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Av. das Nações Unidas, 7221, 1o Andar, Setor B Pinheiros – São Paulo – SP – CEP: 05425-902 PABX (11) 3613-3000 SAC 0800-0117875 De 2a a 6a, das 8h30 às 19h30 www.editorasaraiva.com.br/contato Vice‑presidente Claudio Lensing Gestora do ensino técnico Alini Dal Magro Coordenadora editorial Rosiane Ap. Marinho Botelho Editora de aquisições Rosana Ap. Alves dos Santos Assistente de aquisições Mônica Gonçalves Dias Editoras Márcia da Cruz Nóboa Leme Silvia Campos Ferreira Assistentes editoriais Paula Hercy Cardoso Craveiro Raquel F. Abranches Rodrigo Novaes de Almeida Editor de arte Kleber de Messas Assistentes de produção Fabio Augusto Ramos Katia Regina Assistentes de produção Sergio Luiz P. Lopes http://www.editorasaraiva.com.br/contato Preparação de texto Carla de Oliveira Morais Tureta Nathalia Ferrarezi Diagramação Ione Franco Capa Maurício S. de França Ilustrações Felipe Veríssimo Adaptação para eBook Cinthia Guedes ISBN 9788536528830 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057 Barsano, Paulo Roberto Gestão ambiental / Paulo Roberto Barsano, Rildo Pereira Barbosa. – 1. ed. – São Paulo : Érica, 2014. – Bibliografia ISBN 9788536528830 1. Desenvolvimento sustentável 2. Direito ambiental - Brasil 3. Ecologia 4. Gestão ambiental 5. Impacto ambiental 6. Meio ambiente 7. Política ambiental 8. Proteção ambiental I. Barbosa, Rildo Pereira. II. Título. CDD-363.7 Índices para catálogo sistemático: 1. Gestão ambiental 363.7 Copyright© 2014 Saraiva Educação Todos os direitos reservados. 1a edição 5ª tiragem 2017 Autores e Editora acreditam que todas as informações aqui apresentadas estão corretas e podem ser utilizadas para qualquer fim legal. Entretanto, não existe qualquer garantia, explícita ou implícita, de que o uso de tais informações conduzirá sempre ao resultado desejado. Os nomes de sites e empresas, porventura mencionados, foram utilizados apenas para ilustrar os exemplos, não tendo vínculo nenhum com o livro, não garantindo a sua existência nem divulgação. A Ilustração de capa e algumas imagens de miolo foram retiradas de www.shutterstock.com, empresa com a qual se mantém contrato ativo na data de publicação do livro. Outras foram obtidas da Coleção MasterClips/MasterPhotos© da IMSI, 100 Rowland Way, 3rd floor Novato, CA 94945, USA, e do CorelDRAW X6 e X7, Corel Gallery e Corel Corporation Samples. Corel Corporation e seus licenciadores. Todos os direitos reservados. Todos os esforços foram feitos para creditar devidamente os detentores dos direitos das imagens utilizadas neste livro. Eventuais omissões de crédito e copyright não são intencionais e serão devidamente solucionadas nas próximas edições, bastando que seus proprietários contatem os editores. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Saraiva Educação. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. CL 642187 Agradecimento A Deus, por proporcionar mais este projeto de vida, bem como transformar um menino pobre em um escritor brilhante. Aos meus pais, Paulo Barsano (in memoriam) e Maria Barsano, por tanta simplicidade, afeto, carinho e amor na educação dos seus três filhos. À minha filha, Sofia Barsano, beleza inexplicável como o nascer do sol, inspiração espiritual para os que a cercam, sensibilidade natural, por tanta energia, garra, perseverança e alegria. À minha amada, Suerlane Soares, moça bonita, simplicidade que conquista, por tanto apoio e confiança depositados neste oitavo projeto de vida. Aos meus ilustres leitores, que, em algum dia, deram um voto de confiança em alguma das minhas obras. A todos que, direta ou indiretamente, acreditaram, incentivaram e concorreram para o sucesso deste livro didático, uma essencial ferramenta a todos os estudiosos e amantes da segurança do trabalho. Meu eterno agradecimento. Paulo Roberto Barsano Agradeço a Deus, em primeiro lugar. À minha esposa, Tereza, e ao meu filho amado Vitor. Aos meus amigos e familiares, em especial ao Antônio Carlos, pela força. À minha mãe, por suas orações e seu amor. Aos nobres leitores, por prestigiarem nosso trabalho. À Editora Érica, por mais uma oportunidade, e à Editora Saraiva por continuar acreditando nessa parceria de sucesso. Rildo Pereira Barbosa Sobre os autores Paulo Roberto Barsano, natural de Juara, Mato Grosso, é professor e escritor. Palestrante e conferencista de reconhecimento internacional. Graduado em Licenciatura em Matemática pela Universidade Paulista (UNIP) e em Tecnologia de Segurança do Trabalho pela Universidade de Santo Amaro (UNISA). Professor especialista em segurança do trabalho e meio ambiente. Professor titular de segurança do trabalho do Instituto Tecnológico de Barueri, aprovado pelo concurso público FIEB 01/2008 em primeiro lugar. Tutor da Escola Superior de Administração Fazendária (ESAF) nos cursos à distância de Disseminadores de Educação Fiscal e Cidadania. Atuou como auditor interno das normas ISO 9001 e SA 8000, no poder legislativo de Barueri, por quase três anos. Autor de uma série de livros, incluindo: Segurança do Trabalho para Concursos Públicos, pela Editora Saraiva; Segurança do Trabalho - Guia Prático e Didático; Meio Ambiente - Guia Prático e Didático; Ética e Cidadania Organizacional - Guia Prático e Didático; Administração - Guia Prático e Didático, pela Editora Érica. Rildo Pereira Barbosa, natural de Osasco, São Paulo, é formado em Segurança do Trabalho pelo Instituto Técnico de Barueri, Bombeiro Civil pelo Centro Profissionalizante de Bombeiros Civis do Estado de São Paulo (CPBCESP) e certificado em Conscientização Ambiental - ISO 14.001 e em Coleta Seletiva pela escola de treinamentos Visão e Ação. Intelectual, autodidata ambientalista, desenhista e escritor; é coautor dos livros Segurança do trabalho - Guia Prático e Didático; Meio ambiente - Guia Prático e Didático, além de ilustrador do livro Segurança do Trabalho para Concurso Público e especialista em segurança patrimonial. Sumário Agradecimento Sobre os autores Apresentação Capítulo 1 - Ecologia e Meio Ambiente 1.1 Brasil e suas riquezas naturais 1.2 Ecologia 1.3 Flora e fauna 1.3.1 Mata Atlântica 1.3.1.1 Características da Mata Atlântica 1.3.1.2 Curiosidades sobre a Mata Atlântica 1.3.2 Floresta Amazônica 1.3.2.1 Características da Floresta Amazônica 1.3.2.2 Problemas enfrentados pela Floresta Amazônica 1.3.2.3 Aniversário da Floresta Amazônica 1.3.3 Cerrado 1.3.3.1 Características do Cerrado 1.3.3.2 Curiosidades sobre o Cerrado 1.3.3.3 Aniversário do Cerrado 1.3.4 Caatinga 1.3.4.1 Características da Caatinga 1.3.4.2 Curiosidades sobre a Caatinga 1.3.4.3 Aniversário da Caatinga 1.3.5 Pantanal 1.3.5.1 Geografia do Pantanal 1.3.5.2 Características do Pantanal 1.3.5.3 Curiosidades sobre o Pantanal 1.3.5.4 Economia do Pantanal Capítulo 2 - Legislação Ambiental 2.1 Visão histórica 2.2 Primeiros instrumentos legais 2.3 Constituição Federal de 1988 2.3.1 Garantias constitucionais do meio ambiente 2.3.2 Lei de crimes ambientais 2.4 Política Nacional do Meio Ambiente 2.4.1 Objetivos da Política Nacional 2.5 Políticas integrantes da PNMA 2.5.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos 2.5.1.1 Responsabilidade compartilhada 2.5.1.2 Logística reversa7 2.5.2 Política Nacional de Mudanças Climáticas 2.5.3 Política Nacional de Recursos Hídricos Capítulo 3 - Impactos Ambientais 3.1 Ecossistemas 3.3 Poluição do solo 3.3.1 Erosão e desertificação do solo 3.3.2 Contaminação do solo 3.3.3 Impactos industriais 3.3.4 Impactos diversos 3.4 Poluição das águas 3.4.1 Outras fontes de poluição 3.5 Poluição do ar 3.5.1 Efeitos globais 3.5.2 Aquecimento global 3.5.3 Destruição da camada de ozônio 3.5.4 Chuvas ácidas 3.6 Políticas internacionais Capítulo 4 - Desenvolvimento Sustentável 4.1 Visão histórica 4.2 Limites do crescimento 4.3 Nosso futuro comum 4.3.1 Agenda 21 4.4 Sustentabilidade corporativa 4.4.1 Stakeholders 4.4.2 Triple bottomline 4.4.3 Global Reporting Initiative 4.4.4 Índices de sustentabilidade 4.5 Responsabilidade social 4.5.1 Pacto Global Capítulo 5 - Produção Mais Limpa 5.1 Introdução à Produção Mais Limpa (PML) 5.1.1 Conceitos da PML 5.1.2 Declaração Internacional sobre Produção Mais Limpa 5.1.3 Diretrizes e objetivos da PML 5.2 Ecoeficiência 5.2.1 A ecoeficiência no Brasil 5.3 Mercado de carbono 5.3.1 Crédito de carbono 5.4 Soluções ambientais 5.4.1 Pirólise 5.4.3 Compostagem Capítulo 6 - Qualidade Ambiental 6.1 Padrões de qualidade ambientais 6.2 Aspectos legais da qualidade ambiental 6.2.1 Lei Federal de Saneamento Básico 6.2.2 Lei Federal de Consórcios Públicos 6.3 Saneamento - Definições e conceitos 6.3.1 Abastecimento da água 6.3.2 Esgoto 6.4 Resíduos sólidos urbanos 6.5 Drenagem de águas pluviais 6.6 Controle de vetores Capítulo 7 - Gestão Ambiental 7.1 Conceito de gestão ambiental 7.2 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) 7.2.1 Definições do SGA 7.2.2 Auditorias do SGA 7.3 Rotulagem ambiental 7.3.2 Rotulagem ambiental x certificação ambiental 7.3.3 Programas de rotulagem ambiental 7.3.4 Classificação dos programas de rotulagem ambiental 7.4 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) 7.5 Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) 7.5.1 Fases da ADA 7.6 Valorização ambiental 7.6.1 Introdução 7.6.2 Coleta seletiva 7.6.3 Reciclagem de resíduos 7.6.3.1 Reciclagem de pneus 7.6.3.2 Reciclagem de vidros 7.6.3.3 Reciclagem de metais 7.6.3.4 Reciclagem de entulhos 7.6.3.5 Reciclagem de pilhas e baterias Capítulo 8 - Gerenciamento de Resíduos 8.1 Definições iniciais 8.2 Resíduos industriais 8.3 Classificação de resíduos 8.3.1 Resíduos sólidos 8.3.2 Resíduos líquidos 8.3.3 Resíduos radioativos 8.3.3.1 Armazenamento de resíduos radioativos 8.3.3.2 Transporte de resíduos radioativos22 8.3.4 Resíduos biológicos 8.3.4.1 Tipos de agentes biológicos Vírus Fungos 8.4 Resíduos de saúde 8.4.1 Atribuições do empregador 8.4.2 Segregação dos resíduos 8.4.3 Recipientes 8.4.4 Sala de armazenamento 8.4.5 Transporte dos resíduos 8.4.6 Destinação de resíduos de saúde 8.4.6.1 Disposição final de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)(critérios mínimos) Bibliografia Glossário Apresentação Nobre leitor, é com enorme satisfação que apresentamos a obra intitulada Gestão Ambiental - Guia Prático e Didático. Ela é dedicada a todos os profissionais da área ambiental, inclusive professores, instrutores e alunos dos cursos técnicos e de graduação, cujas disciplinas pertencem ao eixo tecnológico: Ambiente, Saúde e Segurança. O livro, além de estar de acordo com o conteúdo programático exigido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para os cursos dessa área, também é indicado para os autodidatas, pois aborda todos os assuntos numa linguagem simples, objetiva e didática, de tal forma que a cada capítulo o leitor possa praticar exercícios de revisão e fixação, para melhor compreensão do conteúdo. Compõe-se de oito capítulos, distribuídos da seguinte forma: Capítulo 1 (Ecologia e Meio Ambiente): introduz de maneira simples e objetiva os temas mais relevantes da área ambiental. Conceitua de forma didática a fauna e a flora brasileiras: ecossistemas, principais animais em extinção e seu habitat, destacando suas prinicipais características regionais. Capítulo 2 (Legislação Ambiental): trata das principais leis e políticas ambientais, seus conceitos, objetivos, diretrizes e um resumo histórico até os dias atuais, leis essas que devem ser seguidas para a preservação, melhoria e recuperação ambiental. Capítulo 3 (Impactos Ambientais): ensina os principais impactos ambientais ocasionados pelo homem em várias esferas: no trabalho, no processo de industrialização, na ausência dos poderes públicos e na falta de consciência ambiental, além de abordar a questão do aquecimento global, suas causas e seus efeitos negativos no meio ambiente. Capítulo 4 (Desenvolvimento Sustentável): aborda a questão do meio ambiente sobre a temática da sustentabilidade para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social sem degradar os recursos naturais, os ecossistemas e os principais indicadores de controle. Capítulo 5 (Produção Mais Limpa): trata da produção mais limpa e dos seus objetivos, introduz os conceitos de ecoeficiência nos setores produtivos e o mercado de créditos de carbono. Finaliza abordando alguns exemplos de soluções ambientais para o setor produtivo. Capítulo 6 (Qualidade Ambiental): aborda os aspectos sanitários para a prevenção de doenças à saúde pública e a prevenção ambiental e como forma de melhorias no aspecto social, tratando do abastecimento de água, dos sistemas de esgoto, dos manejos de resíduos sólidos nos centros urbanos, do controle de vetores e das principais leis sobre estes assuntos. Capítulo 7 (Gestão Ambiental): trata da gestão ambiental nas empresas e nos órgãos públicos. Aborda o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ISO 14001, os certificados de excelência, as auditorias ambientais, a rotulagem ambiental e a análise do ciclo de vida do produto. Explica a coleta seletiva, sua finalidade e destinação dos produtos, o reaproveitamento de resíduos como pneus, pilhas, baterias, vidro, metais e entulhos, seus ganhos ambientais e econômicos. Capítulo 8 (Gerenciamento de Resíduos): finaliza a obra comentando as principais legislações relacionadas ao gerenciamento de resíduos. Define de maneira precisa os principais resíduos (sólidos, líquidos, radioativos e biológicos) e sua correta destinação. Boa leitura! Os autores 1 Ecologia e Meio Ambiente 1.1 Brasil e suas riquezas naturais O Brasil é conhecido por suas belezas naturais como o país mais rico em número de espécies de seres vivos do mundo. Além da beleza de suas praias, rios e mares, ele detém a parte mais extensa da maior planície inundável do mundo - o Pantanal - e da maior floresta úmida do mundo - a Floresta Amazônica, cuja fauna e flora a todos encantam. Além de um ecossistema bem variado, o Brasil possui muitas praias com vegetação caraterística do nordeste brasileiro, como, por exemplo, as praias do litoral pernambucano. Como em todo lugar onde há beleza, há também tristeza. Por exemplo, no Brasil há tanta terra, tanta água para matar a sede, rios de tamanhos imensuráveis, como o Rio São Francisco, artéria brasileira que banha diversas terras do seu rico solo, no entanto algumas regiões do País ainda sofrem com falta de água e comida. Poderia ser muito bom plantar, cultivar e colher frutos, legumes, distribui-los de forma igualitária e justa, porém o ser humano é egoísta e não sabe valorizar quem mais o ajuda: a natureza. Fotos: Arquivos Figura 1.1 - Vista frontal da Praia dos Carneiros, no município de Tamandaré-PE, em março de 2012. Para tentar preservar essas belezas naturais, diversos organismos de proteção ambiental, a exemplo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), buscam incessantemente, por meio de conscientizações públicas, leis, regulamentações técnicas e pareceres normativos, manter toda essa biodiversidade. A partir de agora, veremos ao longo dos capítulos um pouco dessas belezas naturais, algumas tristezas ambientais e muitas soluções para uma vida mais justa. 1.2 Ecologia A ecologia é uma das ciências de maior interesse na atualidade. A palavra ecologia foi criada há mais de cem anos pelo biólogo alemão Ernest Heinric Haeckel (1834-1919), que uniu dois termos gregos: oikos, que significa ‘casa’, e logos, que significa ‘estudo’. Logo, a ecologia é a ciência que estuda as “casas naturais”, ou seja, os diversos ambientes da natureza, incluindo as relações dos seres vivos entre si e com o ambiente. Esta ciência ajuda a compreender a importância de cada espécie na natureza e a neces-sidade de preservar os vários ambientes naturais que a Terra abriga. Nosso planeta é constituído de seres vivos de várias espécies e, apesar de terem características diferentes uns dos outros, eles interagem para o equilíbrio da natureza e, consequentemente, a preservação da vida. Há outros fatores que devemser observados na análise de um grupo vivente dentro dessa variedade de espécies, como espaço físico, temperatura, localização etc. Essa multiplicidade de seres vivos e como se distribuem no planeta chama-se biodiversidade (bio = vida; diversidade = grande variedade) (BARSANO; BARBOSA, 2012a). Cada espécie pertence a um determinado ecossistema , que é o conjunto específico no qual habita, sendo constituído de: » Fatores bióticos: efeitos causados pelas diversas populações, umas com as outras; exemplo: controle habitacional através da cadeia alimentar. » Fatores abióticos: são os efeitos causados por fatores externos: água, solo, ar, sol etc. » Biocenose : os seres vivos em geral (fauna, flora, micróbios etc.). Os fatores abióticos e o espaço físico (terra, água ou ar) são os elementos que acondicionam de forma diferenciada as espécies em seu habitat (latim = ele habita). Quando há vários ecossistemas em uma determinada localidade, temos a formação de um bioma , como, por exemplo, a Floresta Amazônica, que é um bioma com vários ecossistemas diferentes de seres vivos e vegetação. Logo, bioma é o conjunto de ecossistemas, e todos os biomas do planeta formam a biosfera. 1.3 Flora e fauna Definimos flora como o conjunto de espécies vegetais (plantas, árvores e matas) de uma determinada região ou ecossistema. Este termo é muito utilizado em botânica. Cartógrafo: Julio M.F. Silva Figura 1.2 - Mapa de vegetação do Brasil, representando as diversas riquezas naturais espalhadas pelo País. Fernando Toscano, 2007. A flora de uma região pode ser muito rica, ou seja, com muita variedade de espécies vegetais. É o que ocorre, por exemplo, com a flora brasileira, que abriga diversos ecossistemas, como Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, entre tantas outras belezas naturais. Cada um desses ecossistemas possui flora específica, adaptada às condições ambientais da região, conforme veremos a seguir. A fauna, por sua vez, é o conjunto de espécies animais que vivem numa determinada área (floresta, país, ecossistema). Numa determinada região, a fauna pode ser muito variada, dependendo das condições ambientais existentes. A fauna brasileira, por exemplo, é extremamente rica em espécies animais, pois o País possui uma enorme variedade de ecossistemas. Veja a seguir os principais animais da fauna brasileira: » Mamíferos: onça-pintada, anta, lobo-guará, veado, capivara, lontra, tatu. » Répteis: jacaré, tartaruga, cobra (jiboia, cascavel, coral, sucuri, jararaca). » Peixes: peixe-boi, pirarucu, pintado, traíra, pacu, corvina, cavala, lambari, dourado, piranha, tucunaré. » Anfíbios: sapos, rãs, pererecas. » Aves: papagaio, arara, maritaca, garça, tucano, pardal, gavião, coruja. » Insetos: abelha, vespa, besouro, cupim, formiga. 1.3.1 Mata Atlântica A Mata Atlântica é uma das mais importantes florestas tropicais do mundo, apresentando uma rica biodiversidade de plantas e árvores. Ela é uma formação vegetal que está presente em grande parte da região litorânea brasileira. Ocupa, atualmente, uma extensão de aproximadamente 110 mil quilômetros quadrados. Infelizmente, a Mata Atlântica encontra-se em constante processo de extinção, que ocorre desde a chegada dos portugueses ao Brasil (1500), quando foi iniciada a extração do pau-brasil, importante árvore da Mata Atlântica. Hoje em dia, a especulação imobiliária, o corte ilegal de árvores, a poluição ambiental e tantas outras covardias ambientais são os principais fatores responsáveis pela extinção dessa mata, sendo, por isso, considerada a floresta tropical mais ameaçada do mundo. DuqueVisconde/Wikimedia Commons Figura 1.3 - Área de Mata Atlântica devastada nas proximidades de Cascalheiras, em Três Lagoas-MS, 2007. 1.3.1.1 Características da Mata Atlântica A Mata Atlântica apresenta as seguintes características: » floresta fechada e densa, formada por árvores de médio e grande porte; » biodiversidade rica em espécies animais e vegetais; » microclima formado pelas árvores de grande porte, trazendo sombra e umidade à mata, lugar de abrigo para muitos animais; » fauna rica com diversas espécies de mamíferos, anfíbios, aves, insetos, peixes e répteis; » na região da Serra do Mar, forma-se na Mata Atlântica uma constante neblina. Foto: Arquivos Figura 1.4 - Vegetação nativa da Serra do Mar, à beira da Rodovia Mogi-Bertioga em SP, 2012. Típico exemplo de Mata Atlântica ainda preservada pelas autoridades ambientais. Tabela 1.1 - Exemplos de espécies da fauna e da flora presentes na Mata Atlântica Espécies vegetais da Mata Atlântica Espécies animais da Mata Atlântica » Acácia » Andira » Begônias » Bromélias » Figueiras » Jacarandá » Jequitibá-rosa » Palmeiras » Pau-brasil » Peroba » Quaresmeira » Anta » Capivara » Jaguatirica » Muriqui Animais em risco de extinção » Arara-azul-pequena » Bugio » Mico-leão-dourado » Onça-pintada » Tamanduá-bandeira » Tatu-canastra 1.3.1.2 Curiosidades sobre a Mata Atlântica A Mata Atlântica, por sua imensa biodiversidade, apresenta muitas curiosidades. Vejamos algumas delas: » A borboleta-azul era muito comum na Mata Atlântica, mas antigamente sua espécie era morta e suas asas transformadas em quadros, que eram comprados pelos turistas. » A região da Mata Atlântica ainda é habitada por alguns povos indígenas, como as tribos Kaiagang, Terena, Potiguara, Kadiweu, Pataxó, Wassu, Krenak, Guarani, Kaiowa e Tupiniquim. » A Mata Atlântica é a segunda maior floresta brasileira em extensão territorial, perdendo apenas para a Floresta Amazônica. 1.3.1.3 Aniversário da Mata Atlântica O Dia da Mata Atlântica é comemorado em 27 de maio. 1.3.2 Floresta Amazônica A Floresta Amazônica, por sua variedade de espécies vegetais e animais, por abrigar muitas tribos indígenas, e até hoje haver fauna e flora desconhecidas pelos ambientalistas, é considerada a floresta tropical mais importante do mundo, também denominada “pulmão do mundo”. Ela é situada na região norte da América do Sul e possui uma extensão de aproximadamente 7 mil quilômetros quadrados, espalhada por territórios do Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. No entanto, sua maior parte está localizada no território brasileiro (Estados do http://www.suapesquisa.com/paises/bolivia Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins e parte do Maranhão). Cartógrafo: Julio M.F. Silva Figura 1.5 - Mapa geopolítico que representa os Estados da Amazônia Legal. OS2Warp, em outubro/2005. Neste sentido, Youssef (1997), em sua obra,1 define de forma didática essa magnífica floresta: (...) A Floresta Amazônica é um mundo de sombras, calor e umidade. As copas das gigantescas árvores impedem a entrada de luz, dificultando o crescimento de vegetação rasteira, como as gramíneas. O caminho é fácil, mas quente e abafado. O calor e a umidade fazem apodrecer rapidamente folhas, galhos e frutos que caem das árvores. Lá em cima, por entre os galhos carregados de orquídeas e bromélias, um bando de macacos divide espaço e comida com tucanos, araras e centenas de outros pássaros. Todos excelentes trepadores, capazes de se equilibrar até nos ramos mais finos. Mais abaixo estão as preguiças, tão imóveis que mal dá para percebê-las. Ali também vive o tamanduá-mirim, seguro nos galhos com a cauda comprida e as garras possantes. 1.3.2.1 Características da Floresta Amazônica Cobrindo quase toda a Amazônia, está a maior floresta tropical da Terra - Floresta Amazônica. Sobrevoar essa imensa área é descobrir um exuberante tapete verde projetado pelas copas das gigantescas árvores que se tocam. Ela tem por característica ser uma floresta tropical fechada, formada em boa parte por árvores de grande porte, situando-se próximas uma das outras, por isso este nome (floresta fechada). O solo dessa floresta é rico em minérios de ferro, manganês, estanho, ouro, esmeraldas, diamantes e outros, porém é pobre em substâncias necessárias à sobrevivência dos vegetais, pois possui apenas umafina camada de nutrientes. Essa camada é formada pela decomposição de folhas, frutos e animais mortos, material essencial para as milhares de espécies de plantas e árvores que se desenvolvem nessa região. Outra característica da Floresta Amazônica é o perfeito equilíbrio do ecossistema. Tudo que ela produz é aproveitado de forma eficiente. A grande quantidade de chuvas na região também colabora para o seu perfeito desenvolvimento. Como as árvores crescem muito juntas umas das outras, as espécies de vegetação rasteira estão presentes em pouca quantidade na floresta, pois com a chegada de poucos raios solares ao solo, esse tipo de vegetação não consegue se desenvolver. O mesmo vale para os animais. A maior parte das espécies da Floresta Amazônica vive nas árvores e é de pequeno e médio porte. Como exemplo temos os macacos, cobras, marsupiais, tucanos, pica-paus, roedores, morcegos etc. Por estar situada próximo à linha do equador, seu clima é o equatorial, ou seja, as temperaturas são elevadas e o índice pluviométrico (quantidade de chuvas) também. Por exemplo, num dia típico na Floresta Amazônica, podemos encontrar muito calor durante o dia, com chuvas fortes no final da tarde. 1.3.2.2 Problemas enfrentados pela Floresta Amazônica A Floresta Amazônica sofre covardemente com o desmatamento ilegal e predatório provocado pelo homem, pois é comum madeireiras instalarem-se na região para cortar e vender troncos de árvores nobres de forma clandestina. Há também os fazendeiros gananciosos que provocam queimadas na floresta para ampliação de áreas de cultivo (principalmente de soja). Esses dois problemas citados preocupam e muito os cientistas e ambientalistas do mundo inteiro, pois em pouco tempo podem provocar um desequilíbrio no ecossistema da região, colocando em risco toda a fauna e flora da Floresta Amazônica. Há outro problema, mais recente, que é a biopirataria na Floresta Amazônica. A “biopirataria” acontece quando cientistas estrangeiros entram na floresta para obter amostras de plantas ou espécies de animais sem autorização das autoridades brasileiras. Levam-nas para seus países, pesquisam e desenvolvem substâncias, registrando patente e depois lucrando com isso. O maior problema disso é que o Brasil teria de pagar, futuramente, para utilizar substâncias cujas matérias-primas são originárias do seu próprio território. Também há o problema da descoberta de ouro na região (principalmente no estado do Pará), sendo muitos rios contaminados pelo mercúrio usado pelos garimpeiros na extração do ouro, assim como peixes e os índios da região que utilizam essas águas para muitas finalidades de seu dia a dia. 1.3.2.3 Aniversário da Floresta Amazônica O Dia da Floresta Amazônica é comemorado em 05 de setembro. 1.3.3 Cerrado É formado por árvores pequenas de casca grossa, galhos retorcidos, flores e folhas que parecem cera. Encontramos a vegetação do Cerrado principalmente na região centro-oeste do Brasil, nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, sendo encontrada também no oeste de Minas Gerais e no sul do Maranhão e Piauí. A agricultura nessa região, principalmente de soja, e a pecuária de corte vêm diminuindo infelizmente nesse tipo de vegetação. Nos últimos 50 anos, a vegetação do Cerrado passou a ter metade do tamanho original. Figura 1.6 - Ipê-amarelo-cascudo (Tabebuia chrysotricha), árvore típica do Cerrado brasileiro, em Avaré-SP, 2011. 1.3.3.1 Características do Cerrado São características do Cerrado, diferenciando-o dos demais ecossistemas, as seguintes: » árvores pequenas de galhos tortuosos e casca grossa; » apesar da aparência ressecada, a vegetação do Cerrado não sofre falta de água, pois as raízes dos arbustos são profundas, conseguindo alcançar profundidades de cerca de 20 metros; » as folhas são cobertas de pelos; » presença de gramíneas e ciperáceas no estrado das árvores; » é uma vegetação típica em regiões de solo de composição arenosa e com as estações climáticas definidas (uma época de chuva e outra seca). Tabela 1.2 - Exemplos de espécies da fauna e da flora presentes no Cerrado brasileiro Espécies vegetais do Cerrado Espécies animais do Cerrado »Antonia »Connarus » Ipê-amarelo »Jacarandá »Lixeira »Micônia »Pau-santo »Pequi »Rústia »Salácia »Terminália »Anta »Ariranha »Cachorro-do-mato »Cachorro-vinagre »Capivara »Cervo »Gambá »Gato-palheiro »Lobo-guará »Lontra »Macaco-prego »Onça-pintada »Porco-espinho »Preá »Quati »Queixada »Tamanduá-bandeira »Tapiti »Veado-mateiro 1.3.3.2 Curiosidades sobre o Cerrado » O solo do Cerrado é muito rico em alumínio, que penetra nas plantas juntamente com a água. » Os principais arbustos encontrados no Cerrado são o pau- santo, o pequi e a lixeira. 1.3.3.3 Aniversário do Cerrado O Dia do Cerrado é comemorado em 11 de setembro. 1.3.4 Caatinga A palavra Caatinga, em tupi, quer dizer mata branca, devido ao seu aspecto esbranquiçado originado pela prolongada falta de água nesse tipo de ecossistema. Ela é uma formação vegetal que podemos encontrar na região do semiárido nordestino. Também está presente nas regiões do extremo norte de Minas Gerais e sul dos Estados do Maranhão e Piauí. A Caatinga é típica de regiões com baixo índice de chuvas (presença de solo seco); porém, quando chove esse bioma renasce, vive seu momento mais produtivo. Chega-se o tempo de plantar. Nessa época, a vida manifesta-se com grande intensidade e o verde aparece como a cor predominante. Agora, quando a seca se prolonga, a sobrevivência torna-se difícil. Muitas vezes, já tendo perdido o roçado de mandioca, feijão, milho e também a criação de animais, os sofridos nordestinos abandonam temporariamente suas terras à procura de um lugar com água, um ambiente melhor para viver. Figura 1.7 - Caatinga do sertão pernambucano, em Petrolina-PE. Ecossistema predominante em regiões semiáridas, caracterizado por muita vegetação em períodos de chuva e extrema seca quando o índice pluvial é baixo. 1.3.4.1 Características da Caatinga As principais características da Caatinga, entre outras, são: » forte presença de arbustos com galhos retorcidos e com raízes profundas; » presença de cactos e bromélias; » os arbustos costumam perder, quase que totalmente, as folhas em épocas de seca (propriedade usada para evitar a perda de água por evaporação); » as folhas desse tipo de vegetação são de tamanho pequeno; » o carcará, ave de rapina, é um dos principais predadores dessa região. Tabela 1.3 - Exemplos de espécies da fauna e da flora presentes na Caatinga Espécies vegetais da Caatinga Espécies animais da Caatinga »Arbustos: aroeira, angico e juazeiro »Bromélias: caroá »Cactos: mandacaru, xique- xique e xique- xique do sertão Ao contrário do que muitos pensam, a fauna da Caatinga é muito rica em questões de biodiversidade, pois existem centenas de espécies vivendo nesse bioma. Veja alguns principais: » Veado-catingueiro » Preá » Gambá » Sapo-cururu » Cutia » Tatu peba » Ararinha-azul » Asa-branca » Sagui-de-tufos-brancos 1.3.4.2 Curiosidades sobre a Caatinga Na Caatinga, os homens e animais dependem da água que corre em pequenos rios, e da que é armazenada em cacimbas, reservatórios naturais ou construídos pelos próprios habitantes da região. O gado da região, por ocasião do período de seca, alimenta-se do mandacaru, vegetal rico em água. Algumas espécies de bromélias, a exemplo do caroá, são aproveitadas para fabricação de bolsas, cintos, cordas e redes, pois são ricas em fibras vegetais. Figura 1.8 - O mandacaru (Cereus jamacaru), também conhecido como cardeiro, é uma planta da família das cactáceas, muito presente na Caatinga do Nordeste brasileiro, podendo atingir mais de cinco metros de altura. 1.3.4.3 Aniversário da Caatinga O Dia da Caatinga é comemorado em 28 de abril. 1.3.5 Pantanal O Pantanal é uma imensa planície situada a oeste dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e com uma extensão de 140 km2. Esse ecossistema é considerado a maior planície inundável do mundo e um dosecossistemas mais ricos do Brasil. Em função de sua importância e diversidade ecológica, é considerado pela UNESCO como um Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. Alicia Yo/ Wikimedia Commons Figura 1.9 - O Pantanal é a maior planície de inundação contínua do mundo, formada principalmente pelas cheias do rio Paraguai e afluentes; na foto, é possível observar a vista aérea da região pantaneira do Mato Grosso do Sul, 2006. 1.3.5.1 Geografia do Pantanal O Pantanal é formado por uma planície e está situado na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai. Recebe uma grande influência do Rio Paraguai e seus afluentes, que alagam a região, formando extensas áreas alagadiças (pântanos) e favorecendo a existência de uma rica biodiversidade. No Pantanal, de outubro a março (época das chuvas) os rios transbordam, formando um grande alagado, daí o seu nome de Pantanal. O clima desse ecossistema é muito peculiar, pois além de ser úmido (alto índice pluviométrico) e quente no verão, é seco e frio na época do inverno. 1.3.5.2 Características do Pantanal As principais características do Pantanal são: » ecossistema muito diversificado, tanto em fauna quanto flora, pois abriga grande quantidade de animais, que vivem em perfeito equilíbrio ecológico; » paisagem sem grandes árvores, como na Amazônia, mas com uma vegetação típica de cerrado; » há campos limpos e matas que acompanham as margens dos rios, as conhecidas matas ciliares; » assim como ocorre com a vida animal, o Pantanal também possui uma extensa variedade de árvores, plantas, ervas e outros tipos de vegetação; podemos encontrar espécies da Amazônia, do Cerrado e do Chaco Boliviano. Tabela 1.4 - Exemplos de espécies da fauna e da flora presentes no Pantanal Espécies vegetais do Pantanal Espécies animais do Pantanal Nas planícies (região que alaga na época das cheias) encontramos uma vegetação de gramíneas. Nas regiões intermediárias, desenvolvem-se pequenos arbustos e vegetação rasteira. Nas regiões mais altas, podemos encontrar árvores de grande porte. Vejamos a seguir as principais árvores do Pantanal: » Angico » Aroeira » Figueira » Ipê » Palmeira » Ariranhas » Bicho-preguiça » Cágados » Capivaras » Cervo-do-pantanal » Cobras (jiboia e sucuri) » Jabutis » Jacarés » Lagartos » Lobo-guará » Macaco-prego » Onça-pintada » Pássaros (tucanos, jaburus, garças, papagaios, araras, emas, gaviões) » Peixes (dourado, pintado, curimbatá, pacu) » Tamanduá » Tatu » Veado-campeiro 1.3.5.3 Curiosidades sobre o Pantanal » Uma das principais atividades econômicas do Pantanal é a pecuária. » São animais do Pantanal em risco de extinção: cervo-do- pantanal, tuiuiú e capivara. » A maior planície inundável do mundo é o Pantanal mato- grossense. 1.3.5.4 Economia do Pantanal O Pantanal possui diversas fontes de renda, porém as mais significativas são as origi-nadas das regiões de planícies, cobertas por formação vegetal de gramíneas, excelente para a criação de gado, onde estão estabelecidas diversas fazendas, uma grande fonte de renda nessa região. Há também a atividade da pesca, uma vez que é grande a quantidade de rios e de peixes na região pantaneira, trazendo pescadores de todo o mundo. O turismo também tem se desenvolvido muito na região do Pantanal. Atraídos pelas belezas da região, turistas brasileiros e estrangeiros têm comparecido cada vez mais, gerando renda e empregos no Pantanal. Quanto à hotelaria, a região desse bioma é muito bem servida em hotéis, pousadas e outros serviços turísticos. 1) Quais são as características da Mata Atlântica? E em quais regiões do País são mais encontradas nos dias de hoje? 2) Quais são as características da Floresta Amazônica? Cite três polêmicas noticiadas na mídia impressa e falada nos últimos anos sobre essa floresta. 3) Quais são as características do Pantanal? 1 YOUSSEF, M. P. B. Ambientes brasileiros: recursos e ameaças. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1997. 2 Legislação Ambiental 2.1 Visão histórica As mais variadas leis, normas técnicas e outras regulamentações, as quais têm como direcionamento a preservação ambiental e o melhor aproveitamento dos recursos naturais no decorrer dos anos, foram frutos de acontecimentos históricos específicos dos diversos países, que foram sendo moldados conforme as necessidades do momento e a análise dos interesses de todos os envolvidos: os poderes públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil. Desde a época das colonizações, passando pela Revolução Industrial até o início do século XX, os recursos naturais existentes tinham como finalidade atender a demanda de matéria-prima para o desenvolvimento econômico a curto prazo e, no caso específico do Brasil, favorecer as classes dominantes do capital em distintas fases de nossa história. A degradação ambiental confunde-se com os vários ciclos das atividades econômicas brasileiras, em períodos específicos, por exemplo: » a exploração do pau-brasil e de outras madeiras nobres; » a economia açucareira dos senhores de engenho; » a economia mineradora em várias fases históricas; » o ciclo da borracha e o ciclo do café; » o crescimento da indústria de base (plataformas de petróleo, usinas hidrelétricas e nucleares, metalurgia etc.); » a ocupação territorial em áreas não habitadas (Amazônia, Cerrado, costas litorâneas etc.); » o crescimento urbano por meio das migrações e imigrações. Figura 2.1 - Degradação causada pela mineração de carvão, em Siderópolis- SC, 2008. Quando uma determinada atividade chegava a uma fase de saturação, seja pela extinção ou redução dos recursos existentes, ou pela sua desvalorização no mercado econômico interno e externo, o meio ambiente explorado estava relativamente comprometido, já que não havia a preocupação de recuperação das áreas afetadas, pois se entendia que a própria natureza renovaria suas reservas futuramente, entendimento este sem qualquer fundamento científico ou fruto de estudos mais técnicos. Nesse sentido, a conscientização ambiental era um tema que daria seus primeiros passos após o século XX. Foi para atender a interesses econômicos que o Estado começou a desenvolver as primeiras políticas ambientais, passando para sua tutela o controle das reservas naturais existentes no País, ainda sem manifestar um conhecimento mais profundo ou simplesmente ignorando a preservação do meio ambiente como fundamento vital para a preservação da vida, priorizando as metas de desenvolvimento industrial. 2.2 Primeiros instrumentos legais As primeiras iniciativas dos poderes públicos na preservação do meio ambiente remetem à década de 1930, quando a industrialização brasileira começava a se intensificar conforme a realidade política e econômica da época, visando geralmente mais motivos econômicos do que a conscientização ambiental, panorama este que permaneceria até o final da década de 1970. O Brasil tinha como objetivo desenvolver-se industrialmente, para ampliar seus interesses na economia mundial, acelerar o crescimento do País e com isso fortalecer o Estado, por isso ficava inviável ser mero fornecedor de matérias-primas aos países ricos, mais estruturados e adiantados tecnologicamente, e beneficiar-se dos bens de consumo apenas por meio das importações. Como tentativa de estimular esse crescimento, durante anos foram constituídos vários modelos econômicos para o desenvolvimento do País, sempre de acordo com os acontecimentos históricos vigentes naqueles momentos, para atender às necessidades e aos objetivos distintos, sendo alguns deles: » início das indústrias de base, em razão da crise econômica de 1929 (EUA) e da Segunda Guerra Mundial; » consolidação dessas indústrias de base (siderúrgicas, petroquímicas e metalúrgicas) na Era Vargas, compreendido entre 1930 e 1945; » Plano de Metas, no governo de Juscelino Kubitschek, com a criação de usinas hidrelétricas, instalação da indústria automobilística, rodovias, construção naval e fundação da capital Brasília (1956 a 1961); » construção da Transamazônica (1972), da Usina de Angra dos Reis I(1984) e da Usina de Itaipu (1982), todas iniciadas no Governo Médici. Halley Pacheco de Oliveira/Wikimedia Commons Figura 2.2 - Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro, 2011. A proposta de ampliação do aeroporto é contestada, pois ele está em área ambiental; assim sendo, mais aterros e desmatamentos podem ocasionar impactos ambientais na Baía de Guanabara-RJ. Para garantir o abastecimento de matérias-primas no setor produtivo dessas atividades, e de outras que surgiram no decorrer dos anos, apareceram as primeiras intervenções do Estado para a racionalização do uso dos recursos naturais, para que a degradação ambiental não prejudicasse os objetivos econômicos, e apesar de não haver nessas iniciativas a ideologia ambientalista, abriram caminhos para sua criação no futuro, por exemplo: » o Código das Águas, regulamentando o uso dos recursos hídricos (Decreto nº 24.643/34 - Lei nº 4.904/65); » o Código Florestal, delimitando áreas de preservação permanente e a exploração de florestas e desmatamentos (Decreto nº 23.793/34); » o Código de Mineração, que define os princípios para a exploração de jazidas (Decreto nº 1.985/40); » o Código da Pesca, que regulamenta a pesca e a exploração dos recursos hídricos (Decreto nº 794/38); » o Estatuto da Terra, que define os critérios para a desapropriação e distribuição de terras (Lei nº 4.504/64). Apesar de tímidas, as primeiras leis de proteção ambiental apresentam algumas preocupações de âmbito de preservação dos recursos naturais, como a aplicação de penas fiscais e criminais em caso de destruição de florestas de preservação, permanente no Código Florestal, e o controle da poluição no Código da Pesca.2 2.3 Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 (CF/88)3 foi o primeiro documento a trazer, de modo específico e global, inclusive em capítulo próprio, regra sobre o meio ambiente, além de outras garantias previstas de modo esparso na Constituição Federal (CF/88). 2.3.1 Garantias constitucionais do meio ambiente A CF/88 procurou garantir de maneira simples e objetiva diversos mandamentos voltados para a área ambiental, como: » O direito de qualquer cidadão ser parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (CF/88, art. 5º, LXXIII). » Ser competência comum do poder público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (CF/88, art. 23º, VI). » Ser competência da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: a. florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição (CF/88, art. 24, VI); b. responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (CF/88, art. 24, VIII). » A garantia de ter como um dos princípios gerais da atividade econômica: a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (CF/88, art. 170, VI). » O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros (CF/88, art. 174, § 3º). » Compete ao Sistema Único de Saúde (SUS), além de outras atribuições, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (CF/88, art. 200, VIII). E nesse mesmo sentido, o art. 225 da CF/88 reza que: (...) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 2.3.2 Lei de crimes ambientais É do conhecimento de todos que o grande problema mundial da atualidade refere-se aos crimes praticados covardemente pelo homem contra o meio ambiente, meio essencial para a sobrevivência humana. Crimes praticados às vezes por hobby tornam-se cada dia mais frequentes, mais danosos e impactantes ao meio ambiente como um todo e, consequentemente, a toda coletividade, que é a titular do bem ambiental. Um exemplo de tamanha barbaridade são as constantes caças desenfreadas aos tatus, um animal tão dócil e útil para a natureza, bem como as retiradas de florestas nativas para o corte de madeira nas serrarias clandestinas da Floresta Amazônica. No Brasil, esse panorama culminou com a edição da Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, o chamado Código Penal Ambiental. Apesar de em alguns pontos revelar-se omissa, essa lei tem grande relevância para o direito ambiental brasileiro, pois prevê diversas hipóteses criminosas, com aplicação de penas restritivas de direito, ou de prestação de serviços à comunidade, ou de multa, dependendo do potencial ofensivo causado ao meio ambiente. A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,4 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosade outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 2.4 Política Nacional do Meio Ambiente Apesar de as primeiras tentativas por parte das instituições governamentais serem um alento para a preservação do meio ambiente, a quantidade de estratégias diferentes adotadas isoladamente pelos mais variados órgãos em todas as suas esferas (municipal, estadual e federal) ocasionava ações não coordenadas e conflitos de poder. Para uma integração das políticas vigentes no País e sua harmonização em todos os níveis, foi aprovada uma Política Nacional como referência para definir os princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes a serem seguidos pelas políticas estaduais e municipais de toda a União Federativa. A política ambiental a princípio pode ser definida como um modelo de administração adotado por um governo ou empresa para direcionar as relações com o meio ambiente e os recursos naturais. Conforme a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6938, de 31 de agosto de 1981), a definição prevista em seu art. 3° para meio ambiente é a seguinte: “(...) Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.” 2.4.1 Objetivos da Política Nacional São objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme o art. 4° da referida lei: III - a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; IV - a definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; V - o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; VI - o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; VII - a difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, a divulgação de dados e informações ambientais e a formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VIII - a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; IX - a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Além de estabelecer os direcionamentos necessários para um desenvolvimento econômico sustentável, a nova lei oferece instrumentos para que sejam executados os seus princípios, por exemplo: » o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; » o zoneamento ambiental; » a avaliação de impactos ambientais; » o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; » as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; » o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; » instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Outro fato importante na aprovação da Lei no 6938 foi a criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) que organizou de forma hierárquica e uniforme a coordenação das ações governamentais, agregando todos os órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, incluindo o Distrito Federal, que conforme o seu art. 6o, ficou da seguinte maneira: I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; V - órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI - órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. 2.5 Políticas integrantes da PNMA Como forma de auxiliar a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), foram elaboradas várias regulamentações que visassem os resultados a serem alcançados, estabelecendo os critérios e padrões de qualidade ambiental e o uso e manejo de recursos ambientais, por meio de normatizações específicas aprovadas por leis federais e resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Com isso, foram criadas políticas ambientais distintas, para a prevenção do meio ambiente em casos específicos e diferenciados, seja na terra, na água ou no ar. 2.5.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010) é parte integrante da Política Nacional do Meio Ambiente e tem como finalidade reunir um conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos 5. É importante que as empresas se antecipem no planejamento de adoção de medidas, para se adequarem de forma administrativa e operacional no atendimento dessa lei, para o cumprimento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que será desenvolvido em um prazo limite de 20 (vinte) anos sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente. Conforme a referida lei, em seu Artigo 3º, do Capítulo II, resíduos sólidos são definidos da seguinte maneira: (...) material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Foto: Arquivos Figura 2.3 - Disposição inadequada de resíduos na rua: apenas a conscientização ambiental não basta; é preciso que o Estado esteja presente para educar e, também, punir os infratores. Entre as principais providências aprovadas, como instrumentos na prevenção da disposição ambientalmenteinadequada de resíduos sólidos, destacam-se: » legitimação das Políticas Estaduais de Resíduos Sólidos e iniciativas em outras esferas públicas; » acordo setorial entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, a delegação de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; » proibição definitiva de aterros a céu aberto (lixões); » implantação de sistema de coleta seletiva pública; » definição dos princípios do poluidor-pagador e o protetor- recebedor; » incentivos econômicos prioritários para iniciativas com responsabilidade ambiental; » o inventário e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos; » inclusão social e econômica dos catadores de lixo por meio de cooperativas; » adoção e estruturação do sistema de logística reversa. 2.5.1.1 Responsabilidade compartilhada Um dos grandes avanços da Política Nacional de Resíduos Sólidos, no gerenciamento dos rejeitos provenientes dos setores produtivos de bens e serviços, é a responsabilidade compartilhada, pois trata de delegar a vários segmentos da sociedade a tarefa de executar a disposição final dos resíduos de forma adequada, mas principalmente em fechar o ciclo desses materiais em seu local de origem, ou seja, na própria indústria. De acordo com a definição da Lei no 12.305, a responsabilidade compartilhada é conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos. Define também obrigações da sociedade civil, antes alheia no trato de seus resíduos domésticos, a participar do acordo setorial que será desenvolvido por meio de ferramentas, como, por exemplo, a educação ambiental e a coleta seletiva que estão previstas nos programas de ação dos estados e municípios. Os principais objetivos, em lei, da responsabilidade compartilhada são:6 I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de gestão empresarial e mercadológica com os de gestão ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis; II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando- os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas; III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais; IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade; V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis; VI - propiciar que as atividades produtivas alcancem eficiência e sustentabilidade; VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental. Para que a responsabilidade compartilhada tenha os seus objetivos alcançados, o governo instituiu princípios e objetivos em vários instrumentos jurídicos, para que seja possível o retorno dos resíduos em seu setor produtivo de origem, mas que deve haver um período para que as empresas, os órgãos públicos e a sociedade em geral se organizem no cumprimento da lei e haja inclusive uma adaptação cultural para a sua prática. E uma das ferramentas importantes desse processo é a logística reversa. 2.5.1.2 Logística reversa7 Por meio do acordo setorial entre União e o setor empresarial, as empresas terão de se estruturar para adoção da logística reversa, que se trata de viabilizar a coleta e a restituição de resíduos sólidos para sua origem (fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes), para o seu reaproveitamento ou outra destinação final ambientalmente adequada. Apesar de esse regulamento estar estendido a todos os produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro potencialmente poluidores, a Política Nacional de Resíduos Sólidos descreve os segmentos prioritários para o cumprimento de implementação do retorno dos produtos após o uso do consumidor, sendo: » agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; » pilhas e baterias; » óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; » lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; » produtos eletrônicos e seus componentes. Para a efetiva implantação e operacionalização da logística reversa, devem ser tomadas medidas pelas empresas, para que possam viabilizar o retorno dos resíduos em seus setores produtivos de origem, sendo algumas delas: » implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados; » disponibilizar postos de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis; » atuar em parceria com cooperativas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Já existem algumas empresas que adotam a prática de coleta de seus rejeitos, porém o êxito da logística reversa depende também da conscientização da população, colaborando na procura de postos de recebimento para o envio adequado do seu passivo ambiental, e da implementação do sistema de coleta seletiva pública, estendendo a responsabilidade do controle de resíduos por meio da educação ambiental e da fiscalização dos órgãos ambientais para o cumprimento da lei. Conforme o art. 1º, § 2º do Título I desta política: “(...) Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica.” 2.5.2 Política Nacional de Mudanças Climáticas Outro instrumento originado da Política Nacional do Meio Ambiente, e por meio de acordos internacionais (Protocolo de Kyoto), é a Política Nacional de Mudanças Climáticas (Lei nº 12.187/09), que tem como finalidade o controle e a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, causadores de mudanças climáticas no planeta (como, o efeito estufa) e, consequentemente, a degradação ambiental de toda a biosfera. jvd-wolf/Shutterstock.com Figura 2.4 - A emissão de gases poluentes na atmosfera continua sendo vista, erroneamente, em muitos países, como símbolo de desenvolvimento industrial. Conforme o texto do artigo 4º da referida lei, são os objetivos do Plano Nacional de Mudanças Climáticas: » a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a proteção do sistema climático; » a redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes; » o fortalecimento das remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa no território nacional; » a implementação de medidas para promover a adaptação à mudança do clima pelas três esferas da Federação, com a participação e a colaboração dos agentes econômicos e sociais interessados ou beneficiários, em particular aqueles especialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos; » a preservação, a conservação e a recuperação dos recursos ambientais, com particular atenção aos grandes biomas naturais tidos como Patrimônio Nacional; » a consolidação e a expansão das áreas legalmente protegidas e o incentivo aos reflorestamentos e à recomposição da cobertura vegetal em áreas degradadas; » o estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). » Parágrafo único. Os objetivos da Política Nacional sobre Mudança do Clima deverão estar em consonância com o desenvolvimento sustentável a fim de buscar o crescimento econômico, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais. Desde a aprovação da Lei n º 6938 (PNMA), foram criados alguns instrumentos de controle de poluição por emissão de gases, com abrangência nacional e servindo como diretrizes para as políticas estaduais e municipais, com ênfase nos poluentes gerados pelas frotas de veículos automotores nos centros urbanos. Por meio das Resoluções do CONAMA, essas normatizações têm como finalidade a redução dos níveis de gases por combustíveis fósseis e dos níveis de ruídos sonoros (poluição sonora) a um limite de tolerância que melhore a qualidade do are do ambiente, sendo as quais: » Resolução CONAMA n º 18/1986: dispõe sobre a criação do Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos Automotores (PRONCOVE). » Resolução CONAMA n º 05/1989: dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar (PRONAR). » Resolução CONAMA n º 418/ 2009: dispõe sobre critérios para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular (PCPV) e para a implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso - I/M - pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente.8 2.5.3 Política Nacional de Recursos Hídricos Por meio do Decreto 3692/2000 (Lei n º 9984/2000) foi criada a ANA (Agência Nacional das Águas), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente responsável pela implementação de gestão dos recursos hídricos do País, sendo parte integrante da Política Nacional de Recursos Hídricos pela Lei n º 9433, de 08 de janeiro de 1997, que conforme o art. 2 º do capítulo II tem como objetivos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. Além de definir os fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos para a preservação e o uso sustentável dos recursos hídricos, a lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SNGRH), que se trata de um colegiado independente, mas ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a responsabilidade de implementação dos critérios para os planos de gestão das políticas estaduais e municipais, e tem a seguinte organização: » o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), órgão superior deliberativo e normativo; » a Agência Nacional de Águas (ANA), autarquia responsável pela implementação da PNRH; » os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; » os Comitês de Bacia Hidrográfica, colegiados com representantes da sociedade civil organizada e do governo; » os órgãos dos poderes públicos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal que se relacionam com a gestão dos recursos hídricos (por exemplo, o Departamento de Águas e Energia Elétrica/SP - DAEE); » a Agência de Águas, criada para atuar como secretaria executiva de um ou mais Comitês de Bacia. Figura 2.5 - As águas servidas (esgoto) devem ser devidamente tratadas antes de serem lançadas aos efluentes receptores, para a prevenção de contaminação tóxica e patogênica 2.5.4 Novo Código Florestal O novo Código Florestal (Lei n º 12.651, de 25 de maio de 2012) é um dos documentos legais mais relevantes para o meio ambiente, uma vez que regulamenta diversos assuntos relacionados à questão ambiental – proteção da fauna e da flora brasileiras, contravenções penais, competência dos órgãos ambientais, Cota de Reserva Florestal (CRF) etc. – e estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de preservação permanente e as áreas de reserva legal, exploração florestal, controle da origem dos produtos florestais e controle e prevenção dos incêndios florestais. Prevê ainda instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos, conforme se vê ao longo de seus 84 artigos. Visando ao desenvolvimento sustentável, essa lei atende aos seguintes princípios: » Confirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação de suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático. » Reafirmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia. » Ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas, consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação. » Responsabilidade comum da União, estados, Distrito Federal e municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de políticas para preservação e restauração da vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais. » Fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa. » Criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis. Entre as principais ferramentas do PNRH, é importante destacar os seguintes instrumentos da Lei n º 9433: » Plano de recursos hídricos: planos diretores (Plano de Bacia) para o gerenciamento dos recursos hídricos. » Resolução CONAMA n º 20/86: classificando os corpos d’água em doces, salgados, salobres e salinos. » Resolução CNRH n º 7/2000: que dispõe sobre a outorga, que é uma concessão para uso da água dada pelo poder público ao outorgado de acordo com o estabelecido nos Planos de Bacias. » Sistema Nacional de Informações sobre os Recursos Hídricos (SNIRH): tem o propósito de reunir, divulgar e atualizar dados sobre a qualidade, quantidade, disponibilidade e demanda pelos recursos hídricos do País. 1) Escolha algum acontecimento específico da história do Brasil, como os citados neste capítulo (exploração do pau- brasil, ciclo do açúcar, exploração mineradora etc.), e descreva que influência teve para a degradação no meio ambiente. 2) Pesquise e faça uma relação dos impactos ambientais que estes resíduos sólidos podem ocasionar em caso de descarte inadequado no meio ambiente: a) Agrotóxicos (resíduos e embalagens). b) Pilhas e baterias. c) Óleos lubrificantes (resíduos e embalagens). d) Produtos eletrônicos. e) Lâmpadas fluorescentes. f) Pneus usados. 3) Entre os resíduos sólidos prioritários para a adoção da logística reversa, qual, na sua opinião, representa maior potencial de poluição? Explique. 4) Existem postos de recebimento de resíduos de logística reversa em sua região? Pesquise e descreva abaixo os postos encontrados, de quais tipos de resíduos e os endereços para divulgar aos seus amigos. 5) Você mora próximo a parques, praias, nascentes ou alguma área de preservação que necessite recuperação ambiental? Descreva os problemas encontrados e sugira algumas medidas que poderiam ser tomadas para as devidas melhorias. 2 Houve alterações na legislação citada, por meio de decretos substitutivos em períodos posteriores, os quais não são abordados neste capítulo. 3 A Constituição Federal de 1988 pode ser encontrada na íntegra no site do Planalto, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 16 jul. 2014. file:///C:/Users/gcdcb/AppData/Local/Temp/calibre_g1bv14/lgsyf0_pdf_out/text/part0007.html 4 Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Código Penal Ambiental, adaptado para fins didáticos, cujo conteúdo na íntegra, e sempre atualizado, no site do Planalto, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 16 jul. 2014. 5 Título II - art. 4º e art. 5º da Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 - Disposições gerais. 6 Seção II - artigo 30, da Lei nº12.305, de 02 de agosto de 2010. 7 Logística reversa: trechos do texto extraídos do livro Segurança do Trabalho: Guia Prático e Didático, dos autores Paulo R. Barsano e Rildo P. Barbosa, Editora Érica, página 288. 8 Nota do autor: Foram feitas alterações nos arts. 4º e 5º, caput e §1º/Resolução CONAMA nº 426/2010. file:///C:/Users/gcdcb/AppData/Local/Temp/calibre_g1bv14/lgsyf0_pdf_out/text/part0007.html3 Impactos Ambientais 3.1 Ecossistemas A natureza é formada por ecossistemas interligados de forma equilibrada e harmoniosa, e o homem é parte integrante desse processo. Na era primitiva, o habitat natural e os recursos naturais existentes eram o suficiente para a provisão das necessidades humanas, que se resumiam em prioridades básicas de subsistência, como alimentação, abrigo e repouso. Com o desenvolvimento da sociedade em todos os seus níveis (econômico, social, cultural e tecnológico), foram surgindo novos objetivos e dificuldades. Para serem supridos, não era mais viável a simples adaptação do homem às condições ambientais que se ofereciam; o processo tinha de ser o inverso: o ambiente deveria se adaptar à vontade humana, o qual, alheio a qualquer liberdade de escolha, começou a ser modificado. O equilíbrio ecológico entre os ecossistemas e o meio ambiente, e a harmoniosa relação com o homem, começou a deteriorar de forma mais agressiva e contínua, e as profundas alterações inseridas na natureza, seja pela negligência, imperícia ou imprudência do ser humano com os recursos naturais e outros aspectos ambientais dos biomas locais, trouxeram consequências graves para a sobrevivência da vida em toda a biosfera, devido aos impactos ambientais causados por queimadas, desmatamentos, caça predatória, crescimento urbano etc. Foto: Arquivos Figura 3.1 - Além da poluição, a disposição de entulhos, lixo e outros materiais rejeitados acarreta proliferação de ratos, baratas, escorpiões e, consequentemente, doenças para os próprios moradores da região. 3.2 Características dos impactos ambientais A preservação do meio ambiente e dos recursos naturais sempre foi tratada com certa irrelevância na lista de prioridades do setor produtivo, e os órgãos públicos ocuparam também uma relação de descaso e omissão sobre o assunto. A falta de investimentos em saneamento básico, de um plano diretor de urbanização e de leis rígidas para a punição dos infratores contribuiu para inúmeras ações inadequadas no uso dos recursos naturais em prol do desenvolvimento a todo custo e de um parque industrial em busca de resultados imediatos e sem compromisso com a questão ambiental. O crescimento das grandes cidades é outro agravante na degradação ambiental, pois trouxe outras mazelas adicionais ou acentuou os problemas existentes de épocas anteriores, como: » a poluição atmosférica por veículos automotores e indústrias; » a expansão territorial cada vez maior, em áreas nativas; » a poluição sonora de transportes motorizados, máquinas e equipamentos industriais; » hábitos sociais inexistentes (buzinas, música “alta”, aglomeração em eventos etc.); » a poluição visual por causa do excesso de placas, cartazes, pontos de iluminação artificiais etc.; » o aumento da poluição nos efluentes9 por produtos químicos e biológicos; » o aumento do lixo orgânico e outros, devido ao crescimento do consumo massificado; » o aumento quantitativo (volume) do lixo, por produtos não biodegradáveis. O legado dessa destruição silenciosa e progressiva do planeta é a poluição da água e do ar, a contaminação e degradação do solo, os desmatamentos, a extinção das espécies, o comprometimento da qualidade de vida e o desequilíbrio ecológico de todos os ecossistemas da biosfera, e consequências cada vez mais graves para a preservação da vida de todos os seres vivos, inclusive do homem, seu maior algoz e parte interessada nesse processo autodestrutivo. Portal da Copa, ME/Wikimedia Commons Figura 3.2 - As poluições sonora e visual aumentam os impactos ambientais e reduzem a qualidade de vida e, aliadas ao intenso tráfego de veículos, criam um ambiente de forte estresse físico e mental nas grandes cidades. 3.3 Poluição do solo Localizado externamente na superfície terrestre, o solo é um dos elementos mais importantes da natureza, pois tem o papel de gerar os recursos naturais que sustentam várias atividades humanas, além de ser fonte de reservas de nutrientes e sais minerais para a renovação e sustentação dos seres vivos, em especial os micro- organismos e a vegetação, fundamentais para o ciclo da vida nos ecossistemas, além de criar condições benéficas para sua utilização, como: » a criação do húmus, adubo natural resultante de matéria orgânica decomposta; » a manutenção do ciclo da água e dos seus nutrientes; » a conservação das águas subterrâneas, reservas minerais e matérias-primas; » a produção de alimentos para subsistência dos seres vivos e como atividade econômica. O solo sofre uma degradação natural por meio de agentes naturais (vento, chuva, sol etc.), o que não chega a trazer consequências drásticas, pois agem em um processo lento que permite uma adaptação contínua dos seres vivos às condições de mudanças de forma gradual e adequada, porém quando o solo é agredido de forma repentina e potencialmente poluidora, ele sofre com resultados catastróficos a médio e longo prazo em suas características originais. Resultado da disposição de materiais ambientalmente poluidores, de projetos de construção mal planejados e do descaso do homem, os impactos ambientais no solo trazem inúmeras consequências para o meio ambiente, como pode ser observado nos tópicos seguintes deste capítulo. 3.3.1 Erosão e desertificação do solo A erosão é o desgaste do solo pelo seu uso indiscriminado e abusivo; um processo sem interrupção pode avançar para um estado de desertificação, anos depois, em suas propriedades. Estado típico em áreas áridas (deserto) ou semiáridas (sertão nordestino), a erosão é resultado principalmente de impactos ambientais causados pelo desmatamento desenfreado e de técnicas agrícolas obsoletas e inadequadas ambientalmente. A vegetação nativa de plantas e árvores diversas protege o solo da exposição excessiva do Sol; essa barreira natural permite a renovação e preservação dos nutrientes necessários à conservação da vida saudável da terra para o seu uso. Com o desmatamento, o solo fica exposto totalmente, e sob a ação dos raios solares em regiões muito quentes, o processo de evaporação da água acelera- se, atingindo inclusive as reservas subterrâneas que chegam à superfície, causando um ressecamento contínuo e sem renovação do recurso, devido às crostas que vão surgindo no solo e são impermeáveis. Somando-se a este problema, ocorre também a queda dos índices pluviométricos (chuvas) na região, comprometendo mais ainda as reservas naturais dos recursos hídricos. danielo/Shutterstock.com Figura 3.3 - A aragem excessiva é um dos motivos da degradação do solo e, consequentemente, da redução de sua vida útil. O uso inapropriado de técnicas de queima da vegetação e a aragem excessiva do solo, como forma de preparação para o cultivo, reduzem a vida útil na sua utilização, pois os nutrientes localizados na superfície terrestre são retirados pela ação dessas práticas e do vento, proporcionando a ação direta e constante do Sol; estes fatores em conjunto acabam ocasionando a erosão e a perda da produtividade futura em novas plantações. Outro fator de preocupação é que, com a utilização de métodos agrícolas arcaicos e o desflorestamento, a erosão contribui para fatores de riscos, como deslizamento em encostas devido a projetos mal planejados, construção de casas, estradas e túneis, e desaparecimento de espécies da fauna e flora devido à expansão imobiliária e rural nessas áreas. 3.3.2 Contaminação do solo A contaminação do solo é resultado da disposição inadequada de vários tipos de resíduos, podendo esses rejeitos ser de origem industrial, agrícola ou domiciliar; a contaminação pode ocorrer pela ação humana ou por eventos naturais, como o ar ou a chuva. Os resíduos, de uma forma geral, são provenientes de materiais excedentes dos setores produtivos industriais e da cultura dos hábitos de consumo, sendo destinados de forma inapropriada no meio ambiente, como lixões, aterros clandestinos, plantações, nas redes pluviais ou mesmo a céu aberto. As consequências dessas práticas são as mais variadas, pois a poluição
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