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1 ELETRICIDADE 2 MAGNETISMO PROF° RAED 2021 ETEFV CURSO DE ELETROTÉCNICA 2 MAGNETISMO 3 INTRODUÇÃO O fenômeno de uma força atuando a distância é uma grande surpresa quando observado pela primeira vez. Esse fenômeno é conhecido, pelo menos, desde o século VI a.C., na Grécia, na China e no Egito. Inicialmente o magnetismo foi considerado apenas como mais uma das forças da Natureza, manifestada somente no ferro e em outras substâncias mais raras, que genericamente foram chamadas de substâncias ferromagnéticas. Um avanço científico, que contribuiu para o conhecimento mais profundo da natureza do magnetismo, veio com os experimentos realizados por Hans Christian Oersted (1777-1851) com a corrente elétrica, provando a relação entre magnetismo e eletricidade. Estava aberto o caminho para o eletromagnetismo, que propiciou, por exemplo, o desenvolvimento dos geradores de eletricidade e dos motores elétricos. O nome magnetismo vem de Magnésia, pequena região da Ásia Menor onde foi encontrado em abundância um mineral naturalmente magnético chamado magnetita. Uma pedra desse mineral é o que se chama de ímã natural. Fonte: Livro As Faces da Física. Vol único. Ed. 3ª 4 Se amarrar um fio num ímã natural de formato alongado e o pendurar, o ímã fica sempre alinhado na direção geográfica norte-sul. A extremidade que aponta para o norte geográfico é chamada de polo norte do ímã. A outra, apontada para o sul geográfico, é denominada polo sul do ímã. Os polos são as partes dos ímãs onde os efeitos magnéticos se apresentam mais intensos. Mas nem sempre se pode dizer que essas partes se localizam nas extremidades de um ímã, como é o caso, por exemplo, do ímã esférico. Nosso planeta é um imenso ímã. Sob a influência exclusiva do campo magnético terrestre, a agulha de uma bússola aponta para o polo norte geográfico, que na realidade é um polo sul magnético. Bússola: Orientação geográfica dos polos de um ímã. Fonte: Livro As Faces da Física. Vol único. Ed. 3ª 5 ATRAÇÃO E REPULSÃO MAGNÉTICA 6 ORIGEM DO MAGNETISMO O magnetismo é originado na estrutura física da matéria, ou seja, no átomo. O elétron gira sobre seu eixo (spin eletrônico) e ao redor do núcleo de um átomo (rotação orbital). Na maioria dos materiais, a combinação entre direção e sentido dos efeitos magnéticos gerados pelos seus elétrons resulta nula, originando uma compensação e produzindo um átomo magneticamente neutro. 7 Pode acontecer uma resultante magnética quando um número de elétrons gira em um sentido e um número menor de elétrons gira em outro. É o caso do átomo de ferro. Embora exista, de fato, um movimento de cargas elétricas em nível atômico, a corrente elétrica (fluxo ordenado de elétrons) não está presente nos ímãs. Não se deve confundir esses dois fenômenos. ÁTOMO DE FERRO MAGNETIZADO 8 TEORIA DE WEBER Inseparabilidade dos polos de um ímã. Ímã elementar. 9 BARRA DE FERRO MAGNETIZADA 10 TEORIA DOS DOMÍNIOS MAGNÉTICOS Domínios magnéticos desalinhados. Domínios magnéticos orientados sob ação de um campo. 11 CAMPO MAGNÉTICO Linhas de campo magnético. Visualização das linhas de campo com limalha de ferro. 12 LINHAS DO CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE As características das linhas de campo magnético. • São sempre linhas fechadas: saem e voltam a um mesmo ponto. • As linhas nunca se cruzam. • Fora do ímã, as linhas saem do polo norte e se dirigem para o polo sul. • Dentro do ímã, as linhas são orientadas do polo sul para o polo norte. • Saem e entram na direção perpendicular às superfícies dos polos. • Nos polos a concentração das linhas é maior: quanto maior concentração de linhas, mais intenso será o campo magnético numa dada região. 13 DISTRIBUIÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO Uniforme.Não-uniforme. Polos diferentes: atração Polos iguais: repulsão 14 ESPRAIAMENTO DE LINHAS NUM CAMPO MAGNÉTICO PRATICAMENTE UNIFORME 15 LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO PARA UM ÍMÃ PERMANENTE 16 FLUXO MAGNÉTICO O fluxo magnético (φ) é definido como o conjunto de todas as linhas de campo que atingem perpendicularmente uma dada área. A unidade de fluxo magnético é o weber (Wb). 1 Wb = 108 linhas do campo magnético. 17 DENSIDADE DE FLUXO MAGNÉTICO OU INDUÇÃO MAGNÉTICA Onde: B → é a densidade de fluxo magnético ou indução magnética, em Wb/m2 ou tesla (T). φ → é o fluxo magnético, em weber (Wb). A → é a área da seção perpendicular ao fluxo magnético, em m2. A unidade de densidade de fluxo magnético no sistema CGS de unidades é o gauss. 1 tesla = 104 gauss. 𝑩 = 𝝓 𝑨 18 VETOR DENSIDADE DE FLUXO MAGNÉTICO TANGENTE AS LINHAS DE CAMPO A direção do vetor densidade de fluxo magnético (B) é sempre tangente às linhas de campo magnético em qualquer ponto. O sentido do vetor densidade de fluxo magnético é sempre o mesmo das linhas de campo. 19 No interior de um ímã as linhas de campo encontram-se mais concentradas e, portanto, a intensidade do campo magnético é elevada. Há, portanto, alta densidade de fluxo magnético. Externamente ao ímã as linhas de campo encontram-se mais dispersas ao longo dos caminhos entre os polos. A intensidade do campo magnético nesta região é menor, ou seja, há menor densidade de fluxo magnético. O número de linhas de campo no interior do ímã e no exterior é exatamente o mesmo, já que são linhas fechadas. Assim o fluxo magnético no interior e no exterior de um ímã é exatamente o mesmo, porém a densidade de fluxo magnético é maior no interior do ímã que no exterior, pois o mesmo número de linhas está concentrado numa área menor. AÇÃO DO CAMPO MAGNÉTICO DE UM ÍMÃ SOBRE BÚSSOLA: DIREÇÃO TANGENTE AS LINHAS DE CAMPO 20 INDUÇÃO MAGNÉTICA: IMANTAÇÃO É o fenômeno de imantação de um material provocada pela proximidade de um campo magnético. O ímã induz magneticamente (imanta) os pregos e estes, sucessivamente, imantam uns aos outros e atraem-se. Quando o ferro encontra-se próximo de um imã, o campo magnético faz com que a barra de ferro se transforme temporariamente em um imã. Isto acontece porque na presença de um campo magnetizante (ou campo indutor), os domínios magnéticos do ferro, que normalmente estão orientados em todas as direções ao longo da barra, ficam orientados em uma direção predominante, como num imã. 21 Quando o ímã indutor é afastado, a maioria dos domínios magnéticos do ferro volta ao estado de orientação desorganizada, fazendo com que o material praticamente perca as suas propriedades magnéticas. Materiais com esse comportamento, como o ferro puro, são chamados materiais magneticamente moles. Os materiais nos quais os domínios magnéticos não perdem a orientação obtida com a aproximação de um campo magnético são chamados materiais magneticamente duros, como o aço e o ferrite. Isto acontece porque nessas ligas os átomos de ferro uma vez orientados sob a ação do campo magnético são impedidos de voltar à sua orientação inicial pelos átomos do outro material da liga, permanecendo magnetizados. É assim que são fabricados os ímãs permanentes. MATERIAIS MAGNETICAMENTE MOLES OU DUROS MAGNETISMO REMANESCENTE Afastando-se o ímã de um corpo que foi atraído por ele, ainda restará nesse corpo um resquício de magnetização, chamado de magnetismo remanescente. A intensidade do magnetismo remanescente depende da substância, do tempo de exposição ao campo externo e da temperatura durante o experimento. 22 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO MAGNETISMO Aquecendo-se uma barra de ferro sob a ação de um campo magnético acima de certa temperatura, no caso do ferro aproximadamente de 770°C, ela deixa de ser atraída pelo imã. Esta temperatura é denominada Ponto Curie. Isto acontece, pois o aquecimento provoca uma agitação nos átomos de ferro, de tal maneira que eles se desorganizam e a barra de ferro perde as suas propriedades magnéticas. Quando a barra de ferro é esfriada, ela novamente será atraída pelo imã. 23 Trata-se da temperatura na qual um material ferromagnéticoperde suas propriedades magnéticas. O calor fornecido por uma fonte térmica causa um desarranjo na disposição dos elétrons que compõem o material, proporcionando a perda momentânea das propriedades magnéticas. Essa temperatura é específica de cada material. 24 SATURAÇÃO MAGNÉTICA Um material pode ter os seus átomos orientados até um determinado limite. O efeito devido à limitação na orientação e alinhamento dos átomos do material, mesmo sob a ação de campos magnéticos intensos, é chamado de saturação magnética. 25 CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS Na Natureza, as substâncias são ferromagnéticas, paramagnéticas ou diamagnéticas. Substâncias ferromagnéticas: Neste grupo estão o ferro, o aço, o níquel, o cobalto e algumas ligas comerciais como o alnico e o Permalloy. Eles possuem domínios magnéticos, “pequenos ímãs” que, sob influência de um campo magnético externo, tendem a se alinhar com ele, fazendo com que a substância também se torne um ímã. Os óxidos ferrimagnéticos ou ferrites como são comumente chamados, são materiais cerâmicos, compostos principalmente por óxido de ferro, combinados com outros elementos metálicos. São materiais ferromagnéticos, isto é, podem ser magnetizados ou atraídos por ímãs. 26 Substâncias paramagnéticas: São as substâncias que se imantam fracamente sob influência de um campo magnético externo, resultando uma força de atração muito pequena. Exemplos de substância paramagnéticas: o alumínio, o cromo, a platina, o manganês, o estanho e o ar. 27 Substâncias diamagnéticas: São as substâncias que interagem com o campo magnético, resultando numa fraca repulsão. Exemplos: a prata, o cobre, o mercúrio, o chumbo, o zinco, o antimônio, o bismuto e a água. 28 PERMEABILIDADE MAGNÉTICA A permeabilidade magnética de um material é uma medida da facilidade com que as linhas de campo podem atravessar um dado material. Qualquer material facilmente magnetizado tem alta permeabilidade. O entendimento da permeabilidade magnética é análogo ao conceito da condutividade elétrica dos materiais. Concentração das linhas de campo devido a um meio de alta permeabilidade. 29 A permeabilidade magnética do vácuo (µ0). µ𝟎 = 𝟒𝝅 . 𝟏𝟎 −𝟕 𝑾𝒃 𝑨 . 𝒎 A unidade de permeabilidade magnética também pode ser expressa por: tesla.metro/ampère ou ainda, henry/metro. Assim: 𝐻 = 𝑊𝑏/𝐴 A permeabilidade magnética de todos os materiais não magnéticos, como o cobre, alumínio, madeira, vidro e ar é aproximadamente igual à permeabilidade magnética do vácuo. Os materiais que têm a permeabilidade um pouco inferior à do vácuo são chamados materiais diamagnéticos. Aqueles que têm a permeabilidade um pouco maior que a do vácuo são chamados materiais paramagnéticos, como por exemplo:: o alumínio, o cromo, a platina, o manganês, o estanho e o ar. Materiais magnéticos como o ferro, níquel, aço, cobalto e ligas desses materiais (Alloys) têm permeabilidade centenas e até milhares de vezes maiores que a do vácuo. Esses materiais são conhecidos como materiais ferromagnéticos. 30 Se um material não magnético, como vidro ou cobre for colocado na região das linhas de campo de um ímã, haverá uma imperceptível alteração na distribuição das linhas de campo. Se um material magnético, como o ferro, for colocado na região das linhas de campo de um ímã, estas passarão através do ferro em vez de se distribuírem no ar ao seu redor, porque elas se concentram com maior facilidade nos materiais magnéticos EFEITO DE UMA AMOSTRA DE MATERIAL FERROMAGNÉTICO SOBRE AS LINHAS DE CAMPO DE UM ÍMÃ 31 EFEITO DE UMA BLINDAGEM MAGNÉTICA SOBRE AS LINHAS DE CAMPO Esse princípio é usado na prática para construir blindagens magnéticas para proteger componentes e instrumentos elétricos sensíveis da ação de campos magnéticos presentes no ambiente. 32 A relação entre a permeabilidade de um dado material (µ) e a permeabilidade do vácuo (µ0) é chamada de permeabilidade relativa (µr), assim: µ𝒓 = µ µ𝟎 Geralmente, µ𝑟 ≥ 100 para os materiais ferromagnéticos, valendo entre 2.000 e 6.000 nos materiais de máquinas elétricas e podendo chegar até a 100.000 em materiais especiais. Para os não magnéticos µ𝑟 ≤ 1. A tabela a seguir mostra uma relação simplificada dos valores de permeabilidade relativa dos materiais. A tabela apresenta valores de permeabilidade magnética relativa para alguns materiais ferromagnéticos utilizados em dispositivos eletroeletrônicos. Observação: a permeabilidade de um material ferromagnético não é constante e seu valor depende da densidade de campo magnético a que está submetido. Esse assunto será estudado no item sobre curvas de magnetização. 33 34 RELUTÂNCIA MAGNÉTICA A relutância magnética é uma medida da oposição que um meio oferece ao estabelecimento e concentração das linhas de campo magnético. A relutância magnética é determinada pela equação: = 𝓵 µ . 𝑺 Onde: → é a relutância magnética, em ampères/weber (A/Wb). ℓ → é o comprimento médio do caminho magnético das linhas de campo no meio, em metros (m). µ → é a permeabilidade magnética do meio, em T.m/A ou Wb/A.m. S → é a área da seção transversal, em metros quadrados (m2). 35 A relutância magnética é uma grandeza análoga à resistência elétrica que pode ser determinada pela equação que relaciona a resistividade (ρ) ou condutividade () e as dimensões de um material. 𝑹 = 𝝆 . 𝓵 𝑺 = 𝓵 . 𝑺 36 Na figura abaixo, percebe-se que o ferro, de alta permeabilidade, representa um caminho magnético de menor relutância para as linhas de campo, concentrando-as. Já o vidro, de baixa permeabilidade, não proporciona grande concentração das linhas de campo. Isso representa um caminho magnético de alta relutância. 37 PERMEÂNCIA A permeância (P) é o inverso da relutância. Pode ser definida como aquela propriedade do circuito magnético que permite a passagem do fluxo ou das linhas de indução. Corresponde a condutância do circuito elétrico. A unidade de permeância é: 𝑤𝑒𝑏𝑒𝑟 𝑎𝑚𝑝è𝑟𝑒 = 𝑊𝑏 𝐴 38 FIM
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