Conceito e Fontes do Direito Administrativo

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O DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO 
 
CONJUNTO DE NORMAS DE CONDUTA IMPOSTAS PELO ESTADO 
 
 
PARA JHERING: É O COMPLEXO DAS CONDIÇÕES EXISTENCIAIS DA 
SOCIEDADE, ASSEGURADAS PELO PODER PÚBLICO 
 
O DIREITO SE TRADUZ EM PRINCÍPIOS DE CONDUTAS SOCIAIS, 
TENDENTES A REALIZAR A JUSTIÇA 
 
 
PODEMOS DIZER QUE O DIREITO É DIVIDIDO EM DOIS GRANDES 
RAMOS: 
 
 
PÚBLICO – REGULA OS INTERESSES ESTATAIS E SOCIAIS, COMPOSTO 
PREDOMINANTEMENTE, DE NORMAS IMPERATIVAS INAFASTÁVEIS. 
 
PRIVADO – TUTELA PREDOMINANTEMENTE OS INTERESSES 
INDIVIDUAIS, DE MODO A ASSEGURAR A COEXISTÊNCIA DAS PESSOAS 
EM SOCIEDADE. AO CONTRÁRIO DO DIREITO PÚBLICO, O PRIVADO 
COMPÕE-SE DE NORMAS MAIS FLEXÍVEIS, AS QUAIS PODEM SER, EM 
CERTOS CASOS, MODIFICADAS POR ACORDO ENTRE AS PARTES. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Constitucional 
 Administrativo 
 Eleitoral 
 DIREITO Penal 
 PÚBLICO Tributário 
 Ambiental 
 Procesual civil e penal 
 
 
DIREITO 
 
 DIREITO civil 
 PRIVADO comercial 
 
 
 
 
 
OBS.: O DIREITO DO TRABALHO, PARA AMPLA DOUTRINA, É ENTENDIDO 
COMO UM DIREITO MISTO, OU SEJA, QUE POSSUI NORMAS DE DIREITO 
PÚBLICO E DE DIREITO PRIVADO. POR ISSO, NÃO SE INCLUI NO 
QUADRO ACIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELAÇÕES DO DIREITO ADMINISTRATIVO COM OUTROS RAMOS DO 
DIREITO 
 
 
 
COM O DIREITO CONSTITUCIONAL – MANTÉM ESTREITA RELAÇÃO. 
ENQUANTO O DIREITO CONSTITUCIONAL CUIDA DA ESTRUTURA DO 
ESTADO E DA INSTITUIÇÃO POLÍTICA DO GOVERNO, O DIREITO 
ADMINISTRATIVO CUIDA DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DOS ÓRGÃOS 
PÚBLICOS, DE SEU PESSOAL E DO FUNCIONAMENTO DOS SEUS 
SERVIÇOS. 
 
COM O DIREITO TRIBUTÁRIO – SÃO SENSÍVEIS AS RELAÇÕES ENTRE 
ESSES RAMOS DO DIREITO, VISTO QUE TODAS AS ATIVIDADES 
REALIZADAS À IMPOSIÇÃO E ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS SÃO 
EMINENTEMENTE ADMINISTRATIVAS. 
 
COM O DIREITO PENAL – APESAR DE ATUAREM EM CAMPOS BEM 
DIFERENTES, APRESENTAM RELAÇÕES. DENTRE ELAS, DESTACAMOS 
OS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ELENCADOS NO 
CÓDIGO PENAL, EM SEUS ARTIGOS 312 À 327. 
 
COM OS DIREITOS PROCESSUAIS CIVIL E PENAL – MANTÉM 
INTERCÂMBIO DE PRINCÍPIOS APLICÁVEIS A AMBAS AS DISCIPLINAS. 
SE POR UM LADO A JUSTIÇA UTILIZA-SE DE NORMAS ADMINISTRATIVAS 
PARA MOVIMENTAÇÃO DE SEUS FEITOS, POR OUTRO, A JURISDIÇÃO 
ADMINISTRATIVA SERVE-SE DE PRINCÍPIOS TIPICAMENTE 
PROCESSUAIS PARA NORTEAR O JULGAMENTO DE SEUS RECURSOS 
 
 
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
A LEI – É A FONTE PRIMÁRIA DO DIREITO ADMINISTRATIVO. 
 IMPÕE O SEU PODER NORMATIVO AOS INDIVÍDUOS E AO 
ESTADO, ESTABELECENDO RELAÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE 
INTERESSE DIRETO E IMEDIATO DO DIREITO ADMINISTRATIVO. 
 
 
A DOUTRINA – É O ELEMENTO CONSTRUTIVO DA ESTUDADA 
CIÊNCIA JURÍDICA. 
 A DOUTRINA É QUE DISTINGUE AS REGRAS DE 
DIREITO PÚBLICO DAS DO PRIVADO 
 INFLUI ELA, TAMBÉM, NÃO SÓ NA ELABORAÇÃO DAS 
LEIS, COMO NAS DECISÕES CONTENCIOSAS E NÃO 
CONTENCIOSAS, ORDENANDO, DESSE MODO, O 
PRÓPRIO DIREITO ADMINISTRATIVO. 
 
A JURISPRUDÊNCIA – HAVENDO REITERADOS JULGAMENTOS NUM 
MESMO SENTIDO, INFLUENCIA A 
CONSTRUÇÃO DO DIREITO, E 
ESPECIALMENTE O DIREITO 
ADMINISTRATIVO. 
 
O COSTUME – TEM PERDIDO MUITO DE SUA IMPORTÂNCIA NA 
COSNTRUÇÃO DO DIREITO. MAS NO DIREITO 
ADMINISTRATIVO BRASILEIRO AINDA EXERCE 
INFLUÊNCIA, PELO FATO DA DEFICIÊNCIA DE NOSSA 
LEGISLAÇÃO VIGENTE. 
FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
O IMPULSO DECISIVO PARA A FORMAÇÃO DO DIREITO ADMINSTRATIVO 
FOI DADO PELA TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES, 
DESENVOLVIDA POR MONTESQUIEU, L’Esprit des Lois, 1748, E ACOLHIDA 
UNIVERSALMENTE PELOS ESTADOS DE DIREITO. 
 
 
NA FRANÇA, APÓS A REVOLUÇÃO EM 1789, A TRIPARTIÇÃO DAS 
FUNÇÕES DO ESTADO EM EXECUTIVAS, LEGISLATIVAS E JUDICIAIS, 
VEIO ENSEJAR A ESPECIALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DO GOVERNO E 
DAR INDEPENDÊNCIA AOS ÓRGÃOS INCUMBIDOS DE REALIZÁ-LAS. 
 
 
NA CONCEPÇÃO DE MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, O DIREITO 
ADMINISTRATIVO CONSTITUI MATÉRIA PRÓPRIA DO ESTADO 
MODERNO, OU MELHOR, DO ESTADO DE DIREITO, POIS SÓ DEPOIS DE 
SUA CONCEPÇÃO É QUE FORAM BALIZADAS AS PRERROGATIVAS DO 
GOVERNO EM SUAS RELAÇÕES RECÍPROCAS, BEM COMO, COM SEUS 
GOVERNADOS. 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÃO DO DIREITO FRANCÊS À FORMAÇÃO DO DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
 
OS CONSTITUINTES FRANCESES PÓS-REVOLUCIONÁRIOS DERAM 
ALCANCE MAIS AMPLO À TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES, 
ENTENDENDO QUE A SOLUÇÃO DOS LITÍGIOS NOS QUAIS A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA É PARTE NÃO PODE SER ATRIBUÍDA AO 
PODER JUDICIÁRIO, SOB PENA DE CRIAR-SE SUBORDINAÇÃO DE UM 
PODER AO OUTRO. 
 
CASO BLANCO 
PODE-SE DIZER QUE A AUTONOMIA DO DIREITO ADMINISTRATIVO, OU 
SEJA, A SUA CIÊNCIA DOTADA DE OBJETO, MÉTODO, INSTITUTOS, 
PRINCÍPIOS E REGIME JURÍDICO PRÓPRIOS, COMEÇOU A SOLIDIFICAR-
SE A PARTIR DESSE FAMOSO CASO, OCORRIDO EM 1873, E QUE 
ENVOLVEU UMA MENINA (Agnes Blanco) QUE, AO ATRAVESSAR UMA 
RUA DA CIDADE FRANCESA DE BORDEAUX, FOI COLHIDA POR UMA 
VAGONETE DA COMPANHIA NACIONAL DE MANUFATURA DE FUMO. 
NESSA OCASIÃO, ACABOU POR OCORRER CONFLITO DE 
COMPETÊNCIA ENTRE O CONSELHO DE ESTADO E A CORTE DE 
CASSAÇÃO. 
SUSCITADO PERANTE O TRIBUNAL DE CONFLITOS – A QUEM CABIA 
DIRIMIR OS CONFLITOS DESSA NATUREZA ENTRE A JURISDIÇÃO 
ADMINISTRATIVA E A COMUM – O CONSELHEIRO DAVI, CONCLUIU QUE 
O CONSELHO DE ESTADO ERA COMPETENTE PARA DECIDIR A 
QUESTÃO, JÁ QUE O ESTADO ERA PARTE NA RELAÇÃO JURÍDICA. 
VERIFICA-SE, NESSE CASO, A SAÍDA DO INSTITUTO DA 
RESPONSABILIDADE DO CAMPO CIVIL, COMO ATÉ ENTÃO ERA 
TRATADO, PARA MERGULHAR NO CAMPO DO DIREITO 
ADMINISTRATIVO. 
FORMAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO NO BRASIL 
 
O DIREITO ADMINISTRATIVO NO BRASIL NÃO SE ATRASOU DAS DEMAIS 
NAÇÕES. NO PERÍODO IMPERIAL, ONDE JÁ HAVIA UMA DIVISÃO DE 
FUNÇÕES ENTRE O PODER LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO, EXECUTIVO E 
MODERADOR, FOI CRIADA, EM 1851, A CADEIRA DE DIREITO 
ADMINISTRATIVO NA FACULDADE DE DIREITO DE SÃO PAULO, REGIDA 
POR JOSÉ ANTONIO JOAQUIM RIBAS. 
 
COMEÇA, ENTÃO, A DESENVOLVER-SE O DIREITO ADMINISTRATIVO, 
GRAÇAS AO TRABALHO DE DOUTRINADORES, DENTRE OS QUAIS, 
VICENTE PEREIRA DO REGO, VISCONDE DO URUGUAI, FURATDO DE 
MENDONÇA, JOSÉ RUBINO DE OLIVEIRA,... 
 
COM O INÍCIO DO PERÍODO REPUBLICANO, DIANTE DA MUDANÇA 
OCORRIDA, O TRABALHO DOUTRINÁRIO DESENVOLVIDO NESSA ÉPOCA 
FOI ÍNFIMO NO QUE CONCERNE AO DIREITO ADMINISTRATIVO. 
 
A PARTIR DA REVOLUÇÃO DE 1.934, O DIREITO ADMINISTRATIVO 
EXPERIMENTOU GRANDE EVOLUÇÃO, EM DECORRÊNCIA DA PRÓPRIA 
PREVISÃO CONSTITUCIONAL DE EXTENSÃO DA ATIVIDADE DO ESTADO 
NOS ÂMBITOS SOCIAL E ECONÔMICO, INSTITUI-SE, INCLUSIVE, UM 
TRIBUNAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO NA ESFERA FEDERAL. 
 
 
CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
VÁRIAS SÃO AS DEFINIÇÕES DADAS DEVIDO AO DESENCONTRO 
DOUTRINÁRIO EXISTENTE A RESPEITO DO DIREITO ADMINISTRATIVO. 
ENTRETANTO, A DEFINIÇÃO ADOTADA PELOS MAIORES 
DOUTRINADORES DA ATUALIDADE BRASILEIROS SÃO AS SEGUINTES: 
 
PARA MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO: 
 “RAMO DO DIREITO PÚBLICO QUE TEM POR OBJETO OS ÓRGÃOS, 
AGENTES E PESSOAS JURÍDICAS ADMINISTRATIVAS QUE INTEGRAM A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, A ATIVIDADE JURÍDICA NÃO CONTENCIOSA 
QUE EXERCE E OS BENS DE QUE SE UTILIZA PARA A CONSECUÇÃO DE 
SEUS FINS, DE NATUREZA PÚBLICA”. 
 
PARA CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO: 
“O DIREITO ADMINISTRATIVO É O RAMO DO DIREITO PÚBLICO QUE 
DISCIPLINA A FUNÇÃO ADMINISTRATIVA E OS ÓRGÃOS QUE A 
EXERCEM”. 
 
PARA HELY LOPES MEIRELLES: 
“CONJUNTO HARMÔNICO DE PRINCÍPIOS JURÍDICOS QUE REGEM OS 
ÓRGÃOS, OS AGENTES E AS ATIVIDADES PÚBLICAS TENDENTES A 
REALIZAR, CONCRETA, DIRETA E IMEDIATAMENTE OS FINS 
DESEJADOS PELO ESTADO.” 
 
 
 
ANALISEMOS, A SEGUIR, OS ELEMENTOS DO CONCEITO DADO POR 
HELY LOPES MEIRELLES: 
 
CONJUNTO HARMÔNICO DE PRINCÍPIOS JURÍDICOS... SIGNIFICA A 
SISTEMATIZAÇÃO DE NORMAS DOUTRINÁRIAS DE DIREITO. SABIDO É 
QUE NÃO HÁ CIÊNCIA SEM PRINCÍPIOS PRÓPRIOS. 
 
QUE REGEM OS ÓRGÃOS, OS AGENTES... ORDENA A ESTRUTURA E O 
PESSOAL DO SERVIÇO PÚBLICO. 
 
E AS ATIVIDADES PÚBLICAS... ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 
PRATICADOS DURANTE A GESTÃO PÚBLICA. 
 
TENDENTES A REALIZAR CONCRETA, DIRETAE IMEDIATAMENTE OS 
FINS DESEJADOS PELO ESTADO. 
AÍ ESTÁ A CARACTERIZAÇÃO E A DELIMITAÇÃO DO OBJETO DO DIREITO 
ADMINISTRATIVO. O DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINA AS 
ATIVIDADES E OS ÓRGÃOS ESTATAIS OU A ELES ASSEMELHADOS, 
PARA O EFICIENTE FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
ASSIM, VERIFICA-SE QUE O DIREITO ADMINISTRATIVO INTERESSA-SE 
PELO ESTADO EM SEU ASPECTO DINÂMICO, FUNCIONAL. 
 
 
 
 
QUESTÕES – O.A.B. 
 
Um funcionário público federal, de alta categoria, em seminário com 
investidores estrangeiros no Brasil, recomendou aos investidores que 
aplicassem o seu dinheiro em outros estados brasileiros e não em um 
determinado Estado do Brasil, cujo governador estaria em contínua oposição 
com o Presidente da República. O Estado em questão, por intermédio de sua 
Procuradoria, moveu ação ordinária de indenização por danos morais contra 
referido funcionário, alegando ter o mesmo lesado a sua honra objetiva, a sua 
imagem e os seus interesses. O fundamento dessa ação repousou na violação 
de diversos princípios constitucionais, dos quais o mais evidente seria o 
princípio da 
A. impessoalidade. 
B. ilegalidade. 
C. publicidade. 
D. eficiência. 
 
93. A frase de Caio Tácito – "A regra de competência não é um cheque em 
branco" – significa que 
A. o Poder Judiciário não tem nenhuma competência para analisar 
atos administrativos calcados em conceitos indeterminados. 
B. na Administração impera o princípio da disponibilidade do 
interesse público. 
C. o Administrador não tem nenhuma liberdade, inclusive no uso da 
competência discricionária. 
D. o fim e não a vontade domina as formas de administração. 
 
100. Em uma avenida estritamente residencial de São Paulo, foi construído, 
sem autorização ou alvará de construção, um pequeno prédio com farmácia, 
banca de revistas e armazém de secos e molhados, que servem aos residentes 
vizinhos. A Administração Pública Municipal pode, sem se socorrer do 
Judiciário, notificar o proprietário para que providencie a demolição do prédio? 
A. Sim, porque ainda que sirva aos habitantes daquela zona 
residencial, a construção não cumpre totalmente a sua função 
social. 
B. Não, porque o direito de propriedade deve ser respeitado, eis que 
a construção cumpre uma finalidade social. 
C. Não, porque os atos da Administração Pública têm imperatividade 
e exigibilidade, mas não executoriedade. 
D. Sim, porque seus atos têm legitimidade, imperatividade e 
exigibilidade