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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI ELETRICIDADE GUARULHOS - SP SUMÁRIO 1 CONCEITO DE ELETRICIDADE ............................................................................ 4 2 MAGNETISMO, ELETROMAGNETISMO E CAMPO MAGNÉTICO ....................... 5 2.1 Magnetismo – Ímãs ............................................................................................. 5 2.2 Atração e repulsão magnética ............................................................................ 7 2.3 Campo magnético ............................................................................................... 7 2.3.1 O campo magnético da Terra ............................................................ 8 2.4 Eletromagnetismo ............................................................................................... 9 2.4.1 O experimento de Óersted ................................................................. 9 2.4.2 Eletroímãs ......................................................................................... 10 2.4.3 Bobina Elétrica ................................................................................. 11 2.5 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA .............................................................. 11 2.6 Funcionamento de uma Usina Hidrelétrica ....................................................... 12 2.6.1 Vantagens e Desvantagens das Usinas Hidrelétricas................... 14 3 ELETRICIDADE ESTÁTICA.................................................................................. 14 3.1 A eletricidade nos diversos materiais ................................................................ 15 3.2 Âmbar ............................................................................................................... 15 3.2.1 Geração ............................................................................................. 16 3.3 Eletrização ........................................................................................................ 17 3.3.1 Eletrização por Contato ................................................................... 18 3.3.2 Eletrização por Indução ................................................................... 19 3.3.3 Eletrização por Aquecimento ou Piroeletrização .......................... 19 3.3.4 Geração ............................................................................................. 19 3.4 Influência em máquinas e equipamentos .......................................................... 19 4 CORRENTE ELÉTRICA ....................................................................................... 22 4.1 Condutores Elétricos ......................................................................................... 23 4.2 Tipos de Corrente Elétrica ................................................................................ 24 4.3 Tensão Elétrica ................................................................................................. 24 4.4 Intensidade da Corrente Elétrica ....................................................................... 24 4.5 Energia Elétrica ................................................................................................. 25 5 LEIS DE OHM ....................................................................................................... 25 5.1 Resistência Elétrica .......................................................................................... 26 5.2 Resistores ......................................................................................................... 26 5.3 Leis de Ohm: Enunciados e Fórmulas .............................................................. 26 5.3.1Primeira Lei de Ohm ....................................................................................... 26 5.3.2Segunda Lei de Ohm ...................................................................................... 27 6 TRABALHO ........................................................................................................... 27 6.1 Trabalho e Energia ........................................................................................... 28 6.2 Trabalho de uma Força ..................................................................................... 28 6.2.1Força constante............................................................................................... 28 6.2.2Força variável .................................................................................................. 30 6.3 Trabalho da Força Peso ................................................................................... 31 6.4 Trabalho da Força Elástica ............................................................................... 33 6.5 Teorema da Energia Cinética ........................................................................... 34 6.6 Energia Potencial Gravitacional ........................................................................ 35 7 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA ..................................................................... 35 7.1 Potência Elétrica ............................................................................................... 35 7.2 Fórmula da Potência Elétrica ............................................................................ 36 7.3 Efeito Joule ....................................................................................................... 36 7.3.1Cálculo da Potência no Efeito Joule ................................................................ 37 7.4 Cálculo da Energia Elétrica ............................................................................... 38 8 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES ........................................................................ 39 8.1 Resistores ......................................................................................................... 39 8.2 Associação de resistores em série ................................................................... 40 8.3 Associação de Resistores em Paralelo ............................................................. 42 8.4 Curto-Circuito .................................................................................................... 45 8.5 Associação de Resistores Mista ....................................................................... 45 9 LEIS DE KIRCHHOFF .......................................................................................... 46 9.1 Lei dos Nós ....................................................................................................... 47 9.2 Lei das Malhas .................................................................................................. 48 9.3 Passo a Passo .................................................................................................. 50 10 TEOREMAS DA SUPERPOSIÇÃO, THÉVENIN E NORTON............................... 53 10.1 Teorema da superposição .............................................................................. 53 10.2 Teorema de Thévenin ..................................................................................... 56 10.3 Teorema de Norton ......................................................................................... 60 11 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ....................................................................................... 64 4 1 CONCEITO DE ELETRICIDADE A eletricidade é a parte da Física que estuda fenômenos associados às cargas elétricas. Os estudos na área são divididos em: eletrostática, eletrodinâmica e eletromagnetismo. Fonte: conceitos.com É impossível imaginar como seria nossa vida sem a eletricidade. Ela está presente em praticamente todos os momentos do nosso dia a dia, quando acendemos uma lâmpada, guardamos um alimento na geladeira para conservá-lo, ao assistirmos à TV, entre tantosoutros. Portanto, precisamos dela para viver com qualidade e conforto. A eletricidade é definida como a parte da ciência que estuda fenômenos que ocorrem graças à existência de cargas elétricas nos átomos que compõem a matéria. Lembrando que os átomos são formados por prótons (portadores de carga positiva), nêutrons, que ficam no núcleo atômico, e por elétrons (portadores de cargas negativas) localizados ao redor do núcleo, em uma região denominada eletrosfera. Os estudos nessa área são divididos em três partes: Eletrostática: estuda as cargas elétricas em repouso e abrange os conceitos de tipos de eletrização, força eletrostática, campo elétrico e potencial elétrico; 5 Eletrodinâmica: responsável pelo estudo das cargas elétricas em movimento. Refere-se principalmente aos conceitos associados à corrente elétrica e aos circuitos elétricos com os seus componentes, como resistores, geradores e capacitores; Eletromagnetismo: é a parte da eletricidade que estuda a relação entre os fenômenos elétricos e magnéticos, sendo eles a corrente elétrica produzida pela variação de campo magnético, bem como o campo magnético gerado por uma corrente elétrica. A palavra eletricidade tem origem no termo grego “eléktron”, que, em português, significa âmbar. O nome está ligado às primeiras observações e estudos sobre os fenômenos elétricos realizados por Tales de Mileto, por volta de 600 a.C., que foram feitos a partir do âmbar, uma resina fóssil que, ao ser atritada, adquire a capacidade de atrair pequenos objetos. Apesar das descobertas na área terem se iniciado na Grécia Antiga, o grande marco dos estudos na área foi a descoberta do elétron no século XIV feita por J. J. Thompson ao realizar a experiência com os raios catódicos. A eletricidade até hoje permitiu ao homem realizar feitos incríveis. Pequenos aparelhos como a Lâmpada elétrica, que permitiu a realização de atividades noturnas, são exemplos da grande mudança que essa área ocasionou na sociedade. Agora, a grande preocupação é obter novas fontes de energia que sejam menos agressivas ao meio ambiente e mais eficientes1. 2 MAGNETISMO, ELETROMAGNETISMO E CAMPO MAGNÉTICO 2.1 Magnetismo – Ímãs Segundo registros históricos, os gregos foram os primeiros a relatar a ação dos magnetos (ímãs) encontrados em rochas de uma região da Ásia Menor denominada Magnésia. Daí o nome da rocha com essa propriedade – a magnetita – e do fenômeno – o magnetismo. 1 Texto extraído de: mundoeducacao.bol.uol.com.br 6 Fonte: escola.britannica.com.br Os ímãs naturais como a magnetita são constituídos, em sua maioria, de óxido de ferro (oxigênio e ferro) e têm como característica a atração de objetos metálicos de ferro, de níquel e de cobalto. Esses metais são denominados ferromagnéticos. Outros metais, como o cobre, o alumínio e o chumbo não são atraídos por ímãs. Atualmente, há ímãs produzidos industrialmente. São comuns os enfeites e peças de propaganda de restaurantes e pizzarias próprios para serem fixados na porta da geladeira por meio de pequenos ímãs. Além de decorar, esses objetos servem para prender bilhetes com recados e lembretes. A bússola, uma invenção atribuída aos chineses, é um instrumento de orientação que se utiliza de ímã. Os chineses perceberam que um pequeno pedaço de ímã natural em forma de barra, suspenso por um fio ou flutuando sobre um pedaço de cortiça em água, alinhava-se na direção Norte-Sul da Terra. À extremidade do ímã que aponta para a região do Polo Norte Geográfico é dado o nome de norte magnético. À extremidade do ímã que aponta para a região onde se localiza o Polo Sul Geográfico é dado o nome de sul magnético. 7 2.2 Atração e repulsão magnética Fonte: docplayer.com.br Aproximando um ímã de outro, pode-se verificar que, dependendo da posição, surgem entre eles forças de atração ou de repulsão. Com base nessa constatação, conclui-se que os ímãs apresentam polaridade, ou seja, apresentam polos que determinam a orientação da ação de sua força magnética. Convencionou-se que polos de mesmo nome se repelem e polos de nomes diferentes se atraem. N= Polo Norte S= Polo Sul Outra característica importante dos ímãs é a inseparabilidade dos polos magnéticos. Cortando-se um ímã de barra ao meio, as duas metades obtidas serão ímãs completos, com norte e sul magnéticos. Por mais que você divida um ímã, sempre obterá ímãs completos. 2.3 Campo magnético Um ímã cria a seu redor uma região de influência magnética denominada campo magnético. Para visualizar o campo magnético ao redor de um ímã, é comum a utilização de limalha de ferro (pó de ferro). A forma como a limalha se distribui permite a representação do campo através de linhas de ação de sua força em torno do ímã. Outra maneira de verificar essas linhas é percorrer com uma bússola o contorno do ímã. A agulha da bússola se orienta segundo a linha de campo que passa por ela, pois ela é, na verdade, um pequeno ímã. 8 Com base nessas observações, foram criados modelos com o campo magnético representado por linhas orientadas da ação da força desse campo, denominadas linhas de indução magnética. A orientação dessas linhas é convencionada com o sentido do polo norte para o polo sul de um ímã. 2.3.1 O campo magnético da Terra Colocando-se sobre uma mesa algumas bússolas, afastadas umas das outras, observa-se que todas elas estarão alinhadas na direção norte-sul. Esse fato indica que a Terra cria um campo magnético ao seu redor, que interage com o campo criado pela bússola. Representação dos polos magnéticos da Terra e suas linhas de indução. Ilustração: Siberian Art. Fonte: Shutterstock.com Uma das possíveis causas desse comportamento magnético da Terra pode estar relacionada às camadas mais próximas do núcleo e ao próprio núcleo do planeta, onde há uma concentração muito grande de níquel e ferro. A parte mais externa do núcleo, devido à alta temperatura, está em grande parte no estado líquido. Essa massa metálica encontra-se eletrizada e, por causa do movimento de rotação da Terra, cria uma corrente elétrica que dá origem às propriedades magnéticas do 9 planeta. Como o polo norte de uma bússola aponta para a região do Polo Norte Geográfico e o polo sul da bússola aponta para a região do Polo Sul Geográfico, pode- se dizer que a Terra se comporta como um enorme ímã. 2.4 Eletromagnetismo Por volta de 1820, o físico dinamarquês Hans C. Õersted (1777 – 1851) observou que uma bússola sofria interação quando colocada próxima a um fio condutor percorrido por corrente elétrica (cargas em movimento). Surgia o eletromagnetismo. Acompanhe um resumo do experimento realizado por Õersted, 2.4.1 O experimento de Óersted Em seu experimento, Õersted segurou, inicialmente, uma bússola com a agulha paralela ao fio de um circuito elétrico aberto. Ao fechar o circuito, inicia-se a passagem da corrente elétrica e a agulha da bússola muda de direção. Invertendo o sentido da corrente, a agulha da bússola gira no sentido oposto. Fonte: planetabiologia.com Os resultados desse experimento permitiram a Õersted evidenciar que um fio condutor quando percorrido por uma corrente elétrica, gera ao seu redor um campo magnético e que o sentido desse campo magnético é dependente do sentido da corrente. Ele foi o primeiro a notar que a eletricidade podia gerar efeitos magnéticos. 10 Surgia, então, o eletromagnetismo, ramo da física que estuda as interações entre correntes elétricas e corpos magnetizados. 2.4.2 Eletroímãs Uma aplicação do campo magnético criado por uma corrente elétrica são os eletroímãs. Esses dispositivos são ímãs temporários, pois só atuam como ímã quando o circuito elétrico é fechado. São utilizados em telefones, computadores, alto-falantes e em guindastes (usadosna separação de metais em depósitos). Fonte: solucoesindustriais.com.br O eletroímã é um dispositivo composto de um conjunto de espiras justapostas envolvendo um núcleo de material ferromagnético. Quando as espiras são ligadas a uma pilha ou bateria, surge uma corrente elétrica que gera ao seu redor um campo semelhante aquele encontrado nos ímãs naturais. A intensidade do campo dependerá da intensidade da corrente elétrica e do número de espiras. Desde a descoberta de Õersted., outros cientistas tentaram descobrir se o oposto também era possível, isto é, obter eletricidade do magnetismo. Dois cientistas, o inglês Michael Faraday (1791-1867) e o norte-americano Joseph Henry (1797- 1878), destacaram-se ao produzir corrente elétrica em um circuito a partir do campo 11 magnético gerado por um imã. Faraday, em uma de duas bem-sucedidas experiências, notou que, ao movimentar um imã no espaço interno de uma bobina (um fio condutor formando um conjunto de espiras justapostas), gerava-se uma corrente elétrica. Esse fenômeno é chamado de indução eletromagnética. 2.4.3 Bobina Elétrica A bobina elétrica é um enrolamento de um fio condutor formando um conjunto de espiras justapostas. É vasta a sua utilização, sendo empregada em quase todos os equipamentos onde há conversão de energia. Aparecem em alto-falantes, captadores de instrumentos musicais, instrumentos de medidas, circuitos de ignição de automóvel, discos rígidos de computadores e geradores de energia elétrica. Foi a descoberta da indução eletromagnética que possibilitou a construção de dínamos, que são geradores mecânicos de eletricidade. Os dínamos foram aperfeiçoados e, para a geração de eletricidade, tornaram-se muito mais eficientes que as pilhas e as baterias, abrindo caminho para a “era tecnológica da eletricidade”. 2.5 GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Vimos que a movimentação dos ímãs no interior das espiras, por meio da indução eletromagnética, gera uma corrente elétrica. Outra maneira de se verificar a indução eletromagnética é movimentar uma espira no interior de um campo magnético. É dessa forma que se gera a energia elétrica em usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares e eólicas. Essas usinas fazem uso de uma turbina elétrica, uma enorme estrutura cilíndrica composta de várias pás, que realiza um movimento giratório com a pressão da água (na usina hidrelétrica) ou do vapor d’água (termelétrica e nuclear) ou do vento (eólicas), ganhando, assim, energia cinética. As turbinas são acopladas por um eixo a geradores elétricos. Os geradores são formados por um conjunto de bobinas que giram no interior de um campo magnético criado por gigantescos ímãs, proporcionando a movimentação de elétrons e, consequentemente, gerando uma corrente elétrica. 12 Gerador ou conversor? Apesar de o nome “gerador” sugerir que a energia é gerada, sabemos que esse é um conceito equivocado, pois a energia pode ser transformada, mas não criada. Os geradores elétricos são, portanto, equipamentos responsáveis por converter energia. Ele recebe este nome pelo fato do movimento das bobinas que o constituem gerar, a partir da energia cinética, uma corrente elétrica. 2.6 Funcionamento de uma Usina Hidrelétrica Uma Usina Hidrelétrica, também chamada de Usina Hidroelétrica ou Central Hidroelétrica, é uma obra de engenharia que usa a força das águas para gerar energia. Usina hidrelétrica de Itaipu, maior usina hidrelétrica das Américas Fonte: economia.uol.com.br Na realidade, ela é um intricado projeto de engenharias (civil, elétrica, mecânica, hidráulica, etc.) que demanda enormes esforços de construção. Isso porque essas usinas necessitam de grandes obras e equipamentos para que possa produzir energia elétrica aproveitando o potencial hidráulico latente num rio. Como se trata de uma obra muito complexa que envolve vários cálculos, a viabilidade técnica de cada usina deve ser avaliada de modo particular. 13 Portanto, é uma instalação ligada à rede de transporte que distribui uma quantidade de energia solicitada pelas cargas. Note ainda que, a utilização da energia hidráulica é bastante antiga e foi utilizada primeiramente em quedas d’água e produz energia mecânica em moinhos desde o século I a.C. Como funciona uma Usina Hidrelétrica? Esquema de funcionamento de uma Usina Hidrelétrica Fonte: todamateria.com.br 1. A energia potencial gravitacional que se converte em energia cinética é obtida pelo represamento da água; 2. Esse represamento provoca a pressão que converte energia hidráulica em energia mecânica; 3. Essa energia mecânica é transferida para a turbina hidráulica que será convertida em energia elétrica; 4. A energia elétrica produzida é transmitida para uma ou mais linhas de transmissão, interligadas à rede de distribuição; 5. Porém, parte dessa energia é "perdida" sob a forma de calor que aquece a linha de transmissão. 14 2.6.1 Vantagens e Desvantagens das Usinas Hidrelétricas Apesar de ser uma fonte renovável de energia, não significa que sejam ambientalmente imaculadas. Alguns impactos ambientais prejudicam a fauna e a flora da área alagada que constitui o reservatório. Destacam-se o alagamento das várzeas, o aumento no nível dos rios e da temperatura local. Por outro lado, o principal aspecto positivo é a produção mais barata de energia em relação aos custos da produção de eletricidade via energia nuclear. Ela é certamente a menos agressiva ao meio ambiente do que as usinas termoelétricas a base de petróleo ou carvão2. 3 ELETRICIDADE ESTÁTICA Eletricidade estática PB ou eletricidade estática PE é a carga elétrica num corpo cujos átomos apresentam um desequilíbrio em sua neutralidade. O ramo da física que estuda os efeitos da eletricidade estática é a Eletrostática. O fenômeno da eletricidade estática ocorre quando a quantidade de elétrons gera cargas positivas ou negativas em relação à carga elétrica dos núcleos dos átomos. Quando existe um excesso de elétrons em relação aos prótons, diz-se que o corpo está carregado negativamente. Quando existem menos elétrons que prótons, o corpo está carregado positivamente. Se o número total de prótons e elétrons é equivalente, o corpo está num estado eletricamente neutro. Fonte: tecmundo.com.br 2 Texto extraído de: todamateria.com.br 15 Existem muitas formas de “produzir” eletricidade estática, uma delas é friccionar certos corpos, por exemplo, o bastão de âmbar, para produzir o fenômeno da eletrização por fricção. 3.1 A eletricidade nos diversos materiais A eletricidade estática é o fenômeno de acumulação de cargas elétricas em um material qualquer, condutor, semicondutor ou isolante. No material isolante, este efeito é facilmente detectado devido à dificuldade de deslocamento de cargas; quando o material isolante é eletrizado, ou seja, de alguma forma sofre um desequilíbrio entre cargas positivas e negativas, a natureza tende a reestabelecer o equilíbrio, mas isso leva algum tempo, e durante esse intervalo o material é capaz de atrair ou repelir outros isolantes devido à força coulombiana. Nos condutores, o desequilíbrio de cargas altera o potencial elétrico do material, isso faz com que surja uma diferença de potencial entre o material condutor eletricamente carregado e a Terra, cujo potencial é considerado absoluto (V = 0). Em consequência dessa diferença de potencial, podem ocorrer descargas elétricas a fim de reestabelecer o equilíbrio, só que nesse caso o deslocamento de cargas ocorre num tempo muito curto, podendo causar choques, faíscas, ruídos e outros fenômenos físicos capazes de provocar acidentes. Caminhões de produtos químicos precisam geralmente deseletrizar a carroceria com o auxílio de uma corrente jogada no chão, para que não ocorram acidentes devidosà eletricidade estática. Em semicondutores, as cargas acumuladas em um corpo podem alterar abruptamente a condutividade do material; em dispositivos semicondutores, esse efeito pode causar a queima do componente. Esse fato era muito comum antigamente nos componentes CMOS, mas esse problema já foi contornado. 3.2 Âmbar O âmbar é uma resina semitransparente fossilizada cuja cor é amarelada. Presume-se que seja proveniente de uma espécie já extinta de pinheiro. Os Paleontólogos frequentemente encontram insetos pré-históricos quase intactos 16 conservados dentro de pedaços de âmbar. Quando posto em combustão, o âmbar exala um agradável aroma almiscarado. Os gregos desde o século VI antes de Cristo esfregavam bastões de âmbar em tecido para atrair objetos leves tais como pequenos pedaços de palha, algodão entre outros. Tales de Mileto é tido como o primeiro a fazer experiências científicas com o âmbar no sentido de tentar explicar o fenômeno da atração. Fonte: profwilker.blogspot.com William Gilbert (1544-1603), médico da rainha da Inglaterra Isabel I, foi quem introduziu a palavra “eletricidade”, esta foi derivada da palavra grega “elektron” que era o nome que os gregos davam ao âmbar. Du Fay, em 1733, descobriu duas formas de eletricidade diferentes: vítrea (gerada a partir de substâncias, como o vidro), resinosa (originada de substâncias, como o âmbar). Em 1753, John Canton, descobriu que o vidro produz as duas formas de eletricidade. Sua geração dependia do material onde o vidro era friccionado. Em função da descoberta as designações vítrea e resinosa ficaram obsoletas e foram substituídas por eletricidade positiva e eletricidade negativa. 3.2.1 Geração Quando se fricciona o vidro com lã, este fica eletrizado positivamente. Quando o atritamos com flanela, sua polarização se torna negativa. No caso da resina, ao 17 friccioná-la com lã, sua polaridade se torna negativa, atritando-a com uma folha metálica, a sua carga fica positiva. A carga elétrica é uma propriedade da matéria. Todo átomo contém um núcleo, este é constituído de prótons cuja carga elétrica é positiva, e nêutrons, estes não possuem carga. Orbitando em torno do núcleo atômico está uma nuvem de elétrons de carga elétrica negativa. Em função das polaridades opostas foram atribuídos sinais positivo e negativo às cargas elétricas. Aquelas que possuem o mesmo sinal de polarização se repelem, as de sinais diferentes se atraem. Todos os corpos possuem cargas elétricas (positivas e negativas). Se um determinado material está em equilíbrio, é considerado sem carga, ou neutro. Assim, considera-se material eletrizado aquele que possui mais cargas de uma determinada polaridade do que outra. 3.3 Eletrização Quando os objetos estão carregados, não importa a polaridade, estão eletrizados. A eletrização pode ocorrer por indução, contato e posterior separação entre dois materiais, ou atrito. Para se criar eletricidade estática em laboratório, um bom exemplo é o conhecido Gerador Eletrostático de Van de Graaff. Casualmente podemos gerar eletricidade estática ao atritar um cobertor, roupa de lã, etc., ao nosso corpo, também no caminhar, o contato e separação da sola de nossos calçados com o piso gera eletricidade estática. 18 Fonte: todamateria.com.br É o processo pelo qual um corpo eletricamente neutro, adquire cargas elétricas. Eletrização por Atrito Pode-se eletrizar um corpo atritando-o á outro, fazendo com que um deles perca elétrons, e consequentemente deixando-o com carga elétrica (positiva ou negativa). As cargas dos corpos eletrizados desse modo possuem carga de sinais opostos. Um exemplo é quando passamos um pente várias vezes no cabelo, o pente fica carregado, podemos perceber isso aproximando a pequenas partículas de papel. Funciona com qualquer coisa de plástico que se esfrega no cabelo. 3.3.1 Eletrização por Contato Ao se pegar um corpo eletrizado e encostá-lo em um neutro, este cede uma parte de sua carga ao corpo neutro, deixando-o com carga de mesmo sinal que o primeiro. Suponhamos que uma das esferas seja a esfera “A” e a outra, esfera “B”, digamos que a esfera “A” está eletrizada negativamente e a esfera “B” está neutro, ao entrarem em contato, os elétrons em excesso na esfera “A”, espalham-se pelo conjunto. Assim, “A” continua negativa, mas com um menor número de elétrons em excesso e “B”, que estava neutro inicialmente, eletriza-se negativamente. Logo, como as duas esferas estão eletrizadas com cargas de mesmo sinal elas se repelem saindo 19 do contato. Mas, se considerarmos as esferas “A” e “B” como condutores de mesmas dimensões, após o contato eles terão cargas iguais. (𝐐𝐀 + 𝐐𝐁) 𝟐 3.3.2 Eletrização por Indução Aproximando um corpo eletrizado de um corpo positivo, as cargas de sinais diferentes na área eletrizada se afastarão e o corpo ficará com suas cargas juntas pela sua área. O corpo fica neutro, porém se analisada cada área separadamente elas estarão com predominância de uma carga enquanto o corpo eletrizado estiver próximo. 3.3.3 Eletrização por Aquecimento ou Piroeletrização Ao aquecermos determinados corpos, estes adquirem algum dos tipos possíveis de carga. A este tipo possível de eletrização chamamos Piroeletrização. 3.3.4 Geração Um exemplo típico de geração casual de eletricidade estática em nosso corpo ocorre quando vestimos roupas de lã, etc. Um fator importante na geração de eletricidade estática é a umidade, pois quanto mais seco estiver o ar, mais facilmente a carga se desenvolve. 3.4 Influência em máquinas e equipamentos Na aviação, a eletricidade estática é fator relevante à segurança das aeronaves. Um avião, por exemplo, após aterrissar necessita ser descarregado estaticamente, pois a tensão desenvolvida pode facilmente ultrapassar 250.000 volts. Os helicópteros também precisam ser descarregados eletricamente, pois a carga eletrostática acumulada na fuselagem pode provocar centelhas e, consequentemente, explosões ao se aproximarem do local de aterrissagem. 20 Nos automóveis também ocorre a eletrização, quando estes são submetidos a grandes velocidades ao ar seco, podendo seus ocupantes ao sair ou entrar no veículo tomarem uma descarga elétrica. Há relatos de acidentes com incêndios em postos de abastecimento causados por centelhas devidas a descargas eletrostáticas durante o manuseio da bomba de combustível. Fonte: museuweg.net Em eletrônica, a eletricidade estática é objeto de estudo e pesquisa, pois muitos são os danos causados pela eletrização dos corpos e sua consequente descarga em equipamentos e componentes sensíveis, como por exemplo, placas-mãe de computadores, módulos de memória, etc. Em (2003), ocorreu um acidente que, presume-se, foi causado por uma centelha devida a uma descarga eletrostática num foguete brasileiro na base aeroespacial de Alcântara, cuja explosão causou a morte de diversos técnicos e engenheiros. O estudo científico da eletrostática é dividido em três partes. São elas: Atrito, Contato e Indução. 21 Fonte: brainly.com.br O fenômeno eletrostático mais antigo conhecido é o que ocorre com o âmbar amarelo no momento em que recebe o atrito e atrai corpos leves. Tales de Mileto, no século VI a.C., já conhecia o fenômeno e procurava descrever o efeito da eletrostática no âmbar. Também os indianos da antiguidade aqueciam certos cristais que atraiam cinzas quentes atribuindo ao fenômeno causas sobrenaturais. O fenômeno, porém, permaneceu através dos tempos apenas como curiosidade. No século XVI, Gilbert utilizou a palavra “eletricidade”, esta derivada da palavra grega “elektron” que era o nome que os gregos davam ao âmbar. Gilbert reconheceu que a propriedade eletrostática não era restrita ao âmbar amarelo, mas que diversas outras substânciastambém o manifestavam, entre estas diversas resinas, vidros, o enxofre, entre outros compostos sólidos. Através do fenômeno da eletrostática nos sólidos, observou-se a propriedade dos materiais isolantes e condutores. 22 Otto von Guericke inventou o primeiro dispositivo gerador de eletricidade estática, este era constituído de uma esfera giratória composta de enxofre com o qual foi conseguida a primeira centelha elétrica através de máquinas. Gray, em 1727, notou que os condutores elétricos poderiam ser eletrizados desde que estivessem isolados. Du Fay descobriu que existiam dois tipos de eletricidade, a vítrea, e a resinosa, a primeira positiva e a segunda negativa. Petrus Van Musschenbroek em 1745 descobriu a condensação elétrica ao inventar a garrafa de Leyden, o primeiro capacitor, que permitiu aumentar os efeitos das centelhas elétricas. Benjamin Franklin, com sua experiência sobre as descargas atmosféricas, demonstrou o poder das pontas inventando o para-raios, porém foi Coulomb quem executou o primeiro estudo sistemático e quantitativo da estática demonstrando que as repulsões e atrações elétricas são inversamente proporcionais ao quadrado da distância, em 1785. Descobriu ainda o cientista, que a eletrização ocorrida nos condutores é superficial. Os resultados obtidos por Coulomb foram retomados e estudados por Laplace, Poisson, Biot, Gauss e Faraday3. 4 CORRENTE ELÉTRICA A corrente elétrica designa o movimento ordenado de cargas elétricas (partículas eletrizadas chamadas de íons ou elétrons) dentro de um sistema condutor. Esse sistema apresenta uma diferença de potencial elétrico (ddp) ou tensão elétrica. A corrente elétrica que transita nos resistores pode transformar energia elétrica em energia térmica (calor), num fenômeno conhecido como Efeito Joule. A resistência de um fio condutor facilita ou dificulta a passagem da corrente elétrica, sendo calculada através da fórmula da Primeira Lei de Ohm (R=U/I). Os aparelhos eletrônicos, pilhas e baterias, apresentam o polo negativo e o polo positivo. Isso explica a diferença de potencial (ddp) presente no circuito de cada um deles. 3 Texto extraído e adaptado de: maex.com.br 23 Observe que o sentido da corrente elétrica é caracterizado de duas maneiras. Uma delas é a “corrente elétrico real”, ou seja, aquela que possui o sentido do movimento dos elétrons. Fonte: kauno.diena.lt A outra maneira é a “corrente elétrica convencional”, cujo sentido é contrário ao movimento dos elétrons e é marcada pelo movimento das cargas elétricas positivas. No Sistema Internacional de Unidades (SI), a intensidade da corrente elétrica é medida em Ampère (A), a resistência em Ohm (Ω) e a tensão elétrica (ddp) é medida em Volts (V). 4.1 Condutores Elétricos Os condutores elétricos são materiais que permitem a movimentação dos elétrons, ou seja, a passagem da corrente elétrica. Um material é considerado um condutor elétrico dependendo da diferença de potencial ao qual ele está submetido. Os melhores condutores elétricos são os metais, por outro lado, os materiais que dificultam a movimentação dos elétrons são chamados de isolantes. São exemplos madeira, plástico e papel. Há três tipos de condutores: 24 Sólidos - caracterizado pelo movimento dos elétrons livres; Líquidos - movimento de cargas positivas e negativas; Gasosos - movimento de cátions e ânions. 4.2 Tipos de Corrente Elétrica Corrente Contínua (CC): possui sentido e intensidade constantes, ou seja, apresenta diferença de potencial (ddp) contínua, gerada por pilhas e as baterias. Corrente Alternada (CA): possui sentido e intensidade variados, ou seja, apresenta diferença de potencial (ddp) é alternada, gerada pelas usinas. 4.3 Tensão Elétrica A tensão elétrica, também chamada de diferença de potencial (ddp), caracteriza a diferencial do potencial elétrico de dois pontos num condutor. É, portanto, a força decorrente da movimentação dos elétrons em determinado circuito. No sistema Internacional (SI), a tensão elétrica é medida em Volts (V). Para calcular a tensão elétrica de um circuito elétrico, utiliza-se a expressão: Onde, U = Tensão elétrica (V) R = Resistência (Ω) I = Intensidade da corrente (A) 4.4 Intensidade da Corrente Elétrica A intensidade da corrente elétrica, representada pela letra ‘I’, designa a quantidade de carga elétrica (Q) que atravessa um condutor em determinado intervalo de tempo (Δt). No sistema internacional sua unidade de medida é o Ampère (A), sendo calculada através da seguinte expressão: U = R ⋅ I 25 Onde, I: intensidade da corrente (A) Q: carga elétrica (C) Δt: intervalo de tempo (s) 4.5 Energia Elétrica A energia elétrica é produzida a partir do potencial elétrico de dois pontos de um condutor. Dessa forma, para calcular a energia elétrica utiliza-se a equação: Eel = P ⋅ ∆t Onde: Eel: energia elétrica (kWh) P: potência (kW) ∆t: variação do tempo (h) 5 LEIS DE OHM As Leis de Ohm, postuladas pelo físico alemão Georg Simon Ohm (1787-1854) em 1827, determinam a resistência elétrica dos condutores. Além de definir o conceito de resistência elétrica, Georg Ohm demostrou que no condutor a corrente elétrica é diretamente proporcional à diferença de potencial aplicada. Foi assim que ele postulou a Primeira Lei de Ohm. Suas experiências com diferentes comprimentos e espessuras de fios elétricos, foram cruciais para que postulasse a Segunda Lei de Ohm. Nela, a resistência elétrica do condutor, dependendo da constituição do material, é proporcional ao seu comprimento. Ao mesmo tempo, ela é inversamente proporcional à sua área de secção transversal. 26 5.1 Resistência Elétrica A resistência elétrica, medida sob a grandeza Ω (Ohm), designa a capacidade que um condutor tem de se opor à passagem de corrente elétrica. Em outras palavras, a função da resistência elétrica é de dificultar a passagem de corrente elétrica. Observe que a resistência de 1 Ω (ohm) equivale a 1V/A (Volts/Ampére). 5.2 Resistores Os resistores são dispositivos eletrônicos cuja função é a de transformar energia elétrica em energia térmica (calor), por meio do efeito joule. Dessa maneira, os resistores ôhmicos ou lineares são aqueles que obedecem a primeira lei de ohm (R=U/I). A intensidade (i) da corrente elétrica é diretamente proporcional a sua diferença de potencial (ddp), chamada também de voltagem. Por outro lado, os resistores não ôhmicos, não obedecem a lei de ohm. 5.3 Leis de Ohm: Enunciados e Fórmulas 5.3.1 Primeira Lei de Ohm A Primeira Lei de Ohm postula que um condutor ôhmico (resistência constante) mantido à temperatura constante, a intensidade (i) de corrente elétrica será proporcional à diferença de potencial (ddp) aplicada entre suas extremidades. Ou seja, sua resistência elétrica é constante. Ela é representada pela seguinte fórmula: ou 27 Onde: R: resistência, medida em Ohm (Ω) U: diferença de potencial elétrico (ddp), medido em Volts (V) I: intensidade da corrente elétrica, medida em Ampére (A). 5.3.2 Segunda Lei de Ohm A Segunda Lei de Ohm estabelece que a resistência elétrica de um material é diretamente proporcional ao seu comprimento, inversamente proporcional à sua área de secção transversal. Além disso, ela depende do material do qual é constituído. É representada pela seguinte fórmula: Onde: R: resistência (Ω) ρ: resistividade do condutor (depende do material e de sua temperatura, medida em Ω.m) L: comprimento (m) A: área de secção transversal (mm2)4 6 TRABALHO Trabalho é uma grandeza física relacionada a transferência de energia devido a atuação de uma força. Realizamos um trabalho quando aplicamos uma força em um corpo e este sofre um deslocamento.Apesar da força e do deslocamento serem duas grandezas vetoriais, o trabalho é uma grandeza escalar, ou seja, fica totalmente definida com um valor numérico e uma unidade. 4 Texto extraído de: todamateria.com.br 28 A unidade de medida do trabalho no sistema internacional de unidades é o N.m. Essa unidade recebe o nome de joule (J). Este nome é em homenagem ao físico inglês James Prescott Joule (1818- 1889), que realizou importantes estudos no estabelecimento da relação entre trabalho mecânico e calor. 6.1 Trabalho e Energia A energia é definida como a capacidade de produzir trabalho, ou seja, um corpo só é capaz de realizar um trabalho se possuir energia. Por exemplo, um guindaste só é capaz levantar um carro (produzir trabalho) quando ligado a uma fonte de energia. Da mesma forma, só conseguimos fazer nossas atividades normais, por que recebemos energia dos alimentos que ingerimos. 6.2 Trabalho de uma Força 6.2.1 Força constante Quando uma força constante atua em um corpo, produzindo um deslocamento, o trabalho é calculado usando-se a seguinte fórmula: T = F ⋅ d ⋅ cos θ Sendo, T: trabalho (J) F: força (N) d: deslocamento (m) θ: ângulo formado entre o vetor força e a direção do deslocamento Quando o deslocamento acontece no mesmo sentido da componente da força que atua no deslocamento, o trabalho é motor. Ao contrário, quando ocorre em sentido contrário, o trabalho é resistente. 29 Exemplo: Uma pessoa quer mudar a posição de um armário e para isso o empurra fazendo uma força constante e paralela ao chão, com intensidade de 50N, conforme figura abaixo. Sabendo que o deslocamento sofrido pelo armário foi de 3 m, determine o trabalho realizado pela pessoa sobre o armário, nesse deslocamento. Fonte: todamateria.com.br Solução: Para encontrar o trabalho da força, podemos substituir diretamente na fórmula os valores informados. Observando que o ângulo θ será igual a zero, pois a direção e o sentido da força e do deslocamento são os mesmos. Calculando o trabalho: T = 50 . 3 . cos 0º T = 150 J 30 6.2.2 Força variável Quando a força não é constante, não podemos utilizar a fórmula acima. Contudo, verifica-se que o trabalho é igual, em módulo, a área do gráfico da componente da força pelo deslocamento (F x d). Fonte: todamateria.com.br | T |= área da figura Exemplo: No gráfico abaixo, representamos a força motora que age no movimento de um carro. Determine o trabalho desta força que atua na direção do movimento do carro, sabendo que o mesmo partiu do repouso. 31 Fonte: todamateria.com.br Solução: Na situação apresentada, o valor da força não é constante em todo o deslocamento. Sendo assim, vamos calcular o trabalho através do cálculo da área da figura, que nesse caso é um trapézio. Assim, no deslocamento a força motora fez um trabalho de 540 kJ. 6.3 Trabalho da Força Peso Todos os corpos nas proximidades da superfície da Terra, sofrem a atuação de uma força devido ao campo gravitacional terrestre. Sendo assim, quando um corpo é 32 abandonado de uma determinada altura, ele sofre um deslocamento provocado por esta força, chamada de força peso. A força peso é calculada por P = m.g. Desta forma, podemos calcular o trabalho da força peso, com sendo: T = m ⋅ g ⋅ h Sendo, T: trabalho (J) m: massa do corpo (kg) g: aceleração da gravidade (m/s2) h: altura (m) O trabalho da força peso não depende do caminho, ou seja, seu valor só depende do ponto inicial e final da trajetória. Quando um corpo está caindo, o trabalho da força peso é motor, pois ela atua no mesmo sentido do deslocamento. Se, ao contrário, o corpo estiver subindo, o trabalho é resistente, pois o peso atua no sentido contrário do deslocamento. Exemplo: Um corpo de massa igual a 4 kg é abandonado do alto de um prédio a uma altura de 12 m. Considerando o valor da aceleração da gravidade local igual a 9,8 m/s2, determine o trabalho produzido pela força peso no deslocamento do corpo até o chão. Solução: Para calcular o trabalho da força peso, basta multiplicar os valores indicados no enunciado. Como a força peso atua na mesma direção e sentido de deslocamento, o trabalho será positivo. T = 4 . 9,8 . 12 = 470,4 J 33 6.4 Trabalho da Força Elástica Quando esticamos ou comprimimos uma mola, verificamos que surge uma força que tenta fazer com que a mola volte a sua posição de equilíbrio. Essa força, chamada de força elástica, não é constante e sua intensidade varia em função da deformação. Abaixo apresentamos o gráfico da força elástica: Fonte: todamateria.com.br Assim, o módulo do trabalho da força elástica será igual a área da figura, que neste caso é um triângulo. Sendo expresso por: Onde, T: trabalho (J) k: constante elástica da mola (N/m) x: deformação da mola (m) 34 O trabalho da força elástica, assim como o trabalho da força peso, também não depende da trajetória. Forças que possuem essa característica são chamadas de conservativas. 6.5 Teorema da Energia Cinética A energia cinética é a energia relacionada com o movimento, ou seja, quando um corpo possui velocidade ele possui energia cinética. Considerando uma força constante e paralela ao movimento, o trabalho para deslocar um corpo de um ponto A para um ponto B é calculado como: T = F ⋅ d Nesta fórmula, podemos substituir a força por F = m ⋅ a (2ª Lei de Newton) e o deslocamento por d = (vB2 - vA2)/2a (equação de Torricelli). O trabalho pode ser escrito por: A energia cinética é calculada a partir da seguinte fórmula: Substituindo na expressão anterior, chegamos ao teorema da energia cinética, ou seja: T = ECB - ECA = ΔEC Sendo: 35 T: trabalho (J) ΔEC: variação da energia cinética (J) Desta forma, para que um corpo sofra uma variação de energia cinética é necessário que um trabalho seja feito sobre ele. 6.6 Energia Potencial Gravitacional A energia potencial gravitacional é a energia relacionada com a posição do corpo em relação a superfície terrestre. Essa energia é igual ao trabalho da força peso ao deslocar o corpo de uma altura h até um ponto de referência. Sendo indicada por: Epg = T = P ⋅ h Onde: Epg: energia potencial gravitacional (J) T: Trabalho (J) P: força peso (N) h: altura (m)5 7 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA 7.1 Potência Elétrica Potência elétrica é definida como a rapidez com que um trabalho é realizado. Ou seja, é a medida do trabalho realizado por uma unidade de tempo. A unidade de potência no sistema internacional de medidas é o watt (W), em homenagem ao matemático e engenheiro James Watts que aprimorou a máquina à vapor. No caso dos equipamentos elétricos, a potência indica a quantidade de energia elétrica que foi transformada em outro tipo de energia por unidade de tempo. 5 Texto extraído de: todamateria.com.br 36 Por exemplo, uma lâmpada incandescente que em 1 segundo transforma 100 joule de energia elétrica em energia térmica e luminosa terá uma potência elétrica de 100 W. 7.2 Fórmula da Potência Elétrica Para calcular a potência elétrica utilizamos a seguinte fórmula: P = U ⋅ i Sendo, P: potência (W) i: corrente elétrica (A) U: diferença de potencial (V) Exemplo Qual a potência elétrica desenvolvida por um motor, quando a diferença de potencial (ddp) nos seus terminais é de 110 V e a corrente que o atravessa tem intensidade de 20A? Solução: Para calcular a potência, basta multiplicar a corrente pela ddp, sendo assim temos: P = 20 . 110 = 2200 W Frequentemente, a potência é expressa em kW, que é um múltiplo do W, de forma que 1 kW = 1000 W. Sendo assim, a potência do motor é de 2,2 kW. 7.3 Efeito Joule Os resistores são dispositivos elétricosque ao serem percorridos por uma corrente, transformam energia elétrica em energia térmica. 37 Esse fenômeno é chamado de efeito Joule e neste caso dizemos que o resistor dissipa a energia elétrica. Aquecedores, chuveiros elétricos, secadores de cabelo, lâmpadas incandescentes, ferros de passar roupa são exemplos de equipamentos que utilizam esse efeito. 7.3.1 Cálculo da Potência no Efeito Joule Para calcular a potência elétrica em um resistor, podemos usar a seguinte expressão: P = R ⋅ i2 Sendo, P: potência (W) R: resistência (Ω) i: corrente (A) Usando a Lei de Ohm (U = R . i), podemos substituir a corrente na expressão anterior e encontrar a potência em função da diferença de potencial e da resistência. Nesse caso, teremos: Sendo, P: potência (W) U: ddp (V) R: resistência (Ω) Exemplo Um chuveiro elétrico apresenta as seguintes especificações: 2200 W - 220 V, considerando que o chuveiro foi instalado corretamente, determine: a) o valor da resistência elétrica do chuveiro quando em funcionamento. b) a intensidade da corrente que o atravessa. 38 Solução: a) Para encontrar o valor da resistência podemos usar a fórmula da potência no efeito Joule, assim temos: b) Para encontrar a corrente, podemos novamente usar a fórmula da potência, só que agora a que aparece a corrente. 7.4 Cálculo da Energia Elétrica Quando um equipamento elétrico fica em funcionamento durante um determinado intervalo de tempo, podemos calcular a energia elétrica que foi consumida. Para fazer esse cálculo, basta multiplicar a potência do equipamento pelo tempo de funcionamento, assim a energia elétrica é encontrada usando-se a fórmula: Eel = P ⋅ Δt Sendo, Eel: energia elétrica (J) P: potência (W) Δt: intervalo de tempo (s) No cotidiano, é muito comum o valor da energia elétrica ser expresso em kWh. Neste caso, para transformar de Joule para kWh, podemos usar a seguinte relação: 1 kWh = 3 600 000 J Exemplo Um aquecedor elétrico apresenta uma potência de 3000 W. Qual o custo mensal deste aquecedor ao ficar ligado durante 3 horas todos os dias? Considere que 1 kWh custa R$ 0,40. Solução: Primeiro vamos calcular o valor da energia consumida pelo aquecedor em 1 dia: Eel = 3000.3 = 9000 Wh = 9 kWh 39 Como queremos saber do custo em 1 mês, vamos multiplicar esse valor por 30, assim encontramos: Eel= 9 . 30 = 270 kWh Finalmente, para encontrar o valor em reais, basta multiplicar o valor encontrado por 0,40, então: Valor = 270 ⋅ 0,4 = 108 Assim, custo do aquecedor ao final de 1 mês será de 108 reais6. 8 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES 8.1 Resistores Em Resistores e Lei de Ohm analisamos as relações entre a diferença de potencial em um resistor e a corrente elétrica que flui por este, assim como as relações entre a potência, a d.d.p e a resistência do material. De acordo com a 1a Lei de Ohm, temos que U = R⋅i. Substituindo essa equação na equação da potência de um dispositivo elétrico (P = U⋅i), obtemos: P = U⋅ i P = (R⋅ i) ⋅ i P = R⋅ i2 onde U representa a d.d.p, i a intensidade de corrente, R a resistência elétrica do elemento e Pot a potência associada a ele. Essas equações representam a relação entre a d.d.p e um único resistor conectado à essa fonte de tensão. Mas, normalmente, circuitos elétricos apresentam vários resistores conectados entre si através de uma rede. Por exemplo, podemos pensar na rede elétrica de uma residência, onde várias lâmpadas podem ser ligadas ou desligadas. Chamamos de associação de resistores o arranjo entre vários resistores conectados entre si. 6 Texto extraído de: todamateria.com.br 40 Em qualquer associação de resistores, denomina-se resistor equivalente o resistor que faria o “mesmo papel” que a associação. Entende-se por resistência da associação a resistência do resistor equivalente. Por exemplo, na figura abaixo, queremos encontrar um único resistor (Figura 1) que seja percorrido pela mesma corrente elétrica que o circuito com vários resistores (Figura 2). 8.2 Associação de resistores em série Vários resistores estão associados em série quando são ligados um em seguida do outro, sem que existam bifurcações nos fios, como mostra a figura abaixo: Fonte: educacao.globo.com Nesse caso, a intensidade de corrente que flui pelos resistores é a mesma, pois não são criados nem destruídos portadores de carga elétrica no condutor. Com isso, teremos o seguinte: i1 = i2 = i3 = i Figura 1 – Circuito com um resistor. F o n te : e d u c a c a o .g lo b o .c o m Figura 2 – Circuito com vários resistores. 41 A diferença de potencial é uma grandeza associada à energia criada ou consumida por um elemento. Como a energia se conserva, sabemos que toda a energia gerada pelo gerador será consumida pelos resistores. Assim, a d.d.p nos terminais de uma associação de resistores em série é a soma das d.d.p dos terminais de cada resistor associado. U = U1 + U2 + U3 Como a diferença de potencial em cada resistor pode ser calculada através da Lei de Ohm (U = R . i), a equação acima nos leva a: Req ⋅ i = R1 ⋅ i1 + R2 ⋅ i2 + R3 ⋅ i3 Usando a igualdade entre as correntes: Req ⋅ i = R1 ⋅ i1 + R2 ⋅ i2 + R3 ⋅ i3 = (R1 + R2 + R3) ⋅ i Logo: Req = R1 + R2 + R3 A resistência equivalente de uma associação de resistores em série é a soma das resistências dos resistores associados. Caso Particular Quando são associados n resistores iguais de resistência R em série, podemos escrever, para a Req do resistor equivalente: Req = n ⋅ R Nesse caso, todos os resistores associados estarão submetidos a d.d.p iguais (U), de tal modo que a d.d.p (Utotal) na associação pode ser escrita: Utotal = n ⋅ U 42 A associação em série costuma ser usada, por exemplo, na ligação de lâmpadas numa árvore de Natal. O inconveniente é que, se uma lâmpada for desligada ou queimar, o circuito é interrompido e todas as demais se apagam. 8.3 Associação de Resistores em Paralelo Vários resistores estão associados em paralelo quando são ligados pelos mesmos pontos, de modo a ficarem submetidos à mesma d.d.p. A intensidade de corrente i do circuito principal divide-se entre os ramos dos resistores. Usando a conservação da carga elétrica, podemos afirmar que a corrente que entra em uma bifurcação de fios, ponto que chamamos de nó, tem a mesma intensidade das correntes que saem do mesmo. Logo, a intensidade de corrente em uma associação de resistores em paralelo é a soma das correntes nos resistores associados. Fonte: educacao.globo.com Nesse caso, como a diferença de potencial é a mesma para todos os resistores, podemos escrever: Utotal = U1 = U2 = U3 Reqi = R1 ⋅ i1 = R2 ⋅ i2 = R3 ⋅ i3 Desta forma, podemos notar que a corrente que passa em um resistor é inversamente proporcional ao valor da resistência. Assim, quanto maior a resistência de um resistor, menor será a intensidade da corrente. 43 Considerando o fato de que a corrente total é a soma das correntes individuais e pensando na Lei de Ohm: i = i1 + i2 + i3 U = R1⋅ i1 ⇒ i1 = 𝑼 𝑹𝟏 U = R2⋅ i2 ⇒ i2 = 𝑼 𝑹𝟐 U = R3⋅ i3 ⇒ i3 = 𝑼 𝑹𝟑 Substituindo: 𝑼 𝑹𝒆𝒒 = 𝑼 𝑹𝟏 + 𝑼 𝑹𝟐 + 𝑼 𝑹𝟑 ⇒ 𝟏 𝑹𝒆𝒒 = 𝟏 𝑹𝟏 + 𝟏 𝑹𝟐 + 𝟏 𝑹𝟑 Em uma associação de resistores em paralelo, o inverso da resistência equivalente da associação é igual à soma dos inversos das resistências associadas. Casos Particulares 1- Dois resistores No caso de dois resistores associados em paralelo: 𝟏 𝑹𝒆𝒒 = 𝟏 𝑹𝟏 + 𝟏 𝑹𝟐 ⇒ 𝟏 𝑹𝒆𝒒 = 𝑹𝟐 + 𝑹𝟏 𝑹𝟏 ⋅ 𝑹𝟐 Portanto: 𝑹𝒆𝒒 = 𝑹𝟐 + 𝑹𝟏 𝑹𝟏 ⋅ 𝑹𝟐 44 2- n resistores iguais a R Se tivermos n resistores iguais, de resistência R cada um,teremos: 𝟏 𝑹𝒆𝒒 = 𝟏 𝑹 + 𝟏 𝑹 + ⋯ + 𝟏 𝑹 = 𝒏 ⋅ 𝟏 𝑹 𝑹𝒆𝒒 = 𝑹 𝒏 Nessa condição, todos os resistores associados serão percorridos por correntes iguais de intensidade i. Observação 1: Podemos combinar resistores de formas variadas, onde existam conjuntos de resistores em série e outros em paralelo. Chamamos esses arranjos de associações mistas. Fonte: educacao.globo.com Nesses casos, reduzimos primeiro as associações em paralelo a um único resistor, até obtermos uma associação em série. Observação 2: Para um número qualquer de resistores, a Req máxima é obtida com todos os resistores em série e a Req mínima é obtida com todos os resistores em paralelo. Como a potência dissipada é inversamente proporcional à resistência, teremos o seguinte: Resistência Potência Máxima SÉRIE PARALELO Mínima PARALELO SÉRIE 45 8.4 Curto-Circuito Se, num circuito elétrico, os terminais de um resistor forem ligados por um fio condutor de resistência elétrica desprezível, a d.d.p nos terminais desse resistor torna- se nula. Fonte: educacao.globo.com Nesse caso dizemos que o resistor em questão está em curto-circuito, não sendo atravessado por corrente elétrica. Havendo curto-circuito, toda corrente elétrica do circuito se desvia pelo condutor de resistência nula. Para todos os efeitos práticos, é como se o resistor não estivesse associado no circuito. Num novo esquema do circuito, podemos considerar os pontos ligados pelo condutor como sendo coincidentes, deixando de representar o resistor7. 8.5 Associação de Resistores Mista Na associação de resistores mista, os resistores são ligados em série e em paralelo. Para calculá-la, primeiro encontramos o valor correspondente à associação em paralelo e em seguida somamos aos resistores em série. 7 Texto extraído de: educacao.globo.com 46 Fonte: todamateria.com.br É o tipo de associação que há a mistura de associação em série e em paralelo, assim como mostra o esquema abaixo: Fonte: fisicomicos.wordpress.com Para descobrir a resistência equivalente desse tipo de associação deve-se considerar os tipos de associação de forma separada, bem como suas características. 9 LEIS DE KIRCHHOFF As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensidades das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzidos a circuitos simples. Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887), quando ele era estudante na Universidade de Königsberg. A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja, nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós). Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos caminhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas. 47 Fonte: todamateria.com.br 9.1 Lei dos Nós A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff, indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a soma das correntes que saem. Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado permanece constante. Exemplo Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito percorrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4. Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram (nó): 48 Fonte: todamateria.com.br Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão chegando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos: i1 + i2 = i3 + i4 Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo, se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1). 9.2 Lei das Malhas A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da energia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou tensão) é igual a zero. Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido que iremos percorrer o circuito. A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sentido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito. 49 Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor é dado por R⋅i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mesmo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário. Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de entrada no sentido que adotamos para a malha. Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo: Fonte: todamateria.com.br Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, teremos: UAB + UBE + UEF + UFA = 0 Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os sinais das tensões: ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário (sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo; R1⋅i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no mesmo sentido que definimos o sentido de i1; 50 R2⋅i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no sentido contrário que definimos para o sentido de i2; ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo; R3⋅i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no mesmo sentido que definimos o sentido de i1; R4⋅i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no mesmo sentido que definimos o sentido de i1; Considerando o sinal da tensão em cada componente, podemos escrever a equação desta malha como: ε1 + R1 ⋅ i1 - R2 ⋅ i2 - ε2 + R3 ⋅ i1 + R4 ⋅ i1 = 0 9.3 Passo a Passo Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes passos: 1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e escolher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Essas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito para escolher de forma coerente esses sentidos. 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e Lei das Malhas. 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores desconhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao número de incógnitas. Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que percorrem os diferentes ramos do circuito. Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido contrário. Exemplo No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em todos os ramos. 51 Fonte: todamateria.com.br Solução Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes e também o sentido que iremos seguir na malha. Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abaixo: Fonte: todamateria.com.br 52 O próximo passo é escrever um sistema com as equações estabelecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos: Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3 por i1 - i2 nas demais equações: Resolvendo o sistema por soma, temos: Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda equação o valor encontrado para i2: Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na primeira equação, para encontrar o valor de i3: 53 Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são: 3A, 8A e 5A. 10 TEOREMAS DA SUPERPOSIÇÃO, THÉVENIN E NORTON 10.1 Teorema da superposição Antes de saber Thévenin e Norton, é necessário aprender este teorema. É útil para analisar circuitos com várias fontes de tensão ou corrente. Neste método, fonte de tensão pode ser substituída por curto-circuito e uma fonte de corrente pode ser substituída pelo circuito aberto. Fonte: electricalelibrary.com54 Exemplo Como usar este teorema? Vamos usar este circuito como exemplo. Temos que calcular a tensão na fonte de corrente I1. Fonte: electricalelibrary.com Passo 1: Calcular o valor desejado apenas com uma fonte. Vamos curto-circuitar as fontes de tensão e analisar somente com a fonte de corrente. Se quiser, você pode começar com uma das fontes de tensão e colocar a corrente em circuito aberto. Fonte: electricalelibrary.com 55 Passo 2: Achar o valor da tensão no circuito do primeiro passo. Deu 16 Volts. Passo 3: Analisar o circuito com outra fonte e calcular o resultado. Fonte: electricalelibrary.com 56 Passo 4: O mesmo do passo 3, porém com outra fonte. Fonte: electricalelibrary.com Passo 5: Soma algébrica dos resultados dos passos 2, 3 e 4. 16 - 3,33 – 2 = 10,67 V 10.2 Teorema de Thévenin Este teorema é muito útil para simplificar circuitos complexos para facilitar a análise e aplicar outros teoremas. Qualquer circuito pode ser substituído por uma fonte de tensão e resistência equivalentes. F o n te : e le c tr ic a le lib ra ry .c o m 57 O procedimento para aplicar este teorema: Passo 1: Defina qual parte do circuito deve obter o equivalente de Thévenin. Esta parte deve ter dois terminais. Passo 2: Remova qualquer componente entre estes terminais que não seja parte do circuito para obter o equivalente de Thévenin. Passo 3: Encontre a resistência equivalente de Thévenin, transforme todas as fontes de tensão em curto-circuito e as fontes de corrente em circuito aberto. Passo 4: Restaure as fontes nas posições originais. Calcule a tensão entre os terminais do circuito equivalente e faça o passo 2 novamente. Esta tensão é a de Thévenin. Exemplo Este circuito vai ser o exemplo. Fonte: electricalelibrary.com 58 Passos 1 e 2: Temos que obter o equivalente de Thévenin desta parte do circuito. Fonte: electricalelibrary.com Passo 3: Calculando a resistência equivalente de Thévenin Fonte: electricalelibrary.com 59 Passo 4: Calcular a tensão de Thévenin Neste caso é igual a 9,73 V. Fonte: electricalelibrary.com Este é o circuito equivalente de Thévenin. Fonte: electricalelibrary.com 60 10.3 Teorema de Norton Neste teorema, obter a resistência equivalente é o mesmo método de Thévenin. Uma opção é converter o circuito equivalente de Thévenin em Norton simplesmente usando o método de conversão de fontes mostrado em “Análise de circuitos (Parte 1)”. Fonte: electricalelibrary.com Onde é a corrente de Norton e é a resistência equivalente que é igual para Thévenin e Norton. Outra opção é repetir os passos 1, 2 e 3, que são o mesmo do método anterior. Mas no passo 4, tem que calcular a corrente de Norton In, que é uma corrente de curto-circuito nos terminais do circuito equivalente. 61 Fonte: electricalelibrary.com Exemplo Este é o circuito de exemplo, temos que calcular a corrente de Norton que passa por RL. Fonte: electricalelibrary.com 62 Para achar a corrente de Norton, RL deve ser substituído por um curto-circuito e calcular a corrente In. Fonte: electricalelibrary.com A corrente de Norton vale 5 A. 63 O circuito equivalente do exemplo acima8. Fonte: electricalelibrary.com 8 Texto extraído de: electricalelibrary.com 64 11 BIBLIOGRAFIA BÁSICA BOYLESTAD, Robert L. Introdução à análise de circuitos. 10ª Edição. Editora Pearson Education do Brasil. BROCKINTON, G.; PIETROCOLA, M. Recursos computacionais disponíveis na internet para o ensino de física moderna e contemporânea. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS, 3., 2003, Bauru. Anais... Bauru, SP: ABRAPEC, 2003. GUSSOW, Milton. Eletricidade Básica. 2ª Edição. Editora Bookman. LABURÚ, C. E.; BARROS, M. A; SILVA, O. H. M. Multimodos e múltiplas representações: fundamentos e perspectivas semióticas para a aprendizagem de conceitos científicos. Investigações em Ensino de Ciências, v. 16, n. 1, p. 7-33, 2011. MACINTYRE, Archibald Joseph e NISKIER, Julio, Instalações Elétricas, 5.ª edição, 2008. SANMARTI, N. Didáctica de las ciencias en educación secundaria obligatoria. Madrid: SÍNTESIS S.A., 2002. SILVA FILHO, Matheus Teodoro da. Fundamentos de eletricidade. – Rio de Janeiro. LTC, 2007.
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