posteriormente, o dimensionamento da amostra.
1 Numa pesquisa de corte transversal, coletam-se dados de uma população, numa determinada
época, bem delimitada. Em nosso caso, a coleta realizou-se no mês de setembro de 1995.
2 A Assembléia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento de População, através da
Resolução 39 / 125, estabeleceu a idade de 60 anos como do início da terceira idade nos
países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e de 65 anos, nos desenvolvidos (ONU,
1982).
20 - RELATÓRIO DE PESQUISA
6.2.1 - Processo de seleção
Para obterem-se dados representativos desse segmento da população e
resultados generalizáveis ao universo de pessoas idosas do Estado, planejou-se
uma amostra em várias etapas seqüenciais: a) divisão do Estado em regiões de
pesquisa, b) estratificação dos municípios de cada região de pesquisa, c) seleção
aleatória dos municípios em cada estrato, d) seleção aleatória de setores
censitários urbanos em cada município, e, e) seleção aleatória dos sujeitos de
investigação em cada setor censitário.
a) Divisão do Estado em Regiões de Pesquisa
Para a divisão do Estado em regiões de pesquisa, utilizou-se a classificação
do IBGE que agrupa os municípios gaúchos nas seguintes mesorregiões
homogêneas: Centro Oriental, Centro Ocidental, Região Metropolitana de Porto
Alegre, Nordeste Riograndense, Noroeste Riograndense, Sudeste Riograndense
e Sudoeste Riograndense. A Região Metropolitana de Porto Alegre, devido à
maior concentração populacional, foi subdividida em três segmentos:
Metropolitana de Porto Alegre, Microrregião de Porto Alegre e Município de
Porto Alegre. Estes três segmentos da mesorregião Metropolitana de Porto
Alegre, juntamente com as seis mesorregiões, passaram a se constituir no que
se denominou regiões de pesquisa, conforme tabela a seguir:
TABELA 1
População total do Rio Grande do Sul, segundo as regiões de pesquisa - 1991
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico 1991
3 Foi mantida a estrutura dos municípios até o censo demográfico de1991, sem levar em
consideração as emancipações posteriores.
4 O setor censitário é a unidade territorial estabelecida para fins de controle cadastral (IBGE,
Censo Demográfico, 1991, n 24. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, IBGE, 1991, p. 16).
REGIÕES DE PESQUISA POPULAÇÃO PERCENTUAL
Centro Ocidental RS
Centro Oriental RS
Metropolitana de POA
Microrregião POA
Cidade de Porto Alegre
Nordeste Riograndense
Noroeste Riograndense
Sudeste Riograndense
Sudoeste Riograndense
479.797
664.328
803.370
1.690.727
1.263.403
784.798
1.943.386
814.290
694.571
5,25
7,27
8,79
18,50
13,82
8,59
21,27
8,91
7,60
TOTAL 9.138.670 100,00
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 21
b) Estratificação dos Municípios de Cada Região de Pesquisa
Pelo censo de 1991, constatou-se que a maioria (61,2%) dos 333
municípios gaúchos possuía menos de 15.000 habitantes e que um pequeno
percentual de municípios (1,8%) tinha mais de 200.000 habitantes. Com base
nesses dados estratificaram-se os municípios, em cada uma das regiões de
pesquisa, nas seguintes faixas populacionais:
A - até 15.000 habitantes (204 municípios);
B - de 15.001 a 50.000 habitantes (90 municípios);
C - de 50.001 a 100.000 habitantes (23 municípios);
D - de 100.001 a 200.000 habitantes(10 municípios) e
E - acima de 200.000 habitantes (5 municípios).
Posteriormente, em cada faixa populacional, os municípios foram agru-
pados de acordo com sua atividade econômica principal: primária, secundária
ou terciária.
Em cada um dos estratos, formado pela faixa populacional e pela atividade
econômica, foi calculada a proporção dos mesmos em relação à região de
pesquisa. Essa proporção determinou o número de sujeitos de investigação, em
cada estrato, com vistas a garantir uma representatividade proporcional. O
número de sujeitos de investigação de cada estrato foi dividido por sessenta e
quatro, segundo sugestão de Barros e Victora , para determinar o número de
municípios a serem sorteados em cada um dos estratos.
c) Seleção Aleatória do Município em Cada Estrato
Em cada um dos estratos, os municípios foram selecionados aleatoriamente,
sem reposição, observando-se o critério de número mínimo de setores censitários
urbanos.
d) Seleção Aleatória de Setores Censitários Urbanos em Cada Município
Obteve-se, junto ao IBGE, a relação dos setores censitários - urbanos -
de cada município. Os mesmos foram numerados de forma seqüencial,
eliminando-se todos aqueles compostos exclusivamente de estabelecimentos
coletivos , inclusive os destinados aos idosos. Em seguida procedeu-se à escolha
dos setores, utilizando-se uma tabela de números aleatórios.
5 BARROS, F.C., VICTORA, C.G. Epidemiologia da Saúde Infantil: Um Manual para
Diagnósticos Comunitários. São Paulo, HUCITC-UNICEF, 1991.
6 Estabelecimentos coletivos: hospitais, clínicas, asilos, escolas, clubes, quartéis e similares
(Ver IBGE).
22 - RELATÓRIO DE PESQUISA
Calculou-se o número de oito entrevistas por setor, seguindo sugestão
de Barros e Victora . O número de setores censitários por município também
foi de oito, no mínimo, objetivando melhor distribuição nas diversas áreas do
município.
e) Seleção Aleatória dos Sujeitos de Investigação em Cada Setor Cen-
sitário
Com a finalidade de obter-se uma representatividade de aleatoriedade,
optou-se por adaptação da amostragem sistemática na seleção dos domicílios.
Utilizou-se um croqui com os quarteirões numerados de cada setor censitário.
O ponto de início do percurso, assim como a esquina inicial de cada quarteirão,
foram sorteados, caminhando-se sempre no sentido horário.
Devido à quantidade de idosos a serem pesquisados em cada setor censitário
ser em número de oito, e para propiciar melhor distribuição para efeito de
vizinhança, foi selecionado um domicílio e saltados oito. Não coincidindo a
casa escolhida com a presença de idoso, este foi procurado no domicílio seguinte;
reiniciando-se o processo em cada entrevista. Na existência de mais um idoso
no domicílio, foi feito o sorteio de um entre eles.
Nos casos em que se chegou ao final do setor sem atingir a cota de oito
idosos, retornou-se ao ponto inicial, reiniciando todo o processo a partir do
segundo domicílio, até que o número necessário se completasse.
No caso da cidade de Porto Alegre, tomou-se o município como uma
região e estratificaram-se os setores censitários. Os demais procedimentos foram
os mesmos adotados nas outras regiões.
6.2.2 - Dimensionamento
Considerando que estudos dessa natureza envolvem variáveis qualitati-
vas e quantitativas, sendo que as primeiras requerem uma maior exigência,
principalmente em relação ao tamanho, optou-se por estabelecer os anteceden-
tes amostrais segundo uma variável qualitativa. Com base no requisito acima,
fixaram-se a variância absoluta da proporção no valor máximo 0,25, resultante
de p(1-p) para p=0,50, o nível de confiança de 95,44% (z=2) e um erro aproxi-
mado de inferência da proporção, na amostra de cada região de pesquisa, não
superior a 3,37%.
De acordo com os pressupostos acima, o tamanho de cada uma das amos-
tras regionais, para estimação da proporção populacional, foi dimensionado
7 BARROS, F.C., VICTORA, C.G., op. cit.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 23
em 880 idosos. Tal dimensionamento gerou uma amostra estadual de 7920
idosos com erro de inferência não superior a 1,3%.
6.3 - Instrumento
Os dados foram coletados através de uma entrevista estruturada, com-
posta por questões fechadas e abertas, agrupadas em blocos temáticos. O ins-
trumento definitivo, composto de 121 questões, resultou da modificação de-
corrente da avaliação realizada a partir do estudo piloto. Nesse estudo, feito em
outubro de 1994, foi seguida integralmente a metodologia posteriormente uti-
lizada no trabalho de campo, sendo o tamanho da amostra de 832 entrevistas
realizadas em 13 municípios. O instrumento definitivo foi estruturado em 11
blocos (Quadro 1).
Quadro 1
ESTRUTURA DO INSTRUMENTO8
Os blocos I, J e K abordam mais especificamente os aspectos relativos ao
processo saúde-doença. O bloco I apresenta um recordatório de 38 questões
relativas a agravos à saúde, problemas físicos, motores e incapacidades. No
bloco J, estão listadas questões que abordam vida de relação, atividades de
vida diária, consumo, abuso e dependência de tabaco e álcool.
8 Ver Anexo 1: Instrumento de pesquisa.
BLOCO ASSUNTO
A Dados Gerais do Idoso
B Qualificação da Moradia e Infra-Estrutura
C Composição Familiar e Relações Sociais
D Ocupação
E Renda
F Aspectos Sócio-Culturais
G Envelhecimento
H Sexualidade
I Saúde
J Vida de Relação e Atividades de Vida Diária - Fumo e Álcool
K Área Psicogeriátrica
24 - RELATÓRIO DE PESQUISA
A dependência de tabaco é rasteada por uma questão específica, e os
problemas relacionados ao álcool são investigados através de instrumento
específico de cinco questões da OMS, tendo como ponto de corte 2/39. A
prevalência de problemas psicogeriátricos, bloco K, é identificada por um
instrumento de rasteamento, indicado por BLAY10 e adaptado aos objetivos da
pesquisa.
6.4 - Trabalho de Campo
Em agosto de 1995, realizaram-se os treinamentos das equipes que atuari-
am no trabalho de campo. Na primeira etapa, desenvolvida em Porto Alegre,
um grupo de pesquisadores do Comitê Científico - PUCRS, UCPEL, UFRGS,
UNISINOS, UCS e ULBRA - responsabilizou-se pelo treinamento dos pesqui-
sadores e dos supervisores de campo das quatorze Universidades. Foi estudado
o projeto de pesquisa em seus aspectos metodológicos do trabalho de campo:
localização dos setores censitários, leitura dos croquis e localização dos sujei-
tos. Utilizou-se, como forma de treinamento da técnica de entrevista, uma
entrevista com idoso, gravada em vídeo para propiciar discussão sobre o ins-
trumento de pesquisa, a forma de abordagem no momento da entrevista e o
registro das informações. Na segunda etapa, idênticos procedimentos foram
utilizados para o treinamento dos entrevistadores, garantindo-se que os pesqui-
sadores responsáveis pelo treinamento dos supervisores se encarregariam de
reproduzi-lo nas suas Universidades. No entanto, na UNISC, UFSM, UPF, URI,
UNIJUI E UNICRUZ o treinamento foi realizado por um dos integrantes do
grupo responsável pela primeira etapa. Todos estes cuidados e precauções fo-
ram tomados com o objetivo de assegurar o máximo de homogeneidade possí-
vel na coleta de dados.
A coleta de dados foi desenvolvida durante o mês de setembro de
1995, em 79 municípios gaúchos sorteados aleatoriamente11, pertencentes às
nove regiões de pesquisa. Em cada região foram trabalhados 110 setores. Em
cada setor ficou estabelecido que seriam entrevistados 8 idosos, perfazendo
880 entrevistas por região, o que totalizaria 7920 no Estado. Ocorreram 99
9 IHARDING, T. I.; ARANGO, M. V. de; BALTAZAR, J.; CLIMENT, C.; IBRAHIN, H.; LADRI-
DO-IGNACIO, L.; MURTHY, S.; MING, N. Mental Health Disorders. Primary Health Care: A
study of their frequency and diagnosis in four developing countries. Psychological Medicine, n 10,
p. 231-241, 1980/2.
CLIMENT, C. F. & ARANGO, M. V. Manual de Psiquiatria para Trabajadores de Atención Pri-
mária. OPS/OMS, Serie Patex n. 1.
10 BLAY, S. L. Identificação de casos psiquiátricos em uma população idosa urbana - validade e
aplicações do questionário de rastreamentopsicogeriátrico para a detecção de distúrbios psiquiátri-
cos na população idosa na cidade de São Paulo. São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1988. Tese
(Doutorado em Medicina) - Escola Paulista de Medicina, 1988,
11 Ver Anexo 2 - com a relação de municípios sorteados.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 25
perdas, o que representou 1,25%, por recusas e/ou por falta de condições dos
idosos de participar da pesquisa. Foram efetivamente entrevistados 7821 ido-
sos em todo o Estado do Rio Grande do Sul.
6.5 - Processamento e Análise dos Dados
A codificação das questões foi efetuada em cada região, junto aos
núcleos de pesquisa das Universidades envolvidas. Após essa etapa, cada nú-
cleo de pesquisa enviou os instrumentos para uma central de processamento
de dados junto à Universidade Católica de Pelotas, onde foram digitados e
tabulados. Um grupo de pesquisadores, representantes de algumas das Univer-
sidades envolvidas, elaborou um relatório preliminar que foi discutido e apro-
vado pelo Comitê Científico.
O relatório preliminar entregue, em 12/08/96, ao governo do Estado do
Rio Grande do Sul12, constou de informações básicas de identificação do pes-
soal envolvido, reprodução das tabelas de freqüência, buscando descrever o
comportamento geral das variáveis das amostras estudadas. Através das tabe-
las, descreveram-se variáveis segundo sua distribuição em cada uma das nove
regiões de pesquisa e no Estado, tecendo-se considerações gerais sobre os da-
dos mais significativos.
Este segundo relatório, de responsabilidade do Comitê Redator, descre-
ve os dados em percentuais a partir da reorganização das tabelas do relatório
preliminar. São contemplados somente os dados relativos ao Estado do Rio
Grande do Sul, sem especificação das características das regiões pesquisadas.
A descrição abrange os dados gerais do idoso, qualificação da moradia e infra-
estrutura, composição familiar e relações sociais, ocupação, renda, aspectos
sócio-culturais, envelhecimento, sexualida-de, saúde, atividades da vida diá-
ria, fumo e álcool e aspectos psicogeriátricos. Nesta descrição, os resultados da
pesquisa do Idoso foram comparados com informações sobre o Estado do Rio
Grande do Sul, procedentes do IBGE e estatísticas oficiais do Governo do Es-
tado. Esta comparação tem dois objetivos:
- Mostrar a representatividade da amostra em comparação com os dados
da população maior de 60 anos do RS e residente no meio urbano.
- Mostrar a relação dos dados específicos do idoso com a população
geral do Estado.
São estabelecidas comparações das informações obtidas na pesquisa com
dados bibliográficos atualizados. As definições conceituais, quando necessári-
as, aparecem junto com as análises das tabelas.
12 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso. Os Idosos do Rio Grande do Sul:
estudo multidimensional de suas dimensões de vida. Relatório de Pesquisa. Porto Alegre,
Conselho Estadual do Idoso, 1996.
7 - Resultados
Os resultados deste estudo são apresentados, levando-se em conta os da-
dos gerais do Estado do Rio Grande do Sul. A apresentação dos mesmos segue
a ordenação dos blocos estruturais do instrumento de pesquisa utilizado para a
coleta de dados:
Dados Gerais do Idoso (Bloco A)
Qualificação da Moradia e Infra-estrutura (Bloco B)
Composição Familiar e Relações Sociais (Bloco C)
Aspectos Sócio-econômicos (Bloco D e E)
Aspectos Sócio-culturais (Bloco F, G e H)
Aspectos de Saúde (Blocos I, J e K).
7.1 - Dados Gerais do Idoso
Desde a década de 60, começa observar-se um certo envelhecimento da
população brasileira. Esse processo deve-se a vários fatores, especialmente à
modificação da fecundidade que apresenta um declínio cada vez mais acentua-
do. Nessa época, começam a produzir-se os primeiros sinais de mudança nas
estruturas etárias; diminuindo a presença e peso das coortes13 mais jovens, dan-
do lugar a um aumento na participação de idades mais avançadas. Observa-se,
também, uma redução da mortalidade nas faixas etárias mais elevadas. De fato,
a proporção de pessoas idosas (60 anos e mais) passou de 4,2% em 1950 para
5,1% em 1970, 6,1% em 1980 e 7,6% em 1991.
No Rio Grande do Sul, a fecundidade em 1950 era de 5,22 filhos por
mulher em idade reprodutiva, 5,11 em 1960, 4,29 em 1970 e de 3,11 em 1980,
chegando a 2,93 em 1991. A diminuição da fecundidade pode ser explicada
pela introdução e acesso a formas de planejamento familiar que incidem na
natalidade e portanto na fecundidade. Paralelo a isso, houve queda do índice de
13 Coortes: grupos de indivíduos que tem um fato demográfico em comum, como: nascimento,
casamento, entre outros.
28 - RELATÓRIO DE PESQUISA
mortalidade. Esses dois fatores, associados à melhoria das condições de sane-
amento básico e dos avanços técnico-científicos na área da saúde, fazem com
que a esperança de vida da população aumente e, portanto, a proporção de
idosos. A situação acentua-se mais na medida em que aumenta a emigração de
gerações de jovens que buscam fora do Estado oportunidades de mudança de
condições de vida, inclusive de acesso ao mercado de trabalho.
TABELA 2
População total do Estado do Rio Grande do Sul e população
 com mais de 60 anos, por região de pesquisa - 1991
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico 1991
A distribuição da população idosa nas diversas regiões de pesquisa é
percentualmente diferente da distribuição total da população nessas mesmas
regiões. A razão acima de 1,00 implica que a concentração relativa da população
com 60 anos ou mais é superior à concentração relativa da população da região,
tomada como base. No caso da Microrregião Sudeste Riograndense, a razão de
1,20 implica que esta concentração é 20% maior em relação a esta base. A
razão abaixo de 1,00 implica que a concentração relativa da população com 60
anos ou mais é inferior à concentração relativa da população da região, tomada
como base. No caso da Microrregião POA, a razão de 0,70 implica que esta
concentração é 30% menor em relação a esta base.
Ao analisar os idosos pesquisados, observa-se que correspondem a pesso-
as que nasceram entre 1905 e 1935. Da população idosa das áreas urbanas
pesquisadas, 66,22% nasceu no meio rural e 32,83% no meio urbano. Essa
situação deve-se à migração rural para centros urbanos. No caso do Rio Grande
POPULAÇÃO
TOTAL
(A)
POPULAÇÃO COM
 60 ANOS E MAIS
(B)
REGIÕES
DE
PESQUISA Absoluta Percentual Absoluta Percentual
RAZÃO
ENTRE
O PER-
CENTUAL
DE
(B / A)
Centro Ocidental RS
Centro Oriental RS
Metropolitana de POA
Microrregião POA
Cidade de Porto Alegre
Nordeste Rio-Grandense
Noroeste Rio-Grandense
Sudeste Rio-Grandense
Sudoeste Rio-Grandense
479.797
664.328
803.370
1.690.727
1.263.403
784.798
1.943.386
814.290
694.571
5,25
7,27
8,79
18,50
13,82
8,59
21,27
8,91
7,60
48.823
68.704
73.816
105.772
128.379
67.382
170.542
86.977
64.907
5,99
8,43
9,05
12,97
15,75
8,26
20,92
10,67
7,96
1,14
1,16
1,03
0,70
1,14
0,96
0,98
1,20
1,05
 TOTAL 9.138.670 100,00 815.302 100,00 -
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 29
do Sul, o movimento migratório foi provocado pelo deslocamento da popula-
ção em busca de melhores condições de vida, decorrente da transformação
econômica experimentada pelo Estado na sua atividade agrícola. Esta foi influ-
enciada pela introdução massiva da mecanização no campo devido especial-
mente aos cultivos de soja e arroz.
O sexo feminino é predominante nesta população, concentrada na zona
urbana, mostrando que o processo migratório também é seletivo por sexo, com
uma afluência maior das mulheres para a zona urbana. Estudos realizados, no
Brasil, mostram que as mulheres, nos anos 70, tendiam a deixar as zonas rurais
com mais freqüência que os homens. Esta proporção aumenta nos anos 80,
devido também à sobremortalidade masculina.
Observa-se nesta pesquisa uma predominância de indivíduos de cor bran-
ca (84,82%). Os de cor parda representam 8,16%, os de cor preta 6,71% e os de
cor amarela 0,31%. Configuração semelhante ocorre nos outros estados do Sule no Sudeste do Brasil. Nas demais regiões do país, a incidência de idosos na
subpopulação negra é elevada e algumas vezes supera as proporções equiva-
lentes de brancos. Em 1980, a distribuição etária da população negra, nessas
regiões, tinha uma representação da pirâmide etária de base estreita.
TABELA 3
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o estado civil atual - 1995
Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo
multidimensional de suas condições de vida”, p. 22.
De acordo com a tabela acima, predominam os idosos casados, embora
seja também significativo o percentual de viúvos. No Brasil, a mulher apresen-
ta maior incidência de viuvez, já que esta sobrevive ao cônjuge com mais fre-
qüência. Entre outros aspectos, nestas gerações, a viuvez deve-se a normas
sociais e culturais predominantes na sociedade brasileira em que os homens se
casam com mulheres mais jovens. Para muitas mulheres idosas, a não concre-
FREQÜÊNCIA
ESTADO CIVIL
Absoluta Percentual
MARGEM DE ERRO
(%)
Solteiro
Casado
Viúvo
Desquitado/Divorciado
Separado
Não sabe/Não respondeu
512
3.543
3.374
211
179
2
6,55
45,30
43,14
2,70
2,29
0,02
0,56
 1,13
1,13
0,37
0,34
-
TOTAL 7.821 100,00 -
30 - RELATÓRIO DE PESQUISA
tização do segundo casamento pode dar-se por barreiras sociais tanto pelas
dificuldades de encontrar um parceiro (poucos espaços de convívio social) como
por preconceitos familiares e/ou sociais. A questão do respeito pela memória
do falecido, na qual a lembrança é central, igualmente pode aparecer como
uma opção em manter a viuvez14.
TABELA 4
Distribuição dos idosos pesquisados segundo a faixa etária - 1995
13 BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Queiróz. EDUSP, 1987.
14 Na realização da pesquisa foi utilizada a classificação abaixo extraída do Manual de Instrução
da pesquisa, que corresponde à denominação de graus de escolaridade vigente na época em
que os entrevistados estavam em idade escolar:
ESCOLARIDADEFAIXA ETÁRIA
(em anos completos) Absoluta Percentual
MARGEM DE
ERRO (%)
60 a 64 anos 2.083 26,64 1,00
65 a 69 anos 2.352 30,08 1,04
70 a 74 anos 1.213 15,51 0,82
75 a 79 anos 1.376 17,59 0,86
80 a 84 anos 461 5,89 0,53
85 a 89 anos 259 3,31 0,40
90 anos ou mais 76 0,97 0,22
Não sabe/Não respondeu 1 0,01 -
 TOTAL 7.821 100,00 -
Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo
multidimensional de suas condições de vida”, p. 23.
Quanto à distribuição etária, o grupo majoritário está na faixa de 60 a 69
anos sendo, portanto, constituído por pessoas que nasceram entre 1921 e 1930.
Encontra-se, na tabela acima, uma menor representatividade de sujeitos com
setenta anos e mais, o que se relaciona ao fato da longevidade da população
brasileira, começar a aumentar a partir de 1970.
No que concerne à escolaridade14 da população idosa do Rio Grande do
Sul, predominam os que cursaram o primário incompleto, seguidos pelos anal-
fabetos e por idosos com primário completo.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 31
TABELA 5
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o grau de escolaridade - 1995
FREQÜÊNCIAESCOLARIDADE
Absoluta Percentual
MARGEM
DE ERRO
(%)
Analfabeto
Alfabetizado fora da escola
Primário incompleto
Primário completo
Ginasial incompleto
Ginasial completo
Complementar
Secundário incompleto
Secundário completo
Superior incompleto
Superior completo
Não sabe/Não respondeu
1.546
617
2.986
1.515
335
284
75
59
185
25
170
24
19,77
7,89
38,18
19,37
4,28
3,63
0,96
0,75
2,37
0,32
2,17
0,31
0,88
0,60
1,08
0,87
0,45
0,41
0.22
0,19
0,34
0,12
0,32
-
TOTAL 7.821 100,00 -
Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo
multidimensional de suas condições de vida”.
Quanto mais velhas as coortes, maior será a proporção de pessoas sem
qualquer nível de escolaridade ou com primário incompleto. Essa situação
reflete as condições sociais do período de início do século, época em que as
possibilidades de acesso à educação eram extremamente desiguais,
privilegiando as elites e nelas os homens em prejuízo das mulheres. Acrescenta-
se a isto o fato de que uma grande parte desses idosos viviam - na época - em
zona rural. A oferta educacional há sessenta anos atrás, mesmo na zona urbana,
era baixa. Na zona rural era ainda mais escassa, e as escolas eram de difícil
acesso o que dificultava a escolarização. A baixa escolaridade dos idosos pode
ser um fator que intensifica as desigualdades e dificulta o acompanhamento
das grandes transformações do mundo contemporâneo, propiciando um maior
isolamento, o que pode interferir em uma existência saudável e participativa.
Não se pode desconhecer, entretanto, a riqueza do saber informal, presente
entre os idosos, principalmente a cultura oral, um conhecimento transmitido
de geração para geração.
7.2 - Qualificação da Moradia e Infra-Estrutura
32 - RELATÓRIO DE PESQUISA
Com base na amostra estadual desta pesquisa, constata-se que 88,33%
dos idosos residem em casas e 9,92% residem em apartamentos. Esta
distribuição não é uniforme nas diversas regiões de pesquisa. Nas regiões em
que existem grandes centros urbanos, o percentual de residentes em
apartamentos se mostrou maior, chegando a 38,95% na cidade de Porto Alegre.
Entre os pesquisados, 74,95% possuem em suas residências mais de quatro
cômodos, sendo que 5,32% contam com apenas um ou dois cômodos, conforme
dados apresentados no Relatório Preliminar da Pesquisa16.
16 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 24.
17 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 31.
18 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 24.
TABELA 6
Distribuição dos idosos pesquisados segundo as condições de
ocupação do terreno e da moradia - 1995
Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo
multidimensional de suas condições de vida”, p. 25.
Dos 7821 idosos entrevistados, a maioria possui moradia e terreno pró-
prios. Observa-se uma pequena variação desses percentuais de acordo com as
regiões de pesquisa, sendo que Porto Alegre apresenta o menor percentual de
proprietários e a Centro Oriental, o maior. Nessas residências, em geral, vivem
duas ou três pessoas, conforme Relatório Preliminar da Pesquisa1. A maioria
dos idosos do Estado reside com outra pessoa. Essa situação de moradia, que
indica a permanência do vínculo familiar, apresenta-se como uma possível
estratégia, utilizada para melhorar as condições de existência, convivência e
ajuda mútua..
A maioria das residências, 74,95%, possui mais de 4 cômodos, 13,77%
tem quatro cômodos e 11,14% possuem de um a três cômodos2. Considerando
TERRENO MORADIA
FREQUENCIA FREQÜÊNCIA
CONDIÇÃO
DE
OCUPAÇÃO Absoluta Percentual
MARGEM
DE ERRO Absoluta Percentual
MARGEM
DE ERRO
Próprio (a)
Alugado(a)
Cedido (a)
Invadido (a)
Outros
Não sabe/Não
respondeu
6.032
586
905
174
102
22
77,14
7,49
11,57
2,22
1,30
0,28
0,93
0,58
0,71
0,33
0,25
-
6.406
602
679
43
79
12
81,91
7,70
8,68
0,55
1,01
0,15
0,85
0,59
0,62
0,16
0,22
-
 TOTAL 7.821 100,00 - 7.821 100,00 -
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 33
a baixa densidade ocupacional das residências, pode-se afirmar que os idosos
possuem razoáveis condições de moradia.
TABELA 7
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o acesso à
infra-estrutura básica - 1995
LUZ
RESIDENCIAL PÚBLICA
ÁGUA
ENCANADA
REDE DE
ESGOTO
CONDIÇÕES
SANITÁRIAS
LIXO
COLETADO
DISPO-
NIBILI
-
DADE
f % f % f % f % f % f %
Sim
Não
NS/NR.
7.716
 89
 16
 98,66
 1,14
 0,20
7.418
 392
 11
94,85
 5,01
 0,14
7.395
 401
 25
94,55
 5,13
 0,32
4.827
2.900
 94
 61,72
 37,08
 1,20
7.373
 437
 11
 94,27
 5,59
 0,14
7.347
 459
 15
 93,94
 5,87
 0,19
TOTAL 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00
Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo
multidimensional de suas condições de vida”, p. 26-28
Margem de erro médio: luz residencial:0,24, luz pública: 0,48, água encanada: 0,53,
rede de esgoto: 1,07, instalação sanitária: 0,51, lixo coletado: 0,52.
Observa-se que as condições de acesso à infra-estrutura básica, de modo
geral, podem ser consideradas ótimas conforme os dados da tabela 7. Mais de
94% têm acesso à iluminação tanto residencial quanto pública. Quanto à água
encanada, considerou-se como critério que a residência fosse servida de água
da rede pública, pelo menos, por uma torneira. Observou-se que 94,55% das
residências dos idosos pesquisados contam com água encanada, enquanto 5,13%
não a possuem. As residências que não possuem água encanada são abasteci-
das, predominantemente, através de poço.
Considerando-se rede de esgotos unicamente a canalização pública (rede
cloacal), encontrou-se 61,72% das residências que contam com este serviço.
Há uma grande variação dos resultados apresentados nas diversas regiões, con-
forme descrição a seguir. Porto Alegre e a Região Noroeste Riograndense são
servidas com 84,77% e 84,42% respectivamente; a Microrregião Porto Alegre
com 71,79%; a Centro Ocidental RS com 67,01%; a Metropolitana de Porto
Alegre com 58,11%; a Sudeste Riograndense com 57,96 % e a Centro Orien-
tal do RS com 55,91%. As regiões Sudoeste Riograndense e Noroeste Rio-
grandense são servidas por esgoto cloacal com 42,58% e 32,99%, respectiva-
mente.
Em 94,27% das residências existe, pelo menos, um vaso sanitário, nas
demais 5,59% os idosos contam com privada externa ou somente com urinol.
O lixo é coletado em 93,94% das residências; 3,12% é queimado; 1,25%
enterrado e 1,39% jogado.
34 - RELATÓRIO DE PESQUISA
Os dados analisados da infra-estrutura urbana refletem as condições de
saneamento público existente na área de moradia dos idosos; ou seja, dispõem
de iluminação elétrica, coleta de lixo, instalações e condições sanitárias e
condições de moradia. Por outro lado, 6568 idosos, ou seja 83,98% dos entre-
vistados, moram acompanhados, sendo que destes, 63,49% residem com uma
ou duas pessoas, incluindo o idoso. Poucos residem em famílias mais numero-
sas, compostas de seis ou mais pessoas. Deve ser destacado o fato de que
15,52% residem sós. Dos idosos entrevistados 96,89% possuem uma peça pri-
vativa para dormir, enquanto que 1,78% dormem na única peça da residência
que serve de quarto, sala e cozinha. Quanto à privacidade para dormir, obser-
vou-se que 42,90% dormem sozinhos; 43,55% com cônjuge ou companheiros,
enquanto 5,01% dormem com filhos, 5,73% com netos ou 2,65% com outras
pessoas.
7.3 - Composição Familiar e Relações Sociais
Para a compreensão do enfoque que trata da composição familiar e rela-
ções sociais, é fundamental que se façam algumas considerações sobre famí-
lia, como componente da estrutura social.
A família do Rio Grande do Sul, neste final de século, apresenta algumas
peculiaridades e tendências que lhe conferem um perfil diferenciado de outras
regiões do país. No início do século, caracterizava-se por ser prioritariamente
rural. Correntes migratórias européias, principalmente alemã, italiana e polo-
nesa que fixaram residência no Rio Grande do Sul, trouxeram seus traços cul-
turais, valores e tradições, influenciando o padrão de vida, especialmente do
meio rural, onde houve a maior concentração desses migrantes.
A população rural, em especial a partir de 1950, atraída pela industriali-
zação e pelo fascínio exercido pela urbanização das grandes cidades, desloca-
se em busca de melhoria de qualidade de vida. Essa realidade foi vivenciada
pela população idosa desta pesquisa que, embora residente em áreas urbanas,
é composta em sua maioria, ou seja 66,22% de pessoas oriundas do meio rural,
guardando traços e costumes de seu meio de origem. Um de seus traços mar-
cantes é a existência de elevado número de filhos, caracterizando as famílias
numerosas de décadas passadas, conforme se observa na tabela abaixo:
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 35
TABELA 8
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o número de
filhos nascidos vivos e que ainda vivem - 1995
NASCIDOS VIVOS AINDA VIVOS
FILHOS
Absoluta Percentual Absoluta Percentual
Sim
Não tem / natimorto
Não sabe/Não respondeu
7.298
498
25
93,31
6,37
0,32
7.243
550
28
92,61
7,03
0,36
TOTAL 7.821 100,00 7821 100,00
Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidi-
mensional de suas condições de vida”, p. 30.
Margem de erro: nascidos vivos: 0,55, ainda vivos: 0,57.
Do total da população entrevistada, 93,31% tiveram os seus filhos nasci-
dos vivos. Ainda estão vivos 92,61% desses filhos, o que significa um índice
bastante expressivo de sobrevivência. Quanto à incidência de número de fi-
lhos, é importante registrar que a maior concentração está no grupo de seis
filhos ou mais (35,02%).
Considerando-se que a população idosa pesquisada encontrava-se na dé-
cada de 50 numa faixa etária propícia à procriação, estes dados são reforçados
pelos estudos demográficos de índices populacionais que indicam que a fe-
cundidade era de 5,22 filhos por mulher, em idade reprodutiva. Portanto, fa-
zendo a comparação dos dados gerais da população com o que foi encontrado
na pesquisa, constata-se que há correspondência com a realidade dos idosos.
A convivência em família, predominante entre a população estudada, é
um forte traço cultural. Os 6241 idosos entrevistados correspondem, na amos-
tra, a 79,80%, que vivem com familiares. Desses idosos, moram com cônju-
ge ou companheiro 28,24%; com companheiro (a) e filho(s) 20,86%; com
filho(s) 17,83% ; com filho(s) e netos(s) 16,76%; com companheiro(a),filho(s)
e neto(s) 8,35%; com parentes (irmãos, tios e sobrinhos) 4,50%; com pais e ou
sogros 0,30% e 3,16% com netos. Com outras pessoas (não parentes, empre-
gada, profissional de enfermagem e outros) residem 4,51% dos idosos, en-
quanto 15,52% permanecem sós. Esse percentual deve ser considerado tam-
bém em relação ao estado civil, uma vez que 6,55% desta população é consti-
tuída de pessoas solteiras conforme dados apresentados no Relatório Prelimi-
nar19.
19 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 22.
20 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 31.
36 - RELATÓRIO DE PESQUISA
Quanto às relações familiares, 95,42% dos idosos as consideram satisfa-
tórias20. Essa é uma das questões que pode ter sofrido influência nas respostas
pela presença de alguns familiares durante a entrevista. Relacionando-se essa
afirmativa com o direcionamento da afetividade, evidencia-se, entretanto, a
valorização das relações familiares pelo idoso. Isso se verifica quando 91,33%
afirmam dirigir sua afetividade para os membros de sua família, como cônju-
ge/companheiro 19,69%; filhos 20,34%; netos 8,84% e familiares 42,46% .
A maioria dos idosos (68,78%) não recebe auxílio de pessoas com as
quais convive. Os auxílios recebidos por 30,78% dos idosos são provenientes
de cônjuge, filhos, netos, parentes, amigos ou vizinhos. Os filhos são a maior
fonte de auxílio para os idosos, seguidos pelo cônjuge ou companheiro21.
Quanto ao tipo de auxílio que recebem os idosos, merecem ser destaca-
dos os seguintes: alimentação 21,11%, dinheiro 17,29% e medicamento 15.42%.
Os demais por ordem de incidência são: vestuário (13,87%); habitação
(13,66%); saúde (9,43%); cuidados pessoais (8,19%) e outros (1,03%). No
entanto, somados os percentuais com saúde e medicamentos tem-se 24,85%, o
que representa a área de maior incidência de destino de auxílio22. Consideran-
do-se estes dois tipos de necessidades infere-se o quanto o idoso é dependente
do auxílio dos outros para a manutenção de sua saúde, evidenciando-se a sua
carência econômica..
É importante ressaltar que um significativo número recebe auxílio em
dinheiro, podendo ter autonomia para gerir suas próprias necessidades e prio-
rizar seus gastos no que julgar melhor.
7.4 - Aspectos Sócio-econômicos
Para analisar os aspectos sócio-econômicos que retratam a situação em
que vive o idoso no Rio Grande do Sul, foram levadas em consideração asseguintes variáveis: a ocupação profissional que o idoso teve na maior parte
de sua vida e a ocupação atual, os setores econômicos referentes a estas ocupa-
ções, a idade em que o idoso começou a trabalhar, a idade e o motivo de sua
aposentadoria, a origem e a principal fonte de renda individual e a situação
ocupacional atual.
21 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 32.
22 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 32.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 37
TABELA 9
Distribuição dos idosos pesquisados segundo a ocupação da maior parte de
suas vidas e a ocupação atual - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.33.
Pelos dados apresentados na tabela 9, a distribuição dos idosos segundo a
ocupação23 na maior parte de sua vida se dá na categoria do trabalhador não-
especializado. Este dado reflete o nível de mão-de-obra existente no país. Se-
gundo o Anuário Estatístico do Brasil24, entre os grupos de ocupação no país,
predominam as atividades voltadas para a agropecuária, produção extrativa,
vegetal e animal, indústrias de transformação e construção civil, atividades
administrativas, comércio e atividades auxiliares e ocupação mal-definida. As
atividades inseridas nestes grupos de ocupação não possuem necessariamente
uma formação profissional especializada, da mesma forma que a categoria do
trabalhador não especializado usada na pesquisa.
Esta situação também se reflete na Região Sul, onde os grupos de ocupa-
ção apresentam uma forte predominância nas atividades agropecuárias e pro-
dução extrativa vegetal e animal, seguidos de grupos de ocupação na indústria
de transformação e construção civil e atividades administrativas.
No Rio Grande do Sul, conforme dados desta pesquisa, 86,29% atual-
mente encontra-se fora da população economicamente ativa25, dado este que
23 Definiu-se ocupação como sendo o cargo, a profissão ou o ofício exercido pela pessoa (IBGE)
24 Anuário Estatítico do Brasil / Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica, Rio de
Janeiro, 1994.
25 O conceito de população economicamente ativa utilizado considera como PEA na semana de
referência as pessoas que estavam ocupadas e as que procuravam trabalho. Por ocupado se
M A IO R P A R T E D A V ID A A T U A L 
F R E Q Ü Ê N C I A F R E Q Ü Ê N C I A 
O C U P A Ç Ã O 
A b so lu ta P er c e n tu a l 
M A R G E M 
D E E R R O A b so lu ta P er c e n tu a l 
M A R G E M 
D E E R R O 
Prop rietá rio 
A d m in istra d or, geren te 
Profission a l d e n íve l su p er ior 
Fu n çõ es d e escritório 
T rab alha do r especia lizad o ( técn ico) 
T rab alha do r sem i-esp ecia liza do 
T rab alha do r n ã o esp ecia liza d o 
In divídu o s fora d o PE A 
N ã o sa b e/N ão resp o nd eu 
1 .0 9 6 
1 0 6 
1 5 6 
1 8 3 
2 7 7 
8 9 9 
3 .0 2 8 
2 .0 4 1 
3 5 
1 4 ,0 1 
1 ,3 6 
1 ,9 9 
2 ,3 4 
3 ,5 4 
1 1 ,4 9 
3 8 ,7 2 
2 6 ,1 0 
0 ,4 5 
0 ,7 8 
0 ,2 6 
0 ,3 2 
0 ,3 4 
0 ,4 2 
0 ,7 2 
1 ,1 0 
0 ,9 9 
- 
2 3 9 
3 4 
3 9 
1 4 
2 3 
1 7 1 
5 1 6 
6 .7 4 9 
3 6 
3 ,0 6 
0 ,4 3 
0 ,5 0 
0 ,1 8 
0 ,2 9 
2 ,1 9 
6 ,6 0 
8 6 ,2 9 
0 ,4 6 
0 ,3 9 
0 ,1 5 
0 ,1 6 
0 ,1 0 
0 ,1 2 
0 ,3 3 
0 ,5 6 
0 ,7 8 
- 
 T O T A L 7 .8 2 1 1 0 0 ,0 0 - 7 .8 2 1 1 0 0 ,0 0 
 
38 - RELATÓRIO DE PESQUISA
pode ser explicado, se levarmos em consideração que uma parte desta amostra
de idosos (26,10%) sempre esteve fora da população economicamente ativa.
Além de um percentual alto, este dado comprova que a maior parte dos idosos
está fora da PEA, ou seja, estão aposentados, não estão ocupados, estão doen-
tes, ou não trabalham.
Pelo fato de a amostra ter uma predominância do sexo feminino, este
perfil poderia justificar um grande número de idosos fora da população econo-
micamente ativa. Além da variável sexo, outra variável a ser considerada seria
a procedência rural, onde a mulher ficava restrita às lidas domésticas, ao traba-
lho na roça e muitas vezes ao trabalho dentro da própria empresa familiar, sem
vínculo empregatício.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (1993) no Rio
Grande do Sul26, dos 893.578 idosos, 475.379 estão localizados como popula-
ção não economicamente ativa, sendo que destes 325.383 são pessoas do sexo
feminino e 149.996 do sexo masculino, o que de certa forma confirma a pre-
missa anterior.
25 entende o conjunto de pessoas que possuem trabalho remunerado exercido com regularidade;
possuem trabalho remunerado exerido de forma irregular, mas sem procura de trabalho diferente
do atual. Excluem-se as pessoas que, não tendo procurado trabalho, de forma excepcional
nos últimos sete dias; possuem trabalho não-remunerado de ajuda em negócios de parentes,
ou remunerado em espécie de benefício, sem procura de trabalho. In: Informe Pesquisa de
Emprego e Desemprego, na região metropolitana de Porto Alegre, FEE, Ano 5, N. 8 Agosto
1996, p. 23.
26 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - IBGE. Porto Alegre, 1993, Rio Grande do
Sul, p. 13. Estes dados podem ser atualizados via Internet. PNDA. IBGE em: http://
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 39
TABELA 10
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o setor econômico em que
estiveram vinculados na maior parte de sua vida e o setor atual - 1995
MAIOR PARTE DA VIDA ATUAL
FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIASETOR ECONÔMICO
Absoluta Percentual
MARGEM
DE ERRO Absoluta Percentual
MARGEM
DE ERRO
Agrícola
Indústria de transformação
Indústria de construção civil
Outras atividades industriais
Comércio de mercadorias
Serviços
Serviços auxiliares de atividades
econômicas
Transportes e comunicações
Social
Administração pública
Outras atividades ou setores
Indivíduos fora do PEA
Não sabe/Não respondeu
1.934
512
150
76
467
1.396
101
175
247
391
288
2.039
45
24,73
6,55
1,92
0,97
5,97
17,85
1,29
2,24
3,16
5,00
3,68
26,06
0,58
0,96
0,55
0,30
0,22
0,52
0,85
0,25
0,33
0,39
0,48
0,42
0,97
-
221
82
55
11
156
345
27
33
51
40
118
6.645
37
2,83
1,05
0,70
0,14
1,99
4,41
0,35
0,42
0,65
0,51
1,51
84,97
0,47
0,37
0,22
0,18
0,08
0,31
0,45
0,13
0,14
0,18
0,.16
0,27
0,79
-
 TOTAL 7.821 100,00 - 7.821 100,00 -
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.34.
De acordo com a distribuição dos idosos, segundo o setor econômico em
que estiveram vinculados na maior parte da sua vida, encontram-se 26,06 %
de indivíduos fora do PEA, seguidos por 24,73% localizados no setor agríco-
la, ou seja, no setor agropecuário, extração vegetal e pesca, e 17,85% no setor
de serviços que engloba alojamento e alimentação (hotéis, pensões, restauran-
tes, bares etc,) reparação e conservação (oficinas mecânicas), serviços pesso-
ais e domiciliares (cabeleireiros, alfaiatarias, serviços domésticos), diversões,
higiene, conservação de prédios e estiva.
Estas faixas refletem o predomínio dos grupos de ocupação citados ante-
riormente, uma vez que no Brasil ainda o setor agrícola predomina em relação
aos demais. Este é seguido pela prestação de serviços e pela indústria de trans-
formação27.
A realidade do Rio Grande do Sul expressa, portanto, esta força econô-
mica que foi a agricultura na economia do Estado, através desta amostra de
27 Abrange a metalurgia, indústria mecânica, móveis, papel e celulose, indústria de couros e
peles, indústria de vestuário e sapatos, indústria química, indústria de plásticos, farmacêutica
e produtos veterinários, petróleo, têxteis, editorial e gráfica. Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios - IBGE. Porto Alegre, 1993. Rio Grande do Sul, p. 13. Estes dados podem
ser atualizados via Internet. PNDA. IBGE em: http://www.IBGE.gov.br/pnad/pnad.htn
40 - RELATÓRIO DE PESQUISA
idosos, os quais estiveram, na maior parte de sua vida, atuando em setores
agrícolas. É importante lembrar que a sociedade rio-grandense é constituída
por três grandes regiões2,marcadas por economias bem diferenciadas. A re-
gião sul e a região norte com predominância no setor agrário, diferenciando-se
a primeira da segunda pelo tamanho da propriedade. Enquanto a primeira era
marcada pela presença da grande propriedade e de monoculturas bem especí-
ficas, a segunda era composta pela pequena e média propriedade, com uma
economia diversificada. A terceira região era formada pelo nordeste do Esta-
do, constituído por grandes concentrações urbanas, do eixo Porto Alegre-Ca-
xias do Sul e por algumas áreas no seu entorno, nas quais, a partir deste século,
começou a formar-se um parque industrial3. Estas regiões demonstram um
certo predomínio do agrário sobre as áreas urbanas4 e industriais até pratica-
mente a década de cinqüenta, quando aumenta de forma considerável o parque
manufatureiro do Estado. Cabe ressaltar, portanto, que os idosos de hoje esti-
veram ligados a atividades essencialmente rurais, como comprova a sua pro-
cedência e o setor econômico de sua ocupação.
Atualmente, a maioria destes idosos encontram-se, por força da sua
situação ocupacional, fora da população economicamente ativa, aqui
representados por um percentual de 84,97% da amostra, seguidos de serviços
(4,41%), que se distribuem em alojamento e alimentação, reparação e
conservação, serviços pessoais e domiciliares, diversões, higiene, conservação
de prédio e estiva. Cabe assinalar ainda que 2,83% de idosos desenvolvem
suas atividades ocupacionais no setor agrícola e 1,99% no setor de comércio
de mercadorias que abrange supermercados, armazéns, feiras livres, casas de
departamentos, comércio atacadista, açougues, postos de gasolina, comércio
de material usado e ferro-velho, garrafeiros e papeleiros.
28 ALONSO, José A. Fialho e BANDEIRA, Pedro Silveira. Crescimento inter-regional no
Rio Grande do Sul, nos anos 80. In: ALMEIDA, Pedro Fernando Cunha de (coord.). A
Economia Gaúcha e os anos 80, uma trajetória regional no Contexto da Crise Brasileira.
Tomo 1, Porto Alegre, FEE, 1990, p. 67-130.
29 ALONSO, José A. Fialho e BANDEIRA, Pedro Silveira, op. cit., p-71.
30 É importante lembrar que, em 1910, a Estação Férrea abrange esta região, desencadeando
o desenvolvimento destas concentrações urbanas.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 41
FREQUÊNCIA
IDADE
Absoluta Percentual
MARGEM DE
ERRO
Menos de 40 anos
41 a 44 anos
45 a 48 anos
49 a 52 anos
53 a 56 anos
57 a 60 anos
61 A 64 anos
65 a 68 anos
Acima de 68 anos
Não sabe/Não respondeu
75
57
201
384
489
1.486
724
1.054
430
234
1,46
1,11
3,92
7,48
9,52
28,94
14,10
20,53
8,38
4,56
0,33
0,29
0,54
0,73
0,82
1,27
0,97
1,13
0,77
-
 TOTAL 5.134 100,00 -
TABELA 11
Distribuição dos idosos pesquisados e aposentados segundo a idade em que
se aposentaram - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.35. Os dados desta Tabela referem-
se a N=5134, uma vez que dele foram excluídos os não-aposentados.
Dos 7.821 entrevistados, 34,36% ainda não se aposentaram, o que é um
dado significativo para essa categoria que possui acima de 60 anos de idade.
Dos que se aposentaram 28,94% encontravam-se na ocasião na faixa de 57 a
60 anos, 20,53% na faixa de 65 a 68 anos e 14,10% na faixa de 61 a 64 anos.
Esses idosos apresentaram como motivo de sua aposentadoria31a idade em pri-
meiro lugar, seguida do tempo de serviço. É interessante observar que a idade
em que estes idosos iniciaram atividades remuneradas foi de 11 a 14 anos em
primeiro lugar, seguida de 15 a 18 anos e em terceiro lugar acima de 23 anos.
Chama atenção o número de entrevistados, 11,18%, que iniciaram as ativida-
des laborais antes dos 10 anos de idade. Esse fato pode ser explicado pela
origem rural dos idosos, visto que a zona rural se caracteriza pelo auxílio de
mão de obra infantil nas atividades agrícolas e domésticas.
31 Como critérios de aposentadorias foram utilizadas as alternativas propostas pelo Instituto
Nacional de Seguridade Social ou seja:
Tempo de Serviço: mulheres que tenham 30 anos de serviço. Homens que tenham 30 a 35
anos de serviço.
Idade/velhice: homens que atinjam 65 anos. Mulheres que atinjam 60 anos. Problemas de
saúde/acidente: pessoa de qualquer idade que sofreu doença ou acidente de trabalho que a
incapacitou para o seu trabalho usual, impossibilitando-a para o trabalho em outras ocupações
que assegurem seu ganho.
Especial: pessoa que tenha completado 15,20 ou 25 anos de trabalho em atividades
consideradas “insalubres”, “penosas” ou “perigosas”, comprovado por laudo técnico.
42 - RELATÓRIO DE PESQUISA
RENDA INDIVIDUAL
FREQÜÊNCIASALÁRIOS MÍNIMOS
Absoluta Percentual
 MARGEM
DE ERRO
Menos de 1 salário mínimo
1 a menos de 2 salários mínimos
2 a menos de 3 salários mínimos
3 a menos de 4 salários mínimos
4 a menos de 5 salários mínimos
5 a menos de 6 salários mínimos
6 a menos de 7 salários mínimos
7 a menos de 8 salários mínimos
8 a menos de 9 salários mínimos
 9 salários mínimos ou mais
Não tem renda
Não sabe/Não respondeu
214
3.839
1.024
444
265
219
137
102
91
433
814
239
2,74
49,08
13,09
5,68
3,39
2,80
1,75
1,30
1,16
5,54
10,41
3,06
0,37
1,13
0,76
0,52
0,41
0,37
0,30
0,26
0,24
0,52
0,69
-
 TOTAL 7.821 100,00 -
TABELA 12
Distribuição dos idosos pesquisados segundo a sua
renda individual mensal - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.37.
No que diz respeito à renda do idoso, 49,08% dos entrevistados percebem
entre um salário mínimo e menos de dois salários mínimos, o que expressa a
baixa renda com que vive o idoso no Rio Grande do Sul. Estes dados podem
ser comparados com a população do Estado. Para esta população, os percentuais
que mais se destacam são aqueles que indicam a renda individual mensal entre
1/2 salário mínimo e dois salários mínimos, sendo que um número considerável
da população está localizada na faixa “sem rendimento”. Na Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios - Rio Grande do Sul consta que, dos 7.543.908
acima de 10 anos ou mais de idade da população, 2.618.455 percebem de l/2
salário mínimo até dois salários mínimos32, o que mostra a baixa renda da
população em geral do Estado. Dos 7.543.908 referidos, 5.017.430 pessoas
contribuem para Institutos de Previdência sendo que 40,34% destes percebem
entre 1/2 salário e até dois salários mínimos mensais.
32 Dados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1993.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 43
Esses dados também podem ser comparados com a renda dos brasileiros.
Conforme o Anuário Estatístico do Brasil33, 44,8% das classes que percebem
rendimento mensal estão situadas entre menos de um salário mínimo e menos
de dois salários mínimos.
É interessante ressaltar que dos entrevistados, 10,41% não possuem renda
pessoal, sendo que esse dado é significativo pelo tamanho da amostra. Ainda,
89,23% responderam que possuem renda pessoal e que a proveniência dessa
renda é principalmente da aposentadoria e de pensão34. Existe uma diferença
expressiva entre essas duas fontes de renda, sendo que mais da metade da
população idosa (55,46%) tem sua renda proveniente de aposentadoria e que
18,71% recebem pensão. São alternativas de renda, mas de menor expressão,
o abono permanência (3,08%), outros (3,08%), salário (2,98%), serviços
eventuais (2,86%) e aluguel (2,21%).
Quanto às principais despesas pessoais dos idosos, estes afirmaram que
são em alimentação (45,72%), remédios (25,52%) e saúde (9,22%)35.
Entre as principais atividades que os idosos desenvolvem - atualmente -
o trabalho doméstico aparece como predominante, ou seja, 60,80% dos
entrevistados afirmaram ser esta a sua principal atividade. Também são
destacados o trabalho eventual (6,80%), seguidas de atividades autônomas
(4,51%), pequenos serviços não-remunerados (4,30%), trabalho remunerado
sem carteira profissional (3,61%) e outros (2,80%). Uma parcela desses idosos
desenvolve atividades voluntárias (2,05%) e trabalho remuneradocom carteira
profissional (2,01%),empregador (0,81%). Na alternativa não se aplica estão
enquadrados 11,82% dos entrevistados.
7.5 - Aspectos Sócio-Culturais
Nas sociedades contemporâneas tem sido crescente a preocupação com a
utilização e qualidade do tempo livre. Diante da progressiva massificação do
lazer e da cultura torna-se necessária a elaboração de políticas públicas em que
o idoso tenha um papel ativo na escolha e no acesso às variadas formas de
33 Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro. IBGE, v. 54, p.1-87, 1994.
34 Estes conceitos foram explicitados no Manual da Pesquisa (p.11) para que não ocoressem
interpretação distintas sobre as alternativas propostas no instrumento de pesquisa.
Aposentadoria: Proventos decorrentes de aposentadoria, reforma, jubilação, etc...
Pensão: Proventos recebidos por pensão deixada por pessoa da qual era beneficiária, paga
por Instituto de Previdência ou Fundo de Pensão (fundo do Exército, Marinha, Aeronáutica
ou Força Policial); pensão de qualquer natureza, por decisão judicial.
35 Saúde: Gastos hospitalares, com médicos (clínico geral, especialista, psiquiatra), psicólogos,
dentistas, despesas ambulatoriais, exames clínicos, consultas, pagamentos de planos de
saúde e fisioterapia.
Remédios: Despesas referentes à compra de remédios de utilização contínua ou esporádica
e de produtos, conforme manual de pesquisa, p. 11-12.
44 - RELATÓRIO DE PESQUISA
desenvolvimento cultural e recreativo. Desde a antigüidade o homem tem
buscado o desenvolvimento integral, físico, espiritual e mental, sendo o lazer
uma das formas de atingir-se a plenitude dessas capacidades.
TABELA 13
Distribuição dos idosos pesquisados segundo a forma de
ocupação do tempo livre - 1995
FREQUÊNCIA FORMA DE OCUPAÇÃO 
 TEMPO LIVRE Absoluta Percentual 
MARGEM DE 
ERRO 
Assistir TV 
Conversar com amigos 
Ouvir rádio 
Leitura 
Ouvir música 
Trabalhos manuais 
Atividade física 
5.060 
4.566 
3.699 
2.224 
2.223 
2.293 
1.209 
64,70 
58,38 
47,30 
28,44 
28,42 
29,32 
15,46 
1,06 
1.09 
1,10 
1,00 
1,00 
1,00 
0,80 
Atividade sócio recreativa 1.336 17,08 0,83 
 
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.41. Refere-se à questão de escolha
múltipla. As alternativas não são mutuamente exclusivas.
Constata-se que na população idosa o tempo livre é ocupado, de forma
predominante, em assistir televisão (64,70%) e conversar com amigos (58,38%).
Destacam-se ainda a escuta ao rádio (47,30%), execução de trabalhos manuais
(29,32%), a realização de leituras (28,44%) e a audição de música (28,42%).
Estas atividades realizam-se predominantemente no espaço privado, podendo
no entanto serem compartilhadas com outras pessoas, preferencialmente amigos
ou parentes. Dos idosos entrevistados, 17,08% afirmaram realizar atividades
sócio-recreativas como passeios, visitas e bailes que contrastam com as
atividades descritas anteriormente, uma vez que ocorrem fora do ambiente
doméstico, em espaço público.
A preferência pela televisão como forma de ocupação do tempo livre
pode ser explicado pela presença massiva da televisão nos lares brasileiros.
Desse modo, o poder de sedução que exerce a televisão constitui um atrativo
de baixo custo e fácil acesso para a ocupação do tempo livre e uma companhia
para os idosos. O fato de conversar com amigos, que também faz parte do
cotidiano dos idosos, pode ocorrer paralelamente à assistência televisiva.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 45
TABELA 14
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o tipo de associação
em que participam - 1995
FREQUÊNCIA TIPO DE ASSOCIAÇÃO 
EM QUE PARTICIPAM Absoluta Percentual 
MARGEM DE 
ERRO 
Cultural 
Esportiva 
Recreativa 
Religiosa 
Assistencial 
Comunitária 
Sindical 
Política 
222 
182 
346 
2.321 
387 
524 
154 
74 
2,84 
2,33 
4,42 
29,68 
4,95 
6,70 
1,97 
0,95 
0,37 
0,33 
0,45 
1,01 
0,48 
0,55 
0,31 
0,21 
 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.42. Refere-se à questão de escolha
múltipla. As alternativas não são mutuamente exclusivas.
Dos 41,12% entrevistados que participam em algum tipo de associação,
há um predomínio na participação em associações religiosas que alcança
72,17%. Em todas as regiões pesquisadas, encontrou-se a participação
predominante em associações religiosas seguida da participação em associações
comunitárias, assistenciais e recreativas. Deve-se destacar que há uma variação
na intensidade com que a população idosa, das nove regiões de pesquisa,
participa em associações. Pode-se constatar essa afirmação, comparando os
percentuais das regiões pesquisadas. Conforme o Relatório Preliminar36, o maior
percentual de participação aparece na região Noroeste com 59,56% e o menor
percentual de participação encontra-se na Microrregião Porto Alegre com
33,26%.
36 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Federal do Idoso, op. cit., p. 42.
46 - RELATÓRIO DE PESQUISA
TABELA 15
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o tipo de religião que profes-
sam - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.43.
Dentre os entrevistados 98,12% declaram a religião que professam,
enquanto apenas 1,48% afirmaram não ter nenhuma religião. Aparece o
predomínio do catolicismo (74,97%), seguido dos evangélicos (16,51%) e dos
espíritas kardecistas (4,53%).
Esses dados devem ser melhor analisados, principalmente no que se refere
ao predomínio do catolicismo. Estudos sobre a religião no Brasil37 apontam o
fenômeno do sincretismo religioso, no qual se verifica a convivência do
catolicismo, hegemônico oficialmente, com outras manifestações religiosas.
Outra diferenciação refere-se à religiosidade como uma "prática privada"
ou uma "prática social"38, visto que o ato de orar ou realizar leituras religiosas
aparecem como uma prática privada. Nesse sentido, apesar da alta participação
de idosos em associações religiosas, torna-se relevante que 38,92% dos idosos
afirmaram ter se tornado mais religiosos com o passar dos anos.
FREQUÊNCIA 
RELIGIÃO 
Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Católica 
Evangélica 
Espírita 
Hebraica 
Afro-brasileira 
Outras 
Nenhuma 
Não sabe/Não 
respondeu 
5.864 
1.291 
354 
4 
117 
44 
116 
31 
74,97 
16,51 
4,53 
0,05 
1,50 
0,56 
1,48 
0,40 
0,96 
0,82 
0,46 
0,05 
0,27 
0,16 
0,27 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
37 BRANDÃO, C. R. Os Deuses do Povo: um estudo sobre a religião popular. São Paulo:
Brasiliense, 1986
38 GOLDSTEIN, L. L. & NERI, A. L. Tudo Bem, Graças a Deus, Religiosidade e Satisfação
na Maturidade e na Velhice. In: NERI, A. L. (org.) Qualidade de Vida e Idade Madura.
Campinas, 1993, p. 109-36.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 47
TABELA 16
Distribuição dos idosos pesquisados segundo o
fator atribuído à longevidade - 1995
FREQUÊNCIA ATRIBUTOS DE 
LONGEVIDADE Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Alimentação adequada 
Destino 
Vida organizada 
Trabalho 
Ocupação 
Hábitos saudáveis 
Gostar de viver 
Outros 
Não sabe/Não respondeu 
1.508 
549 
768 
573 
266 
1.067 
2.089 
658 
343 
19,28 
7,02 
9,82 
7,33 
3,40 
13,64 
26,71 
8,41 
4,39 
0,87 
0,57 
0,66 
0,58 
0,40 
0,76 
0,97 
0,61 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.43.
Os idosos atribuem a longevidade principalmente ao gostar de viver, à
alimentação adequada e aos hábitos de vida saudáveis. Secundariamente ainda
apontam os seguintes fatores: vida organizada, trabalho e destino. Em pesquisa
realizada no Instituto de Geriatria da PUCRS, foram constatados aspectos
semelhantes junto aos idosos do município de Veranópolis/RS. Foi enfatizado
que a dieta, os exercícios físicos e o comportamento são considerados como
"receitas de bem viver"39.
39 ZERO HORA, Caderno Vida. Porto Alegre, n. 240, 8 de junho de1996, p. 4 e 5.
48 - RELATÓRIO DE PESQUISA
TABELA 17
Distribuição dos idosos pesquisados segundo a opção
de vida fora da família - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.44.
Na resposta à questão "na impossibilidade de viver só ou com a família,
o(a) senhor(a) gostaria de viver", os idosos apontaram, predominantemente, a
possibilidade de convívio com os parentes. Essa escolha confirma o valor
significativo que ocupa a família ou a rede de parentesco na vida dos idosos.
Chama a atenção o percentual de idosos que escolheram buscar uma casa
geriátrica e viver com os amigos.
FREQÜÊNCIA VIDA FORA 
DA FAMÍLIA Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Com amigos 
Com parentes 
Em casa comum com 
amigos 
Em casa geriátrica 
Em hospital 
Outros 
Não sabe / Não respondeu 
754 
3.721 
267 
1.234 
231 
662 
952 
9,64 
47,59 
3,41 
15,78 
2,95 
8,46 
12,17 
0,65 
1,11 
0,40 
0,81 
0,37 
0,62 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 49
TABELA 18
Distribuição dos idosos pesquisados segundo os valores
mais importantes em sua vida - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.44.
Quanto aos valores mais importantes na vida dos idosos, foram apontados
a saúde (48,00%) e a família (23,08%). Seguiram-se o amor, a religião, o
dinheiro e o respeito. Nessa faixa etária, percebe-se a importância atribuída
pelos idosos à saúde e à família pelo fato de serem valores com os quais se
relacionam com maior intensidade e freqüência, em função de suas
preocupações nessa fase da vida.
FREQÜÊNCIA VALORES 
FUNDAMENTAIS Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Dinheiro 
Educação 
Família 
Trabalho 
Religião 
Lazer 
Respeito 
Segurança 
Valorização 
Amor 
Saúde 
Não sabe/Não respondeu 
285 
215 
1.805 
148 
350 
23 
275 
113 
42 
691 
3.754 
120 
3,64 
2,75 
23,08 
1,89 
4,48 
0,29 
3,52 
1,44 
0,54 
8,84 
48,00 
1,53 
0,41 
0,36 
0,93 
0,30 
0,46 
0,12 
0,41 
0,26 
0,16 
0,63 
1,11 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
50 - RELATÓRIO DE PESQUISA
TABELA 19
Distribuição dos idosos pesquisados segundo sua percepção dos
problemas sociais - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.45.
Dos principais problemas sociais que os idosos gostariam de ver resolvi-
dos destacam-se: falta de assistência à saúde, criminalidade, violência e corrup-
ção, crianças marginalizadas, incompetência do governo, corrupção dos polí-
ticos, desemprego, alcoolismo e droga.
É interessante observar que o problema social apontado como
predominante - falta de assistência à saúde - está relacionado diretamente com
uma das necessidades mais prementes do idoso que, devido às condições
decorrentes da sua faixa etária, necessita de maiores atenções nessa área. A
área da saúde na realidade brasileira não tem recebido os aportes necessários
para a execução dessa política pública. Os demais problemas podem ser
interpretados mais como uma preocupação com o coletivo do que com a
situação específica do idoso.
FREQÜÊNCIA 
PROBLEMAS SOCIAIS 
Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Corrupção dos políticos 
Falta de assistência à saúde 
Crianças marginalizadas 
Crise dos valores religiosos 
Crise dos valores éticos 
Crise da família 
Desemprego 
Alcoolismo e droga 
Concentração de renda 
Destruição dos recursos e do 
ambiente natural 
Criminalidade, violência e corrupção 
Política educacional inadequada 
Incompetência do governo 
Inflação 
Não sabe/Não respondeu 
797 
1.269 
940 
86 
56 
143 
676 
542 
302 
 
25 
1.148 
156 
846 
220 
615 
10,19 
16,24 
12,02 
1,10 
0,72 
1,83 
8,64 
6,93 
3,86 
 
0,32 
14,68 
1,99 
10,82 
2,81 
7,86 
0,67 
0,82 
0,72 
0,23 
0,19 
0,30 
0,62 
0,56 
0,43 
 
0,12 
0,78 
0,31 
0,69 
0,37 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 51
TABELA 20
Distribuição dos idosos pesquisados segundo as formas de
manifestação da afetividade - 1995
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.45.
Os idosos afirmaram que manifestam sua afetividade, preferencialmente,
através de: carinhos, conversas, companheirismos, atenções e cuidados. Uma
pequena parcela respondeu que manifesta através de presentes. Essa afetividade
é direcionada principalmente para os familiares (42,46%), filhos (20,34%) e
cônjuge (19,69%)40. Pode-se inferir que os idosos pesquisados estabelecem
relações afetivas mais intensas com as pessoas que estão mais próximas.
40 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 46.
FREQÜÊNCIA MANIFESTAÇÃO DA 
AFETIVIDADE Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Companheirismo 
Atenções e cuidados 
Carinhos 
Conversas 
Presentes 
Outros 
Não sabe/Não respondeu 
1.487 
1.345 
2.570 
1.569 
209 
149 
492 
19,01 
17,20 
32,86 
20,06 
2,67 
1,91 
6,29 
0,87 
0,84 
1,04 
0,89 
0,36 
0,30 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
TABELA 21
Distribuição dos idosos pesquisados segundo as formas de
manifestação de sua sexualidade - 1995
FREQUÊNCIA MANIFESTAÇÃO DA 
SEXUALIDADE Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Atenções especiais 
Carinhos e toques 
Relações sexuais 
Outras 
Não sabe / Não respondeu 
1.929 
2.047 
689 
503 
2653 
24,66 
26,17 
8,81 
6,43 
33,93 
0,95 
0,97 
0,63 
0,54 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.46.
52 - RELATÓRIO DE PESQUISA
Quanto ao tema sexualidade os idosos afirmaram que as suas principais
formas de manifestação são: carinhos e toques, atenções especiais e relações
sexuais. Torna-se importante ressaltar o alto índice dos que não sabem ou não
responderam sobre sexualidade, chegando a totalizar 33,93%. Esse "silêncio"
sobre uma área tão íntima, como é a sexualidade, necessita ser contextualizado,
referindo-se aos valores da época em que ocorreram a educação e a iniciação
sexual dos idosos entrevistados.
Nas décadas de 20, 30 e 40 predominava uma moral sexual mais rígida,
aliada aos preceitos religiosos. A manifestação da sexualidade estava voltada
ao âmbito privado, não sendo usual a fala, em público, sobre esse assunto. Era
costume relacionar a sexualidade aos princípios de fidelidade, honra e
companheirismo.
Segundo Relatório Preliminar41, dos idosos pesquisados, 25,80% afirma-
ram não ter observado mudanças na forma de manifestar a sua sexualidade.
Um número significativo, 63,03% observaram mudanças. Dos que observaram
mudanças, atribuíram à modificação da forma de manifestar a sua sexualidade
principalmente à idade, a perda do companheiro e à doença.
TABELA 22
Distribuição dos idosos pesquisados segundo sua opinião
sobre sexo na velhice - 1995
FREQÜÊNCIA 
OPINIÃO 
Absoluta Percentual 
MARGEM 
DE ERRO 
Muito importante 
Natural 
Necessário 
Menos intenso 
Desnecessário 
Indiferente 
Igual às outras idades 
Não sabe / Não respondeu 
530 
1.438 
663 
815 
1.739 
742 
702 
1192 
6,78 
18,39 
8,48 
10,42 
22,23 
9,49 
8,98 
15,23 
0,56 
0,86 
0,62 
0,68 
0,92 
0,65 
0,63 
- 
 TOTAL 7.821 100,00 - 
 
Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo
Multidimensional de suas condições de vida”, p.47
No questionamento sobre o sexo na velhice, 18,39% consideram o sexo
natural, 8,48% o consideram necessário e 6,78% muito importante. Salienta-
se que 22,23% consideram-no desnecessário e 9,49% indiferente. Para 10,42%
41 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 47.
OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 53
dos idosos o sexo tem sido menos intenso. Esses dados, igualmente, necessitam
ser compreendidos no contexto cultural e a partir das condições psico-físicas
dos idosos, em que o prazer sexual encontra-se vinculado ao companheirismo,
atenções especiais, carinhos

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