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XÔ TRISTEZA, BEM-VINDA, ALEGRIA! Copyright 2018 Autor da Fé Editora Categoria: Vida cristã Primeira edição – 2018 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial sem a permissão escrita dos editores. As citações bíblicas foram extraídas da edição Almeida Revista e Corrigida Autora: Angela Sirino Diagramação: Cainã Meucci Capa: Daniel Gonçalves Preparação: Matheus Neves Revisão: Nathália Lambert Coordenação editorial: Filipe Mouzinho Dedico este livro a todos os que vivem em busca de alegria, mas que, por algum motivo, ainda não a encontraram com- pletamente. Espero que este livro sirva como uma bússola rumo à sua felicidade, e que você descubra os sentimentos que roubaram o seu contentamento. A Deus, autor da minha história. Ao meu amigo de todas as horas, meu marido, Osmildo Sirino, por me completar, me entender e me apoiar. Aos meus preciosos filhos Angélica, Annelise e Sirino Júnior. A todos os leitores que apreciam minhas obras, principal- mente aqueles que compartilham seus testemunhos, pois os e-mails e os depoimentos que recebo me incentivam a conti- nuar colocando meus pensamentos em muitos outros livros. SUMÁRIO Introdução ...............................................................................9 1 - Como podemos definir a alegria? .................................13 2 - O que é baixa autoestima? ............................................21 3 - Problemas que acompanham a baixa autoestima ...27 4 - Atitudes que roubam a alegria e trazem depressão .59 5 - Bem-vinda, alegria ...........................................................83 Conclusão ................................................................................97 Oração .....................................................................................111 9 Um dos sentimentos que movem o ser humano e que nos fazem prosseguir na vida, mesmo diante dos problemas, é a alegria. No livro da humanidade, a Bíblia Sagrada, está escrito, em Neemias 8-10d: “Não vos entriste- çais, porque a alegria do Senhor Deus é a nossa força”. A alegria é como uma espécie de energético que motiva nossa alma, nosso corpo e nosso espírito. Ela nos move, nos traz saúde, nos faz conseguir as coisas desejadas e nos projeta a planos superiores, levando-nos ao sucesso na vida, mas é certo também que existem coisas que nos tiram essa energia chamada alegria. Entre elas podemos citar o medo, o sentimento de culpa, a autopiedade, a inveja, a falta de perdão e o perfeccionismo. O estado constante de alegria nos leva à felicidade, mes- mo diante de fatos e situações de estresse e de problemas presentes no nosso cotidiano. INTRODU ÃO X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 10 Conta-se que existia uma vez um rei que, apesar de ser muito rico, era triste, pois não conseguia aumentar o seu tesouro. Ele estava sempre de mau humor, e isso causava enormes problemas a todos, pois seus decretos, rudes e injustos, massacravam o povo com exigências descabidas. Por fim, o rei acabou entrando em profunda depressão. Seus médicos lhe disseram que a única cura para a sua doença era a alegria. O monarca, então, ofereceu um excelente prêmio a quem pudesse lhe trazer a felicidade de volta. Muitos tentaram, mas ninguém conseguiu arrancar um só sorriso do rei. Nada conseguia alegrá-lo. Nem os músicos, nem o bobo da corte, nem as dançarinas, nem os lançadores de enigmas, nem os mímicos ou os encantadores. Os amigos do rei resolveram consultar um grande sábio que vivia ali. Ele lhes disse que, se o rei vestisse a camisa do homem mais feliz daquele reino, a alegria voltaria ao seu coração. Iniciou-se, então, uma intensa investigação para desco- brir quem era o homem mais feliz de todos. Para surpresa dos investigadores, o homem mais feliz da- quele reino morava longe do luxuoso palácio real, num casebre muito simples. Ele, sua mulher e seus filhos trabalhavam de sol a sol no cabo da enxada para conseguir se manter, mas, sempre unidos, passavam o dia rindo e cantando. Os investigadores contaram-lhe o problema que os havia trazido ali e pediram-lhe que ele lhes desse uma de suas A N G E L A S I R I N O 11 camisas, para que a alegria pudesse voltar ao coração do rei. Só então compreenderam porque aquele homem trabalhava na lavoura de peito nu: ele não tinha nenhuma camisa. Um dos investigadores, espantado, perguntou-lhes como conseguiam ser tão felizes tendo tão pouco, ao contrário do rei, que tinha tanto, mas era infeliz: Somos felizes porque o reino de Deus está em nossos corações, respondeu-lhe o homem. (Autor desconhecido) No manual da humanidade, a Bíblia Sagrada, Jesus disse: “O ladrão veio para roubar, matar e destruir, mas Eu vim para trazer vida, e vida em abundância”. A vida abundante se resume em ter uma existência de alegria, de paz, felicidade, de vitória e de amor. Tornamo- -nos assim quando descobrimos que dentro de nós habita a maior de todas as riquezas: “A presença de Deus conosco, sempre, em todos os momentos.” Esta é a presença que nos ensina conceitos e atitudes que nos conduzem a uma vida melhor e nos dirigem ao caminho da felicidade. Aquele que quiser desfrutar de uma alegria interior deve colocar sua vida e sua história sem reservas nas mãos de Deus. Você já fez isso? Se não o fez, aproveite e faça-o agora. 13 P odemos subentender que alegria é qualquer grau de bem-estar, desde o simples contentamento ou a ausência de tristeza, estendendo-o até a experiência mais intensa de alegria ou de realização. A melhor definição de alegria é a seguinte: um senti- mento mais profundo do que o prazer, não é limitado pelas circunstâncias externas nem vinculado exclusivamente a elas. A alegria é um dom de Deus. Uma pessoa alegre é uma excelente esposa ou um exce- lente marido, é uma pessoa amorosa e feliz. É uma pessoa que completa o cônjuge, completa os filhos e ainda os educa de uma forma sadia, formando adultos curados para a vida. A pessoa feliz se torna bonita e contagiante a ponto de atrair coisas boas para si. COMO PODEMOS DEFINIR A ALEGRIA? C A P Í T U L O 1 X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 14 “A alegria nos faz belos, pois o coração alegre aformoseia o rosto.” (Provérbios 15:13) Para descobrir se você é uma pessoa alegre, basta olhar- -se no espelho e perceber o que sua expressão reflete. Que sentimentos são refletidos em sua face? É a tristeza, o medo, a amargura, a insegurança, o pessimismo, ou refletem-se a paz, o otimismo e a alegria? A verdadeira alegria nasce no coração, e não nas circuns- tâncias da vida. “O coração alegre serve de bom remédio e aumenta nossa eficiência no que fazemos, mas o espírito abatido seca os nossos ossos”. (Provérbios 17.22) O coração é o órgão que simboliza a alma, com o seu poder de expressão e de vontade. O oposto da alegria é a tristeza, e ela nos incapacita para a realização dos nossos deveres, sonhos e das nossas vontades. Traz desânimo, pessimismo, mágoas e decepções. Do ponto de vista psicológico, o indivíduo não pode experimentar a alegria enquanto está preocupado com sua própria segurança, com seu prazer ou interesse. Há estudos sobre doenças emocionalmente induzidas que afirmam que 85% de enfermidades provenientes dos nossos dias têm cau- A N G E L A S I R I N O 15 sas emocionais. Por exemplo, a insegurança e a desconfiança causam problemas reais. Mas, por outro lado, a alegria e o bom humor são remédios para a nossa alma. Uma pessoa triste é um grande estrago no casamento, na família, no trabalho, na igreja e na sociedade, porque: • Ela deixa de contagiar os outros de forma positiva e otimista; • Ela deixa de amar a si mesma. Como ela poderá amar os outros? • Ela fica atrofiada nas emoções e nas ações, deixando de se expressar com amor através de seus lábios. Ela não ouve as necessidades dos outros, deixa de sorrir, não anda para ajudar o próximo em suas necessi- dades,não usa as mãos para amparar, amar, tocar e abençoar as pessoas, se torna uma pessoa incapaz de se apaixonar e muitas vezes não corresponde um amor recebido. E você, se considera uma pessoa feliz? Ou está em busca da felicidade? Você acha que é possível ser feliz, mesmo vivendo em meio a problemas como um acidente, uma enfermidade, um divórcio, um abandono, um vício ou um filho que está nas drogas, ou ainda em meio a tanta violên- cia? Ou, quem sabe, diante da reprovação no vestibular, na situação da empresa que faliu, no desemprego, na traição do cônjuge, no namoro que acabou ou num noivado rompido? X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 16 Esses problemas trazem traumas e feridas emocionais e roubam nossa alegria, e é justamente nesses momentos que percebemos o quanto somos frágeis. Você conhece uma árvore chamada carvalho? Essa árvo- re é usada pelos botânicos e geólogos como um medidor de catástrofes naturais do ambiente. Quando eles querem saber o índice de temporais e tempestades que ocorrem numa determinada floresta, eles logo observam um carva- lho existente no local, pois é um vegetal que naturalmente mais absorve as consequências de desastres. Quanto mais tormentas e vendavais o carvalho enfrentar, mais resistente ele fica. Suas raízes naturalmente se aprofundam mais na terra e seu caule se torna mais robusto, sendo impossível uma tempestade arrancá-lo do solo ou derrubá-lo. Mas não pense que os cientistas precisam realizar todas estas análises para saber isso. Basta apenas eles olharem para o carvalho e observar os efeitos e impactos das tempestades que cica- trizam a própria árvore. Ela, robusta e linda, assume uma aparência disforme, como se realmente tivesse feito muita força, muitas vezes adquirindo uma aparência triste. Cada tempestade para um carvalho é mais um desafio a ser ven- cido, e não uma ameaça. Numa grande tempestade, muitas árvores são arrancadas, mas o vegetal permanece firme. Assim somos nós. Devemos tirar proveito das situações contrárias às nossas vidas e ficarmos cada vez mais fortes! Um pouco marcados, muitas vezes com a aparência abatida, mas resistentes, com raízes bem firmes e profundas na terra. A N G E L A S I R I N O 17 Podemos, com isso, compreender o que o nosso Pai celeste maravilhosamente quis nos ensinar quando disse: “Podemos todas as coisas naquele que nos fortalece”. Por isso, quando você olhar pela manhã um lindo alvorecer, lembre-se de que não há motivo para se desesperar diante das tempestades do dia a dia, porque DEUS está contigo. Ele nos fortifica e nos protege. Se você está passando por muitas crises, mágoas, ou lembranças dolorosas, pense no carvalho, veja tudo isso somente como mais uma tempestade que o tornará mais forte. Observe, nas adversidades, oportunidades do Senhor para você crescer e se tornar mais forte! (Autor desconhecido - Modificado por mim) Todos nós carregamos marcas em nossas almas. Elas são cicatrizes ou feridas abertas de mágoas antigas e dolorosas que vivemos desde as nossas infâncias e que se instalam nas nossas vidas quando adultos. Muitos ouviram o pai dizer que não dariam nada na vida, que só faziam coisas erradas; viram a mãe defendendo e preferindo a outra irmã, negando elogios para a nossa aparência física, por limparmos a casa ou por arrumarmos a mesa do almoço. Há feridas que se instalaram na adolescência: as críticas no colégio e os apelidos constrangedores, tais como: Olívia Palito, Mancha, Esqueleto, Gordo, Bujão de Gás, Quatro Olhos, etc. X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 18 Existem, ainda, as decepções com os pais, com o divórcio, com a morte trágica de alguém querido ou a traição de um amigo, do cônjuge ou de alguém que considerávamos ser uma pessoa especial. Entretanto, não podemos nos esquecer que nossos pais, professores, amigos e colegas são pessoas comuns, que também são cheias de erros, acertos, carências, sonhos, dúvidas, e que são tão tendentes a errar e ferir os outros como nós mesmos. Julgar e depreciar as pessoas é mais fácil do que amar, compreender e perdoar. Não cobre das pessoas o que elas não lhe conseguiram dar, mas semeie aquilo que você deseja colher. Feridas na alma costumam ficar abertas ao longo do tempo, depois elas provocam “mágoas e amarguras inexplicáveis”. Muitas vezes colocamos um remedinho nelas, mas de vez em quando algumas situações fazem reaparecer sentimentos que nos trazem de volta à triste- za. Eles ficam gravados em nossa mente e, se não forem tratados, ao longo do tempo vão trazendo consequências que afetam diretamente nossos conceitos, nossos sonhos, nossos relacionamentos e o modo como encaramos a vida. Também afetam o modo como acreditamos em Deus e como nos relacionamos com Ele, com os outros e principalmente com nós mesmos. A verdade é que pelos frutos conhecemos a árvore, mas pela situação das raízes podemos compreender os frutos sem julgá-los apressadamente ou com severidade. Conhe- cendo as raízes, saberemos entender e detectar o porquê de A N G E L A S I R I N O 19 estarem podres ou machucados. Ou ainda mais, podemos cuidar a tempo para que os frutos possam ser transforma- dos em bons e sadios. Assim é conosco, cuidando e curando das feridas enraizadas e abertas em nós, nossos frutos serão mudados. Nossas atitudes são a causa daquilo que está no nosso coração. “A boca fala daquilo que está cheio o coração”. (Mateus 15:18) Se o nosso coração está cheio de amargura, ódio, res- sentimento, vingança e egoísmo, é isso que se refletirá em nossas ações. Esse órgão é a nossa raiz danificada, ferida ou curada! Como está o seu coração? Ele carrega alegrias ou tristezas? Está curado ou ferido? Quais são os frutos que ele tem produzido? Veremos neste livro as principais doenças emocionais que originam uma série de problemas, feridas e sentimentos que roubam nossa alegria. Espero que, ao final dessa leitura, todos possamos dizer “Xô, tristeza! Bem-vinda, alegria”, para que a felicidade venha morar em nossos corações. 21 U m dos maiores ladrões da alegria é a baixa autoes-tima. Para entendermos o que é baixa autoestima, primeiro precisamos saber o que é autoestima. Você sabe o que ela significa? É a avaliação que uma pessoa faz de si mesma, que pode ser positiva ou negativa, ou seja, é o que eu penso de mim mesmo, o valor que me dou e a opinião e o sentimento que cada um tem de si mesmo. Podemos também chamá-la de amor próprio. Esse senti- mento de autovalorização e de amor a si mesmo fortalece, dá energia e motivação aos que a possuem. Quando temos uma boa autoestima, nos convencemos do nosso potencial e expandimos nossa capacidade de sermos felizes. As experiências como decepções, críticas, situações de perda vivenciadas na infância, na adolescência e na juven- O QUE É BAIXA AU TOESTIMA? C A P Í T U L O 2 X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 22 tude, exercem influência significativa na nossa autoestima quando ficamos adultos. Quando a autoestima está baixa, nos sentimos inadequados, inseguros, incertos do que re- almente somos e com um sentimento vago de não sermos capazes de fazer nada, nem de chegar a um objetivo. Ela pode se expressar em forma de angústia, dor no peito, cho- ro, pesadelos, vazio, agressividade, depressão, punição aos outros e a si mesmo, além de desencadear doenças físicas e/ ou emocionais, tais como gastrite, úlcera, câncer e fobias. Geralmente, as pessoas com feridas emocionais culpam os outros pelos próprios erros e encaram todas as críticas como ataques pessoais, além de se tornarem dependentes de relações maléficas. Os maiores indicadores de uma pessoa com baixa autoestima são percebidos quando essa pessoa sente intensa necessidade de agradar os outros, quando não conseguem dizer "não" e quando buscam aprovação e reconhecimento por tudo o que fazem, que- rendo se sentir importantes diante das pessoas. A baixa autoestimaacaba atraindo ou mantendo relacionamentos destrutivos e dolorosos. Da mesma forma, a autoestima influencia tudo o que fazemos, pois é o resultado de tudo o que acreditamos ser, por isso o autoconhecimento é de fundamental importância para aumentá-la. A N G E L A S I R I N O 23 Ou seja, para fazer com que a nossa autoestima se eleve, é necessário saber aonde se quer chegar, confiar em si mesmo, respeitar seus limites, reconhecer seus valores, expressar seus sentimentos sem medo de ser rejeitado e, ainda, sentir- -se competente e capaz de se tornar feliz, independente da aprovação dos outros. É imprescindível entender que quem não acredita e não valoriza a si mesmo dificilmente alcançará a confiança dos outros e arduamente vencerá os obstáculos da vida. Prova- velmente não chegará ao sucesso em qualquer área do viver, pois o vencer começa de dentro para fora. Gosto muito de uma frase escrita na Bíblia Sagrada, em Provérbios, 23.7: “Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim é” em outra linguagem: “Como imaginou em sua alma, assim é” E você? Como você se imagina dentro de si? O que você pensa a seu respeito? Você acredita que é um vencedor, ainda que atravesse crises na vida, ou acredita ser um derrotado? Lembre-se que a baixa autoestima nos faz acreditar que não somos nada nem ninguém. Traz consigo sentimentos de inferioridade e incapacidade que nos levam a fracassar. A visão que temos a nosso respeito determinará nosso futuro. Isso é muito sério! Se acreditamos que nascemos para vencer, certamente seremos vencedores e superaremos X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 24 as crises da vida e as feridas em nossas almas, mas, por outro lado, se não acreditarmos em nossa capacidade de vencer e se nos considerarmos pequenos, frágeis , fracos e incapazes, isso determinará o nosso fracasso. Sua visão com respeito a si mesmo determina sua queda ou sua vitória. Você se vê como vencedor ou derrotado? Você é otimista ou pessimista? Você se considera um verme ou um gigante? Um ninguém ou uma pessoa especial? Diante de acontecimentos complicados, as respostas que damos e o nosso estado emocional são mais im- portantes. O reforço positivo de nossos pontos fortes é capaz de impedir que deixemos de ser controlados pela negatividade; ele nos faz entender que a reação positiva nos permite não só sobreviver, mas também crescer em face das adversidades. Este é o primeiro passo para a cura de suas feridas: “Ter uma imagem positiva a seu respeito e acreditar em seu potencial”. Deus não o vê como um fracassado, Ele sempre pegou pessoas pequenas para marcar gerações, Ele confundiu sábios e entendidos ao longo da história, usando quem pa- recia pequeno para fazer grandes coisas, ensinando a todos que nele somos mais do que vencedores! Podemos todas as coisas naquele que nos fortalece, inclusive vencer. A N G E L A S I R I N O 25 Tire um tempinho agora e faça sua autoavaliação. Quem é você? Como você se vê? Aonde você quer chegar? E lem- bre-se que saber não basta. Diante de qualquer objetivo na vida, é preciso ter planos específicos e viáveis para fazer com que as boas intenções se concretizem. “Para o barco que não tem destino, qualquer porto serve.” (Autor desconhecido) Escolha um porto cuja paisagem seja o sucesso, a felicidade e a consciência tranquila para ancorar seus sonhos e objetivos. 27 Uma autoimagem negativa gera alguns problemas: • Paralisa nosso potencial, nos atormenta com a dúvida e incerteza do que somos e do que podemos ser no amanhã; • Destrói os nossos sonhos; • Destrói os nossos relacionamentos; • Prejudica nossa disposição em servir e ser útil na família, na Igreja, no trabalho e na sociedade. Esses problemas são refletidos através de nossas atitudes. As mais comuns são: PROBLEMAS QUE ACOMPANHAM A BAIXA AU TOESTIMA C A P Í T U L O 3 X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 28 1. A ausência de romantismo no casamento e as escolhas erradas Pessoas feridas fazem escolhas baseadas nas suas de- fesas, com medo de se ferir de novo. Ou ainda oferecem um tipo de amor ou relacionamento baseadas em suas decepções e conceitos. Neste livro, quero compartilhar depoimentos verídicos de pessoas que acompanhei – a muitas ainda aconselho ao longo dos anos. Essas pessoas me fizeram entender as raízes da amar- gura, das mágoas e das feridas na alma, e muito me ajudaram no aconselhamento. Vou apenas substituir os seus nomes por um pseudônimo, para preservar suas identidades. “A ausência de romantismo de Paulo para com sua esposa estava baseada em sua rejeição na infância.” Paulo e Renata se casaram bem jovens, Paulo era filho único, e Renata também. Tinham apenas duas diferenças: a esposa era extremamente amada; seus pais a elogiavam, beijavam, a colocavam para frente, reforçavam sua beleza e sua autoestima. Seus pais eram seus heróis. Encheram-na de amor e carinho. Por outro lado, Paulo era um belo menino, porém o sonho de seus pais era ter uma menina. Nunca o trataram como menina, mas sempre que viam um casal de amigos com uma filha diziam que ainda teriam uma pequenina! Entretanto, o destino os presenteou apenas com o pequeno Paulo, pois sua mãe não engravidou mais. Então um casal de amigos dos pais de Paulo ganha outra filha, e A N G E L A S I R I N O 29 esta se torna afilhada deles. Sempre que Paulo ganhava um presente, a afilhada também ganhava, além disso, ela ga- nhava o amor dos pais de Paulo, participava das viagens em família, dos passeios de carro e ainda ganhava outros pre- sentes. Desde pequeno ele se tornou uma criança fechada, autossuficiente e decidido a se amar acima de tudo. Sempre ouvia que seus pais queriam uma menina, mas em vez de se entregar à tristeza, procurou ser autossuficiente, sem de- monstrar necessidade de receber e dar carinho, como quem dissesse: “Sou mais eu!”. Na fase adulta, ele se tornou rude, seco e frio, como quem quisesse anunciar: “Não preciso de amor, afeto e carinho”. Foi criado em um lar cristão, e a mãe lhe ensinava sexuali- dade como algo extremante perigoso. “Cuidado com a afi- lhada da mamãe”, “Não mexa com ela”, “Homem brinca sem cuidado”, “Não a olhe no banheiro”, “Não a veja trocando de roupa” e “Cuidado com ela!”. Sem Paulo perceber, ele transferiu isso tudo para o casamen- to e, em menos de um ano de casado, começou a tratar a esposa como rival porque, quando se casaram seus pais tinham dito: “Ela é a filha que queríamos ter!”. Seu sentimento foi de que “antes era a afilhada, agora é minha mulher”. Que problemão! Renata me procurou, dizendo: “Preciso de ajuda, ele era ro- mântico, amoroso, nossa primeira noite foi um sonho! Depois fomos morar na casa de seus pais, minha sogra e meu sogro são uma bênção, nos damos muito bem, eles até dizem que eu sou a filha que eles queriam ter! Não entendo porque meu marido X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 30 se tornou tão rude e bruto. Quando eu chego perto dele sem roupa para procurá-lo, ele me manda sair de perto, manda-me vestir, diz que não é hora para aquilo, me chama de gorda, diz que eu estou feia e tem agido com frieza”. Renata é uma mulher lindíssima, chama a atenção por onde passa. É elogiada por onde quer que ande, e seu marido a trata dessa forma. Eu fiquei sem entender. Com a direção de Deus, perguntei como fora a infância de ambos, se ele já havia falado sobre sua criação, e, para minha surpresa, ela me disse o que relatei acima. Ele não passava de um jovem ferido e com baixa autoestima. Toda sua reação com sua esposa era fruto de suas feridas não curadas, abertas na infância e presentes em sua vida na fase adulta. Tudo o que ele viveu com a afilhada dos pais, toda rivalidade, tudo foi transferido para a esposa, que era agora tão querida. Felizmente, após aconselhamento, a jovem esposa se prontificou a ajudá-lo, ainda que ele não soubesse que suas atitudes eram resultados de suasferidas. Tive oportunidade de conversar com ele e, com sabedoria, pude abrir os seus olhos para que o homem enxergasse o valor de sua esposa. De maneira semelhante à história de Paulo e Renata, alguns de nós vivemos com problemas nesta área, sem com- preender que são frutos de feridas que precisam ser curadas. Lembre-se: pela raiz podemos entender os frutos. “Cláudia, na sua mocidade, escolheu um marido, e sua escolha foi baseada em suas feridas.” A N G E L A S I R I N O 31 Eu havia feito uma palestra em um hotel, no Rio de Janei- ro, para mulheres na Adhonep, quando fui ao quarto para descansar e prosseguir viagem no dia seguinte. De repente, meu marido me disse que o pessoal da recepção informara que uma mulher queria falar comigo. Então fui atendê-la. Era Cláudia, uma mulher com o rosto triste e paralisado pela expressão. Ela perguntou se eu poderia ouvi-la por uns 20 minutos. Prontamente, eu disse que sim! Afinal de contas, este é meu chamado da parte de Deus, ouvir e ajudar as pessoas. Ela tinha sérios problemas de baixa autoestima, que ori- ginaram uma série de outros problemas e escolhas erradas. Cláudia nascera em uma família muito próspera, seus pais trabalhavam muito em suas empresas. Durante sua infância e adolescência, ela viveu um terrível pesadelo. Eles moravam em uma grande casa, e nas horas em que os seus pais estavam nos afazeres da residência, ficava por conta de uma antiga empregada da família. Esta começou a levar seu filho para a casa de Cláudia. Ele era adolescente e Cláudia ainda uma criança, e eles brincavam juntos enquanto o dia passava. Porém, em um determinado dia, Pedrinho, filho da empregada, começa a agarrar, a beijar e a passar as mãos por todo o corpo da pequena e indefesa menina. Ela corre, grita e conta para a mãe de Pedrinho, que logo dá uma bronca em Cláudia e diz para ela parar de mentira. “Pedrinho, não faz isso!” E ainda agressivamente diz: “Se ele não puder vir comigo, não posso trabalhar em sua casa”. À noite, quando X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 32 seus pais chegaram, Cláudia procura contar o que estava acontecendo, procurando “proteção”, mas para sua surpresa seus pais também disseram para ela parar de conversa, e concluíram: “Pedrinho cresceu conosco, deixa de inventar história, mocinha”. Ela contou na linguagem de criança e os pais não deram ouvidos. Entretanto, isso persistiu por meses ela era agarrada, beijada e tocada por todo o corpo sem poder se defender, afinal, ninguém acreditava nela. Contou que um dia procurou os pais chorando, repetindo a mesma história. Como solução, o pai pediu para ela brincar sozinha no quarto, porque precisava da mãe de Pedrinho em casa para o papai e a mamãe poderem ir trabalhar, visto que era uma funcionária antiga da família. Cláudia passou a brincar de menina amargurada, ferida e, dentro do próprio quarto, con- tava para suas bonecas o que o pai havia feito. A garota dizia que o pai acreditava mais no Pedrinho do que nela, que era sua filha, e que a mãe não se importava com ela. Da janela do seu quarto, ela olhava Pedrinho, correndo pelo quintal da casa e banhando-se na piscina, com toda liberdade que era para ser dela, “filha dos donos da casa”. Cláudia cresceu com uma profunda mágoa dos pais, prin- cipalmente do pai. Passou a ter aversão à figura masculina. Seu pai fora muito rude e duro com ela, e a privou de des- frutar do seu tempo de criança em sua própria casa. Sem que os pais percebessem, Cláudia não reclamava mais das coisas que Pedrinho lhe fizera, mas começou a se trancar no quarto como uma forma de autodefesa. A N G E L A S I R I N O 33 Imaginem a mente desta criança entrando na adolescên- cia! Cláudia passou a ter um desejo imenso de se casar e saiu em busca do homem protetor e menos rude do que seu pai. Ela havia tomado aversão à presença masculina, sempre procurava homens mais mansos, amigos e menos duros do que seu pai e seus irmãos. Bem nova, ela contraiu matrimônio com um tenente da marinha, um jovem dócil, meigo e romântico. Era um homem muito doce, amigo, companheiro, delicado, total- mente o oposto de Pedrinho, aquele agressivo adolescente que a violentou, e também o oposto de seu insensível pai. Seis anos de casados se passaram, Cláudia agora era mãe e procurava se dedicar ao marido e ao filho, dando ternura e proteção a eles. No relacionamento de marido e mulher, ela se encantava com a sensibilidade de seu marido pelo universo feminino. Até que, em um determinado dia, ela saiu para uma viagem e deixou seu marido sozinho em casa. No trajeto para seu destino, percebeu que havia esquecido algo em casa. Então retorna e entra em casa, silenciosamente, para não pertur- bar o descanso do esposo, afinal de contas, era apenas pegar o objeto esquecido e retornar para seu destino. Porém, ela percebe um barulho de gente em sua casa, especialmente em seu quarto. Preocupada e apreensiva, ela vai até o quarto bisbilhotar o que seria aquilo, quando foi terrivelmente surpreendida por algo que mais uma vez transpassou seu X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 34 coração. Ela presencia seu marido na sua própria cama fa- zendo sexo com outro homem, um colega de trabalho dele. O mundo de Cláudia mais uma vez desaba. Ela foi outra vez ferida, passou a odiar ainda mais os homens e a si mesma pela escolha que havia feito. Ela se perguntava constantemente onde havia errado. No aconselhamento, ela mesma se autodiagnosticava, percebia que, ao pensar em se casar, sempre que chegava um pretendente, ela se lembrava dos problemas com o Pedrinho na infância e da dureza do pai, então ela passou a procurar um marido que menos parecesse com aqueles dois homens. Ela escolheu alguém que se preocupasse com o universo feminino e não notou características que poderiam ser observadas se ela não tivesse passado pelos problemas citados. Depois disso, Cláudia se entregou à depressão profunda, e passou a ter transtorno de bipolaridade e síndrome do pâ- nico, além de ter obsessão para provar aos pais, aos irmãos e a todos que ela poderia viver feliz e sozinha, sem depender de ninguém, muito menos de um homem. Seu objetivo era ser bem sucedida na vida profissional, a fim de mostrar a todos que, apesar de não ter sido “protegida e amada” como filha e esposa, poderia ser alguém na vida. Ela percebeu que estava vivendo e fazendo escolhas, procurando se vingar dos homens e da família. Sua vida estava sendo nutrida pela decepção, pela mágoa e pelo desejo de vingança. A N G E L A S I R I N O 35 Claro que os pais de Cláudia erraram, e muito, mas ela não poderia continuar a vida procurando se vingar e remoendo as decepções que sofrera na vida desde sua in- fância. Naquela noite, chorei com ela, oramos juntas, disse que ela já sabia porque havia feito escolhas erradas, e que o primeiro passo era deixar de culpar os pais e a vida pelos seus sofrimentos. O segundo passo era perdoar Pedrinho, a empregada, seus pais e sua família, e, ainda, perdoar a Deus e a si mesma. Constantemente ela repetia: “Por que Deus permitiu isso comigo? Eu não sei o que fiz de errado para ter que colher isso!”. Concluí com ela no nosso primeiro aconselhamento dizendo que, depois do perdão, ela deveria procurar reescrever em sua vida uma nova história. Mantivemos contato por muito tempo, via e-mail, oramos juntas e acompanhei seus desabafos. Um dia, Cláudia me escreveu dizendo que sabia que aquela ferida jamais seria curada. Então, pacientemente, eu lhe disse que, quando ferimos uma parte do nosso corpo que sangra, vamos ao médico, fazemos um curativo e depois colocamos remédio até cicatrizar e, quando cicatrizado, olhamos para a ferida, e ela não dói mais, porém lembra- mo-nos dos dias em que nos lesionamos, e vemos apenas a cicatriz. Chega um tempo em que a gente vê a marca e nem se lembra mais exatamente como foram os detalhes do acidente que causou a ferida,já cicatrizada. Disse a ela que remoer o passado é persistir em um caminho de fracasso. X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 36 Cláudia pôde se reerguer gradativamente, com altos e bai- xos, se perdoando, perdoando os envolvidos no problema, e depois passou a desfrutar de uma vida melhor com Deus. Cuidado com escolhas feitas baseadas em suas feridas emocionais. Cláudia era uma criança sem maturidade para superar a dor da sua história e sem discernimento para suas escolhas, mas se você a partir de hoje pode perceber as origens de sua baixa autoestima, escolha um caminho de sucesso e de vitória para sua vida. Não se prenda ao passado, coloque seus objetivos nas mãos de Deus. 2. Frieza sexual e conjugal Eu havia acabado de falar sobre sexualidade só para as mulheres e, no final, uma senhora muito simpática me pro- curou, a fim de saber o nome do remedinho que ajudava as mulheres a aumentarem a libido. Enquanto eu dizia o nome do medicamento e ela anotava, a mulher fez um comentário que me chamou a atenção: “Meu marido é tudo isso que você disse hoje: carinhoso, me diz que me ama constantemente, um excelente pai, amigo de meus filhos, além de me dar flores, presentes e muito carinho, o tempo todo. O problema sou eu! Eu queria o remédio para ver se eu melhoro, afinal de contas, ele merece, pois faz tudo para mim, mas, todos os dias quando o sol se põe, eu sinto dor de cabeça e medo da hora em que ele me procura para a intimidade sexual.” Ainda concluiu dizendo: “Sou eu que não gosto de sexo de forma alguma”. A N G E L A S I R I N O 37 Eu perguntei se ela tinha ido ao médico para ver se era algum problema hormonal. Ela disse que já tinha tentado de tudo e, quando olhei nos olhos dela, seu rosto havia mu- dado completamente, e seu semblante era de muita tristeza. Ela continuou, dizendo: “Quando ele me procura, mudo completamente. Ele tem muita paciência, e eu tenho muita pena dele. Porém, é incontrolável a tristeza que sinto, nunca gostei de sexo!”. Os anos de aconselhamento e, é claro, a presença de Deus em nossa vida, nos trazem discernimento e a visão dos fatos. Naquele momento, com ousadia, eu lhe perguntei, impulsionada por uma convicção de Deus dentro de mim: “Querida, você foi violentada em sua infância?”. Fitando seus olhos nos meus, ela respondeu: “Fui... e sofri muito!” Perguntei se ela queria compartilhar comigo, dizendo a ela que eu tinha todo tempo naquela tarde para ouvi-la. Então ela me contou: “Eu tinha de 11 para 12 anos de idade, eram meados de 1979, naquela época as mães diziam que os bebês eram deixados nas portas das casas por alguém ou que eles eram trazidos pela cegonha, embora ninguém jamais houvesse visto uma cegonha, mas achávamos que era verdade. Não era comum as famílias terem TV, só havia na cidade, nas casas dos ricos, e também havia censura”. Continuou ela: “Morávamos em uma fazenda, meu pai era o vaqueiro, e o fazendeiro ia constantemente à proprie- dade. Ele era um homem bom, tratava a gente com respeito X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 38 e carinho, ele deixava até seus filhos brincarem conosco. O filho dele brincava muito comigo, dizia que, quando se tornasse homem, talvez se casaria comigo. Gostávamos de brincar de família, ele deitava perto de mim, brincava de beijar e de outras coisas, mas dizia que era só brincadeira, que eu não era sua namorada. De repente, meu corpo come- çou a mudar de forma, fiquei com a barriga grande e minha mãe descobriu que eu estava grávida. Eu não sabia o que era aquilo e nem como acontecera. Eu era muito inocente, muito pequena e não sei se tinha sido na marra...” Um silêncio a interrompeu. Atemorizada, ela concluía: “Minha mãe queria saber quem era o pai, então ela me contou que os bebês não vinham pela cegonha e me expli- cou como acontecia, então eu disse que havia sido o filho do patrão. Nos dias que se seguiram, meu pai processou o fazendeiro, que deu uma pequena chácara para ele ficar ca- lado e não exigir o registro da criança. Meu pai concordou. Porém, ele e minha mãe passaram a me chamar de vagabun- da, desgraçada, e diziam que eu era a vergonha da família. Trancaram-me dentro de casa para ninguém ver que eu estava grávida, entretanto eles estavam satisfeitos com a ‘sua chácara, fruto da minha desgraça’”. Eu ouvia tudo com muita atenção e aperto no coração. “Dias depois, me deram algumas xícaras de chá com remédios e o bebê nasce de parto normal em nossa casa. Meu pai me pegava pelo braço, me jogava no chão, tudo isso enquanto minha mãe trazia o bebê, um menino, até que A N G E L A S I R I N O 39 meu pai pegou um frasco de “Buscopam” (remédio para dor e cólicas), uma seringa sem agulha e despejou boa parte do medicamento dentro da seringa, com a intenção de abrir forçadamente a boca do bebê. Com o remédio em uma das mãos, segura a boquinha do meu filho. O recém-nascido torceu o corpo e deu uns repuxados. Meu pai colocou o bebê de lado, pegou uma enxada, cavou a terra, e enterrou a criança, até hoje eu acho que ele ainda estava vivo! Depois, meu pai me puxou para dentro de casa, me deu uma sacoli- nha com uma peça de roupa, chamou um tio, que estava em nossa casa passando por aquela região, mas que morava em São Paulo, e lhe disse: ‘leva essa vagabunda, essa sem-vergo- nha, e solta nas ruas de São Paulo. Ela é a nossa vergonha, e não deve mais ficar aqui.’ O tio me levou consigo, sem falar nada, me abandonou nas ruas de São Paulo, e lá eu fui violentada, usada e abusada. Nem gosto de lembrar!” Ela prosseguiu: “Mas, um dia, eu deveria estar com uns 15 anos de idade, passou um carro cheio de mulheres pela rua onde eu dormia. Elas davam agasalho, comida e falavam de Deus e sobre seu filho, Jesus. Elas carinho- samente se aproximaram de mim e me levaram para um abrigo, depois fui trabalhar na casa de uma delas, e aquela mulher me deu muito amor. Conheci um rapaz da casa de recuperação, contei tudo para ele, e ainda assim ele se casou comigo. Nunca mais vi o monstro do homem que se dizia ser meu pai, e nem meu tio... bom... Acho que você já pode entender porque sexo é tão ruim para mim. Sexo não sinaliza prazer, e sim desgraça!” X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 40 Ela então concluiu, dizendo: “Agora só você e meu marido sabem disso, aqui, nesta cidade, nem minhas filhas, que já são moças, sabem!”. Amadas, enquanto ela me contava isso, não pude con- ter minhas lágrimas. Era muita dor abafada no coração daquela mulher e, ao mesmo tempo, uma covardia sem tamanho, mas ainda assim lhe disse que ela precisava perdoar: “o monstro do seu pai, o tio e o filho do patrão!”. Chorando, ela disse que só odiava o pai. Não culpava a Deus, não culpava o rapaz. Falei sobre a vontade permitida de Deus! Ela havia conhecido Jesus depois disso tudo! Fa- lei sobre a gravidade do fato, sobre a maldade do pai, sobre os costumes nordestinos daquela época. Disse que eu, filha de nordestino, conhecia bem a situação, mas também falei sobre perdão, sobre como ele nos liberta para sermos curados e por fim, sobre a dor de Deus em ter dado Jesus pela humanidade. Como Jesus deveria ter se sentido naquele dia, quando o próprio Pai o entregara para ser morto pela nossa vida? Perguntei a ela se aquele bebezinho, que ela dera à luz, pu- desse falar na hora em que seu pai o matara. Porém, frisei a necessidade do perdão, para ela desfrutar de felicidade em sua vida e, principalmente, em seu relacionamento conju- gal. Ressaltei que ela poderia, depois de ser curada daquela ferida, transformar tudo aquilo em bênção, ajudando outras pessoas com aconselhamento. Então oramos, e eu a acom- panhei por um tempo, depois ela sumiu. A N G E L A S I R I N O 41 Meses depois fui palestrar em sua igreja, quando ela me procurou e disse, sorrindo: “Meu marido está tão feliz, e quer conhecê-la. Depois daquela palestra sobre sexualidade e daquele tempoque você conversou comigo, eu passei a pedir ajuda a Deus para perdoar meu pai e me ajudar a gostar da intimidade com meu marido! Quer dizer, já virei os pezinhos umas duas vezes! (Rsrsrsrs, esta é a expressão que eu costumo usar para as mulheres como definição sobre plenitude sexual no relacionamento). Naquela hora eu a abracei, choramos e rimos juntas! E, de repente, seu marido, um senhor muito educado, se aproximou de mim, pegou em minha mão e, emocionado, agradeceu: “Obrigado!”. A senhora ainda concluiu: “Contei minha história para minhas filhas, elas ficaram emocionadas! Quero ajudar outras pessoas. Se precisar de mim, estou à sua disposi- ção para testemunhar”. Este era o sinal de que sua ferida estava curada. O perdão pôde trazer para aquela mulher plena saúde para seu relacionamento. Ela precisava apenas entender que a mágoa prejudica mais aquele que a guarda dentro de si. Existem milhares de mulheres que não desfrutam de uma vida sexual satisfatória porque guardam mágoa: • De uma violência ou de um abuso sexual sofrido na infância, adolescência ou mesmo na fase adulta; X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 42 • De uma frase dita pelo marido no início do casamento; • De coisas insignificantes que se tornam verdadeiros gigantes dentro do nosso relacionamento. 3. Conflitos com a família do cônjuge A baixa autoestima pode atrapalhar nossos relaciona- mentos familiares. Existem pessoas que já foram tão feridas pelos pais, irmãos, tios ou primos que, ao se casarem, vestem uma capa de indiferença e se fecham para a sua nova família, a fim de obter respeito. Eu agi assim com a família do meu marido. Quando percebi que as brincadeiras e as críticas eram parecidas com as que eu ouvia na minha adolescência, simplesmente me fechei e me isolei, a fim de me proteger de novas feridas. Era como se eu dissesse dentro de mim: “Agora já sei como me defender!”. Passei a tratar friamente meus cunhados e cunhadas, afinal, eu não queria ser golpeada por mais ninguém. Acre- ditava que me fechar seria a solução, o que na verdade gerou mais problemas entre mim e minha sogra, meus cunhados, concunhados e até meu marido. Feridas abertas geram mais feridas e outros problemas! A solução é buscar cura para nossas emoções e aprender a conviver com as pessoas, sem sermos “casca de ovo”, sem sermos extremamente sensíveis e, ao mesmo tempo, com sabedoria vinda de Deus, fazer com que as pessoas, com as quais convivemos entendam que precisamos ter o nosso ponto de vista, as nossas ideias e as nossas personalidades respeitadas. A N G E L A S I R I N O 43 Não se feche para os relacionamentos, com medo de ser ferido novamente, procure ser curado para ajudar outros e para desfrutar de uma vida repleta de alegria! 4. Problemas com os filhos Feridas emocionais não curadas geram problemas na educação dos nossos filhos. Pais feridos agem com dureza, a fim de moldar nos filhos aquilo que gostariam de ser. Outros inconscientemente descontam nos filhos toda mágoa que os pais lhe causaram e, pior ainda, é quando se tornam vítimas de suas mágoas e fazem de tudo pelos filhos, dão tudo que pedem e não estabelecem limites. Eu estava palestrando no norte do Brasil e fiquei hospe- dada em uma casa em que mãe e filha estavam em constante discussão. A mãe, uma mulher abençoada, cheia de ativi- dades, amiga de todos, não conseguia dominar sua filha. Em aconselhamento, decepcionada, ela me disse: “Sempre dei o melhor que pude às minhas filhas. Como não tive o melhor, para elas não poupei brinquedos, roupas, passeios, empregadas à disposição para elas aproveitarem a infância da melhor maneira possível. Até que então veio a crise fi- nanceira, e não pude mais dar tudo isso.”. Ao chegar à sua casa, depois do aconselhamento, presen- ciei uma cena muito triste. Sua filha, que estava grávida de três meses, dentro de casa, aguardando a data do casamen- to, sentiu vontade de comer e estava muito nervosa porque sua mãe não chegava para fazer um lanche para ela. A X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 44 mãe, envergonhada pela situação, disse docemente à moça: “Filha, porque você não fez um sanduíche? Tem presunto, pão e queijo na geladeira.” A moça, com um tom de ironia, responde: “Não faço! Foi você quem me criou assim, agora aguenta!”. Em outras palavras, ela quis dizer: “Sempre tive o que quis nas mãos e não vou fazer nada”. Meu coração de mãe se partiu e, ao mesmo tempo, refleti: “Será que eu não estava sendo boa demais com meus filhos, tentando dar a eles tudo aquilo de que fui privada na minha infância?”. Quantas pessoas foram feridas por maus tratos dos pais, por professores ou colegas, por dificuldade financeira, com problemas de saúde ou de qualquer outra natureza, e ali- mentam o seu emocional com o remédio errado, para curar suas feridas? Ou, ainda, geramos outras pessoas feridas porque não fomos curadas? Naquela tarde, aquela mulher me dizia: “Estamos tão apertados financeiramente! Estou em conflito! Os sonhos dos meus filhos estão passando da hora de serem realizados, o sonho do balé, o sonho da coleção de boneca, o sonho do carrinho de controle, da moto ou do carro 0km”. Amados, na hora em que a filha lhe dizia: “agora aguenta”, eu chamei aquela mãe no cantinho e disse: “Amada, sua cri- se é permissão de Deus. Suas filhas podem sonhar e desejar realizar todos os sonhos delas, mas Deus, vendo o amanhã, está através da crise financeira que agora vocês atravessam, A N G E L A S I R I N O 45 dando uma ajuda para lhe ensinar que você estava estragan- do seus filhos. Seu trauma de miséria na infância a estava levando a gerar filhos doentes. Eles podem sonhar, porém precisam valorizar os caminhos para alcançar os seus so- nhos. Você precisa ser curada para ensinar isso a eles”. Que lição eu aprendi naquela tarde! Quantas vezes eu, mãe, estava dando aos meus filhos tudo o que eu não tive. Aquela mulher estava com suas filhas na juventude, e eu com os meus ainda na infância. Estava em tempo de cor- rigir! Pedi a Deus que curasse também o meu coração, pois muitas vezes me preocupei com os sonhos dos meus filhos. Você já percebeu quantas vezes protegemos demais nos- sos filhos e erramos tentando acertar? 5. Dificuldades financeiras Feridas emocionais abertas nesta área podem nos colocar em dificuldades financeiras. Quantas vezes, diante de ame- aças de crises, nos aprofundamos em dívidas parceladas, empréstimos, cartões de crédito e em decisões erradas para mostrarmos às pessoas que estamos bem! Alguns fazem festas, compram carros caros, casas maravilhosas, roupas de marca e sapatos caríssimos, simplesmente pensando em se reafirmarem para alguém ou para um grupo social. “Dizem que STATUS se tem quando se compra o que não se precisa, com o dinheiro que não se tem, para mostrar o que não se é, para quem nem é a gente (Autor desconhecido).” X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 46 6. Solidão, isolamento e tédio Outro problema comum é que as pessoas que possuem baixa autoestima não acreditam no amor dos outros. No subconsciente, existe uma pergunta: “Como alguém poderá amá-la, se nem ela mesmo se ama?” Há pessoas que nunca aceitaram o amor de terceiros, e ainda implantam nos filhos a teoria do isolamento, que leva à solidão. Não se pode chamá-las de amadas ou queridas, não costumam aceitar elogios, sempre acham que o carinho vem motivado por algum tipo de interesse ou falsidade e geram filhos doentes, solitários e isolados. Não conseguem encontrar uma amizade verdadeira em meio a sete bilhões de habitantes que povoam o globo terrestre. Vivem solitárias no meio do mundo. Uma amiga reclamou que, num determinado dia, chegou na casa de sua mãe, que é uma pessoa com essa característica de isolamento e desamor, e disse que ela e as crianças almo- çariam na casa da vovó. Era feriado, e ela havia aproveitado para matar a saudade damãe e levar os netos para revê-la. Entretanto, ao informar sua mãe do seu objetivo, esta logo retrucou dizendo que estava muito ocupada, cuidando da poeira da casa, respondendo agressivamente: “Eu não vou fazer almoço, se quiser vá para a cozinha”. Ela, com os olhos marejados de lágrimas, me disse: “A limpeza, a casa e os afazeres, para minha mãe, eram mais importantes do que sentar à mesa para um simples almoço, com a filha e os dois netos”. A amiga disse que segurou as lágrimas, sorriu meio A N G E L A S I R I N O 47 sem graça e disse à mãe que estava brincando. Frustrada, saiu e foi almoçar em um restaurante. A mãe daquela amiga tinha perdido sua mãe muito cedo, com aproximadamente 14 anos de idade, e seu pai logo se casou e preferiu a madrasta em vez dos filhos. Deixou que os filhos se criassem sozinhos. Imagine o que é o amor para aquela mãe? Seu próprio pai a trocou por uma mulher! Infelizmente, as pessoas dão o que recebem. Ela não tinha recebido amor, estava ferida e não tinha passado por um processo de cura da alma, por isso ela não sabia oferecer afeto, pois não tivera um referencial desse sentimento. A falta de amor próprio gera isolamento, que traz solidão, que, por sua vez, afasta as pessoas. Deixe Deus curar suas emoções para que você possa desfrutar de alegria em sua vida. 7. Problemas de saúde Como já mencionamos acima, é comprovado pela me- dicina que algumas doenças, como gastrite, úlcera, câncer e infarto (entre outras) podem ter sua origem em fatores emocionais. Ainda é comprovado que grandes decepções que geraram mágoa, amargura, ressentimentos e depressão são os maiores causadores de câncer. O coração ferido traz enfermidades. “Mas o espírito abati- do seca os nossos ossos”. (Provérbios 17.22b) X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 48 8. Envelhecimento A falta de alegria nos faz perder o desejo de sorrir e de cuidar de nós mesmos. Nos deixa com o rosto fechado e com a tendência para reações negativas a elogios e atitudes de carinho. O rosto fechado também molda as famosas linhas de expressão antes do tempo (previsto naturalmente) e ainda tira os nossos sonhos, transformando jovens rapida- mente em pessoas envelhecidas de alma e de espírito. 9. Inadequação Este sentimento é uma das características de quem tem baixa autoestima, e faz com que a pessoa se sinta perdida em meio a uma multidão. É expresso através do suor nas mãos e do medo de atravessar sozinho um lugar público, com a impressão de que todos o estão olhando. As pessoas que possuem esse sentimento não arriscam novas amizades ou um novo trabalho e evitam falar com pessoas que não fazem parte do seu grupo, com medo de serem rejeitadas. Geralmente, pessoas que têm este sentimento foram crian- ças que ouviram “Fica calado, menino! Você me mata de vergonha. Você só abre a boca para falar besteira. Você anda todo desengonçado. Oh menina feia”. O pior é que essas frases foram ditas pelas pessoas que deveriam ser referência de amor e afeto na vida. Eu fui assim. Na minha infância, eu não ouvia elogios, as pessoas só elogiavam minhas irmãs, eu era o patinho feio de casa, cresci muito rápido e tentava andar encurvando os A N G E L A S I R I N O 49 ombros para ficar na altura das minhas amigas da escola. Deveria ter entre 12 ou 13 anos de idade, e não ouvia nin- guém me dizer: “Que linda você está ficando, mocinha!”, mas eu ouvia e via meus irmãos e colegas a rirem de mim e a dizer que eu era desengonçada, que meu nariz era grande e minha boca muito pequena, e que eu só abria a boca para falar besteira. Nessa época, passei a frequentar as reuniões sociais com meus pais, e quando eu atravessava um salão, acidentalmen- te, eu costumava cair. Só andava com um pacote nas mãos, pois o pacote significava minha segurança para ninguém olhar meus braços compridos balançando entre meu corpo. Eram os complexos de uma adolescente que precisavam ser tratados! Descobri que caía ao caminhar, porque entortava as pernas, procurando ficar menos desengonçada. O tempo passou, e, ao me encontrar com Jesus, ele curou minhas feridas emocionais, e me fez superar os ladrões de alegria que afligiam minha vida e meus sentimentos dia e noite. (Adquira o DVD “Minha vida, minha história”, e seja forta- lecido pelo meu testemunho de superação). O sentimento de inadequação também gera insegurança, que é um sentimento que impede a pessoa de terminar o que começa. A insegurança é gerada por uma falta de con- fiança e de credibilidade no próprio potencial. Geralmente, a pessoa insegura é aquela que constantemente ouviu que não conseguiria ser capaz de vencer na vida, que não seria capaz de realizar os seus sonhos. Isso mesmo, a insegurança X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 50 é gerada por coisas bem simples, como por exemplo, por frases ouvidas desde a infância: “Você não vai conseguir andar de bicicleta, fazer a tarefa de casa, pegar o chinelo do papai, acertar a bola e fazer um gol no quintal de casa. Você é muito pequeno para isso!” Você está achando que é alguma coisa? As pessoas que foram marcadas com essas frases se tor- nam inseguras e geralmente desistem do que começam. Não confiam em si mesmas e não acreditam em seu potencial. A mãe de Renata dizia que tudo o que ela fazia dava er- rado, chamava-a de feia, de desengonçada e ainda chegava a dizer que mulher só nascia para sofrer, e que se ela, como mãe, pudesse escolher o sexo dos filhos, gostaria que todos nascessem homens. Renata era a única filha mulher em uma casa com três filhos, e ouvia isso desde pequena. Ela era uma adolescente muito retraída, insegura, e se sentia inadequada para conviver com qualquer grupo. Ela quase não conver- sava, mas às vezes tinha extremos ataques de gargalhadas, tentando ser interessante e legal. Eu era recém casada e trabalhava com os adolescentes da Igreja. Como tive muitos problemas de autoestima, e Deus havia me curado das minhas feridas e traumas emocionais, eu sabia, ainda que fosse inexperiente, diagnosticar proble- mas de baixa autoestima. Então perguntei à mãe de Renata se ela sabia fazer alguma coisa na cozinha, um doce ou um bolo, qualquer coisa serviria. A mãe me respondeu ironicamente: A N G E L A S I R I N O 51 “Ela não faz nada que presta, só um bolo de cenoura e que ainda fica mais ou menos”. Sorri e lhe disse: “Esse serve!”. Convidei Renata para passar uma tarde comigo e, lá em casa, pedi para ela me fazer um bolo de cenoura, disse a ela que sua mãe me falara que o seu bolo de cenoura era delicioso! Ela, desconfiada, me afirmou que sua mãe criti- cava o bolo de cenoura que ela fazia! Eu sorri e afirmei toda convicta: “Isso é medo de falar que o seu bolo fica melhor do que o dela!”. Ela fez o bolo, eu orei o tempo todo para que a receita ficasse boa, depois comemos e o bolo realmente ficou muito bom. No domingo, contei aos adolescentes da sala da escola dominical que Renata fazia um bolo de cenoura delicioso, então aproveitamos e marcamos um lanche para a turma toda experimentar o bolo da Renata. No dia, eu comia e fazia “Hummmmmmm! Que delícia!” Quem era doido de discordar da tia? (Rsrsrsrs) Percebi uma crescente estima naquela mocinha! Comecei a levá-la para me ajudar a fazer lanches para a turma da sala, ela sempre fazia o bolo de cenoura, e ainda passou a fazer outras receitas. Aonde eu ia, ela me acompanhava. Um dia eu fui decorar a Igreja para uma festividade, e no final da tarde seus pais foram buscá-la no local, mas naquele dia Renata não havia feito nada mais do que colocar argila nos vasos e umas folhas de samambaias nos arranjos. Mesmo assim, eu agradeci aos seus pais por deixá-la sempre X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 52 comigo, olhei sorrindo para a mãe, puxei Renata para perto de mim, abracei-a e disse: “O que seria de mim sem a ajuda de Renata, aqui, hoje?”. Percebi lágrimas nos olhos da mãeque, depois, me procurou e disse que sua filha estava trans- formada, se tornara uma menina alegre, comunicativa e autoconfiante. Naquele dia, a sua mãe compartilhou comigo que estava entendendo que o problema da filha eram suas críticas, induzindo-a a ser uma fracassada. Os anos se passaram, e hoje Renata é uma mulher linda, capaz, autoconfiante, inteligente e se tornou uma psicóloga! Ela só precisava que alguém lhe mostrasse que ela era capaz de fazer coisas especiais, que ela era importante para a vida de alguém, ainda que fosse para fazer um bolo de cenoura ou carregar uma porção de argila para decorar o vaso de uma festa. Ela precisava ser amada e valorizada. Pessoas que foram criticadas e rejeitadas costumam ter um sentimento de inadequação e de insegurança. Ainda que você tenha sido hostilizado, ouvindo constantemente que você não conseguiria ser nada na vida, acredite em seu potencial e, se as críticas e as palavras que a feriram ainda remoem dentro de você, dê a volta por cima e descubra a capacidade que você tem de realizar os seus sonhos e fazer a diferença em sua geração. 10. Perfeccionismo O perfeccionista é aquele que vive constantemente com o sentimento de que ainda não atingiu o padrão desejado, A N G E L A S I R I N O 53 sempre precisa melhorar, e, quando acha que já chegou a um bom grau de acertos no seu perfeccionismo, passa a se considerar melhor e mais correto do que os outros. Geral- mente, critica tudo o que as pessoas ao seu redor fazem e, por mais que alguém tente agradá-lo, sempre fica faltando alguma coisa. É extremamente exigente até mesmo consigo e, por isso, quando não alcança os seus objetivos, tem um sentimento de culpa. Por outro lado, pode também se tornar uma pessoa arrogante, porque, por sempre tentar fazer o melhor, ainda que não saia perfeito, acha que o que faz é melhor do que o que as outras pessoas fazem. Os perfeccionistas também produzem uma imagem dis- torcida de Deus e acham que nunca podem agradá-lo, pois eles mesmos são assim “difíceis de agradar”. Geralmente os perfeccionistas foram formados por pais que nunca estavam satisfeitos com o que quer que o filho fizesse. Pais cujo amor era condicionado. As frases mais comuns eram: “Vou ficar feliz se você tirar 10 em todas as matérias”, “Vou lhe dar um beijo se você ficar caladinho enquanto os adultos conversam”, “Não me decepcione, não suje a roupa quando for brincar”, “Você pode fazer melhor”, “Oh, menina ingrata, não faz nada de que eu goste” ou “Me- nino desobediente, você nunca me obedece”. Outro fator que gera perfeccionismo é a falta de equilíbrio emocional dos pais. Ora batem e ora beijam pela mesma atitu- X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 54 de. Um dia pode entrar em casa com os pés sujos, outro dia não pode entrar, sem ao menos explicarem o motivo a eles! Esses são filhos de pais imprevisíveis, irracionais. Criam adultos perfeccionistas que só sabem cobrar, exigir e questionar. Os perfeccionistas têm dois extremos. Uns se tornam arrogantes, por acharem que fazem melhor, outros vivem depressivos, com sentimento de culpa, por pensarem que nunca vão conseguir agradar ou acertar. As frases mais comuns dos perfeccionistas defensivos são: “Se ao menos eu conseguisse parar de...”, “Eu não consegui chegar a tempo por que...”, “Bati o carro porque...”; “Devo melhorar da próxima vez” e “Da próxima vez vou cozinhar melhor, ainda não ficou bom”. Pessoas assim carregam um sentimento de culpa por algo que não deu certo, mas jogam a responsabilidade sobre coisas ou outras pessoas. Já as frases mais comuns dos perfeccionistas arrogantes e ofensivos são: “Filho, eu não erro!”, “Eu sou a super mãe, a pontual, a correta, a mulher e a mãe maravilha!”, “Não está errado, eu não me engano!” e “Se fosse eu quem tivesse feito isso, aí não teria saído errado”. É impossível viver com su- per-heróis. Eles só existem em contos de fadas ou na ficção. Já sabemos o fim deles, tudo é perfeito, todos os outros são vilões, tudo deles é melhor, é correto e é certinho. Entretan- to, muitos pais tentam criar seus filhos como super-heróis, procurando criar pessoas que não erram e que na realidade, se tornam pessoas doentes e com dificuldade de viver uns com os outros. A N G E L A S I R I N O 55 Tenho uma colega superperfeccionista. Um dia lhe pedi para buscar minha filha na escola. Ela não erra e, quando alguma coisa parece dar errado, culpa os outros ou fica doente. Lembro-me de que, naquele dia, minha filha entrou no carro da minha amiga chorando, porque eu não pude comparecer a comemoração do Dia do Índio na escola e, como se não bastasse, minha amiga vira para minha filhi- nha, ainda na pré-escola, talvez com sete anos de idade na época, uma criança indefesa, e diz: “Sua mãe disse que vinha e não veio? Então ela não tem palavra! Já eu, se eu prometer, ainda que chova canivete, eu chego a tempo!”. Misericórdia! Quando a Angélica, minha filha, chegou na empresa e desceu do carro da minha amiga, ela estava cho- rando e me disse: “Mamãe, você não tem palavra!”. Assus- tada, eu procurei saber o que tinha havido. Decepcionada com a atitude da minha amiga, eu lhe agradeci pelo favor, mas disse com amor que ela não poderia gerar a mesma doença do perfeccionismo nos outros. Eu trabalhava muito e, mesmo sendo a proprietária da empresa, tinha tarefas que não poderiam passar da hora. Não haviam condições de ir a todos os eventos da escola, ainda que eu me esforçasse para tal. Depois conversei com minha filha e ela se desculpou. Geralmente, o perfeccionista foi muito co- brado, pois buscava admiração de alguém e sempre fracassava. O perfeccionista se torna ansioso porque sempre quer ser e fazer melhor. Ele sempre cobra o melhor de si mesmo e das pessoas que vivem ao seu redor. X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 56 11. Sentimento de desvalor Este sentimento é aquela sensação de incapacidade e de inutilidade. É aquela voz interior que insiste em nos dizer: “Ninguém gosta de mim”, “Não sirvo para nada”, “Nunca serei alguém na vida” ou “Tudo que eu faço dá errado”. Ge- ralmente, quem possui esse sentimento teve na sua infância, na adolescência ou na fase adulta alguém que tentou minar os seus sonhos, talvez inconscientemente. Aqueles que têm o sentimento de desvalor são pessoas que foram desmotivados e que vivem em depressão, sem vontade de viver e sem desejo de elogiar os outros. Talvez foram criadas por pessoas que já haviam perdido a motivação para viver, ou, quem sabe, foi aquela criança que costumava ouvir: “Se você não fizer o que lhe estou pedindo, não vou gostar mais de você’. Por isso, amar se torna condicionado a agrados e não parece algo incondicional. Somos amados por que falamos coisas bonitas, somos bonzinhos, arrumamos o quarto, etc. e pessoas feridas geralmente ferem outras pessoas. 12. Depressão Depressão é um estado de profunda tristeza e desejo de desistir de tudo, principalmente da vida. Os sintomas da depressão são muito variados, caminhando desde a sensa- ção de tristeza, passando pelos pensamentos negativos, até alcançar as alterações da sensação corporal. Nem todos os casos de depressão são patológicos, mas a maioria é gerada por momentos de tristeza, mágoas, perdas ou decepções A N G E L A S I R I N O 57 com as quais nós não soubemos lidar. Os principais sinto- mas de depressão são: • Perda de energia ou de interesse pela vida; • Humor deprimido com o sentimento de tristeza ou de fracasso; • Dificuldade de concentração; • Alterações do apetite e do sono; • Lentidão das atividades físicas e mentais; • Preocupação excessiva com críticas; • Dificuldade de tomar decisões; • Irritabilidade ou impaciência; • Carência afetiva; • Necessidade de que chamar atenção e de ser aceito por um grupo; • Sentimento de achar que não vale a pena viver, desejo de morrer; • Chora à toa ou tem dificuldade para chorar; • Sensaçãode que nunca vai melhorar (desesperança); • Dificuldade de terminar as coisas que começou; • Sentimento de pena de si mesmo (autopiedade); • Persistência de pensamentos negativos; • Queixas frequentes (murmuração); • Sentimentos de culpa injustificáveis; • Perda do desejo sexual. 59 Existem atitudes que nos trazem tristeza e caminham para nos deixar depressivos. Os sintomas mais comuns apresentados nas pessoas com tendência depressiva são: 1. Pessoas com tendências depressivas culpam os outros ou a vida Os deprimidos sempre encontram um culpado para o seu fracasso. Usam essa estratégia para esconder a incapacidade de prosseguir. Sempre dizem: “Ah, se meu pai tivesse me ajudado!”, “Se minha professora fosse a Tia Maria!” ou “Se eu tivesse um carro!”. Ou seja, meu problema tem um culpado. Para quem quer vencer, não existem obstáculos. Proble- mas são desafios que precisam ser vencidos. “Quem quer vencer entende que vencer com lutas e obstáculos é triunfar com mais honra”. ATITUDES QUE ROUBAM A ALEGRIA E TRAZEM DEPRESSÃO C A P Í T U L O 4 X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 60 Meu pai não me deixou fazer faculdade de psicologia, como era o meu sonho. Eu dependia financeiramente dele, e a realidade nos anos 80 era bem diferente dos dias atuais. Entretanto, não desisti do meu sonho eu lia tudo sobre psicologia e sobre cura interior. A vida ainda me presenteou ao longo dos anos com inú- meras crises, problemas, perdas, dores e angústias. Porém, entendo que, se hoje sou doutorada na faculdade da vida e sou PHD em crises superadas, foi pela ajuda e amparo do próprio Deus para comigo. Entendo que foram as supera- ções que tive na vida que me deram bagagem emocional para ajudar milhares de pessoas. Costumo dizer que eu não faria em um consultório de psicologia o que Deus faz, através de mim no Brasil e no mundo, palestrando. O melhor disso tudo é que, onde minha voz não vai, meus livros vão e ajudam as pessoas que precisam. Entretanto, foram as lutas e as dificuldades da vida, as feridas abertas e depois curadas que me doutoraram, por isso me refiro à “faculdade de vida”. Bendita hora que me negaram a faculdade, pois o diploma da vida, ou seja, mi- nhas experiências, falam mais alto. Decidi não procurar culpados para as diferentes fases difíceis da minha vida, mas procurei superar as dificulda- des, a fim de escrever em minha existência uma história de superação. A N G E L A S I R I N O 61 2. Pessoas com tendências depressivas possuem necessi- dade de agradar a todos, para sentirem-se aceitas Por mais que tentemos, é impossível agradar a todos. Não se preocupe se nem todos vão gostar do seu novo emprego, do seu novo carro, da sua roupa nova, ou de qualquer outra coisa! Gosto muito de ilustrações. Até escrevi uma série de livros com o nome “Leite e Pão”, só com contos e fatos, uma para cada dia do ano. Quero compartilhar com vocês uma história sobre este tema. Conta-se que vivia numa fazendinha um homem muito velho, que tinha um neto como companhia. Certo dia, o velho resolveu descer ao povoado com o seu jumento, a fim de vendê-lo e juntar o dinheiro para comprar um burro. Chamou o seu neto e eles partiram. Seguiam a pé, o velho à frente seguido do jumento, e atrás o neto. Ao passarem por um povoado, vários homens os viam e logo os criticaram: “Olhem aqueles bobos ali, estão com um jumento e vão andando a pé”. O velho disse ao neto que montasse no jumento, e este assim fez. Um pouco mais adiante, passaram junto de um grupo de idosos que logo opinaram: “Que vergonha! Um garoto forte como este montado no jumento e o pobre do velhinho, coitado, vai a pé”. Então o velho, meio sem graça mandou o neto descer e montou ele mesmo no jumento. X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 62 Andaram um pouco mais, até que encontraram um grupo de mulheres jovens, casadas e todas com seus filhos ao redor delas, brincando. Elas assustadas e indignadas exclamaram: “Olhem para isso. Uma covardia, a pobre criança vai a pé e esse maldoso todo confortável no jumento.” Ordenou então o velho ao neto: “Sobe, rapaz, seguimos os dois montados no jumento”. O rapaz obedeceu de ime- diato, e eles continuaram a viagem. Mas, um pouco mais adiante, um grupo de defensores dos animais viu aquela cena, dois montados no pobre do jumento, e brutalmente disseram: “Desçam daí, homens cruéis, querem matar o pobre do jumentinho?”. Imediatamente, os dois desceram do animal. Entretanto, andando mais um pouquinho, eles encontraram um grupo de jovens que riam sem parar, expressando: “Aonde vão os dois bobos, andando a pé com um jumento ao lado? Será que não sabem para que serve o animal?”. Então aquele velho apelou, pegou um pedaço de corda, amarrou as patas do jumento, cortou um galho de árvore bem forte, colocou o animal na forquilha. O repousou sobre seus ombros e sobre os ombros do neto, mas chegando à feira, onde o jumento seria vendido, o povo de longe começou a rir. O animal assustado se mexeu tanto que caiu com a cabeça em uma pedra e morreu. A N G E L A S I R I N O 63 O sonho de vender o jumento para comprar um burrinho foi por água abaixo. Descobriram tarde que não poderiam agradar a todos e que cada cabeça tem sua sentença. (Texto alterado por mim. Autor: Desconhecido). Amados, não vivam querendo agradar a todos. Descu- bram aquilo que Deus tem para vocês e o que é melhor para o futuro, para a família, para o trabalho e para a vida. “Quem busca a aprovação de todos cai no fracasso”. John Kennedy, um dos mais célebres presidentes que os Estados Unidos já possuiu, afirmou: "Eu não sei o caminho para o sucesso; mas, sem dúvida, o caminho para o fracasso é tentar agradar a todo mundo". 3. Pessoas com tendências depressivas vivem em busca de reconhecimento ou de aplausos Você conhece as pessoas que são conhecidas como “cascas de ovos?” São aquelas extremamente sensíveis. Suas frases mais comuns são: “Ninguém me viu!”, “Ninguém elogiou minha comida!”, “Meu patrão não me parabenizou esta semana!” e “Ninguém valoriza o que eu faço”. Na verdade, tudo se resume mais ou menos assim: “Socorro, alguém me veja, preciso de atenção”. Alguns, para chamar a atenção, contam piadas o tempo todo, dão gargalhadas escandalosas, gritam com as pessoas, falam palavrões, ou ainda ficam emburrados, ferem-se com X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 64 facilidade, dramatizam doenças, fingem mal-estar a fim de chamar a atenção para si ou para ter reconhecimento. Os adolescentes com necessidade de reconhecimento e de atenção, geralmente, dão trabalho na escola, usam drogas, se envolvem em rachas, moças chegam tarde em casa, se envolvem em prostituição ou se exibem com roupas sensu- ais, etc. Enfim, só querem ser notados. Ou, ainda, se tornam pessoas com tendência depressiva e se fecham, procurando ser adulados. Eu era recém-casada e, para preencher meu tempo, le- cionava no ginásio em uma escola particular, uma vez por semana, a disciplina de Ensino Religioso. Havia um aluno que adorava fazer qualquer coisa inusitada para chamar a atenção. Um determinado dia, ele me atrapalhou durante a aula, então pedi a todos silêncio, coloquei uma cadeira no centro da sala, pedi ao Márcio (esse menino) para subir no objeto e solicitei a todos que o aplaudissem, assobiassem e pedi às meninas para lhe jogarem beijinhos. Ele ficou sem graça, por isso concluí dizendo: “Já está bom o seu show por hoje? Já chamou atenção que deseja- va?”. Ele ficou muito sem graça e depois me desculpei com ele, pois minha atitude também não havia sido correta como professora. Porém, nas minhas aulas ele não me deu mais trabalho. Eu não deveria expô-lo desta forma, mas eu sabia que ele precisava de atenção e usava formas erradas para obtê-la. A N G E L A S I R I N O 65 As pessoas que gostam de chamar a atenção são carentes em sua vida. Precisam de palco para suprir a necessidadede se sentirem parte de algo importante. Quantos de nós em nosso dia a dia se tornam assim? Somos chatos, quase que insuportáveis, porque queremos ser o centro das atenções. Você já teve uma amiga que não para de “falar” de suas histórias e que é “péssima ouvinte”? Ou um amigo que não para de contar vantagens do que sabe fazer, que se acha o melhor de todos? Este é outro extremo: ter necessidade de chamar atenção. Se você tem esse problema, peça a Deus para Ele te ajudar a diagnosticar suas feridas e curar isso em você. 4. Pessoas com tendências depressivas se preocupam com críticas Quem se preocupa com críticas está buscando a apro- vação dos outros, e quem critica está tentando insinuar fracasso, incapacidade ou perda. É claro que há pessoas que fazem críticas construtivas. Sempre teremos alguém nos criticando, por isso devemos aprender a lidar com isso, sem que elas nos deixem tristes ou depressivos. Conta-se que um cavalo caiu no buraco. Não chegou a se ferir, mas não podia sair dali por conta própria. Por isso, o animal chorou fortemente durante horas, enquanto o cam- ponês pensava no que fazer. Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que o cavalo já estava muito X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 66 velho e que o poço, que já estava mesmo seco, precisaria ser tapado de alguma forma. Portanto, não valia a pena se esforçar para tirar o animal dali. Ao contrário do esperado, chamou seus vizinhos para ajudá-lo a enterrar vivo o cavalo de estimação. Cada um deles pegou uma pá e começou a jogar terra dentro do poço. O mamífero se deu conta do que estavam fazendo com ele e chorou desesperadamente. Porém, para surpresa de todos, de repente o cavalo se aquie- tou, depois de várias pás de terra que levou. O camponês finalmente olhou para o fundo do poço e se surpreendeu com o que viu. A cada pá de terra que caía sobre suas costas, o cavalo sacudia, dando um passo sobre esta mesma terra que caía ao chão. Assim, em pouco tempo, todos viram como o animal conseguiu chegar até a boca do poço, passar por cima da borda e sair dali trotando. Nos nossos dias de passagem por esse mundo, a vida e as pessoas vão nos jogar muita terra, de todo o tipo, principal- mente se você já estiver dentro de um poço. O segredo para sair é sacudir a terra que levamos nas nossas costas e dar um passo sobre ela. Cada um de nossos problemas deve ser visto como um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos buracos, se não nos dermos por vencidos nem nos preocuparmos com o que as pessoas falam e pensam a nosso respeito. Por mais difícil que pareça, nunca se desespere em alguma situação em sua vida. Não deixe que as críticas machuquem sua autoestima, tornando-a uma pessoa extremamente sen- A N G E L A S I R I N O 67 sível ou amargurada; não aja precipitadamente querendo se defender; não tire satisfação com as pessoas que falam de você, “dizem que a hora mais escura da nossa vida dura apenas 60 minutos, depois a gente descobre uma maneira de chegar ao pódio”. Se você, porventura, ouviu alguma crítica, use-a para seguir adiante! Não deixe entrar no seu coração o ódio, a amargura e o desejo de vingança. Tire de sua mente as preocupações, dê mais de si e espere menos dos outros. Só receba pedra da árvore que dá frutos. Como aconteceu na história do cavalo, procure ver na terra que jogam sobre você algo de bom, quem sabe até mesmo como solução de algo que você espera, e não como um problema. Nem tudo o que parece ser ruim e mau é verdadeiramente ruim. 5. Pessoas com tendência depressiva vivem com senti- mento de culpa Você já se culpou por alguma coisa que não deveria ter feito? Ou já se pegou dizendo: “Ah, se eu pudesse voltar atrás faria tudo diferente!”. Quanto ao passado, o próprio nome já significa “já pas- sou”. Não pode ser alterado, o presente é para vivermos, e o futuro para construirmos. A resposta para aqueles que desejam voltar atrás é simples: certamente errariam do mesmo jeito, porque não estariam enxergando o futuro. X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 68 Quem vive preso ao passado se torna uma pessoa amar- gurada, ressentida e infeliz. Vive com o sentimento de culpa, acorda, passa o dia e dorme com o sentimento de fracasso, vive nervoso, fere as pessoas e se torna agressivo porque não suporta nem a si mesmo. Livre-se do sentimento de culpa, agarre-se a Deus. Com esse sentimento, as pessoas se tornam amargas e revoltadas, grossas e agressivas, matam pessoas física, emocional e espiritualmente. Assim que nos casamos, meu marido viajava muito pelos interiores do estado de Goiás, negociando compra e venda de veículos. Lembro-me que havia um corretor de veículos que comprava carros para ele, em uma dessas cidades, que era muito fechado, sem educação e extremamente rude. Entretanto, eu procurava suportá-lo. Um dia, meu marido chegou em casa e conversou comigo preocupado com o tal homem, e me disse que sua esposa o havia procurado, em particular, pedindo ajuda. A mulher lhe informou que ele cometera constantes tentativas de sui- cídio e que se tornara muito agressivo com a esposa e com os dois filhos, porém justificou que o amava e que ele não era assim. Tudo isso começou num dia, quando ele estava em casa, era início de noite, na época ele era caminhoneiro, então ele colocou no carro um som bem alto e foi saindo com o caminhão para colocá-lo para pernoitar no posto de gasolina, próximo de sua casa. O som do caminhão estava muito alto e, sem perceber, o caminhoneiro sempre alegre e cheio de entusiasmo, passou a roda do caminhão por cima A N G E L A S I R I N O 69 do seu próprio filho, de três anos de idade, e o acidente foi fatal. Imagine a situação desse homem e o sentimento de culpa que ela carregava pela vida! Imagine o sofrimento desta mãe e desses irmãos! Os anos se passaram e a esposa, com muita dor, havia perdoado o marido, ela tinha ciência de que fora uma fatalidade, como ela poderia culpar o homem, que sempre foi um excelente pai? Juntos, todos procuravam superar a dor, mas o sentimento de culpa e a cena diária voltando à sua mente fez daquele homem uma pessoa amargurada, rancorosa e que não se perdoava. Se ele não se perdoava, como poderia aceitar o perdão da esposa e dos filhos que ficaram vivos? Afinal, em seu psicológico, ele era um assas- sino e um pai descuidado. A família mudou de cidade, ele mudou de profissão, porém isso não resolveu sua situação emocional e mental. Meu marido, muito comovido com aquela história, acompanhou o homem e felizmente conseguimos que ele voltasse a ter vontade de viver para cuidar dos outros filhos, mas o que mais ajudou foi o amor da esposa e o amor dos fi- lhos. Certo dia, um deles disse ao pai, chorando: “Perdemos nosso irmãozinho, mas não queremos perder nosso pai, não suportaríamos.” Aquela frase penetrou no coração do homem, mostrando que, apesar do seu erro, ele tinha valor. Ele perguntava a Deus onde Ele estava quando deixou que seu filhinho morresse acidentalmente nas rodas do caminhão. Dissemos X Ô T R I S T E Z A , B E M - V I N D A , A L E G R I A 70 a ele que Deus estava justamente no mesmo lugar quando PROPOSITALMENTE E PLANEJADAMENTE, um dia, há mais de dois mil anos, entregou seu filho unigênito, Jesus Cristo, para morrer na cruz pelo perdão dos nossos pecados. Jesus ainda pediu: “Pai, se possível for, afaste de mim esse cálice”, mas que Deus, ainda assim, não voltou atrás em sua decisão. Dissemos àquele senhor: “o Senhor entende a sua dor! Só Ele é capaz de penetrar no íntimo do nosso coração e curar nossas feridas. Só compreendendo este amor, que excede a todo entendimento humano, podemos suportar e aceitar a cura divina para nossa alma angustiada”. Existe alguma situação que aconteceu em sua vida que precisa de conserto? Então volte atrás nas lembranças e nas memórias difíceis que matam sua alma aos poucos. Perdoe
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