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OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL: Estudo Multidimensional de suas Condições de Vida SECRETARIA DO TRABALHO, CIDADANIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL, CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO e UNIVERSIDADES VINCULADAS OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL: Estudo Multidimensional de suas Condições de Vida RELATÓRIO DE PESQUISA Porto Alegre, outubro de 1997 R585 Rio Grande do Sul. Conselho Estadual do Idoso Os idosos do Rio Grande do Sul: estudo multidimen- sional de suas condições de vida: relatório de pesquisa / Conse- lho Estadual do Idoso. - Porto Alegre: CEI, 1997 124p. : il. 1. Gerontologia Social 2. Idoso - Rio Grande do Sul I. Título CDD 362.6042 Bibliotecária Responsável: Viviane Castanho - CRB - 10/1130 Universidades Conveniadas Fundação Universidade do Rio Grande - FURG Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS Universidade Católica de Pelotas - UCPEL Universidade de Caxias do Sul - UCS Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ Universidade Federal de Pelotas - UFPEL Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Universidade Federal de Santa Maria - UFSM Universidade Luterana do Brasil - ULBRA Universidade de Passo Fundo - UPF Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Sumário 1 - COMITÊ DE REDAÇÃO .......................................................... 2 - COMITÊ TÉCNICO-CIENTÍFICO ........................................... 3 - APRESENTAÇÃO .................................................................... 4 - INTRODUÇÃO ........................................................................ 5 - OBJETIVOS.............................................................................. 5.1 - Objetivo Geral ............................................................... 5.2 - Objetivos Específicos ................................................... 6 - METODOLOGIA ...................................................................... 6.1 - População................................................................... 6.2 - Amostra ...................................................................... 6.2.1 - Processo de Seleção ......................................... 6.2.2 - Dimensionamento.............................................. 6.3 - Instrumento ................................................................. 6.4 - Trabalho de Campo ...................................................... 6.5 - Processamento e Análise de Dados ............................... 7 - RESULTADOS ......................................................................... 7.1 - Dados Gerais do Idoso .................................................. 7.2 - Qualificação da Moradia e infra-estrutura ...................... 7.3 - Composição Familiar e Relações Sociais ....................... 7.4 - Aspectos Sócio-Econômicos ......................................... 7.5 - Aspectos Sócio-Culturais .............................................. 7.6 - Saúde .......................................................................... 7.6.1 - Percepção Pessoal da Saúde ............................. 7.6.2 - Atividades Físicas e Condições de A u t o n o m i a . . . . . . . 7.6.3 - Acesso aos Serviços de Saúde ........................... 8 - CONSIDERAÇÔES FINAIS .................................................... 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 10 - ANEXO 1: Instrumento de Coleta de Dados ................................ 11 - ANEXO 2: Relação dos Municípios Sorteados ............................. 9 11 13 15 17 17 17 19 19 19 20 22 23 24 25 27 27 31 34 36 43 53 54 63 66 69 75 79 121 1 - Comitê de Redação Angela Tramontini Grams - ULBRA Heloisa Salvadora de Carvalho Barrilli - PUCRS João Anibal Gottems dos Santos - UNISC Leonia Capaverde Bulla - PUCRS Lourdes da Silva Gil - ULBRA Miriam Bonho Casara - UCS Nivaldo Almeida Fonseca - PUCRS Olga Collinet Heredia - UNISINOS Sandra Vieira Larratéa - UFRGS Sergio Antonio Carlos - UFRGS Vania Beatriz Merlotti Herédia - UCS 2 - Comitê Técnico Científico Adriano Mendonça Souza - UFSM Agostinho Both - UPF Angela Tramontini Grams - ULBRA Antônio Carlos Araújo de Souza - CEI Djalma Ferreira Paes - URI Else Elizabeth Knapp Madruga - UCPEL Fábio Leite Gastal - UCPEL Heloisa Salvadora de Carvalho Barrilli - PUCRS Ivalina Porto Nicola - FURG João Anibal Gottems dos Santos - UNISC José Francisco Silva Dias - UFSM Jussara Rauth da Costa - CEI Jussara Gazola - UNIJUÍ Laurie Cristine Tavares - UNISC Leonia Capaverde Bulla - PUCRS Loni Sebastião - UNICRUZ Lourdes da Silva Gil - ULBRA Mariângela da Rosa Afonso - UFPEL Marinês Tambara Leite - UNIJUÍ Marco Antonio Fetter - UNISINOS Miriam Bonho Casara - UCS Nivaldo Almeida Fonseca - PUCRS Olga Collinet Heredia - UNISINOS Sandra Vieira Larratéa - UFRGS Sergio Antonio Carlos - UFRGS Silvio Henrique Filippozzi Lafin - CEI Vania Beatriz Merlotti Herédia - UCS Vera Regina Waldow - UFRGS Zilla Maria Daros Sander - CEI 3 - Apresentação O Conselho Estadual do Idoso, na sua função normativa, consultiva e deliberativa, tem a importante missão de estabelecer diretrizes para uma política social para o idoso no Rio Grande do Sul. Embora significativo o apoio que vem obtendo dos órgãos públicos, entidades privadas e grupos organizados que atuam junto à terceira idade, o Conselho sempre careceu de dados confiáveis para assentar sua função estatutária de normatizador e estabelecedor da política social para o idoso. Neste campo de atividade, voltado para o atendimento dos idosos, a identificação das condições bio-psico-sócio-culturais e espirituais deste segmento etário sempre esteve em fase nebulosa de constatações. Complementando a recente publicação dos dados preliminares da pesquisa sobre o idoso no Rio Grande do Sul, vimos agora apresentar o Relatório de Análise sobre o Estudo Multidimensional das Condições de Vida do Idoso. Cumpre assinalar que a pesquisa foi realizada graças à parceria entre este Conselho e quatorze Universidadesgaúchas, contando ainda com subsídios do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. É viável, assim, a partir de agora, uma reavaliação das ações sociais até aqui desenvolvidas na parte meridional do nosso país. O Relatório, fundamentado em dados alicerçados em rigor científico, apresenta subsídios consistentes para serem utilizados em todos os meios de investigação, quer nos poderes públicos, quer nas entidades privadas. Por sua confiabilidade, os dados disponíveis fortalecerão os instrumentos de trabalho para o desenvolvimento humano e social dos idosos. Os profissionais que desempenham funções nas áreas da Educação, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e outras encontram, hoje, apoio para sua produção de conhecimentos e desenvolvimento de suas especializações. Podem aprimorar sua atuação na área do envelhecimento, trazendo contribuições significativas para melhoria das condições físicas, mentais, sociais, ocupacionais e econômicas da população. Censos demográficos têm demonstrado o aumento da população idosa e, assim, a idéia de que somos um país de maioria jovem, começa a mudar. Para 14 - RELATÓRIO DE PESQUISA essas transformações precisamos estar preparados. Os idosos ressentem-se de uma sociedade que ainda os exclui porque não entende como vive este segmento da população. O Relatório, que ora estamos publicando, fornece dados que contribuirão não só para a inserção do idoso na comunidade, como para a sua participação nas atividades do dia-a-dia da parcela economicamente ativa da sociedade. ANTONIO PARISSI Diretor-Presidente do Conselho Diretor do CEI 4 - Introdução O presente relatório (segunda etapa de divulgação da pesquisa sobre os idosos do Rio Grande do Sul) trata de um tema de importância primordial para a realidade brasileira, considerando-se que a partir da década de 70 constata-seno país um crescimento considerável do contingente populacional de indivídu- os com mais de 60 anos. O envelhecimento da população vem acentuando-se cada vez mais. Prevê-se que no ano de 2025 o Brasil será o sexto país do mundo em população idosa. Esse fato torna-se mais evidente no Rio Grande do Sul, onde se verificam melhores condições sociais, sanitárias, econômicas e culturais, aumentando a expectativa de vida, hoje em torno de 74 anos. Consi- dera-se, entretanto, que não é suficiente saber que haja condições de se viver mais tempo. É necessário também investigar as condições de existência do idoso, aprofundando conhecimentos sobre as características bio-psico-sociais- culturais e espirituais desse grupo etário, para assegurar à população que enve- lhece uma melhor qualidade de vida. Justifica-se, desta forma, a ação empreendida pelo Conselho Estadual do Idoso, de congregar, desde 1993, quatorze universidades gaúchas em torno do tema envelhecimento. Nesses quatro anos de intercâmbio, a equipe formada pelos representantes das universidades envolvidas trabalhou intensamente de forma contínua e sistemática para a concretização deste projeto. Em decorrên- cia, foi possível elaborar o projeto, desenvolver e analisar a pesquisa que está sendo apresentada neste relatório. O estudo assumiu características interinstitucional e transdisciplinar, tendo abrangido as multidimensões da vida dos idosos urbanos, não institucionalizados, do Rio Grande do Sul. A concretização de seus objetivos tornou-se possível devido à parceria estabelecida entre as instituições conveniadas e o apoio financeiro das Universidades, do Governo do Estado e do Ministério de Bem Estar Social. Este relatório de pesquisa compõe-se de duas partes distintas: metodologia e resultados da pesquisa. Na metodologia da pesquisa, são trata- das as questões relativas à população, à amostra, ao instrumento utilizado, ao desenvolvimento do trabalho de campo e a procedimentos de análise dos da- 16 - RELATÓRIO DE PESQUISA dos. Nos resultados da pesquisa, são apresentados dados gerais, tais como, qualificação da moradia e infra-estrutura, composição familiar e relações soci- ais, aspectos sócio-econômicos, aspectos sócio-culturais e aspectos de saúde. Os resultados deste estudo possibilitam o conhecimento da situação dos idosos no Estado e poderão servir de subsídios para a implantação e desen- volvimento de políticas sociais adequadas para essa faixa etária, visando à melhoria da qualidade de vida dos idosos de hoje e das gerações futuras, bem como sua inserção nos diversos setores da sociedade. 5 - Objetivos 5.1 - Objetivo Geral Realizar um estudo multidimensional das condições de vida do idoso no RGS. 5.2 - Objetivos Específicos - Elaborar o perfil do idoso do Rio Grande do Sul, identificando as condições biopsicossociais, culturais e espirituais que interferem em sua quali- dade de vida. - Avaliar o nível de desempenho do idoso nas atividades de vida diária e sua participação social; - Subsidiar a política social do idoso no RGS através dos indicadores detectados na pesquisa; - Reforçar os trabalhos de produção de conhecimentos pelas Universidades sobre o processo de envelhecimento; - Contribuir na qualificação de recursos humanos para suprir as demandas pela Terceira Idade; - Criar um Banco de Dados de domínio público, referente às condições de vida dos idosos do RGS; - Instrumentalizar o CEI-RS e as Universidades de forma a viabilizar a instalação de um banco de dados sobre a Terceira Idade. 6 - Metodologia A pesquisa utiliza, como suporte teórico-metodológico, a abordagem his- tórico estrutural. A velhice é vista em seu desenvolvimento histórico e contex- tualizada no Rio Grande do Sul, levando em consideração as condições soci- ais, econômicas e culturais, vinculadas à existência desse fenômeno. Essa abor- dagem permite uma análise da vida do idoso, em suas múltiplas dimensões, organizando-as em blocos ou níveis, sistematizando-as e estabelecendo as in- terconexões entre esses vários aspectos e a realidade social em que se situa a população estudada. A proposta de análise se fundamenta no questionamento crítico da visão de sociedade, destacando seu caráter dinâmico e contraditório, mas visualizan- do suas possibilidades de transformação, em benefício do ser humano e, mais especificamente do idoso, sujeito deste estudo. 6.1- População Este estudo, de corte transversal , tem como sujeitos de investigação pessoas idosas, maiores de 60 anos , urbanas, de ambos os sexos, não institucionalizadas e residentes no Estado do Rio Grande do Sul em 1995. 6.2- Amostra No que diz respeito à construção do plano amostral, inicialmente apresenta- se o processo de seleção e, posteriormente, o dimensionamento da amostra. 1 Numa pesquisa de corte transversal, coletam-se dados de uma população, numa determinada época, bem delimitada. Em nosso caso, a coleta realizou-se no mês de setembro de 1995. 2 A Assembléia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento de População, através da Resolução 39 / 125, estabeleceu a idade de 60 anos como do início da terceira idade nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e de 65 anos, nos desenvolvidos (ONU, 1982). 20 - RELATÓRIO DE PESQUISA 6.2.1 - Processo de seleção Para obterem-se dados representativos desse segmento da população e resultados generalizáveis ao universo de pessoas idosas do Estado, planejou-se uma amostra em várias etapas seqüenciais: a) divisão do Estado em regiões de pesquisa, b) estratificação dos municípios de cada região de pesquisa, c) seleção aleatória dos municípios em cada estrato, d) seleção aleatória de setores censitários urbanos em cada município, e, e) seleção aleatória dos sujeitos de investigação em cada setor censitário. a) Divisão do Estado em Regiões de Pesquisa Para a divisão do Estado em regiões de pesquisa, utilizou-se a classificação do IBGE que agrupa os municípios gaúchos nas seguintes mesorregiões homogêneas: Centro Oriental, Centro Ocidental, Região Metropolitana de Porto Alegre, Nordeste Riograndense, Noroeste Riograndense, Sudeste Riograndense e Sudoeste Riograndense. A Região Metropolitana de Porto Alegre, devido à maior concentração populacional, foi subdividida em três segmentos: Metropolitana de Porto Alegre, Microrregião de Porto Alegre e Município de Porto Alegre. Estes três segmentos da mesorregião Metropolitana de Porto Alegre, juntamente com as seis mesorregiões, passaram a se constituir no que se denominou regiões de pesquisa, conforme tabela a seguir: TABELA 1 População total do Rio Grande do Sul, segundo as regiões de pesquisa - 1991 Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico 1991 3 Foi mantida a estrutura dos municípios até o censo demográfico de1991, sem levar em consideração as emancipações posteriores. 4 O setor censitário é a unidade territorial estabelecida para fins de controle cadastral (IBGE, Censo Demográfico, 1991, n 24. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, IBGE, 1991, p. 16). REGIÕES DE PESQUISA POPULAÇÃO PERCENTUAL Centro Ocidental RS Centro Oriental RS Metropolitana de POA Microrregião POA Cidade de Porto Alegre Nordeste Riograndense Noroeste Riograndense Sudeste Riograndense Sudoeste Riograndense 479.797 664.328 803.370 1.690.727 1.263.403 784.798 1.943.386 814.290 694.571 5,25 7,27 8,79 18,50 13,82 8,59 21,27 8,91 7,60 TOTAL 9.138.670 100,00 OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 21 b) Estratificação dos Municípios de Cada Região de Pesquisa Pelo censo de 1991, constatou-se que a maioria (61,2%) dos 333 municípios gaúchos possuía menos de 15.000 habitantes e que um pequeno percentual de municípios (1,8%) tinha mais de 200.000 habitantes. Com base nesses dados estratificaram-se os municípios, em cada uma das regiões de pesquisa, nas seguintes faixas populacionais: A - até 15.000 habitantes (204 municípios); B - de 15.001 a 50.000 habitantes (90 municípios); C - de 50.001 a 100.000 habitantes (23 municípios); D - de 100.001 a 200.000 habitantes(10 municípios) e E - acima de 200.000 habitantes (5 municípios). Posteriormente, em cada faixa populacional, os municípios foram agru- pados de acordo com sua atividade econômica principal: primária, secundária ou terciária. Em cada um dos estratos, formado pela faixa populacional e pela atividade econômica, foi calculada a proporção dos mesmos em relação à região de pesquisa. Essa proporção determinou o número de sujeitos de investigação, em cada estrato, com vistas a garantir uma representatividade proporcional. O número de sujeitos de investigação de cada estrato foi dividido por sessenta e quatro, segundo sugestão de Barros e Victora , para determinar o número de municípios a serem sorteados em cada um dos estratos. c) Seleção Aleatória do Município em Cada Estrato Em cada um dos estratos, os municípios foram selecionados aleatoriamente, sem reposição, observando-se o critério de número mínimo de setores censitários urbanos. d) Seleção Aleatória de Setores Censitários Urbanos em Cada Município Obteve-se, junto ao IBGE, a relação dos setores censitários - urbanos - de cada município. Os mesmos foram numerados de forma seqüencial, eliminando-se todos aqueles compostos exclusivamente de estabelecimentos coletivos , inclusive os destinados aos idosos. Em seguida procedeu-se à escolha dos setores, utilizando-se uma tabela de números aleatórios. 5 BARROS, F.C., VICTORA, C.G. Epidemiologia da Saúde Infantil: Um Manual para Diagnósticos Comunitários. São Paulo, HUCITC-UNICEF, 1991. 6 Estabelecimentos coletivos: hospitais, clínicas, asilos, escolas, clubes, quartéis e similares (Ver IBGE). 22 - RELATÓRIO DE PESQUISA Calculou-se o número de oito entrevistas por setor, seguindo sugestão de Barros e Victora . O número de setores censitários por município também foi de oito, no mínimo, objetivando melhor distribuição nas diversas áreas do município. e) Seleção Aleatória dos Sujeitos de Investigação em Cada Setor Cen- sitário Com a finalidade de obter-se uma representatividade de aleatoriedade, optou-se por adaptação da amostragem sistemática na seleção dos domicílios. Utilizou-se um croqui com os quarteirões numerados de cada setor censitário. O ponto de início do percurso, assim como a esquina inicial de cada quarteirão, foram sorteados, caminhando-se sempre no sentido horário. Devido à quantidade de idosos a serem pesquisados em cada setor censitário ser em número de oito, e para propiciar melhor distribuição para efeito de vizinhança, foi selecionado um domicílio e saltados oito. Não coincidindo a casa escolhida com a presença de idoso, este foi procurado no domicílio seguinte; reiniciando-se o processo em cada entrevista. Na existência de mais um idoso no domicílio, foi feito o sorteio de um entre eles. Nos casos em que se chegou ao final do setor sem atingir a cota de oito idosos, retornou-se ao ponto inicial, reiniciando todo o processo a partir do segundo domicílio, até que o número necessário se completasse. No caso da cidade de Porto Alegre, tomou-se o município como uma região e estratificaram-se os setores censitários. Os demais procedimentos foram os mesmos adotados nas outras regiões. 6.2.2 - Dimensionamento Considerando que estudos dessa natureza envolvem variáveis qualitati- vas e quantitativas, sendo que as primeiras requerem uma maior exigência, principalmente em relação ao tamanho, optou-se por estabelecer os anteceden- tes amostrais segundo uma variável qualitativa. Com base no requisito acima, fixaram-se a variância absoluta da proporção no valor máximo 0,25, resultante de p(1-p) para p=0,50, o nível de confiança de 95,44% (z=2) e um erro aproxi- mado de inferência da proporção, na amostra de cada região de pesquisa, não superior a 3,37%. De acordo com os pressupostos acima, o tamanho de cada uma das amos- tras regionais, para estimação da proporção populacional, foi dimensionado 7 BARROS, F.C., VICTORA, C.G., op. cit. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 23 em 880 idosos. Tal dimensionamento gerou uma amostra estadual de 7920 idosos com erro de inferência não superior a 1,3%. 6.3 - Instrumento Os dados foram coletados através de uma entrevista estruturada, com- posta por questões fechadas e abertas, agrupadas em blocos temáticos. O ins- trumento definitivo, composto de 121 questões, resultou da modificação de- corrente da avaliação realizada a partir do estudo piloto. Nesse estudo, feito em outubro de 1994, foi seguida integralmente a metodologia posteriormente uti- lizada no trabalho de campo, sendo o tamanho da amostra de 832 entrevistas realizadas em 13 municípios. O instrumento definitivo foi estruturado em 11 blocos (Quadro 1). Quadro 1 ESTRUTURA DO INSTRUMENTO8 Os blocos I, J e K abordam mais especificamente os aspectos relativos ao processo saúde-doença. O bloco I apresenta um recordatório de 38 questões relativas a agravos à saúde, problemas físicos, motores e incapacidades. No bloco J, estão listadas questões que abordam vida de relação, atividades de vida diária, consumo, abuso e dependência de tabaco e álcool. 8 Ver Anexo 1: Instrumento de pesquisa. BLOCO ASSUNTO A Dados Gerais do Idoso B Qualificação da Moradia e Infra-Estrutura C Composição Familiar e Relações Sociais D Ocupação E Renda F Aspectos Sócio-Culturais G Envelhecimento H Sexualidade I Saúde J Vida de Relação e Atividades de Vida Diária - Fumo e Álcool K Área Psicogeriátrica 24 - RELATÓRIO DE PESQUISA A dependência de tabaco é rasteada por uma questão específica, e os problemas relacionados ao álcool são investigados através de instrumento específico de cinco questões da OMS, tendo como ponto de corte 2/39. A prevalência de problemas psicogeriátricos, bloco K, é identificada por um instrumento de rasteamento, indicado por BLAY10 e adaptado aos objetivos da pesquisa. 6.4 - Trabalho de Campo Em agosto de 1995, realizaram-se os treinamentos das equipes que atuari- am no trabalho de campo. Na primeira etapa, desenvolvida em Porto Alegre, um grupo de pesquisadores do Comitê Científico - PUCRS, UCPEL, UFRGS, UNISINOS, UCS e ULBRA - responsabilizou-se pelo treinamento dos pesqui- sadores e dos supervisores de campo das quatorze Universidades. Foi estudado o projeto de pesquisa em seus aspectos metodológicos do trabalho de campo: localização dos setores censitários, leitura dos croquis e localização dos sujei- tos. Utilizou-se, como forma de treinamento da técnica de entrevista, uma entrevista com idoso, gravada em vídeo para propiciar discussão sobre o ins- trumento de pesquisa, a forma de abordagem no momento da entrevista e o registro das informações. Na segunda etapa, idênticos procedimentos foram utilizados para o treinamento dos entrevistadores, garantindo-se que os pesqui- sadores responsáveis pelo treinamento dos supervisores se encarregariam de reproduzi-lo nas suas Universidades. No entanto, na UNISC, UFSM, UPF, URI, UNIJUI E UNICRUZ o treinamento foi realizado por um dos integrantes do grupo responsável pela primeira etapa. Todos estes cuidados e precauções fo- ram tomados com o objetivo de assegurar o máximo de homogeneidade possí- vel na coleta de dados. A coleta de dados foi desenvolvida durante o mês de setembro de 1995, em 79 municípios gaúchos sorteados aleatoriamente11, pertencentes às nove regiões de pesquisa. Em cada região foram trabalhados 110 setores. Em cada setor ficou estabelecido que seriam entrevistados 8 idosos, perfazendo 880 entrevistas por região, o que totalizaria 7920 no Estado. Ocorreram 99 9 IHARDING, T. I.; ARANGO, M. V. de; BALTAZAR, J.; CLIMENT, C.; IBRAHIN, H.; LADRI- DO-IGNACIO, L.; MURTHY, S.; MING, N. Mental Health Disorders. Primary Health Care: A study of their frequency and diagnosis in four developing countries. Psychological Medicine, n 10, p. 231-241, 1980/2. CLIMENT, C. F. & ARANGO, M. V. Manual de Psiquiatria para Trabajadores de Atención Pri- mária. OPS/OMS, Serie Patex n. 1. 10 BLAY, S. L. Identificação de casos psiquiátricos em uma população idosa urbana - validade e aplicações do questionário de rastreamentopsicogeriátrico para a detecção de distúrbios psiquiátri- cos na população idosa na cidade de São Paulo. São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1988. Tese (Doutorado em Medicina) - Escola Paulista de Medicina, 1988, 11 Ver Anexo 2 - com a relação de municípios sorteados. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 25 perdas, o que representou 1,25%, por recusas e/ou por falta de condições dos idosos de participar da pesquisa. Foram efetivamente entrevistados 7821 ido- sos em todo o Estado do Rio Grande do Sul. 6.5 - Processamento e Análise dos Dados A codificação das questões foi efetuada em cada região, junto aos núcleos de pesquisa das Universidades envolvidas. Após essa etapa, cada nú- cleo de pesquisa enviou os instrumentos para uma central de processamento de dados junto à Universidade Católica de Pelotas, onde foram digitados e tabulados. Um grupo de pesquisadores, representantes de algumas das Univer- sidades envolvidas, elaborou um relatório preliminar que foi discutido e apro- vado pelo Comitê Científico. O relatório preliminar entregue, em 12/08/96, ao governo do Estado do Rio Grande do Sul12, constou de informações básicas de identificação do pes- soal envolvido, reprodução das tabelas de freqüência, buscando descrever o comportamento geral das variáveis das amostras estudadas. Através das tabe- las, descreveram-se variáveis segundo sua distribuição em cada uma das nove regiões de pesquisa e no Estado, tecendo-se considerações gerais sobre os da- dos mais significativos. Este segundo relatório, de responsabilidade do Comitê Redator, descre- ve os dados em percentuais a partir da reorganização das tabelas do relatório preliminar. São contemplados somente os dados relativos ao Estado do Rio Grande do Sul, sem especificação das características das regiões pesquisadas. A descrição abrange os dados gerais do idoso, qualificação da moradia e infra- estrutura, composição familiar e relações sociais, ocupação, renda, aspectos sócio-culturais, envelhecimento, sexualida-de, saúde, atividades da vida diá- ria, fumo e álcool e aspectos psicogeriátricos. Nesta descrição, os resultados da pesquisa do Idoso foram comparados com informações sobre o Estado do Rio Grande do Sul, procedentes do IBGE e estatísticas oficiais do Governo do Es- tado. Esta comparação tem dois objetivos: - Mostrar a representatividade da amostra em comparação com os dados da população maior de 60 anos do RS e residente no meio urbano. - Mostrar a relação dos dados específicos do idoso com a população geral do Estado. São estabelecidas comparações das informações obtidas na pesquisa com dados bibliográficos atualizados. As definições conceituais, quando necessári- as, aparecem junto com as análises das tabelas. 12 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso. Os Idosos do Rio Grande do Sul: estudo multidimensional de suas dimensões de vida. Relatório de Pesquisa. Porto Alegre, Conselho Estadual do Idoso, 1996. 7 - Resultados Os resultados deste estudo são apresentados, levando-se em conta os da- dos gerais do Estado do Rio Grande do Sul. A apresentação dos mesmos segue a ordenação dos blocos estruturais do instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados: Dados Gerais do Idoso (Bloco A) Qualificação da Moradia e Infra-estrutura (Bloco B) Composição Familiar e Relações Sociais (Bloco C) Aspectos Sócio-econômicos (Bloco D e E) Aspectos Sócio-culturais (Bloco F, G e H) Aspectos de Saúde (Blocos I, J e K). 7.1 - Dados Gerais do Idoso Desde a década de 60, começa observar-se um certo envelhecimento da população brasileira. Esse processo deve-se a vários fatores, especialmente à modificação da fecundidade que apresenta um declínio cada vez mais acentua- do. Nessa época, começam a produzir-se os primeiros sinais de mudança nas estruturas etárias; diminuindo a presença e peso das coortes13 mais jovens, dan- do lugar a um aumento na participação de idades mais avançadas. Observa-se, também, uma redução da mortalidade nas faixas etárias mais elevadas. De fato, a proporção de pessoas idosas (60 anos e mais) passou de 4,2% em 1950 para 5,1% em 1970, 6,1% em 1980 e 7,6% em 1991. No Rio Grande do Sul, a fecundidade em 1950 era de 5,22 filhos por mulher em idade reprodutiva, 5,11 em 1960, 4,29 em 1970 e de 3,11 em 1980, chegando a 2,93 em 1991. A diminuição da fecundidade pode ser explicada pela introdução e acesso a formas de planejamento familiar que incidem na natalidade e portanto na fecundidade. Paralelo a isso, houve queda do índice de 13 Coortes: grupos de indivíduos que tem um fato demográfico em comum, como: nascimento, casamento, entre outros. 28 - RELATÓRIO DE PESQUISA mortalidade. Esses dois fatores, associados à melhoria das condições de sane- amento básico e dos avanços técnico-científicos na área da saúde, fazem com que a esperança de vida da população aumente e, portanto, a proporção de idosos. A situação acentua-se mais na medida em que aumenta a emigração de gerações de jovens que buscam fora do Estado oportunidades de mudança de condições de vida, inclusive de acesso ao mercado de trabalho. TABELA 2 População total do Estado do Rio Grande do Sul e população com mais de 60 anos, por região de pesquisa - 1991 Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico 1991 A distribuição da população idosa nas diversas regiões de pesquisa é percentualmente diferente da distribuição total da população nessas mesmas regiões. A razão acima de 1,00 implica que a concentração relativa da população com 60 anos ou mais é superior à concentração relativa da população da região, tomada como base. No caso da Microrregião Sudeste Riograndense, a razão de 1,20 implica que esta concentração é 20% maior em relação a esta base. A razão abaixo de 1,00 implica que a concentração relativa da população com 60 anos ou mais é inferior à concentração relativa da população da região, tomada como base. No caso da Microrregião POA, a razão de 0,70 implica que esta concentração é 30% menor em relação a esta base. Ao analisar os idosos pesquisados, observa-se que correspondem a pesso- as que nasceram entre 1905 e 1935. Da população idosa das áreas urbanas pesquisadas, 66,22% nasceu no meio rural e 32,83% no meio urbano. Essa situação deve-se à migração rural para centros urbanos. No caso do Rio Grande POPULAÇÃO TOTAL (A) POPULAÇÃO COM 60 ANOS E MAIS (B) REGIÕES DE PESQUISA Absoluta Percentual Absoluta Percentual RAZÃO ENTRE O PER- CENTUAL DE (B / A) Centro Ocidental RS Centro Oriental RS Metropolitana de POA Microrregião POA Cidade de Porto Alegre Nordeste Rio-Grandense Noroeste Rio-Grandense Sudeste Rio-Grandense Sudoeste Rio-Grandense 479.797 664.328 803.370 1.690.727 1.263.403 784.798 1.943.386 814.290 694.571 5,25 7,27 8,79 18,50 13,82 8,59 21,27 8,91 7,60 48.823 68.704 73.816 105.772 128.379 67.382 170.542 86.977 64.907 5,99 8,43 9,05 12,97 15,75 8,26 20,92 10,67 7,96 1,14 1,16 1,03 0,70 1,14 0,96 0,98 1,20 1,05 TOTAL 9.138.670 100,00 815.302 100,00 - OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 29 do Sul, o movimento migratório foi provocado pelo deslocamento da popula- ção em busca de melhores condições de vida, decorrente da transformação econômica experimentada pelo Estado na sua atividade agrícola. Esta foi influ- enciada pela introdução massiva da mecanização no campo devido especial- mente aos cultivos de soja e arroz. O sexo feminino é predominante nesta população, concentrada na zona urbana, mostrando que o processo migratório também é seletivo por sexo, com uma afluência maior das mulheres para a zona urbana. Estudos realizados, no Brasil, mostram que as mulheres, nos anos 70, tendiam a deixar as zonas rurais com mais freqüência que os homens. Esta proporção aumenta nos anos 80, devido também à sobremortalidade masculina. Observa-se nesta pesquisa uma predominância de indivíduos de cor bran- ca (84,82%). Os de cor parda representam 8,16%, os de cor preta 6,71% e os de cor amarela 0,31%. Configuração semelhante ocorre nos outros estados do Sule no Sudeste do Brasil. Nas demais regiões do país, a incidência de idosos na subpopulação negra é elevada e algumas vezes supera as proporções equiva- lentes de brancos. Em 1980, a distribuição etária da população negra, nessas regiões, tinha uma representação da pirâmide etária de base estreita. TABELA 3 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o estado civil atual - 1995 Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidimensional de suas condições de vida”, p. 22. De acordo com a tabela acima, predominam os idosos casados, embora seja também significativo o percentual de viúvos. No Brasil, a mulher apresen- ta maior incidência de viuvez, já que esta sobrevive ao cônjuge com mais fre- qüência. Entre outros aspectos, nestas gerações, a viuvez deve-se a normas sociais e culturais predominantes na sociedade brasileira em que os homens se casam com mulheres mais jovens. Para muitas mulheres idosas, a não concre- FREQÜÊNCIA ESTADO CIVIL Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO (%) Solteiro Casado Viúvo Desquitado/Divorciado Separado Não sabe/Não respondeu 512 3.543 3.374 211 179 2 6,55 45,30 43,14 2,70 2,29 0,02 0,56 1,13 1,13 0,37 0,34 - TOTAL 7.821 100,00 - 30 - RELATÓRIO DE PESQUISA tização do segundo casamento pode dar-se por barreiras sociais tanto pelas dificuldades de encontrar um parceiro (poucos espaços de convívio social) como por preconceitos familiares e/ou sociais. A questão do respeito pela memória do falecido, na qual a lembrança é central, igualmente pode aparecer como uma opção em manter a viuvez14. TABELA 4 Distribuição dos idosos pesquisados segundo a faixa etária - 1995 13 BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Queiróz. EDUSP, 1987. 14 Na realização da pesquisa foi utilizada a classificação abaixo extraída do Manual de Instrução da pesquisa, que corresponde à denominação de graus de escolaridade vigente na época em que os entrevistados estavam em idade escolar: ESCOLARIDADEFAIXA ETÁRIA (em anos completos) Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO (%) 60 a 64 anos 2.083 26,64 1,00 65 a 69 anos 2.352 30,08 1,04 70 a 74 anos 1.213 15,51 0,82 75 a 79 anos 1.376 17,59 0,86 80 a 84 anos 461 5,89 0,53 85 a 89 anos 259 3,31 0,40 90 anos ou mais 76 0,97 0,22 Não sabe/Não respondeu 1 0,01 - TOTAL 7.821 100,00 - Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidimensional de suas condições de vida”, p. 23. Quanto à distribuição etária, o grupo majoritário está na faixa de 60 a 69 anos sendo, portanto, constituído por pessoas que nasceram entre 1921 e 1930. Encontra-se, na tabela acima, uma menor representatividade de sujeitos com setenta anos e mais, o que se relaciona ao fato da longevidade da população brasileira, começar a aumentar a partir de 1970. No que concerne à escolaridade14 da população idosa do Rio Grande do Sul, predominam os que cursaram o primário incompleto, seguidos pelos anal- fabetos e por idosos com primário completo. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 31 TABELA 5 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o grau de escolaridade - 1995 FREQÜÊNCIAESCOLARIDADE Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO (%) Analfabeto Alfabetizado fora da escola Primário incompleto Primário completo Ginasial incompleto Ginasial completo Complementar Secundário incompleto Secundário completo Superior incompleto Superior completo Não sabe/Não respondeu 1.546 617 2.986 1.515 335 284 75 59 185 25 170 24 19,77 7,89 38,18 19,37 4,28 3,63 0,96 0,75 2,37 0,32 2,17 0,31 0,88 0,60 1,08 0,87 0,45 0,41 0.22 0,19 0,34 0,12 0,32 - TOTAL 7.821 100,00 - Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidimensional de suas condições de vida”. Quanto mais velhas as coortes, maior será a proporção de pessoas sem qualquer nível de escolaridade ou com primário incompleto. Essa situação reflete as condições sociais do período de início do século, época em que as possibilidades de acesso à educação eram extremamente desiguais, privilegiando as elites e nelas os homens em prejuízo das mulheres. Acrescenta- se a isto o fato de que uma grande parte desses idosos viviam - na época - em zona rural. A oferta educacional há sessenta anos atrás, mesmo na zona urbana, era baixa. Na zona rural era ainda mais escassa, e as escolas eram de difícil acesso o que dificultava a escolarização. A baixa escolaridade dos idosos pode ser um fator que intensifica as desigualdades e dificulta o acompanhamento das grandes transformações do mundo contemporâneo, propiciando um maior isolamento, o que pode interferir em uma existência saudável e participativa. Não se pode desconhecer, entretanto, a riqueza do saber informal, presente entre os idosos, principalmente a cultura oral, um conhecimento transmitido de geração para geração. 7.2 - Qualificação da Moradia e Infra-Estrutura 32 - RELATÓRIO DE PESQUISA Com base na amostra estadual desta pesquisa, constata-se que 88,33% dos idosos residem em casas e 9,92% residem em apartamentos. Esta distribuição não é uniforme nas diversas regiões de pesquisa. Nas regiões em que existem grandes centros urbanos, o percentual de residentes em apartamentos se mostrou maior, chegando a 38,95% na cidade de Porto Alegre. Entre os pesquisados, 74,95% possuem em suas residências mais de quatro cômodos, sendo que 5,32% contam com apenas um ou dois cômodos, conforme dados apresentados no Relatório Preliminar da Pesquisa16. 16 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 24. 17 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 31. 18 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 24. TABELA 6 Distribuição dos idosos pesquisados segundo as condições de ocupação do terreno e da moradia - 1995 Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidimensional de suas condições de vida”, p. 25. Dos 7821 idosos entrevistados, a maioria possui moradia e terreno pró- prios. Observa-se uma pequena variação desses percentuais de acordo com as regiões de pesquisa, sendo que Porto Alegre apresenta o menor percentual de proprietários e a Centro Oriental, o maior. Nessas residências, em geral, vivem duas ou três pessoas, conforme Relatório Preliminar da Pesquisa1. A maioria dos idosos do Estado reside com outra pessoa. Essa situação de moradia, que indica a permanência do vínculo familiar, apresenta-se como uma possível estratégia, utilizada para melhorar as condições de existência, convivência e ajuda mútua.. A maioria das residências, 74,95%, possui mais de 4 cômodos, 13,77% tem quatro cômodos e 11,14% possuem de um a três cômodos2. Considerando TERRENO MORADIA FREQUENCIA FREQÜÊNCIA CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Próprio (a) Alugado(a) Cedido (a) Invadido (a) Outros Não sabe/Não respondeu 6.032 586 905 174 102 22 77,14 7,49 11,57 2,22 1,30 0,28 0,93 0,58 0,71 0,33 0,25 - 6.406 602 679 43 79 12 81,91 7,70 8,68 0,55 1,01 0,15 0,85 0,59 0,62 0,16 0,22 - TOTAL 7.821 100,00 - 7.821 100,00 - OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 33 a baixa densidade ocupacional das residências, pode-se afirmar que os idosos possuem razoáveis condições de moradia. TABELA 7 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o acesso à infra-estrutura básica - 1995 LUZ RESIDENCIAL PÚBLICA ÁGUA ENCANADA REDE DE ESGOTO CONDIÇÕES SANITÁRIAS LIXO COLETADO DISPO- NIBILI - DADE f % f % f % f % f % f % Sim Não NS/NR. 7.716 89 16 98,66 1,14 0,20 7.418 392 11 94,85 5,01 0,14 7.395 401 25 94,55 5,13 0,32 4.827 2.900 94 61,72 37,08 1,20 7.373 437 11 94,27 5,59 0,14 7.347 459 15 93,94 5,87 0,19 TOTAL 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 7.821 100,00 Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidimensional de suas condições de vida”, p. 26-28 Margem de erro médio: luz residencial:0,24, luz pública: 0,48, água encanada: 0,53, rede de esgoto: 1,07, instalação sanitária: 0,51, lixo coletado: 0,52. Observa-se que as condições de acesso à infra-estrutura básica, de modo geral, podem ser consideradas ótimas conforme os dados da tabela 7. Mais de 94% têm acesso à iluminação tanto residencial quanto pública. Quanto à água encanada, considerou-se como critério que a residência fosse servida de água da rede pública, pelo menos, por uma torneira. Observou-se que 94,55% das residências dos idosos pesquisados contam com água encanada, enquanto 5,13% não a possuem. As residências que não possuem água encanada são abasteci- das, predominantemente, através de poço. Considerando-se rede de esgotos unicamente a canalização pública (rede cloacal), encontrou-se 61,72% das residências que contam com este serviço. Há uma grande variação dos resultados apresentados nas diversas regiões, con- forme descrição a seguir. Porto Alegre e a Região Noroeste Riograndense são servidas com 84,77% e 84,42% respectivamente; a Microrregião Porto Alegre com 71,79%; a Centro Ocidental RS com 67,01%; a Metropolitana de Porto Alegre com 58,11%; a Sudeste Riograndense com 57,96 % e a Centro Orien- tal do RS com 55,91%. As regiões Sudoeste Riograndense e Noroeste Rio- grandense são servidas por esgoto cloacal com 42,58% e 32,99%, respectiva- mente. Em 94,27% das residências existe, pelo menos, um vaso sanitário, nas demais 5,59% os idosos contam com privada externa ou somente com urinol. O lixo é coletado em 93,94% das residências; 3,12% é queimado; 1,25% enterrado e 1,39% jogado. 34 - RELATÓRIO DE PESQUISA Os dados analisados da infra-estrutura urbana refletem as condições de saneamento público existente na área de moradia dos idosos; ou seja, dispõem de iluminação elétrica, coleta de lixo, instalações e condições sanitárias e condições de moradia. Por outro lado, 6568 idosos, ou seja 83,98% dos entre- vistados, moram acompanhados, sendo que destes, 63,49% residem com uma ou duas pessoas, incluindo o idoso. Poucos residem em famílias mais numero- sas, compostas de seis ou mais pessoas. Deve ser destacado o fato de que 15,52% residem sós. Dos idosos entrevistados 96,89% possuem uma peça pri- vativa para dormir, enquanto que 1,78% dormem na única peça da residência que serve de quarto, sala e cozinha. Quanto à privacidade para dormir, obser- vou-se que 42,90% dormem sozinhos; 43,55% com cônjuge ou companheiros, enquanto 5,01% dormem com filhos, 5,73% com netos ou 2,65% com outras pessoas. 7.3 - Composição Familiar e Relações Sociais Para a compreensão do enfoque que trata da composição familiar e rela- ções sociais, é fundamental que se façam algumas considerações sobre famí- lia, como componente da estrutura social. A família do Rio Grande do Sul, neste final de século, apresenta algumas peculiaridades e tendências que lhe conferem um perfil diferenciado de outras regiões do país. No início do século, caracterizava-se por ser prioritariamente rural. Correntes migratórias européias, principalmente alemã, italiana e polo- nesa que fixaram residência no Rio Grande do Sul, trouxeram seus traços cul- turais, valores e tradições, influenciando o padrão de vida, especialmente do meio rural, onde houve a maior concentração desses migrantes. A população rural, em especial a partir de 1950, atraída pela industriali- zação e pelo fascínio exercido pela urbanização das grandes cidades, desloca- se em busca de melhoria de qualidade de vida. Essa realidade foi vivenciada pela população idosa desta pesquisa que, embora residente em áreas urbanas, é composta em sua maioria, ou seja 66,22% de pessoas oriundas do meio rural, guardando traços e costumes de seu meio de origem. Um de seus traços mar- cantes é a existência de elevado número de filhos, caracterizando as famílias numerosas de décadas passadas, conforme se observa na tabela abaixo: OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 35 TABELA 8 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o número de filhos nascidos vivos e que ainda vivem - 1995 NASCIDOS VIVOS AINDA VIVOS FILHOS Absoluta Percentual Absoluta Percentual Sim Não tem / natimorto Não sabe/Não respondeu 7.298 498 25 93,31 6,37 0,32 7.243 550 28 92,61 7,03 0,36 TOTAL 7.821 100,00 7821 100,00 Fonte: Relatório Preliminar da Pesquisa “O Idoso do Rio Grande do Sul: Estudo multidi- mensional de suas condições de vida”, p. 30. Margem de erro: nascidos vivos: 0,55, ainda vivos: 0,57. Do total da população entrevistada, 93,31% tiveram os seus filhos nasci- dos vivos. Ainda estão vivos 92,61% desses filhos, o que significa um índice bastante expressivo de sobrevivência. Quanto à incidência de número de fi- lhos, é importante registrar que a maior concentração está no grupo de seis filhos ou mais (35,02%). Considerando-se que a população idosa pesquisada encontrava-se na dé- cada de 50 numa faixa etária propícia à procriação, estes dados são reforçados pelos estudos demográficos de índices populacionais que indicam que a fe- cundidade era de 5,22 filhos por mulher, em idade reprodutiva. Portanto, fa- zendo a comparação dos dados gerais da população com o que foi encontrado na pesquisa, constata-se que há correspondência com a realidade dos idosos. A convivência em família, predominante entre a população estudada, é um forte traço cultural. Os 6241 idosos entrevistados correspondem, na amos- tra, a 79,80%, que vivem com familiares. Desses idosos, moram com cônju- ge ou companheiro 28,24%; com companheiro (a) e filho(s) 20,86%; com filho(s) 17,83% ; com filho(s) e netos(s) 16,76%; com companheiro(a),filho(s) e neto(s) 8,35%; com parentes (irmãos, tios e sobrinhos) 4,50%; com pais e ou sogros 0,30% e 3,16% com netos. Com outras pessoas (não parentes, empre- gada, profissional de enfermagem e outros) residem 4,51% dos idosos, en- quanto 15,52% permanecem sós. Esse percentual deve ser considerado tam- bém em relação ao estado civil, uma vez que 6,55% desta população é consti- tuída de pessoas solteiras conforme dados apresentados no Relatório Prelimi- nar19. 19 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 22. 20 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 31. 36 - RELATÓRIO DE PESQUISA Quanto às relações familiares, 95,42% dos idosos as consideram satisfa- tórias20. Essa é uma das questões que pode ter sofrido influência nas respostas pela presença de alguns familiares durante a entrevista. Relacionando-se essa afirmativa com o direcionamento da afetividade, evidencia-se, entretanto, a valorização das relações familiares pelo idoso. Isso se verifica quando 91,33% afirmam dirigir sua afetividade para os membros de sua família, como cônju- ge/companheiro 19,69%; filhos 20,34%; netos 8,84% e familiares 42,46% . A maioria dos idosos (68,78%) não recebe auxílio de pessoas com as quais convive. Os auxílios recebidos por 30,78% dos idosos são provenientes de cônjuge, filhos, netos, parentes, amigos ou vizinhos. Os filhos são a maior fonte de auxílio para os idosos, seguidos pelo cônjuge ou companheiro21. Quanto ao tipo de auxílio que recebem os idosos, merecem ser destaca- dos os seguintes: alimentação 21,11%, dinheiro 17,29% e medicamento 15.42%. Os demais por ordem de incidência são: vestuário (13,87%); habitação (13,66%); saúde (9,43%); cuidados pessoais (8,19%) e outros (1,03%). No entanto, somados os percentuais com saúde e medicamentos tem-se 24,85%, o que representa a área de maior incidência de destino de auxílio22. Consideran- do-se estes dois tipos de necessidades infere-se o quanto o idoso é dependente do auxílio dos outros para a manutenção de sua saúde, evidenciando-se a sua carência econômica.. É importante ressaltar que um significativo número recebe auxílio em dinheiro, podendo ter autonomia para gerir suas próprias necessidades e prio- rizar seus gastos no que julgar melhor. 7.4 - Aspectos Sócio-econômicos Para analisar os aspectos sócio-econômicos que retratam a situação em que vive o idoso no Rio Grande do Sul, foram levadas em consideração asseguintes variáveis: a ocupação profissional que o idoso teve na maior parte de sua vida e a ocupação atual, os setores econômicos referentes a estas ocupa- ções, a idade em que o idoso começou a trabalhar, a idade e o motivo de sua aposentadoria, a origem e a principal fonte de renda individual e a situação ocupacional atual. 21 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 32. 22 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 32. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 37 TABELA 9 Distribuição dos idosos pesquisados segundo a ocupação da maior parte de suas vidas e a ocupação atual - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.33. Pelos dados apresentados na tabela 9, a distribuição dos idosos segundo a ocupação23 na maior parte de sua vida se dá na categoria do trabalhador não- especializado. Este dado reflete o nível de mão-de-obra existente no país. Se- gundo o Anuário Estatístico do Brasil24, entre os grupos de ocupação no país, predominam as atividades voltadas para a agropecuária, produção extrativa, vegetal e animal, indústrias de transformação e construção civil, atividades administrativas, comércio e atividades auxiliares e ocupação mal-definida. As atividades inseridas nestes grupos de ocupação não possuem necessariamente uma formação profissional especializada, da mesma forma que a categoria do trabalhador não especializado usada na pesquisa. Esta situação também se reflete na Região Sul, onde os grupos de ocupa- ção apresentam uma forte predominância nas atividades agropecuárias e pro- dução extrativa vegetal e animal, seguidos de grupos de ocupação na indústria de transformação e construção civil e atividades administrativas. No Rio Grande do Sul, conforme dados desta pesquisa, 86,29% atual- mente encontra-se fora da população economicamente ativa25, dado este que 23 Definiu-se ocupação como sendo o cargo, a profissão ou o ofício exercido pela pessoa (IBGE) 24 Anuário Estatítico do Brasil / Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica, Rio de Janeiro, 1994. 25 O conceito de população economicamente ativa utilizado considera como PEA na semana de referência as pessoas que estavam ocupadas e as que procuravam trabalho. Por ocupado se M A IO R P A R T E D A V ID A A T U A L F R E Q Ü Ê N C I A F R E Q Ü Ê N C I A O C U P A Ç Ã O A b so lu ta P er c e n tu a l M A R G E M D E E R R O A b so lu ta P er c e n tu a l M A R G E M D E E R R O Prop rietá rio A d m in istra d or, geren te Profission a l d e n íve l su p er ior Fu n çõ es d e escritório T rab alha do r especia lizad o ( técn ico) T rab alha do r sem i-esp ecia liza do T rab alha do r n ã o esp ecia liza d o In divídu o s fora d o PE A N ã o sa b e/N ão resp o nd eu 1 .0 9 6 1 0 6 1 5 6 1 8 3 2 7 7 8 9 9 3 .0 2 8 2 .0 4 1 3 5 1 4 ,0 1 1 ,3 6 1 ,9 9 2 ,3 4 3 ,5 4 1 1 ,4 9 3 8 ,7 2 2 6 ,1 0 0 ,4 5 0 ,7 8 0 ,2 6 0 ,3 2 0 ,3 4 0 ,4 2 0 ,7 2 1 ,1 0 0 ,9 9 - 2 3 9 3 4 3 9 1 4 2 3 1 7 1 5 1 6 6 .7 4 9 3 6 3 ,0 6 0 ,4 3 0 ,5 0 0 ,1 8 0 ,2 9 2 ,1 9 6 ,6 0 8 6 ,2 9 0 ,4 6 0 ,3 9 0 ,1 5 0 ,1 6 0 ,1 0 0 ,1 2 0 ,3 3 0 ,5 6 0 ,7 8 - T O T A L 7 .8 2 1 1 0 0 ,0 0 - 7 .8 2 1 1 0 0 ,0 0 38 - RELATÓRIO DE PESQUISA pode ser explicado, se levarmos em consideração que uma parte desta amostra de idosos (26,10%) sempre esteve fora da população economicamente ativa. Além de um percentual alto, este dado comprova que a maior parte dos idosos está fora da PEA, ou seja, estão aposentados, não estão ocupados, estão doen- tes, ou não trabalham. Pelo fato de a amostra ter uma predominância do sexo feminino, este perfil poderia justificar um grande número de idosos fora da população econo- micamente ativa. Além da variável sexo, outra variável a ser considerada seria a procedência rural, onde a mulher ficava restrita às lidas domésticas, ao traba- lho na roça e muitas vezes ao trabalho dentro da própria empresa familiar, sem vínculo empregatício. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (1993) no Rio Grande do Sul26, dos 893.578 idosos, 475.379 estão localizados como popula- ção não economicamente ativa, sendo que destes 325.383 são pessoas do sexo feminino e 149.996 do sexo masculino, o que de certa forma confirma a pre- missa anterior. 25 entende o conjunto de pessoas que possuem trabalho remunerado exercido com regularidade; possuem trabalho remunerado exerido de forma irregular, mas sem procura de trabalho diferente do atual. Excluem-se as pessoas que, não tendo procurado trabalho, de forma excepcional nos últimos sete dias; possuem trabalho não-remunerado de ajuda em negócios de parentes, ou remunerado em espécie de benefício, sem procura de trabalho. In: Informe Pesquisa de Emprego e Desemprego, na região metropolitana de Porto Alegre, FEE, Ano 5, N. 8 Agosto 1996, p. 23. 26 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - IBGE. Porto Alegre, 1993, Rio Grande do Sul, p. 13. Estes dados podem ser atualizados via Internet. PNDA. IBGE em: http:// OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 39 TABELA 10 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o setor econômico em que estiveram vinculados na maior parte de sua vida e o setor atual - 1995 MAIOR PARTE DA VIDA ATUAL FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIASETOR ECONÔMICO Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Agrícola Indústria de transformação Indústria de construção civil Outras atividades industriais Comércio de mercadorias Serviços Serviços auxiliares de atividades econômicas Transportes e comunicações Social Administração pública Outras atividades ou setores Indivíduos fora do PEA Não sabe/Não respondeu 1.934 512 150 76 467 1.396 101 175 247 391 288 2.039 45 24,73 6,55 1,92 0,97 5,97 17,85 1,29 2,24 3,16 5,00 3,68 26,06 0,58 0,96 0,55 0,30 0,22 0,52 0,85 0,25 0,33 0,39 0,48 0,42 0,97 - 221 82 55 11 156 345 27 33 51 40 118 6.645 37 2,83 1,05 0,70 0,14 1,99 4,41 0,35 0,42 0,65 0,51 1,51 84,97 0,47 0,37 0,22 0,18 0,08 0,31 0,45 0,13 0,14 0,18 0,.16 0,27 0,79 - TOTAL 7.821 100,00 - 7.821 100,00 - Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.34. De acordo com a distribuição dos idosos, segundo o setor econômico em que estiveram vinculados na maior parte da sua vida, encontram-se 26,06 % de indivíduos fora do PEA, seguidos por 24,73% localizados no setor agríco- la, ou seja, no setor agropecuário, extração vegetal e pesca, e 17,85% no setor de serviços que engloba alojamento e alimentação (hotéis, pensões, restauran- tes, bares etc,) reparação e conservação (oficinas mecânicas), serviços pesso- ais e domiciliares (cabeleireiros, alfaiatarias, serviços domésticos), diversões, higiene, conservação de prédios e estiva. Estas faixas refletem o predomínio dos grupos de ocupação citados ante- riormente, uma vez que no Brasil ainda o setor agrícola predomina em relação aos demais. Este é seguido pela prestação de serviços e pela indústria de trans- formação27. A realidade do Rio Grande do Sul expressa, portanto, esta força econô- mica que foi a agricultura na economia do Estado, através desta amostra de 27 Abrange a metalurgia, indústria mecânica, móveis, papel e celulose, indústria de couros e peles, indústria de vestuário e sapatos, indústria química, indústria de plásticos, farmacêutica e produtos veterinários, petróleo, têxteis, editorial e gráfica. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - IBGE. Porto Alegre, 1993. Rio Grande do Sul, p. 13. Estes dados podem ser atualizados via Internet. PNDA. IBGE em: http://www.IBGE.gov.br/pnad/pnad.htn 40 - RELATÓRIO DE PESQUISA idosos, os quais estiveram, na maior parte de sua vida, atuando em setores agrícolas. É importante lembrar que a sociedade rio-grandense é constituída por três grandes regiões2,marcadas por economias bem diferenciadas. A re- gião sul e a região norte com predominância no setor agrário, diferenciando-se a primeira da segunda pelo tamanho da propriedade. Enquanto a primeira era marcada pela presença da grande propriedade e de monoculturas bem especí- ficas, a segunda era composta pela pequena e média propriedade, com uma economia diversificada. A terceira região era formada pelo nordeste do Esta- do, constituído por grandes concentrações urbanas, do eixo Porto Alegre-Ca- xias do Sul e por algumas áreas no seu entorno, nas quais, a partir deste século, começou a formar-se um parque industrial3. Estas regiões demonstram um certo predomínio do agrário sobre as áreas urbanas4 e industriais até pratica- mente a década de cinqüenta, quando aumenta de forma considerável o parque manufatureiro do Estado. Cabe ressaltar, portanto, que os idosos de hoje esti- veram ligados a atividades essencialmente rurais, como comprova a sua pro- cedência e o setor econômico de sua ocupação. Atualmente, a maioria destes idosos encontram-se, por força da sua situação ocupacional, fora da população economicamente ativa, aqui representados por um percentual de 84,97% da amostra, seguidos de serviços (4,41%), que se distribuem em alojamento e alimentação, reparação e conservação, serviços pessoais e domiciliares, diversões, higiene, conservação de prédio e estiva. Cabe assinalar ainda que 2,83% de idosos desenvolvem suas atividades ocupacionais no setor agrícola e 1,99% no setor de comércio de mercadorias que abrange supermercados, armazéns, feiras livres, casas de departamentos, comércio atacadista, açougues, postos de gasolina, comércio de material usado e ferro-velho, garrafeiros e papeleiros. 28 ALONSO, José A. Fialho e BANDEIRA, Pedro Silveira. Crescimento inter-regional no Rio Grande do Sul, nos anos 80. In: ALMEIDA, Pedro Fernando Cunha de (coord.). A Economia Gaúcha e os anos 80, uma trajetória regional no Contexto da Crise Brasileira. Tomo 1, Porto Alegre, FEE, 1990, p. 67-130. 29 ALONSO, José A. Fialho e BANDEIRA, Pedro Silveira, op. cit., p-71. 30 É importante lembrar que, em 1910, a Estação Férrea abrange esta região, desencadeando o desenvolvimento destas concentrações urbanas. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 41 FREQUÊNCIA IDADE Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Menos de 40 anos 41 a 44 anos 45 a 48 anos 49 a 52 anos 53 a 56 anos 57 a 60 anos 61 A 64 anos 65 a 68 anos Acima de 68 anos Não sabe/Não respondeu 75 57 201 384 489 1.486 724 1.054 430 234 1,46 1,11 3,92 7,48 9,52 28,94 14,10 20,53 8,38 4,56 0,33 0,29 0,54 0,73 0,82 1,27 0,97 1,13 0,77 - TOTAL 5.134 100,00 - TABELA 11 Distribuição dos idosos pesquisados e aposentados segundo a idade em que se aposentaram - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.35. Os dados desta Tabela referem- se a N=5134, uma vez que dele foram excluídos os não-aposentados. Dos 7.821 entrevistados, 34,36% ainda não se aposentaram, o que é um dado significativo para essa categoria que possui acima de 60 anos de idade. Dos que se aposentaram 28,94% encontravam-se na ocasião na faixa de 57 a 60 anos, 20,53% na faixa de 65 a 68 anos e 14,10% na faixa de 61 a 64 anos. Esses idosos apresentaram como motivo de sua aposentadoria31a idade em pri- meiro lugar, seguida do tempo de serviço. É interessante observar que a idade em que estes idosos iniciaram atividades remuneradas foi de 11 a 14 anos em primeiro lugar, seguida de 15 a 18 anos e em terceiro lugar acima de 23 anos. Chama atenção o número de entrevistados, 11,18%, que iniciaram as ativida- des laborais antes dos 10 anos de idade. Esse fato pode ser explicado pela origem rural dos idosos, visto que a zona rural se caracteriza pelo auxílio de mão de obra infantil nas atividades agrícolas e domésticas. 31 Como critérios de aposentadorias foram utilizadas as alternativas propostas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social ou seja: Tempo de Serviço: mulheres que tenham 30 anos de serviço. Homens que tenham 30 a 35 anos de serviço. Idade/velhice: homens que atinjam 65 anos. Mulheres que atinjam 60 anos. Problemas de saúde/acidente: pessoa de qualquer idade que sofreu doença ou acidente de trabalho que a incapacitou para o seu trabalho usual, impossibilitando-a para o trabalho em outras ocupações que assegurem seu ganho. Especial: pessoa que tenha completado 15,20 ou 25 anos de trabalho em atividades consideradas “insalubres”, “penosas” ou “perigosas”, comprovado por laudo técnico. 42 - RELATÓRIO DE PESQUISA RENDA INDIVIDUAL FREQÜÊNCIASALÁRIOS MÍNIMOS Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Menos de 1 salário mínimo 1 a menos de 2 salários mínimos 2 a menos de 3 salários mínimos 3 a menos de 4 salários mínimos 4 a menos de 5 salários mínimos 5 a menos de 6 salários mínimos 6 a menos de 7 salários mínimos 7 a menos de 8 salários mínimos 8 a menos de 9 salários mínimos 9 salários mínimos ou mais Não tem renda Não sabe/Não respondeu 214 3.839 1.024 444 265 219 137 102 91 433 814 239 2,74 49,08 13,09 5,68 3,39 2,80 1,75 1,30 1,16 5,54 10,41 3,06 0,37 1,13 0,76 0,52 0,41 0,37 0,30 0,26 0,24 0,52 0,69 - TOTAL 7.821 100,00 - TABELA 12 Distribuição dos idosos pesquisados segundo a sua renda individual mensal - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.37. No que diz respeito à renda do idoso, 49,08% dos entrevistados percebem entre um salário mínimo e menos de dois salários mínimos, o que expressa a baixa renda com que vive o idoso no Rio Grande do Sul. Estes dados podem ser comparados com a população do Estado. Para esta população, os percentuais que mais se destacam são aqueles que indicam a renda individual mensal entre 1/2 salário mínimo e dois salários mínimos, sendo que um número considerável da população está localizada na faixa “sem rendimento”. Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Rio Grande do Sul consta que, dos 7.543.908 acima de 10 anos ou mais de idade da população, 2.618.455 percebem de l/2 salário mínimo até dois salários mínimos32, o que mostra a baixa renda da população em geral do Estado. Dos 7.543.908 referidos, 5.017.430 pessoas contribuem para Institutos de Previdência sendo que 40,34% destes percebem entre 1/2 salário e até dois salários mínimos mensais. 32 Dados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1993. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 43 Esses dados também podem ser comparados com a renda dos brasileiros. Conforme o Anuário Estatístico do Brasil33, 44,8% das classes que percebem rendimento mensal estão situadas entre menos de um salário mínimo e menos de dois salários mínimos. É interessante ressaltar que dos entrevistados, 10,41% não possuem renda pessoal, sendo que esse dado é significativo pelo tamanho da amostra. Ainda, 89,23% responderam que possuem renda pessoal e que a proveniência dessa renda é principalmente da aposentadoria e de pensão34. Existe uma diferença expressiva entre essas duas fontes de renda, sendo que mais da metade da população idosa (55,46%) tem sua renda proveniente de aposentadoria e que 18,71% recebem pensão. São alternativas de renda, mas de menor expressão, o abono permanência (3,08%), outros (3,08%), salário (2,98%), serviços eventuais (2,86%) e aluguel (2,21%). Quanto às principais despesas pessoais dos idosos, estes afirmaram que são em alimentação (45,72%), remédios (25,52%) e saúde (9,22%)35. Entre as principais atividades que os idosos desenvolvem - atualmente - o trabalho doméstico aparece como predominante, ou seja, 60,80% dos entrevistados afirmaram ser esta a sua principal atividade. Também são destacados o trabalho eventual (6,80%), seguidas de atividades autônomas (4,51%), pequenos serviços não-remunerados (4,30%), trabalho remunerado sem carteira profissional (3,61%) e outros (2,80%). Uma parcela desses idosos desenvolve atividades voluntárias (2,05%) e trabalho remuneradocom carteira profissional (2,01%),empregador (0,81%). Na alternativa não se aplica estão enquadrados 11,82% dos entrevistados. 7.5 - Aspectos Sócio-Culturais Nas sociedades contemporâneas tem sido crescente a preocupação com a utilização e qualidade do tempo livre. Diante da progressiva massificação do lazer e da cultura torna-se necessária a elaboração de políticas públicas em que o idoso tenha um papel ativo na escolha e no acesso às variadas formas de 33 Anuário Estatístico do Brasil, Rio de Janeiro. IBGE, v. 54, p.1-87, 1994. 34 Estes conceitos foram explicitados no Manual da Pesquisa (p.11) para que não ocoressem interpretação distintas sobre as alternativas propostas no instrumento de pesquisa. Aposentadoria: Proventos decorrentes de aposentadoria, reforma, jubilação, etc... Pensão: Proventos recebidos por pensão deixada por pessoa da qual era beneficiária, paga por Instituto de Previdência ou Fundo de Pensão (fundo do Exército, Marinha, Aeronáutica ou Força Policial); pensão de qualquer natureza, por decisão judicial. 35 Saúde: Gastos hospitalares, com médicos (clínico geral, especialista, psiquiatra), psicólogos, dentistas, despesas ambulatoriais, exames clínicos, consultas, pagamentos de planos de saúde e fisioterapia. Remédios: Despesas referentes à compra de remédios de utilização contínua ou esporádica e de produtos, conforme manual de pesquisa, p. 11-12. 44 - RELATÓRIO DE PESQUISA desenvolvimento cultural e recreativo. Desde a antigüidade o homem tem buscado o desenvolvimento integral, físico, espiritual e mental, sendo o lazer uma das formas de atingir-se a plenitude dessas capacidades. TABELA 13 Distribuição dos idosos pesquisados segundo a forma de ocupação do tempo livre - 1995 FREQUÊNCIA FORMA DE OCUPAÇÃO TEMPO LIVRE Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Assistir TV Conversar com amigos Ouvir rádio Leitura Ouvir música Trabalhos manuais Atividade física 5.060 4.566 3.699 2.224 2.223 2.293 1.209 64,70 58,38 47,30 28,44 28,42 29,32 15,46 1,06 1.09 1,10 1,00 1,00 1,00 0,80 Atividade sócio recreativa 1.336 17,08 0,83 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.41. Refere-se à questão de escolha múltipla. As alternativas não são mutuamente exclusivas. Constata-se que na população idosa o tempo livre é ocupado, de forma predominante, em assistir televisão (64,70%) e conversar com amigos (58,38%). Destacam-se ainda a escuta ao rádio (47,30%), execução de trabalhos manuais (29,32%), a realização de leituras (28,44%) e a audição de música (28,42%). Estas atividades realizam-se predominantemente no espaço privado, podendo no entanto serem compartilhadas com outras pessoas, preferencialmente amigos ou parentes. Dos idosos entrevistados, 17,08% afirmaram realizar atividades sócio-recreativas como passeios, visitas e bailes que contrastam com as atividades descritas anteriormente, uma vez que ocorrem fora do ambiente doméstico, em espaço público. A preferência pela televisão como forma de ocupação do tempo livre pode ser explicado pela presença massiva da televisão nos lares brasileiros. Desse modo, o poder de sedução que exerce a televisão constitui um atrativo de baixo custo e fácil acesso para a ocupação do tempo livre e uma companhia para os idosos. O fato de conversar com amigos, que também faz parte do cotidiano dos idosos, pode ocorrer paralelamente à assistência televisiva. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 45 TABELA 14 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o tipo de associação em que participam - 1995 FREQUÊNCIA TIPO DE ASSOCIAÇÃO EM QUE PARTICIPAM Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Cultural Esportiva Recreativa Religiosa Assistencial Comunitária Sindical Política 222 182 346 2.321 387 524 154 74 2,84 2,33 4,42 29,68 4,95 6,70 1,97 0,95 0,37 0,33 0,45 1,01 0,48 0,55 0,31 0,21 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.42. Refere-se à questão de escolha múltipla. As alternativas não são mutuamente exclusivas. Dos 41,12% entrevistados que participam em algum tipo de associação, há um predomínio na participação em associações religiosas que alcança 72,17%. Em todas as regiões pesquisadas, encontrou-se a participação predominante em associações religiosas seguida da participação em associações comunitárias, assistenciais e recreativas. Deve-se destacar que há uma variação na intensidade com que a população idosa, das nove regiões de pesquisa, participa em associações. Pode-se constatar essa afirmação, comparando os percentuais das regiões pesquisadas. Conforme o Relatório Preliminar36, o maior percentual de participação aparece na região Noroeste com 59,56% e o menor percentual de participação encontra-se na Microrregião Porto Alegre com 33,26%. 36 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Federal do Idoso, op. cit., p. 42. 46 - RELATÓRIO DE PESQUISA TABELA 15 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o tipo de religião que profes- sam - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.43. Dentre os entrevistados 98,12% declaram a religião que professam, enquanto apenas 1,48% afirmaram não ter nenhuma religião. Aparece o predomínio do catolicismo (74,97%), seguido dos evangélicos (16,51%) e dos espíritas kardecistas (4,53%). Esses dados devem ser melhor analisados, principalmente no que se refere ao predomínio do catolicismo. Estudos sobre a religião no Brasil37 apontam o fenômeno do sincretismo religioso, no qual se verifica a convivência do catolicismo, hegemônico oficialmente, com outras manifestações religiosas. Outra diferenciação refere-se à religiosidade como uma "prática privada" ou uma "prática social"38, visto que o ato de orar ou realizar leituras religiosas aparecem como uma prática privada. Nesse sentido, apesar da alta participação de idosos em associações religiosas, torna-se relevante que 38,92% dos idosos afirmaram ter se tornado mais religiosos com o passar dos anos. FREQUÊNCIA RELIGIÃO Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Católica Evangélica Espírita Hebraica Afro-brasileira Outras Nenhuma Não sabe/Não respondeu 5.864 1.291 354 4 117 44 116 31 74,97 16,51 4,53 0,05 1,50 0,56 1,48 0,40 0,96 0,82 0,46 0,05 0,27 0,16 0,27 - TOTAL 7.821 100,00 - 37 BRANDÃO, C. R. Os Deuses do Povo: um estudo sobre a religião popular. São Paulo: Brasiliense, 1986 38 GOLDSTEIN, L. L. & NERI, A. L. Tudo Bem, Graças a Deus, Religiosidade e Satisfação na Maturidade e na Velhice. In: NERI, A. L. (org.) Qualidade de Vida e Idade Madura. Campinas, 1993, p. 109-36. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 47 TABELA 16 Distribuição dos idosos pesquisados segundo o fator atribuído à longevidade - 1995 FREQUÊNCIA ATRIBUTOS DE LONGEVIDADE Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Alimentação adequada Destino Vida organizada Trabalho Ocupação Hábitos saudáveis Gostar de viver Outros Não sabe/Não respondeu 1.508 549 768 573 266 1.067 2.089 658 343 19,28 7,02 9,82 7,33 3,40 13,64 26,71 8,41 4,39 0,87 0,57 0,66 0,58 0,40 0,76 0,97 0,61 - TOTAL 7.821 100,00 - Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.43. Os idosos atribuem a longevidade principalmente ao gostar de viver, à alimentação adequada e aos hábitos de vida saudáveis. Secundariamente ainda apontam os seguintes fatores: vida organizada, trabalho e destino. Em pesquisa realizada no Instituto de Geriatria da PUCRS, foram constatados aspectos semelhantes junto aos idosos do município de Veranópolis/RS. Foi enfatizado que a dieta, os exercícios físicos e o comportamento são considerados como "receitas de bem viver"39. 39 ZERO HORA, Caderno Vida. Porto Alegre, n. 240, 8 de junho de1996, p. 4 e 5. 48 - RELATÓRIO DE PESQUISA TABELA 17 Distribuição dos idosos pesquisados segundo a opção de vida fora da família - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.44. Na resposta à questão "na impossibilidade de viver só ou com a família, o(a) senhor(a) gostaria de viver", os idosos apontaram, predominantemente, a possibilidade de convívio com os parentes. Essa escolha confirma o valor significativo que ocupa a família ou a rede de parentesco na vida dos idosos. Chama a atenção o percentual de idosos que escolheram buscar uma casa geriátrica e viver com os amigos. FREQÜÊNCIA VIDA FORA DA FAMÍLIA Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Com amigos Com parentes Em casa comum com amigos Em casa geriátrica Em hospital Outros Não sabe / Não respondeu 754 3.721 267 1.234 231 662 952 9,64 47,59 3,41 15,78 2,95 8,46 12,17 0,65 1,11 0,40 0,81 0,37 0,62 - TOTAL 7.821 100,00 - OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 49 TABELA 18 Distribuição dos idosos pesquisados segundo os valores mais importantes em sua vida - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.44. Quanto aos valores mais importantes na vida dos idosos, foram apontados a saúde (48,00%) e a família (23,08%). Seguiram-se o amor, a religião, o dinheiro e o respeito. Nessa faixa etária, percebe-se a importância atribuída pelos idosos à saúde e à família pelo fato de serem valores com os quais se relacionam com maior intensidade e freqüência, em função de suas preocupações nessa fase da vida. FREQÜÊNCIA VALORES FUNDAMENTAIS Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Dinheiro Educação Família Trabalho Religião Lazer Respeito Segurança Valorização Amor Saúde Não sabe/Não respondeu 285 215 1.805 148 350 23 275 113 42 691 3.754 120 3,64 2,75 23,08 1,89 4,48 0,29 3,52 1,44 0,54 8,84 48,00 1,53 0,41 0,36 0,93 0,30 0,46 0,12 0,41 0,26 0,16 0,63 1,11 - TOTAL 7.821 100,00 - 50 - RELATÓRIO DE PESQUISA TABELA 19 Distribuição dos idosos pesquisados segundo sua percepção dos problemas sociais - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.45. Dos principais problemas sociais que os idosos gostariam de ver resolvi- dos destacam-se: falta de assistência à saúde, criminalidade, violência e corrup- ção, crianças marginalizadas, incompetência do governo, corrupção dos polí- ticos, desemprego, alcoolismo e droga. É interessante observar que o problema social apontado como predominante - falta de assistência à saúde - está relacionado diretamente com uma das necessidades mais prementes do idoso que, devido às condições decorrentes da sua faixa etária, necessita de maiores atenções nessa área. A área da saúde na realidade brasileira não tem recebido os aportes necessários para a execução dessa política pública. Os demais problemas podem ser interpretados mais como uma preocupação com o coletivo do que com a situação específica do idoso. FREQÜÊNCIA PROBLEMAS SOCIAIS Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Corrupção dos políticos Falta de assistência à saúde Crianças marginalizadas Crise dos valores religiosos Crise dos valores éticos Crise da família Desemprego Alcoolismo e droga Concentração de renda Destruição dos recursos e do ambiente natural Criminalidade, violência e corrupção Política educacional inadequada Incompetência do governo Inflação Não sabe/Não respondeu 797 1.269 940 86 56 143 676 542 302 25 1.148 156 846 220 615 10,19 16,24 12,02 1,10 0,72 1,83 8,64 6,93 3,86 0,32 14,68 1,99 10,82 2,81 7,86 0,67 0,82 0,72 0,23 0,19 0,30 0,62 0,56 0,43 0,12 0,78 0,31 0,69 0,37 - TOTAL 7.821 100,00 - OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 51 TABELA 20 Distribuição dos idosos pesquisados segundo as formas de manifestação da afetividade - 1995 Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.45. Os idosos afirmaram que manifestam sua afetividade, preferencialmente, através de: carinhos, conversas, companheirismos, atenções e cuidados. Uma pequena parcela respondeu que manifesta através de presentes. Essa afetividade é direcionada principalmente para os familiares (42,46%), filhos (20,34%) e cônjuge (19,69%)40. Pode-se inferir que os idosos pesquisados estabelecem relações afetivas mais intensas com as pessoas que estão mais próximas. 40 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 46. FREQÜÊNCIA MANIFESTAÇÃO DA AFETIVIDADE Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Companheirismo Atenções e cuidados Carinhos Conversas Presentes Outros Não sabe/Não respondeu 1.487 1.345 2.570 1.569 209 149 492 19,01 17,20 32,86 20,06 2,67 1,91 6,29 0,87 0,84 1,04 0,89 0,36 0,30 - TOTAL 7.821 100,00 - TABELA 21 Distribuição dos idosos pesquisados segundo as formas de manifestação de sua sexualidade - 1995 FREQUÊNCIA MANIFESTAÇÃO DA SEXUALIDADE Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Atenções especiais Carinhos e toques Relações sexuais Outras Não sabe / Não respondeu 1.929 2.047 689 503 2653 24,66 26,17 8,81 6,43 33,93 0,95 0,97 0,63 0,54 - TOTAL 7.821 100,00 - Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.46. 52 - RELATÓRIO DE PESQUISA Quanto ao tema sexualidade os idosos afirmaram que as suas principais formas de manifestação são: carinhos e toques, atenções especiais e relações sexuais. Torna-se importante ressaltar o alto índice dos que não sabem ou não responderam sobre sexualidade, chegando a totalizar 33,93%. Esse "silêncio" sobre uma área tão íntima, como é a sexualidade, necessita ser contextualizado, referindo-se aos valores da época em que ocorreram a educação e a iniciação sexual dos idosos entrevistados. Nas décadas de 20, 30 e 40 predominava uma moral sexual mais rígida, aliada aos preceitos religiosos. A manifestação da sexualidade estava voltada ao âmbito privado, não sendo usual a fala, em público, sobre esse assunto. Era costume relacionar a sexualidade aos princípios de fidelidade, honra e companheirismo. Segundo Relatório Preliminar41, dos idosos pesquisados, 25,80% afirma- ram não ter observado mudanças na forma de manifestar a sua sexualidade. Um número significativo, 63,03% observaram mudanças. Dos que observaram mudanças, atribuíram à modificação da forma de manifestar a sua sexualidade principalmente à idade, a perda do companheiro e à doença. TABELA 22 Distribuição dos idosos pesquisados segundo sua opinião sobre sexo na velhice - 1995 FREQÜÊNCIA OPINIÃO Absoluta Percentual MARGEM DE ERRO Muito importante Natural Necessário Menos intenso Desnecessário Indiferente Igual às outras idades Não sabe / Não respondeu 530 1.438 663 815 1.739 742 702 1192 6,78 18,39 8,48 10,42 22,23 9,49 8,98 15,23 0,56 0,86 0,62 0,68 0,92 0,65 0,63 - TOTAL 7.821 100,00 - Fonte: Relatório preliminar da pesquisa “ Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas condições de vida”, p.47 No questionamento sobre o sexo na velhice, 18,39% consideram o sexo natural, 8,48% o consideram necessário e 6,78% muito importante. Salienta- se que 22,23% consideram-no desnecessário e 9,49% indiferente. Para 10,42% 41 RIO GRANDE DO SUL. Conselho Estadual do Idoso, op. cit., p. 47. OS IDOSOS DO RIO GRANDE DO SUL - 53 dos idosos o sexo tem sido menos intenso. Esses dados, igualmente, necessitam ser compreendidos no contexto cultural e a partir das condições psico-físicas dos idosos, em que o prazer sexual encontra-se vinculado ao companheirismo, atenções especiais, carinhos
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