Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURADORIA ESPECIAL ● Atenção pra se o Diogo Esteves estiver na banca. Gosta de cobrar. ● Função de natureza processual, ou seja, não se confunde com a curatela do direito civil. Exercida com exclusividade pela defensoria (art. 4, XVI da LC 80/94 c/c art. 72, p. 1o do CPC). O curador especial atua estritamente no processo em 5 hipóteses determinadas pelo art. 72 do CPC. ● Hipóteses de curadoria proativa: art. 72, I do CPC. Casos de incapaz sem representante legal ou incapaz com representante legal e com conflito de interesses. Acontecem independentemente do nível de incapacidade, ou seja, tanto absoluta quanto relativamente incapaz. A curadoria proativa serve para qualquer dos polos, ativo ou passivo. Na segunda hipótese, as situações mais comuns são quando o representante está no polo oposto da ação. Depende também de comportamento do representante (ex: ação de alimentos, filho é citado na pessoa da mãe que não se manifesta). ● Curadoria defensiva: art. 72, II. Casos de réu preso revel, réu revel citado por edital e réu revel citado por hora certa. Aqui só se fala de atuação no polo passivo (específico para réu), papel predominantemente defensivo. O réu tem que ser de um processo civil, réu em processo penal acontece de outra forma. Aqui, o indivíduo é réu no processo civil, está preso e ficou revel, a natureza da prisão é indiferente de pena (pode ser penal ou civil). Exemplo: crime de roubo, indivíduo foi preso e responde a ação penal. Em paralelo é ajuizada ação de indenização por danos morais. Quando há citação, verifica-se que a pessoa está presa em virtude de um processo penal. Se na ação indenizatória não houver constituição de advogado, a pessoa fica revel, mas como está presa, haverá atuação da curadoria especial. Nas demais hipóteses, não basta só a citação por edital ou por hora certa, tem que ter decorrido o prazo para apresentação de defesa para se tornar revel. Se a parte aparecesse no processo, desaparece a curadoria especial, da mesma forma se o réu preso for solto. Se for hipossuficiente pode requerer o patrocínio da defensoria, porém não mais como curador. ● Natureza jurídica: 1) representação processual: quando o curador atua, o incapaz tem um vício de legitimidade, não tendo legitimada para postular e estar sozinho em juízo. O curador, portanto, supre esse vício e representa o incapaz. Não explica o inciso II. 2) substituição processual: curadoria atua em nome próprio na defesa de direito alheio. Formalmente participa da relação processual, mas não do ponto de vista material. Não explica o inciso I. 3) corrente distintiva/vai variar conforme sua hipótese. Corrente que prevalece, fundindo as duas correntes anteriores. ● Prerrogativa: art. 341, p. único do CPC. Permite que o curador possa contestar por negativa geral, que é uma exceção ao princípio da eventualidade e ao ônus da impugnação especificada dos fatos. No geral, quando é apresentada a resposta, deve ser rebatido cada fato apontado na inicial, senão o fato é tornado incontroverso e quanto à eventualidade, na resposta deve-se esgotar toda matéria de defesa, ainda que as correntes sejam controversas entre si. No entanto, visto que o curador não tem contato com as partes e portanto não sabe quais pontos são verdadeiros ou não, o CPC dá essa prerrogativa de contestação por negativa geral, ou seja, quando o curador apresenta a contestaçÃo, automaticamente torna controversos todos os fatos descritos na inicial. Foi estendida ao defensor dativo e defensor público em qualquer função institucional, logo, é somado às hipóteses do art. 341. MP não tem mais essa prerrogativa. ● Curador especial quando atua, faz jus a honorários? Depende, pois tradicionalmente na DP pode haver duas verbas honorárias distintas: a primeira sendo honorários em sucumbência (art. 85 do CPC) e também os honorários de atuação (recebidos normalmente quando atuar em favor de pessoas que não são hipossuficientes). STJ diz que não existe previsão de honorários de atuação previstos para CE, fazendo jus somente de honorários de sucumbência. ● Custas: quando a DP atua como curador e interpõe recurso, deve ter preparo? Não é imposto o ônus de preparo para o recurso à defensoria, visto que não se pode utilizar o orçamento institucional, bem como se a parte está ausente a defesa deve ser a mais efetiva possível. ● Estatuto da Criança e do Adolescente trabalha com o conceito de curadoria especial, sendo importante observar algumas alterações da Lei 13.509/2017 trouxe. A primeira foi o artigo 162, parágrafo 4o do ECA foi alterado, representando um afastamento da atuação da curadoria especial em determinada hipótese, e o art. 158, p. 4o afastou um procedimento para realização de atos citatórios. Na jurisprudência há um debate sore a atuação da DP nas ações de destituição familiar, o MP entende que a DP não tem que atuar porque ele já atua no melhor interesse da criança a partir da sua atuação. DP argumenta que não necessariamente o MP atua no melhor interesse da criança, visto que é autor para destituição e pode ser que o interesse da criança não seja este. Logo, é necessário que a DP atue como curadora. Formalmente, a criança não figura nos polos da ação, mas materialmente, tem interesse em participar uma vez que será atingida pelos efeitos da decisão. Com as alterações trazida pela Lei 13.509/2017, é dificultada a participação dos pais no procedimento para destituição do poder familiar e ao mesmo tempo o direito da criança e do adolescente. O artigo 162, parágrafo 4o passa a dizer que nas ações de DPF não há atuação do curador especial. Esse dispositivo está em desacordo com a convenção dos direitos da criança e adolescente. O Art. 158 p. 4o estabelece que para citação por edital não é necessário esgotar as tentativa de localização, sendo uma supressão do contraditório. Esses dois dispositivos podem ser cobrados. ESTRUTURA DA DEFENSORIA PÚBLICA ● 4 classificações de órgãos: administração superior, atuação, execução e auxiliar. ● Administração superior: DPG, 1o sub-defensor PG, 2 sub-defensor, corregedoria geral e conselho superior. ● Atuação: defensorias públicas e núcleos que podem ser especializados ou de primeiro atendimento. ● Execução: os defensores públicos. ● Auxiliar: ouvidoria geral. ● Art. 98 da LC 80/94. ● Carreira da DP: defensor substituto -> defensor público -> defensor de classe especial ● Defensor público geral: requisitos para investidura, duração do mandato e processo de escolha. É o chefe da instituição, superentende e coordena as atividades. Tem que ser membro da carreira, tem que ter estabilidade (mais de 3 anos no cargo), ter mais de 35 anos e deve integrar uma lista tríplice formada pelo voto direto, secreto, plurinominal e obrigatório de todos os membros. Lista tríplice é encaminhada ao chefe do Executivo, que pode escolher qualquer um dos três nomes e nomeia o defensor público geral para mandato de 2 anos, permitida uma recondução desde que se inicie um novo processo eleitoral (repete tudo). Chefe do executivo tem 15 dias para indicar o candidato, se passar do prazo é investido na função o candidato mais votado. STF entende ser inconstitucional sabatina para defensor escolhido por governador, ou seja, defensor estadual. Sabatina é prevista somente para defensor público da União. Em caso de faltas ou impedimentos, o DPGE é substituído pelo 1o sub-defensor e pelo 2o sub-defensor. A quantidade de sub-defensor vai variar de acordo com o Estado. O sub-defensor no âmbito dos estados é escolhido e nomeado pelo defensor público geral. Está previsto no parágrafo 1o do art. 99, única exigência é ser membro estável da carreira. ● Corregedor geral: deve ser integrante da classe especial. Tem processo eleitoral próprio. Conselho Superior forma lista tríplice e DPGE escolhe um nome. CS também participa da destituição do corregedor. Destituição do DPGE é feita por iniciativa do governador, deputados (1/5) ou (2/3) membros da DP, realizada pela assembleia legislativa (art. 7o da LC 06/77). É substituído pelo sub-corregedor geral, nomeadopelo DPGE. A lei não prevê que o sub corregedor seja membro da classe especial. Exerce um mandato de 2 anos e também pode ter recondução por igual período precedido de nova eleição. Art. 105 traz o rol de atividades. ● Conselho Superior: órgão colegiado que possui composição nata (DPGE, 1o sub, 2o sub, corregedor geral e ouvidor geral) e classista (membros eleitos - mais votados - pela categoria que exercem mandato de 2 anos permitida reeleição - diferente de recondução, que tem um processo mais complexo). LC 80/94 estabelece que é órgão consultivo, normativo e decisório; que a representação classista deve ser a maioria; presidente da associação de classe de maior representatividade dos membros possui assento e voz (não vota) no CS, só participa das reuniões; três funções, além das definidas pela legislação estadual: fixar atribuição de órgãos de atuação, seja instância recursal em conflitos de atribuição (quem decide é o DPGE, cabendo recurso para o CS) e matéria disciplinar (punição dada pelo DPGE com recurso para o CS), aprova plano de atuação e exerce função consultiva, normativa e decisória; DPGE possui voto de qualidade (voto de desempate), salvo se se tratar de matéria disciplinar. Artigo 101 e 102 da LC 80/94. Para ser integrante no CS na composição classista deve ser membro estável, independente da classe na carreira. ● Órgãos de atuação: núcleos podem ser de primeiro atendimento (núcleos de bairro, implantados como porta de entrada, exerce o primeiro atendimento) ou especializados. ● Execução: é o defensor público. ● Artigos 105-A, B e C da lei 80/94 e 20-A, B e C da LC 06/77 prevem a ouvidoria geral. Promove a qualidade dos serviços prestados pela DP. O ouvidor geral não pode ser integrante da carreira, deve ser cidadão de reputação ilibada indicado por lista tríplice pela sociedade civil. CS seleciona um desses três nomes, e o DPGE nomeia (somente realiza a nomeação). Artigo 105-C (fazer leitura) indica as atribuições do ouvidor, mandato de 2 anos com recondução. Não exerce papel correcional, cria um elo de comunicação da sociedade civil com a instituição. Pode receber reclamações, mas não tem poder punitivo. ● Atenção aos dispositivos da LC estadual que estão suspensos. ● Foro por prerrogativa de função: STF é muito limitadora em relação ao foro. Recentemente, no julgamento da ADI 2551 o STF entendeu que FPPF previsto em norma estadual sem simetria com o modelo constitucional é inconstitucional. A CF não dá FPPF aos membros da DP, não há previsão. Mas alguns Constituições estaduais concedem FPPF aos membros da DP, que é o caso do RJ, que respondem no TJRJ. Tem que saber que a CF do RJ dá FPPF mas a ADI 2551 do Maranhão entendeu que é inconstitucional. ● Legitimidade para controle de constitucionalidade: a CF e a lei 9868/99 não concedem a DP legitimidade para ajuizar ADI ou ADC. Porém, algumas CFs estaduais dão legitimidade a DP e ao DPGE, que é o caso do RJ. A CE do Rio prevê representação de inconstitucionalidade. No âmbito da CF não tem, mas as CE dão. Lei 11417/2006 que é a lei da SV o DPG Federal recebe legitimidade pra propor revisão, cancelamento e edição de enunciado de SV. ● ADI 4636 e RE 1555 sobre a atuação da DP em contraposição a advocacia. DP deve ou não estar inscrito na OAB? LC 80/94 estabelece que a capacidade postulatória advém de nomeação e posse no cargo, o que foi objeto da ADI. EC 80 diferencia DP e advocacia na CF. O STF vota pela constitucionalidade da norma da LC 80/94 e no RE reafirma essa tese de que não é advogado e não precisa de inscrição na OAB. Resp 1710155 do STJ também decidiu sobre isso. ● Gratuidade de justiça: 1) distinção entre assistência jurídica, judiciária, gratuidade de DP. Judiciária beira o desuso, existia antes de CF/88, sendo um conceito insuficiente e nasce o jurídica, que é o previsto na CF/88, sendo mais amplo por englobar o judiciária e abrange também a atuação extrajudicial. Quem analisa se alguém é detentor do direito a assistência jurídica é o defensor público (deliberação 124 de 2017 do CS da DPRJ). Gratuidade corresponde a dispensa provisória do pagamento das despesas processuais, quem analisa é o judiciário. O que não pode é o juiz indeferir a gratuidade e indeferir por isso a atuação da defensoria, o primeiro não interfere na segunda. Se isso acontecer, a DP vai atuar e a parte vai recolher as custas. STJ diz que é possível indeferimento tácito da gratuidade de justiça. Ler artigo 98, parágrafo 1o. Art. 790, CLT possibilidade de concessão da gratuidade de ofício. Recorribilidade em tema de gratuidade: as decisões que negam ou revogam são impugnadas por meio de agravo de instrumento, mas se acontecer na sentença o recurso é apelação. Decisão que defere não se sujeita recurso, mas sim a impugnação feita no corpo da contestação ou por petição simples. ● Critério objetivo fixo e presunção objetiva de elegibilidade: 1) importância de se observar o critério objetivo fixo, tem que defender que é inconstitucional, porque ferem a inafastabilidade de apreciação judicial. 2) O que é constitucional é a POE que traz uma presunção, mas não uma imposição que não pode ser questionada. Observar quanto a gratuidade. ● Prerrogativa: art. 128 da LC 80/94. Art. 186, parágrafo 2o do CPC. ADI 230-9 e RE 1034548 do STF declara inconstitucional norma estadual que concede poder de requisição a DP. STJ RE 1261856 entende que o assistido patrocinado pela DP tem contado em dobro o prazo para cumprimento de sentença (na época do CPC 1973, a DP tinha a obrigação de comunicar o assistido sobre o prazo de cumprimento de sentença, com o novo CPC o assistido é comunicado por carta). Necessidade de observar a prerrogativa de intimação pessoal mediante entrega dos autos com vista, contagem a partir do ingresso dos atos na instituição. STJ diz que tabela de honorário da OAB só são obrigatórias para fins de advocacia dativa se é construída em acordo com a DP pra efeitos de atuação mediante convênio (regra é ser facultativa). Decreto presidencial coloca DP no rol de atividades essenciais.
Compartilhar