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Tratamento de Esgoto: Processos e Importância

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SANEAMENTO
Eliane Conterato
Processos gerais e estações 
de tratamento de esgoto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir tratamento de esgoto.
 � Descrever quais são os processos usualmente utilizados.
 � Indicar as funções de cada nível dentro do processo de tratamento.
Introdução
Todos os dias, milhões de litros de esgoto são gerados no Brasil, e grande 
parte desse esgoto ainda é jogado na natureza sem tratamento. O esgoto 
não tratado tem uma grande quantidade de sólidos e organismos como 
vermes, bactérias, vírus e protozoários, que contaminam os recursos 
hídricos e prejudicam o desenvolvimento da vida aquática e da vida no 
seu entorno, inclusive transmitindo inúmeras doenças. As impurezas 
presentes no esgoto podem e devem ser removidas em grande parte 
pelos processos de tratamento, antes do efluente ser lançado na natureza, 
em córregos e rios.
Neste capítulo, você estudará os principais métodos utilizados no 
tratamento de esgoto, que são capazes de tornar o efluente adequado 
para posterior lançamento na natureza.
O tratamento de esgoto e sua importância
Esgoto nada mais é do que a água transportando sólidos que são despejados 
de residências e indústrias todos os dias. Esses sólidos presentes no esgoto 
são responsáveis pela deterioração da qualidade de um corpo d’água quando 
lançados nele sem um tratamento adequado. 
Quando o esgoto é lançado sem tratamento, acaba consumindo grande 
parte do oxigênio dissolvido na água nos processos de degradação da matéria 
orgânica. Conforme Von Sperling (2005), o consumo se deve aos processos de 
estabilização da matéria orgânica realizados pelas bactérias decompositoras, 
que utilizam o oxigênio disponível no meio líquido para sua respiração. Essa 
redução de oxigênio dissolvido tem diversas implicações do ponto de vista 
ambiental, sendo um dos principais problemas de poluição das águas. 
Conforme menciona o autor, a autodepuração é a capacidade de um curso 
d’água se recuperar por meio de mecanismos puramente naturais. O tempo 
necessário para a autodepuração depende do corpo receptor: em um rio ou 
mar, o fenômeno pode durar menos que em lagos, pois a agitação favorece a 
aeração do escoamento, acelerando o processo. Um fator importante a con-
siderar na autodepuração é a capacidade de assimilação do corpo d’água. O 
autor coloca que, sob uma visão prática, a capacidade de um corpo d’água 
de assimilar despejos é um recurso a ser explorado, desde que não apresente 
problemas do ponto de vista ambiental. Esse lançamento de cargas poluidoras 
não pode ser admitido acima do limite aceitável, ou seja, acima da capacidade 
de assimilação do corpo d’água.
Durante o processo de autodepuração, pode-se distinguir duas etapas 
principais: decomposição e recuperação do oxigênio dissolvido (OD). 
Durante a decomposição, existe uma demanda por oxigênio. Conforme 
Braga et al. (2005), essa quantidade de oxigênio dissolvido na água, necessária 
para a decomposição da matéria orgânica, é chamada de demanda bioquímica 
de oxigênio (DBO); ela é a quantidade de oxigênio que vai ser respirado pelos 
decompositores aeróbios para a decomposição completa da matéria orgânica 
lançada na água. A DBO varia conforme o tipo de despejo e serve como pa-
râmetro indicador do potencial poluidor de certas substâncias biodegradáveis 
em relação ao consumo de OD.
A segunda etapa, recuperação do OD, representa o período em que o 
consumo de oxigênio torna-se menor que a reposição, então, o oxigênio volta 
a aumentar no corpo hídrico. Essa reposição, segundo Braga et al. (2005), 
acontece pelas trocas atmosféricas, devido à turbulência no curso de água, e pela 
fotossíntese. Durante o processo de decomposição, o consumo normalmente 
é maior que a reposição por ambas as fontes, e, apenas quando o processo de 
decomposição cessa, a quantidade de oxigênio volta a aumentar.
O processo de autodepuração é apresentado na Figura 1. É possível ob-
servar as zonas características desse processo: zona de águas limpas, zona 
de degradação, zona de decomposição ativa, zona de recuperação e zona de 
águas limpas novamente.
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto2
Figura 1. Regiões características do processo de autodepuração.
Fonte: Adaptada de Braga et al. (2005, p. 90).
O2
Vida aquática
superior
Zona de
águas limpas
Descarga de calor ou despejo
Ti
po
s 
de
or
ga
ni
sm
os
Co
nc
en
tr
aç
ão
Tempo ou distância
Zona de
águas limpas
Zona de
degradação
Zona de decom-
posição ativa
Zona de
recuperação
Vida aquática
superior
Organismos
mais resistentes
Organismos
mais resistentes
Bactérias e fungos
(anaeróbicos)
DBO
Direção ou �uxo
Na Figura 1 também se pode observar que o oxigênio dissolvido (repre-
sentado pela linha tracejada), encontra-se em uma concentração mais elevada 
antes do lançamento do efluente, passando a diminuir na zona de degradação 
e atingindo o menor valor na zona de decomposição ativa. Na zona de recu-
peração, volta a aumentar até atingir uma concentração satisfatória. Braga et 
al. (2005) enfatiza que o nível de oxigênio reestabelecido não significa que a 
zona esteja livre de organismos patogênicos. Em relação à DBO, ela é baixa 
antes do lançamento do efluente, passando para valores máximos no momento 
do lançamento e decaindo até atingir o nível satisfatório. Sem dúvida, esse 
processo natural de tratamento de um esgoto lançado gera consequências ao 
meio ambiente. 
Quando existe a sobrecarga de nutrientes na água, ocorre um fenômeno 
conhecido como eutrofização, no qual há uma grande proliferação de algas e 
cianobactérias, que impedem a penetração da luz solar no ambiente aquático. 
Sem luz, muitos organismos que dependem de fotossíntese acabam morrendo.
A quantificação de DBO e OD durante o processo de autodepuração pode 
ser realizada através de modelos de qualidade de água. Segundo Von Sperling 
(2005), um dos primeiros modelos foi desenvolvido por Streeter e Phelps, em 
1925, e representou um marco na história de Engenharia Sanitária e Ambiental. 
Posteriormente, vários outros modelos foram desenvolvidos, aumentando o 
número de variáveis e a complexidade, como o modelo de Camp (1954) e o 
3Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
modelo QUAL2E, desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental dos 
Estados Unidos.
Para que o afeito do lançamento in natura de esgotos seja minimizado, o 
esgoto deve passar por estações de tratamento de esgoto (ETE), onde ocorre 
o mesmo processo que naturalmente aconteceria em um corpo d’água, porém 
em condições controladas, que garantem qualidade na remoção de poluição. 
No tratamento de esgoto, são utilizadas como agentes bactérias aeróbias ou 
anaeróbias que, quando encontram condições favoráveis, reproduzem-se 
em grande quantidade, degradando a matéria orgânica presente no meio. 
Para que as condições ideais sejam reproduzidas, deve ser feito um correto 
dimensionamento do sistema, considerando as características do esgoto que 
chega à ETE (afluente) e as características do corpo receptor que receberá o 
esgoto depois de tratado (efluente). 
O efluente da ETE deve ser adequado ao corpo receptor, ou seja, não pode 
interferir na qualidade da água a ponto de prejudicar os usos que dela são feitos. 
No Brasil, a Resolução nº. 430, de 13 de maio de 2011, do Conselho Nacional 
do Meio Ambiente dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes 
para a gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores.
Conforme a resolução, para o lançamento direto de efluentes oriundos de 
sistemas de tratamento de esgotos sanitários, devem ser obedecidas condições 
como:
 � pH entre 5 e 9;
 � temperatura inferior a 40° C, e que a variação de temperatura não 
exceda 3° C na zona de mistura;
 � presença de no máximo 1 ml/litro de materiais sedimentáveis, sendo 
que, para o lançamento em lagos e lagoas, esses materiais deverão ser 
virtualmente ausentes;
 � máximo de 120 mg/litro de DBO,sendo que esse limite somente poderá 
ser ultrapassado no caso de ser efluente de sistema de tratamento com 
eficiência mínima de 60% na remoção de DBO ou mediante estudo de 
autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas 
do enquadramento do corpo receptor;
 � presença de óleos e graxas no limite máximo de 100 mg/litro;
 � ausência de materiais flutuantes.
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto4
Pelo link a seguir, você pode acessar o texto completo da Resolução nº. 430/2011 e 
ler mais sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, em diferentes 
condições.
https://goo.gl/E3zLSj
Para adequar o efluente ao corpo receptor, o grau de tratamento em uma 
ETE pode variar, podendo existir diversas configurações e processos que 
alcancem a eficiência necessária. Conforme Braga et al. (2005), o nível de 
tratamento pode ser classificado, segundo o grau de eficiência, em:
 � tratamento preliminar;
 � tratamento primário;
 � tratamento secundário;
 � tratamento terciário.
Veja a seguir detalhadamente cada um desses tratamentos.
Processos de tratamento de esgoto
No Brasil, a NBR 12.2009/1989 fixa as condições exigíveis para a elaboração 
de projeto hidráulico-sanitário de estações de tratamento de esgoto sanitário 
(ETE). Veja a seguir quais são os principais processos de tratamento dentro 
de cada nível.
Tratamento preliminar
Nesse primeiro nível, são retirados do esgoto os sólidos grosseiros, como lixo 
jogado indevidamente na tubulação de esgoto, folhas secas, restos de vegetais e 
tudo mais que pode ficar retido em sistema de gradeamento e sedimentado em 
caixa de areia. Esse procedimento preliminar permite melhorar a eficiência dos 
processos seguintes, evitando a danificação de equipamentos, como abrasão 
de bombas e tubulações, entupimento de tubulações ou desgaste da estrutura. 
5Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
Entretanto, a matéria orgânica não é retida nesse primeiro processo. Veja um 
esquema do tratamento preliminar na Figura 2.
Figura 2. Processo preliminar de tratamento do esgoto.
Gradeamento
Caixa de areia Medidor de vazão
Tratamento primário
Após passar pelo processo primário, o esgoto ainda contém sólidos em sus-
pensão. Conforme Nuvolari (2011), a função dessa etapa é clarificar o esgoto, 
removendo os sólidos que podem sedimentar pelo seu próprio peso. Esse 
primeiro lodo formado é chamado de lodo primário bruto. O processo de 
decomposição de parte desse lodo ocorre de forma anaeróbia no fundo do 
decantador. Posteriormente, esse lodo é removido com bombas, raspadores 
ou tubulações e tratado adequadamente, já que nem todo o volume retirado se 
encontra estabilizado (segundo a NBR 12.209/1989, o lodo estabilizado é um 
lodo que não está sujeito à putrefação). Nesse processo, também podem ser 
removidos sólidos flutuantes (óleos e graxas). Veja um esquema do tratamento 
primário na Figura 3.
Figura 3. Processo primário de tratamento de esgoto.
Esgoto
a�uente
Esgoto
e�uente
(já decantado)
Lodo primário
Partícula em suspensão
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto6
Tratamento secundário
O tratamento secundário remove a matéria orgânica e os sólidos em suspensão 
por meio de processos biológicos. Esses processos utilizam reações bioquími-
cas, realizadas por microrganismos, que podem ser bactérias aeróbias, aeróbias 
facultativas, protozoários e fungos. A participação dos microrganismos é 
fundamental nesse processo. 
Os principais poluentes removidos são a matéria orgânica em suspensão, 
os sólidos não sedimentáveis, os nutrientes e patógenos — esses dois últimos, 
parcialmente. Existem diferentes processos que são considerados tratamento 
secundário. A escolha do mais adequado depende, basicamente, das caracte-
rísticas do esgoto, das características climáticas do local, da disponibilidade 
de energia, da disponibilidade de espaço, entre outros fatores. Estas são as 
características de alguns dos processos mais utilizados.
Lodos ativados: segundo Jordão e Pessoa (2014), lodo ativado é o floco 
produzido em um esgoto bruto ou decantado pelo crescimento de bactérias 
ou outros organismos, na presença de oxigênio dissolvido, e acumulado 
em concentração suficiente devido ao retorno de outros flocos previamente 
formados. Basicamente, o lodo recircula logo após ser separado do es-
goto por sedimentação. O excesso de lodo é descartado (após tratamento 
adequado) e a maior parte retorna para o sistema, entrando em contato 
novamente com o esgoto bruto. O esgoto tratado é coletado por canaletas 
na superfície, onde passa para a próxima etapa. Visualize esse processo 
na Figura 4.
Filtros biológicos: conforme Jordão e Pessoa (2014), o contato do esgoto 
afluente com a massa biológica contida nos filtros biológicos realiza uma 
oxidação bioquímica. O mecanismo do processo é caracterizado pela 
percolação contínua do esgoto através do meio suporte. A Figura 5 mostra 
um esquema de filtro biológico, no qual se pode observar o sistema de 
aspersão e o meio filtrante. A coleta é realizada por tubulações localizadas 
no fundo do filtro.
7Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
Figura 4. Esquema do tratamento de esgotos por lodo ativado convencional.
Fonte: Nuvolari (2011).
Figura 5. Representação esquemática de filtro biológico.
Fonte: Von Sperling (2005).
Bio�lme
Meio
suporte
Esgoto
percolando
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto8
Reatores anaeróbios: essas estruturas são dimensionadas para que o trata-
mento do esgoto seja realizado por microrganismos presentes em um manto de 
lodo formado no interior dos reatores anaeróbios. Conforme Jordão e Pessoa 
(2014), essas estruturas têm, basicamente, as seguintes partes:
 � câmara de digestão: onde se localiza o manto de lodo e onde se processa 
a digestão anaeróbia;
 � separador de fases: dispositivo que separa as fases líquida e gasosa da 
fase sólida (é, na verdade, um defletor de gases);
 � zona de transição: se encontra entre a zona de digestão e a zona de 
sedimentação superior;
 � zona de sedimentação: o esgoto, com uma velocidade ascensional, verte 
pelas aberturas superiores, permitindo que os sólidos ainda presentes 
sedimentem e retornem para as zonas de transição e digestão;
 � zona de acumulação de gás: zona onde o gás se acumula para ser co-
letado posteriormente.
Conforme os autores, um bom projeto de reator costuma obter um efluente 
com eficiência da ordem de 70% de remoção de DBO. No caso de esgotos 
domésticos, geralmente, pode-se obter um efluente com concentração má-
xima de DBO inferior a 120 mg/litro e de sólidos suspensos inferior a 80 mg/
litro. Esses valores são influenciados pelo tempo de detenção hidráulico que, 
tipicamente, está entre 6 a 10 horas. 
O tempo de detenção hidráulico é o tempo que o efluente é retido no reator.
A Figura 6 mostra um reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA), 
conhecido também por sua sigla em inglês, UASB (Upflow Anaerobic Sludge 
Blanket).
9Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
Figura 6. Representação esquemática de um reator tipo RAFA ou UASB.
Fonte: Adaptada de Jordão e Pessoa (2014, p. 832).
Saída de biogás
Separador
trifásico
De�etor
de gases
Bolhas
de gás
Partículas
de lodo
Compartimento
de digestão
Compartimento
de decantação
Abertura para
o decantador
Manta
de lodo
Leito
de lodo
A�uente
Coleta do e�uente
Lagoas de estabilização: conforme Jordão e Pessoa (2014), lagoas de estabili-
zação são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria 
orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica e/ou redução fotossintética 
das águas. De acordo com a forma predominante pela qual se dá a estabilização 
da matéria orgânica, as lagoas podem ser classificadas em:
 � lagoas anaeróbias: nelas predominam processos de fermentação anaeró-
bia; imediatamente abaixo da superfície, não existe oxigênio dissolvido;
 � lagoas facultativas: nelas ocorrem simultaneamente processos de fer-
mentação anaeróbia,oxidação aeróbia e redução fotossintética; 
 � lagoas de maturação: elas têm como objetivo principal a remoção de 
organismos patogênicos — bactérias, vírus, protozoários e ovos de 
helmintos. A redução de sólidos em suspensão e de DBO é praticamente 
nula, sendo esse tipo de lagoa utilizado no tratamento terciário.
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto10
A lagoa é basicamente um sistema onde o esgoto entra em uma extremidade 
e é coletado na extremidade oposta. Esse processo demora vários dias, e o tempo 
de permanência (tempo de detenção) depende do tipo de lagoa. A Tabela 1 
resume algumas características das principais lagoas utilizadas atualmente:
Fonte: Adaptada de Von Sperling (1995).
lagoas 
facultativas
lagoas 
anaeróbias
lagoas de 
maturação
tempo de 
detenção (dias)
15 a 45 3 a 6 *
profundidade (m) 1,5 a 2 3 a 5 0,8 a 12
relação comprimento/
largura
2 a 4 1 a 3 **
relação comprimento/
largura
2 a 4 1 a 3 **
* depende do formato da lagoa e da eficiência requerida;
** em lagoas de maturação chicaneadas em célula única >10 e em série de mais de 3 lagoas, varia de 1 a 3.
Tabela 1. Resumo das características das principais lagoas utilizadas
As lagoas, apesar de demandarem uma área grande em relação a outros 
processos, apresentam boa eficiência, principalmente em regiões com clima 
quente. A Figura 7 mostra um esquema de funcionamento de uma lagoa fa-
cultativa e de um sistema australiano, que é a utilização em conjunto de lagoa 
anaeróbia e lagoa facultativa. Esse sistema é bastante utilizado, pois, com a 
remoção de DBO na faixa de 50 a 70% na lagoa anaeróbia, o efluente entra 
em uma lagoa facultativa requerendo uma área menor. De acordo com Von 
Sperling (1995), esse sistema requer cerca de 45 a 70% da área em comparação 
a uma única lagoa facultativa.
11Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
Figura 7. Esquema mostrando o funcionamento de (a) lagoa facultativa e (b) lagoa anaeróbia 
seguida de facultativa (sistema australiano).
Fonte: Adaptada de Von Sperling (1995, p. 19 e 62).
Grade
Caixa
de areia
Fase sólida
Medidor
de vazão Lagoa facultativa
Lagoa facultativa
Lagoa anaeróbica - lagoa facultativa
Corpo
receptor
Grade
Caixa
de areia
Fase sólida
Medidor
de vazão Lagoa facultativaLagoa anaeróbica
Corpo
receptor
a)
b)
Além dos processos citados, existem alternativas para o tratamento se-
cundário, que são utilizadas em tratamentos de volumes menores. Uma das 
experiências em maior escala no Brasil é a estação de tratamento ecológica 
de Juturnaíba, que faz parte do sistema de coleta e tratamento de esgoto dos 
municípios de Araruama, Saquarema e Silva Jardim, no Rio de Janeiro. Essa 
estação utiliza plantas para a absorção de nutrientes, principalmente nitrogê-
nio e fósforo, como última etapa do tratamento. A Figura 8 mostra o sistema 
utilizado na estação de Juturnaíba.
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto12
Figura 8. Plantas usadas no lugar de produtos químicos na ETE ecológica de Juturnaíba (RJ).
Fonte: Como será (2015).
No link a seguir, você encontra um artigo sobre a utilização de plantas no tratamento 
de esgoto, “Componentes do sistema de tratamento de esgoto com plantas”.
https://goo.gl/7na43W
Tratamento terciário
Este tratamento é utilizado quando se deseja obter um tratamento de qualidade 
superior para os esgotos. Nele são removidos poluentes específicos (micro-
nutrientes e patógenos), além de outros poluentes não retidos no tratamento 
primário e secundário. No tratamento terciário, removem-se compostos como 
nitrogênio e fósforo, além da remoção completa da matéria orgânica.
13Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
Entre os principais métodos de tratamento terciário estão as lagoas de 
maturação e os processos de desinfecção por cloração, raios ultravioleta ou 
ozonização. A lagoa de maturação é uma alternativa mais barata a outros 
métodos, pois a desinfecção é possibilizada basicamente pela penetração da 
luz solar, elevado pH (devido à atividade fotossintética) e elevada presença 
de oxigênio dissolvido.
Tratamento do lodo 
O lodo proveniente de estações de tratamento deve ser corretamente descar-
tado. Conforme o Brasil (2008), as etapas de tratamento de lodo de ETEs 
são quatro: adensamento, estabilização, desidratação e higienização. Mas 
nem todo resíduo gerado durante o tratamento necessita passar por todas 
essas etapas.
O adensamento consiste em concentrar os sólidos presentes no lodo para 
reduzir sua umidade. Pode ser realizado por gravidade ou por flotação, que 
consiste na adição de um polímero que facilita o arraste e o acúmulo do lodo 
na superfície do tanque. A estabilização pode ser realizada por digestão 
anaeróbia, aeróbia, tratamento térmico ou ainda estabilização química. A 
desidratação pode ser realizada por processos naturais ou mecânicos (leito 
de secagem, como exemplo de desidratação natural, e prensa desaguadora, 
como exemplo de desidratação mecânica). Existem diferentes métodos para 
a higienização; entre os mais usados estão a adição de cal e a composta-
gem. A necessidade de higienização depende da destinação final, já que a 
incineração ou a disposição em aterro sanitário requerem uma higienização 
menos rigorosa.
Veja na Figura 9 um esquema mostrando o método utilizado pela Sabesp 
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) até o destino 
final do lodo gerado nas ETEs da companhia.
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto14
Figura 9. Processo de secagem e destinação final do logo gerado em ETEs da Sabesp.
Fonte: São Paulo ([201-?]). 
Tratamentos em locais sem coleta pública de esgoto
Existem locais onde não há coleta pública, então, deve ser dado um tratamento 
individual adequado ao esgoto gerado. Esses casos se aplicam principalmente 
15Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
em áreas rurais. Um dos tratamentos mais utilizados em residências é a fossa 
séptica. 
De acordo com Jordão e Pessoa (2014), a fossa séptica consiste em uma 
câmara construída especialmente para reter os esgotos por determinado tempo, 
de modo a permitir a sedimentação dos sólidos e a retenção de materiais graxos, 
transformando-os em compostos mais simples e estáveis. Esse processo pode 
obter uma eficiência entre 30 e 65% na remoção de DBO. 
A retenção do esgoto na fossa pode variar de 24 a 12 horas, dependendo 
das condições do esgoto. Nesse período de retenção ocorre a sedimentação 
e a decomposição anaeróbia do lodo. O autor ainda cita os processos mais 
eficientes e econômicos de disposição do efluente da fossa séptica: diluição, 
sumidouro, vala de infiltração, vala de filtração e filtro de areia.
A diluição deve satisfazer as exigências, tanto para o efluente quanto 
para o corpo receptor. O sumidouro é um poço absorvente onde o efluente se 
infiltra no solo. A vala de infiltração consiste em uma vala preparada para 
receber e infiltrar o efluente sobre o solo. A vala de filtração consiste em 
uma vala preparada com tubulações de coleta, onde o efluente é despejado na 
superfície e coletado pelas tubulações (pode ser usado como um tratamento 
complementar, podendo chegar a uma eficiência de 95% na remoção de DBO).
Antes da destinação final, o efluente da fossa pode receber tratamento 
complementar; nesse caso, geralmente são utilizados filtros anaeróbios de 
fluxo ascendente, que consistem em uma câmara com camadas de material 
filtrante. A utilização de fossa e filtro em conjunto chegam a uma eficiência 
de 70 a 85% na remoção de DBO.
A estação de tratamento de esgoto de Barueri é uma das maiores da Sabesp. Localizada 
no município de Barueri, ela serve a maior parte da cidade de São Paulo. Também 
atende aos municípios de Jandira, Itapevi, Barueri, Carapicuíba, Osasco, Taboão da 
Serra, Santana do Parnaíba e partes de Cotia, Embu e Itapecerica da Serra. Veja algumas 
características dessa ETE.
 � data de início da operação: 11 de maio de 1988;
 � pessoas beneficiadas: 5,76 milhões de habitantes;� vazão média de projeto: 12 mil litros por segundo;
 � vazão atual: 9.906 litros/segundo (média de 2016).
O processo de tratamento empregado é o de lodo ativado convencional e em nível 
secundário, com grau de eficiência de cerca de 90% de remoção de carga orgânica. 
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto16
Os esgotos são transportados para a estação através de um sistema de esgotamento 
constituído por coletores-tronco, emissários, interceptores e linha de recalque, totali-
zando aproximadamente 251 quilômetros de extensão.
Figura 10. Imagem da estação e tratamento de esgoto de Barueri (SP).
Fonte: São Paulo ([201-?]).
1. Quais são os níveis de 
tratamento para o esgoto?
a) Preliminar, primário, 
secundário, secundário 
complementar e terciário.
b) Preliminar, primário, 
secundário e terciário.
c) Primário, secundário e terciário.
d) Preliminar, secundário e terciário.
e) Secundário, preliminar, 
terciário e preliminar.
2. Quais são os efeitos positivos 
do saneamento básico?
a) Melhoria da saúde da população 
e redução dos recursos aplicados 
no tratamento de doenças.
b) Melhoria do potencial produtivo 
das pessoas; dinamização 
da economia e geração de 
empregos; eliminação da 
poluição estético-visual e 
desenvolvimento do turismo.
c) Eliminação de barreiras não 
tarifárias para os produtos 
exportáveis das empresas locais; 
conservação ambiental; melhoria 
da imagem institucional; 
reconhecimento dos eleitores.
d) Diminuição dos custos de 
tratamento da água.
e) Todas as alternativas 
estão corretas 
3. Os investimentos em esgoto 
sanitário têm um forte impacto 
positivo sobre a economia dos 
municípios, com valorização dos 
imóveis residenciais e comerciais. 
Além desse impacto, podem-se citar:
a) a viabilização da instalação 
de novos negócios e o 
crescimento dos já instalados.
b) o crescimento da atividade 
de construção civil para 
atender o aumento da procura 
17Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
de imóveis; a criação de 
novos empregos a partir da 
dinamização da construção 
civil, da abertura de novos 
negócios ou do crescimento 
daqueles já existentes; o 
aumento da arrecadação 
municipal de tributos.
c) a viabilização da instalação de 
novos negócios e o crescimento 
dos já instalados; o crescimento 
da atividade de construção civil 
para atender o aumento da 
procura de imóveis; a criação 
de novos empregos a partir 
da dinamização da construção 
civil, da abertura de novos 
negócios ou do crescimento 
daqueles já existentes; o 
aumento da arrecadação 
municipal de tributos.
d) a criação de novos 
empregos a partir da 
dinamização da construção 
civil, da abertura de novos 
negócios ou do crescimento 
daqueles já existentes.
e) a abertura de novos 
negócios ou do crescimento 
daqueles já existentes.
4. As características dos esgotos, de 
uma forma geral, são determinadas 
pelas impurezas incorporadas à 
água em decorrência do uso para o 
qual ela foi destinada. Considerando 
o esgoto doméstico, quais 
parâmetros devem ser analisados?
a) Sólidos, indicadores de matéria 
orgânica, nutrientes e indicadores 
de contaminação fecal.
b) Indicadores de matéria 
orgânica e indicadores de 
contaminação fecal.
c) Indicadores de matéria orgânica, 
nutrientes e indicadores 
de contaminação fecal.
d) Sólidos, indicadores de 
matéria orgânica e indicadores 
de contaminação fecal.
e) Nutrientes e indicadores 
de contaminação fecal.
5. Quais são os principais impactos 
gerados pelo lançamento de 
poluentes nos cursos d’água?
a) A contaminação pelos 
organismos patogênicos 
e a eutrofização.
b) A redução da concentração 
de oxigênio dissolvido 
e a eutrofização.
c) A redução da concentração 
de oxigênio dissolvido e a 
contaminação pelos organismos 
patogênicos e a eutrofização.
d) A redução da concentração 
de oxigênio dissolvido 
e a contaminação pelos 
organismos patogênicos.
e) Nenhuma alternativa anterior.
Processos gerais e estações de tratamento de esgoto18
BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice 
Hall, 2005. 
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (Org.). 
Transversal: lodo gerado durante o tratamento de água e esgoto: guia do profissional 
em treinamento: nível 2. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2008.
BRASIL. Resolução nº. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e pa-
drões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº. 357, de 17 
de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. DOU, Brasília, 
DF, n. 92, p. 89, 16 maio 2011.
COMO SERÁ. Estação de tratamento usa plantas no lugar de produtos químicos. 2015. 
Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/como-sera/noticia/2015/07/estacao- 
de-tratamento-usa-plantas-no-lugar-de-produtos-quimicos.html>. Acesso em: 20 
jun. 2018.
JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro: 
ABES, 2014.
NUVOLARI, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola. 
2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
SÃO PAULO. Companhia de Saneamento Básico do Estado. Estação Barueri. [201?]. 
Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=49>. 
Acesso em: 20 jun. 2018.
VON SPERLING, M. V. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 
3. ed. Belo Horizonte: UMFG, 2005. (Princípios do tratamento biológico de águas 
residuárias, 1).
VON SPERLING, M. V. Lagoas de estabilização. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 1995.
Leituras recomendadas
BARROS, R. Energia de biogás da digestão anaeróbia de resíduos sólidos orgânicos e 
de aterros sanitários. Revista O Futuro da Energia, v. 1, n. 1, p. 1-9, 2016.
VON SPERLING, M. Lodos ativados. Belo Horizonte: UFMG/ABES, 1997. (Princípios do 
tratamento biológico de águas residuárias, 4).
19Processos gerais e estações de tratamento de esgoto
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