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METODOLOGIA CIENTÍFICA Diretor-geral Valdir Carrenho Junior Diretor de Operações Paulo Pardo Coordenadora Fabiana Aparecida Arf Organizadora de conteúdo Fabiana Aparecida Arf Professora Fabiana Aparecida Arf Projeto gráfico Belaprosa Comunicação Corporativa e Educação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Biblioteca da Faculdade Católica) Sumário INTRODUÇÃO ................................................................. 5 AULA 1: A vida acadêmica e a produção de conhecimento .... 6 AULA 2: Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciência ............................................................ 10 AULA 3: Os tipos de conhecimento .................................. 17 AULA 4: Projeto de Pesquisa: conceitos e finalidades .......... 25 AULA 5: Etapas para a elaboração do projeto de pesquisa AULA 6: Projeto de pesquisa: normas para elaboração ...... 35 AULA 7: A formatação de trabalhos científicos ................... 42 AULA 8: A linguagem em trabalhos acadêmicos ................ 47 AULA 9: Modalidades de pesquisa científica ...................... 52 AULA 10: Métodos e técnicas de pesquisa científica ........... 57 AULA 11: Plágio acadêmico: como evitar? ........................ 63 AULA 12: Citações em documentos: conceitos e características ................................................ 68 AULA 13: Elaboração de citações em documentos: aprendendo a fazer indicação de autoria ........... 73 AULA 14: Elaboração de referências em documentos ......... 78 AULA 15: Alguns modelos de referências .......................... 84 AULA 16: A elaboração de trabalhos científicos ................. 90 CONCLUSÃO ................................................................ 96 REFERÊNCIAS ................................................................. 97 ELEMENTOS COMPLEMENTARES .................................... 99 5 INTRODUÇÃO Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos da disciplina Metodologia Científica! Para iniciar nossos estudos sobre as normas e os métodos para a produção do conhecimento no ensino superior, serão abordados assuntos relativos à vida de estudos na graduação e o processo de produção de conhecimento. Para tanto, na Aula 1 são reveladas novas posturas que o estudante do ensino superior deve desenvolver, voltadas especialmente à prática da pesquisa e visando à produção de conhecimento. Dando continuidade ao assunto, a Aula 2 versará sobre o processo de evolução do conhecimento, do medo para o misticismo e do misticismo para a ciência. Para finalizar, a Aula 3 trata dos diversos tipos de conhecimento que existem, procurando diferenciá-los, sem a intenção de esgotar o assunto. Nas Aulas 4, 5 e 6, vamos tratar do planejamento de uma pesquisa científica, ou seja, do projeto de pesquisa, apresentando seus conceitos, as etapas que o compõem e algumas normas para sua elaboração segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Depois de termos conhecido os principais passos para a elaboração de um projeto de pesquisa, nas Aulas 7, 8, 9 e 10, serão estudados diversos aspectos de uma produção científica tais como formatação, linguagem, metodologia e os cuidados éticos que precisamos ter ao elaborar ao elaborar uma pesquisa. Na Aula 11, estudaremos os principais tipos de plágio acadêmico, e nas aulas seguintes (12, 13, 14 e 15) aprenderemos sobre as duas principais formas de evitá-lo e de sermos éticos com os autores/pesquisadores que utilizarmos para embasar nossa pesquisa científica: elaboração de citações e de referências. Finalmente, a Aula 16 traz algumas oportunidades que surgem para o discente do ensino superior desenvolver e publicar pesquisas científicas, com explicações sobre como elaborar um artigo científico. Pronto(a) para começar? Então, mãos à obra e bons estudos! Introdução Aula 1 A VIDA ACADÊMICA E A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Produção do conhecimento Fonte: Pixabay. 7 Aula 1 A vida acadêmica e a produção de conhecimento Fonte: Pixabay. Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos da disciplina Metodologia Científica! Para iniciarmos o assunto desta aula, é importante definir o significado do termo academia. De acordo com o Dicionário Informal ([201?], p. 1), O termo Academia tem sua origem na Grécia, em torno do século III a.C., quando Platão passou a reunir pensadores que discutiam questões filosóficas em um local chamado Jardins de Akademus (herói Ateniense). O grupo passou a ser conhecido por Akademia. Com o tempo, a reunião de pessoas especializadas em uma determinada área também passou a receber a mesma denominação. Mais tarde o termo passou a ser usado também para designar estabelecimentos de ensino superior e posteriormente escolas onde se ministram práticas desportivas, artísticas e outras. Sociedades de caráter científico, artístico ou literário também passaram a ser denominadas de academia. Atualmente, quando nos referimos genericamente à ACADEMIA, estamos nos referindo ao sistema educacional e ao meio intelectual como um todo. Considerando o significado do termo academia, podemos compreender o que se pretende estudar nesta disciplina: uma introdução aos estudos sobre as normas e os métodos para a produção do conhecimento no ensino superior, que acontece, especialmente, por meio da pesquisa. Sobre esse assunto, conheceremos, neste momento, as ideias do autor Antônio Joaquim Severino, em seu livro “Metodologia do Trabalho Científico” (2016), muito utilizado tanto por professores quanto por alunos para aprofundar seus conhecimentos no que diz respeito à prática da pesquisa no ensino superior. O ingresso no curso superior implica uma mudança substancial na forma como professores e alunos devem conduzir os processos de ensino e de aprendizagem. Mudança muito mais de grau do que de natureza, pois todo ensino e toda aprendizagem, em qualquer nível e modalidade, dependem das mesmas condições. No entanto, embora sendo essas condições comuns a todo ato de ensino/aprendizagem, a sua implementação no ensino superior precisa ser intencionalmente assumida e efetivamente praticada [...] (SEVERINO, 2016, p. 22). Ou seja, o aluno deve assumir uma postura diferente da que tinha no ensino fundamental e médio, quando, na maioria das vezes, recebia os conhecimentos prontos pelos professores, sem ter a preocupação de pesquisar sobre o assunto ou de produzir conhecimento por meio de pesquisa. Era um processo de ensino/aprendizagem mais passivo, que deve ser diferente no ensino superior, onde esse processo deve ser mais ativo. O conhecimento sendo construído por meio da pesquisa Fonte: Pixabay. De acordo com Severino (2016, p. 22), o ensino superior tem três objetivos principais, os quais são articulados entre si: “profissionalizar, iniciar à prática científica e formar a consciência político- social do estudante.” 8 A vida acadêmica e a produção de conhecimento Aula 1 No que diz respeito à profissionalização, esta prevê a formação de profissionais das diferentes áreas de conhecimento por meio do ensino/aprendizagem de competências técnicas. Já a iniciação à prática científica prevê a formação do cientista mediante a disponibilização dos métodos e conteúdos das diversas áreas de conhecimento. Quanto à formação da consciência crítica do estudante, esta prevê a formação do cidadão por meio do incentivo à conscientização do estudante sobre sua existência histórica, pessoal e social. “Ao se propor atingir esses objetivos, a educação superior expressa sua destinação última que é contribuir para o aprimoramento da vida humana em sociedade” (SEVERINO, 2016, p. 23). A Constituição Federal de 1988 determina, em seu artigo 207, que as universidades devem obedecer ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Isso quer dizer que as universidades devem desenvolver essastrês atividades, sendo elas articuladas entre si, não podendo ser separadas. Segundo Severino (2016, p. 24), a atividade de pesquisa é “[...] o ponto básico de apoio e de sustentação de suas outras duas tarefas, o ensino e a extensão.” Sendo assim, essas três atividades se articulam por meio da pesquisa, “[...] ou seja, só se aprende, só se ensina pesquisando; só se presta serviços à comunidade, se tais serviços nascerem e se nutrirem da pesquisa.” (SEVERINO, 2016, p. 24). Para o autor, a educação pode ser compreendida como o processo pelo qual “[...] o conhecimento se produz, se reproduz, se conserva, se sistematiza, se organiza, se transmite e se universaliza, disseminando seus resultados no seio da sociedade” (SEVERINO, 2016, p. 24), e isso acontece principalmente no ensino superior por meio da pesquisa. Ainda segundo o autor, “[...] o conhecimento deve ser construído pela experiência ativa do estudante e não mais ser assimilado passivamente, como ocorre o mais das vezes nos ambientes didático-pedagógicos do ensino básico” (SEVERINO, 2016, p. 26). Sendo o conhecimento construção do objeto que se conhece, a atividade de pesquisa torna-se elemento fundamental e imprescindível no processo de ensino/aprendizagem. O professor precisa da prática da pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa dela para aprender eficaz e significativamente; a comunidade precisa da pesquisa para poder dispor de produtos do conhecimento [...] (SEVERINO, 2016, p. 26). Severino (2016) acredita que o processo de pesquisa acaba motivando o processo de ensino e aprendizagem e que, por isso, estão cada vez mais reconhecidas e implementadas as atividades de iniciação ao procedimento científico, envolvendo os estudantes em práticas de construção de conhecimento, mediante participação em projetos de iniciação científica e realização de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). “Além de eventual contribuição de seus conteúdos, executar esses trabalhos é praticar a pesquisa, iniciar-se à vida científica e vivenciar a forma mais privilegiada de aprender.” (SEVERINO, 2016, p. 26). No site Significados, tem-se a seguinte definição sobre pesquisa: “Pesquisa é um conjunto de ações que visam à descoberta de novos conhecimentos em uma determinada área.” Ao se referir ao meio acadêmico, defende que a pesquisa é um dos pilares da atividade universitária, em que os pesquisadores têm como objetivo produzir conhecimento para uma disciplina. Quer saber mais o que diz este texto sobre “Significado de Pesquisa”? Leia-o na íntegra, acessando o link: https://www.significados.com.br/pesquisa/. Acesso em: 28 jan. 2018. 9 Aula 1 A vida acadêmica e a produção de conhecimento No ensino superior, a pesquisa possui três dimensões: epistemológica, pedagógica e social. Quando nos referimos à dimensão epistemológica, estamos falando sobre a construção do conhecimento: “Só se conhece construindo o saber, ou seja, praticando a significação dos objetos.” (SEVERINO, 2016, p. 27). Ao fazer referência à dimensão pedagógica, estamos falando sobre a relação da pesquisa com a aprendizagem: “Ela é mediação necessária e eficaz para o processo de ensino/aprendizagem. Só se aprende e só se ensina pela efetiva prática da pesquisa.” (SEVERINO, 2016, p. 27). Quando nos referimos à dimensão social, estamos falando sobre a perspectiva da extensão, ou seja, sobre os projetos desenvolvidos pela instituição de ensino superior que estão voltados para a comunidade. “O conhecimento só se legitima se for mediação da intencionalidade da existência histórico-social dos homens. Aliás, o conhecimento é mesmo a única ferramenta de que o homem dispõe para melhorar sua existência.” (SEVERINO, 2016, p. 27, grifo nosso). Agora sabemos um pouco sobre a importância da postura ativa do aluno no ensino superior, visando à produção do conhecimento por meio da pesquisa. Para dar continuidade ao assunto, na próxima aula vamos conhecer um pouco sobre o processo de evolução do conhecimento. EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO: MEDO, MISTICISMO E CIÊNCIA Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 2 O caminho até a ciência Fonte: Pixabay. 11 Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciênciaAula 2 Fonte: Pixabay. Caro(a) aluno(a), nesta aula, saberemos, resumidamente, como foi a evolução do conhecimento desde a pré-história até os dias de hoje. Ao longo da história da humanidade, podemos dizer que houve uma evolução do conhecimento, passando do medo para o misticismo e, posteriormente, para a ciência. Hoje ainda temos medo e misticismo, mas a ciência explica muita coisa que nos causa medo e que somente as explicações místicas não satisfazem. Então, vamos entender como foi essa evolução do conhecimento? 2.1 MEDO No início da humanidade, desde os primeiros hominídeos, o que tínhamos era uma sensação de medo causada pela falta de conhecimento. Sendo assim, o que se tinha era medo das tempestades, medo da escuridão, medo dos fenômenos naturais, medo de tudo o que era desconhecido, pois não sabiam explicar o que viam. Você imagina aqueles fortes homens da caverna com medo de uma tempestade, com medo do escuro, medo do que aconteceria fora da caverna ao anoitecer? Pois é, por falta de conhecimento, era isso o que acontecia: eles tinham medo. As tempestades causavam medo por serem um fenômeno totalmente desconhecido Fonte: Pixabay. Um filme que ilustra bem essa situação é “Os Croods”, que se passa na Era Pré-histórica e no qual uma família liderada por um pai que tem muito medo do mundo exterior vive a maior parte do tempo dentro de uma caverna, impedidos por esse pai de sair à noite, pois, segundo ele, a escuridão poderia matar. Ainda segundo o pai, o novo era sempre ruim e era necessário nunca perder o medo. No entanto, eles vão viver uma aventura com inúmeras descobertas. Você pode assistir ao trailer do filme no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=vah5h5CjzS8 . 12 Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciência Aula 2 O que é o Medo: Segundo definições do site Significados, “medo é um estado emocional que surge em resposta à consciência perante uma situação de eventual perigo.” De acordo com informações do site, o medo é uma sensação de alerta muito importante para a sobrevivência das espécies, principalmente para o ser humano e, nestes, o medo também pode ser provocado por razões sem fundamento ou lógica racional, quando estão baseados em crenças populares ou lendas. Quer saber mais o que esse site diz sobre “O que é o medo”? O texto completo está disponível em: https://www.significados.com.br/medo/. Acesso em: 28 jan. 2018. 2.2 MISTICISMO Com o passar do tempo, o conhecimento foi evoluindo do medo para o misticismo, quando as explicações sobre os fenômenos naturais começaram a ser feitas por meio das crenças nos deuses, nas superstições, na religião, na magia. Esse fato pode ser considerado uma evolução, já que existia uma tentativa de explicação dos fenômenos que aconteciam. Uma tempestade, por exemplo, poderia ser a fúria dos deuses por causa de um casamento que aconteceu sem o consentimento deles. A imagem abaixo, por exemplo, poderia render diversos comentários como: “Olha como os deuses estão bravos. O que será que fizemos?” Ou então: “Oh, é um sinal dos deuses de que temos que mudar nossa conduta, pois ele está olhando muito furioso para nós.” Os deuses estão furiosos Fonte: Pixabay. Outros exemplos de misticismo: uma pessoa ficou muito doente porque foi feita uma bruxaria contra ela; uma plantação rendeu muitos frutos porque os deuses foram bondosos. Confira outras imagens que conseguem ilustrar bem o misticismo: 13 Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciênciaAula 2 Bruxaria era uma das explicações para os acontecimentos do dia a dia. Fonte: Pixabay. A religião servia de base para explicar muitos fenômenos naturais.Fonte: Pixabay. 14 Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciência Aula 2 Um filme que ilustra o misticismo é “Os deuses devem estar loucos”. Este é um filme da década de 1980 que conta a história de um bosquímano do Kalahari, na África, cuja tribo não tinha contato com outras pessoas nem tinha conhecimento sobre os fatos do mundo fora da tribo. Para eles, tudo o que eles tinham – a água, as frutas, as árvores, os animais – foram enviados pelos deuses. Até mesmo um trovão eles achavam que era a barriga dos deuses que estava roncando de fome. Num certo dia, o piloto de um avião jogou pela janela uma garrafa de vidro de Coca-Cola que caiu bem à frente do bosquímano Xixo, que acreditou que este foi um presente enviado pelos deuses. A tribo encontrou muitas utilidades para este “presente”, no entanto, como foi enviado somente um, isso acabou causando muitos conflitos na tribo, passando o objeto a ser chamado de “coisa maligna” e fazendo com que fosse decidido jogá-lo fora do planeta. Xixo, também chamado de Xi, se ofereceu para esta missão e, ao sair da tribo para cumpri-la, teve contato com a civilização pela primeira vez. Em torno disso é a trama do filme que pode ser assistido no seguinte link: https://www. youtube.com/watch?v=uJUh9zFXRbE . Você já ouviu alguém dizendo que tinha algum amigo ou algum parente que estava com algum problema de saúde muito sério, sem explicação, que já havia levado a pessoa em diversos médicos, mas o problema não melhorava, aliás, só piorava, e os médicos não conseguiam explicar a causa para aquilo? Que, depois de diversas tentativas, levou este amigo ou parente em alguma pessoa que faz benzimentos, descobriu-se que foi feita uma macumba e, após os benzimentos, o amigo ou parente se curou? Esse é um exemplo de misticismo que vivemos atualmente e que nem sempre o conhecimento científico explica... Fonte: Elaborado pela autora. 2.3 CIÊNCIA Chega um momento em que as explicações vindas do misticismo não satisfazem mais a necessidade humana de conhecer e compreender os fenômenos da natureza, então, as dúvidas começam a ser esclarecidas com base em pesquisas, buscando sempre a comprovação das respostas encontradas. Ao comprovar as respostas, começa a ser gerado o conhecimento científico, baseado em métodos. Nesse momento, começa a haver a possibilidade de prever os fenômenos naturais. 15 Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciênciaAula 2 Previsão do Tempo Fonte: Climatempo. Assim, diferentemente da Era Pré-histórica, em que os homens tinham medo das chuvas e das tempestades, e da época em que os homens acreditavam, por meio do misticismo, que as tempestades eram a fúria dos deuses, hoje, com o conhecimento científico, é possível prever quando e onde acontecerão as chuvas, as tempestades, prever as mudanças nas temperaturas, etc. A partir do momento em que o homem começa a desenvolver o conhecimento científico, ele começa também a alterar a natureza para servi-lo. Começa a construir casas mais confortáveis, ferramentas, armas, veículos, rodovias, etc. Wuhan: cidade, ciência e tecnologia Fonte: Pixabay. Algo importante a se destacar é que somente o homem é capaz de pensar, interrogar o ambiente que está ao seu redor, descobrir coisas novas, criar e transmitir os novos conhecimentos a seus contemporâneos e a seus descendentes. 16 Evolução do conhecimento: medo, misticismo e ciência Aula 2 Essa capacidade de comunicar o aprendido foi e é condição para o desenvolvimento do conhecimento humano, para a evolução e revolução da ciência, pois apenas o homem é capaz de criar e transformar o conhecimento; de aplicá-los a situações novas; de criar um sistema de códigos, símbolos e linguagens e, com eles, comunicar aos demais suas descobertas e experiências, além de registrá-las. (MACHADO, 2007, p. 1). Somente o homem é capaz de pensar e descobrir coisas novas! Fonte: Pixabay. O conhecimento tende sempre a evoluir: o que conhecíamos vinte anos atrás era considerado avançado para aquela época, mas hoje aquele conhecimento já foi revisto e atualizado e temos um conhecimento bastante avançado; daqui a vinte anos o conhecimento que temos hoje também já terá sido revisto e atualizado, e assim por diante... O conhecimento não para! Para ser revisto a atualizado, o conhecimento precisa ser registrado e comunicado. Fonte: Elaborado pela autora. “CES 2018: maior feira de eletrônicos do mundo mostra o futuro que vem por aí: carros autônomos, geladeiras inteligentes, máquinas que tocam instrumentos e muito mais”. Esse é o título da matéria da Revista Época Negócios, que segue aqui como uma sugestão de leitura, que nos faz refletir sobre como será a ciência e a tecnologia no futuro próximo. Leia a matéria na íntegra no site da Revista, que está disponível em: http://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/01/ces-2018-maior-feira-de- eletronicos-do-mundo-mostra-o-futuro-que-vem-por-ai.html. Acesso em: 28 jan. 2018. Já que estamos falando em conhecimento, na próxima aula saberemos o que se entende por conhecimento e quais os tipos de conhecimento que existem. OS TIPOS DE CONHECIMENTO Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 3 Fonte de conhecimento Fonte: Pixabay. 18 Os tipos de conhecimento Aula 3 Nesta aula, saberemos quais são os diversos tipos de conhecimento que existem. No entanto, antes de começarmos a falar sobre os tipos de conhecimento, que tal procurarmos no dicionário o significado de conhecimento? Vamos lá? Segundo o Dicionário Houaiss (HOUAISS; VILLAR, 2008, p. 181), conhecimento significa: s.m. 1 cognição, percepção (o c. das causas de um fenômeno) 2 fato, estado ou condição de compreender; entendimento 3 domínio (de um tema, arte, etc.); competência, experiência (seu c. de português faz dele um bom redator) 4 coisa ou pessoa conhecida (a busca do c. é inerente ao ser humano) conhecimentos s.m.pl. 5 erudição, sabedoria, cultura (apesar de poucos c., é muito capaz na sua profissão). Podemos afirmar, então, que o conhecimento é fruto das suas experiências, das relações do homem com seu meio e com os dados de sua realidade, buscando uma explicação racional ou não para esse conhecimento. Cérebro, memória e conhecimento Fonte: Pixabay. Segundo a autora Roberta de Sousa, no artigo “Os tipos de conhecimento”, publicado no site InfoEscola, o conhecimento “É uma forma de explicar os fenômenos das relações, seja entre sujeito/ objeto, homem/razão, homem/desejo ou homem/realidade.” (SOUSA, [201?], p. 1). Segundo a autora, a forma de explicar e entender o conhecimento faz com que existam diversos tipos de conhecimento, como: conhecimento empírico (sendo este também conhecido como conhecimento vulgar ou conhecimento do senso comum); conhecimento filosófico; conhecimento teológico; e conhecimento científico. 2.1 CONHECIMENTO EMPÍRICO O conhecimento empírico (vulgar ou do senso comum) é aquele que surge da relação do homem com o meio em que vive, com sua realidade. É um conhecimento adquirido por meio de suas experiências e não se baseia em investigações para comprovar aquele conhecimento, ocorrendo espontaneamente e sem a preocupação com a reflexão. Um exemplo de conhecimento empírico: para atravessarmos uma rua sabemos que precisamos olhar para ver se está vindo algum carro; se estiver vindo carro, somente pela experiência que temos 19 Os tipos de conhecimentoAula 3 no nosso dia a dia saberemos se dará tempo de atravessar a rua ao observar a distância e a velocidade do carro. Dependendo do que observarmos, ou esperamos o carro passar ou atravessamos a rua rapidamente para não sermos atropelados. Exemplos de Senso Comum Quando se está com o intestino preguiçoso e alguém diz que ameixa e mamão é bom para ajudar o intestino, o que é que se faz? Comemos mamão e ameixa até dar o resultadoque aprendemos como o certo. Chá de camomila acalma. Gatos de três cores são sempre fêmeas. Cortar os cabelos na lua crescente faz com que os cabelos cresçam mais rápido. Chá de boldo cura problemas no fígado. Quer ler o artigo completo, com mais explicações sobre o senso comum? Acesse o site do Portal Brasil 10, que está disponível em: https://portalbrasil10.com.br/senso-comum/. Acesso em: 28 jan. 2018. 2.2 CONHECIMENTO FILOSóFICO Agora vamos falar um pouco sobre o conhecimento filosófico. Para tanto, vamos começar definindo o que é filosofia. Segundo Luckesi (2011, p. 34-35), [...] a Filosofia é um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser humano vem fazendo de compreender o seu mundo e dar-lhe um sentido, um significado compreensivo. Corpo de conhecimentos, em Filosofia, significa um conjunto coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade. Conhecimentos estes que expressam o entendimento que se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações. Quer dizer, a Filosofia busca sempre compreender o mundo, compreender a realidade e dar uma explicação para essa realidade. Vai um pouco mais além de dar explicações, porque busca expressar as aspirações (pretensões) das pessoas, que deverão ser buscadas e, se possível, realizadas. Como afirma Luckesi (2011, p. 35), “Ninguém vive o dia a dia sem um sentido; para o seu trabalho, para a sua relação com as pessoas, para o amor, para a amizade, para a ciência, para a educação, para a política, etc.” Essas aspirações dão sentido ao dia a dia de toda pessoa. Então, a Filosofia é esse campo de entendimento que, quando nos apropriamos dele, nos sentimos refletindo sobre a cotidianidade dos seres humanos. Desde a cotidianidade mais simples, como é o encontrar-nos com as pessoas, até a cotidianidade mais complexa, que pode ser a reflexão sobre o sentido e o destino da humanidade. (LUCKESI, 2011, p. 35). Agora que definimos o que se entende por Filosofia, vamos falar sobre o conhecimento filosófico. No site Portal Educação ([201?], p. 1), o conhecimento filosófico está definido da seguinte maneira: 20 Os tipos de conhecimento Aula 3 O conhecimento filosófico é um conhecimento que tem a interrogação como base. Esse conhecimento usa o questionamento e o pensamento como base, ele é um conhecimento do dia a dia, mas ao contrário do conhecimento vulgar ou empírico, o conhecimento filosófico se preocupa em questionar o relacionamento do indivíduo com o meio em que está inserido. Esse conhecimento é racional e não se baseia em experimentações, que é o caso do conhecimento científico. O conhecimento filosófico não se preocupa em verificar se as conclusões tiradas são válidas cientificamente. Esse conhecimento está em busca de conclusões sobre a vida, o universo, ultrapassando o limite imposto pela ciência. Ou seja, diferentemente do conhecimento do senso comum ou empírico, por meio do qual atravessamos uma rua, como no exemplo citado anteriormente, sem refletir sobre o porquê daquele ato, no conhecimento filosófico existe uma reflexão sobre a ação, mesmo sem a busca de uma comprovação científica. Pode haver a intenção de mudar, de melhorar a realidade, pois questiona o homem e as coisas da vida, porém, não tem intenções de comprovar seus conhecimentos, como acontece no conhecimento científico. Partindo do mesmo exemplo dado anteriormente, vamos imaginar um conhecimento filosófico, ou seja, a reflexão sobre o dia a dia e as coisas do nosso mundo a partir do ato de atravessar uma rua. Vamos supor que estavam duas amigas atravessando uma rua e que elas olharam para os dois lados da rua para ver se vinha algum automóvel, mas não vinha nenhum... Então, resolveram atravessar a rua... Surgiu, repentinamente, um carro em alta velocidade que quase as atropelou, e seu motorista ainda saiu gritando todos os nomes feios que se possa imaginar... Elas, assustadas, se sentaram no banco que acharam mais próximo e começaram a filosofar sobre a vida cotidiana: - “Amiga, que susto! Acho que ele deve estar muito atrasado para o trabalho ou deve ter sido demitido... - Pois é amiga, hoje em dia a correria é tanta que a gente esquece o respeito pelo próximo, esquece o respeito por nós mesmos, esquece de dar um tempinho para a gente mesmo. Acho que esse moço deve estar numa correria tão grande que o estresse tomou conta da vida dele. - Verdade. Acho que todos nós precisamos parar para pensar nisso de vez em quando... Fico pensando nos filhos desses adultos que só pensam em trabalhar: quanto tempo essas crianças ficam com seus pais? Qual será a educação que esses pais transmitem para essas crianças? Será que deixam para a escola a função de educar? Será que matriculam a criança em uma escola de educação integral, depois chega em casa e fica um tempo com o filho, faz tudo o que ele quer, dá todo tipo de presente para compensar a ausência – como se presente fosse substituir a presença – e essa criança cresce um filho mimado e mal-educado, como esse moço aí do carro? - É, amiga, mas tudo isso começou há muito tempo... A sociedade vem mudando... Hoje, se a gente não trabalha, a gente não consegue alimentar e dar uma boa educação para nossos filhos. Temos que ter limites, sim, temos que educar nossos filhos em casa, sim, mas o trabalho acabou se tornando algo essencial tanto para o homem quanto para a mulher...” E a conversa entre as duas amigas continua... Veja que há questionamentos e que há, portanto, possibilidades de mudanças, o que é diferente do conhecimento empírico, do senso comum. No entanto, não há tentativa de comprovação, como é necessário ter no conhecimento científico, que veremos adiante. 21 Os tipos de conhecimentoAula 3 2.3 CONHECIMENTO TEOLóGICO Agora que já sabemos um pouco sobre conhecimento filosófico, vamos saber do que se trata o conhecimento teológico. Para isso, vamos começar definindo o que é Teologia. A palavra Teologia é a junção de dois termos gregos, “Théos”, que significa Deus, e “logia”, que significa ciência, estudo. Sendo assim, etimologicamente falando, Teologia é a ciência que estuda Deus. No Dicionário Online de Português ([2010?], p. 1), Teologia está definida da seguinte maneira: Ciência ou estudo que se dedica a Deus, às suas características, às suas particularidades e às suas relações estabelecidas com o universo e com o homem. Reunião das normas e princípios que regem uma religião; doutrina. Reunião dos dogmas religiosos. Modo próprio de abordar as questões religiosas. [Por Extensão] Curso acadêmico sobre os estudos teológicos: ele cursava teologia. Entender agora do que se trata o conhecimento teológico ficou mais fácil, não é mesmo? Então vamos lá! O conhecimento teológico tem como base a fé religiosa e se preocupa com verdades absolutas que só a fé pode explicar, sem haver a necessidade de verificação e comprovação: tudo é explicado pela religião. Exemplo: Deus criou o universo. Fé Fonte: Pixabay. No site Palavras da Salvação (2009, p. 1), a definição dada para conhecimento teológico é a seguinte: O Conhecimento Teológico é um conjunto de verdades a que os homens chegaram, não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação de uma revelação divina; tudo em uma religião é aceito pela fé; nada pode ser provado cientificamente e nem se admite crítica, pois o justo viverá pela fé. A revelação é a única fonte de dados. Também conhecido como conhecimento religioso, teológico ou místico, ele é baseado exclusivamente na fé humana e desprovido de método e raciocínio. 22 Os tipos de conhecimento Aula 3 Vamos utilizar o mesmo exemplo do atravessar a rua para o conhecimento teológico. Desta vez, vamos supor que aquele moço que vinha em alta velocidade, e que quase atropelou as duas moças que ficaram filosofando seguiu em alta velocidade por vários quilômetros e acabou atropelando uma pessoa, que veio a óbito. Nesse momento de luto, o que normalmente dá conforto aos familiarese amigos dessa pessoa que faleceu? Está certo quem respondeu que uma das coisas é o conhecimento teológico. O consolo, muitas vezes, vem das palavras que são proferidas por padres, pastores ou pessoas que acreditam muito em Deus e que utilizam as palavras que estão na bíblia para tentar confortar um pouco as pessoas que, com certeza, estão muito tristes com a situação. É por isso que, normalmente, nos velórios, dependendo da religião da família, padres e/ou pastores vão fazer suas orações e falar sobre esse momento da morte, explicar o que significa esse momento para Deus ou para a religião, que esse momento significa que a pessoa deixou a vida terrena e entrou para a vida eterna, etc. Um trecho da bíblia muito comum de ser lido nesse momento é: “Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá” (Jó 11, 25-26). Palavras reconfortantes, não é mesmo? Duas perguntas para refletir e finalizar esta breve apresentação do conhecimento teológico: alguém consegue provar que existe a vida eterna? Ou consegue provar que não existe a vida eterna? Então, pelo conhecimento teológico, pela fé, seguimos acreditando (ou não, como no caso dos ateus e agnósticos), sem buscar explicações nem provar cientificamente a existência da vida eterna. 2.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO Agora que aprendemos um pouco sobre o conhecimento teológico, vamos saber o que é o conhecimento científico. Para tanto, começaremos definindo o que se entende por ciência, citando o conceito encontrado em uma busca simples no Dicionário do Google ([201?], p. 1): 1. conhecimento atento e aprofundado de algo. • esse conhecimento como informação, noção precisa; consciência. “c. do bem, do mal” • conhecimento amplo adquirido via reflexão ou experiência. “a c. do bom convívio” 2. corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente. “homem de c.” 3. p.met. atividade, disciplina ou estudo voltado para um ramo do conhecimento. “a c. da biologia, do direito” 4. p.ext. erudição, saber. “ser um poço de c.” 5. fil conhecimento que, em constante interrogação de seu método, suas origens e seus fins, obedece a princípios válidos e rigorosos, almejando esp. coerência interna e sistematicidade. • fil cada um dos inúmeros ramos particulares e específicos do conhecimento, caracterizados por sua natureza empírica, lógica e sistemática, baseada em provas, princípios, argumentações ou demonstrações que garantam ou legitimem a sua validade. Origem ⊙ ETIM lat. scientĭa,ae ‹conhecimento, saber, ciência, arte, habilidade› Com base na conceituação acima, especialmente no item 2, podemos compreender que a ciência é construída por meio da observação, da pesquisa e da explicação de determinados fatos ou fenômenos de forma metódica e sistemática. Ao observarmos o item 5, vemos que existe sempre 23 Os tipos de conhecimentoAula 3 um questionamento dos métodos utilizados, buscando a comprovação daquele conhecimento que é construído por meio da ciência e legitimando sua validade. No entanto, essa pesquisa, essa construção de conhecimento a respeito de algum fato ou fenômeno não surge do nada: é necessário surgir uma dúvida, algum questionamento a respeito de um determinado fato, fenômeno ou objeto. Fazendo Ciência Fonte: Pixabay. Sobre o conhecimento científico, Machado (2007, p. 4) faz a seguinte descrição: [...] o conhecimento científico resulta de uma atividade intencional que parte de um problema referente a um tema ou assunto, vincula fatos, ideias e conhecimentos anteriormente adquiridos, articula o lógico e o real e estabelece relações na construção de um discurso argumentativo e demonstrativo. Pode-se também dizer que se chega ao conhecimento científico mediante procedimento metódico, racional e objetivo; que se atém aos fatos e os transcende, isto é, vai além deles; que é passível de ser comunicado e verificado; é analítico, por isso requer precisão, exatidão e clareza; finalmente, é explicativo e permite generalizações. Sendo assim, o conhecimento científico surge de alguma dúvida sobre algum assunto. Esta dúvida gera uma investigação que se utiliza de procedimentos metódicos e busca respostas que precisam ser comprovadas. A veracidade destas respostas poderá ser verificada posteriormente, ou seja, estas respostas poderão ser analisadas para verificar se são verdadeiras ou falsas, para isso, essa investigação precisa ser escrita e comunicada. Continuando no exemplo dado anteriormente sobre o ato de atravessar a rua – que é tão natural que só precisamos do nosso conhecimento empírico ou senso comum para fazê-lo, mas, se formos quase atropelados, pode trazer à tona um conhecimento filosófico, e se chegarmos a ser atropelados, com morte, vem à tona o conhecimento teológico – vamos imaginar o conhecimento científico sendo construído após o atropelamento daquela pessoa que faleceu. Mas um atropelamento pode gerar um conhecimento científico? Sim! Vamos lá: assim que um acidente com vítima acontece, são acionados a Polícia Militar e o Resgate e, para fazer a perícia, a Polícia Científica. Partindo de um fato, que é o atropelamento com morte, a Polícia Científica fará sua investigação metódica, partindo das seguintes questões: 24 Os tipos de conhecimento Aula 3 • Tinha faixa de pedestres no local? • Se havia faixa de pedestres, o pedestre estava atravessando na faixa? • O freio do carro estava funcionando? • Houve frenagem? • Se houve frenagem, qual a velocidade do carro? • Qual a velocidade permitida na via? • Qual o ponto de impacto do carro na pessoa? • O motorista tentou desviar do pedestre? • Qual o horário do acidente? • Se o acidente ocorreu durante a noite, tinha iluminação no local? • O condutor do carro estava embriagado? • O condutor é habilitado para dirigir? • Existem imagens do acidente? • Existem testemunhas? Essas são algumas das questões que são levantadas pela Polícia Científica para investigar e explicar o que aconteceu no momento do acidente, comprovando, por meio dessas investigações, as respostas obtidas. Para comprovar essas respostas, é necessário seguir métodos, e essas respostas podem ser avaliadas, no sentido de verificar se são verdadeiras ou falsas, pois todas as investigações são suscetíveis a erros. No entanto, não basta simplesmente investigar, é necessário desenvolver um relatório detalhado a respeito da coleta de dados, informando, com clareza, todos os resultados obtidos na investigação. Veja que o conhecimento científico parte sempre de uma dúvida que se quer esclarecer sobre um tema (fato, fenômeno, objeto, etc.) e, para esclarecer essa dúvida, é necessário um planejamento; nesse planejamento é preciso ter claro o objetivo e o método que será utilizado para responder sua pergunta, por isso uma das características do conhecimento científico é ser um conhecimento metódico e sistemático. Assista no Youtube Desvendando o Conhecimento Científico, o “Teaser de um vídeo que ajudará a todos nós a entender a busca do homem pelo conhecimento. Ajudará também a vencer o determinismo e o proselitismo tanto religioso como científico. Um convite para pensar...” Esse vídeo nos fará refletir sobre os assuntos abordados nas aulas 2 e 3 desta disciplina. Para assistir, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=yQWejuldZNc. Acesso em: 28 jan. 2018. Você percebeu que foi mencionado o planejamento para a elaboração de conhecimento científico, não é mesmo? Esse será o assunto discutido na próxima aula. PROjETO DE PESqUISA: CONCEITOS E FINALIDADES Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 4 Frutos da pesquisa Fonte: Pixabay. 26 Aula 4 Projeto de pesquisa: conceitos e finalidades Nesta aula, começaremos a tratar do planejamento da elaboração de um conhecimento científico, ou seja, do planejamento do trabalhocientífico, conhecido como projeto de pesquisa. Vamos refletir um pouquinho: será mesmo necessário planejamento para desenvolver uma pesquisa, para desenvolver um trabalho científico? Antes de dar essa resposta, lanço outra pergunta: no seu dia a dia, você faz algum planejamento? Será preciso planejar a que horas vai acordar de manhã para poder chegar ao trabalho no horário certo? Será preciso planejar como vai fazer no seu horário de almoço para dar tempo de pagar suas contas e retornar ao trabalho sem atraso? Será preciso planejar como você fará para tomar banho, se trocar, jantar e ir para a faculdade depois desse dia corrido? Aí você me diz que está de férias... Mas será preciso planejamento para alguma viagem de férias? Quando você já está no local para o qual viajou, será preciso planejar passeios e, também, lugares aonde irá para se alimentar? Respondendo: na nossa vida, precisamos planejar o tempo todo como será nosso dia a dia, desde um dia de trabalho e aula na faculdade, até um fim de semana ou uma viagem de férias. Então, voltando à pergunta inicial: será mesmo necessário planejamento para desenvolver uma pesquisa, para desenvolver um trabalho científico? A resposta, certamente, é sim! Nesse mesmo sentido, afirma Medeiros (2014, p. 197-198), Na vida quotidiana, é comum o planejamento para nossas mais simples ações. Planejamos uma volta pela cidade para fazer compras, planejamos uma reforma de um apartamento ou uma casa, planejamos a aquisição de um imóvel ou de um carro. Mesmo as pessoas que dizem que não gostam de fazer planejamento não abdicam totalmente de fazê-lo. No mundo acadêmico, da construção de conhecimento, da pesquisa, da elaboração de um TCC, uma monografia, uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, podemos perceber que o resultado final só poderá ser bem-sucedido se na sua origem o trabalho contou com um planejamento bem elaborado. Medeiros (2014, p. 197) cita Inácio Filho (2003, p. 49)1, para reforçar essa necessidade de planejamento no nosso dia a dia e, principalmente, na elaboração de trabalho científico: Quando saímos para passear sem destino, ficamos a vagar pelas ruas e, frequentemente, passamos várias vezes pelo mesmo local. Quando se anda sem destino não se vai longe, mesmo caminhando muito. [...] Mas em ciência não podemos andar sem rumo e, por isso, planejamos nossas atividades. Tal planejamento permite-nos economia de tempo e racionalização de recursos, além de possibilitar-nos o exercício de nossa disciplina científico-acadêmica. Isso quer dizer que o planejamento de uma pesquisa científica faz com que tenhamos uma disciplina de trabalho, pois teremos um rumo a seguir, teremos prazos, etapas e metas a serem cumpridas, então, se tivermos esse percurso bem definido e se formos disciplinados e seguirmos o que foi planejado, não desviaremos do nosso “caminho”. Percebeu a importância do planejamento? Imagino que sim. Então, vamos falar de projeto de pesquisa. Para isso, vamos começar definindo a palavra projeto. A palavra projeto vem do latim projectum, que significa “algo lançado à frente”. Sendo assim, projeto é algo que se planeja hoje, mas que será desenvolvido no futuro: um futuro bem próximo. 1 INÁCIO FILHO, Geraldo. A monografia na universidade. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2003. 27 Projeto de pesquisa: conceitos e finalidadesAula 4 Planejamento / Projeto Fonte: Pixabay. De acordo com o Dicionário Online da Língua Portuguesa ([2009?], p. 1 (grifo nosso), projeto é: Plano; planejamento que se faz com a intenção de realizar ou desenvolver alguma coisa: projeto de lei. Esquema; noção inicial, escrita e detalhada, do que se pretende desenvolver; aquilo que se pretende realizar, de acordo com esse esquema: projeto de pesquisa; projeto de limpeza do Rio Tietê. [Arquitetura] Plano que se faz antes do início de uma obra, com as descrições, cálculos, orçamento: o projeto de uma igreja. Você percebeu que projeto é o planejamento de algo que realmente faremos, porém, em um futuro próximo. Na citação acima, um exemplo dado foi o projeto de pesquisa, sendo apresentado como uma “noção inicial, escrita e detalhada do que se pretende desenvolver; aquilo que se pretende realizar, de acordo com esse esquema”, que foi escrito e detalhado. Sendo assim, percebe-se que o que diferencia o projeto de pesquisa de um simples planejamento do nosso dia a dia é que ele deve ser escrito obrigatoriamente, e, ao ser escrito, devem ser apontadas as etapas a serem alcançadas no desenvolvimento da pesquisa, o que seria o detalhamento apontado na citação anterior. O planejamento da pesquisa concretiza-se mediante a elaboração de um projeto [de pesquisa], que é o documento explicitador das ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa. O projeto deve, portanto, especificar os objetivos da pesquisa e, apresentar a justificativa de sua realização, definir a modalidade de pesquisa e determinar os procedimentos de coleta e análise de dados. Deve, ainda, esclarecer acerca do cronograma a ser seguido no desenvolvimento da pesquisa e proporcionar a indicação dos recursos humanos, financeiros e materiais necessários para assegurar o êxito da pesquisa. (GIL, 2010, p. 3, grifo nosso). 28 Aula 4 Projeto de pesquisa: conceitos e finalidades É importante deixar claro que não existe um modelo pré-definido para elaboração de um projeto de pesquisa, isso dependerá da instituição à qual este será entregue, mas todo projeto sempre deve partir de um tema, um assunto ou objeto a ser analisado, um problema a ser resolvido e um objetivo a ser atingido. Fonte: Elaborado pela autora. Segundo Machado e Castro (2007, p. 159), [...] não há um ‘modelo’, um roteiro único para elaboração de projetos de pesquisa. Há, isto sim, alguns elementos sempre presentes em um projeto, uma vez que um plano e/ou projeto deve responder a algumas questões básicas [...]. Toda atenção deve ser dada às orientações ou requisitos explicitados pela agência, órgão ou instituição para a qual será enviado o projeto. Em outras palavras, qual será o ‘leitor-avaliador’ preferencial de seu texto? Abaixo são apresentados alguns elementos básicos de um projeto de pesquisa: • Tema • Problema • Hipótese(s) • Justificativa • Objetivos (geral e específicos) • Revisão de Literatura / Fundamentação Teórica • Procedimentos Metodológicos • Cronograma de Execução • Orçamento • Referências A respeito dos elementos acima, Severino (2016) afirma que estes devem ser distribuídos de acordo com as exigências lógicas de cada pesquisa, destacando, assim, a estruturação flexível de um projeto pesquisa. A respeito da flexibilidade, a qual permite que vários pontos do projeto de pesquisa sejam alterados no decorrer da pesquisa, o autor afirma que “Isto é normal é até positivo, uma vez que revela eventuais descobertas de dados novos e aprofundamento das ideias do autor.” (SEVERINO, 2016, p. 141). Severino (2016, p. 142, grifo do autor) faz uma distinção entre o projeto de pesquisa e o trabalho propriamente dito (artigo, dissertação ou tese): No projeto, o pesquisador deve ter claro o caminho a ser percorrido, as etapas a serem vencidas, os instrumentos e estratégias a serem utilizados. É para isto que, em última análise, ele é feito; esta é a sua finalidade intrínseca. Mas não é o projeto que vai ser publicado e sim a dissertação ou a tese. E aí o que está em jogo é o resultado do trabalho desenvolvido de acordo com o projeto. Ou seja, aquilo que foi planejado no projeto de pesquisa precisa ser cumprido e seus resultados serão vistos no texto do artigo, da dissertação ou da tese que serão apresentados à instituição de ensino, podendo até ser publicados. Sendo assim, todo planejamento está ligado ao sentido da ação: aquilo que se planeja precisa ser realizado. Na próxima aula nos aprofundaremos um pouco mais no estudo sobre projeto de pesquisa e vamos conhecer cada um dos elementos ou etapas que o compõem.ETAPAS PARA A ELAbORAÇÃO DO PROjETO DE PESqUISA Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 5 Etapas Fonte: Pixabay. 30 Etapas para a elaboração do projeto de pesquisa Aula 5 Nesta aula, vamos conhecer cada etapa do projeto de pesquisa e quais as questões básicas que estas devem responder. Como foi afirmado na aula anterior, não existe um roteiro único para a elaboração de um projeto de pesquisa, mas, sim, elementos que precisam conter em todos os projetos, já que eles precisam responder a algumas questões básicas. Vamos agora conhecer quais são esses elementos ou etapas de um projeto de pesquisa: 5.1 ESCOLHA DO TEMA O que será estudado? Toda pesquisa deve se iniciar pela escolha de um tema a ser estudado. Ao iniciar um projeto de pesquisa é preciso fazer uma delimitação do tema, para que este não fique muito amplo e difícil de ser analisado. Nesse momento, é feita uma descrição do objeto de estudo/ tema que será estudado. É importante, mas não obrigatório, que o tema a ser estudado seja da área de conhecimento do pesquisador, que deve levar em conta a sua formação acadêmica e/ou atuação profissional. 5.2 LEVANTAMENTO bIbLIOGRáFICO É a localização de documentos como livros, artigos de revistas, teses, etc. para avaliar a disponibilidade de material que servirá como base para o desenvolvimento da pesquisa. Esse levantamento pode ser determinado em dois níveis: a) Nível geral: relação de todas as obras ou documentos sobre o assunto a ser pesquisado; b) Nível específico: relação somente das obras ou documentos que contenham dados referentes à especificidade do tema. O levantamento bibliográfico é a busca por bibliografias que auxiliarão o pesquisador a delimitar ainda mais seu tema, definir seu problema, saber sobre o que já foi falado sobre o assunto, saber se a bibliografia disponível sobre seu tema será suficiente para o desenvolvimento de seu trabalho. No entanto, esse levantamento bibliográfico não aparece em uma seção dentro do projeto de pesquisa: somente o pesquisador saberá qual a lista de materiais que ele consultou antes de começar a escrever seu projeto de pesquisa. Fonte: elaborado pela autora. 31 Projeto de pesquisa: conceitos e finalidadesAula 4 5.3 PRObLEMATIzAÇÃO Por quê? Qual o problema? Quais as dúvidas? Quais as perguntas a serem respondidas? Quando são formuladas perguntas referentes ao tema escolhido, constrói-se sua problematização. A pesquisa, portanto, deverá responder às dúvidas que o pesquisador tem em relação ao tema. São essas perguntas que orientarão o desenvolvimento da pesquisa, afinal, esta será realizada para respondê-las, para esclarecer tais dúvidas levantadas a respeito do tema/objeto de estudo. Lembre-se sempre: NÃO BASTA TER UM TEMA, É PRECISO HAVER UM PROBLEMA. Uma coisa é dissertar sobre um tema sobre o qual já se tem algum conhecimento – outra coisa é dissertar sobre um tema sobre o qual se tem algum conhecimento, mas se quer saber mais, avançar sobre o já sabido. Neste caso, situa-se a atividade de pesquisa. (MACHADO; CASTRO, 2007, p. 162). Em outras palavras: se não há um problema para resolver, desenvolver uma pesquisa para quê? Sobre a elaboração do problema: deve ser formulado em formato de perguntas e possível de ser solucionado; dever ter uma redação clara e precisa; deve ser delimitado e relevante para a área de conhecimento na qual o tema se insere. 5.4 Levantamento de hipóteses Qual é a possível solução para o meu problema de pesquisa? A hipótese oferece uma possível solução ao problema que foi formulado anteriormente. Esta é uma suposição, uma resposta ou explicação provisória do problema. Essa hipótese, após o desenvolvimento da pesquisa, será submetida a teste para ser definida como verdadeira ou como falsa. Se for reconhecida como verdadeira, será considerada como a resposta ao problema. [...] as hipóteses podem ser constituídas por simples suposições ou palpites. De fato, as hipóteses podem ser entendidas como afirmações, muitas derivadas do senso comum, mas que conduzem à verificação empírica. Cumprem sua finalidade no processo de investigação científica, tornando-se capazes, mediante o adequado teste, de proporcionar respostas aos problemas propostos. (GIL, 2010, p. 17). O levantamento de hipóteses nem sempre é um elemento obrigatório: isso dependerá dos dados que forem pré-definidos pela instituição à qual será entregue o projeto e também do tipo de pesquisa que será desenvolvido. Alguns tipos de pesquisa requerem hipóteses, outros não. 5.5 jUSTIFICATIVA Quais os motivos? Qual a importância? Este é o momento em que o pesquisador justifica os motivos que o fizeram escolher o tema de sua pesquisa, os quais podem estar vinculados com sua experiência profissional ou acadêmica, destacando quais serão as contribuições que sua pesquisa poderá trazer para a área de conhecimento na qual se insere, tanto do ponto de vista social (resolvendo alguma questão prática na sociedade) quanto do ponto de vista científico (trazendo conhecimentos teóricos novos). 32 Etapas para a elaboração do projeto de pesquisa Aula 5 De acordo com Severino (2016, p. 140, grifo do autor), [...] neste tópico do Projeto, cabe adiantar a contribuição que se espera dar com os resultados da pesquisa, justificando-se assim a relevância do Projeto. Este é o momento de se referir então aos estudos anteriores já feitos sobre o tema para assinalar suas eventuais limitações e destacar, assim, a necessidade de se continuar a pesquisá-lo e as contribuições que seu trabalho dará, justificando-o desta maneira. Ou seja, é na justificativa que o pesquisador demonstrará que seu projeto é muito importante e que sua pesquisa é muito relevante para a área de conhecimento, por isso precisa ser desenvolvida. 5.6 DEFINIÇÃO DOS ObjETIVOS (GERAL E ESPECÍFICOS) Para que fazer esta pesquisa? Os objetivos devem deixar claro o que o pesquisador pretende; os resultados que espera ao desenvolver a pesquisa. Eles dividem-se em geral e específicos. O objetivo geral é o que deve explicitar, normalmente em um só parágrafo, o que se pretende com o desenvolvimento da pesquisa. Os objetivos específicos estão vinculados ao geral. Estes explicitam os objetivos de cada passo descrito no projeto de pesquisa, as quais farão atingir o objetivo geral. Em outras palavras: os objetivos específicos apresentam, de forma detalhada, como o objetivo geral será atingido. Na formulação dos objetivos, deve-se utilizar verbos no infinitivo: analisar, pesquisar, investigar, determinar, examinar, identificar, aprofundar, esclarecer, questionar, etc. 5.7 REVISÃO DE LITERATURA / FUNDAMENTAÇÃO TEóRICA Quais autores já trataram sobre o tema? O que eles afirmaram? Este é o momento em que se faz uma revisão de literatura a respeito do tema específico que será analisado, buscando dar uma fundamentação teórica para a pesquisa. O que interessa aqui é contextualizar teoricamente o problema e apresentar o estágio atual de conhecimento acerca da questão. Isto implica o esclarecimento dos pressupostos teóricos que dão fundamentação à pesquisa, bem como das contribuições proporcionadas por investigações empíricas já realizadas. (GIL, 2010, p. 171). Devem ser analisados os pontos de vista de diversos autores sobre o tema a ser pesquisado por meio de uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos, teses, etc. Essa revisão de literatura servirá como base para o desenvolvimento da pesquisa. 33 Projeto de pesquisa: conceitos e finalidadesAula 4 5.8 PROCEDIMENTOS METODOLóGICOS Como pretende realizar a pesquisa? Qual o método que fará você responder sua(s) pergunta(s) e atingir seu(s) objetivo(s)? Neste momento, o pesquisador deve descrever a forma como realizará sua investigação a respeito do tema escolhido, de forma que ele consiga responder as perguntas levantadas (problematização) e atingir os objetivos propostos para sua pesquisa. Ou seja, ele deve escolher um método depesquisa de acordo com os objetivos propostos e perguntas que se tem para responder. Gil (2010, p. 171, grifo do autor), ao tratar sobre o que deve conter neste item em um Projeto de Pesquisa, afirma o seguinte: Sua organização varia conforme as peculiaridades de cada estudo. Há, no entanto, algumas informações cuja apresentação é imprescindível, como às referentes a: • tipo de pesquisa (experimental, levantamento, estudo de caso, etc.); • população e amostra (extensão da população, processo de extração da amostra, etc.); • coleta de dados (descrição das técnicas, tais como questionários, entrevistas, observação, etc.); • análise de dados (testes de hipóteses, correlação, análise de regressão, etc.). Existem vários métodos e técnicas de pesquisa e falaremos um pouco sobre eles mais adiante. 5.9 CRONOGRAMA DE ExECUÇÃO Quando? O cronograma de execução é a previsão de tempo que será gasto na realização da pesquisa, de acordo com as atividades a serem cumpridas. Indica o tempo necessário de execução para cada uma das etapas da pesquisa, dentro do prazo que foi estipulado para o desenvolvimento da mesma. Normalmente, esse cronograma é apresentado em um quadro, no qual os períodos podem estar divididos em dias, semanas, meses, bimestres, trimestres, etc. Estes períodos serão determinados a partir dos critérios de tempo adotados por cada pesquisador, com base nas tarefas que ele precisa cumprir e nos prazos que ele tem para finalizar a pesquisa. 5.10 ORÇAMENTO Não é um elemento obrigatório, mas responde às questões: Quanto? Com quais materiais? Esse item é necessário fazer quando se deseja obter recursos de alguma agência de fomento, que concede financiamento à pesquisa. Quando é feito, o orçamento deve discriminar, em uma tabela, os itens de despesa, como material permanente, material de consumo, recursos humanos e infraestrutura, indicando quantidades, custo unitário e custo total. 34 Etapas para a elaboração do projeto de pesquisa Aula 5 5.11 REFERÊNCIAS Quem foram os autores citados no projeto de pesquisa? Todas as citações feitas no texto deverão ser listadas no final do projeto de pesquisa de acordo com a norma descrita pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a NBR 6023. Você observou que existe uma lista chamada REFERÊNCIAS no final deste livro, indicando os dados das bibliografias citadas no texto? Então, esta lista precisa ser feita, indicando os dados completos de todos os documentos, livros, artigos, etc. utilizados na pesquisa, pois isso é uma questão de ética com os autores que utilizamos: eles pesquisaram, construíram um novo conhecimento e comunicaram este conhecimento, então, é justo darmos o crédito a eles. Fonte: Elaborado pela autora Na próxima aula, conheceremos a estrutura de um projeto de pesquisa de acordo com norma da ABNT, que trata especificamente da elaboração de projetos de pesquisa, a NBR 15287. PROjETO DE PESqUISA: NORMAS PARA ELAbORAÇÃO Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 6 Projeto de pesquisa inclui alguns itens Fonte: Pixabay. 36 Projeto de pesquisa: normas para elaboração Aula 6 Caro(a) aluno(a), nesta aula, estudaremos as normas definidas pela ABNT para a elaboração de projetos de pesquisa. A Norma que especifica os princípios gerais para a elaboração de projetos de pesquisa é a NBR 15287/2011. Segundo a referida Norma, a estrutura de um projeto de pesquisa compreende: parte externa e parte interna, cujos elementos são apresentados abaixo. Observe que nem todos os elementos são obrigatórios. PARTE EXTERNA - Capa (Opcional) - Lombada (Opcional) PARTE INTERNA Elementos Pré-Textuais: - Folha de Rosto (Obrigatório) - Lista de Ilustrações (Opcional) - Lista de Tabelas (Opcional) - Lista de Abreviaturas e Siglas (Opcional) - Lista de Símbolos (Opcional) - Sumário (Obrigatório) Elementos Textuais: - É o próprio texto do projeto, no qual serão apresentados os elementos do projeto de pesquisa estudados na aula anterior (com exceção das Referências, que é um elemento pós-textual). (Obrigatório) Elementos Pós-Textuais: - Referências (Obrigatório) - Glossário (Opcional) - Apêndice (Opcional) - Anexo (Opcional) - Índice (Opcional) 37 Projeto de pesquisa: normas para elaboraçãoAula 6 Agora vamos aprender um pouco sobre as normas que a NBR 15287/2011 traz para a elaboração dos elementos que compõem a estrutura do projeto de pesquisa. Como nem todos os elementos são obrigatórios, vamos aprender, aqui, sobre aqueles mais comuns nos projetos de pesquisa. Vamos lá? 6.1 PARTE ExTERNA A parte externa do projeto de pesquisa é composta somente por dois elementos, a capa e a lombada, sendo os dois opcionais. No entanto, muitas instituições de ensino solicitam que seja feita a capa, mas a lombada dificilmente é solicitada. 6.1.1 Capa A capa é a proteção externa do trabalho sobre a qual se imprimem as informações necessárias à sua identificação. É um elemento opcional, mas muitas instituições solicitam que esta seja feita. De acordo com a NBR 15287/2011, as informações deste item devem ser apresentadas na seguinte ordem: a) nome da instituição para a qual deve ser submetido, quando solicitado (ou seja, o nome da instituição na capa é opcional); b) nome(s) do(s) autor(es); c) título do projeto; d) subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título; e) local (cidade) da entidade onde deve ser apresentado (no caso de cidades homônimas recomenda-se o acréscimo da sigla da unidade da federação). f) ano de depósito (da entrega) do projeto. Modelo de Capa de Projeto de Pesquisa da Faculdade Católica Fonte: UCA. 38 Projeto de pesquisa: normas para elaboração Aula 6 Na imagem acima, você pode observar como os elementos indicados na norma da ABNT foram dispostos na Capa, sendo todos centralizados. 6.1.2 Lombada É uma parte da capa do trabalho que reúne as margens internas das folhas, sejam elas costuradas, grampeadas, coladas, etc. Como afirmado anteriormente, é um elemento opcional, dificilmente solicitado pelas instituições em um projeto de pesquisa. A lombada é aquela capa mais grossa, que costumamos chamar de “capa dura”. Para sua elaboração, deve ser seguida a ABNT NBR 12225, mas não é o pesquisador o responsável por fazer este processo: existem empresas especializadas na confecção de lombadas, como as gráficas, onde o pesquisador levará seu texto para que seja inserida a lombada. 6.2 PARTE INTERNA A parte interna de um projeto de pesquisa é composta por elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, sendo alguns obrigatórios, outros não. 6.2.1 Elementos pré-textuais Essa é a parte que antecede o texto do projeto, trazendo informações que ajudam na identificação da proposta de pesquisa. Aqui falaremos somente dos dois elementos obrigatórios: a folha de rosto e o sumário. 6.2.1.1 Folha de rosto É um elemento obrigatório que contém os elementos essenciais à identificação do projeto de pesquisa. De acordo com a NBR 15287/2011, as informações desta página devem ser apresentadas na seguinte ordem: a) nome(s) do(s) autor(es); b) título; c) subtítulo, se houver; d) tipo de projeto de pesquisa e nome da instituição a que deve ser submetido; e) nome do orientador, co-orientador ou coordenador, se houver; f) local (cidade) da entidade onde deve ser apresentado; g) ano de depósito (da entrega) do projeto. Abaixo, você pode ver a Folha de Rosto de um projeto de pesquisa. Observe que o nome da instituição não pode aparecer no topo desta página e, ainda, que nem todas as informações são centralizadas: as descrições sobre o tipo de projeto de pesquisa, o nome da instituição a qual deve ser submetido e o nome do orientador devem aparecer alinhados do meio da página à direita (recuo de 7 cm). 39 Projeto de pesquisa: normas para elaboraçãoAula 6 Modelo de Folha de Rostode um Projeto de Pesquisa da Faculdade Católica Fonte: UCA. 6.1.1.2 Sumário O sumário também é um elemento obrigatório. É nele onde se faz a enumeração das divisões do projeto, na mesma ordem e grafia em que aparece no desenvolvimento do texto. Para a sua elaboração, deve ser seguida outra norma da ABNT: a NBR 6027. Modelo de Sumário de Projeto de Pesquisa da Faculdade Católica Fonte: UCA. 40 Projeto de pesquisa: normas para elaboração Aula 6 Como pode ser observado na imagem anterior, o Sumário deve apresentar todos os elementos que constam no Projeto de Pesquisa a partir dos elementos textuais, indicando a página em que cada um se inicia. 6.2.2 Elementos textuais É nessa parte em que é exposto o conteúdo do projeto. O texto deve ser constituído de uma parte introdutória, na qual devem ser expostos o tema do projeto, o problema a ser abordado, a(s) hipótese(s), quando couber(em), bem como o(s) objetivo(s) a ser(em) atingido(s) e a(s) justificativa(s). É necessário que sejam indicados o referencial teórico que o embasa, a metodologia a ser utilizada, assim como os recursos e o cronograma necessários à sua consecução. (ABNT, 2011, p. 5). Você percebeu que os elementos textuais citados pela ABNT são os mesmos que estudamos na aula anterior? E percebeu, também, que não dita uma ordem específica para que esses elementos apareçam no projeto, somente diz quais são esses elementos e sugere quais poderiam estar na introdução? Isso acaba dando uma certa flexibilidade para a elaboração do projeto de pesquisa, no que diz respeito ao seu formato. Então, temos que elaborar os elementos textuais do nosso projeto de pesquisa com base nas orientações dadas pela instituição a qual vamos submetê-lo (entregá-lo para análise), sabendo que deverá conter, segundo a ABNT: tema, problema, hipótese (quando precisar), objetivos, justificativa (esses primeiros elementos citados, pelo que se interpreta da ABNT, deveriam estar juntos em uma introdução), referencial teórico, metodologia, recursos e cronograma (esses últimos elementos é melhor que estejam em tópicos específicos para cada um deles). 6.2.3 Elementos pós-textuais É a parte que vem após o texto do projeto, complementando os dados apresentados na parte textual. 6.2.3.1 Referências É um conjunto padronizado de elementos que descrevem um documento, permitindo sua identificação individual. É um elemento obrigatório, elaborado conforme a ABNT NBR 6023, que veremos mais adiante, em outra aula. 6.2.3.2 Apêndice É um texto ou um documento elaborado pelo autor no intuito de complementar o que foi apresentado no texto do projeto. Exemplo: o roteiro de uma entrevista que o pesquisador pretende aplicar no decorrer de sua pesquisa. 41 Projeto de pesquisa: normas para elaboraçãoAula 6 O apêndice é um elemento opcional. Caso seja elaborado, seu título deve ser centralizado, precedido da palavra APÊNDICE, identificado por letras maiúsculas, que vão de A até Z, travessão e pelo respectivo título. Exemplo: APÊNDICE A – Roteiro de entrevista Observação: O próximo apêndice será APÊNDICE B – XXXXXXXXXX, e assim por diante. 6.2.3.3 Anexo O anexo é um elemento opcional. É um texto ou um documento que não foi elaborado pelo autor, mas serve de fundamentação, comprovação e ilustração para o conteúdo abordado no projeto. A elaboração de seu título segue o mesmo padrão que o Apêndice: deve ser centralizado, precedido da palavra ANEXO, identificado por letras maiúsculas consecutivas (que vão de A até Z), travessão e pelo respectivo título. Exemplo: ANEXO A – Norma da ABNT NBR 15287:2011 A NBR 15287 traz outras regras para o projeto de pesquisa, mas essas regras são as mesmas aplicadas para os trabalhos científicos em geral. Sendo assim, o assunto de nossa próxima aula será a formatação em trabalhos científicos. A FORMATAÇÃO DE TRAbALHOS CIENTÍFICOS Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 7 Existem algumas normas de formatação do trabalho científico Fonte: Pixabay. 43 A formatação de trabalhos científicosAula 7 Prezado(a) aluno(a), nesta aula trataremos da formatação de trabalhos científicos. Nas normas da ABNT, encontramos regras gerais sobre formato, espaçamento, paginação, além das normas para indicação de títulos de seções, numeração progressiva, dentre outras normas para trabalhos científicos, que vamos conhecer nesta aula. Começaremos tratando sobre o formato dos textos. De acordo com a ABNT, os textos devem ser digitados em cor preta, podendo utilizar outras cores somente para as ilustrações. Além disso, se o texto for impresso, deve ser utilizado papel branco ou reciclado, no formato A4. No que diz respeito às margens, estas devem ser: esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm. Prezado(a) aluno(a), nesta aula trataremos da formatação de trabalhos científicos. Nas normas da ABNT, encontramos regras gerais sobre formato, espaçamento, paginação, além das normas para indicação de títulos de seções, numeração progressiva, dentre outras normas para trabalhos científicos, que vamos conhecer nesta aula. Começaremos tratando sobre o formato dos textos. De acordo com a ABNT, os textos devem ser digitados em cor preta, podendo utilizar outras cores somente para as ilustrações. Além disso, se o texto for impresso, deve ser utilizado papel branco ou reciclado, no formato A4. No que diz respeito às margens, estas devem ser: esquerda e superior de 3 cm e direita e inferior de 2 cm. 3 cm 3 cm 2cm 2 cm As normas da ABNT recomendam fonte tamanho 12 para todo o trabalho, com algumas exceções, que são: as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, paginação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, que devem ser em tamanho menor e uniforme. No que diz respeito ao espaçamento: todo o texto deve ser digitado com espaçamento 1,5 entre as linhas, com algumas exceções: as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referências, legendas das ilustrações e das tabelas, tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade, que devem ser digitados em espaço simples. As referências, além de serem digitadas com espaçamento simples entre as linhas, devem ser separadas entre elas por um espaço em branco (deve-se “pular uma linha” entre cada referência). As normas da ABNT definem as seguintes regras para a paginação de trabalhos acadêmicos e projetos de pesquisa: os elementos externos, como a capa, não devem ser contados; as folhas ou páginas pré-textuais devem ser contadas, mas elas não devem ser numeradas. A numeração deve aparecer a partir da primeira folha da parte textual (normalmente onde começa a “Introdução” do trabalho), em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior. #ISTO ESTÁ NA REDE# As normas da ABNT recomendam fonte tamanho 12 para todo o trabalho, com algumas exceções, que são: as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, paginação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, que devem ser em tamanho menor e uniforme. No que diz respeito ao espaçamento: todo o texto deve ser digitado com espaçamento 1,5 entre as linhas, com algumas exceções: as citações de mais de três linhas, notas de rodapé, referências, legendas das ilustrações e das tabelas, tipo de projeto de pesquisa e nome da entidade, que devem ser digitados em espaço simples. As referências, além de serem digitadas com espaçamento simples entre as linhas, devem ser separadas entre elas por um espaço em branco (deve-se “pular uma linha” entre cada referência). As normas da ABNT definem as seguintes regras para a paginação de trabalhos acadêmicos e projetos de pesquisa: os elementos externos, como a capa, não devem ser contados; as folhas ou páginas pré-textuais devem ser contadas, mas elas não devem ser numeradas. A numeração deve aparecer a partir da primeira folha da parte textual (normalmenteonde começa a “Introdução” do trabalho), em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior. Para saber como inserir número de páginas a partir da primeira folha da parte textual, de acordo com a ABNT, assista ao vídeo que está disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=53TSo4Ms4Mw. Acesso em: 01 abr. 2018. Quando uma sigla for mencionada pela primeira vez no texto, deve ser feito o seguinte procedimento: indica-se, primeiramente, o nome completo e, na sequência, entre parênteses, deve ser indicada a sigla. Exemplo: A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define regras gerais para a apresentação de trabalhos acadêmicos. Nas próximas vezes, no texto, pode-se citar a sigla sem a necessidade de indicar o nome completo. 44 A formatação de trabalhos científicos Aula 7 As notas de rodapé devem ser digitadas dentro das margens, ficando separadas do texto por um espaço simples entre as linhas e por filete de 5 cm (um traço que divide a nota do texto) a partir da margem esquerda. Devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra, de forma a destacar o expoente, ou seja, destacar os números das notas de rodapé, sem espaço entre elas e com fonte menor. Para efeito de visualização, serão inseridas duas notas de rodapé aqui no texto desta aula1, para que você consiga entender melhor o que foi exposto sobre o assunto2. O indicativo numérico de uma seção deve ser feito em algarismo arábico. Esse número antecede o título da seção, alinhado à esquerda, e estes ficam separados um do outro por um espaço de caractere. Exemplo: 1 SEÇÃO PRIMáRIA DE UM TRAbALHO ACADÊMICO Os títulos das seções primárias devem começar na parte superior da página e ser separados do texto que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. Da mesma forma, os títulos das subseções devem ser separados do texto que os antecede e que os sucede por um espaço entre as linhas de 1,5. A numeração progressiva dos títulos das seções deve ser utilizada para evidenciar a sistematização do conteúdo do trabalho. Sendo assim, devem ser destacados gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de negrito, itálico ou sublinhado e outros, no sumário e, de forma idêntica, no texto. A NBR 6024 trata especificamente sobre a numeração progressiva das seções. Para entendermos um pouco melhor sobre essa numeração progressiva, vou lançar uma pergunta: você já observou que os trabalhos científicos (livros, artigos, teses, etc.) começam com um título de um capítulo com um número na frente? Por exemplo: 1 COMPREENDENDO A NUMERAÇÃO PROGRESSIVA DE SEÇÕES Depois observou que o próximo título tem um número relacionado ao número do capítulo e um outro que se relaciona à sequência na divisão do texto? Exemplo: 1.1 FAzENDO A PRIMEIRA SUbSEÇÃO DO TRAbALHO E se você continuar na leitura daquele capítulo, encontrará seções 1.2; 1.3; 1.4; e assim por diante... 1 Primeira nota de rodapé do texto. 2 A segunda nota de rodapé deve vir logo abaixo da primeira, com espaçamento simples entre as linhas. A fonte deve menor que a do texto: normalmente, usa-se fonte 10 ou 11 nas notas de rodapé, mas este tamanho deve ser padronizado com as outras fontes menores do texto, quais sejam: citações com mais de 3 linhas, legendas das ilustrações e tabelas e paginação. 45 A formatação de trabalhos científicosAula 7 Essas subseções também podem ser divididas. Imaginemos que a subseção 1.1 terá outras subseções. Estas devem seguir as seguintes numerações: 1.1.1; 1.1.2; 1.1.3; e assim consecutivamente. Os títulos de seções sem indicativo numérico, como errata, lista de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, lista de símbolos, sumário, referências, glossário, apêndice(s), anexo(s) e índice(s), devem ser centralizados. Exemplo: SUMÁRIO As normas da ABNT estabelecem algumas regras, também, para a identificação das ilustrações em um texto. Existem alguns tipos de ilustrações: desenho, esquema, fluxograma, fotografia, gráfico, mapa, organograma, planta, quadro, retrato, figura, imagem e outros. Qualquer que seja o tipo de ilustração, sua identificação aparece na parte superior, precedida da palavra designativa, seguida de seu número de ordem de ocorrência no texto, em algarismos arábicos, travessão e do respectivo título. Após a ilustração, na parte inferior, deve-se indicar a fonte consultada. Mesmo que a ilustração seja produção do próprio autor, a fonte é elemento obrigatório, então, se foi o pesquisador quem elaborou aquela ilustração, ele deve indicar, na fonte, que foi “elaborado pelo autor”. É importante lembrar que a ilustração deve ser citada no texto e inserida o mais próximo possível do trecho ao qual ela se refere. Observe, a seguir, um exemplo de apresentação de ilustração em um texto. Para tanto, imagine que o texto fictício que está sendo apresentado trata sobre alimentação saudável. Um café da manhã saudável deve ter fibras e proteínas animal e vegetal, além dos carboidratos encontrados nos pães. Por isso, a mesa do café da manhã deve ter pães (de preferência feitos com farinha integral), grãos, frutas, ovos e derivados do leite, como pode ser observado na figura 1. Figura 1 – Café da manhã saudável Fonte: Pixabay. 46 A formatação de trabalhos científicos Aula 7 Ficou claro, pelo exemplo acima, como devem ser apresentadas as ilustrações? Espero que sim. Seguir as normas da ABNT durante a elaboração de um trabalho científico é muito importante, mas não basta somente isso: é preciso escrever o texto com clareza, coerência, objetividade, precisão, dentre outros aspectos, para que o leitor consiga compreender a mensagem que está sendo transmitida. A LINGUAGEM EM TRAbALHOS ACADÊMICOS Professora-doutora Fabiana Aparecida Arf Aula 8 Comunicação e linguagem Fonte: Pixabay. 48 A linguagem em trabalhos acadêmicos Aula 8 Caro(a) aluno(a), nesta aula vamos falar sobre os cuidados que precisamos ter com a linguagem em um trabalho científico, tendo em vista que o receptor de nossa mensagem, ou seja, o leitor, precisa entender de forma clara a mensagem que queremos passar. Vamos entender melhor sobre isso? Então, começaremos a falar agora sobre o processo de comunicação. 8.1 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Toda mensagem é transmitida de um emissor para um receptor, dentro de um determinado contexto. O contexto é essencial para a compreensão da mensagem pelo receptor. No entanto, não é sempre assim que acontece e o processo de comunicação pode não acontecer de forma eficaz. Você já ouviu alguém dizer: “eu sou responsável por aquilo que falo, não por aquilo que você interpreta”? Muitas vezes dizemos ou escrevemos palavras de forma clara e as pessoas interpretam errado a mensagem que queríamos transmitir, no entanto, nem sempre é bem assim, pois pode ser que tenhamos dito ou escrito alguma coisa que gere duplo sentido ou que esteja fora de contexto, e se houver uma interpretação errada a responsabilidade é de quem emitiu a mensagem, não de quem interpretou errado. Fonte: Elaborado pela autora. Para que a comunicação seja bem-sucedida, é necessário que todos os elementos da comunicação estejam alinhados, caso contrário, acontecerá o que é conhecido como ruído na comunicação. Observe o esquema abaixo. Nele estão representados os 6 (seis) elementos da comunicação, conforme proposto por Roman Jakobson. Se algum desses elementos falhar, a comunicação não acontecerá de forma eficaz. O esquema da comunicação, de Jakobson Fonte: Jakobson (2007, p. 123 apud TONELLI; SOUSA; MANSUR, 2015, p. 151). Assim podemos definir cada elemento que compõe o esquema acima: 49 A linguagem em trabalhos acadêmicosAula 8 • Emissor: é aquele que envia a mensagem. Ou seja, o emissor pode ser um indivíduo, um grupo, uma instituição, uma empresa. • Mensagem: é o conteúdo enviado do emissor para o receptor. • Receptor ou destinatário: é aquele que recebe
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