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Literatura - Arcadismo Neoclassicismo

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Questão 01 - (Mackenzie SP/2015)
Soneto VI
1 Brandas ribeiras, quanto estou contente
2 De ver-vos outra vez, se isto é verdade!
3 Quanto me alegra ouvir a suavidade,
4 Com que Fílis entoa a voz cadente!
5 Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
6 Tudo me está causando novidade:
7 Oh! como é certo que a cruel saudade
8 Faz tudo, do que foi, mui diferente!
9 Recebi (eu vos peço) um desgraçado,
10 Que andou até agora por incerto giro,
11 Correndo sempre atrás do seu cuidado:
12 Este pranto, estes ais com que respiro,
13 Podendo comover o vosso agrado,
14 Façam digno de vós o meu suspiro.
Cláudio Manoel da Costa
Soneto
1 Estes os olhos são da minha amada,
2 Que belos, que gentis e que formosos!
3 Não são para os mortais tão preciosos
4 Os doces frutos da estação dourada.
5 Por eles a alegria derramada
6 Tornam-se os campos de prazer gostosos.
7 Em zéfiros suaves e mimosos
8 Toda esta região se vê banhada.
9 Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo
10 Do rosto do meu bem as prendas belas,
11 Dai alívio ao mal que estou gemendo.
12 Mas ah! delírio meu que me atropelas!
13 Os olhos que eu cuidei que estava vendo,
14 Eram (quem crera tal!) duas estrelas.
Cláudio Manoel da Costa
É traço relevante na caracterização do estilo de época a que pertencem os poemas de Cláudio Manoel da Costa, EXCETO:
a) a valorização do locus amoenus.
b) a poesia bucólica.
c) a utilização de pseudônimos pastoris.
d) a busca da aurea mediocritas.
e) a repulsa à tradição clássica da poesia.
Questão 02 - (UEPA/2015) Leia os versos abaixo.
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza!
Os versos de Bocage, acima transcritos, sugerem a tese da superioridade da natureza sobre a civilização. Assinale a opção que apresenta uma das causas deste modo de entender a relação entre estas.
 (
1
)
a) O desejo de se afastar dos problemas da vida urbana provocados pela consolidação do modo de produção capitalista.
b) O exacerbado crescimento do sistema feudal e a insatisfação dos poetas árcades com este crescimento.
c) A influência do modo de produção capitalista e a ascensão da burguesia influenciando esteticamente o modelo poético árcade a ter uma visão negativa da natureza.
d) A satisfação com as consequências do capitalismo e o repúdio aos ideais campesinos.
e) A influência da propriedade da terra como fonte geradora de riqueza no modo de produção capitalista.
Questão 03 - (UEPA/2015) Assinale a única alternativa cujos versos de Claudio Manuel da Costa exprimem as ideias que comumente estão associadas, no Arcadismo, às consequências negativas causadas pela expansão urbana capitalista no procedimento ético humano.
a) “Adorar as traições, amar o engano, Ouvir dos lastimosos o gemido, Passar aflito o dia, o mês e o ano;”
b) “Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.”
c) “Que inflexível se mostra, que constante Se vê este penhasco! já ferido
Do proceloso vento, e já batido
Do mar, que nele quebra a cada instante!”
d) “Ah! queira Deus, que minta a sorte irada: Mas de tão triste agouro cuidadoso
Só me lembro de Nise, e de mais nada.”
e) “Mas ah delírio meu, que me atropelas!
Os olhos, que eu cuidei, que estava vendo, Eram (quem crera tal!) duas estrelas.”
Questão 04 - (UFJF MG/2015)
Fábula do Ribeirão do Carmo
A vós canoras Ninfas, que no amado Berço viveis do plácido Mondego, Que sois da minha lira doce emprego, Inda quando de vós mais apartado.
[...]
Aonde levantado Gigante, a quem tocara,
Por decreto fatal de Jove irado1, A parte extrema, e rara
Desta inculta região, vive Itamonte2, Parto da terra, transformado em monte.
[...]
Vizinho ao berço caro Aonde a Pátria tive,
Vivia Eulina, esse prodígio raro, Que não sei se inda vive,
Para brasão eterno da beleza, Para injúria fatal da natureza. [...]
Sabia eu como tinha Eulina por costume
(Quando o maior Planeta quase vinha Já desmaiando o lume,
Para dourar de luz outro horizonte) Banhar-se nas correntes de uma fonte.
A fugir destinado Com o furto precioso,
Desde a Pátria, onde tive o berço amado, Recolhi numeroso
Tesouro, que roubara diligente
A meu Pai, que de nada era ciente.3 [...]
Quis gritar; oprimida
A voz entre a garganta,
Apolo? Diz, Apol... A voz partida Lhe nega força tanta:
Mas ah! eu não sei como, de repente Densa nuvem me põe do bem ausente. [...]
Em seus braços a tinha O louro Apolo presa;
E já ludíbrio da fadiga minha, Por amorosa empresa,
Era depojo da Deidade ingrata
O bem, que de meus olhos me arrebata. [...]
Porém o ódio triste
De Apolo mais se acende;
E sobre o mesmo estrago que me assiste, Maior ruína emprende:4
Que chegando a ser ímpia uma Deidade, Excede toda a humana crueldade.
Por mais desgraça minha, Dos tesouros preciosos
Chegou notícia, que eu roubado tinha Aos homens ambiciosos;
E crendo em mim riquezas tão estranhas, Me estão rasgando as entranhas.
[...]
Daqui vou descobrindo A fábrica eminente
De uma grande Cidade;5 aqui polindo A desgrenhada frente,
Maior espaço ocupo dilatado,
Por dar mais desafogo a meu cuidado.
Competir não pertendo6 Contigo, ó cristalino
Tejo, que mansamente vais correndo: Meu ingrato destino
Me nega a prateada majestade,
Que os muros banha da maior Cidade.7 [...]
Enfim sou, qual te digo, O Ribeirão prezado;
De meus Engenhos8 a fortuna sigo: Comigo sepultado
Eu choro o meu despenho; eles sem cura Choram também a sua desventura.
COSTA, Cláudio Manoel do. “Fábula de Ribeirão do Carmo”. In: PROENÇA FILHO, Domício. A Poesia dos
Inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996 [1768]. p. 120-127.
1 Por decreto fatal de Jove irado: alusão à guerra travada entre os deuses e os gigantes, castigados no final por Júpiter, com a vitória dos deuses.
2 Itamonte: Itacolomi, pico de Minas Gerais.
3 (...) numeroso tesouro: alusão às riquezas da terra, ou de Itamonte, “pai” do infeliz Ribeirão. 4 emprende: forma que na época se alterna com empreende.
5 A lusão a Mariana, feita cidade em 1745.
6 pertendo: forma corrente à época; pretendo. 7 da maior Cidade: alusão a Lisboa.
8 Engenhos: aptidões, talentos naturais; aqui, entretanto, o vocábulo parece estar associado a Gênios, forças que dão o ser e o movimento às coisas; também os lugares estão, segundo a mitologia, sob a tutela dos Gênios (engenho <in – genium).
A “Fábula do Ribeirão do Carmo” representa, segundo Sérgio Buarque de Holanda, uma tentativa de assegurar dignidade artística e literária aos cenários nativos, projetando-os sobre um fundo lendário (Capítulos de literatura colonial, Brasiliense, S.P., 1991, p. 230). Nesse poema narrativo, Cláudio Manoel da Costa engaja-se em uma tentativa de legitimação do riacho brasileiro ao:
a) excluir qualquer traço subjetivo da narrativa, empregando formas fixas segundo a convenção da poesia neoclássica.
b) referir-se tanto à mitologia greco-romana, quanto à topografia de Portugal, associando-as à realidade local do poeta.
c) descrever objetivamente a natureza intocada que cerca o eu-lírico, marca da poética de Cláudio Manoel da Costa.
d) exaltar o campo como o locus da paz e do cultivo dos bons valores morais, em contraposição ao meio urbano.
e) retomar características da poesia clássica, consoante ideal simbolista de imitação dos antigos valores tradicionais.
Questão 05 - (UFJF MG/2015) Em “Fábula do Ribeirão do Carmo”, pode-se entrever a denúncia de Cláudio Manoel da Costa quanto:
a) ao trabalho escravo que dominava a paisagem de todas as cidades mineiras.
b) à cobrança de pesados impostos pelos agentes do governo de Portugal.
c) à rebelião da elite colonial brasileira contra a Coroa portuguesa.
d) aos abusos que a mineração perpetrava nas Minas Gerais.
e) à internacionalização do ciclo de extração do ouro em Mariana.
Questão 06 - (UEG GO/2015) Observe a pintura e leia o fragmento a seguir.
MEIRELLES, Victor. Batalha dos Guararapes. Disponível em: <http://www.museus.gov.br/tag/victor-meirelles/>. Acesso em: 24 mar. 2015.
Vinha logo de guardas rodeado Fonte de crimes,militar tesouro,
Por quem deixa no rego o curto arado O lavrador, que não conhece a glória;
E vendendo a vil preço o sangue e a vida
Move, e nem sabe por que move a guerra.
GAMA, Basílio. O Uraguai. In. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 67.
Embora O Uraguai seja considerado a melhor realização épica do Arcadismo brasileiro, nota-se, na obra, uma quebra do modelo da epopeia clássica. Em termos de conteúdo, tanto no trecho quanto na pintura apresentados, essa quebra se evidencia
a) pela representação de situações tragicômicas.
b) pelo retrato de episódios de bravura e heroísmo.
c) pela alusão a heróis mitológicos da Grécia Antiga.
d) pelo questionamento da guerra como algo positivo.
Questão 07 - (UNESP SP/2015) Considere a modinha de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800).
Protestos a Arminda Conheço muitas pastoras
Que beleza e graça têm, Mas é uma só que eu amo Só Arminda e mais ninguém.
Revolvam meu coração Procurem meu peito bem, Verão estar dentro dele
Só Arminda e mais ninguém.
De tantas, quantas belezas Os meus ternos olhos veem, Nenhuma outra me agrada
Só Arminda e mais ninguém.
Estes suspiros que eu solto Vão buscar meu doce bem,
É causa dos meus suspiros Só Arminda e mais ninguém.
Os segredos de meu peito Guardá-los nele convém, Guardá-los aonde os veja
Só Arminda e mais ninguém.
Não cuidem que a mim me importa Parecer às outras bem,
Basta que de mim se agrade Só Arminda e mais ninguém.
Não me alegra, ou me desgosta Doutra o mimo, ou o desdém, Satisfaz-me e me contenta
Só Arminda e mais ninguém.
Cantem os outros pastores Outras pastoras também,
Que eu canto e cantarei sempre Só Arminda e mais ninguém.
(Viola de Lereno, 1980.)
Além de outras características, a presença de dois vocábulos contribui para identificar o aspecto neoclássico desta modinha, a saber:
a) “alegra” e “desgosta”.
b) “mimo” e “desdém”.
c) “suspiros” e “segredos”.
d) “canto” e “cantarei”.
e) “pastores” e “pastoras”.
Questão 08 - (UNIFESP SP/2014) Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa.
Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso!
Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes.
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera!
(Obras, 1996.)
No soneto, o eu lírico expressa-se de forma
a) eufórica, reconhecendo a necessidade de mudança.
b) contida, descortinando as impressões auspiciosas do cenário.
c) introspectiva, valendo-se da idealização da natureza.
d) racional, mostrando-se indiferente às mudanças.
e) reflexiva, explorando ambiguidades existenciais.
Questão 09 - (ACAFE SC/2014) Sobre o contexto histórico e social das escolas literárias brasileiras, correlacione as colunas seguir.
( 1 ) Proclamada a independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II.
( 2 ) O crescimento de algumas cidades de Minas Gerais, cuja base econômica era a exploração do ouro, favorecia tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento de uma literatura cujos modelos os jovens brasileiros foram buscar em Coimbra, já que a colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as ideias iluministas.
( 3 ) O período era sem dúvida de muita opressão. A igreja lutava contra os reformadores por meio da Inquisição e instaurava um clima de medo constante em seus fiéis, que se viam divididos entre o material e o espiritual, o prazer e o dever. Ao mesmo tempo eram mostradas cenas bíblicas que remetem ao amor e à compaixão, como os momentos de dor imensa do sacrifício de Jesus Cristo.
( 4 ) A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades, principalmente de São Paulo. A capital paulista, com a expansão da cafeicultura começou a experimentar um enorme crescimento econômico. O período foi marcado também pela chegada em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam vivido a experiência da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias anarquistas e socialistas.
( 5 ) Influenciados pelo pensamento evolucionista de Charles Darwin no Brasil e pelo positivismo de Augusto Comte, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Os escritores passaram a retratar em seus personagens traços de natureza
animal, desde impulsos sexuais a comportamentos desregrados e instintivos. A agressividade, a violência e o erotismo eram considerados parte da personalidade humana, já que o indivíduo era visto como fruto do meio em que vivia.
( ) Arcadismo
( ) Romantismo ( ) Naturalismo ( ) Modernismo ( ) Barroco
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a)	2 - 1 - 5 - 4 - 3
b)	4 - 5 - 1 - 3 - 2
c)	3 - 4 - 2 - 5 - 1
d)	5 - 2 - 3 - 1 - 4
Questão 10 - (UEM PR/2014) Leia o poema abaixo e assinale o que for correto sobre ele e sobre seu autor, Tomás Antônio Gonzaga.
Lira XVIII
Não vês aquele velho respeitável, Que, à muleta encostado,
Apenas mal se move e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, O tempo arrebatado,
Que o mesmo bronze gasta!
Enrugaram-se as faces e perderam Seus olhos a viveza;
Volto	u-se o seu cabelo em branca neve; Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,
Não tem uma beleza Das belezas que teve.
Assim também serei, minha Marília, Daqui a poucos anos,
Que o ímpio tempo para todos corre: Os dentes cairão e os meus cabelos. Ah! sentirei os danos,
Que evita só quem morre.
Mas sempre passarei uma velhice Muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada, Descansarei o já vergado corpo Na tua mão piedosa,
Na tua mão nevada.
As frias tardes, em que negra nuvem Os chuveiros não lance,
Irei contigo ao prado florescente: Aqui me buscarás um sítio ameno, Onde os membros descanse,
E ao branco sol me aquente.
Apenas me sentar, então movendo Os olhos por aquela
Vistosa parte, que ficar fronteira, Apontando direi: — Ali falamos, Ali, ó minha bela,
Te vi a vez primeira.
Verterão os meus olhos duas fontes, Nascidas de alegria;
Farão teus olhos ternos outro tanto; Então darei, Marília, frios beijos
Na mão formosa e pia, Que me limpar o pranto.
Assim irá, Marília, docemente Meu corpo suportando
Do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília Quem, sentida, chorando,
Meus baços olhos cerra.
(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. São Paulo: Martin Claret, 2009. p. 56-57.)
01. A temática da passagem do tempo, que perpassa a lira reproduzida, aproxima-se de um dos aspectos mais representativos do Arcadismo: o carpe diem, ou seja, a necessidade de se aproveitar o momento em função de sua fugacidade.
02. O locus amoenus, lugar de tranquilidade no qual os amantes podem celebrar seu amor, encontra-se representado em passagens como “Irei contigo ao prado florescente”. Além disso, a maneira como o elemento natural surge no poema aponta para outro tema representativo do Arcadismo: o fugere urbem, destacando a preferência pela fuga do ambiente urbano em privilégio da vida no campo.
04. A linguagem utilizada no poema é marcada pela simplicidade, seja em termos de estrutura formal, seja em termos de organização de ideias. Desse modo, a “Lira XVIII”, em consonância com os preceitos do movimento árcade, afasta-se dos jogos e das tensões de forma e raciocínio presentes na escolaliterária precedente, o Barroco.
08. Ao optar apenas por redondilhas maiores na composição de seus versos na “Lira XVIII”, Gonzaga buscava métricas e ritmos tipicamente brasileiros em sua obra, o que se alinhava com as propostas de afirmação nacional da Inconfidência Mineira, movimento do qual Gonzaga não participou, mas que apoiava filosoficamente.
16. Gonzaga, apesar de representante da escola árcade, é conhecido também como poeta pré-romântico, sobretudo devido à ênfase ao elemento amoroso. Na “Lira XVIII”, a presença da morte na última estrofe é um exemplo da “morte de amor” que será tão produtiva na segunda geração romântica brasileira.
Questão 11 - (UFTM MG/2013)
Oh retrato da morte, oh noite amiga Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha do meu pranto, De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
E vós, oh cortesãos da escuridade, Fantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu coração de horrores.
(Bocage. Sonetos, 1994.)
Nesse poema, predomina
a) o sentimentalismo exagerado, pois o eu lírico expressa seu amor não correspondido. Trata-se de um poema romântico, que traduz o descontrole emocional.
b) o subjetivismo, pois o eu lírico expressa seu pessimismo existencial. Trata-se de um poema árcade, no qual há prenúncios de características românticas.
c) a idealização de uma relação amorosa, pois o eu lírico sugere poder reverter o amor não correspondido. Trata-se de um poema barroco, que expressa os dilemas do amor.
d) a sugestão de descontrole emocional, pois o eu lírico recorre à noite como forma de fugir da tristeza amorosa. Trata-se de um poema romântico, que traduz a ideia de morte.
e) a objetividade, pois o eu lírico analisa friamente a decepção amorosa por que passa. Trata-se de um poema árcade, que privilegia a expressão comedida do sentimento.
Questão 12 - (UPE/2013)
Texto I
Anjo no nome, Angélica na cara Isso é ser flor, e Anjo juntamente, Ser Angélica flor, e Anjo florente,
em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu custódio, e minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Gregório de Matos
Texto II
Ora pois, doce amigo, vou pintá-lo Da sorte que o topei a vez primeira; (...)
Tem pesado semblante, a cor é baça O corpo de estatura um tanto esbelta Feições compridas e olhadura feia; Tem grossas sobrancelhas, testa curta, Nariz direito e grande, fala pouco
Em rouco, baixo som de mau falsete; Sem ser velho, já tem cabelo ruço,
E cobre este defeito e fria calva À força de polvilho, que lhe deita.
Ainda me parece que o estou vendo No gordo rocinante escarranchado! As longas calças pelo umbigo atadas, Amarelo colete e sobre tudo
Vestida uma vermelha e justa farda. De cada bolso da fardeta pendem Listadas pontas de dois brancos lenços
(Cartas Chilenas)
O texto I é um poema de Gregório de Matos, pertencente à estética barroca; já o texto II faz parte das Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga, essas produzidas no período literário do Arcadismo brasileiro. Considerando os fragmentos citados, bem como os aspectos estéticos e históricos dessas cartas, e do poema, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
a) Gregório de Matos, por se submeter aos padrões estéticos barrocos, afastou-se da tradição poética satírica, que marcou o século XVI, já Tomás Antônio Gonzaga se aproximou da sátira barroca por seguir a mesma linha de Gregório, que criticava apenas os religiosos baianos do século XVI.
b) Gregório e Gonzaga revelam, nesses textos de caráter religioso, um comportamento conflitante idêntico àquele manifestado por Gil Vicente em seu Auto da Barca do Inferno, texto dramático representante da lírica renascentista espanhola.
c) Teocêntrico convicto, Gregório nega os valores antropocêntricos do Renascimento brasileiro, endossando os princípios da Contra-Reforma. Gonzaga, por sua vez, como fiel antropocêntrico, critica o homem, tal como se vê nos versos do poema em questão.
d) A poesia lírico-amorosa, de Gregório, compõe uma expressão literária multifacetada, reflexo dos contrastes ideológicos que marcaram o século XVII. Já a poesia de Gonzaga utiliza-se de um forte teor irônico-satírico para traçar o perfil de Cunha Meneses, governo de Minas Gerais à época árcade.
e) Gregório de Matos foi o divulgador, aqui no Brasil, da mais alta expressão da lírica trovadoresca ao produzir não só cantigas satíricas como também cantigas de amor e de amigo, e Gonzaga foi seu fiel seguidor nesse processo.
Questão 13 - (FGV /2013)
Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado; Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio:
Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio.
Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias.
Que de seus raios o planeta louro Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.
Cláudio Manuel da Costa, Obras.
Considere as seguintes informações sobre o texto:
Nesse poema, manifestam-se as fusões entre
I. o reconhecimento da matriz marcadamente europeia do imaginário arcádico e a tentativa de sua transplantação para o Novo Mundo;
II. o propósito nativista de louvar a própria terra e a percepção do caráter coisificado de sua condição colonial;
III. configurações formais de ordem cultista e a utilização de elementos composicionais já mais típicos da poesia neoclássica.
Está correto o que se afirma em
a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) I e III, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
Questão 14 - (UEMG/2013) O fragmento a seguir foi extraído da Lira XXXIII, Parte I, da obra Marília de Dirceu.
Pega na lira sonora,
Pega, meu caro Glauceste; E ferindo as cordas de ouro, Mostra aos rústicos Pastores
A formosura celeste
De Marília, meus amores. Ah! pinta, pinta
A minha Bela!
E em nada a cópia Se afaste dela. (...)
A pintar as negras tranças Peço que mais te desveles, Pinta chusmas de amorinhos Pelos seus fios trepando; Uns tecendo cordas deles, Outros com eles brincando. Ah! pinta, pinta
A minha Bela!
E em nada a cópia Se afaste dela.
Sobre esse fragmento, considere as seguintes afirmações:
I. Verifica-se no fragmento a presença da metalinguagem, expressa nas metáforas da lira e da pintura.
II. Há um apelo à reprodução fiel da realidade, contrariado, no entanto, pela descrição da pintura de Marília.
É CORRETO afirmar que
a) somente I é verdadeira.
b) somente II é verdadeira.
c) I e II são verdadeiras.
d) I e II são falsas.
Questão 15 - (UEMG/2013) A obra de Tomás Antônio Gonzaga e a obra de Luiz Ruffato diferem quanto ao espaço focalizado. Conforme ilustram as seguintes passagens, Marília de Dirceu enfoca uma paisagem campestre, ao passo que Eles eram muitos cavalos trata do cenário urbano, representado metonimicamente pela cidade de São Paulo:
Lira V – parte I
Aqui um regato Corria, sereno,
Por margens cobertas De flores e feno;
À esquerda se erguia Um bosque fechado, E o tempo apressado, Que nada respeita, Já tudo mudou.
(...)
São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou.
(Marília de Dirceu)
35. Tudo acaba
Luciano decúbito ventral sobre o colchão olhos cravados no teto de gesso rebaixado a televisão ligada desenho animado daqui a alguns anos o apartamento precisará de uma nova pintura as vigas terão de ser reforçadas a água que se infiltra no teto do banheiro e que já provocou o rejunte dos ladrilhos se imiscuirá entre as colunas os fios de eletricidadeendurecerão provocando curtos-circuitos e o prédio condenado arruinado será tomado por sem-teto mendigos drogados malucos traficantes disputarão o ponto e tudo findará porque tudo acaba (...)
(Eles eram muitos cavalos)
É CORRETO afirmar que os trechos
a) se opõem, pois o espaço rural pode ser percebido como símbolo da estabilidade e da permanência, enquanto o espaço urbano representa a instabilidade e a inconstância.
b) se aproximam, pois em ambos está presente a ideia da transitoriedade das coisas, percebida pela relação do indivíduo com o espaço em transformação.
c) se aproximam, pois ambos tratam de mudanças, embora em Gonzaga a mudança seja centrada no indivíduo e em Ruffato ela seja exclusiva do ambiente.
d) se afastam, pois o eu-poético de Gonzaga demonstra ter consciência de que tudo muda, enquanto o personagem de Ruffato é alheio à transformação das coisas à sua volta.
Questão 16 - (UEFS BA/2013)
Agora, Fanfarrão, agora falo contigo, e só contigo. Por que causa ordenas que se faça uma cobrança tão rápida e tão forte contra aqueles
que ao Erário só devem tênues somas? Não tens contratadores, que ao rei devem de mil cruzados centos e mais centos?
Uma só quinta parte que estes dessem, não matava do Erário o grande empenho? O pobre, porque é pobre, pague tudo,
e o rico, porque é rico, vai pagando sem soldados à porta, com sossego! Não era menos torpe, e mais prudente,
que os devedores todos se igualassem? Que, sem haver respeito ao pobre ou rico, metessem no Erário um tanto certo,
à proporção das somas que devessem?
Indigno, indigno chefe! Tu não buscas o público interesse. Tu só queres
mostrar ao sábio augusto um falso zelo, poupando, ao mesmo tempo, os devedores, os grossos devedores, que repartem contigo os cabedais, que são do reino.
CARTA VII, versos 246 a 268. In: OLIVEIRA, Tarquínio J. B. de.
As Cartas Chilenas – fontes textuais. São Paulo: Referência, 1972. p. 175.
Erário: conjunto dos recursos financeiros públicos; os dinheiros e bens do Estado; tesouro, fazenda. No fragmento das Cartas Chilenas, é possível reconhecer, como principal denúncia,
a) a pobreza que assola o Brasil do século XVIII e a indiferença dos administradores portugueses.
b) o tratamento desigual dado aos pobres e aos ricos da Colônia em relação às cobranças de impostos.
c) o comportamento bajulador dos ricos do Brasil-Colônia para não pagar seus impostos à Metrópole.
d) a denúncia de uma cobrança indevida aos pobres colonos por parte do administrador português da época.
e) os desmandos administrativos da Metrópole, que inverte a condição social dos colonos, ao transformar ricos em pobres.
Questão 17 - (UNESP SP/2013) Considere a letra de uma guarânia dos compositores sertanejos Goiá (Gerson Coutinho da Silva, 1935-1981) e Belmonte (Pascoal Zanetti Todarelli, 1937-1972).
Saudade de minha terra
De que me adianta viver na cidade, Se a felicidade não me acompanhar? Adeus, paulistinha do meu coração, Lá pro meu sertão eu quero voltar;
Ver a madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, começa a cantar.
Com satisfação, arreio o burrão, Cortando o estradão, saio a galopar; E vou escutando o gado berrando, Sabiá cantando no jequitibá.
Por Nossa Senhora, meu sertão querido, Vivo arrependido por ter te deixado.
Nesta nova vida, aqui da cidade,
De tanta saudade eu tenho chorado; Aqui tem alguém, diz que me quer bem, Mas não me convém, eu tenho pensado, E fico com pena, mas esta morena
Não sabe o sistema em que fui criado. Tô aqui cantando, de longe escutando,
Alguém está chorando com o rádio ligado.
Que saudade imensa, do campo e do mato, Do manso regato que corta as campinas.
Ia aos domingos passear de canoa Na linda lagoa de águas cristalinas;
Que doces lembranças daquelas festanças, Onde tinha danças e lindas meninas!
Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria, O mundo judia, mas também ensina. Estou contrariado, mas não derrotado,
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas.
Pra minha mãezinha, já telegrafei, Que já me cansei de tanto sofrer. Nesta madrugada, estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer; Já ouço sonhando o galo cantando, O inhambu piando no escurecer,
A lua prateada, clareando a estrada, A relva molhada desde o anoitecer. Eu preciso ir, pra ver tudo ali,
Foi lá que nasci, lá quero morrer.
(Goiá em duas vozes – o compositor interpreta suas músicas.
Discos Chororó. CD nº 10548, s/d.)
Relendo os primeiros seis versos da terceira estrofe, percebe-se que o conteúdo neles relatado apresenta analogia com a poesia do Arcadismo, de que foram típicos representantes em nosso país Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. Indique uma dessas semelhanças.
Questão 18 - (UEM PR/2013) Leia o poema abaixo e assinale o que for correto sobre ele, sobre a obra em que se insere e sobre o seu autor.
Lira XXX
Junto a uma clara fonte
A mãe de Amor se sentou; Encostou na mão o rosto, No leve sono pegou.
Cupido, que a viu de longe, Contente ao lugar correu; Cuidando que era Marília, Na face um beijo lhe deu.
Acorda Vênus irada: Amor a conhece; e então, Da ousadia que teve Assim lhe pede o perdão:
- Foi fácil, ó mãe formosa,
Foi fácil o engano meu; Que o semblante de Marília É todo o semblante teu.
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Martin Claret, 2007. p. 76.)
01. Na lira reproduzida acima, a temática do engano configura-se como elemento fundamental dos jogos de raciocínio conceptistas, característica marcante do Arcadismo.
02. O espaço natural, representado pela fonte e ligado diretamente ao motivo da ira por parte de Vênus, corrobora uma das temáticas árcades mais recorrentes: a do locus horrendus, ou seja, da natureza “madrasta” e cruel.
04. A opção pelo decassílabo sáfico na Lira XXX aponta para uma exceção em Marília de Dirceu: o uso da métrica regular. A opção por formas livres e ousadas, tônica da produção de Gonzaga, rendeu-lhe o epíteto de “precursor do Romantismo brasileiro”.
08. A retomada de valores ligados à Antiguidade grecolatina é uma característica do Arcadismo. Na Lira XXX, tal característica pode ser verificada na referência às divindades Cupido e Vênus, representantes do amor no poema.
16. Tomás Antônio Gonzaga esteve envolvido com o movimento da Inconfidência Mineira, o que o levou ao cárcere e a um posterior degredo. O período de cárcere, por sinal, influencia as composições da segunda parte de Marília de Dirceu.
Questão 19 - (UNIOESTE PR/2013) Assinale a alternativa que alude, de forma específica, ao texto de Domício Proença Filho (1974), abaixo transcrito.
“As estrofes apresentam um expositor que se dirige a uma personagem feminina, dizendo de si mesmo, de sua situação na vida, de suas emoções e aspirações. Depreende-se dos versos uma concepção tranquila e feliz da existência, uma visão confiante do mundo, valorizada por um sentimento amoroso onde transparece a ausência de conflitos. É exaltada a vida campesina nas suas mais simples condições [...]. Há um refrão que se repete no final de todas as estrofes, marcando a ‘eleição’ desse expositor privilegiado e, ao mesmo tempo, traduzindo uma atitude característica do ambiente social em que se insere poeticamente.”
a) Ismália, de Alphonsus de Guimarães.
b) Meus oito anos, de Casimiro de Abreu.
c) Soneto XIV, de Cláudio Manuel da Costa.
d) Lembrança de morrer, de Álvares de Azevedo.
e) Lira I (1ª parte de Marília de Dirceu), de Tomás Antônio Gonzaga.
Questão 20 - (UNCISAL/2013) Reagindo contra a linguagem rebuscada e as preocupações religiosas do movimento anterior, surge no século XVIII um novo estilo poético [...]. Recriando em seus textos as paisagens campestres de outras épocas, com pastoras e pastores levando uma vida agradável e amorosa, os poetas cantam os prazeres da vida. [...] Rejeitaram a linguagem complexa e buscaram inspiração na Antiguidade (grega e romana). [...] Adotaram como lema o carpe diem, o lócus amenus, o áurea mediocritas e o fugere urbem (Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano, em Português – Literatura – Gramática e Redação).
Com tais características estamos falandodo movimento	que, no Brasil, teve como principais representantes
 	e	.
Assinale a opção que preenche correta e respectivamente as lacunas acima.
a) árcade – Tomás Antonio Gonzaga – Claudio Manuel da Costa
b) romântico – José de Alencar – Gonçalves de Magalhães
c) pré-modernista – Euclides da Cunha – Graça Aranha
d) realista – Raul Pompéia – Artur Azevedo
e) modernista – Clarice Lispector – Jorge Amado
Questão 21 - (UCS RS/2012) O movimento árcade no Brasil procurou refletir as influências europeias aliadas aos interesses dos poetas pelas coisas da nossa terra. O mais popular poeta mineiro do período foi Tomás Antônio Gonzaga, que, em sua poesia lírica, Marília de Dirceu, tematiza os amores entre Dirceu e Marília.
Leia o fragmento de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
Lira II
Na sua face mimosa, Marília, estão misturadas Purpúreas folhas de rosa, Brancas folhas de jasmim. Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados; Os seus dentes delicados São pedaços de marfim.
(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. s/l. Editora Tecnoprint. s/d. p.28.)
A partir do fragmento acima, assinale a alternativa correta em relação ao Arcadismo.
a) Nessa Lira, o eu-lírico preocupa-se em buscar a razão de seus sentimentos amorosos.
b) A descrição de Marília denota sensualidade e paixão, evidenciadas pelos adjetivos empregados.
c) O culto à natureza é uma característica que representa o mundo pastoril dos poetas do século XVIII.
d) Nesse fragmento, a confusão de sentimentos demonstra uma característica marcante do Arcadismo: o bucolismo.
e) A fuga da realidade para uma vida campestre e harmoniosa é descrita por meio do uso de uma linguagem antitética.
TEXTO Comum às questões: 22, 23
Considere o poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
18
Não vês aquele velho respeitável, que à muleta encostado,
apenas mal se move e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, o tempo arrebatado,
que o mesmo bronze gasta!
Enrugaram-se as faces e perderam seus olhos a viveza:
voltou-se o seu cabelo em branca neve; já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, nem tem uma beleza
das belezas que teve.
Assim também serei, minha Marília, daqui a poucos anos,
que o ímpio tempo para todos corre. Os dentes cairão e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos, que evita só quem morre.
Mas sempre passarei uma velhice muito menos penosa.
Não trarei a muleta carregada, descansarei o já vergado corpo na tua mão piedosa,
na tua mão nevada.
As frias tardes, em que negra nuvem os chuveiros não lance,
irei contigo ao prado florescente: aqui me buscarás um sítio ameno, onde os membros descanse,
e ao brando sol me aquente.
Apenas me sentar, então, movendo
os olhos por aquela vistosa parte, que ficar fronteira, apontando direi: — Ali falamos,
ali, ó minha bela, te vi a vez primeira.
Verterão os meus olhos duas fontes, nascidas de alegria;
farão teus olhos ternos outro tanto; então darei, Marília, frios beijos
na mão formosa e pia, que me limpar o pranto.
Assim irá, Marília, docemente meu corpo suportando
do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília quem, sentida, chorando
meus baços olhos cerra.
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.)
Questão 22 - (UNESP SP/2012) A leitura atenta deste poema do livro Marília de Dirceu revela que o eu lírico
a) sente total desânimo perante a existência e os sentimentos.
b) aceita com resignação a velhice e a morte amenizadas pelo amor.
c) está em crise existencial e não acredita na durabilidade do amor.
d) protesta ao Criador pela precariedade da existência humana.
e) não aceita de nenhum modo o envelhecimento e prefere morrer ainda jovem.
Questão 23 - (UNESP SP/2012) No conteúdo da quinta estrofe do poema encontramos uma das características mais marcantes do Arcadismo:
a) paisagem bucólica.
b) pessimismo irônico.
c) conflito dos elementos naturais.
d) filosofia moral.
e) desencanto com o amor.
Questão 24 - (UEPA/2012)
LXII
Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte rico e fino.
Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia, Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que 'té agora se tornava em pranto, Se converta em afetos de alegria.
O campo como locus amoenus, livre de mazelas sociais e morais, foi o grande tema literário à época neoclássica, quando a literatura também expressou uma resistência à Cidade, considerada então violento símbolo do poder monárquico e da corrupção moral. Interprete as opções abaixo e assinale aquela em que se sintetiza o modo de resistência expresso nos versos de Cláudio Manuel da Costa acima transcritos.
a) apego à metrificação tradicional
b) bucolismo e paralelismo
c) aurea mediocritas
d) inutilia truncat
e) fugere urbem
Questão 25 - (UPE/2011) “(...) A gente via Brejeirinha: primeiro, os cabelos, compridos, lisos, louro-cobre; e, no meio deles, coisicas diminutas: a carinha não-comprida, o perfilzinho agudo, um narizinho que-carícia. Aos tantos, não parava, andorinhava, espiava agora – o xixixi e o empapar-se da paisagem – as pestanas til-til.”
João Guimarães Rosa. “Partida do audaz navegante”. Primeiras estórias.
Brejeirinha é a personagem principal de “Partida do audaz navegante”, conto de Guimarães Rosa. Sobre essa personagem, analise as proposições e conclua.
00. Brejeirinha constrói, ao longo do conto, a narrativa que dá origem ao título.
01. Brejeirinha não é uma narradora dentro da narrativa, mas, apenas, uma personagem.
02. A descrição que o narrador faz da personagem demonstra suas características infantis e a ternura que ele – o narrador – sente por ela.
03. O seu nome – Brejerinha – e a palavra “andorinhava”, neologismo criado pelo autor, para lhe atribuir as características das ações de uma ave, no sentido de demonstrar que, apesar de ser tão pequena, era rápida e dinâmica, remete, também, à esperteza da personagem.
04. Não é Brejeirinha quem conta história dentro da narrativa, mas, sim, suas irmãs: Pele e Ciganinha.
Questão 26 - (Mackenzie SP/2011)
Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava:
Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essência humana:
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Observação – lida: esforço, trabalho
Nessa estrofe, o eu lírico
a) critica o fato de na mocidade os homens se entregarem a uma vida de luxúria, vícios, crimes e amores efêmeros.
b) expressa sua mágoa com relação à vida passada, por ele caracterizada como de dissipação e marcadamente passional.
c) censura a atitude ingênua dos poetas que, quando jovens, se deixam seduzir cegamente pela poesia sentimental.
d) valoriza exageradamente as paixões humanas, considerando-as como as únicas experiências que realmente dão sentido à vida.
e) reconhece o caráter imortal do espírito humano, predestinado ao amor incondicional e inevitável.
Questão 27 - (UFPA/2011) Leia este soneto de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Já se afastou de nós o Inverno agreste Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera , a mãe das flores O prado ameno de boninas veste : Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis : as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E torna o fresco Tejo a cor celeste ; Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo :
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza!
Entre as afirmações abaixo, a única que NÃO contempla características quanto ao estilo e ao conteúdo do soneto transcrito, é:
a) Trata-se de um poema em que se manifestam as convenções do Arcadismo .
b) O texto atende às normas estabelecidas pelo classicismo greco-latino.
c) A contemplação da natureza remete para certa ênfase erótica.
d) Paze harmonia são elementos presentes no texto, em destaque.
e) A natureza aparece, no poema, como mediadora da relação amorosa.
Questão 28 - (FGV /2010)
Vila Rica
O ouro fulvo* do ocaso as velhas casas cobre; Sangram, em laivos* de ouro, as minas, que ambição Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelus plange ao longe em doloroso dobre, O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre, O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu... A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
Como uma procissão espectral que se move... Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.
Olavo Bilac
*Glossário:
“fulvo”: de cor alaranjada.
“laivos”: marcas; manchas; desenhos estreitos e coloridos nas pedras; restos ou vestígios.
No penúltimo verso, há uma referência ao pseudônimo árcade de um poeta ligado à cidade descrita no poema.
Trata-se do autor da obra Marília de Dirceu, cujo nome é
a) Gonçalves Dias.
b) Silva Alvarenga.
c) Basílio da Gama.
d) Cláudio Manuel da Costa.
e) Tomás Antônio Gonzaga.
Questão 29 - (UESPI/2010) Assinale a alternativa que referenda uma característica do Arcadismo presente no poema abaixo.
Acaso são estes os sítios formosos aonde passava os anos gostosos
São estes os prados, aonde brincava enquanto pastava
o manso rebanho
que Alceu me deixou?
a) Evasão pela morte.
b) Presença de entes mitológicos.
c) Confissão amorosa.
d) Bucolismo e contemplação da natureza.
e) Sentimento de religiosidade associado à meditação.
Questão 30 - (UFV MG/2010) O carpe diem é um dos temas recorrentes na poesia do Arcadismo que também pode aparecer na poesia de outros estilos de época. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO apresenta um exemplo desse tema:
a) Tristes lembranças! e que em vão componho A memória da vossa sombra escura!
Que néscio em vós a ponderar me ponho!
(COSTA, Cláudio Manuel da. Poemas escolhidos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 49.)
b) Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças, E ao semblante a graça!
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Martin Claret. 2009. p. 48.)
c) Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido, o que é verdura.
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1976. p. 320.)
d) Amanhã! — o que val’, se hoje existes! Folga e ri de prazer e de amor;
Hoje o dia nos cabe e nos toca,
De amanhã Deus somente é Senhor!
(DIAS, Gonçalves. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 444.)
GABARITO:
1) Gab: E
2) Gab: A
3) Gab: A
4) Gab: B
5) Gab: D
6) Gab: D
7) Gab: E
8) Gab: E
9) Gab: A
10) Gab: 07
11) Gab: B
12) Gab: D
13) Gab: E
14) Gab: C
15) Gab: B
16) Gab: B
17) Gab:
A semelhança em questão consiste na presença do topos (lugar-comum) designado, no repertório neoclássico do Arcadismo, com a expressão latina locus amoenus (lugar aprazível). Trata-se da descrição de uma paisagem agradável, com imagens campestres em que a natureza é representada como um refúgio idílico.
18) Gab: 24
19) Gab: E
20) Gab: A
21) Gab: C
22) Gab: B
23) Gab: A
24) Gab: E
25) Gab: VFVVF
26) Gab: B
27) Gab: C
28) Gab: E
29) Gab: D
30) Gab: A

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