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Manejo da castanha

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Prévia do material em texto

AGRADECIMENTOS
Ao Programa Florestabilidade do Canal Futura, Fundação Roberto Marinho, pela autori-
zação de uso dos vídeos.
O conteúdo deste curso foi desenvolvido a partir do caderno “Castanha - Boas práticas 
para o extrativismo sustentável orgânico”, no âmbito do Projeto Nacional de Ações Inte-
gradas Público-Privadas para a Biodiversidade (ProBio II), contrato administrativo SFB nº 
5/2013, firmado com o Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA).
MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER LULIA
Presidente da República
EDSON DUARTE 
Ministro de Estado do Meio 
Ambiente – Substituto
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
RAIMUNDO DEUSDARÁ FILHO
Diretor-Geral do Serviço Florestal 
Brasileiro
CARLOS EDUARDO PORTELLA STURM
Diretor de Cadastro e Fomento Florestal
EQUIPE TÉCNICA
NILTON REIS BATISTA JÚNIOR
Gerente Executivo de Fomento 
e Inclusão Florestal
CRISTINA GALVÃO ALVES
Coordenadora de Fomento e Inclusão Florestal
DÉBORA SILVA CARVALHO
FLÁVIA REGINA RICO TORRES
Equipe Técnica
FLÁVIA REGINA RICO TORRES
Coordenação Técnica Pedagógica
AVANTE BRASIL
Projeto gráfico e diagramaçã
AVANTE BRASIL
Ilustração
Este produto faz parte das atividades previstas no Componente 3 do projeto Gestão 
Florestal para a Produção Sustentável, em junho de 2018.
Sumário
Módulo 1 - Ecologia da castanha 4
1.1 Apresentação 6
1.2 Botânica 9
1.2.1 Floração e polinização 9
1.2.2 Frutificação 9
1.3 Ocorrência e densidade 10
1.2.3 Dispersão 10
1.4 Principais produtos e usos 13
Encerramento do 17
Módulo 2 - Boas práticas no manejo 
da castanha 17
2. Apresentação 18
2.1 Atividades da pré-coleta 29
2.1.1 Identificação e demarcação das 
áreas produtivas 24
2.1.2 Seleção das árvores 25
2.1.3 Levantamento do potencial 
produtivo 29
2.1.4 Estimativa de produção 31
2.1.5 Limpeza na base das castanheiras 32
2.2 Atividades da coleta 33
2.2.1 Planejamento da coleta dos frutos 34
2.2.2 Equipamentos e materiais 37
2.2.3 Registro de procedimentos durante 
a coleta 38
2.2.4 Amontoamento 40
2.2.5 Transporte para a unidade 
de proteção 41
2.2.6 Ciclo e periodicidade da coleta 42
2.3 Atividades de pós-coleta 44
2.3.1 Lavagem e seleção 45
2.3.2 Secagem 47
2.3.3 Armazenamento 49
2.3.4 Conservação das áreas de coleta 51
2.3.6 Produção de mudas 54
Encerramento do Módulo 2 55
Módulo 3 - Cadeia produtiva 56
3. Apresentação 57
3.1 Beneficiamento da produção 58
3.1.1 Castanha com casca 62
3.1.2 Castanha sem casca 64
Encerramento do Módulo 66
Módulo 4 - Diretrizes técnicas 
e sua importância 67
4. Apresentação 68
4.1 Controle de qualidade fitossanitário 
da castanha, procedimentos para 
comercialização interna e externa 68
4.2 Legislação 73
4.2.1 Legislação orientadora 
para o manejo florestal 73
4.2.2 Legislação específica sobre 
castanha 75
4.2.3 Orientações para o produtor 
extrativista regularizar a sua 
produção orgânica 76
Encerramento do Módulo 4 79
Bibliografia 80
 
MÓDULO 1
ECOLOGIA DA CASTANHA
5 Manejo da Castanha - Módulo I
Para ajudá-lo (a) no decorrer dos estudos, vamos contar com dois casais que trabalham com a Castanha 
e estão prontos para trocar informações, conhecimentos tradicionais e apresentar as principais técnicas e 
boas práticas para o Manejo da Castanha.
1.1 Apresentação
Eu sou a Ana. 
Também atuo como 
técnica extensionista 
junto com meu colega 
Carlos.
Meu nome é Carlos, 
sou técnico exten-
sionista, e pretendo 
trazer informações 
importantes sobre o 
manejo da castanha e 
as boas práticas para 
produção orgânica!
Eu sou o Sebastião, 
mas todos me cha-
mam de Tião. Também 
sou extrativista e tra-
balho com a Castanha 
desde menino. Estou 
aqui para aprender 
mais sobre as fases 
de planejamento e 
manejo, e posso ensi-
nar o que eu aprendi 
com os mais velhos da 
minha comunidade.
Meu nome é Francisca, 
ou Chica, como sou 
mais conhecida. Sou 
extrativista com muito 
orgulho! Eu e a minha 
família sempre traba-
lhamos com Castanha. 
Ensinar e aprender faz 
parte do nosso modo 
de vida aqui na flore -
ta! Melhorar a renda 
da nossa família e 
aprender mais sobre o 
manejo da castanha é 
comigo mesmo. Tenho 
muitas dúvidas sobre o 
manejo das castanhas 
e, principalmente, so-
bre os aspectos legais 
relacionados à essa 
atividade.
6Manejo da Castanha - Módulo I
A castanheira (Bertholletia excelsa H & B) é uma 
árvore de grande porte característica do bioma1 
Amazônia. Ocorre em mata alta de terra firme e, em
determinados locais, forma os chamados castanhais, 
em associação com outras espécies também de 
grande porte.
1.1 Apresentação
A espécie foi descrita em 1807 por Humboldt e 
Bonpland, e incluída na família das Lecythidace-
ae Poiteau, em 1825. Representa a única espécie 
existente no gênero Bertholletia e, embora exista uma 
considerável variação no tamanho, forma e número 
de sementes por fruto, não se constitui justificativa
plausível para reconhecer mais de uma espécie (MORI 
& PRANCE, 1990 citado por BARBEIRO, 2012, p. 4).
Seu porte se sobressai na floresta, chegando a 50
metros de altura e até 2 metros de diâmetro (CY-
MERYS, et al., 2005). Seus frutos são conhecidos 
como “ouriços”, que chegam a pesar até 1,5 kg e 
conter até 25 sementes, denominadas como casta-
nhas, estas são ricas em vitaminas, gorduras e pro-
teínas. A descrição foi feita por estudo da Embrapa 
(2004), que será utilizado como referencial bibliográ-
fico no decorrer do curso.
A Castanheira está presente em estado nativo na 
Amazônia, sendo que as maiores concentrações 
ocorrem na porção brasileira, principalmente no 
planalto que separa a bacia formada pelos afluentes
do baixo Amazonas, alto Tocantins e alto Moju, e em 
terras altas ao norte do rio Jarí, no estado do Pará e 
nos estados do Amazonas e Acre, até o alto Beni na 
Bolívia (MULLER, et al., 1995).
Em seu fruto, encontramos as sementes ou amên-
doas, de alto valor nutritivo, que recebem diversos 
nomes populares, como castanha-do-brasil, casta-
nha-do-pará, castanha da Amazônia, castanha, cas-
tanheira, amendoeira da América e castanha mansa 
(EMBRAPA, 2004).
A espécie tem uma relevante importância para a 
estrutura e o funcionamento do ecossistema em que 
vive (CYMERYS, et al., 2005). Além disso, apresenta 
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
1Bioma: Conjunto de seres vivos e ambiente 
constituído pelo agrupamento de tipos de 
vegetação, com condições geográficas e cl -
máticas similares e compartilhadas. No Brasil, 
há seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, 
Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
7 Manejo da Castanha - Módulo I
muitas interações com diferentes tipos de animais e é muito apreciada pelos valores comercial e nutritivo de 
suas sementes, além de ter uso medicinal.
Sua regeneração é uma questão 
em debate contínuo. Estudos 
demonstram que o extrativismo, 
ao longo do último século, causou 
grande impacto no desenvolvi-
mento natural de castanhais, 
indicando que os altos níveis de 
exploração das suas amêndoas 
sem um manejo favorável, em 
algumas regiões, resultaram 
em uma alteração nas idades e 
distribuição de árvores por área 
da espécie, constituindo florestas
com alto nível de plantas adultas 
em processo de envelhecimento 
e, consequentemente, nível baixo 
de plantas jovens.
No entanto, outros estudos realiza-
dos indicaram que o extrativismo 
sustentável praticado nos casta-
nhais da região amazônica tem 
baixo impacto, sendo viável por mais 
algumas décadas. Defendem que, 
em castanhais com longo histórico 
de coleta, o extrativismo, em prin-
cípio, não compromete o estoque 
de plântulas2. O manejo adequa-
do da regeneração natural das 
castanheiras em áreas alteradas, 
quando conciliado com um tipo de 
agricultura, favorece o crescimento 
das plântulase varetas, o que pode 
viabilizar a expansão dos castanhais 
e o aumento da produtividade.
Atenção
Vale destacar que a castanha-do-brasil é um produto muito apreciado no mercado internacional e, de 
acordo com o IBGE, em 2016, a produção da extração da amêndoa foi de 34.664 toneladas e movi-
mentou 79,6 milhões de reais na produção primária. Essa produção vem em grande parte de ativida-
des extrativistas coletadas em Unidades de Conservação, terras indígenas e assentamentos rurais e 
são responsáveis por boa parte da renda de milhares de famílias representantes de Povos e Comunida-
des Tradicionais e Agricultores Familiares. E, portanto, as interações do modo de vida tradicional com 
a produção sustentável permitem a melhoria da qualidade de vida dos povos da floresta, segurança
alimentar com a conservação da biodiversidade da Amazônia.
2Plântula: Embrião desde o início do seu desenvolvimento, em consequência da germinação da semen-
te, até a formação das primeiras folhas.
8Manejo da Castanha - Módulo II
Vamos apresentar neste curso informações básicas 
sobre a ecologia da castanheira; relevância so-
cioeconômica da castanha-do-brasil, integrando o 
reconhecimento do modo de vida das comunidades 
extrativistas; as boas práticas de manejo da espécie 
(importância, técnicas, beneficiamento, armazen -
mento, noções da legislações para a extração e co-
mercialização da castanha, bem como as principais 
orientações para produção orgânica)!
Agora é “entrar na floresta”
e conhecer os benefícios de 
uma produção sustentável. 
Sejam bem-vindos!
Isso mesmo, Ana! 
Vamos conhecer a 
Castanheira e todo o 
seu ciclo reprodutivo.
9 Manejo da Castanha - Módulo I
1.2.1 Floração e polinização
As flores da castanheira possuem uma estrutura e -
pecial, sendo polinizada apenas por abelhas grandes 
(dos gêneros Xilocopa e Bombus) capazes de abrir a 
flor e promover a troca de pólen. As flores são gr -
des, de cor branco amarelada ou creme, formadas de 
seis pétalas e numerosos estames (BARBEIRO, 2012).
1.2 Botânica
Fonte: Embrapa
Segundo Barbeiro (2012), o início da floração varia
de acordo com a região, ocorrendo de agosto a no-
vembro, durante os meses secos do ano com menor 
índice de precipitação pluviométrica, [...]. No leste 
da Amazônia, a floração inicia-se no fim da estaçã
chuvosa (setembro) com maior índice de precipitação 
pluviométrica] e estende-se até fevereiro com uma 
maior intensidade em outubro – dezembro.
1.2.2 Frutificação
O fruto da castanheira tem forma de cápsula, possui 
casca lenhosa e espessa, variando de tamanho e 
peso conforme a região em que se desenvolve. Con-
tém de 5 a 25 sementes (castanhas), dispostas em 
torno do eixo central.
A castanheira produz frutos só uma vez por ano, pois 
demoram mais de um ano (14 a 15 meses) para se-
rem formados (CYMERYS, et al., 2005). Geralmente, 
o período em que os frutos caem da copa da casta-
nheira vai de novembro a março, mas pode variar de 
acordo com a região.
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
A produção de uma árvore varia muito em função 
de vários fatores, dentre os quais: o ano, a região, a 
grossura da árvore (Circunferência do tronco medida 
a 1, 30 m acima do solo – CAP), as condições da 
copa e da própria característica genética da árvore. 
Em função disso, a produção de um castanhal pode 
10Manejo da Castanha - Módulo I
ou não variar de uma safra para outra. Pode variar de 0 a 2000 frutos por árvore, por isso é fundamental 
fazer a estimativa da produção.
1.2.3 Dispersão
A dispersão da castanheira depende da interação com a fauna. As cutias (Dasyprocta spp.) e os 
macacos caiarara (Cebus kaapori) e prego (Sapajus apella) são responsáveis por grande parte da 
dispersão de sementes. Estes animais, especialmente as cutias, enterram as sementes para servir 
de alimento na época de escassez e se esquecem de muitas delas que acabam germinando. Desta 
maneira, ocorre o processo de dispersão.
No Brasil, a castanheira 
está presente na Amazônia 
Legal3 nos estados desta-
cados no mapa e, predo-
minantemente, nas áreas 
altas de terra firme, com
melhor desenvolvimento 
em clareiras. Os maiores 
castanhais ocorrem, prin-
cipalmente, nos estados 
do Acre, Amazonas, Pará, 
Rondônia e Mato Grosso.
1.3 Ocorrência e densidade
Mapa das regiões brasileiras e a ocorrência da castanheira Bertholletia excelsa H & B
11 Manejo da Castanha - Módulo I
3Amazônia Legal: Atualmente, a Amazônia Legal corresponde à àrea dos estados da Região Norte 
(Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), acrescidos da totalidade do estado de 
Mato Grosso e dos municípios do estado do Maranhão situados a oeste do meridiano 44°.
Fonte: IBGE
4Densidade: A densidade de uma espécie diz respeito à quantidade de plantas em determinada área, 
sendo expressa em número de árvores/ha.
5Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde exercem 
suas atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais 
de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes e a proteção dos 
meios de vida e da cultura dessas populações. Permite visitação pública e pesquisa científica
A castanheira também está presente na Bolívia, Peru, Guianas, Suriname e Venezuela. Estudos demonstram 
que em áreas naturais a densidade4 de árvores adultas varia de 1 a 5 por hectare, mas de uma maneira 
geral costuma-se dizer que, em média, encontra-se 1 árvore em idade produtiva por hectare.
A castanheira ocorre em 
agrupamentos conhe-
cidos como castanhais 
ou “bolas”. O número de 
castanheiras por hectare 
pode variar. Por exemplo: 
no Acre, lá na Resex5 Chico 
Mendes pode ter de 1 a 4 
árvores por hectare. Já no 
Pará na Flona6 de Caxuanã 
são de 10 a 12 árvores 
por hectare, e na 7Flota do 
Trombetas, a densidade 
varia muito, entre 0 a 15 
árvores por hectare. 
Chica, temos também as 
RDS8, dentre elas a Piagaçú-
-Purus, que possui os maiores 
castanhais nativos do 
Amazonas.
Mas não vamos nos esquecer 
que mesmo sendo um grande 
castanhal, devemos manejar 
com boas práticas. Devemos 
lembrar de que durante muito 
tempo a floresta foi explorada
sem nenhum cuidado, e por 
isso os rios estão secando, os 
animais já não têm tanto ali-
mento, e isso tem que mudar!
12Manejo da Castanha - Módulo I
6Floresta Nacional: área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas, visando o uso
sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica. É admitida a permanênc
de populações tradicionais que a habitam desde sua criação.
7Floresta Estadual: Tal como as Flonas, as Flotas seguem as mesmas características na jurisdição 
estadual.
8Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem populações tradicionais que 
se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais desenvolvidos ao longo de 
gerações e adaptados às condições ecológicas locais. Permite visitação pública e pesquisa científica
A intensificação do uso da terra e dos recursos naturais, a partir da d -
cada de 1970, por frentes de expansão agropecuária e construção de 
rodovias, ampliou a exploração madeireira ilegal e gerou desmatamen-
to e conflitos com os povos e comunidades tradicionais e agricultores
familiares. 
Ao verem ameaçadas suas práticas tradicionais de extrativismo vegetal, 
essas populações passaram a se mobilizar e dar início a um histórico 
movimento de luta que se estende até os dias de hoje, reivindicando 
também visibilidade por parte do Estado, garantia de sua permanência 
em territórios tradicionalmente ocupados, respeito às suas práticas e 
saberes, melhores condições de vida e acesso às políticas de inclusão 
socioprodutiva.
VOCÊ SABIA?
Diante desse contexto, o Estado passou a unir esforços para atender de forma diferenciada a 
esse público tão diverso. Com vistas a fortalecer a prática extrativista sustentável e a manuten-
ção das florestas, nas últimas décadas foram criadas políticas públicas e legislaçõesque vêm
favorecendo o manejo sustentável de produtos florestais de uso múltiplo, da madeira ao óleo, de
uma grande diversidade de espécies nativas, como você poderá conhecer mais no módulo 4.
13 Manejo da Castanha - Módulo I
VOCÊ SABIA?
Já há algum tempo, a castanha-do-brasil brilha no 
Brasil e no mundo, não somente pelo alto valor nutri-
tivo, mas também pelo valor comercial. O produto é 
exportado para diversos países, entre os quais Esta-
dos Unidos, Austrália, Alemanha, Escócia e Inglaterra. 
Na América Latina, a castanha-do-brasil também tem 
grande valor comercial, por exemplo, no Peru e na 
Bolívia. As inúmeras propriedades da castanha-do-
-brasil são conhecidas de longa data. Existem relatos 
de que ela começou a ser cultivada há muito tempo 
por indígenas, que a teriam apresentado aos euro-
peus com o início da colonização.
1.4 Principais produtos e usos
A introdução da castanha-do-brasil na Europa 
teria ocorrido por intermédio dos holandeses, 
ainda no início do século XVII, quando estiveram 
no baixo rio Amazonas. Naquela época, já eram 
conhecidos os castanhais do rio Tocantins, no 
sudeste do Pará.
O grande valor comercial da castanha-do-brasil no mercado internacional 
representa uma alternativa de renda para os povos da floresta e vem d -
monstrando, cada vez mais, o potencial do produto para a organização das 
comunidades, a geração de trabalho e renda, a fixação das famílias à terra
e a conservação do bioma Amazônia. Por isso, a produção da castanha está 
intimamente ligada à cultura das populações tradicionais da Amazônia.
A Lei nº 11.284, de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável, considera manejo florestal sustentável a adm -
nistração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e a -
bientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema obje-
to do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização 
de múltiplas espécies madeireiras e de múltiplos produtos e subprodutos não 
madeireiros, bem como o uso de outros bens e serviços de natureza florestal
Da Castanheira, aproveitamos várias partes com os seus produtos e 
subprodutos. Venha ver!
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm
14Manejo da Castanha - Módulo I
Casca
Uso medicinal 
(chá) para diarreia.
Amêndoa
A grande “estrela” da 
castanha-do-brasil, 
entretanto, é a amên-
doa, porque seja de 
que jeito for – fresca, 
seca, ralada, em forma 
de óleo ou de bagaço 
–, é utilizada para os 
mais diversos fins. A
amêndoa fresca pode 
ser consumida in 
natura. É dela que são 
extraídos o “leite da 
castanha”, usado na 
preparação de bolos, 
sorvetes, pratos típicos 
da cozinha amazônica, 
e a farinha, de elevado 
teor nutritivo, usada na 
merenda escolar por 
todo o País como com-
plemento/suplemento 
alimentar.
Também são utilizadas 
como ingredientes de 
outros alimentos em 
confeitarias, indústrias 
de chocolates, sorve-
terias.
Tronco
Do tronco, aproveitam-se popularmente a casca, para o preparo de chás con-
tra disfunções gastrointestinais, e a madeira, que por ser de boa qualidade, 
é indicada para reflorestamento e empregada na construção civil e naval. E -
tretanto, vale lembrar que, de acordo com a Lei nº 12.651, de 2012, apenas 
madeira de reflorestamento é passível de corte para fins madeireiro
Óleo
Ingredientes ou 
condimento de 
outros alimen-
tos na culinária;
Produção de 
cosméticos 
(cremes para a 
pele, xampus e 
condicionadores 
e sabonetes).
Ouriço
O ouriço é usado in 
natura na produção de 
artesanatos, ou quei-
mado para a produção 
de carvão, e pode, 
ainda, ser cortado e 
utilizado na decoração 
de ambientes inter-
nos. Também pode 
ser utilizado como 
medicamento caseiro 
para tratar anemia e 
hepatite.
Bagaço
O bagaço da castanha-do-brasil é 
aproveitado para a alimentação animal. 
A casca tem lugar de destaque como 
combustível para gerar energia em usi-
nas. Ralada, tem uso similar ao do queijo 
ralado, utilizada na culinária alternativa 
e naturalista.
15 Manejo da Castanha - Módulo I
Quando seca, a amêndoa pode 
ser consumida pura ou como 
ingrediente de outros produtos 
industrializados. Da amêndoa 
seca e cozida, é extraído o óleo, 
comestível ou não, utilizado na 
fabricação de produtos cos-
méticos – já que a castanha-
-do-brasil possui propriedades 
emolientes9 e hidratantes no-
táveis – e farmacêuticos. Neste 
particular, a castanha tem sido 
considerada pelo potencial 
como remédio para muitos ma-
les, inclusive do coração.
ATER
TÉCNICO
ATER
O Decreto nº 5.813, de 22 de 
junho de 2006, institui a Política 
Nacional de Plantas Medicinais 
e Fitoterápicos, para garantir o 
acesso seguro e o uso susten-
tável de plantas medicinais; o 
desenvolvimento de tecnologias 
e inovações; o fortalecimento 
das cadeias e dos arranjos 
produtivos; o uso sustentável 
da biodiversidade brasileira; e o 
desenvolvimento do Complexo 
Produtivo da Saúde.
9Emolientes: 
substâncias que 
têm a proprieda-
de de amolecer.
Importante
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a castanha-do-pará, 
além de nutrir, ajuda a combater doenças cardiovasculares. As chamadas gordu-
ras saudáveis presentes na castanha promovem a diminuição do LDL (colesterol 
“ruim”) e o aumento do HDL (colesterol “bom”), prevenindo, assim, doenças 
cardiovasculares.
Os benefícios da castanha-do-brasil para a saúde vão muito além: fontes de 
fibras, rica em vitaminas e minerais, como potássio, selênio, magnésio e zinco,
ela é popularmente conhecida pelo combate ao envelhecimento das células, 
pelo seu papel em “ativar” o cérebro, podendo potencialmente contribuir para 
a prevenção de aparecimento de tumores e doenças neurodegenerativas, 
como o mal de Alzheimer e a esclerose múltipla. Também é utilizada no apoio a 
casos de desnutrição e anemia.
Tantos benefícios sem a necessidade de um grande sacrifício, porque segun-
do os conhecimentos locais, consumir uma só castanha-do-brasil por dia é o 
suficiente para colaborar para uma vida longa e de qualidade
16Manejo da Castanha - Módulo I
Importante
Tanto para os que trabalham e manipulam, como para os que consomem pro-
dutos das plantas medicinais, é muito importante conhecer as dosagens e as 
contraindicações existentes, especialmente para gestantes, lactantes, crianças, 
idosos e pessoas com histórico de doença.
Aprendemos que 
a Castanheira dá 
vários produtos e 
subprodutos impor-
tantes para o susten-
to de muitas famílias 
na Amazônia!
Nele, aprendemos 
sobre o ciclo da 
castanheira e a 
importância dos 
animais na polini-
zação e dispersão 
dos frutos.
Os exercícios do mó-
dulo estão a seguir. 
Vamos testar nosso 
aprendizado?. 
Fechamos o primei-
ro conteúdo do nos-
so curso. Espero 
que vocês tenham 
gostado. Nos ve-
mos no próximo.
Encerramento do módulo 1
Módulo 2
Boas práticas no manejo 
da castanha
18Manejo da Castanha - Módulo II
Iniciamos o se-
gundo módulo do 
curso. Nele, você 
aprenderá sobre o 
Manejo da 
Castanha.
Você irá entender 
o processo de pré-
-coleta, atividades 
da coleta e, por 
fim, as atividades
de pós-coleta.
ATER
TÉCNICO
ATER
O extrativismo sustentável se 
baseia na visão de exploração 
de produtos florestais não m -
deireiros aliada à conservação 
da floresta nativa, na medida
em que combina conhecimentos 
e práticas tradicionais, diversas 
técnicas de coleta e extração de 
produtos florestais e conserv -
ção das áreas de manejo.
É isso mes-
mo, Carlos. 
Dessa 
maneira, 
valoriza-se 
quem vive na 
e da floresta
2. Apresentação
19 Manejo da Castanha - Módulo II
2.1 Atividades da pré-coleta
Por meio de boas práticas de manejo do fruto da 
castanha-do-brasil, será possível aprimorar o plane-
jamento do trabalho a ser realizado, o que poderá 
incrementar a produtividade e a qualidade dos 
produtos a serem extraídos, e ainda garantir boa 
qualidade de vida dos extrativistas e do ambiente 
em que vivem.
O sistema de produção tradicional é baseado na 
unidade familiar,administrada diretamente pelo 
produtor e denominada de colocação. Este sistema 
não envolve maiores investimentos tecnológicos, 
consistindo, basicamente, em técnicas tradicionais 
de coleta, amontoa e quebra dos ouriços, além do 
armazenamento na mata e transporte para as usi-
nas de beneficiamento
Saiba mais
A descrição das etapas do manejo e os cuidados para o controle higiênico-sanitário de castanha-do-
-brasil são apresentados nos documentos: 
• Procedimentos para o controle higiênico-sanitário da castanha-do-brasil na 
floresta (ALVARES, 2011)
• Castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) (BRASIL, 2012);
• Manual de segurança e qualidade para a cultura da castanha-do-brasil (EM-
BRAPA, 2004);
• Orientações para as boas práticas de manejo da castanha-do-brasil (IDAM, 
2011); e 
• Boas práticas para manejo florestal e agroindustrial de produtos florestai
não madeireiros (PINTO et al., 2010). 
São informações oriundas do conhecimento técnico científico e das práticas tradicionais utilizadas
por diversas instituições de apoio e fomento, que desenvolvem atividades relacionadas ao desenvol-
vimento da cadeia produtiva da castanha-do-brasil.
20Manejo da Castanha - Módulo II
O documento Diretrizes e recomendações técnicas 
para boas práticas de manejo a castanha-do-brasil 
cita que as boas práticas de coleta tornam-se um 
parâmetro seguro e de aplicação possível, não ape-
nas por meio de normas, mas também por acordos 
entre os diversos atores de uma cadeia produtiva. 
Importante
Saiba mais
É importante fazer um mapeamento inicial da área em que será realizada a atividade de manejo, iden-
tificando sua situação fundiária: se é uma área particular, uma área destinada pela União (Unidades de
Conservação, Projetos de Assentamento etc.) ou uma área destinada estadual. É importante lembrar 
que de acordo com a Lei nº 12.651, de 2012, todos os imóveis rurais devem estar inscritos no Cadas-
tro Ambiental Rural (CAR).
Pesquise mais sobre o CAR no portal www.car.gov.br ou procure um órgão ambiental mais próximo 
de sua comunidade.
Para os casos em que a coleta for feita em áreas de propriedade privada, 
é preciso solicitar permissão ao dono da área, de preferência, por escrito. 
Quando isso não for possível, recomenda-se obter, pelo menos, uma declara-
ção expressa na presença de testemunhas.
Caso a área de manejo esteja localizada dentro de uma Unidade de Conser-
vação (UC), como Reservas Extrativistas (Resex)10, Reservas de Desenvol-
vimento Sustentável (RDS)11 e Florestas Nacionais (Flonas)12, entre outras, 
todo o processo deve se nortear pelo plano de manejo, pelos planos de uso, 
pelos acordos de gestão comunitária e/ou acordos locais que se caracterizem 
como instrumentos de gestão.
No caso específico de outros territórios, como Projetos de Assentamento da
Reforma Agrária, também devem ser considerados os instrumentos de gestão 
existentes.
Recomenda que é possível construir um protocolo 
mínimo de orientações que permitam assegurar que 
essas espécies serão manejadas de forma a não 
comprometer a estrutura e a dinâmica das popu-
lações envolvidas e o ecossistema no qual estão 
inseridas (SOUZA, et al., 2009 citado por BRASIL, 
2012, p. 6).
http://www.car.gov.br
21 Manejo da Castanha - Módulo II
10Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde exercem 
suas atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais 
de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes e a proteção dos 
meios de vida e da cultura dessas populações. Permite visitação pública e pesquisa científica
11Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem populações tradicionais que se 
baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais desenvolvidos ao longo de gera-
ções e adaptados às condições ecológicas locais. Permite visitação pública e pesquisa científica
12Floresta Nacional: área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas, visando o uso
sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica. É admitida a permanência 
populações tradicionais que a habitam desde sua criação.
Mas existe alguma 
forma de organizar 
as tarefas na fase 
da pré-coleta?
Claro, Tião! Para o planejamen-
to das atividades, sugere-se a 
construção de um cronograma.
Não se esqueça, para entrar na 
floresta só com equipamento de
proteção individual.
22Manejo da Castanha - Módulo II
Entenda que...
A pré-coleta orienta o que fazer antes de tirar o produto da planta. É 
nesta etapa que o produtor conhece e define a área de manejo flo-
restal, seu potencial para a coleta dos frutos da castanha-do-brasil e 
estima a produção.
Quando bem executadas, as atividades de pré-coleta ajudam a aumen-
tar a eficiência na etapa seguinte, a da coleta dos frutos, encurtando
caminhos, melhorando a produtividade e reduzindo danos ambientais e 
acidentes de trabalho.
Nesta etapa, faz-se a caracterização da área, o mapeamento, seleção 
e marcação das árvores para produção, a abertura e manutenção de 
picadas e tratos silviculturais como o corte de cipós. A aplicação destas 
técnicas garante uma coleta mais eficiente, melhorando a produção e o
trabalho do extrativista.
Para aprimorar o cálculo sobre a capacidade de produção, o ideal é 
que se anote a produção individualizada (por árvore) de, pelo menos, 
um conjunto determinado de castanheiras.
Assim, será possível obter valores precisos da produção média por 
árvore e por safra. Para tanto, deve-se realizar uma seleção das 
castanheiras que serão acompanhadas de perto.
23 Manejo da Castanha - Módulo II
Você sabia que a propos-
ta de estimar a produção 
anual é importante para 
que inicie o registro de 
sua produção e comece, 
a cada safra, a projetar a 
produção total de sua área 
de coleta?
Pois é, Ana. Tendo a 
estimativa da produção, 
podemos comparar a 
quantidade planejada com 
a quantidade coletada de 
fato. Com isso, podemos 
nos programar para aten-
der os diferentes tipos de 
mercado.
A primeira atividade a ser realizada é a identificação do castanhal, loc -
lização das castanheiras, quantidade de árvores existentes, localização 
das casas, aldeias, vilas, barracões de armazenamento, rios, igarapés 
e estradas. Além disso, temos que conhecer a capacidade de produção 
da nossa área. Vamos tomar como base uma lata de 10 quilos e anotar 
quantas latas cada castanheira enche com os seus frutos.
Vamos para um exemplo. Em uma área mapeada, temos 12 árvores com 
frutos e cada árvore enche duas latas, temos:
Número de castanheiras com frutos: 12 x
Número de latas (de 10kg) de castanhas por árvore: 2
Total de latas (de 10 kg) de castanhas na área mapeada: 24 x
Peso médio de castanhas: 10 kg
Capacidade de produção da área mapeada (em quilos): 240 kg de castanhas
12 x 2 = 24
24 x 10 = 240
24Manejo da Castanha - Módulo II
Para calcular a produção por hectare (ou outra me-
dida de área), basta dividir essa produção total pelo 
tamanho da(s) área(s) do castanhal.
Pode ser feito de maneira bem simples, com um 
desenho feito manualmente ou também a partir de 
dados obtidos com aparelho receptor GPS (Global 
Positioning System13), bússola, passos calibrados, 
imagem de satélite ou até mesm o fotografias aéreas
(ALECHANDRE et al., 2007; BRASIL, 2008; EMBRA-
PA, 2004).
13Global Positioning System: significa, em
português, sistema de posicionamento 
Global. Aparelho móvel que envia informa-
ções e imagens georreferenciadas captadas 
via satélite sobre a posição de algo, em 
qualquer horário e em qualquer condição 
climática na Terra.
2.1.1 Identificação e demarcação 
das áreas produtivas
25 Manejo da Castanha - Módulo II
Portanto, considera-se um bom mapa aquele que 
reúne todas as informações da área que se pre-
tende manejar. Durante a coleta desses dados, 
também são anotados dados de CAP (circunfe-
rência medida a 1,30 m acima do solo ou Circun-
ferência à altura do peito) e observaçõessobre 
árvores produtivas, presença de cupins e cipós e 
condições do local, como área alagada ou outra 
restrição. Como resultado, é feito um croqui ou 
mapa com informações sobre acesso à área de 
manejo e localização das castanheiras já mapea-
das e marcadas com plaquetas, tinta ou fitas
2.1.1 Identificação e demarcação 
das áreas produtivas
2.1.2 Seleção das árvores
Inventário Florestal
Quando for realizar a etapa de inventário florestal, é importante que faça antes a abertura das trilhas e limp -
za da área a ser inventariada. Esta medida evita acidentes e facilita a identificação das árvores
Trena (de 50 metros): Trena (de 
50 metros): para medir a distância 
das árvores em relação às trilhas.
Aparelho GPS: para envio 
de informações e imagens 
georreferenciadas.
26Manejo da Castanha - Módulo II
Principais equipamentos de proteção individual (botas, capacete, calça comprida, luvas, bainha 
para o facão): para envio de informações e imagens georreferenciadas.
Equipamentos de proteção individual (botas, capacete, calça comprida, luvas, bainha para o facão): 
para reduzir os riscos de acidentes causados por animais peçonhentos, por queda dos ouriços, 
pedaços de galhos ou cipós, por contato com espinhos, pedaços pontiagudos da vegetação ou com o 
próprio facão, entre outros riscos.
Prego, martelo, plaquetas de alumínio ou fitas de plástico resistente: para identificar com um
número de ordem (o mesmo anotado na planilha ou caderno) cada árvore inventariada, fixe a
placa identificadora ou amarre a fita no prego fincado no tronco da árvo
Fita métrica ou trena: para medir a espessura das árvores. Caso você tenha uma fita diamétrica,
você pode anotar diretamente o diâmetro da árvore ao invés de sua circunferência; o importante 
é que você tenha uma medida confiável que lhe permita acompanhar o crescimento da árvore em
espessura e associá-lo a sua capacidade produtiva.
Prancheta: prancheta, lápis, borracha, planilha ou caderno de anotações – para anotar o número 
de identificação da árvore mapeada, a espécie (castanheira, andirobeira, copaibeira etc.), caso você
decida mapear outros PFNMs, a circunferência da árvore à altura do peito (1,3 metro de altura) e 
observações sobre sua produção (por exemplo, está com flores? Com frutos imaturos? Já está “j -
gando” os ouriços? Já produziu em alguma safra? Ou seja, você se lembra de já ter coletado ouriços 
dela?).
27 Manejo da Castanha - Módulo II
Para realização do mapeamento, devemos elaborar uma ficha para anotações das informações a serem colet -
das na floresta durante o mapeamento, as principais informações a serem coletadas são (PINT et al., 2010):
Circunferência das árvores medida à altura de um metro e trinta acima do solo.
Coordenada geográfica da árvore;
Número da plaqueta de identificação da árvore;
Estimativa de produção (pode-se utilizar a unidade local, mas deve ter um referencial 
em Kg ou hectolitro);
Informações sobre floração, produtividade, existência de cipó (presença ou ausên-
cia), oco no tronco (presença ou ausência).
ATER
TÉCNICO
Na sequência, realiza-se, então, o mapeamento das árvores. O 
método mais utilizado é com receptor de GPS. Este momento 
deve ser planejado e realizado junto com o extrativista que 
maneja o castanhal. Deve-se planejar o trajeto a ser percor-
rido e a estimativa de dias de trabalho. Recomenda-se uma 
equipe de, no mínimo, três pessoas para realizar as atividades 
de: operação do GPS, identificação e medição das árvores e
anotação do dados.
Deve-se utilizar uma ficha de mapeamento com informações sobre o produtor, a localização da área e dados
das árvores (ALECHANDRE et al., 2007).
Observe o modelo.
28Manejo da Castanha - Módulo II
ATER
TÉCNICO
É importante con-
figurar o aparelho
GPS escolhendo o 
tipo de coordenada 
e datum normal-
mente utilizado 
pelas instituições 
locais. Logo após o 
trabalho de cam-
po, é fundamental 
passar os dados 
colhidos pelo GPS 
para o computador 
em pastas com 
indicação de data.
No mapeamento e marcação de todas as cas-
tanheiras adultas e jovens (árvores com porte 
para produção, mas que ainda não produzem) da 
colocação, serão selecionadas as árvores a serem 
exploradas. A recomendação é que seja adotada a 
circunferência da árvore medida à altura de um me-
tro e trinta acima do solo (CAP) maior ou igual a 90 
cm, ou diâmetro da árvore medida à altura de um 
metro e trinta acima do solo (DAP) maior ou igual a 
30 cm para o mapeamento das castanheiras.
Além do CAP, o inventário pode trazer informações 
sobre a produtividade da árvore, presença de 
cipós, entre outras informações que tenham rela-
ção direta com a produtividade de cada indivíduo 
(BRASIL, 2012; PINTO et al., 2010).
TÉCNICA
Mapa
29 Manejo da Castanha - Módulo II
Identificação da árvore (localização ou numeração)
Georreferenciamento (opcional);
Circunferência à altura do peito;
Informação sobre a presença de florescência
Identificação do estado da copa em relação à sua forma, classificando-
em “boa”, “quebrada” ou “ruim” (com galhos comprometidos);
Produção estimada (opcional – essa variável deve ser anotada nos casos 
em que o produtor tem uma estimativa média de produção para as árvo-
res) – Ocorrência de cipós entrelaçados na copa, causando má formação 
dos galhos ou comprometendo a copa.
2.1.3 Levantamento do 
potencial produtivo
Nesta fase, devem ser mapeadas as castanheiras com circunferência à altura do peito 
(CAP) mínima de 30 cm e identificados os pontos de amontoa e quebra dos frutos nos
casos em que há predeterminação desses pontos. Em uma ficha de campo, devem ser
anotados os seguintes dados:
Esses dados são úteis ao monitoramento da produção e possibilitam a 
indicação de possíveis tratos silviculturais na etapa de conservação das 
áreas de coleta.
O potencial produtivo para o manejo da castanha-do-brasil é determina-
do por meio de um inventário florestal que, com base na contagem de
plantas consideradas produtivas, permite que se faça uma estimativa da 
produção para toda a área manejo.
ATER
TÉCNICO
30Manejo da Castanha - Módulo II
De posse desses dados, poderão ser geradas as seguintes informações:
Identificação da estrutura e dinâmica populacional – curva 
diamétrica14 e estágios de desenvolvimento;
Critérios para definir as árvores produtivas para a safra
Estimativa da produção da área (por hectare e por árvores) e para a 
safra (anual).
A contagem das castanheiras deverá ser registrada em ficha de campo, organizada
com nome da área, quantidade de castanheiras, classificação da árvore – produt -
va, jovem e improdutiva – e estimativa de quantidade de frutos.
O inventário florestal indica se a floresta está se expandindo, se novas árvores estão crescendo na florest
se estão saudáveis, a que espécies pertencem e qual seu potencial produtivo. Saber como as espécies se 
distribuem é importante para trabalhos de regeneração de áreas degradadas.
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
14Curva diamétrica: 
representa a distri-
buição do número 
de indivíduos en-
contrados em cada 
classe de diâmetro.
31 Manejo da Castanha - Módulo II
Deve-se estimar a produção da castanha-do-brasil considerando sempre o contexto regional e as unida-
des de medida (lata, saca, hectolitro etc.), dado um referencial em quilograma, assim como apresentar 
a estimativa da produção por área (castanhal) e indicar a quantidade de castanheiras. Os dados cole-
tados nos levantamentos das áreas de produção, seja por censo, seja por inventário florestal, geram as
seguintes informações:
Quantidade de árvores nas diferentes classes de diâmetro (a partir do 
diâmetro mínimo estabelecido para a realização do inventário florestal)
Quantidade de árvores consideradas produtivas (considerando o poten-
cial total de produção por classe de diâmetro e ocupação do dossel);
Estágios de vida: crescimento, recrutamento e mortalidade;
Densidade e frequência;
Estimativa da produção por árvore e total (quilos, sacas etc.).
2.1.4 Estimativa de produção
Que tal agoraa gente ver 
um exemplo de tabela?
32Manejo da Castanha - Módulo II
Saiba mais
A capacidade produtiva das castanheiras varia bastante de árvore para árvore, de safra para safra 
em uma mesma árvore, varia também com a idade e o tamanho da árvore entre outros fatores, ha-
vendo inclusive árvores nativas, grandes e aparentemente saudáveis que não produzem. Por isso, é 
difícil chegar a uma quantidade média de produção por árvore que seja característica da espécie.
 
Um estudo realizado no município paraense de Marabá observou que uma castanheira produz, em 
média, 29 ouriços por ano, equivalente a cerca de 3 quilos de castanha (amêndoa com casca) por 
árvore por ano (Salomão, 1991). Outro estudo informa que castanheiras jovens (em torno de 16 
anos) produzem entre 30 a 50 ouriços por ano, porém, castanheiras com idade entre 200 a 400 
anos chegam a produzir até 1.000 ouriços por ano! (Shanley et al., 2006).
É comum encontrar ao redor das castanheiras restos de ouriços 
(inteiros e/ou quebrados) das safras passadas. O contato dos ou-
riços e castanhas com o solo, em temperatura elevada e umidade 
durante todo o ano, favorece o desenvolvimento e proliferação de 
fungos.
Portanto, é necessária a limpeza da base das castanheiras antes 
do início da nova safra com o objetivo de eliminar ouriços e restos 
de castanhas da safra anterior, como medida preventiva e dimi-
nuição da contaminação dos frutos da nova safra. Esta prática é 
importante para manter a qualidade do produto, pois evita a sua 
contaminação por substâncias prejudiciais a saúde humana.
Saiba mais
O corte de cipós deve ser feito não só nas árvores que serão exploradas, mas como em castanhei-
ras jovens que ainda não produzem frutos. Com o corte de cipós, as plantas jovens são liberadas 
para que cresçam e se desenvolvam sem impedimentos, enquanto as árvores produtivas têm sua a 
produção favorecida, uma vez que o lançamento de folhas novas está diretamente relacionado com 
a floração e, consequentemente, a produção de frutos. O corte de cipós só deve ser realizado para
esses dois objetivos, pois também são importantes na floresta, sendo fonte de alimento para fauna,
entre outras interações.
2.1.5 Limpeza na base 
das castanheiras
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
33 Manejo da Castanha - Módulo II
TÉCNICA
Nossa, Chica! É isso aí, 
luvas, capacete e botas.
A mudança dos hábitos 
e costumes é importante 
quando se quer melho-
rar a produção e qua-
lidade do produto que 
trabalhamos.
Gostei, Ana! Muitas ativi-
dades da pré-coleta nós 
da comunidade já fazía-
mos, mas nem sempre a 
gente anotava e poucos 
usavam os equipamen-
tos de segurança. Isso 
eu já aprendi! E agora? 
Vamos para a etapa da 
coleta? Essa eu quero 
acompanhar direitinho!
Esta é a etapa em que se realiza o manejo propria-
mente dito, desde a extração ou coleta dos produ-
tos florestais não madeireiros até a sua retirada de
dentro da floresta. É quando se põe em prática o
que foi planejado na pré-coleta: os locais em que a 
castanha será coletada (áreas), quando e quantas 
vezes as coletas serão feitas (ciclo e periodicidade) 
e as técnicas e ferramentas que serão utilizadas.
 
Além disso, é importante prever ações que reduzam 
impactos ou danos ao meio ambiente, como plane-
jar os caminhos e acessos que serão utilizados na 
coleta, cuidando para que estejam limpos e bem 
sinalizados.
2.2 Atividades da coleta
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
34Manejo da Castanha - Módulo II
É importante realizar atividades que assegurem a eficiência da
extração da castanha-do-brasil, com redução de riscos de aciden-
tes e sem perda de qualidade dos frutos. Trata-se de atividades 
ligadas ao preparo e à manutenção das áreas produtivas, realiza-
das ao longo do ano e fora do período de coleta.
Nesta etapa, deverá ser definido um plano de coleta com a seleção
e identificação dos castanhais produtivos, dos que serão dest -
nados à coleta e daqueles que deverão ser mantidos sem coleta, 
para atender às necessidades da fauna local e para a regeneração 
natural da espécie.
TÉCNICA
Importante
Do plano, deverá constar, também:
a localização das áreas de coleta;
a quantidade de árvores destinadas à coleta;
a descrição do período de coleta;
o tempo de descanso das áreas de coleta;
o tempo de empilhamento e de quebra.
Antes da coleta, deve-se realizar a limpeza embaixo das castanheiras para evitar acidentes com 
animais peçonhentos. Para essa tarefa, deve-se utilizar uma vara de cabo longo com uma foice na 
ponta.
2.2.1 Planejamento da coleta 
dos frutos
35 Manejo da Castanha - Módulo II
15Planilha: tipo 
de formulário em 
que se registram 
informações que 
podem ser atua-
lizadas à medida 
que se altera um 
ou mais dados 
que a compõem.
É recomendável definir um planilha15 para o controle da coleta, identificando: ár -
as de coleta, dias de coleta, quantidade de árvores visitadas, quantidades coleta-
das (quilos), número de pessoas envolvidas no trabalho, entre outras informações.
O plano de coleta poderá ser refeito conforme a necessidade local (anual, bienal 
ou trienal) e sempre que houver necessidade de alterações.
Área de coleta
Dias de coleta
Quantidade de árvores
Quantidade de coletas
Envolvidos no trabalho
Planilha para controle de coleta
Planilha para 
controle de coleta
A queda dos ouriços de castanha-do-brasil acontece no 
período chuvoso (de maior índice pluviométrico), entre 
os meses de novembro a fevereiro. É nesta etapa que 
se realiza o manejo na prática, ou seja, a coleta dos 
produtos até a retirada de dentro da floresta (BRASIL, 
2012). Os ouriços devem ser coletados em intervalos 
estabelecidos durante a safra, evitando-se o pico de 
queda por questões de segurança, mas também evi-
tando que os ouriços fiquem muito tempo no chão da 
floresta para diminuir a contaminação por fungos.
Por outro lado, a coleta após a intensa queda dos 
ouriços faz com que os animais tenham tempo sufi-
ciente para dispersarem as sementes, favorecendo 
a manutenção dos castanhais ao longo do tempo 
(ALVARES, 2011). Para fazer a coleta com segurança, 
os coletores devem usar capacetes, além de retirar 
e amontoar os ouriços que estão debaixo das casta-
nheiras para fora do alcance de suas copas. Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
36Manejo da Castanha - Módulo II
O planejamento da coleta e a definição do castanhal e da trilha a ser percorrida ocorrem a partir das 
atividades realizadas na etapa de pré-coleta. Com base nas diretrizes técnicas para as boas práticas 
de manejo (BRASIL, 2012), é recomendada a realização de um “Plano de coleta”, que deve conter 
basicamente:
Os principais caminhos utilizados durante a coleta (descritos no mapa, 
desenho ou croqui);
Identificação e localização das árvores que serão visitadas para coleta e, 
caso existam, os pontos de amontoa e quebra;
Descrição das etapas de coleta como: época da coleta (período em meses), 
tempo de amontoa (em dias), forma de seleção das castanhas durante a 
quebra, estratégia de transporte (tempo e meio de transporte) da floresta 
para o armazenamento primário.
O planejamento pode variar 
conforme as características de 
cada local e poderá ser atuali-
zado conforme a necessidade 
local (anual, bienal ou trienal) 
e sempre que houver necessi-
dade de alterações. Por exem-
plo, no estado do Acre existem 
muitos extrativistas que coletam 
castanha e, geralmente, cada 
família possui um castanhal 
dentro de sua propriedade, o 
que facilita o planejamento e a 
coleta que é realizada na mes-
ma trilha todos os anos.
No Pará, é comum encontrar-
mos castanhais coletivos, onde 
várias famílias coletam nas 
mesmas áreas e, muitas vezes, 
utilizando as mesmas trilhas de 
coleta.
Portanto, a elaboração do plano de coleta deve ser discutida entre os produtores, levando em consideração 
as condições regionais (logística e sistema de coleta) e ambientais (época de queda dos frutos, períodos de 
chuvas ou secas, entre outros) (BRASIL, 2012).
37 Manejo da Castanha- Módulo II
No planejamento da atividade, devem ser considerados todos os materiais 
e equipamentos necessários para o processo de coleta da castanha-do-
-brasil, os quais podem evitar ou minimizar acidentes pelos coletores, bem 
como garantir o controle higiênico-sanitário da castanha. Dentre os princi-
pais materiais e equipamentos, destacamos (BRASIL, 2012):
2.2.2 Equipamentos e 
materiais
Lonas plásticas ou folhas de palmeiras: usados para evitar o contato das 
castanhas com o chão da floresta, minimizam a ocorrência de fungos que
produzem a aflatoxina ou o armazenamento de água dentro dos frutos.
Também são utilizadas mesas para organização e secagem dos ouriços, 
conhecidas como jirau7.
Principais equipamentos de Proteção individual (EPIs): calça comprida, 
botas, luvas, camisa de manga longa e capacete. Os equipamentos de pro-
teção individual, mais que obrigatórios, podem salvar vidas, principalmente 
quando a coleta é realizada durante a época de queda dos ouriços.
Sacos e paneiros: utilizados para reunir e transportar as castanhas coleta-
das na floresta e também para o transporte da floresta até a cidad
Terçado ou mão de onça/luminária: são usados para içar o ouriço que está 
no chão e levá-lo até o paneiro localizado nas costas, evitando o movimento 
de abaixar para coletar com a mão, e também minimizar a possibilidade de 
ataque de animais peçonhentos, uma vez que cobras, escorpiões e aranhas 
costumam habitar o amontoado de castanheiras que estão na mata.
38Manejo da Castanha - Módulo II
7Jirau: estrutura feita de galhos da floresta e construída a no mínimo 80 cm do chão, utilizada
para guardar os ouriços.
Muito melhor e mais seguros!
Os instrumentos utilizados na cole-
ta, como facões, cestos paneiros ou 
sacos devem estar limpos e conser-
vados para evitar outros tipos de 
contaminação (PINTO et al., 2010).
E aí, Chica. Está se 
acostumando com 
o capacete?
A IN n° 11/2010 do MAPA, que descreve os procedimentos para o controle higiênico sanitário da castanha-
-do-brasil, determina que sejam feitos os registros de todos os procedimentos realizados durante as ativida-
des, os quais devem ser feitos pelos próprios integrantes da cadeia. Tem como objetivo comprovar a aplica-
ção das medidas de prevenção e redução da contaminação da castanha-do-brasil por aflatoxinas, por esta
razão são denominados como autocontrole (ALVARES, 2011). Os registros podem ser feitos em cadernetas 
de campo ou fichas, as quais devem descrever o início e término de cada etapa realizada. O quadro ao lado
apresenta um modelo de registro dos procedimentos durante a coleta.
2.2.3 Registro de procedimentos 
durante a coleta
39 Manejo da Castanha - Módulo II
Importante
ATER
TÉCNICO
Os registros também devem ser feitos pela 
associação ou cooperativa, caso o grupo 
realize a comercialização por meio dessas 
organizações.
É importante também realizar o acompanhamento e monitoramento da produção, por meio de anotação 
de toda a produção de castanha coletada durante a safra. Essa atividade poderá auxiliar, futuramente, 
no cálculo da estimativa da capacidade de produção do castanhal. Com base nas árvores mapeadas, é 
realizada a anotação de produção por árvore. Isso é importante para saber se a quantidade produzida 
varia de uma safra para a outra. Essa ferramenta pode auxiliar a negociação da venda da castanha com 
o mercado consumidor (PINTO et al., 2010).
40Manejo da Castanha - Módulo II
2.2.4 Amontoamento
Nas áreas de manejo de difícil acesso ou distantes da comunidade, o aconselhá-
vel é fazer um pré-armazenamento em estruturas semelhantes aos jirais, feitos de 
galhos da floresta e construída a, no mínimo, 80 cm do chão. Este armazename -
to deve ser feito no menor tempo possível, sendo quebrados posteriormente.
O local deve ficar fora do alcance da copa da castanheira para evitar que acide -
tes aconteçam com a queda de ouriços, e deve ser diferente daquele escolhido 
na safra anterior, pois restos que ficarem de um ano para o outro no chão da
floresta podem ser fonte potencial de fungos produtores de aflatoxinas
Se a pilha de ouriços for ficar por vários dias na floresta, estes devem ser espal -
dos sobre os jirais, com a abertura na parte de baixo, para aumentar a circulação 
do ar, reduzir a retenção de umidade e o risco de contaminação das castanhas. 
O tempo de amontoa deve ser de, no máximo, 3 dias (ALVARES, 2011; BRASIL, 
2012; EMBRAPA, 2004; IDAM, 2011; PINTO et al., 2010).
Modelo de ficha para controle de produção
41 Manejo da Castanha - Módulo II
Neste tópico, iremos tratar do trans-
porte do produto da floresta para a
casa do extrativista ou paiol (familiar 
ou comunitário). Após a quebra e 
embalagem, o transporte geralmente 
é feito por animais de carga em sacos 
de ráfia ou por pessoas utilizando
cestos de fibras naturais denominados
paneiros. Em ambos os casos, os ma-
teriais devem estar limpos e em boas 
condições (BRASIL, 2012; EMBRAPA, 
2004).
 
Recomenda-se transportar as casta-
nhas no mesmo dia da quebra dos 
frutos. Durante o transporte, é impor-
tante que as castanhas não entrem 
em contato direto com o corpo do 
animal, portanto, deve ser colocada 
uma cobertura entre os sacos e o pelo 
do animal (ALVARES, 2011).
2.2.5 Transporte para a unidade 
de proteção
ATER
TÉCNICO
O documento Diretrizes técnicas para as boas prati-
cas de manejo (BRASIL, 2012) recomenda que todas 
as etapas de transporte sejam realizadas utilizando 
recipientes limpos e que permitam boa aeração (sacos 
com malhas adequadas e ou paneiros), protegidas 
contra a umidade e sujidades; e separado de outros 
produtos para evitar contaminações.
42Manejo da Castanha - Módulo II
2.2.6 Ciclo e periodicidade 
da coleta
É importante planejar cada fase, principalmente o “onde” será coletado, o “quando” e “quantas vezes” serão 
feitas as coletas (ciclo e periodicidade) e quais as técnicas e ferramentas serão utilizadas (BRASIL, 2012). 
Deve-se definir um calendário de coleta ou cronograma, onde serão estabelecidas a época da coleta e quan-
tas vezes por safra (periodicidade) essa coleta ocorrerá, o que é um dado fundamental para o manejo. Estas 
informações permitirão estabelecer as estimativas de produção esperadas e o estabelecimento de ciclos de 
coleta, com períodos definidos de não coleta para determinados indivíduos.
Planejamento
Onde?
Quando?
Quantas vezes?
Realizar a primeira coleta após o pico de queda dos frutos, ou seja, 
depois que a maioria dos frutos cair;
Considerar o intervalo mínimo de 30 dias para voltar a coletar 
frutos na mesma árvore.
Para a castanha, recomenda-se realizar a coleta somente após o pico da queda dos frutos, para 
evitar acidentes e possibilitar a regeneração natural das sementes (BRASIL, 2008, 2012). Assim, 
deve-se realizar um calendário de coleta para precaver possíveis acidentes de trabalho e possibi-
litar a dispersão e regeneração natural da espécie alvo.
No cumprimento do ciclo e da periocidade da coleta, o extrativista deve:
TÉCNICA
É recomendável que os frutos não 
permaneçam muito tempo no chão 
da floresta por causa da contamin -
ção por fungos que podem produzir 
aflatoxina8 nos frutos após a coleta, 
ou mais tarde, em outro momento 
da cadeia produtiva.
8Aflatoxina: Micotoxina, grupo de subs-
tâncias tóxicas produzidas por alguns 
tipos de fungos, que se desenvolvem em 
produtos agrícolas e alimentos estoca-
dos quando as condições de umidade do 
produto, umidade relativa do ar e tempe-
ratura ambiente são favoráveis.
43 Manejo da Castanha - Módulo II
A atividade de coleta da castanha é economi-
camente inviável se um único produtor tiver 
que visitar várias vezes a mesma árvore.
Em todas as etapas da produção, é importante 
se informar e ter todos os cuidados para evitar 
que um alimento que será comercializado ou 
consumido esteja contaminado. No caso da 
castanha-do-brasil, uma importante normativa 
é a Resolução do MS/Anvisa RCD nº 7, de 18 
de fevereiro de 2011, que regulamenta os limi-
tes máximos de micotoxinas paraalimentos.
Importante
Como estratégia de conservação da espécie, é 
fundamental definir ciclos de coleta e períodos de
intervalos entre as coletas. O ideal é realizar as cole-
tas da castanha-do-brasil somente depois do pico de 
queda dos frutos, para evitar acidentes e possibilitar 
a regeneração natural das sementes. 
Na Amazônia, a safra da castanha-do-brasil varia de 
acordo com as condições ambientais de suas diver-
sas regiões, por isso é difícil definir um calendário de
coleta único para a região como um todo, devido às 
variáveis que podem interferir na produção, principal-
mente para aquelas espécies que têm como principal 
produto não madeireiro o fruto.
44Manejo da Castanha - Módulo II
Assim, o plano de coleta deve ser discutido pelos produtores levando-se em conta 
as especificidades de cada região, a exemplo da logística e sistema de coleta e
época de queda dos frutos, períodos de chuvas ou secas, dentre outras. Também é 
importante definir os períodos de não coleta para determinadas árvores em sistema
de rodízio, para não saturar todas as castanheiras. 
Para garantir a qualidade das castanhas, a primeira coleta deve ser feita logo de-
pois que a maioria dos frutos (ouriços) tiver caído. O ideal é que a coleta seja feita 
durante a safra, com intervalo mínimo de 30 dias entre uma coleta e outra.
Eita, que esse curso tá bom 
demais! Estamos aprendendo 
bastante e melhorando o nos-
so manejo de castanha. Mais 
produção, menos perdas e a 
qualidade do nosso produto 
cada vez melhor. E pra fechar, 
vamos para a fase da Pós-co-
leta, né, Ana?
Verdade, Carlos! As boas 
práticas do Manejo da Cas-
tanha melhoram a qualidade 
e, é claro, agregam valor 
ao produto, além de gerar 
mais renda para as famílias 
e sustentabilidade para as 
florestas! Vamos lá então
para a última etapa.
2.3 Atividades de pós-coleta
ATER
TÉCNICO
ATER
45 Manejo da Castanha - Módulo II
Recomenda-se quebrar apenas os frutos cujas 
castanhas serão transportadas no mesmo dia. Os 
ouriços devem ser quebrados sobre superfícies 
limpas e secas, e serem abertos com facão limpo. As 
castanhas devem ser colocadas sobre material de 
proteção, como lonas plásticas, folhas de palmeira 
ou sacos plásticos, evitando, assim, o contato das 
castanhas com a terra, protegendo da contaminação 
por fungos. Neste momento que é feita a primeira se-
leção das castanhas, sendo retiradas as castanhas 
quebradas, chochas e estragadas e, até mesmo, as 
que foram feridas pelo uso do facão. É importante a 
retirada das impurezas, principalmente a estrutura 
conhecida como “umbigo” (ALVARES, 2011; BRASIL, 
2012; EMBRAPA, 2004; PINTO et al., 2010).
Em algumas regiões, a lavagem é uma prática pouco 
comum como uma segunda seleção. Em seringais e 
castanhais, esta lavagem é realizada em fontes de 
água corrente, como rios e igarapés. Na lavagem em 
tanques, a recomendação que se faz é que a água 
esteja limpa. Nesta etapa, devem-se retirar as casta-
nhas podres e chochas que flutuam na água, ficand
somente as boas, que tendem a afundar (EMBRAPA, 
2004; PINTO et al., 2010).
 
Entretanto, se a secagem posterior não for eficiente,
pode resultar em aumento do teor de umidade da 
castanha, favorecendo o desenvolvimento de fungos 
produtores de microtoxinas (EMBRAPA, 2004).
2.3.1 Lavagem e seleção
Fonte: Acervo/CTA. Contrato nº 05/2013.
46Manejo da Castanha - Módulo II
Com base nas diretrizes técnicas para as boas práti-
cas de manejo (BRASIL, 2012), esta etapa deve ser 
realizada da seguinte forma:
A lavagem da castanha pode ser considerada um processo eficiente para a seleção das ca -
tanhas, pois facilita a eliminação daquelas podres, vazias e chochas, além de impurezas que 
flutuam na água. Porém, esta prática só será benéfica se a secagem for imediata, caso cont -
rio, é melhor não lavar as castanhas (BRASIL, 2012, p. 28).
A lavagem deve ser realizada com auxílio de caixas plásticas de cor clara a fim de facilitar a d -
tecção de impurezas, tais como folhas, pedações de galhos, insetos etc. Deve-se preencher as 
caixas com castanha, fazer imersão em água corrente movimentando rapidamente a caixa para 
arraste das impurezas. Em seguida, é necessário escorrer bem a água e distribuir as castanhas 
no local de secagem ou pré-secagem, que deve ser localizado o mais próximo possível. Após a 
lavagem, se as castanhas não forem secas, a umidade pode facilitar a proliferação de fungos e 
aumentar a porcentagem de perdas (BRASIL, 2012, p. 28).
Para o estado do Amazonas, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável 
do Estado do Amazonas (IDAM), através do documento “Orientações para as boas práticas de 
manejo da castanha-do-brasil” recomenda a lavagem das castanhas coletadas (IDAM, 2011).
Recomendações para lavagem
Lavagem da castanha
47 Manejo da Castanha - Módulo II
2.3.2 Secagem
Essa é a fase mais importante do manejo 
da castanha na floresta para evitar a co -
taminação por aflatoxinas. As sementes d -
verão secar naturalmente sobre mesas ou 
sobre o chão telado em paiol, sempre limpo, 
construído para esse fim. Em locais que
não possuem mesas e paiol estruturado, as 
castanhas podem ser colocadas na sombra 
sobre uma lona estendida no chão. A cama-
da de castanhas deve ser menor que 20 
cm de altura e o revolvimento deve ser duas 
vezes ao dia. Neste momento é feita uma 
terceira seleção, eliminando as castanhas 
com rachaduras, podres, cortadas, chochas 
ou outro aspecto comprometedor. Com 
cerca de sete dias a castanha já poderá ser 
ensacada (ALVARES, 2011; ALVES, 2009; 
IDAM, 2011; PINTO et al., 2010).
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
É importante não misturar na mesma pilha 
de secagem as castanhas que já estão 
quase secas, com castanhas ainda úmidas. 
Deve-se impedir o contato de animais com 
o produto para evitar contaminações e, 
além disso, não permitir que as castanhas 
tenham contato direto com o sol ou com a 
chuva, pois o sol influenciará no sabor da
amêndoa, deixando-a com gosto rançoso, e 
a chuva causará mofo (IDAM, 2011).
48Manejo da Castanha - Módulo II
O documento Diretrizes técnicas para as boas práticas de manejo (BRASIL, 2012) recomenda que 
esta etapa seja realizada da seguinte forma:
 
Deve ser realizada ainda na área do produtor, a fim de se reduzir o risco de ap -
drecimento por excesso de umidade;
Deve ocorrer em estrutura adequada (armazém ou paiol) e ter acesso restrito (es-
cada removível, local para fechamento com cadeados ou chaves);
Deve ser feita em superfície limpa (na estrutura citada no item anterior), onde as 
castanhas serão dispostas em camadas de 20 cm e revolvidas a cada dois (02) 
dias, fazendo uma segunda seleção das castanhas, com a retirada de castanhas 
estragadas e cortadas, além de outras impurezas;
Nos locais onde a prática da lavagem das castanhas é realizada, a pré-secagem 
deve ser imediata e mais intensa. A camada de castanhas deve ser menor que 20 
cm de altura e o revolvimento deve ser diário (BRASIL, 2012, p. 29).
Segundo Leite (2008), a castanha-do-brasil, para ser armazenada na floresta, necessita de uma
estrutura de secagem que permita uma rápida redução da atividade de água16 para teor seguro 
(menor que 0,70). Caso contrário a armazenagem prolongada só é recomendada se houver possibili-
dade de controle local quanto à umidade relativa e temperatura do ambiente de armazenamento.
Atenção
16Atividade de água (Aw): Relação entre a pressão de vapor de água em equilíbrio sobre o alimento 
(Ps) e a pressão de vapor da água pura (Po), à mesma temperatura, que expressa o teor de água livre 
no alimento. A importância da atividade de água está na sua relação com a conservação dos alimen-
tos. O valor máximo da atividade de água é 1 na água pura.
Fonte: Disponível em: ftp://www.ufv.br/Dea/Disciplinas/Evandro/Eng671/Atividade%20de%20agua/
atividade_de_ agua_e_reacoes.PDF> Acesso em: 17 abr. 2014.
ftp://www.ufv.br/Dea/Disciplinas/Evandro/Eng671/Atividade%20de%20agua/
49 Manejo da Castanha - Módulo II
2.3.3 ArmazenamentoO armazenamento é a etapa mais importante para a 
qualidade da castanha e para evitar a contaminação 
das amêndoas por fungos. Caso a produção não seja 
comercializada imediatamente, o produto deve ser ar-
mazenado com casca (a granel) em galpão de madei-
ra e tela. O tamanho do armazém deve ser de acordo 
com a produção, a fim de se evitar grandes pilhas de
castanha, pois dificultam a circulação de ar. O galpão
deve ser construído a uma altura de 0,8 m a 1,0 m 
do chão, para permitir a circulação do ar, e evitando, 
assim o contato com o solo, e elevada umidade.
O galpão deve ter tamanho planejado conforme 
a quantidade da produção familiar para não ficar
superlotado e ser mantido fechado durante a en-
tressafra. Não é recomendável utilizar o galpão para 
armazenar outros produtos (insumos, produtos agrí-
cola), bem como não deve permitir o acesso de ou 
frequentado por animais (PINTO et al., 2010).
As paredes e assoalhos devem ter espaçamento 
entre a madeira de 1,5 cm para facilitar a ventilação. 
Meia parede deve ser constituída de tela. Os galpões 
devem ser protegidos contra entrada de animais 
(aves, animais domésticos e silvestres e roedores), 
para isso é importante que a escada seja removível e 
nos esteios da construção do armazém devem-se im-
plantar cones invertidos ou saias de alumínio (ALVES, 
2009; EMBRAPA, 2004; PINTO et al., 2010).
50Manejo da Castanha - Módulo II
A utilização de sacos de ráfia para guardar as cast -
nhas facilita o empilhamento, o transporte, além de 
proteger as castanhas e utilizar melhor o espaço, por 
isso é necessário que estes sacos estejam limpos, não 
sendo recomendada a sua reutilização (IDAM, 2011).
 
A castanha armazenada pode ser embalada em 
sacas de 60 kg, devendo-se evitar empilhamento de 
mais de cinco sacas e permitir um espaçamento mí-
nimo de 15 cm entre as pilhas de forma a favorecer 
a circulação de ar (BRASIL, 2012; EMBRAPA, 2004).
Quando for ensacar, deve-se usar, preferencialmen-
te, sacos novos e em boas condições; ensacar em 
data próxima ao embarque para o transporte secun-
dário e identificar os lotes (produtor, data, local, etc.)
(ALVARES, 2011; BRASIL, 2012).
Em estudos realizados por Costa (2012) sobre a 
qualidade da castanha-do-brasil, foi verificado que
a armazenagem da castanha deve ser evitada em 
grandes períodos devido à elevação da quantidade 
de fungos aflatoxigênicos e aflatoxinas após 30 dia
Nesta etapa, deve ser realizado o tratamento silvicultural do castanhal. No 
extrativismo sustentável, essa atividade compreende as ações pelas quais 
o extrativista pode melhorar as condições ambientais da área em que ex-
plora determinada espécie, como capinar, roçar, adubar, podar e controlar 
as pragas.
A proteção das áreas de ocorrência dos castanhais é fundamental para 
assegurar a conservação da espécie na região de ocorrência. A castanhei-
ra é uma espécie nativa de grande valor para a população que vive do seu 
extrativismo. Por isso, é importante cumprir algumas diretrizes para garan-
tir sua conservação. Podem ser adotadas medidas tanto para manter e 
proteger as áreas, como para aumentar a produção de frutos.
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
51 Manejo da Castanha - Módulo II
Tratamentos silviculturais
Os tratamentos silviculturais, para a grande maioria das espécies, representa melhoria da produção e 
conservação da espécie a partir do enriquecimento ou plantio de mudas, de forma a permitir a manu-
tenção da espécie a longo prazo.
Uma das atividades também recomendadas é a limpeza das trilhas e dos caminhos que interligam as 
castanheiras e castanhais. A limpeza facilita a coleta e o transporte dos ouriços e das castanhas. Da 
mesma forma, o corte de cipós deve ser adotado para liberação de castanheiras jovens e reprodutivas. 
Mas só deve ser feito nos casos em que esteja bem caracterizado que os cipós estão prejudicando, 
de alguma forma, a produção de frutos ou sementes da castanheira. Caso os cipós estejam causando 
danos que impeçam o crescimento, eles devem ser eliminados.
 
Antes de cortar ou eliminar cipós, é preciso considerar que a densidade de cipós nas copas das árvo-
res pode estar diretamente ligada à manutenção do habitat17, muitas vezes benéfico para os agentes
polinizadores e dispersores de sementes.
Importante
17Habitat: Conjunto de circunstâncias físicas e geográficas que oferece condições favoráveis à vida e
ao desenvolvimento de determinada espécie animal ou vegetal.
2.3.4 Conservação das áreas 
de coleta
Não deve ser utilizada a queimada para a limpeza dos castanhais.
Para o controle de pragas e doenças, devem ser seguidas as orienta-
ções da Instrução Normativa do MAPA nº 46, de 2011, com as modifi-
cações da Instrução Normativa do MAPA nº 17, de 2014, que contém 
o regulamento técnico para os sistemas orgânicos de produção.
52Manejo da Castanha - Módulo II
A abertura de estradas e caminhos de acesso ou manutenção dos existentes reduz custos e dimi-
nui impactos negativos à vegetação causados pela atividade. Recomenda-se aproveitar os cami-
nhos existentes, mantendo-os limpos. Isso facilita:
o acesso à área de coleta;
a proteção e manutenção da floresta
as atividades de monitoramento da produção.
Recomenda-se que o plantio das mudas seja feito no sentido de enriquecimento e garantia de 
manutenção da espécie a longo prazo, reforçando a semelhança com a forma que os sistemas 
acontecem na floresta, garantindo a diversidade de espécies e não reproduzindo o sistema de
monocultura.
Caso seja necessário realizar enriquecimentos como 
forma de aumentar os castanhais, é recomendável 
fazê-lo em áreas de clareiras, devido à boa resposta 
da espécie em termos de crescimento. Neste caso, 
recomenda-se localizar as clareiras e escolher es-
paços abertos para o plantio de mudas. A distância 
mínima entre as mudas deve ser de, aproximada-
mente, 12 metros. 
No plantio de mudas, a castanheira deve ser planta-
da em covas profundas. Para o enchimento, reco-
menda-se mistura de terra vegetal com esterco e/
ou biofertilizantes ou adubação orgânica. O espa-
çamento e a densidade de plantio dependem da 
finalidade Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
53 Manejo da Castanha - Módulo II
A produção de mudas em grande escala deve ser feita em canteiros, chama-
dos de sementeiras, colocando as sementes sob a areia, com o lado da raiz 
voltado para baixo a 1 cm de profundidade.
As sementeiras devem ser de madeira, suspensas a um metro do solo. Podem ser construídas sob um ripado 
com 50% de sombra ou ter cobertura própria que evite a luz direta do sol e o excesso de chuva. O substrato 
pode ser preparado com areia e serragem na proporção de 1/1. Montada a sementeira, é hora de escolher 
as sementes e mudas. Elas devem ser de boa qualidade, prove-
nientes de matrizes selecionadas. 
E a rega deve ser feita logo em seguida, devendo ser repetida 
a cada dois dias ou quando necessário. As sementes iniciam a 
germinação dez dias após a semeadura, podendo se estender 
até cinco meses. Em 80 dias, normalmente, já devem ter ocorri-
do 70% do processo de germinação.
As mudas devem ser colocadas em sacos ou em viveiro caseiro.
Quando as mudas atingirem 40 cm de altura, ou emitirem em 
torno de 15 folhas, podem ser replantadas em local definitivo
na época chuvosa.
Plantas menos desenvolvidas deverão permanecer no viveiro 
até o próximo período de plantio, ou seja, a próxima estação 
chuvosa.
Por ser uma espécie com potencial silvicultural, a castanheira é uma exce-
lente opção para o reflorestamento de áreas degradadas de pastagens ou 
de cultivos anuais, consorciadas com outras espécies florestais. 
Caso seja necessário realizar enriquecimentos como forma de aumentar a 
população de castanheiras, é recomendável realizar o enriquecimento em 
áreas de clareiras devido à boa resposta da espécie em termos de cresci-
mento (PAIVA et al., 2008, citado por BRASIL, 2012).
ATER
TÉCNICO
ATER
54Manejo da Castanha - Módulo II
http://blog.donacastanha.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Coco-da-Castanha-do-par%C3%A1.jpg
2.3.6 Produção de mudas
Cymerys et al., (2005), cita que um teste feito nos seringais acreanos comparou o crescimento de cas-
tanheiras nas clareiras da floresta (onde ela nasce naturalmente), no roçado e no campo. Na floresta, 
elas sobreviveram bem, embora o seu crescimento tenha sido lento. Salienta que o campo oferece 
todas as condições para que a castanheira cresça bem, inclusive pleno sol, porém é preciso muito 
trabalho para construir cercados e limpar o mato ao redor para que ele não cubra a planta. Esse teste 
mostrou que o melhor lugar para plantar as castanheiras, nos seringais, é o roçado, plantando-as junto 
com o arroz e o milho, antes de o roçado virar capoeira. Assim, as plantas crescem rápido e não é pre-
ciso muito esforço para mantê-las limpas. Elas podem crescer pelo menos 1 metro em altura por ano. 
Outro exemplo citado por Cymerys et al., (2005) é no estado de Rondônia, no qual colonos no Projeto 
Reca, na fronteira dos Estados do Acre e Rondônia, obtiveram sucesso no plantio de castanheiras em 
sistemas agroflorestais. Porem, é importante destacar a necessidade de realizar o plantio em lugares 
que tenham uma mata por perto para que a castanheira possa ser polinizada e assim produzir frutos.
 O documento Diretrizes técnicas para as boas práticas de manejo (BRASIL, 2012), destaca que estu-
dos têm mostrado que uma pequena porção de árvores do castanhal é responsável pela maior parte 
da produção, isto indica que a maioria das árvores é pouco produtiva. Desta forma, não é recomenda-
do utilizar qualquer semente para a produção de mudas destinadas a plantios que visem aumentar a 
produtividade de frutos.
A coleta de sementes para produção de mudas deve ser feita em, no mínimo, 20 árvores para garantir 
a diversidade genética (BRASIL, 2012). 
Para a produção de mudas de castanha, é recomendável passar por um processo de rompimento me-
cânico do tegumento das sementes, que não deve provocar danos ao embrião (BRASIL, 2012).
Saiba mais
Os plantios de castanheiras são relativamente 
jovens, tendo sido iniciados na década de 80, e por 
ser uma espécie de produção tardia, normalmente 
após dez anos do plantio, continuam sendo alvo de 
estudos para definição de sistemas de produção 
(EMBRAPA, 2004).
Existe um número reduzido de castanhais de cultivo, 
localizados nos Estados do Amazonas e Pará.
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB n° 05/2013.
http://blog.donacastanha.com.br/wp-content/uploads/2016/05/
55 Manejo da Castanha - Módulo II
Segundo Cymerys et al., (2005), uma boa forma de tratar as sementes para 
quebrar essa dormência é coletá-las bem frescas, logo depois da sua queda, e ar-
mazená-las em recipiente com areia úmida. As sementes devem ser mantidas na 
sombra, em lugar bem ventilado e drenado. Após cinco meses, deve-se retirar as 
cascas das sementes (que agora estão muito mais soltas), jogando fora qualquer 
semente que foi danificada nas pontas. 
As sementes devem ser colocadas em um canto onde elas possam nascer sem 
serem atacadas por formigas nem ratos. Após duas semanas elas vão começar a 
germinar, com a maioria nascendo depois de um mês e meio. As mudinhas devem 
ser colocadas em um saco ou viveiro caseiro e, depois de atingirem 25 centíme-
tros de altura ou 16 folhas, plantadas em lugar definitivo.
ATER
TÉCNICO
ATER
Essa conscientização é muito 
importante, Tião. 
Não deixe de testar seus co-
nhecimentos praticando com os 
exercícios que estão no ambien-
te virtual.
Ufa! Quanta informa-
ção valiosa, Carlos! 
Agora a nossa comuni-
dade vai manejar com 
mais sabedoria! Fazer 
o uso das nossas fl -
restas e conservando 
a nossa Amazônia!
Encerramento do Módulo 2
Módulo 3
Cadeia produtiva
57 Manejo da Castanha - Módulo III
Então vamos partir 
para a Cadeia Pro-
dutiva? Conto com 
vocês!
Pessoal, ficou claro
para vocês quais são 
as etapas do proces-
so de Manejo?
Sim! Tudo o que 
aprendemos foi muito 
importante. Agora os 
procedimentos que 
devemos adotar estão 
mais claros.
Apresentação
ATER
TÉCNICO
ATER
Com certeza! Apesar 
de termos vivência 
neste tipo de traba-
lho, agora iremos 
saber trabalhar da 
melhor forma.
58Manejo da Castanha - Módulo III
3.1 Beneficiamento da produção
O beneficiamento da castanha-do-brasil é extremamente diverso, 
dependendo, principalmente, do produto final que se deseja obter 
deste processo. 
É comum as famílias realizarem o beneficiamento simples, quando 
desejam realizar a comercialização em pequena escala e agregar 
valor ao produto. 
Um exemplo disso é a venda de castanha sem casca e preparação 
de doces com castanha para mercados locais e informais.
Os produtos do beneficiamento também são diversos, como, 
por exemplo:
castanha sem casca; 
castanha desidratada e salgada; 
fatiada; 
farinhas; 
doces de castanha; 
bolo;
bolachas; 
barra de cereais; e 
óleo de castanha.
59 Manejo da Castanha - Módulo III
Por ser comercializada dentro e fora do país, há duas principais formas de comercialização: 
1) a castanha com casca, seca e polida (castanha dry)
2) a castanha sem casca, que é a amêndoa.
Independentemente do produto final a ser gerado, ao chegar à unidade beneficiadora (usina), a castanha 
passará por três etapas: recepção, limpeza e seleção (ALVES, 2009; PINTO, et al., 2010).
Como prometido, vamos 
conhecer as três etapas 
pelas quais passam as 
castanhas.
Quando chega ao armazém da usina de beneficia-
mento, a castanha-do-brasil é pesada, e coletada 
uma amostragem para o corte - análise visual quanti-
tativa da qualidade da castanha recebida (EMBRAPA, 
2004). As castanhas, ao serem entregues, devem 
estar limpas, secas, saudáveis e isentas de impu-
rezas. Os lotes recebidos que tenham mais de 10% 
de castanhas defeituosas devem ser descartados e, 
após recebidos, os lotes deverão ser identificados 
com informações sobre o fornecedor, local de pro-
dução, safra, condições de transporte e quantidade 
(EMBRAPA, 2004; PINTO, et al., 2010).
A seleção das castanhas e amêndoas pode ser feita manualmente ou em máquinas classificató-
rias que vibram, visando eliminar as deterioradas ou danificadas fisicamente. Após essa seleção, 
as castanhas serão preparadas para serem vendidas com ou sem casca, seguindo etapas de 
beneficiamento diferenciadas conforme o caso (EMBRAPA, 2004; PINTO, et al., 2010).
Esta etapa tem o objetivo de remover o excesso de matéria orgânica e terra que ainda esteja 
aderido ao produto como também de pedaços do ouriço e umbigos de castanha e que não te-
nham sido removidos nas limpezas realizadas em campo (PINTO, et al., 2010). 
2 - Limpeza
1 - Recepção
3 - Seleção
60Manejo da Castanha - Módulo III
Antes de serem armazenadas, as castanhas devem passar por 
um processo de pré-secagem, etapa que ocorre após a quebra 
e a primeira seleção das castanhas. 
A pré-secagem é fundamental tanto para as regiões em que 
não é feita a lavagem das sementes (Acre), como para as regi-
ões em que a lavagem é feita (Amazonas, Pará e Amapá). 
Nas regiões em que as castanhas são lavadas, deve-se utilizar 
água corrente ou tanques com água limpa.
Deve-se, ainda, espalhar as castanhas em superfície 
limpa (na estrutura descrita anteriormente), dispostas 
em camadas de 20 cm e revolvidas a cada dois dias 
durante a pré-secagem. É recomendável, durante essa 
atividade, realizar nova seleção das castanhas, retiran-
do as castanhas murchas e podres, e os umbigos.
 
Em algumas áreas, as castanhas são lavadas em rios 
ou cursos de água. É um momento adequado para iden-
tificar castanhas estragadas ou murchas. São as que
boiam na água.
Fonte: Acervo CTA. Contrato SFB nº 05/2013.
A pré-secagem deve ser realizada:
após o primeiro transporte e antes de as castanhas entrarem 
no primeiro armazenamento; 
em estrutura adequada, que evite o contato com o solo. Essa 
estrutura deve permitir a ventilação do produto (presença de 
frestas, meia parede de tela, altura mínima de 80 cm do solo, 
e, de preferência, piso de tela) e acesso restrito (escada

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