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UNIDADE IV

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Prévia do material em texto

Auditoria e 
Investigação 
de Fraudes
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Rodrigo de Souza Marin
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Prevenção de Fraude Financeira 
• Introdução;
• Origem e Fases da Lavagem;
• Tipo Subjetivo do Delito de Lavagem de Capitais;
• Setores Econômicos Utilizados pelos Lavadores – Tendências Atuais;
• Excurso: a Autoria e a Participação no Delito de Lavagem
de Dinheiro no Brasil;
• Formas de Participação – Instigação e Cumplicidade.
 · Manipulação dos dados utilizado mongoDB.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Prevenção de Fraude Financeira 
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE 
Introdução
Vivemos uma intensa realidade de atos aéticos e desonestos e, graças à agilidade 
da comunicação, essas ações se tornaram de conhecimento público.
Costumes e bons princípios têm sido atacados por todos os lados e a tecnologia 
contábil não foge desta realidade. Seu uso inadequado e criminoso ilude a opinião 
de terceiros e recruta cada vez mais adeptos.
Tanto na esfera política quanto na empresarial, realizam-se operações devassas 
em que a soma de dinheiro envolvido atinge proporções incalculáveis.
Por exemplo, segundo matéria veiculada no caderno de economia do jornal 
O Estado de São Paulo, em 2003, calcula-se que cerca de 5% do produto 
interno bruto mundial, a cada ano, refere-se ao valor de dinheiro circulante nas 
esferas da corrupção.
Para o grupo que possui poder de decisão e comando, a fraude tem sido um 
negócio lucrativo e até as camadas inferiores das administrações têm se contaminado 
com essa prática.
Assim, cientistas e tecnólogos da Contabilidade têm demonstrado interesse 
pelo estudo da fraude como veículo de corrupção, a fim de combatê-la de forma 
veemente e completa.
Importante!
Tudo o que envolve a desonestidade e a falta de caráter é intitulado de corrupção, ou o 
ato ou efeito de corromper. 
Importante!
Origem e Fases da Lavagem
A lavagem de dinheiro não apresenta um conceito único. Para que haja a definição 
de crime, utilizam-se as caracterizações do processo.
A delimitação do delito, bem como a sua análise serve para que os desdobramentos 
do crime de lavagem de dinheiro sejam contidos, tratados e punidos adequadamente.
Origem da Lavagem de Dinheiro
Com o crescimento da atividade mercantil, o sistema de trocas apresentava certa 
incompatibilidade com relação às necessidades de consumo pessoais e, com isso, 
surgiu o dinheiro. 
8
9
Existem momentos específicos em que o sistema de troca de mercadorias é utilizado; 
isso se dá quando ocorre uma interrupção do sistema financeiro. Na Segunda Guerra 
Mundial, por exemplo, cigarros, chocolates e chicletes passaram a ser moedas valiosas 
entre os soldados. 
Atualmente, com o cyberspace, um mercado totalmente novo está em formação, 
no qual todas as moedas operam simultaneamente, o que dificulta a fiscalização dos 
governos nacionais. 
Com isso, os lavadores de dinheiro trabalham com facilidade e, graças à Revo-
lução Monetária introduzida pela internet, o delito se torna mundial, pois perde as 
fronteiras como limite.
Embora a expressão “lavagem de dinheiro” tenha uma origem recente, a sua prá-
tica parece ser antiga, remontando às ações dos piratas na Idade Média, os quais 
procuravam desvincular os recursos provenientes do crime das atividades delinquentes 
responsáveis por esses recursos.
A teoria predominante acerca da origem da expressão nos leva à década de 1920, 
nos Estados Unidos, época em que os gângsteres norte-americanos se utilizavam de 
lavanderias para ocultar o dinheiro provindo da atividade ilícita, como a venda de 
bebidas alcoólicas ilegais. 
Em meados da década de 1970, passou-se a investigar o tráfico de drogas e como 
a lavagem de dinheiro acontecia. Conforme Tondini (2009), a expressão “lavagem 
de dinheiro” foi judicializada em 1982, quando os Estados Unidos apreenderam 
dinheiro advindo do contrabando de cocaína colombiana. (TONDINI, 2008)
Por se tratar de um delito interfronteiriço, os narcotraficantes são obrigados a utili-
zar-se de um mecanismo que dê aparência de licitude aos seus ganhos. 
A inserção desse dinheiro no mercado financeiro é dificultada devido ao volume 
financeiro, já que as operações geralmente acontecem nas ruas, em papel-moeda e 
em notas de valor reduzido. 
Atualmente, com o desenvolvimento acelerado da economia e a dinamização 
dos investimentos, o controle sobre as operações financeiras é mais difícil, de modo 
que uma reciclagem constante nos métodos de fiscalização se torna imprescindível.
Conceito de “Lavagem de Dinheiro”
No Brasil, a expressão utilizada para definir o delito é “lavagem de dinheiro”. A 
palavra lavar vem do latim lavare e significa expurgar, purificar, reabilitar, daí a ideia 
de tornar lícito o dinheiro advindo de atividades ilegais.
9
UNIDADE 
Eis uma lista de países e expressões equivalentes à lavagem de dinheiro, informações estas 
compiladas por (Silva, 2001):
• Portugal – branqueamento de capitais;
• Espanha – blanqueo de capitales;
• França – blanchiment d’argent;
• Estados Unidos – money laundering;
• Argentina – lavado de dinero;
• Colômbia – lavado de ativos;
• Alemanha – Geldwache;
• Suíça – blanchiment d’argent;
• Itália – riciclaggio di denaro;
• México – encubrimiento y operaciones com recursos de procedencia ilícita.
Ex
pl
or
Vejamos também a definição de lavagem de dinheiro para os seguintes teóricos:
O delito de lavagem envolve atos que almejam a reintrodu-
ção de benefícios obtidos por meio de atividades ilícitas ao 
sistema financeiro, de forma que seja impossível questionar 
juridicamente sua origem (DÉZ RIPOLLÉS, [2012]).
A lavagem de capitais pode ser definida como o processo em que 
virtude do qual os bens de origem ilícita são integrados ao sistema eco-
nômico legal com aparência de haverem sido obtidos de forma lícita 
(BLANCO CORDERO, [2013]).
O conceito básico de lavagem de dinheiro caracteriza-se pelo ato 
ou a sequência de atos praticados para mascarar a natureza, origem, 
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, valo-
res e direitos de origem delitiva ou contravencional, ou seja, significa 
dissimular sua origem a fim de lhes atribuirimagem lícita diante da 
sociedade e economia (BADARÓ; BOTTINI, 2016).
Pode ser considerado o processo de introdução ao sistema financeiro 
do produto resultante dos delitos antecedentes (RIOS, 2010).
Cuida-se de ocultar (esconder) ou dissimular (encobrir) a natureza (a 
essência, a substância, as características estruturais ou a matéria), ori-
gem (procedência, lugar de onde veio ou processo através do qual foi 
obtido), localização (a situação atual, o local de onde se encontra), dis-
posição (qualquer forma de utilização onerosa ou gratuita), movimen-
tação (no sentido de aplicação; da circulação, especialmente financeira 
ou bancária, ou, também, de deslocamento físico de bens móveis) ou 
propriedade (domínio, poder sobre a coisa, titularidade, qualidade le-
gal ou fática de dono) de bens, direitos e valores (objetos materiais do 
crime) (MAIA, 2004, grifos do autor).
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11
A lavagem de dinheiro pode ser definida por uma pluralidade de com-
portamentos geralmente intrincados e fracionados, direcionados à 
conversão de valores e bens ilícitos em capitais lícitos e plenamente 
disponíveis por seus titulares (OLIVEIRA, [1998]).
O conjunto de operações comerciais e financeiras que buscam a in-
corporação, na economia de cada país, de modo transitório ou per-
manente, de recursos, bens e valores de origem ilícita para dar-lhe 
aparência legal (BARROS, [2007]).
A “limpeza” de importâncias ilegais para disfarçar a origem criminosa 
delas, permitindo seu trânsito pelo sistema financeiro com a aparência 
de serem legítimas (OLIVER, [2006]).
A lavagem de dinheiro consiste na inserção de recurso de procedên-
cia ilícita na economia formal mediada pelo Estado, com aparência 
de licitude (mediante condutas de “ocultação” ou de “dissimulação”) 
(SCHMIDT, [2015]).
A lavagem caracteriza-se por todos os atos que tenham como objetivo 
encobrir a origem ilícita dos bens, ou seja, um método destinado a 
escamotear os valores adquiridos pelo empreendimento de determina-
das atividades criminosas, com o escopo de viabilizar a real utilização 
destes proventos (LIMA, [2014]).
Assim como todo crime econômico, a lavagem deve ser vista como 
um negócio que visa gerar lucro, mas que também tem custos devido 
à sua natureza. Nesse sentido, conceitua o delito como o processo que 
legitima o capital espúrio a ser utilizado licitamente, não sem perdas 
inevitáveis em razão do custo de produção das operações desse negó-
cio (DE CARLI, [2008]).
A lavagem de dinheiro é caracterizada pela desvinculação ou afasta-
mento do dinheiro da sua origem ilícita para que possa ser aproveitado. 
O que fundamentou a criação desse tipo penal é que o sujeito que co-
mete esse tipo de crime, que se traduz num proveito econômico, tem 
que disfarçar a origem desse dinheiro, ou seja, desvincular o dinheiro da 
sua origem criminosa e conferir-lhe uma aparência lícita a fim de poder 
aproveitar os ganhos ilícitos, considerado que o móvel de tais crimes é 
justamente a acumulação material (BALTAZAR JÚNIOR, [2006]).
Por sua vez, os organismos internacionais têm definições próprias do crime: 
Qualquer ato ou tentativa de ocultar ou mascarar a obtenção ilícita, de forma 
que aparente ter sido originado de fontes legítimas (INTERNATIONAL 
POLICE ORGANIZATION, [2011]). 
Entre os doutrinadores brasileiros não há grandes discussões acerca de conceituação 
do delito de lavagem, dado que a definição do tema está vinculada à tipicidade penal 
inscrita no Artigo 1º, caput, da Lei n.º 9.613/98. A conduta referida no mencionado 
11
UNIDADE 
Artigo consiste na ocultação ou dissimulação da natureza, origem, localização, dispo-
sição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores oriundos, direta ou 
indiretamente, da infração penal. 
Tipo Subjetivo do Delito 
de Lavagem de Capitais
“O delito de lavagem de dinheiro é de tipo subjetivo exclusivamente doloso, 
restando afastada qualquer hipótese de punição por culpa” (BADARÓ; 
BOTTINI, 2016).
Importa dizer que o ordenamento jurídico brasileiro não admite responsabilidade 
penal objetiva em matéria de lavagem, configurando relevante garantia de imputação 
subjetiva que somente permitirá a responsabilização de agente que possua “relação 
psíquica” com os eventos do caso concreto (BADARÓ; BOTTINI, 2016).
Características da Lavagem
Atualmente, os criminosos buscam regiões mais improváveis para realizar a lava-
gem, onde o controle é escasso e a possibilidade de firmar novas alianças ilegais é 
maior. Por exemplo, em fevereiro de 2012 o Grupo de Ação Financeira Internacional 
(GAFI) – Financial Action Task Force (FATF) – pesquisou e relacionou os países com 
maior índice de problemas quanto à facilidade de lavagem de dinheiro: Cuba, Etiópia, 
Bolívia e Indonésia. Assim, percebe-se que a globalização desempenha importante 
papel na transnacionalização do delito de lavagem.
Importante!
Que o GAFI/FATF desenvolve ações entre os governos para implementar políticas de 
prevenção da lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo?
Você Sabia?
12
13
Ademais, as características do processo de lavagem de dinheiro são as seguintes:
• Internacionalização das atividades de lavagem;
• Profissionalização do trabalho;
• Vocação de permanência;
• Complexidade ou variedade dos métodos empregados;
• Volume do fenômeno;
• Conexão entre redes criminais.
Fases da Lavagem de Dinheiro
Ocultação ou Colocação:
Esta é a fase inicial da lavagem, momento em que os criminosos pretendem fazer 
desaparecer as grandes somas que suas atividades ilegais geraram, separando os 
ativos da ilegalidade. Durante a colocação, os delinquentes estão mais vulneráveis; 
eis que as autoridades estão focadas nesse movimento financeiro inicial, quando 
muito dinheiro é convertido, facilitando a descoberta (TONDINI, 2009).
Os principais canais de vazão aos capitais são:
• Instituições financeiras tradicionais:
 » Fracionamento;
 » Cumplicidade da instituição financeira.
• Instituições financeiras não tradicionais:
 » Cassinos ou estabelecimentos de jogos;
 » Falsas faturas de importação/exportação;
 » Comércio cruzado;
 » Sistemas bancários subterrâneos ou irregulares;
 » Compra ou estabelecimento de companhias privadas;
 » “Atividades de caixa”;
 » Evasão de fronteiras/contrabando de dinheiro;
 » Empresas lícitas com fundos ilícitos.
Estratificação ou Escurecimento:
Já inserido no mercado, o capital deve perder qualquer marca de ilicitude – daí o 
nome da fase, chamada também de doutrina de mascaramento (CALLEGARI, 2008).
É importante dar agora a aparência de licitude – eis que esta fase é denominada 
dissimulação: “Disfarçar a origem ilícita e dificultar a reconstrução pelas agências 
estatais de controle e repressão da trilha de papel (paper trail)” (MAIA, 2004).
13
UNIDADE 
A fase de ocultação é a que apresenta maior facilidade de ser descoberta pelas 
autoridades. Depois dessa, os criminosos, por meio de complexas operações, tentam 
afastar de forma definitiva o dinheiro das atividades ilícitas que o originaram.
Integração ou Reinversão:
É a última etapa do processo de lavagem de dinheiro, onde o dinheiro 
proveniente de atividades ilícitas é utilizado em operações financeiras, dan-
do a aparência de operações legítimas. Durante esta etapa são realizadas 
inversões de negócios, empréstimos a indivíduos, compram-se bens e todo 
o tipo de transação através de registros contábeis e tributários, os quais jus-
tificam o capital de forma legal, dificultando o controle contábil e financeiro. 
Aqui, o dinheiro é colocado novamente na economia, com aparência de 
legalidade (TONDINI, 2009).
Setores Econômicos Utilizados pelos 
Lavadores – Tendências Atuais
A lavagem de dinheiro utiliza-se de métodos legais, a saber:
• Transferências bancárias;
• Compra e venda de objetos de luxo;
• Depósitos fracionados etc. 
O que torna a operação ilegal é o intuito de ocultar e dissimular os frutos diretos 
ou indiretos de um crime. Assim, as operações passam a ser condenáveis e objetosde persecução penal.
Há diversos métodos de lavagem considerados “tradicionais”. A lista a seguir é de se-
tores ainda frágeis, de acordo com o GAFI/FATF, porém, já utilizados pelos criminosos.
Lavagem de dinheiro no setor imobiliário:
As variações de preços são frequentes neste setor e podem ser utilizadas 
para reinjetar os capitais lavados na economia. Assim, um belo imóvel pode 
ser adquirido por uma sociedade de fachada e os fundos produtos desta 
venda são considerados como fundos legais obtidos da venda de um imóvel 
(PASTOR; PALACIOS, 1998).
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Lavagem no setor futebolístico:
De acordo com o relatório publicado pela consultoria Binder Dijker Otte
International (BDO):
Os negócios do setor lidam com fluxos de caixa considerável e grandes 
interesses financeiros. Muitas das transações no setor envolvem grandes 
quantias de dinheiro, como por exemplo, no mercado de transferências. A 
concorrência é dura, tanto nacional como internacionalmente, e o desem-
penho de um clube no campo também determina a sua posição financeira. 
Circuitos financeiros são múltiplos e globais, e os fluxos internacionais de 
dinheiro envolvidos podem fugir ao controle das federações e dos gover-
nos. Muitas vezes, estes fluxos de dinheiro entram e saem dos paraísos 
fiscais ou envolvem vários países.
Para o GAFI/FATF os esportes são vulneráveis por quatro razões principais:
1. Falta de regulamentação do setor;
2. Internacionalização do fenômeno futebolístico e intercâmbio de atletas;
3. Subjetividade dos preços e altas somas envolvidas;
4. Problemas financeiros dos clubes e necessidade de grandes investimentos.
Lavagem pelos novos meios de pagamento:
O comércio e as instituições bancárias têm demonstrado interesse na migra-
ção do papel aos processos financeiros eletrônicos. Um dos principais benefí-
cios dessa quebra de paradigma certamente é a inclusão financeira, que permi-
tirá a expansão desse mercado e a criação de novos mecanismos de pagamento 
(THE WOLFSBERG GROUP, [2012]).
Devido à sua contemporaneidade, esses novos métodos de pagamento exigem 
maior complexidade dos regulamentos atuais. Assim, é difícil precisar os riscos 
relacionados aos quais, fazendo com que a missão de criação de normas antilavagem 
seja árdua.
Entre os novos métodos, dois apresentam ampla utilização em escala nacional:
1. Cartões pré-pagos;
2. Pagamentos via internet.
15
UNIDADE 
Sujeito Ativo
O sujeito ativo do delito de lavagem de capitais pode ser, em princípio, qual-
quer pessoa. 
É preciso, então, que se faça uma análise dos responsáveis pelo delito prévio para 
que se verifique se serão, ou não, sancionados como autores do posterior delito de 
lavagem de capitais. A Lei brasileira nada diz a respeito desse assunto. 
O preceito contido no Artigo 1º da Lei n.º 9.613/98, relativo à lavagem de dinheiro, 
é um delito comum, pois a modalidade contida no preceito pode ser realizada por 
qualquer pessoa, já que o preceito inicia com uma expressão anônima – “Ocultar ou dis-
simular a natureza [...]” –, sem que o legislador tenha feito qualquer exigência expressa 
relativa ao sujeito ativo do delito (JESCHECK, [2002]; TERRA DE OLIVEIRA, [2002]). 
Excurso: a Autoria e a Participação no Delito 
de Lavagem de Dinheiro no Brasil
Autoria
O Artigo 29 do Código Penal não delimita o conceito de autoria, que pode abranger 
tanto a autoria como a participação, limitando-se a estabelecer uma forma de amplia-
ção da figura típica.
É necessário analisar os preceitos estabelecidos no Código Penal e na Lei de 
lavagem para se estabelecer a autoria no delito de lavagem de dinheiro previsto na 
Lei brasileira. 
O autor direto do delito de lavagem, em princípio, é quem realiza as atividades 
descritas no Artigo 1º da Lei n.º 9.613/98.
Artigo 1º da Lei n.º 9.613/98 – aquele que oculta ou dissimula a natureza, origem, localização, 
disposição, movimento ou propriedade de bens, direitos ou valores, provenientes de infração penal;
Art. 1º, § 1º da Lei nº 9.613/98 – quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos 
ou valores provenientes de infração penal, converte-os em ativos lícitos; adquire-os, recebe, troca, 
negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; importa ou 
exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros;
Artigo 1º, Parágrafo 2º, I da Lei de lavagem – quem utiliza, na atividade econômica ou finan-
ceira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal;
Artigo 1º, Parágrafo 2º, II da Lei de lavagem – faz referência ao sujeito que participa de grupo, 
associação ou escritório, tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é di-
rigida à prática de crimes previstos na Lei de lavagem.
Ex
pl
or
16
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Autoria Mediata
No delito de lavagem de dinheiro previsto na Lei n.º 9.613/98, pode-se verificar 
a ocorrência da autoria mediata em várias hipóteses.
Existem quatro casos de autoria mediata:
1. O erro determinado por terceiro;
2. A coação moral irresistível;
3. A obediência hierárquica; e
4. O caso do instrumento impune em virtude de condição ou qualidade pessoal. 
Coautoria
O Código Penal brasileiro não estabelece expressamente o conceito de coautoria. 
Assim, utilizando-se dos conceitos doutrinários, leva-se em consideração quem são 
os autores e os partícipes na realização de um delito. Então, para se determinar a 
coautoria nos casos de lavagem de dinheiro, utiliza-se o conceito do domínio do fato.
[...] a aplicação dos critérios do domínio do fato e a inclusão do organi-
zador ou chefe como coautor nos casos de lavagem de dinheiro é impor-
tante, pois uma das características do delito de lavagem é a sua realização 
por meio de grandes organizações internacionais. Também no Brasil essa 
característica de organização do delito de lavagem coloca a questão da 
responsabilidade que corresponde àquele que, pertencendo a um grupo 
hierarquicamente organizado, procede à realização do delito de lavagem 
no marco de um plano delitivo (BLANCO CORDERO, [2012]).
A autoria do chefe ou organizador está fundada no domínio funcional do fato e 
subsiste sempre que também tiver esse domínio. Conclui-se, portanto, que, nos casos 
de lavagem de dinheiro, o chefe da organização será coautor, ainda que se encontre 
ausente no momento da execução, desde que também tenha o domínio do fato.
Participação: consiste na livre e dolosa colaboração no delito de outro. Essa forma de colabo-
ração no delito alheio pressupõe que o partícipe não tenha, de nenhuma forma, o domínio do 
fato, ou que não tenha realizado a ação típica (BATISTA, [2012]).
Ex
pl
or
17
UNIDADE 
Formas de Participação – 
Instigação e Cumplicidade
A Doutrina recolhe do Artigo 31 do Código Penal – ajuste, determinação ou 
instigação e o auxílio – os tipos de participação, ainda que majoritariamente se faça 
menção apenas à instigação e cumplicidade.
Instigação:
Este tema tem relevância nos casos de lavagem de dinheiro, pois tal delito está co-
mumente relacionado a organizações criminosas que se utilizam de meios fraudulen-
tos para que seus ganhos provindos de comportamentos delitivos tenham aparência 
de legalidade.
Importante!
A instigação é a dolosa colaboração de ordem espiritual, objetivando a comissão do 
crime doloso. Abarca também a determinação, que significa a conduta daquele que faz 
surgir na mente do autor direto a resolução de cometer o crime. Assim, o instigador 
é quem faz surgir na outra pessoa a resolução de executar dolosamente uma conduta 
típica e antijurídica (BATISTA, [2012]).
Trocando ideias...
Cumplicidade:
É a dolosa colaboração de ordem material que objetiva a comissão de um crime doloso.
Nos casos em que a participação é de natureza psíquica – sem a entrega de ne-
nhum material – ocorre a instigação.
A cumplicidade material ocorre quando a ajuda é realizada antes ou durante a execução 
do delito, sem que o partícipe tenha domínio da situação. Se a ajuda ocorrer após a 
execução, o delito tipificado é outro.
Ademais,a participação de menor importância é aquela cuja contribuição moral 
ou material foi pequena. Em tais situações, cabe ao juiz verificar a gravidade da parti-
cipação. Em muitos casos, esse tipo de participação é a cumplicidade que ocorre de 
forma secundária, dispensável, insignificante ou mínima.
18
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Quanto à amplitude do conceito de participação da Lei de lavagem, o Parágrafo 
2º do Artigo 1º da Lei n.º 9.613/98 estabelece que incorre na mesma pena do delito 
previsto no Caput do Artigo 1º quem: “II – participa de grupo, associação ou escri-
tório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à 
prática de crimes previstos nesta Lei”.
O dispositivo próprio criado pelo legislador brasileiro para incriminar as pessoas 
que se vinculam, de alguma forma, ao delito de lavagem de dinheiro apresenta, de 
forma extremamente ampla e genérica, os tipos de condutas impróprias previstas que 
se definem como desrespeitosas em relação aos princípios de ética e honestidade.
A interpretação desse dispositivo deve ser realizada seguindo os mesmos requisi-
tos tradicionais do concurso de pessoas. Assim, para que alguém seja considerado 
partícipe, é necessário que, além de conhecimento de que participa do grupo, asso-
ciação ou escritório destinado à lavagem, possua vínculo com os demais lavadores 
e tenha contribuído para o resultado de forma efetiva.
É imprescindível a análise específica da participação delitiva e a punição dos sujeitos 
que concorrem para o delito de lavagem de dinheiro. Tal análise deve ocorrer como 
consequência da verificação das formas de intervenção delitiva e dos preceitos que as 
regulam no Código Penal. 
Conclui-se, portanto, que, diante da amplitude do tipo penal, a interpretação deve 
ocorrer de forma restrita, para que se evite o cometimento de injustiças.
19
UNIDADE 
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
A Lavagem de Dinheiro e o Profissional da Contabilidade
https://goo.gl/oSTqnf
Lavagem de Dinheiro e a Responsabilidade do Contador
https://goo.gl/bjXif4
 Vídeos
Aula 09 - Leis Penais Especiais - Lei de Lavagem de Dinheiro - Lei 9.613/98 - Parte 01/02
https://youtu.be/of-ABr6MA3M
Você sabe o que é “Lavagem de Dinheiro”?
https://youtu.be/fDLYbqiLl0A
20
21
Referências
BADARÓ, G. H.; BOTTINI, P. C. Lavagem de dinheiro. Aspectos penais e 
processuais penais. Comentários à Lei n.º 9.613/98, com alterações da Lei n.º 
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