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[Pneumoconioses] DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO DEFINIÇÃO DE DOENÇA OCUPACIONAL: As doenças ocupacionais são aquelas produzidas, adquiridas ou desencadeadas pelo exercício da atividade ou em função de condições especiais de trabalho. (ANAMT) CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE SCHILLING • I – Doenças nas quais o trabalho é uma causa necessária (p. ex., envenenamento por chumbo, silicose, asbestose) • II – Doenças nas quais o trabalho é um fator causal contributivo, mas não necessário (p. ex., doença coronariana) • III – Situações nas quais o trabalho provoca uma desordem latente ou agrava uma doença estabelecida, como os casos de asma, dermatites. DEFINIÇÃO DE RISCO OCUPACIONAL: A existência de probabilidade de um trabalhador sofrer algum dano, resultante de suas atividades profissionais, é denominada de risco ocupacional, ou seja, são acidentes ou doenças possíveis a que estão expostos os trabalhadores no exercício do seu trabalho ou por motivo da ocupação que exercem. SÃO CAUSADOS POR AGENTES: • Químicos – aula de hoje! • Físicos • Biológicos • Ergonômicos • Acidentes CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS GRUPO 1 • Riscos físicos (verde) • Ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, frio, calor, pressões anormais, umidade, iluminação (inadequada). GRUPO 2 • Riscos químicos (vermelho) • Poeiras, fumo, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias compostas, produtos químicos em geral. *Todas as doenças estudadas na aula de hoje irão pertencer ao grupo 2! GRUPO 3 • Riscos biológicos (marrom) • Vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos. GRUPO 4 • Riscos ergonômicos (amarelo) • Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade. GRUPO 5 • Riscos de acidentes (azul) • Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos. I – DOENÇAS RELACIONADAS COM AGENTES DE RISCOS QUÍMICOS: • A Fundação Oswaldo Cruz define risco químico como “o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem causar- lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saúde”. • Entre os danos físicos relacionados à exposição química estão: a irritação na pele e olhos, queimaduras leves, doenças respiratórias crônicas, do sistema nervoso, renais e hepáticas e até diversos tipos de cânceres. • Estes riscos podem decorrer de situações como inalação de vapores, ingestão, contato com a pele e olhos e até casos de explosão. O fato de as substâncias químicas serem encontradas em diversos estados (líquido, sólido ou gasoso) dificulta ainda mais as medidas de prevenção e controle nas indústrias. • Consideramos a exposição a poeiras, neblinas, fumos metálicos, vapor e demais produtos químicos em geral. 1– AS PNEUMOCONIOSES • Define-se Pneumoconioses para fins de notificação à Saúde (ou seja, são doenças de notificação compulsória), casos de pneumopatias relacionadas à inalação de poeiras em ambientes de trabalho. • O termo designa genericamente todas as doenças pulmonares parenquimatosas causadas por inalação de poeiras independente do processo fisiopatogênico envolvido. • As pneumoconioses são doenças por inalação de poeiras, substâncias que o organismo pouco consegue combater com seus mecanismos de defesa imunológica e/ou leucocitária. • CID -10: Pneumoconioses (J60-J70) AS PNEUMOCONIOSES 1.1 Asbestose 1.2 Silicose 1.3 Outras ASBESTOSE Asbestose é uma doença profissional (classificação I de Schilling) relacionada à exposição ocupacional ao asbesto (sinônimo de amianto). O QUE É O AMIANTO? O ASBESTO? VARIEDADES DE AMIANTO • Existem dois tipos de amianto: o crisotila e o anfibólio. • O crisotila é o único utilizado comercialmente no Brasil e também é conhecido como asbesto ou amianto branco. Ele apresenta uma estrutura fibrosa, flexível, fina e sedosa. É um mineral conhecido desde a antiguidade, mas foi a partir do século XIX que a fibra do amianto crisotila passou a ser usada em escala industrial, destacando-se como isolante térmico, de alta durabilidade, flexibilidade, e principalmente pela resistência quando misturado a outros materiais, como é o caso do cimento. O amianto crisotila é um dos mais de 30 diferentes variedades de rochas amiantíferas conhecidas no mundo. Por outro lado, é a única que tem permissão para ser extraída, beneficiada, transportada e transformada em produtos acabados. Todos os demais tipos de fibras amiantíferas são proibidos no Brasil e no mundo. • O amianto anfibólio é uma fibra dura, reta e pontiaguda. É facilmente encontrado na natureza e foi muito utilizado comercialmente até os anos 70, mas atualmente são proibidos, devido a seus efeitos sobre a saúde, já que suas fibras propagam mais facilmente no ar, são rígidas e eliminadas com dificuldade pelo sistema respiratório. CONSUMO • No Brasil, a indústria consome 162 mil toneladas anuais de amianto crisotila, das quais mais de 99,5% são empregadas na fabricação de telhas estruturais, telhas onduladas e caixas d’água de fibrocimento. • O mercado brasileiro, com 11 empresas, em sua maioria de médio e pequeno portes, e 15 fábricas em 08 Estados, é considerado um dos mais ativos do mundo, com um consumo anual superior a 160 milhões de metros quadrados em telhas. Cerca de 50% dos telhados brasileiros e 50% das caixas d ́água residenciais são fabricados com fibrocimento de amianto crisotila. • *Dados anteriores à proibição • No final de 2017, o Supremo Tribunal Federal – STF decretou a inconstitucionalidade da Lei Federal n° 9055/95, que autorizava o uso controlado do amianto crisotila. Assim o dia 29 de novembro de 2017 ficou marcado pelo banimento da fibra no Brasil, proibindo a extração, industrialização, comercialização e distribuição em todo país. • “Por 7 votos a 2, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta (29) proibir em todo o país o uso do amianto crisotila --usado na fabricação de telhas e caixas d'água. Até então, esse era o único tipo da fibra, "reconhecidamente cancerígena", que podia ser comercializada no Brasil.” • “Fica vetado, portanto, a extração, a industrialização e a comercialização do produto em qualquer Estado do país, não mais só naqueles que tinham leis estaduais que efetivavam a proibição --como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. E, segundo os ministros, o Congresso e os Estados não poderão mais aprovar leis para autorizar o uso da fibra” • “O julgamento sobre o tema se arrastava no STF há pelo menos 13 anos. Além da ação de inconstitucionalidade contra a lei federal de 1995, que autorizava a comercialização de um tipo específico de amianto, a crisotila (outros tipos do material já eram proibidos por essa mesma lei), a Corte também analisava ações contra leis estaduais que proibiram o produto nos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, propostas entre 2004 e 2008” • LOCAIS DE EXPOSIÇÃO: fábricas que utilizam o asbesto como matéria-prima, como na fabricação de tecidos à prova de fogo e fibro-cimento (telhas, caixas d á́gua). *** Pode haver a exposição em demolições de edificações antigas, visto que o asbesto foi utilizado por muito tempo como isolante térmico e acústico na construção civil. • TEMPO DE LATÊNCIA: longo, superior a 10 anos, normalmente. • CLÍNICA: similar a DPOC grave; dispnéia aos esforços, crepitações em bases pulmonares e baqueteamento digital (tardiamente) • DIAGNÓSTICO: Históriaocupacional + alterações radiográficas + clínica • TRATAMENTO: não há específico; suporte + comorbidades associadas + cessar tabagismo • ASSOCIAÇÃO: mesotelioma de pleura (PROVA), CA de estômago, CA de laringe, CA ovário SILICOSE A silicose é a pneumoconiose de maior prevalência no país. É uma doença profissional (classificação I de Schilling) e ocorre devido à inalação ocupacional da poeira de sílica livre. O QUE PE A SÍLICA? • A sílica, ou dióxido de silício, é um óxido de metal do grupo IV que ocorre naturalmente sob a forma cristalina ou sob a forma de sílica amorfa. É o segundo mineral mais comum na crosta terrestre, sendo um componente importante da areia, de rochas e de alguns minérios. Sua forma mais abundante é α- quartzo. • A sílica é amplamente utilizada como produto final, subproduto ou matéria prima em vários processos industriais, conforme citaremos a seguir: ► Agricultura: Aragem, colheita. ► Beneficiamento de minério: Marmoraria, lapidação e corte de pedra, moinho. ► Indústria de cerâmica: Mistura, moldagem, cobertura vitrificada ou esmaltada, rebarbação, carga de fornos e acabamento. ► Indústria de cimento: Processamento de matéria-prima como argila, areia, pedras e terra diatomácea. ► Construção civil: Construção pesada (túnel e barragens). Corte, acabamento, escavação, alvenaria, jateamento, movimentação de terra, demolição. ► Construção naval: Jateamento, manutenção e limpeza. ► Extração mineral: Mineração a céu aberto ou de subsolo, lavra por explosivo, perfuração, corte, britagem, moagem, peneiramento e ensacamento, pedreiras. ► Fundição: Fundição da peça, retirada do molde, limpeza, alisamento. Instalação e reparo de fornos. ► Indústria de mineral não metálico: Cerâmica, vidros e fundições. ► Limpeza com abrasivo (jateamento): Manutenção de materiais que utilizam jateamento com areia ou outro abrasivo contaminado com areia. Manipulação de jeans em indústria têxtil. ► Matéria-prima: Indústria que utilizam material contendo sílica (quartzito, feldspato, filito, granito, agalmatolito, bentonita, dolomita, argila e caulim), tais como: cosmético, tintas, sabões, farmacêutica, inseticida, terra diatomácea. ► Serviços diversos: Protéticos, cavadores de poços, artistas plásticos, reparo e manutenção de refratários. DIVIDIDA EM: • SILICOSE CRÔNICA: longo período de latência até o aparecimento das alterações radiológicas (>10 anos); Ex. trabalhadores de construção civil, mineração. • SILICOSE SUBAGUDA: Alterações radiológicas mais precoces (>5 anos); Ex. cavadores de poços • SILICOSE AGUDA: Forma rara! Sobrevida de um ano após sintomas. Aparecimento das alterações radiológicas com menos de 5 anos e exposição (<5 anos); Ex. jateamento de areia, moagem de pedra. Imagens de jateamento de areia “Ou seja: a portaria 99 de 19 de outubro de 2004 declarou a proibição do processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo” • CLÍNICA: Dispnéia e astenia a depender da evolução da doença. • DIAGNÓSTICO: História ocupacional + alterações radiográficas + clínica • TRATAMENTO: não há específico; suporte + comorbidades associadas + cessar tabagismo • ASSOCIAÇÃO: Síndrome de Caplan (pneumoconiose reumatóide) (PROVA), sílico-tuberculose, Siderose, Cor Pulmonale, CA de Pulmão • ALTERAÇÕES RADIOLÓGICAS: nódulos pequenos e regulares do tipo “p”, “q” ou “r”. Linha b de Kerley e calcificações “egg shel”. • Classificação Internacional de Radiologia de Pneumoconiose da OIT (Organização Internacional do Trabalho): letras minúsculas para pequenas opacidades (até 10mm) e “p, q, r” para regulares e “s, t, u” para irregulares. OUTRAS PNEUMOCONIOSES • Pneumoconiose dos Trabalhadores de Carvão (PTC) ► 1.3.2 – Beriliose ► 1.3.3 – Siderose ► 1.3.4 – Bissinose PNEUMOCONIOSE DOS TRABALHADORES DE CARVÃO (PTC) • AGENTE: Carvão Mineral • PROFISSIONAIS EXPOSTOS: Trabalhadores de minas de carvão mineral • ASSOCIAÇÃO: Síndrome de Caplan (pneumoconiose reumatóide) • CID 10: J60 1.3.2 – BERILIOSE • Agente: Berílio • PROFISSIONAIS EXPOSTOS: Trabalhadores de minas de extração de berílio e indústrias específicas (fabricação de aparelhos de radiografia e indústria aeroespacial) • ASSOCIAÇÃO: Doença Pulmonar pelo Berílio (DPB) : Fase Aguda (Pneumonia Química) e Fase Crônica (Pseudosarcoidose) • CID 10: J63.2 SIDEROSE • AGENTE: Poeira de ferro • PROFISSIONAIS EXPOSTOS: Trabalhadores de minas de extração de ferro • ASSOCIAÇÃO: Silicose (forma mista) • CID 10: J63.4 BISSINOSE • AGENTE: Poeira de algodão, linho, cânhamo ou sisal • PROFISSIONAIS EXPOSTOS: Trabalhadores da indústria têxtil (fabricação de roupas) • ASSOCIAÇÃO: Dispnéia e Opressão Torácica (Grau 0-3) • CID 10: J66.0 RESUMÃO
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