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FUNDAMENTOS DO DESIGN AULA 2 Profª Shirlei Miranda Camargo 2 CONVERSA INICIAL Futuro designer, nesta aula, você terá uma visão ampla do design, no Brasil e no Mudo. Começaremos falando sobre a globalização que influenciou profundamente o design; seguimos conhecendo os países que se destacam em relação ao design (os mais premiados) e finalizamos com os maiores nomes da atualidade: internacionais e nacionais. Espero que você se inspire, se dedique bastante ao longo do curso para, quem sabe, em breve, ver seu nome em uma destas listas! CONTEXTUALIZANDO O design passa por um grande momento! Muitas empresas estão contratando diretores de design e investindo em centros de design e inovação. Além disso, várias escolas de negócios e design de alto nível estão utilizando programas interdisciplinares para ajudar os executivos alunos de MBA a pensarem mais como designers e vice-versa. Isso porque, como Chandler et al. (2017) ensinam: “Os negócios quase sempre são melhores por conta do design”. TEMA 1 – DESIGN NO MUNDO E NO BRASIL Vivemos em um momento de constante evolução e mudança, em que as tecnologias estão cada vez mais abundantes, a sociedade mais complexa e as empresas tentando sobreviver. Nesse cenário, o design, como as demais profissões, também vem mudando suas características e metodologias, deixando de focar apenas no produto, para olhar, também, um horizonte bem mais amplo (Vogt, 2017). De acordo com Bürdek (2018), o termo produto evoluiu e hoje pode ser considerado, por exemplo, um serviço ou até um evento. Atualmente, as organizações no mundo todo reconhecem o valor estratégico do design (Bürdek, 2018). Boa parte disto pode ser atribuída à globalização. Globalização foi o fenômeno que fez aumentar as relações entre os países intensificadas principalmente pelo avanço tecnológico. Os reflexos da globalização, no Brasil, aconteceram em meados da década de 1990 repercutindo também no design. Como o designer brasileiro De Moraes em 1997 já afirmava, a grande mudança http://fortune.com/author/clay-chandler/ 3 foi que, com a globalização, os mesmos produtos tinham que ser comercializados em diversos países ao mesmo tempo. Conforme o referido autor, isso levou os designers a deixarem de lado referências unicamente regionais, tornando-as mais sutis, discretas, a fim de que seus produtos pudessem competir globalmente e serem utilizados por pessoas de diversos lugares. Porém, isso não significou o extermínio de produtos regionais, os quais continuaram em forma de artesanato ou com suas características “diluídas”. As empresas começaram a reconhecer o design como uma forma para alcançar esse novo público internacional e, assim, se diferenciar dos demais obtendo uma vantagem competitiva (Landim, 2010). Portanto, com a globalização, o design também passou a ser um fenômeno mundial (Landim, 2010) e criar os produtos globais se tornou um grande desafio para os designers (De Moraes, 1997). Landim (2010) ainda comenta que, no Brasil, as poucas empresas que investem em design se destacam, mas a grande maioria ainda não o faz. A autora afirma que, mesmo 40 anos depois da fundação dos primeiros cursos de design no Brasil, a área ainda é pouco conhecida por grande parte da população brasileira. E para aquela pequena parte da elite que já a conhece, o design é pouco explorado. Isso leva a existência de problemas crônicos de design no dia a dia do brasileiro: nos transportes, na saúde, nos equipamentos urbanos em geral (Landim, 2010). O que é um absurdo, já que o design possui uma variedade de campos e métodos justamente para auxiliar na resolução de muitos problemas (Vogt, 2017). A autora Vogt (2017) acredita que isso é por que, no Brasil, ainda termos uma visão focada em produto, na qual o designer tem um papel de “criar a forma das coisas”, nada mais que isso. De acordo com ela, esse conhecimento superficial do design pode ser consequência, em partes, da época em que o design foi implementado no Brasil e de como foi e é trabalhado nas empresas. No nosso país, a melhor oferta e o melhor preço garantem uma boa fatia do mercado. Dessa maneira, o design é relegado, quando existe na empresa, como um auxiliar do departamento de marketing, não sendo utilizado estrategicamente. Isso faz com que o designer se torne uma ferramenta braçal, sem questionar ou ser questionado se aquela solução é a melhor para a resolução de algum problema ou ainda, se realmente 4 existe um problema a ser solucionado, se há uma necessidade real de nosso cliente (Vogt, 2017). Mas, como nos vimos, o papel do designer vai muito, pois ele resolve problemas, cria soluções e não apenas serve para deixar “as coisas bonitas”. TEMA 2 – PAÍSES QUE SE DESTACAM EM DESIGN Anualmente, é divulgado o ranking mundial de design: World Design Rankings (WDR). O WDR tem como objetivo fornecer dados e informações a jornalistas e economistas sobre a indústria do design, destacando os bons profissionais e seus trabalhos em cada país. O ranking é feito por meio da colocação (acumulativa desde 2010) dos projetos individuais dos designers de cada país no A’Design: um renomado prêmio internacional. Os trabalhos são pontuados entre Platinum, Ouro, Prata, Bronze e Ferro (Mattos, 2016). Figura 1 – Ranking Mundial do Design Fonte: World..., 2018. Como podemos ver na Figura 1, o Brasil ficou com a 11ª posição em 2018, uma pequena melhora em relação a 2017, em que estava na 12ª posição. Contudo, ele já esteve em posições melhores, como em 2016 e 2015, quando ocupou, respectivamente, a 9ª e a 8ª posição (Mattos, 2016; 2017; 2018; 2019). 5 Por que será que o Brasil está nessa posição? Vamos analisar os primeiros colocados e tentar entender? Estados Unidos Uma possível justificativa para os Estados Unidos estarem em primeiro lugar nesse ranking pode ser o consumismo exacerbado que insaciavelmente exige novidades. E tal visão tem uma origem histórica. O impulso do design nos EUA ocorreu por conta da crise econômica de 1929 que arruinou as finanças do país. Para superar a crise, o governo tentou estimular o consumo utilizando o design para tornar os produtos mais atrativos. Surgia o movimento chamado de Styling, focado principalmente na estética, o qual se diferenciava do design europeu que possuía aspectos mais funcionalistas (Andrioli; Galafassi, 2015). Depois da Segunda Guerra, surgiu o American Way of Life (modo de vida americano) que incentivou o consumo em massa em todas as classes sociais. Nesse contexto, a televisão recém-chegada teve papel fundamental. Esse consumismo espalhou-se pelo globo e tornou-se um jeito de viver não só dos americanos, mas do mundo todo (Andrioli; Galafassi, 2015). Esse histórico se refletiu na nossa atualidade. De acordo com Flinchum (2008), o design americano se preocupa em fornecer soluções práticas de curto prazo, ao contrário dos europeus que dão ênfase a tradição. Segundo o autor, parte disso está na visão otimista de que o futuro fornecerá melhores soluções (novos materiais, processos e conhecimentos). Obviamente a desvantagem disto é uma negligência com o meio ambiente e uma sensação que tudo está disponível e que a cada ano se podem mudar as coisas (ex.: renovar os eletrodomésticos da casa, trocar de carro, de celular etc. A vantagem foi uma explosão de design livre da tradição e uma crença de que algo popular não é necessariamente “ruim” (FLINCHUM, 2008). Isso porque, para se “dar conta” dessa renovação constante, o design tradicional tem que dar lugar a um design popular, com custos menores. Como Flinchum (2008) comenta, dessa “descartabilidade” e “popularidade”: “a cultura americana é, em geral, popular”. Se, por vezes, algo é “um pouco vulgar, um pouco malfeito, derivado, ou banal – não se preocupe alguma coisa aconteceráa qualquer momento”. 6 Figura 2 – 1959 Cadillac Coupe de Ville, modelo que representa o ponto alto do design e luxo dos carros americanos. Crédito: James R. Martin/Shutterstock China Assim como a sua economia, o design da China está ganhando proporções mundiais (Globalizado..., 2014). A China tem passado por uma terceira abertura para o mundo relacionada ao grande desenvolvimento que a tornou a segunda economia mundial. Além disso, os estrangeiros estão “de olho” na China em busca de seu imenso mercado consumidor (a população da China representa 22% da população mundial). Por outro lado, a China também quer exportar seus produtos Designed (não apenas Made) in China para o mundo. Isso leva a uma necessidade de que os profissionais locais se tornem versáteis também nos padrões internacionais do design (Porto, 2011). Nesse cenário, o design acabou virando algo estratégico para o governo Chinês. De acordo com Buso (2016), a CIDA (China Industrial Design Association) possui um orçamento de aproximadamente 150 milhões de dólares para promover seu design. Além disso, o governo Chinês insere o design nas ações de políticas públicas em todo o país, ou seja, os investimentos em design são pesados. Em 2006, a revista Macau já sinalizava o tsunami Chinês: Uma revolução silenciosa toma corpo no mundo do design da China[...] É nas escolas de design da China, de onde saem todos os anos cerca de dez mil designers de “canudo” na mão, que está a geração que vai mudar tudo [...] Para reforçar, o designer australiano Ken Cato, com larga experiência no mercado chinês, aposta nos jovens formados no estrangeiro que estão a regressar à China: “Eles farão a diferença! (Design..., 2006). 7 Ou seja, “um mar” de designers sendo formados fora e dentro do país e os investimentos pesados do governo no design que é considerado estratégico levaram a China a estar na segunda posição do ranking global de design. Figura 3 – Modern Chinese Ming Chair Crédito: Dandesign86/Shutterstock Japão Como Foes (2006) afirma “os designers japoneses projetam hoje para atender as necessidades mundiais de amanhã. ” No entanto, nem sempre foi assim. Antigamente os japoneses copiavam e exportavam o design ocidental. Mas graças a um constante incentivo do governo e a grande competitividade das empresas privadas japonesas, o design japonês evoluiu. E foi essa competição que tornou os produtos japoneses extremamente competitivos no mercado internacional, ajudando o país a se reerguer depois da Segunda Guerra Mundial (Foes, 2006). Mais recentemente, o objetivo das empresas japonesas era criar produtos que proporcionassem prazer, alegria e se adaptassem à sensibilidade do consumidor. Pensando nisso, as empresas investiram pesadamente em pesquisas para entender melhor esses consumidores. Foram dessas pesquisas que surgiram objetos icônicos como walkman, filmadoras portáteis, tec toys, disc laser, entre outros (De Moraes, 1997). Atualmente, os japoneses produzem produtos compactos, simples, de qualidade e duráveis utilizando meios de produção extremamente eficientes (Foes, 2006). E a qualidade é um marco importante, pois, em 1957, foi criado um selo que atesta a qualidade do design japonês: o GMark que existe até os dias de hoje (Albano, 2013). 8 Contudo, o designer japonês tem grandes desafios. Quase que diariamente são lançados novos produtos no Japão, assim, o descarte e o reaproveitamento dos produtos é um grande desafio. Outro problema é a falta de espaço e de recursos naturais já que o Japão é um país muito pequeno, fazendo com que os designers pensem em produtos com o melhor arranjo e compactação. Tais fatos são as bases da miniaturização e da nanotecnologia. Ou seja, a tendência e o desafio dos designers japoneses é criar produtos compactos, precisos e simples que sejam úteis no futuro e não interfiram no meio ambiente (Foes, 2006). Figura 4 – Carro compacto, elétrico e futurista da Toyota Crédito: Borka Kiss/Shutterstock Itália Os Italianos são conhecidos mundialmente por sua preocupação estética. Um reflexo disso, por exemplo, é sua moda e seus automóveis, muito valorizados pelo seu design (Veiga, 2015). Ainda segundo Veiga (2015), na Itália “[...] existe toda uma estrutura que privilegia o experimento e o desenvolvimento dos novos talentos. ” Nenhum outro país teve tantos designers de destaque internacional. Além disso, há na Itália um grande número de publicações sobre o assunto que promove uma eterna e renovada discussão sobre o tema. Como o designer Andrea Branzi afirmou: “para história do design italiano, é uma sorte não ter havido um museu, mas as trienais; não ter havido uma escola, mas tantas faculdades; não ter havido uma história, mas muitos livros e revistas” (De Moraes, 1997). 9 De acordo com o teórico Atillio Marcollini, são três as características mais marcantes do design industrial italiano: é um design de “protagonistas”; não querem ser normativos, mas sim icônicos; as empresas lá valorizam o design de forma estratégica (De Moraes, 1997). Em relação a sua evolução, o design italiano passou por diversas fases. Na primeira fase (1945 -1950), o foco eram objetos do cotidiano: rádios e telefones, com formas simples. A segunda fase iniciou nos anos 1960, quando se buscava mais qualidade, levando as empresas a valorizar um desenho mais sofisticado, por exemplo, principalmente nos artigos domésticos. Aqui ganham destaque as famosas máquinas de calcular e de escrever da Olivetti que surgiram com um design bastante ousado para sua época. Já nos anos 1980, os produtos italianos ficaram conhecidos mundialmente e, dos anos 1990 para cá, os objetos italianos se caracterizaram pelo uso mais agressivo de formas e cores. Por exemplo, é nessa época que surge a banqueta Bombo de Stefano Giovannoni com um design inconfundível e cores fortes (Figura 5). Já as características dos anos 2000 no design italiano, além da “leveza nos objetos, foi seu uso não só em casas e carros, mas outros contextos como em navios, por exemplo. Outro foco deles é fazer um produto global, com linguagem local (A História..., 2002). Figura 5 – Banqueta Bombo de Stefano Giovannoni Crédito: Tinxi/Shutterstock TEMA 3 – EMPRESAS QUE SE DESTACAM EM DESIGN A tecnologia e a globalização estão nos levando a mudanças cada vez maiores e mais rápidas. As empresas, para ficar à frente de seus concorrentes, 10 estão se voltando para o design, a fim de se conectar melhor com os clientes e conseguir uma vantagem competitiva. A Revista Fortune fez uma pesquisa com a comunidade do design, executivos e pesquisadores para listar as empresas mais bem-sucedidas em design (de vários setores) (Chandler et al., 2017). A seguir comentaremos algumas delas. Apple Por criar uma geração de produtos inigualáveis, a Apple tornou-se a empresa mais valiosa do mundo. E mesmo após a morte de Steve Jobs, seu principal nome por muitos anos, contrariando os pessimistas, ela continua sendo um sucesso. Dyson Criada pelo desenhista industrial britânico James Dyson, que tinha como foco a tecnologia disruptiva e o minimalismo, a empresa queria transformar eletrodomésticos comuns (aspiradores de pó, ventiladores e secadores de cabelo) em produtos a serem cultuados pelas pessoas. Por exemplo, o secador de cabelo Dyson supersônico (Figura 6), que possui um motor digital com metade do peso e oito vezes a velocidade de um secador tradicional e ainda é silencioso. Figura 6 – Secador de cabelo Dyson Crédito: Papin Lab/Shutterstock Google Como acontece com muitas empresas de tecnologia – Apple, Yahoo e até Amazon –, a linguagem de design do Google já percorreu um longo caminho e mudou muito. Contudo, a maioria dos colegas do Google perdeu suas 11 peculiaridades e tornou-se mais minimalista, com coresmais discretas (ex.: Apple). Já a Google manteve a personalidade de sua juventude por meio de um sofisticado design industrial que usa formas diferenciadas, novos materiais e botões de cores brilhantes. Figura 7 – Celular Google Crédito: Framesira/Shutterstock Samsung Há algum tempo, a Samsung foi aos tribunais defender sua criatividade contra a Apple que a acusava de plágio. Mas o tempo passou e hoje a Samsung é a empresa que mais investe em pesquisa e desenvolvimento, refletindo na criação de TVs, telefones e eletrodomésticos cobiçados por todos. Amazon O bom design não se limita somente a estética, ele é também é função. E a Amazon, com suas lojas que vendem de tudo e com um foco fortíssimo no cliente, são extremamente funcionais. As demais empresas da lista são: Huawei, Microsoft, IBM, Airbnb, Musical.ly, Snap, Meitu, Instagram, Tesla, Ford, Audi, Hyundai, Starbucks, Ikea, PepsiCo, Capital One, Uniqlo, Nike, Zalando, Philips. Se quiser mais informações, acesse o link: <http://fortune.com/2017/12/22/business-design- apple-airbnb-tesla/>. TEMA 4 – DESIGNERS IMPORTANTES NO MUNDO A revista on-line de arquitetura, interiores e design, Dezeen, depois de uma pesquisa com mais de 100 milhões de visualizações de páginas e centenas de milhares de retornos de pesquisa de 1 de julho de 2015 a 30 de junho de 12 2016, elaborou uma lista com os 53 tops designers da atualidade. Na Figura 8, você consegue ver os 10 primeiros colocados (DESIGNERS...2016): Figura 8 – Lista dos 10 nomes principais do design mundial Position Name Tag 1 Oki Sato/Nendo Nendo 2 Thomas Heatherwick Thomas Heatherwick 3 Ronan and Erwan Bouroullec Ronan & Erwan Bouroullec 4 Tom Dixon Tom Dixon 5 Jasper Morrison Jasper Morrison 6 Naoto Fukasawa Naoto Fukasawa 7 Benjamin Hubert/Layer Benjamin Hubert 8 Barber and Osgerby Barber and Osgerby 9 Marc Newson Marc Newson 10 Patricia Urquiola Patricia Urquiola Fonte: Designers..., 2016. Vamos conhecer o primeiro nome da lista? Oki Sato Um dos designers mais influentes do mundo, o canadense Oki Sato, do estúdio Nendo, desenvolve produtos que tragam pequenos momentos prazerosos, de alegria para as pessoas: “Buscamos reconstituir o dia a dia, coletando insights simples e transformando-os em criações que sejam fáceis de compreender, quase intuitivas” (Müller, 2013). Como você deve ter percebido aluno, a lista é composta por uma única mulher. É algo a se pensar... por isso, vou contar um pouco mais sobre essa designer. Patricia Urquiola A designer espanhola radicada na Itália Patricia Urquiola, de 57 anos, é tão eclética quanto bem-sucedida. Fez o projeto do hotel cinco estrelas Il Sereno no Lago de Como, na Itália, um cesto de couro da coleção Mades, da Louis Vuitton e uma reedição da cadeira Lilo. Sobre o fato de ser uma das poucas mulheres que estão entre os designers mais renomados, ela comenta: “Acho um absurdo eu ainda ser uma das poucas representantes na área do sexo feminino. Faço networking com companheiras do mundo inteiro para emplacar ideias novas”. Suas peças são sedutoras e brincam com cores e formas (Di Pilla, 2018). 13 Figura 9 – Tapete Slinkie e Patrícia Urquiola Créditos: Tapete Double Slinkie Desenhado Por Patricia Urquiola Para Cc-Tapis. Marco Craig Para ver a lista completa com os 50 designers clique no link: <https://www.dezeen.com/dezeenhotlist/2016/designers-hot-list/>. Especificamente falando de designers gráficos, a lista de nomes importantes dessa área também é enorme e não há um consenso de quais seriam os melhores. Contudo, dois nomes chamam a atenção, portanto, vamos aprender um pouco sobre eles. David Carson David Carson é um ex-surfista e premiado designer gráfico que nasceu em 1956 nos Estados Unidos. Ele é conhecido mundialmente por seu trabalho inovador. A característica principal de seu trabalho é dar a impressão de desorganização, irracionalidade e falta de coerência. Ele não se preocupa com legibilidade, padrões e grids. Contudo, os elementos presentes em suas obras apresentam uma intensa relação. 14 Carson usa letras invertidas, recortes, tipos distorcidos, quebrados, sujeira, rabiscos e sobreposições que dão ao trabalho características únicas e além de liberdade de interpretação por parte do público. Paula Scher Paula Scher é uma das designers gráficas mais influentes do mundo. Scher abrange a linha entre a cultura pop e a arte no seu trabalho. Icônica, inteligente e acessível, suas imagens entraram para a história americana como, por exemplo, a logo do CityBank (Figura 12) (Paula..., 2019). Figura 10 – Logotipo do CityBank criado por Paula Scher Crédito: Ken Wolte/Shutterstock Similarmente, no design de interiores, não há consenso nas listas de melhores designers, porém, dois nomes costumam a se repetir e serão apresentados na sequência. Kelly Wearstler Conhecida como a "a grande dama do design de interiores da Costa Oeste", ela possui clientes famosos como Gwen Stefani e Gavin Rossdale (Oliveira, 2018). Possui um estilo que mistura o cru com refinado, sofisticação com espontaneidade e reúne móveis dos mais variados períodos. Seu portfólio inclui hotéis de luxo e grandes residências em Beverly Hills, Caribe ou em diferentes lugares do mundo (World’s..., 2019). Kelly Hoppen Kelly Hoppen é uma designer de interiores inglesa considerada uma das melhores do mundo. Sua ascendência judaica e irlandesa influencia seus 15 projetos que incluem não somente residências, mas também iates de luxo, restaurantes, escritórios e até aeronaves (Oliveira, 2018). Figura 11 – Designer de Interiores Kelly Hoppen Crédito: Featureflash Photo Agency/Shutterstock Agora, falando sobre animação e games, podem-se citar os nomes de John Lasseter e Hideo Kojima como designers renomados. John Lasseter Com o avanço da computação gráfica, John Lasseter ganhou destaque. Ele começou trabalhando nos estúdios da Disney e pregava que as animações deveriam ser feitas em computador, o que levou a sua demissão. Então, John foi trabalhar na Lucas Films, onde iria atuar no sistema de animação criado pela empresa, a Pixar Image Computer. No ano de 1986, a Pixar se tornou um estúdio independente e foi comprada por Steve Jobs. Lá, John foi responsável por obras incríveis como Toy Story 1 e 2, Vida de Inseto, Monstros S.A, Os Incríveis, entre outros. 16 Figura 12 – Designer de animação John Lasseter e suas criações Crédito: S_Bukley/Shutterstock Quando a Disney comprou a Pixar, em 2006, ele retornou para a mesma empresa que há 22 anos tinha o demitido, contudo, nesse momento, ele foi recebido com aclamação pelos funcionários e até hoje é diretor criativo (Aristides, 2017). Hideo Kojima O japonês Hideo Kojima é um nome certo entre os melhores game designers do mundo e trabalha na área há mais de duas décadas. Interessante que no início de sua carreira os jogos eram apenas um hobby, pois Kojima se interessava mesmo por cinema. Pode ser que daí vem sua grande capacidade de contar histórias complexas e fascinantes nos seus jogos. Isso o levou a criar o Metal Gear Solid, considerado o melhor jogo já criado em 1988 e vem evoluindo ao longo das décadas estando disponível até os dias de hoje (The 5 Most..., 2018). 17 Figura 13 – Game Designer Hideo Kojima e o jogo The New Metal Gear Solid 5 Créditos: Charnsitr/Shutterstock - Joe Seer/Shutterstock TEMA 5 – DESIGNERS IMPORTANTES NO BRASIL Conforme o ranking da World Design Rankings (WDR) que vimos no tema 2, para conhecermos os países mais premiados em design, os dez maiores designers brasileiros estão listados a seguir. Figura 14 – Melhores Designers Brasileiros Fonte: World..., 2019. Fernanda Marques Arquiteta premiada internacionalmente, formada pela USP, suaa carreira segue a mesma linha conceitual que caracterizou sua formação: o exercício integrado das várias disciplinas. Arquitetura, interiores, design de produto, http://www.worlddesignrankings.com/ 18 comunicação visual e paisagismo são as áreas que atua sempre com um estilo limpo e contemporâneo, em sintonia com o melhor da arte e do design internacionais. Figura 15 – Fernanda Marques e o Banco Infinito Créditos: Demian Golovaty Brazil e Murgel Os designers Fabio Brazil e Henrique Murgel trabalham com design de joias usando a natureza como inspiração, além de explorar tudo aquilo que os materiais podem oferecer. “Valorizamos as propriedades de cada matéria-prima e, assim, exploramos a elasticidade do ouro, o verde da turmalina, o brilho do diamante negro” (Designers, 2019). Um exemplo dessa aplicação foram as pulseiras Cypris que refletem “a natureza imprevisível do mar, com seus movimentos, formas e reflexos”. Este produto inclusive ganhou a categoria Gold no A’ Design Award (Brasileiros..., 2016). 19 Figura 16 – Brazil e Murgel e as Pulseiras Cypris Créditos: B&M Divulgação (1) / Erica Vighi(2) Studio MK 27 Esse estúdio possui uma equipe de 30 designers e foi fundando no final dos anos 1970 por Márcio Kogan, que ainda hoje é autor de todos os projetos que saem do estúdio. Como características marcantes, são grandes admiradores do modernismo brasileiro, valorizam a simplicidade formal e dão muita atenção a detalhes e acabamentos. De 2002 para cá já ganharam mais de 250 prêmios nacionais e internacionais (Studio MK27, 2019). Figura 17 – Sofá Quadrado e Marcio Kogan Créditos: Victor Affaro; Minotti 20 Mula Preta Design “O design da Mula Preta só faz ganhar altura... A Mula é bem-humorada, é uma peça, uma figura...” Fernando Serapião Por essa frase escrita no site do estúdio por Sergio Serapião, crítico de arquitetura e editor da revista Monolito, já se percebe que a principal característica do estúdio de design é a irreverência. Fundado em 2012 por Felipe Bezerra e André Gurgel em Natal, o nome do estúdio é inspirado na música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga “que foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Ela representa a cultura Nordestina, traço marcado pela irreverência do desenho criativo do estúdio”. Ou seja, desde o nome do estúdio até os seus produtos, os traços marcantes são a irreverência, a criatividade e a cultura nordestina, características que os levaram a ganhar inúmeros prêmios, nacionais e internacionais. Figura 19 – Felipe Bezerra e André Gurgel e a Poltrona Basquete Créditos: Humberto Lopes Marcelo Lopes Marcelo Lopes é um designer que ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais e sócio fundador da agência Merchan-Design. As obras de Marcelo ganha destaque “graças ao seu processo criativo que resulta em peças lúdicas, interativas e sensoriais, a fim de promover uma experiência positiva no cotidiano das pessoas”. 21 Abro um parêntese aqui e saliento algo que falamos na nossa primeira aula, que o design não é feito de forma isolada e Marcelo reafirma isso ao falar: “O design é uma atividade coletiva e colaborativa” (Designer..., 2016). Além desses nomes, não se pode deixar de falar nos irmãos Campana (Humberto e Fernando), referência máxima no design de mobiliário brasileiro. Eles são reconhecidos internacionalmente por transforar o ordinário em extraordinário e possuem inclusive obras no MoMA, em Nova York. Criaram obras icônicas como a cadeira Favela e a poltrona Vermelha (Inspire-se..., 2018). TROCANDO IDEIAS Como você percebeu, nas listas de designers, tanto internacionais quanto nacionais, existem poucas mulheres. Pesquise mais algumas designers de destaque para conhecer melhor seus trabalhos, sua história e discuta com seus colegas por que essa situação acontece e o que pode ser feito para que seja mudada. NA PRÁTICA Vimos, nesta aula, vários designers e suas obras maravilhosas. Você prestou atenção na banqueta Bombo (Figura 5) de Stefano Giovannoni? Creio que você já deve ter visto essa banqueta em vários lugares, até pode ter uma em sua casa! Então, procure referências de design (nos objetos, ou na comunicação visual) que tenham tido como inspiração estilos ou designers consagrados. FINALIZANDO Caro aluno, nesta aula, você teve uma visão geral do design no mundo e no Brasil. Acredito que você percebeu que os países melhor sucedidos no ranking do design são aqueles em que há investimento do governo, onde o design é visto tanto pela esfera pública quanto pela privada como ferramenta estratégica. Podemos nos espelhar no caso da China que, por décadas, ficou vinculada a um país que só copiava e, agora, em decorrência principalmente da educação, está se tornando um grande expoente do design. O Brasil, apesar de 22 apresentar designers de renome, muito premiados, está ainda aquém de seu real potencial. Vimos, também, que as mulheres, infelizmente, são ainda minoria nessa área, tanto no Brasil, quanto em outros países. Portanto, deixo a você, futuro designer e seus colegas, a missão de tentar mudar essa situação. É possível sim! Pense nisso... 23 REFERÊNCIAS ANDRIOLI, I.; GALAFASSI, A. G. A contribuição do Styling, o design americano do século XX, para o mundo contemporâneo. Simpósio Científico FSG de Graduação e Pós-Graduação. 2015. A HISTÓRIA do design italiano, na Pinacoteca. O Estadão, 11 jun. 2002. Disponível em: <https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-do- design-italiano-na-pinacoteca,20020611p7391>. Acesso em: 5 ago. 2019. ARISTIDES, R. Lista: os maiores animadores da história. 2017. Disponível em: <https://nosbastidores.com.br/lista-maiores-animadores-historia/>. Acesso em: 5 ago. 2019. BASTIAN, W. Ode a Jasper Morrison. Casa Vogue, 2015. Disponível em: <https://casavogue.globo.com/Colunas/Design-Do- Bom/noticia/2015/06/exposicao-retrospectiva-jasper-morrison-belgica.html>. Acesso em: 5 ago. 2019. BRASILEIROS se destacam no concurso A’Design Award. Design Brasil, 2015. Disponível em: <http://www.designbrasil.org.br/design-em-pauta/brasileiros-se- destacam-no-concurso-adesign-award/>. Acesso em: 5 ago. 2019. BÜRDEK, B. E. Design-história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Blucher, 2010. BUSO, J. Impressões de uma designer na China! Design Brasil, 2016. 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John Lasseter Com o avanço da computação gráfica, John Lasseter ganhou destaque. Ele começou trabalhando nos estúdios da Disney e pregava que as animações deveriam ser feitas em computador, o que levou a sua demissão. Então, John foi trabalhar na Lucas Films, onde ... Crédito: S_Bukley/Shutterstock Hideo Kojima TEMA 5 – Designers importantes no Brasil “O design da Mula Preta só faz ganhar altura... A Mula é bem-humorada, é uma peça, uma figura...” Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS VOGT, F. O papel do Design no mundo contemporâneo. LinkedIn, 2017. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/o-papel-do-design-mundo-contempor%C3%A2neo-fernanda-vogt>. Acesso em: 5 ago. 2019.
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