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RESUMO - VACINAS E VACINAÇÃO Fala galera, beleza? Finalmente chegamos ao resumo de vacinas!🙌🙌🙌 Aqui vou apresentar os principais pontos ministrados na aula que eu dei pra vocês. Inclusive, caso haja alguma dúvida, podem me mandar mensagem! 😁 (obs: esse resumo é melhor aproveitado com o slide da aula de vacinas). História (Resumida) da Vacinação Bom, começamos então com a história da vacinação no mundo ocidental. A primeira personagem que temos é Mary Wortley Montagu, a precursora da imunização contra a varíola (ou smallpox, em inglês). Em 1717, Montagu estava morando na Turquia com seu marido, que trabalhava no país como embaixador britânico. Lá, ela percebeu que muitas mulheres não tinham marcas de varíola, o que causa suspeitas quando se trata de uma doença altamente contagiosa e que tem as cicatrizes como uma de suas sequelas. Mary sabia bem disso, já que havia contraído varíola no passado e, apesar de ter sobrevivido, teve seu rosto desfigurado. Essas mulheres eram na verdade, “inoculadas”. Ou seja, retiravam uma pequena quantidade de pus de uma pessoa com varíola e depois adicionavam o material à corrente sanguínea de outros indivíduos através de pequenos cortes nos pulsos e tornozelos. As pessoas inoculadas acabavam adoecendo, porém de forma leve e sem possibilidades de contrair futuras infecções. Apesar de “proteger” o indivíduo inoculado, esse procedimento era perigoso e, muitas vezes, mortal. Juntando esse e outros fatores, Edward Jenner, em 1796, percebeu que havia uma maneira mais fácil de realizar o procedimento ao observar os ordenhadores de vacas. Ele percebeu que, ao desenvolverem varíola, eles não tinham as formas graves e nem as cicatrizes tão evidentes. Tudo isso devido à proximidade das vacas, contraíndo a doença zoonótica cowpox, que é semelhante à varíola, porém com sintomas muito mais leves. Essa observação fez então com que Jenner inoculasse o menino James Phipps com o material das lesões de cowpox da ordenhadeira Sarah Nelms. Para comprovar sua tese, Jenner injetou o vírus da varíola no menino após 2 meses (não façam isso em casa). E Phipps não desenvolveu a doença (graças a Deus). Jenner então publicou seu estudo, e deu nome do seu procedimento de “vacinação”, devido à “vacca” (vaca, em Latim) 🐄 A história das vacinas continuou e continua até hoje. Caso queira mais detalhes, coloquei alguns materiais lá nas referências, dê uma olhadinha 👀. Passamos então a entender o mecanismo de ação geral das vacinas. Mecanismo de ação das vacinas Observe essa imagem junto comigo. Em seguida, iremos juntos passo-a-passo para ver o que acontece, ok? Lembrando que existem vários mecanismos da resposta imunológica presentes; portanto, talvez seja necessário dar uma revisadinha nesses mecanismos. Ready? Bora! Pollard & Bijker, 2021 Começamos então com a introdução dos antígenos vacinais. Mais pra frente, veremos as diferentes formas de obtermos esses antígenos. Bom, continuando, a introdução dos antígenos pode ser com o uso de adjuvantes (iremos discutir mais pra frente também). Após essa introdução, há o processamento dos antígenos pelas células dendríticas, que vão para o linfonodo drenante e apresentam os antígenos para células T CD4 e CD8, pelo MHC II e I, respectivamente. O antígeno solúvel se liga também ao receptor BCR das células B específicas. As células T CD4 ativadas auxiliam no desenvolvimento da resposta imune humoral das células B, gerando uma expansão clonal, maturação de afinidade dos anticorpos e geração de células B de memória e plasmócitos. Os plasmócitos então são as células que produzirão anticorpos. Alguns plasmócitos se desenvolvem em “células de longa vida”, que voltarão para a medula óssea e são responsáveis pela secreção basal de anticorpos (voltam pra casa 🏠). A resposta imune humoral promovida por essas células é ESSENCIAL para uma resposta imune adequada! Voltando para as células T, também há a geração de células TCD8 efetoras e de memória. Compreendido?? Agora vamos ver como introduziremos antígenos através das vacinas. Tipos de Vacinas Começamos lembrando da didática da aula. Vamos olhar o soldadinho romano (vamos chamá-lo de Andy). Vamos lembrar que a vacinação é um método de treinamento do nosso sistema imunológico contra os patógenos (e tumores) que tentam nos infectar. Nosso sistema imunológico reconhece uma característica do Andy e já se prepara. Nesse caso, ele repara no moicaninho do capacete dele (uma metáfora para o antígeno). Nesse sentido, vamos comparar algumas formas de obter o moicaninho e relacionar com os principais tipos de vacinação. Aqui temos um exemplo de vacina inativada. Aqui, obtemos o moicaninho através do Andy falecido. Uma vantagem é que podemos utilizá-lo em um indivíduo imunossuprimido. Porém, não elicita uma resposta celular muito boa, sendo predominantemente humoral. Além disso, é necessário o uso de adjuvantes e doses de reforço. Já aqui temos um exemplo de vacina viva atenuada. Existem diversos métodos de atenuação do patógeno, como passagem seriada em cultura celular/ovos embrionados e deleção de genes relacionados à virulência. A vacina atenuada não é recomendada para indivíduos imunossuprimidos, já que, apesar de atenuado, o patógeno pode reverter a virulência e causar doença nesses indivíduos. Porém, produz uma resposta celular mais potente, tendo menor necessidade do uso de adjuvantes/doses de reforço. A vacina de DNA leva em consideração a informação necessária para a fabricação da proteína imunogênica e específica do patógeno (aqui, no nosso exemplo, o moicaninho do Andy). Normalmente, são construídas utilizando-se plasmídeos e inseridas no hospedeiro. Esse DNA então é convertido em mRNA, que será traduzido em proteínas e utilizado como antígeno e desenvolvimento da resposta imunológica. Também não é tão imunogênico, necessitando do uso de adjuvantes. Até hoje (julho de 2021), não existe nenhuma vacina de DNA regularizada para o uso em humanos. Se você compreendeu bem a vacina de DNA, vai entender a vacina de RNA. Ela é apenas um passo adiante ao mecanismo da vacina de DNA. Ao invés de inocular o plasmídeo com o gene de interesse, inocula-se o mRNA diretamente. Utilizando-se a maquinaria celular do hospedeiro, o mRNA é convertido na proteína imunogênica específica de interesse, gerando a resposta imunológica contra o patógeno. Também é necessário o uso de adjuvantes. Esse tipo de vacinação é extremamente nova, sendo utilizado pela primeira vez contra o SARS-CoV-2 (Moderna e Pfizer, por exemplo). Uma desvantagem dessas vacinas é sua temperatura de conservação, que pode variar de -80ºC a -20ºC. Aqui temos uma vacina que utiliza um vetor viral. Dentre essas vacinas “vetorizadas”, temos aquelas que utilizam VLPs (Virus-like particles, “partículas parecidas com vírus”, em tradução livre), vacinas com vírus replicativos e não-replicativos. Duas características essenciais dessas vacinas é que o vírus não pode ser patogênico ao hospedeiro e ele não pode ter uma imunidade anterior a esse vírus. O princípio dessa vacina nada mais é que um vírus que leva o material genético (no caso, DNA) para dentro do hospedeiro. Um exemplo que usa um vírus não patogênico é a AstraZeneca (por isso algumas pessoas tem alguma reação! É devido à resposta contra o adenovírus de chimpanzé contido na vacina, como vetor viral). Aqui então exemplificamos alguns dos principais tipos de vacinas, ou seja, maneiras como o hospedeiro adquire os antígenos. Agora, fica um resumo abaixo para melhor entendimento (obs: apesar de estar escrito sobre o SARS-CoV-2, isso se aplica a outros patógenos. Obs 2: agora já existem vacinas de RNA, como a da Pfizer. Obs 3: o final do texto sobre os VLPs está cortado no próprio site, ao clicar sobre a figura. A palavra faltante é “método”): Muito bem! Vamos agora entender um pouco mais sobre os ajudantes (adjuvantes): Adjuvantes Os adjuvantes nada mais são que substâncias que auxiliam no desenvolvimento de uma resposta imunológica mais robusta ao vacinarmos. Com a sua utilização, podemosdiminuir a quantidade de antígenos utilizados em uma vacina ou o número de doses. Um adjuvante ideal deve: ser atóxico ou toxicidade insignificante; promover imunidade longa e memória imunológica duradoura; não induzir auto-imunidade; não ser carcinogênico, mutagênico ou teratogênico. De maneira geral, existem três categorias de adjuvantes: depósito, particulados e imunoestimuladores. Os adjuvantes de depósito retardam a eliminação de ag, permitem uma resposta de maior duração. Os adjuvantes particulados são partículas que distribuem os antígenos às células apresentadoras dessas substâncias, aumentando sua apresentação. E os adjuvantes imunoestimuladores atuam mediante o estímulo de produção de citocinas; muitos deles são produtos microbianos complexos que possuem PAMPS. Um resumo está na figura abaixo: Agora todos vocês sabem como ser os coaches do seu próprio sistema imune!😅 brincadeira! Mas, de fato, temos aqui uma boa base de como funcionam as vacinas. Vamos então para a segunda parte, que é como vamos aplicar toda essa teoria na vacinação dos animais, além de como lidaremos com possíveis falhas vacinais. Respira e vamos! 💪 💪 Protocolos e Falhas Vacinais Nessa seção veremos as principais vacinas para as espécies domésticas, bem como seu intervalo de aplicação. É importante ressaltar o fibrossarcoma vacinal que pode acontecer nos felinos. Não se sabe muito bem sua etiologia, mas parece estar relacionado com o uso de adjuvantes, principalmente o hidróxido de alumínio. Por conta disso, evita-se a aplicação em locais de difícil remoção desse fibrossarcoma, confira na imagem abaixo os locais preferenciais de aplicação das vacinas nessa espécie. De nada adianta tanta tecnologia se isso não tiver efeito nos animais. Por conta disso, veremos as principais falhas vacinais, para que possamos corrigi-las caso aconteçam. Falhas vacinais Antes de falarmos das falhas vacinais per se, vamos falar de algumas boas práticas que antecedem à vacinação. Primeiro, é importante se atentar à temperatura de conservação da vacina. Normalmente, essa temperatura está entre 2 - 8 ºC (com exceção das “vacinas genéticas'', como discutido anteriormente). Por isso, é importante separar uma geladeira exclusiva para as vacinas. Segundo, sempre proteja as vacinas da luz. Terceiro, após ressuspender vacinas liofilizadas, não guarde para utilizar depois e se atente ao prazo de validade. Por fim, sempre faça a dose certa na via correta. Mesmo após essas boas práticas, falhas vacinais podem ocorrer. Acompanhe o flow chart abaixo: Além disso, nem todos os animais serão bons respondedores à vacina (lembre-se do gráfico do slide). Outro caso também é que algumas vacinas precisam de reforços, e a imunidade primária não é suficiente para a proteção adequada. Visto as falhas vacinais, veremos também possíveis reações adversas que podem acontecer. Segue: Por isso, é sempre importante que você conheça muito bem a vacina que está aplicando. Conheça o tipo de vacina, sua conservação, sua aplicação e possíveis reações adversas. Feito isso, provavelmente o animal ficará protegido! E é isso guys, espero que tenham aprendido um pouco do fascinante mundo das vacinas. O último recado deixo com a imagem abaixo: Leitura Complementar A história de Mary Wortley Montagu, a precursora da imunização contra a varíola | Super (abril.com.br) À procura de atalhos : Revista Pesquisa Fapesp Nature Milestones in Vaccines A guide to vaccinology: from basic principles to new developments | Nature Reviews Immunology https://super.abril.com.br/saude/a-historia-de-mary-wortley-montagu-a-precursora-da-imunizacao-contra-a-variola/ https://super.abril.com.br/saude/a-historia-de-mary-wortley-montagu-a-precursora-da-imunizacao-contra-a-variola/ https://revistapesquisa.fapesp.br/a-procura-de-atalhos/ https://www.nature.com/immersive/d42859-020-00005-8/index.html https://www.nature.com/articles/s41577-020-00479-7%27- https://www.nature.com/articles/s41577-020-00479-7%27-
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