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MECÂNICA DOS SOLOS Cleber Floriano Classificação dos solos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Compreender a importância da classificação segundo a caracte- rização física. � Conhecer as principais classificações de solo. � Aprender a classificação unificada e a rodoviária. Introdução Você sabe por que a engenharia passou a utilizar as classificações de solos? Os solos orgânicos são muito compressíveis. Durante uma investi- gação ou escavação em campo, nota-se a presença destes solos ge- ralmente em áreas alagadiças, e a presença de odores e cor escura é muito característica. Neste texto, você vai entender por qual motivo a engenharia pas- sou a utilizar as classificações de solos e as classificações mais utiliza- das na geotecnia. Entenderá também como podemos obtê-las. Por que precisamos classificar os solos? Novamente devemos dizer que o solo é um material natural e, com isso, pre- cisamos conhecê-lo a fundo antes de tomar qualquer decisão importante. Mesmo com a grande densidade de informações sobre determinado tipo de solo (ensaios de laboratório e de campo), os conhecimentos amplos, geoló- gicos e geotécnicos, são, muitas vezes, decisivos. Portanto, devemos sempre ter em mente que a natureza dos solos é complexa e nela existem infinitas variáveis. Eis que surge a mecânica dos solos para matematizar esse material natural (solo), permitindo a evolução de seu uso por meio do entendimento racional e científico. Uma classificação surge com algum objetivo de segmentar, separar ou subdividir uma unidade para que possamos, a partir de um critério, iden- tificar, classificar e posteriormente direcionar o devido uso, ou mesmo para simples reconhecimento. Se formos a fundo, veremos que existe uma série de classificações em qualquer campo de conhecimento. Você pode pensar em Mecanica_Solos_U2_C4.indd 45 22/09/2016 15:03:38 um exemplo usado por nós com muita frequência: a taxonomia (classificação dos seres vivos). Não é preciso citar toda a classificação, mas estamos inse- ridos em uma organização que apresenta reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie. De fato, necessitamos dessa segmentação para conseguir reconhecer e diferenciar pela nomeação atribuída. Na mecânica dos solos, não é diferente. Para que possamos direcionar o seu uso de forma adequada, um determinado solo deve apresentar caracterís- ticas que potencializam o seu uso. Em vista disso, um sistema de classificação se torna um guia preliminar para a previsão do comportamento geomecânico de uma massa de solo. Por meio dessas classificações, podemos inicialmente identificar se em determinada área existe material adequado para jazida- mento, ou seja, um solo capaz de atender as condições mínimas para o seu uso como material de construção, em especial como solos de aterros. Destaca-se que as classificações seguem critérios. Na mecânica dos solos, o critério das classificações é a resposta de um conjunto de ensaios básicos relativamente velozes, fundamentados na caracterização do material. Veremos que a classificação de um solo, em muitos casos, não é a infor- mação mais importante. Trata-se de um guia preliminar que pode nos orientar para a realização de outros ensaios mais demorados e importantes a depender da finalidade. Você pode notar um fato importante: a ser notado é que as classificações mais utilizadas no mundo todo foram construídas com base na experiência de solos do hemisfério norte, os quais, muitas vezes apresentam comportamento diferente dos solos tropicais. Como isso é possível? A Terra tem a capacidade de transformar as rochas em solo por meio do intemperismo. Essa ação de transformação tem relação forte com as condições climáticas de superfície (catalisação de reações de transformação dos minerais). Assim, nos países do Hemisfério Norte, o intemperismo químico é menos intenso. Já nas regiões tropicais, como no sudeste do Brasil, os solos podem apresentar grande pre- sença de óxidos e são chamados de solos lateríticos, contrariando algumas tendências explícitas às classificações internacionais, em especial para solos argilosos. Para sanar essa divergência, foi criada a classificação MCT (Minia- tura; Compactação; Tropical), com base em propriedades mecânicas e hidráu- licas de solos compactados, desenvolvida na década de 1970 e publicada por Nogami e Villibor (1980). Mecânica dos solos46 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 46 22/09/2016 15:03:38 Por fim, as principais classificações de solos aplicadas as obras geotéc- nicas e realizadas com maior frequência, são: � Classificação Unificada (USCS) � Classificação Rodoviária (TRB, antigo HRB) Faremos, portanto, uma apresentação mais completa dessas duas classi- ficações de solos. De fato, você poderá ser solicitado, em determinado mo- mento de sua vida profissional, a atender a uma determinada classificação. Afinal de contas, classificar um solo nada mais é do que utilizar um critério racional para uma devida finalidade. A classificação MCT fundamenta-se em propriedades dos solos compactados e em ensaios específicos que, de certa forma, são um pouco mais elaborados que os das classificações da SUCS e HRB. No entanto, a resposta final é vista de forma bastante simplificada, onde temos solos de comportamento laterítico (L) e solos de comporta- mento não laterítico (N). A classificação unificada (SUCS) O engenheiro austríaco Arthur Casagrande, um dos mentores da mecânica dos solos, simplificou o uso de solos para aterros em obras portuárias na década de 1930 nos Estados Unidos. Foi assim que surgiu o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) ou originalmente Unified Soil Classification System (USCS). Por isso, também é conhecida como Airfield Classification System. Veremos como é construída essa classificação que foi normatizada pela American Society for Testing and Materials (ASTM, 2006). A classificação unificada tem como tripé de sustentação o ensaio de gra- nulometria. Em função da distribuição granulométrica, os solos podem ser bem ou mal graduados. Os solos que tem seus grãos variando, preponderante- mente, dentro de pequenos intervalos, são chamados de solos mal graduados. Os solos que têm várias frações de diâmetro diferentes misturadas são solos bem graduados. 47Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 47 22/09/2016 15:03:38 Três parâmetros são definidores das características de uma curva granu- lométrica: � Diâmetros efetivos (D10, D30 e D60): por exemplo, o D10 corres- ponde ao ponto característico da curva granulométrica que passa 10% ou que 10% das partículas do solo tenham diâmetro inferiores a esse limite. Da mesma forma que é definido D10, define-se D30 e D60. � Coeficiente de uniformidade (Cu): dá uma ideia da distribuição do ta- manho das partículas do solo; valores próximos de 1 indicam curva gra- nulométrica quase vertical, com os diâmetros variando em um intervalo pequeno, enquanto que, para valores maiores a curva granulométrica irá se abatendo e aumentando o intervalo de variação dos diâmetros, onde: A representação da curva granulométrica em papel semilogarítmico apre- senta vantagens, pois os solos com Coeficiente de uniformidade aproximada- mente iguais serão representados por curvas paralelas. A variação de Cu denomina os solos da seguinte forma: ■ Cu < 5 – solos uniformes; ■ Cu > 15 – solos desuniformes; ■ 5 ≤ Cu ≤ 15 – solos medianamente uniformes. � Coeficiente de curvatura (Cc): corresponde a uma medida da forma e da simetria da curva granulométrica e é igual a: Interpreta-se Cc da seguinte forma: ■ Cc < 1 – a curva granulométrica tende a ser descontínua, faltando um certo diâmetro de grãos na distribuição; ■ Cc > 3 – a curva granulométrica tende a ser mais uniforme, ou seja, tem muitos grãos com tamanhos iguais ou quase iguais; ■ 1 ≤ Cc ≤ 3 – solos bem graduados com curva suave, de forma que os espaços deixados pelas partículas maioressejam ocupados pelas menores. Mecânica dos solos48 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 48 22/09/2016 15:03:39 Mostramos esses importantes parâmetros da curva granulométrica, pois eles são utilizados na classificação unificada. Os solos do sistema unificado são classificados como: � solos grossos; � solos finos; e � altamente orgânicos. Na fração grossa, a granulometria se torna mais importante na representa- tividade do comportamento mecânico dos solos, sendo, portanto, decisiva na classificação. Por outro lado, na fração fina, o que se torna relevante no com- portamento mecânico é a consistência, por isso, na construção desse sistema de classificação, para os solos finos optou por usar os limites de consistência (Limite de Plasticidade e Limite de Liquidez). De fato, as condições de estado são cruciais no comportamento de solos finos. Assim, no SUCS, você considera as seguintes características: � porcentagem de pedregulho, areia e finos (fração que passa na peneira #200: silte e argila); � forma da curva granulométrica; � plasticidade e compressibilidade. Cada tipo de solo recebe uma simbologia que representa seu nome. Cada grupo recebe duas letras, onde a primeira letra é uma das subdivisões ligada ao tipo de solo, e a segunda letra, às características granulométricas e à plas- ticidade. Como a origem do sistema foi publicado na língua inglesa, as letras correspondem a palavra em inglês. Assim, representa-se as nomenclaturas como apresentado na Tabela 1. 49Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 49 22/09/2016 15:03:39 Fonte: Brasil (2006). Símbolo Significado Inglês português G Gravel Carcalho (pedregulho) S Sand Areia C Clay Argila W Well graded Bem graduado P Poor graded Mal graduado F Fines Finos (passando na peneira nº 200) M Mo Mó ou limo (areia fina) O Organc Matéria orgânica L Low liquid limit LL baixo H High liquid limit LL alto Pt Peat Turfa Tabela 1. Nomenclaturas do SUCS. Os solos orgânicos são muito compressíveis. Durante uma investigação ou esca- vação em campo, você nota a presença desses solos geralmente em áreas alagadiças, e a presença de odores e cor escura é muito característica. Você consegue identificar o teor de matéria orgânica colocando o material para secagem a 440°. Na Tabela 2, nas duas últimas colunas, estão indicados respectivamente os símbolos de cada grupo e seus nomes. Para os solos grossos O solo é considerado de granulometria grossa quando tem partículas menores que 75 mm e com mais do que 50% de partículas retidas na peneira # 200 (silte e argila) Mecânica dos solos50 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 50 22/09/2016 15:03:39 Uma subdivisão separa os solos grossos em pedregulhos ou areias. Serão pedregulhosos quando mais do que 50% da fração grossa apresentar partí- culas com tamanho maior do que 4,8 mm (aquilo que fica retido na peneira # 4), e serão areias, quando uma porcentagem maior ou igual dessas partículas tiver tamanho menor que 4,8 mm (aquilo que passam na peneira # 4). Sempre que as porcentagens de finos estiverem entre 5 % e 12%, o solo deverá ser representado por um símbolo com quatro letras, sendo a primeira dupla de letras a representação de ser um solo grosso (GW, GP, SW, SP) e a segunda dupla de letras indicará a região onde se localizar o ponto representa- tivo dos finos desse solo. Por outro lado, se a porcentagens de finos for maior do que 12% e classificados por CL-ML, isso resultará em um símbolo duplo para o solo grosso, GC-GM se for pedregulho ou SC-SM se for areia. Solos de graduação grossa: Mais de 50% retido na peneira nº 200 Pedregu- lhos: 50% ou mais da fração graúda retida na peneira nº 4 Pedre- gulho sem finos GW Pedregulhos bem graduados ou misturas de areia de ped. Com pouco ou nenhum fino GP Pedregulhos m graduados ou misturas de areia de ped. Com pouco ou nenhum fino. Pedre- gulho com finos GM Pedregulhos siltosos ou mis- turados de ped. areia e silte. GC Pedregulhos argilosos, ou mistura de ped. areia e argila. Areias: 50% ou mais da fração graúda passando na peneira nº 4 Areias sem finos SW Areias bem graduadas ou areia pedregulhosas, com pouco ou nenhum fino. SP Areias mau graduadas ou areia pedregulhosas, com pouco ou nenhum fino. Areias com finos SM Areias siltosas – Mis- turas de areia e silte. SC Areias argilosas – Mis- turas de areia e argila. Tabela 2. Tabela resumo para classificação segundo o SUCS. 51Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 51 22/09/2016 15:03:39 Fonte: Brasil (2006). Solos de graduação finas: 50% ou mais passando pela peneira nº 200 Siltes e Argilas com LL ≤ 50 ML Siltes inorgânicos – Areias muito finas – Areias finas siltosas e argilosas. CL Argilas inorgânicos de baixa e média plasticidade – Argilas pedregulhosas, arenosas e siltosas. OL Siltes orgânicos – Ar- gilas silstosas orgânicas de baixa plasticidade. Siltes e Argilas com LL > 50 MH Siltes – Areias finas ou siltes micáceos – Siltes elásticos. CH Argilas inorgânicas de alta plasticidade OH Argilas inorgânicas de alta e média plasticidade. Solos altamente orgânicos PT Turfas e outros solos al- tamente orgânicos. Para os solos finos Para os solos finos, foram colocados aqueles que têm uma porcentagem maior ou igual a 50%, de partículas que passam na peneira # 200, ou seja, siltes e ar- gilas. Essas granulometrias de solos foram inicialmente separadas em função da resposta do ensaio de limite de liquidez. Assim, quando o LL é menor que 50%, receberá uma nomenclatura e quando maior ou igual a 50%, atribui-se outra. Nas subdivisões dos solos finos, destaca-se a presença ou não de partículas orgânica no solo. Isso é obtido pela razão comparativa entre dois ensaios de limite de liquidez. O primeiro fazendo o ensaio após secagem do material em estufa (LL)s, e o outro nas condições naturais, (LL)n. Caso a relação (LL)s/(LL) n < 75% o solo deverá ser considerado orgânico. Isso se dá pela perda da matéria orgânica quando a estufa atingir e permanecer na temperatura especificada. Mecânica dos solos52 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 52 22/09/2016 15:03:39 Os solos finos são classificados com o auxílio da Carta de Plasticidade de Casagrande, acima representada na Figura 1. Casagrande introduziu o gráfico de plasticidade, montado a partir dos limites de consistência dos solos finos. Modificações do sistema foram ocorrendo desde sua origem, resultando no gráfico mostrado a seguir. Podemos classificar os solos também pela sua origem: residual ou transportado; nos solos residuais existe uma classificação identificando horizontes de evolução. Sabe-se que uma classificação às vezes ocorre regionalmente. Nem sempre as classificações clás- sicas são levadas à risca. Pinto (2002) cita o caso de engenheiros de fundações como um grupo que pouco utiliza essas classificações. A resposta à solicitação e os mecanismos de interação solo-estrutura nessas situações acabam se destacando e se tornam conhe- cimentos regionalizados. Nesses casos e alguns outros, às vezes, não há necessidade das classificações de materiais sob o ponto de vista que estamos observando nesta aula. Figura 1. Quadro de plasticidade mostrando a representação dos solos fi- nos (adaptado de ASTM, 2006). 53Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 53 22/09/2016 15:03:39 Na Figura 1, os grupos estão distribuídos em cinco regiões, sendo: � A linha “A” é a separadora dos solos argilosos inorgânicos (CL, CH) dos siltosos inorgânicos (ML, MH). A linha “A” é horizontal com IP = 4% até o LL = 25,5%. Após este ponte: IP = 0,73 . (LL - 20). � A linha tracejada vertical LL = 50% separa os solos de alta plasticidade (MH, CH) dos de baixa plasticidade (ML, CL). � Os solos orgânicos podem se situar tanto acima quanto abaixo da linha “A”; as argilas orgânicas serão representadas por pontos situados sobre ou acima dessa linha, enquanto, os siltes orgânicos estão abaixo. � A última região é ondeo solo deverá ter o símbolo duplo, CL-ML, representando solos LL < 50% e 4% ≤ IP ≤ 7%. O gráfico de plastici- dade deverá ser usado na classificação, tanto dos solos finos quanto da fração fina dos solos grossos. A linha “U” contribui nos resultados dos ensaios de limites de consis- tência, visto que esta deve representar um limite superior empírico para os solos naturais, devendo ser verificados os ensaios que estiverem acima dela. A linha “U”, inicia no ponto onde o LL = 16% e IP = 7% e a partir desse ponto tem a equação: IP = 0,9 . (LL - 8). A Tabela 3 apresenta os critérios da classificação unificada. Pr oc es so p ar a id en ti fi ca çã o no c am po G ru po D es ig na çã o ca ra ct er ís ti ca So lo s d e gr an al aç ão gr os sa : M ai s d a m et ad e é m ai or q ue a ab er tu ra d a pe ne ira d e m al ha n º 4 0 Pe dr eg ul ho s: M ai s d a m et ad e da gr aç ão g ro s- se ira e m ai or qu e a # nº 1 0 Pe dr eg ul ho s pu ro s (p ou co o u ne nh um fi no ) G rã os c ob rin do to da a e sc al a de g ra nu - la çã o co m q ua nt id ad e su bs ta nc ia l d e to da s a s p ar tíc ul as in te rm ed iá ria s. G W Pe dr eg ul ho s b em g ra du - ad os , m ist ur as d e ar ei a e pe dr eg ul ho c om p ou co ou n en hu m fi no . Pr ed om in ân ci a de u m ta m an ho d e gr ão o u gr ad ua çã o fa lh ad a (a us ên ci a de a lg un s t am an ho s d e gr ão ). G P Pe dr eg ul ho s m al g ra - du ad os , m ist ur as d e pe dr eg ul ho e a re ia c om po uc o ou n en hu m fi no . Pe dr eg ul ho s co m fi no s (a pr ec iá ve l qu an tid ad e de fi no s) Fi no s n ão p lá st ic os (M L ou M H ). G F Pe dr eg ul ho s s ilt os os , m is- tu ra s d e pe dr eg ul ho , a re ia e sil te m al g ra du ad os . Fi no s p lá st ic os (C L ou C H ) G C Pe dr eg ul ho s a rg ilo so s, m ist ur as d e pe dr eg ul ho , a re ia e ar gi la b em g ra du ad os . Ta be la 3 . C rit ér io d o Si st em a de C la ss ifi ca çã o de S ol os U ni fic ad o (S U CS ). Mecânica dos solos54 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 54 22/09/2016 15:03:39 A linha “U” contribui nos resultados dos ensaios de limites de consis- tência, visto que esta deve representar um limite superior empírico para os solos naturais, devendo ser verificados os ensaios que estiverem acima dela. A linha “U”, inicia no ponto onde o LL = 16% e IP = 7% e a partir desse ponto tem a equação: IP = 0,9 . (LL - 8). A Tabela 3 apresenta os critérios da classificação unificada. Pr oc es so p ar a id en ti fi ca çã o no c am po G ru po D es ig na çã o ca ra ct er ís ti ca So lo s d e gr an al aç ão gr os sa : M ai s d a m et ad e é m ai or q ue a ab er tu ra d a pe ne ira d e m al ha n º 4 0 Pe dr eg ul ho s: M ai s d a m et ad e da gr aç ão g ro s- se ira e m ai or qu e a # nº 1 0 Pe dr eg ul ho s pu ro s (p ou co o u ne nh um fi no ) G rã os c ob rin do to da a e sc al a de g ra nu - la çã o co m q ua nt id ad e su bs ta nc ia l d e to da s a s p ar tíc ul as in te rm ed iá ria s. G W Pe dr eg ul ho s b em g ra du - ad os , m ist ur as d e ar ei a e pe dr eg ul ho c om p ou co ou n en hu m fi no . Pr ed om in ân ci a de u m ta m an ho d e gr ão o u gr ad ua çã o fa lh ad a (a us ên ci a de a lg un s t am an ho s d e gr ão ). G P Pe dr eg ul ho s m al g ra - du ad os , m ist ur as d e pe dr eg ul ho e a re ia c om po uc o ou n en hu m fi no . Pe dr eg ul ho s co m fi no s (a pr ec iá ve l qu an tid ad e de fi no s) Fi no s n ão p lá st ic os (M L ou M H ). G F Pe dr eg ul ho s s ilt os os , m is- tu ra s d e pe dr eg ul ho , a re ia e sil te m al g ra du ad os . Fi no s p lá st ic os (C L ou C H ) G C Pe dr eg ul ho s a rg ilo so s, m ist ur as d e pe dr eg ul ho , a re ia e ar gi la b em g ra du ad os . Ta be la 3 . C rit ér io d o Si st em a de C la ss ifi ca çã o de S ol os U ni fic ad o (S U CS ). 55Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 55 22/09/2016 15:03:39 Pr oc es so p ar a id en ti fi ca çã o no c am po G ru po D es ig na çã o ca ra ct er ís ti ca Ar ei as : M ai s q ue m et ad e da fra çã o gr os - se ira m en or qu e a # nº 1 0 Ar ei as p ur as (p ou co o u ne nh um fi no ) G rã os c ob rin do to da a e sc al a de g ra nu - la çã o co m q ua nt id ad e su bs ta nc ia l d e to da s a s p ar tíc ul as in te rm ed iá ria s. SW Ar ei as b em g ra du ad as , ar ei as p ed re gu lh os as , c om po uc o ou n en hu m fi no . Pr ed om in ân ci a de u m g rã o ou g ra du aç ão fa lh ad a SP Ar ei as m al g ra du ad as , ar ei as p ed re gu lh os as , c om po uc o ou n en hu m fi no . Ar ei a co m fin os (a pr ec iá ve l qu an tid ad e de fi no s) Fi no s n ão p lá st ic os (M L ou M H ). SF Ar ei as si lto sa s, m ist ur as m al gr ad ua da s d e ar ei a e sil te . Fi no s p lá st ic os (C L ou C H o u O H ) SC Ar ei as a rg ilo sa s, m ist ur as b em gr ad ua da s d e ar ei a e ar gi la . So lo s d e gr an al aç ão fin a: M ai s q ue a m et ad e é m en or q ue a ab er tu ra de m al ha da # 2 00 Pr oc es so d e id en tif ic aç ão e xe cu ta do s ob re a fr aç ão < # n º 4 0 A ab er tu ra d a m al ha # n º 2 00 c or - re sp on de a pr ox im ad am en te à m en or p ar tíc ul a vi sív el a o lh o nu . En sa io e xp ed ito Re sis tê nc ia a se co (e sm ag am en to pe lo s d ed os ) D ila tâ nc ia (d ila çã o) RI gi de z (c on sis tê nc ia na p ro xi m i- da de d o LP ) Si lte s e a rg ila s Li m ite d e liq ui de z m en or q ue 5 0 N en hu m a a pe qu en a Rá pi da a le nt a N en hu m a M L Si lte s i no rg ân ic os e a re ia s m ui to fi na s, al te ra çã o de ro ch a, a re ia s f in as , s il- to sa s o u ar gi lo sa s c om pe qu en a pl as tic id ad e. Mecânica dos solos56 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 56 22/09/2016 15:03:40 Fo nt e: B ra si l ( 20 06 ). Pr oc es so p ar a id en ti fi ca çã o no c am po G ru po D es ig na çã o ca ra ct er ís ti ca M éd ia a el ev ad a N en hu m a a m ui to le nt a M éd ia CL Ar gi la s i no rg ân ic as d e ba ix a e m éd ia p la st ic id ad e, a rg ila s p e- dr eg ul ho sa s, ar gi la s a re no sa s, ar gi la s s ilt os as , a rg ila s m ag ra s. Pe qu en a à m éd ia Le nt a Pe qu en a O L Si lte s o rg ân ic os e si lte s ar gi lo so s o rg ân ic os d e ba ix a pl as tic id ad e Si lte s e a rg ila s Li m ite d e liq ui de z m en or q ue 5 0 Pe qu en a à m éd ia Le nt a a ne nh um a Pe qu en a a m éd ia M H Si lte s i no rg ân ic os , m i- cá ce os o u da to m ác eo s, fin os a re no so s o u so lo s sil to so s, sil te s e lá st ic os . El ev ad a a m ui to e le va da N en hu m a El ev ad a CH Ar gi la s i no rg ân ic as d e al ta pl as tic id ad e, a rg ila s g or da s. M éd ia a el ev ad aN en hu m a a m ui to le nt a Pe qu en a a m éd ia O H Ar gi la s o rg ân ic as d e m éd ia e al ta p la st ic id ad e Tu rf as Fa ci lm en te id en tif ic áv ei s p el a co r, ch ei ro , p o- ro sid ad e e fre qu ên ci a pe la te xt ur a fib ro sa . Pt So lo s c om e le va do te or de m at ér ia o rg ân ic a 57Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 57 22/09/2016 15:03:40 A classificação rodoviária (TRB - AASHTO) A classificação TRB (Transportation Research Board), antiga HRB (Highway Research Board), da AASHO (American Association of State Highway Trans- portation Officials), assim como a classificação unificada, fundamenta-se nos ensaios de granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade dos solos, sendo proposta para ser utilizada nos materiais de aterro rodoviários. Um parâmetro adicionado nesta classificação é o índice de grupo (IG), que é um número inteiro variando de 0 a 20. O índice de grupo define a capacidade de suporte do solo de fundação de um pavimento (subleito). Os valores extremos do “IG” representam solos ótimos para IG = 0 e solos péssimos para IG = 20. Portanto, esse índice estabelece uma ordenação dos solos dentro de um grupo, conforme suas aptidões, sendo pior o solo que apresentar maior “IG”. A determinação do índice de grupo baseia-se nos limites de Atterberg (LL e IP) do solo e na porcentagem de material fino que passa na peneira número 200 (0,075 mm). Seu valor é obtido utilizando a seguinte expressão: Onde: � = porcentagem do solo que passa na peneira nº 200 menos 35%. Se o valor de “a” for negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se este valor como limite máximo. � = porcentagem do solo que passa na peneira nº 200 menos 15%. %. Se o valor de “b” for negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se este valor como limite máximo. Mecânica dos solos58 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 58 22/09/2016 15:03:40 � = valor do limite de liquidez menos 40%. Se o valor de “c” for ne- gativo adota-se zero, e se for superior a 20, adota-se este valor como limite máximo. � = valor do índice de plasticidade menos 10%. Se o valor de “d” for negativo adota-se zero, e se for superior a 20, adota-se este valor como limite máximo. Os solos são classificados em sete grupos, de acordo com a granulometria (peneiras # 10, 40, 200) e de conformidade com os intervalos de variação dos limites de consistência e índice (LL e LP) de grupo (IG). De acordo com a Tabela 4, os solos se dividem em dois grupos: solos grossos (quando a % passante na peneira nº 200 é inferior a 35%) e solos finos (quando a % passante na peneira nº 200 é superior a 35%). A classificação é feita da esquerda para a direita do quadro apresentado. Muitas vezes essas classificações de solos devem serem utilizadas com cautela, pois são obtidas com base nos solos amolgados e remoldados, ou seja, as amostras coletadas para tais finalidades não têm o intuito de manter a estrutura original do solo, mesmo porque os ensaios de caracterização não exigem tal critério. Assim, em alguns casos, à exemplo dos solos colapsáveis, que sofrem significativa redução de volume quando umedecido in loco, não serão detectáveis observando somente a classificação. 59Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 59 22/09/2016 15:03:41 Fo nt e: B ra si l ( 20 06 ). Cl as si fi ca çã o ge ra l M at er ia is g ra nu la re s 35 % (o u m en os ) p as sa nd o na p en ei ra N º 2 00 M at er ia is s ilt o - a rg ilo so s Cl as sif ic aç ão e m g ru po s A - 1 A - 3 A - 2 A- 4 A- 5 A- 6 A- 7 A- 7- 5 A- 7- 6 A - 1 - A A - 1 - B A - 2 - 4 A - 2 - 5 A - 2 - 6 A - 2 - 7 G ra nu lo m et ria - % p as sa nd o na p en ei ra N º 1 0 50 m áx . N º 4 0 30 m áx . 30 m áx . 51 m in . N º 2 00 15 m áx . 25 m áx . 10 m áx . 35 m áx . 35 m áx . 35 m áx . 35 m áx . 36 m in . 36 m in . 36 m in . 36 m in . Ca ra ct er ís tic as d a fra çã o pa ss an do n a pe ne ira N º 4 0: Z Li m ite d e liq ui de z 40 m áx . 41 m in . 40 m áx . 41 m in . 40 m áx . 41 m in . 40 m áx . 41 m in . Ín di ce d e pl as tic id ad e 6 m áx . 6 m áx . N P 10 m áx . 10 m áx . 11 m in 11 m in . 10 m áx . 10 m áx . 11 m in 11 m in .* Ín di ce d e gr up o 0 0 0 0 0 4 m áx . 4 m áx . 8 m áx . 12 m áx . 16 m áx . 20 m áx . M at er ia is co ns tit ui nt es Fr ag m en to s d e pe dr as , p e- dr eg ul ho s f in o e ar ei a Pe dr eg ul ho o u ar ei as si lto so s o u ar gi lo so s So lo s s ilt os os So lo s a rg ilo so s Co m po rt am en to co m o su bl ei to Ex ce le nt e a bo m So frí ve l a m au Ta be la 4 . Cr ité rio d o Si st em a de C la ss ifi ca çã o TR B. Mecânica dos solos60 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 60 22/09/2016 15:03:41 1. Quais são os ensaios fundamentais para a realização da classificação unificada (USACE)? a) Resistência à compressão simples e Limite de Liquidez. b) Cisalhamento direto e Limite de Plasticidade. c) Peso específico e Índice de Plasticidade. d) Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade. e) Granulometria e Limites de Atterberg. 2. Para realizar a classificação de um solo, você precisa realizar ensaios básicos. Por esse motivo, você pode afirmar que: a) Existem somente dois tipos de classificação de solos. b) Existem somente as classificações de solos com base na caracteri- zação dos solos. c) Existem somente classificações de solos por meio de ensaios expeditos. d) Existem diversas possibilidade de classificar os solos. No entanto, utilizam-se aquelas mais difun- didas e de melhor aplicação em cada região. e) Existem diversas possibilidades de classificar os solos. Usando apenas uma delas é o suficiente para identificar o comportamento de qualquer solo. 3. Em uma amostra, você obtém 4% de material passante na peneira #200. Na curva granulométrica, observa que: D60=0,27, D30=0,18 e D10=0,10. A amostra não apresenta matéria orgânica nem LL e LP. Qual a classi- ficação desta amostra de solo pela Classificação Unificada? a) OH - Argila orgânica de média a alta compressibilidade. b) MH - Solo siltoso c) SP - Areia mal graduada com pouco material fino. d) SW - Areia bem graduada com pouco silte. e) GP - Pedregulho mal graduado. 4. Para a mesma amostra do exemplo anterior, o solo agora apresentou 100% de material passante na peneira # 4 e 7% de material passante na pe- neira #200. A amostra não apresenta matéria orgânica nem LL e LP. Qual a classificação desta amostra de solo pela Classificação TRB se o IG = 0? a) A 1-a b) A 3 c) A1-b d) A 6 e) A 7-5 5. O índice de grupo (IG) é um parâ- metros da classificação TRB que representa: a) a capacidade de suporte de su- bleitos de solos típicos do regiões temperadas. b) a capacidade de suporte de solos de subleitos típicos de regiões tropicais. c) é um número que varia de 0 a 20, sendo 20 aquele solo com maior capacidade de suporte. d) é um número que varia de 0 a 10, sendo 10 aquele solo com maior capacidade de suporte. e) é um índice que indica somente a presença de finos (argilas e siltes). 61Caracterização dos solos Mecanica_Solos_U2_C4.indd 61 22/09/2016 15:03:42 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7181:1984: solo - análise gra- nulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 1988. Versão corrigida. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6459:2016: determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro: ABNT, 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6459:2016: determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2016. ASTM INTERNATIONAL. ASTM D 2487: standard practice for classificationof soils for engi- neering purposes (unified soil classification system). West Conshohocken: ASTM, 2006. BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Manual de pavimen- tação. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério dos Transportes, Instituto de Pesquisas Rodoviá- rias, 2006. (IPR, 719). NOGAMI, J. S.; VILLIBOR, D. F. Caracterização e classificação gerais de solos para pavi- mentação: limitações do método tradicional, apresentação de uma nova sistemática. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO, 15., 1980, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizon- te: [s.n.], 1980. PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012. VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. Porto Alegre: McGraw-Hill do Brasil; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1977. Leitura recomendada PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012. Mecânica dos solos62 Mecanica_Solos_U2_C4.indd 62 22/09/2016 15:03:42 Conteúdo:
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