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Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Aula 1 Página 1 de 215 Cronograma 2 As definições de cultura Cultura e Identidade Nacional Cultura, Literatura e Sociedade Globalização, tradição e modernidade Identidade cultural na contemporaneidade Página 2 de 215 Pensando sobre cultura • O que é cultura? • Como defini-la? © A le x a n d re M ig u e l D a S ilv a N u n e s | 3 Página 3 de 215 Homem, um ser cultural Baraka 4 Página 4 de 215 Algumas definições fundamentais 5 Cultura relacionada ao cultivo... Cultura como sinônimo de civilização ou conjunto de modos de vida de um grupo. Cultura como bem intelectual: “pessoa culta”. Página 5 de 215 Definições usuais para Cultura 1. Modo de vida global de um grupo, expresso nas atividades sociais, linguagem, arte e trabalho intelectual; 2. Ordem global social de grupos ligada à perspectiva dos estilos de arte e trabalho intelectual. © N e tf a lls | D re a m s ti m e .c o m 6 Página 6 de 215 Visão Sociológica da Cultura «conjunto de costumes, práticas, comportamentos que são adquiridos e transmitidos socialmente de geração em geração: "cultura asteca", "cultura inca", "cultura greco-latina", "cultura latino-americana", "cultura ocidental"» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001). © R o n C h a p p le | D re a m s ti m e .c o m 7 Página 7 de 215 Pensando a partir da antropologia • A antropologia se desenvolve no século XV, quando as fronteiras do Velho mundo se ampliam e o contato com o “Novo Mundo” se intensifica. • Nos Séculos XV e XVI, as notícias sobre os povos distantes passam a ser produzidas com duas ideologias concorrentes, a que manifestava uma recusa pelo estranho e a outra uma fascinação. 8 Página 8 de 215 A tentativa de se explicar o outro • Neste contexto o conceito de “outros” surge como algo fundamental na tentativa de se compreender o que pensava, como vivia e a que lugar pertencia este outro. 9 Página 9 de 215 Antropologia - primitivo X civilizado Ser antropólogo era distanciar-se das sociedades consideradas “civilizadas” e mergulhar em sociedades “primitivas” ou simples. 10 © S é b a s ti e n B o n a im é | D re a m s ti m e .c o m / h tt p :/ /b lo g .m a is e s tu d o .c o m .b r Página 10 de 215 http://blog.maisestudo.com.br/wp-content/uploads/2011/05/guarani.jpg 11 VELHO MUNDO CENTRO OCIDENTE EUROPEU CIVILIZADO MODERNO NOVO MUNDO PERIFERIA ORIENTE OUTRO PRIMITIVO ATRASADO Página 11 de 215 Visão revisada da antropológica sobre cultura Polissêmica 1. O conceito de cultura é uma forma de pensarmos a diferença entre os homens. De falar das diferenças em todos os planos. 2. Todo e qualquer conceito de cultura surge a partir de uma determinada cultura. Desta forma, se temos inúmeras definições para o conceito de cultura, é porque há inúmeras culturas. 12 Página 12 de 215 Cultura erudita x cultura popular • Cultura de elite • Cultura dominante/ culta • Cultura do povo • Saberes e práticas tradicionais/ inculta 13 • Um debate não resolvido. • Modos diferenciados de ser agir e pensar, associados a cultura. h tt p :/ /w w w .c u lt u ra .r s .g o v. b r h tt p :/ /t a m b o u rs b a tt a n ts .c o m Página 13 de 215 http://www.cultura.rs.gov.br/v2/wp-content/uploads/2012/09/OJRS_credito_Clleber_Passus_6.jpg http://tamboursbattants.com/wp-content/uploads/2012/10/congado1.jpg Indústria cultural A expressão indústria cultural foi utilizada pela primeira vez pelos teóricos da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer no livro Dialética do Esclarecimento. O conceito foi criado para definir o modo como a cultura se transformou em mercadoria se massificando, patronizando gostos e produzindo ilusões através do entretenimento vazio. 14 h tt p :/ /2 7 .m e d ia .t u m b lr .c o m / Página 14 de 215 http://27.media.tumblr.com/tumblr_lmfpdqSzwC1qepqc2o1_500.jpg Referências ROCHER. G. Sociologia Geral. Lisboa, Ed. Presença, 1977. ROCHA, E. P. G. O que é etnocentrismo. 3ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1986. MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo, EPU-EDUSP, 1974a e b 15 Página 15 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Atividade 1 Página 16 de 215 Atividade Alteridade TOI - Lead Índia Tree 17 Página 17 de 215 http://www.youtube.com/watch?v=xoRuphe-thk http://www.youtube.com/watch?v=xoRuphe-thk Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Aula 2 Página 18 de 215 Na aula passada... • Estudamos as concepções existentes sobre cultura. • A multiplicidade do conceito cultura, especialmente para a antropologia. • Hoje trabalharemos os efeitos da diversidade cultural. 2 Página 19 de 215 Diferenças culturais e o estranhamento • Desde a antiguidade foram comuns as tentativas de explicar as diferenças comportamentais da humanidade a partir da associação com os ambientes físicos, clima ou região do planeta. 3 h tt p :/ /c a d e rn o s o c io lo g ia .b lo g s p o t. c o m .b r, Página 20 de 215 Etnocentrismo • “Etnocentrismo é uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.” (ROCHA, p.5, 1986). 4 Página 21 de 215 O julgamento sem defesa! • Julga-se de forma moral, religiosa e social outras comunidades, e suas diferenças são consideradas anomalias. 5 w w w . to rr e s -g a rc ia .j p g Página 22 de 215 http://www.google.com.br/imgres?q=etnocentrismo&um=1&hl=pt-BR&sa=N&biw=1440&bih=703&tbm=isch&tbnid=zhSz3q1ffnyv6M:&imgrefurl=http://www.cafecomsociologia.com/2010/05/etnocentrismoocidentalizacao-do-mundo.html&docid=UPdLR2ZTYP0cHM&imgurl=http://interpretar.files.wordpress.com/2009/10/torres-garcia.jpg&w=492&h=493&ei=oxv3T7qkCqjV6wGJhpTyBg&zoom=1&iact=hc&vpx=621&vpy=359&dur=719&hovh=225&hovw=224&tx=40&ty=243&sig=112456720735419035627&page=4&tbnh=150&tbnw=151&start=70&ndsp=24&ved=1t:429,r:14,s:70,i:368 Etnocentrismo Hotel Ruanda 6 Página 23 de 215 Evolucionismo • Charles Darwin (1809-1882) em 1859, escreveu o livro A Origem das Espécies. Início da concepção evolucionista. • Refere-se a uma teoria que admite a transformação progressiva das espécies. w w w . e v o lu c io n is m o .j p g 7 Página 24 de 215 http://www.google.com.br/imgres?q=evolucionismo&um=1&hl=pt-BR&biw=1440&bih=703&tbm=isch&tbnid=4KtZoeF5ulTjJM:&imgrefurl=http://profjosepsantos.wordpress.com/tag/evolucionismo/&docid=ls7YfqRRCLrjWM&imgurl=http://profjosepsantos.files.wordpress.com/2011/03/evolucionismo.jpg&w=299&h=188&ei=8AD3T7CYLqai6wH0ipHJBg&zoom=1&iact=hc&vpx=623&vpy=209&dur=859&hovh=150&hovw=239&tx=49&ty=170&sig=112456720735419035627&page=1&tbnh=123&tbnw=196&start=0&ndsp=19&ved=1t:429,r:2,s:0,i:115 Teoria da Seleção Natural 1. a população é a unidade evolutiva; 2. nas populações, os indivíduos apresentam variabilidade nas suas características; 3. o ambiente atua sobre as populações exercendo seleção natural – os indivíduos mais aptos têm mais probabilidade de sobreviver; 4. os indivíduos mais aptos têm um maior sucesso reprodutor, logo maior número de descendentes. h tt p :/ /w w w .m u n d o e d u c a c a o .c o m .b r 8 Página 25 de 215 Determinismo • O determinismo foi utilizado, como sistema explicativo do universo, a partir da Idade Moderna, em especial para a determinação das leis que governam os fenômenos naturais. 1. Biológico; 2. Geográfico. ro s to s -r a ç a s _ th um b .j p g , m e d iu m m u lt ir a c ia lb k 3 .j p g 9 Página 26 de 215 http://www.google.com.br/imgres?q=ra%C3%A7as&um=1&hl=pt-BR&biw=1440&bih=703&tbm=isch&tbnid=BFCdLJxMKVctZM:&imgrefurl=http://envolverde.com.br/sociedade/brasil-sociedade/diferenca-salarial-entre-as-racas-nao-vem-do-preconceito/&docid=3NGcs167JmE5uM&imgurl=http://envolverde.com.br/portal/wp-content/uploads/2012/04/rostos-ra%C3%A7as_thumb.jpg&w=399&h=283&ei=1vf2T7PXLcfY6wHV66HGBg&zoom=1&iact=hc&vpx=540&vpy=110&dur=953&hovh=189&hovw=267&tx=14&ty=212&sig=112456720735419035627&page=1&tbnh=142&tbnw=199&start=0&ndsp=20&ved=1t:429,r:2,s:0,i:141 http://www.google.com.br/imgres?q=ra%C3%A7as&um=1&hl=pt-BR&biw=1440&bih=703&tbm=isch&tbnid=jYGxAZ9LzPVuPM:&imgrefurl=http://csm7anoa.pbworks.com/w/page/32694547/Ra%C3%A7a&docid=hw4R27DnqxeMJM&imgurl=http://csm7anoa.pbworks.com/f/1290172320/mediummultiracialbk3.jpg&w=250&h=295&ei=1vf2T7PXLcfY6wHV66HGBg&zoom=1&iact=hc&vpx=685&vpy=244&dur=735&hovh=236&hovw=200&tx=56&ty=251&sig=112456720735419035627&page=1&tbnh=150&tbnw=127&start=0&ndsp=20&ved=1t:429,r:9,s:0,i:163 Determinismo biológico 10 É a concepção de que a determinação dos atos dos indivíduo pertence à força de certas causas, externas e internas. Afirma a existência de relações fixas de causa e feito. O que acontece não poderia deixar de acontecer porque está ligado a causas anteriores. Página 27 de 215 Determinismo Geográfico O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural. Estas teorias, relacionam a latitude com os centro de civilização, considerando o clima como um fator importante na dinâmica do progresso. 11 Página 28 de 215 Determinismo Geográfico 12 g ir l- fr o m -k a la s h -p a k is ta Página 29 de 215 Será que tudo é tão simples assim? Como explicar as variações culturais no mesmo ambiente físico? Como os lapões e esquimós do ártico! p t. w ik ip e d ia .o rg 13 Página 30 de 215 A cultura arquiteta os indivíduos e os corpos h tt p :/ /m e m o ri a lr o m u lo a ra n te s .b lo g s p o t. c o m .b r 14 Página 31 de 215 http://memorialromuloarantes.blogspot.com.br/ As técnicas do corpo de Marcel Mauss • O corpo para Marcel Mauss é necessariamente uma construção simbólica e cultural, para ele, toda sociedade se utiliza de formas para marcar o corpo de seus membros. Por isso, os limites da dor, da excitabilidade, da resistência são diferentes em cada cultura. 15 h tt p :/ /w w w .b a b e lio .c o m Página 32 de 215 Portanto... • Não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura. 16 Página 33 de 215 Referências ROCHER. G. Sociologia Geral. Lisboa, Ed. Presença, 1977. ROCHA, E. P. G. O que é etnocentrismo. 3ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1986. MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo, EPU-EDUSP, 1974a e b 17 Página 34 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Atividade 2 Página 35 de 215 Consequências destas concepções - Xenofobia 19 Página 36 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Aula 3 Página 37 de 215 Para início de conversa • Veremos outras dimensões da cultura, abordando a relação entre cultura e identidade; • Estudaremos a construção da identidade nacional brasileira. 2 Página 38 de 215 Você já se perguntou? 3 Por que sou brasileiro e não indiano? h tt p :/ /p e re g ri n a 1 2 .p la n e ta c lix .p t; Página 39 de 215 http://peregrina12.planetaclix.pt/ Cultura e identidade • A construção da identidade nacional brasileira se efetivou de forma distinta de outras identidades construídas na Europa, como a inglesa, por exemplo, abordada por Stuart Hall (2005), cuja formação seria calcada na ideia de pureza, sustentada na exclusão daqueles que não se incluem nos ideais de unidade nacional. 4 Página 40 de 215 Cultura e identidade • No Brasil, ao contrário, a identidade nacional se forja na ideia de mistura, seja ela materializada na miscigenação (biológica) ou na mestiçagem (cultural). Perpassaremos alguns autores, com destaque para Gilberto Freyre, que foram responsáveis pela criação da ideia de um Brasil que se definiria pela harmonia racial, pela tropicalidade e afetividade. 5 Página 41 de 215 Cultura e identidade • Tais concepções foram criadas em determinado momento histórico, acabando por obscurecer as relações étnico-raciais conflituosas e desiguais que subalternizaram povos indígenas e a população negra dentro do território nacional. 6 Página 42 de 215 Sistema de símbolos e visão de mundo Dentro de uma determinada sociedade, ou grupo social, aprendemos a conceber o mundo e a nos compreender no mundo de forma peculiar. É a partir desses significados que podemos dar sentido à nossa existência, a partir deles formamos nosso senso de identidade. “A cultura é a lente através da qual o homem vê o mundo.” 7 © J o a n n e Z h | D re a m s ti m e .c o m Página 43 de 215 Weber - a cultura e a identidade • Tese weberiana ilustra como a visão do trabalho e da vida passa pela cultura. • Os preceitos religiosos dispostos aos fiéis, que formam um repertório de valores, normas comportamentais e significados culturais que delineiam a forma como compreendiam o mundo e se compreendiam no mundo. • São as fontes culturais responsáveis por transmitir elementos que subsidiam nossas formas de compreender o mundo e construir nossa identidade. 8 Página 44 de 215 Hall e a Identidade A construção da identidade parte tanto de aspectos subjetivos quanto sociais. Ainda segundo o sociólogo jamaicano-inglês, as identidades culturais são “aqueles aspectos de nossas identidades que surgem de nosso ‘pertencimento’ a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais” (HALL, 2005, p. 08). A identidade nacional 9 Identidade cultural da modernidade Página 45 de 215 Conjunto de símbolos A identidade nacional 10 Marcos Coimbra A caracterização da identidade nacional consubstancia-se na existência da identidade cultural, a qual é função de fatores históricos, científicos e psicológicos/ religiosos Página 46 de 215 Definição de Identidade Nacional • Benedict Anderson (1991): a identidade nacional substituiu as identidades religiosas com a constituição das sociedades modernas e formação dos Estados-nacionais. • As identidades nacionais são criadas em determinado momento histórico, fomentando uma nova forma de solidariedade social distinta das anteriores, definidas como “comunidades imaginadas”. • Porque são construções simbólicas poderosas que permitem a identificação de todos os membros de uma nação com os valores. 11 Página 47 de 215 Como os valores da identidade nacional se formam? • Contexto de formação dos Estados-nacionais • Narrativas com a ênfase nas origens, na invenção de tradições de passado longínquo e na atemporalidade. • Nas narrativas nacionais, escolhem-se certos traços e se omitem outros, fundando a ideia de um povo, com características singulares compartilhadas por todos os membros do mesmo território nacional. 12 Página 48 de 215 13 Sofremos influências dos portugueses, negros, índios e imigrantes. Daí resulta uma série de aspectos positivos, tais como: criatividade, capacidade de adaptação, senso estético, inteligência, índole pacífica, alegria e outras, como também algumas características negativas: indolência, tolerância, sensibilidade extrema a influências episódicas, tecido social frágil, oportunismo. Página 49 de 215 14 h tt p :/ /f a la fi l. c o m .b r; h tt p :/ /i m g uo l. c o m ; h tt p s :/ /a n a lis e in d is c re ta .f ile s .w o rd p re s s .c o m Página 50 de 215 http://falafil.com.br/ http://imguol.com/ https://analiseindiscreta.files.wordpress.com/2011/06/macunac3adma-poster.jpg Origem Identidade nacional brasileira Emancipação brasileira de 1822, quando havia a necessidade do corte “umbilical” com Portugal e criação de um conjunto de medidas estratégicas para formação efetiva de um país. 15 Página 51 de 215 16 2. Criação Instituto Histórico e Geográfico – “Como escrever a História do Brasil”. 1. Instalam-se faculdades de Medicina e Direito (Constituição Nacional). Página 52 de 215 A História do Brasil iniciada à luz da identidade inter-racial • A proposta de uma História para o Brasil surge com a inauguração do mito das três raças. “A democracia racial”. 17 h tt p :/ /b a h ia .c o m .b r; h tt p :/ /u p lo a d .w ik im e d ia .o rg ; h tt p :/ /w w w .t h a ila n d -f a m ily -l a w -c e n te r. c o m Página 53 de 215 http://bahia.com.br/ http://upload.wikimedia.org/ http://www.thailand-family-law-center.com/thai-divorce-lawyer/wp-content/themes/thesis_18/custom-sample/rotator/sa Tais teorias pareciam lembrar ideais igualitários, mas depositavam nos negros/ mestiços a culpa pelos "males da nação". Teorias naturalistas (Martius,1981) médicas (Rodrigues, 1944) como jurídicas (Romero,1949) defendiam a mestiçagem tipicamente brasileira tendo como resultado um povo brasileiro “áfrico-indiana e latim- germânico”. Teorias defendiam o segregacionismo e o branqueamento 18 Página 54 de 215 A questão racial e as Ciências Sociais A questão de raça com contornos racistas Dilemas dos intelectuais brasileiros dos séculos XIX tentavam responder à “inferioridade” do povo brasileiro com relação aos povos europeus: 19 Raça X Natureza X Índole Página 55 de 215 Elementos tipicamente nacionais • Criação governamental de 1930 definia quem era brasileiro! 20 O arroz e o feijão são a simbiose da ideia da mestiçagem e, por isso, em 1930, tornam-se elementos tipicamente nacionais! h tt p :/ /w w w .l u g a rz in h o .c o m ; h tt p :/ /w w w .c a p o e ir a b ra s il. c a ; h tt p :/ /w w w .c e n a c a ri o c a .c o m .b r Página 56 de 215 http://www.lugarzinho.com/ http://www.capoeirabrasil.ca/ http://www.cenacarioca.com.br/wp-content/uploads/2013/10/carnaval-sapucai.jpg A identidade nacional publicizada A figura mimética e simpática do malandro carioca, na recusa de trabalho regular é, nas décadas de 30 e 40, apropriada pelo Estado Novo. De um lado, destacavam-se as virtudes da mestiçagem e, do outro, os pontos negativos. Introduz-se em 1950 o ideário do “jeitinho brasileiro”! 21 Página 57 de 215 Referências ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas, Lisboa: Edições 70, 1991. FREYRE, Gilberto. (1933) Casa-Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. HOLLANDA, Sérgio Buarque de. (1936) Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Centauro, 2001. SCHWARCZ, Lilia Moritz. "Complexo de Zé Carioca: notas sobre uma identidade mística e malandra". Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, n 29, p. 49-63, out. 1995. ______. Negras Imagens. Org. Schwarcz, L. M. Reis, L. V. São Paulo: EDUP, 1996. ______. Retrato em branco e preto. São Paulo: Companhia das Letras, 1982. SOUZA, Jessé . A Ralé Brasileira: quem é e como vive.. Belo Horizonte: UFMG, 2009. 22 Página 58 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Atividade 3 Página 59 de 215 Atividade Identidade – Fernando Meirelles 24 Página 60 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Aula 4 Página 61 de 215 Para início de conversa • Discutimos o conceito de identidade e como se constrói uma identidade nacional. • Estudaremos a construção da identidade nacional a partir da concepção de dois pensadores brasileiros: Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda. 2 Página 62 de 215 Gilberto Freyre e o legado da colonização Em Casa Grande e Senzala, destaca a formação da sociedade brasileira, tendo em vista a miscigenação. 3 1900-1987 h tt p :/ /2 .b p .b lo g s p o t. c o m ; h tt p :/ /e s ta c a o fi n la n d ia .b lo g s p o t. c o m .b r Página 63 de 215 http://2.bp.blogspot.com/ http://estacaofinlandia.blogspot.com.br/ A Casa Grande e a Senzala O livro é histórico e enfatiza as características da colonização portuguesa da sociedade agrária, escravidão e mistura de raças. Propõe que a formação estrutural do Brasil não é mera reprodução da cultura portuguesa, mas uma junção de elementos específicos. 4 p ro lu c ia n o fa u s ti n a .b lo g s p o t. c o m ; h tt p s :/ /c 1 .s ta ti c fl ic k r. c o m Página 64 de 215 prolucianofaustina.blogspot.com https://c1.staticflickr.com/1/132/403321473_d8adbd73e1.jpg A estrutura da casa e da senzala A estrutra da Casa-Grande, segundo Freyre, expressava o modo de organização social e política – Patriarcalismo. Esta estrutura incorporava os vários elementos que compunham a propriedade do Brasil. O patriarca da terra era considerado o dono de tudo que nela se encontrasse, desde escravos, parentes, até filhos e esposa. Tal padrão se expressa na arquitetura da Casa-Grande. 5 h tt p :/ /1 .b p .b lo g s p o t. c o m Página 65 de 215 http://1.bp.blogspot.com/-AY9jb2wIQbk/Tz-TtBkc1kI/AAAAAAAASjk/iPOq51bm4nQ/s400/escravidao.jpg Neste livro, o autor tenta também desmistificar a noção de determinação racial na formação de um povo, dando ênfase não apenas à adaptação da miscigenação à vida nos trópicos, mas também a formação de uma nova civilização original e critaiva. Com isso, refuta a ideia de que no Brasil se teria uma raça inferior dada à miscigenação que aqui se estabeleceu. 6 h tt p :/ /g a ta s n e g ra s b ra s ile ir a s .f ile s .w o rd p re s s .c o m Página 66 de 215 http://gatasnegrasbrasileiras.files.wordpress.com/2014/05/redenc3a7c3a3o-de-cam.jpg Freyre diferencia raça e cultura, separa herança cultural e étnica e trabalha a concepção da cultura brasileira como o conjunto de costumes, hábitos e crenças de um povo. Elementos importantes 7 Página 67 de 215 Elementos importantes 8 Ele muda a concepção das Ciências Sociais de até então, mostrando que existe um espaço de construção da ordem social com uma dinâmica própria circunscrita na casa grande e na senzala. Página 68 de 215 Sergio Buarque de Holanda e a cordialidade • Formado em Ciências Jurídicas e Sociais. É um importante intelectual brasileiro. • O livro Raízes do Brasil aborda aspectos centrais da história da cultura brasileira, destacando o legado cultural da colonização. 1902-1982 9 h tt p :/ /w w w .c o m p a n h ia d a s le tr a s .c o m .b r; h tt p :/ /i s u b a .s 8 .c o m .b r/ Página 69 de 215 http://www.companhiadasletras.com.br/ http://isuba.s8.com.br/produtos/01/00/item/160/6/160660SZ.jpg Raízes do Brasil apresenta alguns dos obstáculos da modernização política e econômica brasileira sobre uma ótica madura e aprofundada das raízes sociais e políticas. Neste livro, Holanda não reconstrói a identidade nacional, visto que para ele é algo em construção e repleto de contradições. 10 h tt p :/ /w w w .c o m p a n h ia d a s le tr a s .c o m .b r Página 70 de 215 http://www.companhiadasletras.com.br/images/autores/00227_gg.jpg Desvela as forças que atuaram na formação de cada região do país e identifica a lenta adaptação ao meio do legado cultural dos colonos portugueses. Contribuições11 Analisa a ideia de cordialidade que sintetiza o encadeamento de uma série de fatores típicos da colonização portuguesa. h tt p :/ /w w w .c a p o e ir a b ra s il. c a Página 71 de 215 http://www.capoeirabrasil.ca/wp-content/themes/theme1365/images/slider_img/slide02.jpg A Cordialidade Para Holanda, entender os aspectos da cordialidade ajuda na compreensão das raízes, uma série de fatores típicos da colonização portuguesa, como: 12 h tt p :/ /2 .b p .b lo g s p o t. c o m / Página 72 de 215 http://2.bp.blogspot.com/-TwBHlG6QIlk/TbbYEU789bI/AAAAAAAAAC0/ZyMBam6aGag/s1600/VCIOSB%7E1.JPG 13 1. culto à personalidade: valorização do indivíduo e ausência de qualquer tipo de dependência; 2. tibieza das estruturas hierárquicas; 3. adaptabilidade, plasticidade e privatismo. Página 73 de 215 Homem cordial Sergio Buarque de Holanda 14 Página 74 de 215 15 Sergio Buarque de Holanda destaca que homem cordial sintetiza a vida cultural da sociedade brasileira e aponta as relações baseadas nesta perspectiva. Demonstra as relações baseadas no fundo emocional, extravasando o ambiente privado e estendendo-se a todas as relações da sociedade. h tt p :/ /b lo g .t ri b u n a d o n o rt e .c o m .b r Página 75 de 215 http://blog.tribunadonorte.com.br/abelhinha/files/2011/06/charge_reforma_politica.jpg Contribuições Holanda nos oferece elementos para verificar que nossa história é marcada pelo predomínio das vontades individuais e pessoalidade invadindo espaços que deveriam ser impessoais e públicos. 16 s a lv a d o rn e to .c o m .b r Página 76 de 215 salvadorneto.com.br Para este pensador, nossa aptidão para o social, marcada pela cordialidade, não se apresenta como tendência útil para a construção da vida pública já que esta relação impede abstrair-se do particular em favor do coletivo e integrar-se como peça crítica e viva ao conjunto social. 17 Página 77 de 215 Contraposições Gilberto Freyre Sociedade brasileira se faz por antagonismos. Não há ruptura entre público e privado. Harmonia entre os tipos sociais em um todo homogêneo de diversidades éticas e culturais. Sergio Buarque Sociedade brasileira pode ser explicada pelo homem cordial - síntese do culto a personalidade. A sociedade brasileira se caracteriza pela convivência entre o caudilhismo e liberalismo enquanto dialéticos. 18 Página 78 de 215 O mito da democracia racial • Na obra de Gilberto Freyre, o Brasil passou a ser pensado pelos brasileiros como um país fundado pelo encontro harmônico entre indígenas, africanos e portugueses. Mesmo com a escravidão e a dizimação de povos indígenas, passou-se a estabelecer uma identidade na qual a harmonia e a mistura se sobrepunham aos conflitos. • Ideia que passou a ser criticada por pesquisas que buscavam evidenciar as relações conflituosas entre brancos, indígenas e negros. 19 Página 79 de 215 A Identidade Nacional Toda identidade é uma construção simbólica; não existe uma identidade autêntica e original, mas uma pluralidade de identidades, construídas por diferentes grupos sociais, em momentos históricos diferentes. 20 h tt p :/ /c o n je c tu ra .f ile s .w o rd p re s s .c o m ; h tt p :/ /3 .b p .b lo g s p o t. c o m ; h tt p :/ /w w w .c b n s a lv a d o r. c o m .b r Página 80 de 215 http://conjectura.files.wordpress.com/ http://3.bp.blogspot.com/ http://www.cbnsalvador.com.br/fileadmin/user_upload/Imagens/festa-junina.jpg Referências ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. Lisboa: Edições 70, 1991. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. FREYRE, Gilberto. (1933) Casa-Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992. HOLLANDA, Sérgio Buarque de. (1936) Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Centauro, 2001. SCHWARCZ, Lilia Moritz. "Complexo de Zé Carioca: notas sobre uma identidade mística e malandra". Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, n 29, p. 49-63, out. 1995. ______. Negras Imagens. Org. Schwarcz, L. M. Reis, L. V. São Paulo: EDUP, 1996. ______. Retrato em branco e preto. São Paulo: Companhia das Letras, 1982. SOUZA, Jessé . A Ralé Brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: UFMG, 2009. 21 Página 81 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Atividade 4 Página 82 de 215 Atividade 23 Que relação há entre as fotos e a concepção de homem cordial em Holanda? Página 83 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Aula 5 Página 84 de 215 Objetivos • Compreender a relação entre cultura e sociedade no Brasil; • Aprender aspectos fundamentais das análises sociológicas das obras literárias; • Entender a análise dialética da ordem e desordem como fundamental na compreensão da sociabilidade brasileira; • Refletir sobre como as relações pessoais e as leis impessoais se relacionam de forma específica no Brasil. 2 Página 85 de 215 Literatura e Sociedade • Primeiramente refletiremos sobre as relações entre literatura e sociedade. – Em que medida as obras literárias nos fornecem elementos importantes de interpretação da cultura e sociedade? – Os romances são construções literárias e artísticas. 3 Página 86 de 215 Por que romances não são espelhos da realidade? • Uma obra literária não pode ser considerada um retrato fiel da época, do contrário teria que representar com minúcias a sociedade do seu tempo, tornando-se um romance-documentário. • Em hipótese nenhuma a literatura tem a pretensão de atuar como um espelho da realidade. • Literatura é ficção, nela a realidade está transfigurada, modificada. 4 Página 87 de 215 Por que romances não são espelhos da realidade? • As obras aqui analisadas são representativas do país da época, mas não se trata de uma realidade duplicada. • Motivos: – O panorama geográfico narrado se passa em áreas específicas (centro do Rio, subúrbios). – As obras circundam uma ou algumas classes sociais e não a totalidade socioeconômica. – As diferenças étnicas não são abordadas em sua plenitude. 5 Página 88 de 215 A sociedade em Memórias de um Sargento de Milícias • Romance de Manuel Antônio de Almeida. • Foi publicado originalmente em folhetins no Correio Mercantil, entre 1852 e 1853. • A narrativa do livro apresenta um estilo jornalístico e direto, incorpora a linguagem das ruas, classes média e baixa, fugindo aos padrões românticos da época. 6 e q u ip e c ri s a lid a s .b lo g s p o t. c o m Página 89 de 215 A sociedade em Memórias de um Sargento de Milícias • A experiência de ter tido uma infância pobre contribuiu para que Manuel Antônio de Almeida desenvolvesse a sua obra. • Pela linguagem transgressora, é chamado “romance antirromântico” (apesar de romântico). • A história se passa no Rio de Janeiro (século XIX), e descreve seus principais pontos (igrejas, principais ruas), mas descreve também pontos bem à margem da sociedade (acampamentos de ciganos e bares). 7 Página 90 de 215 8 w w w .b ig o rn a .n e t Página 91 de 215 http://www.bigorna.net/professorclaudineicamolesi.blogspot.com A sociedade em Memórias de um Sargento de Milícias • Características da obra: – Recursos estilísticos mais simplificados, ao contrário do rebuscamento típico romântico, distancia-se também das tendências científicas e filosóficas da época. – Apresenta um realismo espontâneo e corriqueiro. – Visão cômica e satírica, transformando diferentes papéis sociais em caricaturas. – Presença de um herói picaresco. 9 Página 92 de 215 O Enredo • Personagens centrais: – Leonardo (filho) – protagonista. – Leonardo Pataca – pai do protagonista.– Maria da Hortaliça – mãe do protagonista. – Luisa – amor de Leonardo. – José Manuel – rival de Leonardo. – Chiquinha – segunda esposa do pai. – Major Vidigal – autoridade policial. – O barbeiro – padrinho de Leonardo – A parteira – madrinha de Leonardo. 10 Página 93 de 215 O Enredo • O livro conta as aventuras e travessuras de Leonardo, filho de imigrantes portugueses, que nascido no Rio é abandonado pela mãe e é criado pelo padrinho e madrinha. Já jovem se apaixona por Luisa, que posteriormente se casa com José Manuel. Após idas e vindas em torno de uma herança do padrinho e de uma vida errante (malandragem), Leonardo consegue enfim se casar com Luisa, “toma jeito”, e se torna um sargento de milícias, vivendo um casamento feliz. 11 Página 94 de 215 A Sociedade em Memórias de um Sargento de Milícias • A sociedade apresentada no romance é um fragmento do real. • O autor se refere apenas ao setor intermediário da sociedade (classe média). • Suprime os escravos da obra, ignorando a maior parte do universo do trabalho. • Ignora a classe dirigente (alta burguesia). • Retrata a região central do Rio (Centro, Tijuca, Andaraí, Santa Tereza). 12 Página 95 de 215 A dialética da malandragem • Leonardo Filho (personagem) pode ser considerado o primeiro grande malandro na literatura nacional. • Filho da prática, da astúcia, manifestando o gosto pelo jogo em si. • “Em terra de ninguém moral”, “ninguém merece censura”. • Na ficção e no ensaísmo no Brasil no século XX fica recorrente a associação do malandro ao brasileiro (estereótipo do malandro brasileiro). • Duas imagens de malandragem: uma positiva e outra negativa. 13 Página 96 de 215 14Zé Pilintra h tt p :/ /p t. w ik ip e d ia .o rg / A dialética da malandragem Página 97 de 215 http://pt.wikipedia.org/ Ordem X desordem • Segundo Antônio Cândido a relação entre ordem e desordem é um eixo sugestivo para a compreensão do romance e da sociedade (ou de um segmento). • Não há na obra nenhum personagem íntegro, todos tem seu ponto fraco. • Os personagens são movidos pela luxúria, cobiça, vaidade, tolice e frivolidade. 15 a le x m e lo d in iz .b lo g s p o t. c o m Página 98 de 215 Ordem X desordem 16 • As relações estão circunscritas entre dois polos: o da ordem (positivo) e o da desordem (negativo), de modo que a desordem cerca a ordem por todos os lados. • Há uma permeabilidade e equivalência entre estes polos.O mundo hierarquizado na aparência se revela essencialmente subvertido nas práticas cotidianas. • Estes polos guardam uma reciprocidade, são fluidos, reversíveis, convivem de mãos dadas, havendo uma vasta acomodação geral que dissolve os extremos. Página 99 de 215 Análise literária e sociedade: Nelson Rodrigues • Nelson Rodrigues é considerado um dos maiores dramaturgos do país, e um dos inventores do teatro moderno. • Escreveu grandes dramas literários como romances, contos, folhetins e peças de teatro. • Sua produção teve impacto imediato na cena artística. 17 b a u c a rt o o n .b lo g s p o t. c o m Página 100 de 215 Análise literária e sociedade: Nelson Rodrigues • A obra Vestido de Noiva é considerada revolucionária. – Construção cênica em três planos. – Tema polêmico: mulher de classe média/ prostituição/ traição/ drama imaginativo. – Sucesso imediato. • Sua obra Álbum de Família é mal recebida. – Choca a moral vigente: cenas de incesto, profanações e violações. – Ganha a fama de “autor maldito” e “anjo pornográfico”. 18 Página 101 de 215 Análise literária e sociedade: Nelson Rodrigues • Seu teatro é rico em elementos cênicos, literários, sociais e psicológicos. • Relação com o corpo – objeto das ciências sociais. • O corpo: – Primeiro objeto a ser modelado pela cultura. – Lugar primordial na qual se inscrevem as leis sociais. – Em todas as culturas o corpo é objeto de reflexão. 19 Página 102 de 215 Análise literária e sociedade: Nelson Rodrigues • O corpo: –O teatro e a dramaturgia pensa na problemática do corpo. –Atuar: modo de agir, vestir, falar. –O texto dramático necessita da “consciência” do corpo. • Obras permeadas pelo sarcasmo, exagero gestual, radicalização de elementos punitivos, ou seja a tragédia. 20 Página 103 de 215 Análise literária e sociedade: Nelson Rodrigues • Por fim podemos relacionar a obra de Nelson Rodrigues ao ambiente carioca de classe média suburbana de meados do século XX. • Aborda em suas peças o drama psicológico, faz- se a crônica dos costumes e valores da época, mas dá luz aos excessos e tragédias humanas. • Por isso dá vazão aos dilemas mais contemporâneos da psique humana. 21 Página 104 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Atividade 5 Página 105 de 215 23 1) Os romances podem ser considerados espelhos da realidade? 2) Por que dizemos que a obra Memórias de um Sargento de Milícias é considerada um “romance antirromântico” ? 3) Qual o ambiente social retratado nas obras de Nelson Rodrigues e no livro Memórias de um Sargento de Milícias? Página 106 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Aula 6 Página 107 de 215 Para início de conversa • Discutimos o conceito de cultura identidade nacional e em especial os clássicos de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda. • Estudaremos reflexões dessas obras clássicas e outras literárias que ajudam a refletir sobre a cultura e sociedade brasileira. 2 Página 108 de 215 Cultura e Sociedade no Brasil • Discussão sobre como a análise das narrativas literárias nos ajudam a adentrar em aspectos cruciais da cultura brasileira. • A produção intelectual contribuiu para criar uma ideia de brasilidade calcada no que se convencionou chamar de “democracia racial”. 3 Página 109 de 215 Os clássicos da colonização Muitos críticos enfatizam que na obra de Gilberto Freyre o caráter de mistificação impede de acessar os conflitos relativos às relações étnico- raciais brasileiras, o que se torna evidente quando abordamos algumas obras da etnologia brasileira e outras centradas nas relações raciais. h tt p :/ /e s ta c a o fi n la n d ia .b lo g s p o t. c o m .b r 4 Página 110 de 215 http://estacaofinlandia.blogspot.com.br/2011/03/gilberto-freyre.html Raízes do Brasil e elementos para se pensar a sociedade brasileira No livro Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda, aborda as tensões no nosso processo de modernização com a persistência de elementos culturais arcaicos que advêm da herança rural do Brasil colonial, considerando que a organização social do país se estruturou centrada na família patriarcal. 5 Página 111 de 215 Raízes do Brasil e elementos para se pensar a sociedade brasileira • A família rural, constituída não apenas pelos laços de sangue, mas também pelos dependentes e agregados e marcada pela presença da escravidão. • Vigorava o pátrio poder ou o poder do patriarca atuava sem restrições externas. • A cidade, ao invés de regular as relações pessoais no âmbito privado, funcionava como mera extensão da propriedade rural. 6 A vida pública relações de dependência funcionários proprietários públicos rurais. Página 112 de 215 A Cordialidade • Dessa origem surgiu a cultura da personalidade, transferida do campo às cidades. • O “homem cordial” não é expressão de boas maneiras, é uma forma de reconstrução do tipo de sociabilidade da família patriarcal, um fenômeno que acabava por confundir as dimensões pública e privada- submetendo o Estado a vontades privadas. 7 K le p s id ra .n e t Página 113 de 215 A sociedade brasileira • O âmbito público que deveria ser pautado por leis universais que garantiriam acessoigualitário a todos os cidadãos é na sociedade brasileira, submetido ao universo das relações pessoais. lu iz b e rt o .c o m 8 Página 114 de 215 A continuidade da obra de Sérgio Buarque • Memórias de Um Sargento de Milícias, Antonio Candido faz uma análise da dinâmica social brasileira a partir da dialética da ordem e desordem. • O foco narrativo está nas relações dos homens livres e pobres. Trata-se daqueles que não vivem do trabalho, os que levam uma vida baseada na dependência e na relação de favor em relação aos proprietários. 9 Página 115 de 215 Carnaval, Malandros e Heróis • Para Roberto DaMatta, a sociedade brasileira opera a partir de dois universos de hierarquização distintos: 1) nas leis universais, próprias da ideologia liberal burguesa na qual todos os indivíduos respondem de forma igualitária e impessoal; 2) nas relações pessoais que acaba por tendenciar as leis em benefício daqueles inseridos em certos círculos sociais. 10 Página 116 de 215 Cultura e cidadania no Brasil Os códigos culturais nem sempre englobam a instância jurídica e a leis como princípios básicos a serem seguidos pela sociedade. A cidadania é compreendia em duplo sentido: 1) indivíduo dotado de sentido igualdade moderna; 2) pessoa dotado de sentido tradicional. Na sociedade brasileira há uma ausência do primeiro tipo e gera no ambiente público a noção: “você sabe com quem está falando”. 11 Página 117 de 215 “Você sabe com quem está falando” • Ao lado do universo de leis impessoais e universais das sociedades democráticas, na sociedade brasileira existe um universo de hierarquização no âmbito das relações pessoais. • O rito “Você sabe com quem está falando?” repõe a hierarquia em momentos que é questionada, com o uso da expressão a exigência de uma curvatura especial da lei que protege aqueles que se encontram inseridos em um círculo de relações pessoais favorecido. 12 Página 118 de 215 • A compreensão da esfera pública brasileira exige a análise de um sistema dual, sendo um polo baseado na noção de indivíduo, referente ao sistema legal moderno e inspirado na ideologia liberal burguesa e outro baseado na noção de pessoa, ou seja, em um conjunto de relações pessoais estruturais. 13 re v is ta e p o c a .g lo b o .c o m Página 119 de 215 http://www.google.com.br/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=kvUAjGzigwd8nM&tbnid=FFstGXZhyqWEhM:&ved=0CAcQjB0&url=http://revistaepoca.globo.com/opiniao/roberto-damatta/noticia/2013/02/o-que-diz-o-carnaval.html&ei=VinIU9qBDtStyATqp4LABw&psig=AFQjCNFeT5o-F4JKGq_3THD4U9Gu6hZkVA&ust=1405713110311552 A cidadania na sociedade brasileira • A ideia de nossa cidadania passa pela noção de hierarquia e poder. • Pensar o resgate da cidadania por meio das formas de poder e de uma política educativa que leve em conta os traços culturais dos diversos segmentos de nossa sociedade. • Pensar para “além da ponta do iceberg” e “observar o familiar”. 14 Página 120 de 215 Referências • BENEDETTI, Cláudia Regina. Beleza, deformação, ferimento e morte: a punição no teatro de Nelson Rodrigues. Dissertação de Mestrado. PUC-SP, 2002. • CANDIDO, Antonio. “A dialética da malandragem. (Caracterização das Memórias de um sargento de milícias). Manuel Antonio de Almeida. Memórias de um sargento de milícias. Edição crítica de Cecília Lara. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1978. • CLASTRES, P. "Da tortura nas sociedades primitivas". In: A sociedade contra o Estado. Porto: Afrontamento, 1979. • DAMATTA, Roberto. Carnavais, Malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 5. edição. Editora Guanabara, Rio de Janeiro, RJ. 1990. • LOURAUX, N. Maneiras trágicas de matar uma mulher: imaginário da Grécia Antiga. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1988. 15 Página 121 de 215 Cultura Brasileira Thauana Paiva de Souza Gomes Atividade 6 Página 122 de 215 Atividade “Formamos um país mestiço (...) somos mestiços, se não no sangue, ao menos na alma” (ROMERO, 1953). Com base na afirmação conclui que: a)trata-se de da intenção de mostrar as diferenças existentes em nossa sociedade. b)não se refere a uma ideia de mestiçagem e identidade nacional. c)liga-se a concepção de desenvolvimento cultura originado de uma única raça. d)trata-se do conceito de alteridade respeitando a diversidade de raças em sua individualidade. e) não há nenhuma alternativa correta. Página 123 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Aula 7 Página 124 de 215 Roteiro de aula • O que é globalização? • Homogeneidade, fragmentação e integração; • Particularidades e cosequências da globalização a partir de seus fluxos. 2 Página 125 de 215 Globalização: um fenômeno recente? • Globalização, Cultura e Educação • Unidade 06 3 Página 126 de 215 • A 1ª globalização do colonialismo se caracterizou pela ocupação territorial. • A 2ª globalização começa no fim do século XX marcada pela fragmentação dos territórios. 4 Globalização: um fenômeno recente? Página 127 de 215 Globalização Por Luis Fernando Veríssimo 5 “Pergunta: Qual é a mais correta definição de Globalização? Resposta: A Morte da Princesa Diana. Página 128 de 215 Globalização Por Luis Fernando Veríssimo 6 Pergunta: Por quê? Resposta: Uma princesa inglesa com um namorado egípcio, tem um acidente de carro dentro de um túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzis italianos, em motos japonesas. A princesa foi tratada por um médico canadense, que usou medicamentos americanos.... Página 129 de 215 7 ...E isto é enviado a você por um brasileiro, usando tecnologia americana (Bill Gates) e provavelmente, você está lendo isso em um computador genérico que usa chips feitos em Taiwan e um monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh, numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios, descarregados por pescadores sicilianos, reempacotados por mexicanos e, finalmente, vendido a você por chineses, através de uma conexão paraguaia! Isto é a Globalização Globalização Por Luis Fernando Veríssimo Página 130 de 215 Histórico - Capitalismo 1. Comercial trabalho livre/ formação de Estados Nacionais/ acumulação de capital/ ascensão da burguesia como classe dominante/ colonialismo; 2. Industrial imperialismo/ tecnologia (mercado e guerra)/ oposição ao capitalismo/ indústria cultural e cultura de massa; 3. Financeiro-Globalização decadência do comunismo/ formação de organismos internacionais/ capitalismo em sua fase planetária. Página 131 de 215 “A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa.” Anthony Giddens Página 132 de 215 Sistemas de informação; Tecnologia; Comunicação; “Fim” das fronteiras; Geográficas e temporais. A globalização A atualidade do conceito de globalização está relacionada ao surgimento da “aldeia global”: comunidade mundial interligada. Página 133 de 215 • Relacionada ao processo de desenvolvimento do capitalismo em nível mundial. • Rede de produção e troca de mercadorias que se estabelece em nível mundial. • Intercâmbio político, social e cultural entre as diversas nações. • Grande relação com a modernização tecnológica. 11Página 134 de 215 O capitalismo desenvolve-se pelos quatro cantos do mundo, generalizando padrões, valores e instituições ocidentais. Ela traz a ideia de que o capitalismo é um processo civilizatório não só superior, mas inexorável. A modernização do mundo implica a difusão e sedimentação dos padrões e valores socioculturais predominantes. 12 Página 135 de 215 Se, por um lado, a globalização procura gerar um processo de homogeneização, padronizando elementos produtivos e culturais, por outro, emerge um universo de diferenciações, tensões e conflitos sociais. Página 136 de 215 Globalização e mídia 14 O signo, por excelência, da modernização é a comunicação, a proliferação e a generalização dos meios impressos eletrônicos de comunicação, articulados em teias multimídia e alcançando todo o mundo. h tt p :/ /t a s a b e n d o .c o m Página 137 de 215 http://tasabendo.com/ A globalização cria a ilusão da universalização das condições e possibilidades do mercado e dademocracia, do capital, da cidadania. Os direitos são, na prática, privilégios. Há sempre alguma manipulação, mais ou menos decisiva, no modo como a mídia registra, seleciona, interpreta e difunde o que será divulgado. Página 138 de 215 16 © K h u n a s p ix | D re a m s ti m e .c o m Página 139 de 215 17 © T e le 5 2 | D re a m s ti m e .c o m Página 140 de 215 18 © T e le 5 2 | D re a m s ti m e .c o m Página 141 de 215 19 © M a c ro v e c to r | D re a m s ti m e .c o m Página 142 de 215 20 © A n d re y B u rm a k in | D re a m s ti m e .c o m Página 143 de 215 21 Página 144 de 215 22 F o n te : a d e 4 0 0 g ru p o 7 .b lo g s p o t. c o m © A le x a n d e r T o ls ty k h | D re a m s ti m e .c o m Página 145 de 215 23 © H a y w ir e m e d ia | D re a m s ti m e .c o m Página 146 de 215 Globalização e Exclusão De um lado a sociedade global propicia uma acelerada revolução científica e tecnológica, mas de outro lado, a dominação torna-se cada vez mais sofisticada e efetiva, levando a uma maior exploração e exclusão, a reações extremadas ao uso insustentável dos recursos naturais. 24 Página 147 de 215 25 w w w .h o m in ilu p u lo .c o m .b r - h tt p :/ /4 .b p .b lo g s p o t. c o m Página 148 de 215 http://www.hominilupulo.com.br/ http://4.bp.blogspot.com/-cmSsKbtRf0k/T8kaKY-D6HI/AAAAAAAADRE/t1OIewkLLXM/s1600/Padroniza%C3%A7%C3%A3o+crian%C3%A7as+another-brick-in-the-wall.jpg h tt p :/ /t a ra d a s p o rm o d a .c o m / w w w .l in k .d e q u a lid a d e .c o m .b r 26 Página 149 de 215 http://taradaspormoda.com/ http://www.link.dequalidade.com.br/mulher/index.php/moda-roupas/famosas-com-roupas-iguaistendencia-ou-mico/ 27 w w w .i lh e u s 2 4 h .c o m .b r Página 150 de 215 http://www.ilheus24h.com.br/v1/wp-content/uploads/2014/01/pobres.jpg 28 h tt p :/ /u m jo rn a lis m o s o c ia l. fi le s .w o rd p re s s .c o m Página 151 de 215 http://umjornalismosocial.files.wordpress.com/2011/05/desigualdade-social.jpg Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Atividade 7 Página 152 de 215 30 1) Procure definir o termo Globalização. 2) Apresente as principais características da globalização. 3) Apresente e problematize algumas consequências do processo de globalização. Página 153 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Aula 8 Página 154 de 215 Objetivos • Compreender os elementos que definem as ordens sociais tradicionais e modernas; • Refletir sobre os redimensionamentos da tradição em uma ordem social moderna; • Apreender o que caracteriza o fenômeno da globalização em seus aspectos gerais e contraditórios; • Refletir sobre as transformações da identidade nacional brasileira em uma sociedade globalizada. 2 Página 155 de 215 A modernidade como singularidade histórica • Anthony Giddens é um dos principais autores contemporâneos que disserta sobre a modernidade e suas descontinuidades com a dinâmica societária tradicional. • Tema das descontinuidades: mecanismos de “desencaixe” – “que arrancam as pessoas de contextos tradicionais, rompendo relações de subordinação pessoal e destruindo identidades estáveis”. • Na modernidade os locais são penetrados e moldados em termos de influências sociais bem distantes. 3 Página 156 de 215 4 Ruptura Rural - Urbano Rural/Campesino Espaço-Tempo (Rural Tradicional) Ralações sociais e produtivas mediadas pela natureza (que se impõe), tais como o clima, o solo, as chuvas. O tempo e o ritmo do trabalho são ditados (determinados) pelo homem, que organiza e dispõe o seu tempo e pela natureza (época do plantio, época da colheita). Página 157 de 215 5 Ruptura Rural - Urbano Urbano-Industrial Espaço-Tempo Urbano Natureza domesticada, subjulgada pela capacidade humana e passa a ser vista como selvagem, distante do civilizado. O tempo e o ritmo do trabalho são ditados pelo modo de produção industrial, produtivista e acelerado, a velocidade passa a ser determinada pelas necessidades de acumulação. Página 158 de 215 Pré-modernidade e Modernidade 6 Escrita (+- 4.000 anos a.C.) Idade Média Idade Moderna Idade Contemporânea ModernidadePré-modernidade Pós- modernidade Antiguidade Página 159 de 215 A modernidade como singularidade histórica • Singularidade da modernidade: o que define a ordem social moderna é compressão tempo-espaço (encurta-se as distâncias, acelera-se o tempo). • Modernidade: invenção do relógio padronizado, padronização de calendários (esvaziamento do tempo). • O tempo perde seu conteúdo sócio-espacial. 7 Página 160 de 215 A modernidade como singularidade histórica • Conceitos de “fichas simbólicas” (facilitou a integração) e “sistemas peritos” (cientificismo, racionalismo, atribuição de confiança ao conhecimento racional e científico). • A reflexidade humana (a ação social se baseia nisto, conduz nossas escolhas) sofre profunda alteração: – A tradição fica em segundo plano. – Não há mais autoridade suprema (libertador e perturbador ao mesmo tempo). – Crença no cientificismo. 8 Página 161 de 215 Modernidade, tradição e reflexividade no Brasil contemporâneo • Tradição: – “Uma orientação para o passado de tal forma que o passado tem pesado poder de influência sobre o presente”. (GIDDENS, 1997) • Na modernidade sendo o âmbito local mais permeável pelas influências de outras localidades como ficariam as tradições locais? – Ela perde lugar privilegiado como o elemento de coordenação de práticas sociais. 9 Página 162 de 215 Modernidade, tradição e reflexividade no Brasil contemporâneo • A constante ação reflexiva dita, portanto, outra importância à tradição. • Ex. Cultura Afro-Baiana e Centros de Tradição Gaúcha (ressignificação). • Esses dois exemplos mostram que a tradição não se reproduz, nas sociedades modernas, a partir da mesma dinâmica das sociedades tradicionais. São mediadas pela reflexividade própria da modernidade, concorrendo com outras formas de organização cultural. As tradições são reinventadas em um novo enquadramento social. 10 Página 163 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • Vamos discutir agora quais são os impactos da globalização na construção da identidade nacional. • Verificamos que a globalização é um fenômeno contraditório. • Renato Ortiz (2006), em estudo clássico da sociologia brasileira, demonstra como a tradição é um aspecto fundamental da discussão do nacional. 11 Página 164 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • A construção da identidade nacional brasileira entre intelectuais se vincula ao sonhoda modernização, da equiparação aos países centrais do capitalismo, ou seja, aos países europeus. • Fomentou-se a utopia da passagem do tradicional ao moderno, a ideia de sair do atrasado, do rural em direção ao urbano e avançado. O desejo de modernização, por sua vez, acompanhava a busca pela singularidade nacional. 12 Página 165 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • Renato Ortiz considera que a discussão da cultura popular e da cultura brasileira constitui uma tradição entre nós. Criar uma imagem em contraposição com o outro, algo singular, autenticamente nacional. • Primeiramente com os folcloristas do final do século XIX e início do XX, passando pelos modernistas das décadas de 20 e 30 do século XX, chegando à arte engajada dos anos 50 e 60. 13 Página 166 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • Com a consolidação de um mercado de bens culturais, também a noção do nacional se transforma. A consolidação da TV no Brasil se associava à ideia de que seu desenvolvimento como veículo de integração nacional; vinculava- se, desta forma, a proposta de construção da moderna sociedade ao crescimento e à unificação dos mercados locais. A indústria cultural adquire, portanto, a possibilidade de equacionar uma identidade nacional. 14 Página 167 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • A ideia de “nação integrada” passa a representar a interligação dos consumidores potenciais espalhados pelo território nacional. Nesse sentido se pode afirmar que o nacional se identifica ao mercado; à correspondência que se fazia anteriormente, cultura nacional-popular, substitui-se uma cultura mercado-consumo. 15 Página 168 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • Mais recentemente outros autores passaram a refletir sobre como se dá a construção da identidade nacional brasileira em um mercado global. Os autores Ana Lúcia de Castro, Maria Celeste Mira e José Rogério Lopes destacam as especificidades da construção do nacional contemporânea. 16 Página 169 de 215 A tradição e o moderno na construção da identidade nacional brasileira • A junção entre a imagem de um Brasil alegre, tropical, exótico e, ao mesmo tempo, economicamente estável, permitiu que o país ocupasse espaço no mercado mundial. Esta seria a principal diferença entre os movimentos do século XX e as atuais elaborações do conceito de Brasil: o desdobramento do interesse político para o mercadológico. • O segundo deslocamento diz respeito à mudança de ênfase da “identidade nacional” para a ideia de “diversidade cultural”. 17 Página 170 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Atividade 8 Página 171 de 215 19 1) Explique em linhas gerais o tema das descontinuidades e os mecanismos de “desencaixe” para Anthony Giddens. 2) Situe e contextualize historicamente pré- modernidade, modernidade e pós-modernidade. 3) Explique as expressões “singularidade da modernidade”, “fichas simbólicas” e “sistemas peritos”. Página 172 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Aula 9 Página 173 de 215 Objetivos • Refletir sobre os aspectos dinâmicos que conformam as identidades culturais contemporaneidade; • Compreender o processo de deslocamentos da identidade nacional na sociedade globalizada; • Entender como as identidades passam a ser mais contextuais e posicionais; • Refletir sobre a importância dos novos atores políticos na globalização. 2 Página 174 de 215 Introdução • Vivemos a compressão acelerada do espaço-tempo (característica da modernidade, e da globalização). • A globalização apresenta-se como um processo contraditório. • Como se apresentam as identidades nacionais na contemporaneidade? – Por um lado temos o fortalecimento de identidades comunitárias e regionais. – Por outro emergem identidades globais. 3 Página 175 de 215 Identidades culturais na contemporaneidade • Apoiando-se em Giddens, Stuart Hall aponta novas combinações espaço-tempo da contemporaneidade, por alterar os sistemas de representação (formam-se novos sistemas culturais). 4 w w w .t h e g u a rd ia n .c o m Página 176 de 215 http://www.theguardian.com/education/2014/feb/10/stuart-hall-cultural-legacy-britain-godfather-multiculturalism Identidades culturais na contemporaneidade • Ocorrem mudanças “acima e abaixo” do nível do Estado- nação (tensão entre global e local nas transformações da sociedade). 5 w w w .t h e g u a rd ia n .c o m Página 177 de 215 http://www.theguardian.com/education/2014/feb/10/stuart-hall-cultural-legacy-britain-godfather-multiculturalism • O centro de sua discussão envolve os conflitos culturais que surgem na globalização (embora se baseie em Giddens, discorda de sua análise). 6 Identidades culturais na contemporaneidade w w w 2 .w a rw ic k .a c .u k Página 178 de 215 http://www2.warwick.ac.uk/services/communications/medialibrary/images/june09/ • Segundo Giddens a integração mundial teria duas fases: a primeira de domínio e expansão do ocidente, e a segunda, mais atual, representaria uma relação dialógica e menos assimétrica. 7 Identidades culturais na contemporaneidade w w w 2 .w a rw ic k .a c .u k Página 179 de 215 http://www2.warwick.ac.uk/services/communications/medialibrary/images/june09/ • Neste sentido, Giddens, inclusive, estabelece uma comparação entre a evolução da antropologia com a integração mundial. • Neste ponto inicia-se a discordância de Hall, para ele “as contratendências da globalização atual são distintas de uma interação dialógica”. • Os motivos principais seriam: – Ocorre uma desigual distribuição do processo de globalização no mundo, exemplificadas nos desiguais fluxos sociais, materiais e culturais. 8 Identidades culturais na contemporaneidade Página 180 de 215 – Na realidade estamos vivenciando um processo predominante de ocidentalização. – Ocorre uma mercantilização de etnias e de elementos culturas. Ex. latinos e orientais são vistos como exóticos, consumo de restaurantes e músicas típicas. – Vem conduzindo aos “movimentos de volta”, que se referem à migração pós-colonial, ou seja, de população oriunda de antigas colônias em direção às antigas metrópoles (países centrais). 9 Identidades culturais na contemporaneidade Página 181 de 215 – Estes imigrantes alteram o cenário cultural local (identidades nacionais) e apresentam uma identidade cultural híbrida (denominada identidade traducional). – Há um processo de reação à ocidentalização com a emergência de identidades que se pretendem purificadas. Ex. nacionalismo xenófobo europeu, o fundamentalismo islâmico em oposição a ocidentalização ou o revival do nacionalismo étnico após o colapso dos regimes comunistas. 10 Identidades culturais na contemporaneidade Página 182 de 215 • Desta forma Hall afirma que vivenciamos na atualidade o “alargamento do campo das identidades”, com a proliferação novas posições de identidade e crescente polarização entre elas. • Neste cenário, este “alargamento do campo das identidades” ora fortalece as identidades locais, ora atua na produção de novas identidades. 11 Identidades culturais na contemporaneidade Página 183 de 215 Novos atores políticos em uma arena transnacional • Nas últimas três décadas os movimentos políticos elutas políticas mais importantes foram o dos grupos sociais congregados por identidades não classistas (ex. estudantes, mulheres, grupos étnicos e religiosos). • Isso significa/representa uma nova forma de compreender a política e a cultura (não só ligadas às desigualdades sociais/de classe). 12 Página 184 de 215 • Ocorre assim uma erosão da “identidade mestra de classes”, emergindo diferentes posições de sujeito (identidade). • Alguns exemplos emblemáticos merecem ser analisados: – O movimento negro na Inglaterra e no mundo foi fortemente influenciado pelos Black Power , nos EUA. Este movimento inverteu o sentido de ser negro, valorizando-o (orgulho). 13 Novos atores políticos em uma arena transnacional Página 185 de 215 • Dizemos que os “significados culturais, no mundo contemporâneo, e as identidades se caracterizam por uma dinâmica distinta em relação ao período histórico prévio”. • As identidades na globalização tornam-se mais fluídas. – Outro caso envolve a crescente escolarização feminina e paulatina participação das mulheres no mercado de trabalho que nos anos 60 e 70 culminou com o movimento feminista. 14 Novos atores políticos em uma arena transnacional Página 186 de 215 – Outro destaque envolve a luta encabeçada pelos movimentos GLSBT (homossexuais). • A partir dos anos 60 a ordem normativa vigente passa a ser vista como doente e repressora. • O movimento hippie e de forma mais ampla a contracultura marcam uma ruptura cultural sem precedentes. Surge efetivamente uma cultura juvenil global. 15 Novos atores políticos em uma arena transnacional Página 187 de 215 • Vale ainda ressaltar o movimento ambiental e o movimento pacifista. 16 Esse contexto simboliza a emergência de contextos transnacionais em ação, não se exclui, contudo, a política nacional. O que ocorre é uma dinamização da política internacional com traduções em âmbito nacional (COSTA, 2006). Novos atores políticos em uma arena transnacional Página 188 de 215 Os estudos sobre a globalização Anthony Giddens Stuart Hall Zygmunt Bauman • As consequências para a modernidade • A identidade cultural na Pós-modernidade • A globalização e as consequências Humanas Página 189 de 215 Diferenças entre os autores • Foco de análise • Giddens: O foco de análise é a revisão do ponto de vista de como a sociologia clássica enxerga a modernidade (para ele deve ser revista). Página 190 de 215 Diferenças entre os autores • Bauman: se preocupou com as mudanças econômicas, no que tange a tempo e as classes. Em especial na análise das transferências da empresa no espaço e em especial no que ele designou como proprietários –ausentes. • Hall: questões culturais, mas especificamente foco nas identidades. Página 191 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Atividade 9 Página 192 de 215 21 1) Apresente em linhas gerais a diferença de visão existente entre Giddens e Hall em relação às modificações culturais na contemporaneidade (globalização). 2) Explique os “movimentos de volta”, que se referem à migração pós-colonial. Página 193 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Aula 10 Página 194 de 215 Objetivos • Compreender a formação de uma arena transnacional de ação política; • Analisar a passagem da compreensão teórica do sujeito do Iluminismo ao pós-moderno, passando pelo sociológico. • Abordagem de um tema muito presente em nossos dias, uma temática geradora de conflitos, guerras e discussões acaloradas: o multiculturalismo. – A pergunta que podemos fazer aqui é: por que os homens são tão diferentes? Ou: por que os homens lutam para afirmar suas diferenças? 2 Página 195 de 215 O livro: A identidade cultural na pós –modernidade. • O livro foi publicado no Brasil em 2005. • Traz uma contribuição importantíssima acerca da compreensão das identidades no contexto de transição para a pós-modernidade. • Trabalhará com a ideia de fragmentação das antigas identidades e surgimento de novas. h tt p :/ /p ro d u to .m e rc a d o liv re .c o m .b r Página 196 de 215 http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-572106131-a-identidade-cultural-na-pos-modernidade-stuart-hall-_JM Do sujeito iluminista ao sujeito pós-moderno • O surgimento de novos atores políticos e de novas identidades afetou o modo como o próprio sujeito é pensado teoricamente. • Há uma tradição ocidental que foi constantemente reavaliada sobre o sujeito. • Em uma concepção própria do Iluminismo, tratava-se de sujeito numa condição essencialista e individualista. 4 Página 197 de 215 • Esta concepção pressupunha que: – O indivíduo é pensado de forma fixa e cujos traços definidores são inerentes, apenas revelando-se no decorrer da vida. O sujeito, desta forma, é imune a seu entorno social e as transformações de sua vida não parecem afetá-lo profundamente. • O sujeito (iluminista) é masculino, branco e europeu. • Período em que se consolida a fé na razão e no progresso humano. 5 Do sujeito iluminista ao sujeito pós-moderno Página 198 de 215 Iluminismo 6 h tt p s :/ /e n c y c lo p e d ie .u c h ic a g o .e d u h tt p s :/ /n c fs o c ia lp ro te s tm u s ic .w o rd p re s s .c o m h tt p :/ /b lo g s .d ia ri o d o n o rd e s te .c o m .b rPágina 199 de 215 https://encyclopedie.uchicago.edu/node/33 https://ncfsocialprotestmusic.wordpress.com/tag/french-revolution/ http://blogs.diariodonordeste.com.br/blogdecinema/criticas/amante-rainhacritica-iluminismo-ideias-perigosas/ • Nos séculos XIX e XX com o desenvolvimento das Ciências Sociais elaboram-se saberes mais críticos, ampliando nessa época a concepção de sujeito. • Emerge a concepção de sujeito sociológico no qual o “núcleo do sujeito não é autônomo e autossuficiente, mas formado na relação com outras pessoas que mediavam para este indivíduo os valores, sentidos e símbolos (cultura). 7 Do sujeito iluminista ao sujeito pós-moderno Página 200 de 215 • Neste momento privilegia-se um sujeito fruto do social, da cultura, apresentando concepção interativa do EU. • A identidade, por consequência deixa de ser intrínseca e pré-determinada e se torna constitutiva na interação com o outro (contexto social). • Mas as mudanças recentes (globalização), as intensas trocas culturais e os movimentos sociais fazem com que identidades estáveis entrem em colapso. 8 Do sujeito iluminista ao sujeito pós-moderno Página 201 de 215 • Neste contexto surge o sujeito pós-moderno (mutante). • Este sujeito hoje não tem apenas uma, mas, várias identidades, muitas das quais podem ser contraditórias. • Sua identidade se torna móvel, se transformando, o sujeito assume diferentes identidades em diferentes momentos (aparecem em esferas/eixos de poder diferentes: raça, gênero, classe e idade). 9 Do sujeito iluminista ao sujeito pós-moderno Página 202 de 215 • Por fim, o que tem deslocado de fato as identidades nacionais é um complexo de processos e forças de mudança que se chama globalização. • Esse deslocamento gera 3 consequências: 1) A desintegração; 2) O reforço das identidades nacionais pela resistência à globalização; 3) A mutação (novas identidades-híbridas-estão tomando seu lugar). Do sujeito iluminista ao sujeito pós-moderno Página 203 de 215 11 Você já se perguntou? Por que somos diferentes? Por que as pessoas lutam para firmar sua diversidade? Página 204 de 215 Multiculturalismo e diversidade • O multiculturalismo é o reconhecimento das diferenças, da individualidade de cada um. • Daí então surge uma questão polêmica: se o discurso épela igualdade de direitos, falar em diferenças parece uma contradição. 12 Página 205 de 215 O que é Multiculturalismo? O multiculturalismo é o reconhecimento das diferenças, da individualidade de cada um. 13 Igualdade Fraternidade Liberdade Coloca xeque os Ideais da Modernidade Página 206 de 215 O multiculturalismo x ideais da modernidade 14 Ideais da Modernidade: Discurso pela igualdade de direitos. Falar em diferenças parece uma contradição. A igualdade de que se fala é igualdade perante a lei, é igualdade relativa aos direitos e deveres. O multiculturalismo. Aqui as diferenças enfatizadas se referem as diferenças de: valores, de costumes, crenças, já que se trata de indivíduos de etnia diferentes entre si. Página 207 de 215 A liberdade e a igualdade Se considerarmos que a igualdade é uma criação histórica, pode-se afirmar que ela é autoinstituída pela sociedade criada em um contexto social-histórico. Ao revelar que o indivíduo é uma fabricação social específica, uma forma instituída e que isso implica em uma forma parcial de igualdade porque são estabelecidas sempre em relação a algum critério - Deus, biologia, classes, natureza. 15 Página 208 de 215 Multiculturalismo e diversidade • O que faremos com Estados que transgridam os princípios que concebemos como certos (baseados numa Idea universal de igualdade). • Como posso opinar, exigir mudanças num povo se esse povo não participa/ opina na minha cultura (e de suas decisões). Ex. Mulheres no Islã. • Atenção aos extremos: relativismo absoluto e pensamento monocultural. 16 Página 209 de 215 17 O multiculturalismo permite questionar Existe um só povo, uma só cultura e ideais? A nação possui uma identidade hegemônica? Página 210 de 215 Logo... 18 como respeitar estas diferenças como sendo parte integrante da conquista da igualdade? • Se, dentro de um Estado-nação igualitário e democrático (segundo os ideais da Modernidade), a diversidade é permanente, e as várias identidades convivem juntas tendo de respeitar as mesmas leis e parâmetros impostos por uma cultura que é a dominante, então : Página 211 de 215 Lembrando que.. • A igualdade de oportunidades, tão sonhada, revela uma extrema desigualdade, latejante, que grita: o direito à igualdade tem de comportar o direito à diferença! © C ie n p ie s D e s ig n / I llu s tr a ti o n s | D re a m s ti m e .c o m Página 212 de 215 Assim devemos reconhecer que ... A dominação monocultural é uma situação insustentável onde a exclusão e a pertença afloram de modo radical. Por isso se pensar, o Multiculturalismo é uma forma de promover a paz. © C ie n p ie s D e s ig n / I llu s tr a ti o n s | D re a m s ti m e .c o m Página 213 de 215 Cultura Brasileira Daniel Tadeu do Amaral Atividade 10 Página 214 de 215 22 1) O surgimento de novos atores políticos e de novas identidades afetou o modo como o próprio sujeito é pensado teoricamente. Procure mostrar as variações (visões) de sujeito ao longo da história contemporânea. 2) Defina multiculturalismo e procure pensar e problematizar a relação entre multiculturalismo e igualdade. Página 215 de 215
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