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Contratos: Conceito e Elementos

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Rachel abreu 
04/02/ 2019
Caderno de contratos
Introdução: antigamente, no sistema romano clássico havia uma diferenciação 
entre o contrato e o pacto. Sendo que o pacto era todo acordo firmado que não estava presente nas leis, já sendo o contrato, todo acordo firmado previsto em 
leis. 
Existia a expressão: “ ex nundo pacto non nascitur actio”, o que significava dizer que do mero pacto não nascia a ação, já que dele não havia um efeito jurídico e sim uma obrigação natural de se fazer.
Os contratos que eram firmados antigamente se equivalem aos contratos em espécie de hoje em dia, sendo que esses contratos em espécies de hoje apenas criam molduras mais firmes para as partes das relações, em assuntos econômicos que são vistos como mais relevantes. Ex: contratos de compra e venda; locação; comodato.. 
A relação existente entre a TGC, TGO e contratos em espécie, é o fato de que as duas teorias irão incidir em um painel de regras dos próprios contratos em espécies. 
Contrato de compra e venda 
Art. 481. (CC) Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
É o mais relevante dos contratos porque os outros contratos são também orientados por uma compra e venda e porque ele é baseado em uma contraposição e em trocas patrimoniais, ideias que irão orientar todos os outros contratos em suas bases. 
CONCEITO: é um contrato pelo qual a parte compradora, mediante o pagamento do preço, se obriga a adquirir a propriedade de um bem da parte vendedora que por sua vez, s obriga a transferi-lo. Há nesse contrato a obrigação de pagar e transferir. 
A transferência do bem pode acontecer de duas maneiras
· Se tratando bem bens moveis ela acontece pela tradição 
· Se tratando de bens imóveis ela acontece pelo registro
Aqui no Brasil se aplica a lógica de que o simples contrato firmado não transfere o bem, ideia que vem do sistema românico-germânico. Esse sistema se diferencia do franco- italiano, onde a propriedade do bem é transferida na constituição do contrato.
 
ELEMENTOS DO CONTRATO: 
· Preço 
· Coisa
· Manifestação de vontade 
Preço: pode ser determinado ou indeterminado, mas sempre em dinheiro 
Coisa: sera tudo aquilo que tiver valor patrimonial e for possível a sua alienação 
Manifestação de vontade: deve ser manifestada pelas duas partes. Havendo uma exceção nos casos de LEGITIMAÇÃO, que se exige a manifestação de vontade de um terceiro também.
 Casos de legitimação: 
· Venda de ascendente para descendente – art 496 CC
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
Se o vendedor for ascendente do comprador, o contrato só será valido com a legitimação de outros terceiros descendentes, ou do cônjuge do comprador, havendo assim uma forma de fiscalização sobre a herança dos descendentes. O limite do grau de parentesco para esse artigo, vai entre os descendentes e os herdeiros diretos do comprador.
Para a maior parte da doutrina, o consentimento do cônjuge desse artigo, devera ser exigido em todos os regimes de comunhão, já que nesses casos os conjunges também são herdeiros, e os companheiros também devem consentir – segundo a decisão do julgamento do RE 646.721 e 878.649 do relator ministro Roberto Barroso. Por ser um artigo que trata de casos anuláveis, ele fica sujeito ao prazo de 2 anos para pleitear sua anulação, como dispõe o artigo 179 do CC.
· Venda de bem imóvel de pessoa casada – art 1647 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
Se o imóvel for adquirido após o casamento não haverá a necessidade do consentimento do cônjuge. Para maior parte da doutrina, a separação absoluta que é citada no dispositivo deve abarcar os dois tipos de separação (a legal e a convencional). Sobre esse artigo, o STJ no RESP 1424275 do relator Paulo de tarso, decidiu que a outorga conjugal será obrigatória na forma de união estável formalizada e se a união não estiver formalizada não haverá essa obrigação. 
CLASSIFICAÇÃO: 
· Contrato bilateral – que permite a aplicação da exceção do contrato não cumprido (se a pessoa não pagou o vendedor pode não entregar o produto)
· Oneroso
· Consensual – sem a exigência de uma solenidade (exceto no art 108 cc)
· Pode ser comutativo (quando se conhece as parcelas e obrigações do contrato) ou aleatório (quando não se conhece as parcelas e obrigações do contrato) 
Espécies de contratos aleatórios: 
“ venda emptio spei” – é a venda de esperança. Onde o comprador fica obrigado à coisa mesmo que ela venha a nunca existir, salvo por dolo ou culpa do vendedor. É um maior risco para o comprador 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
“venda emptio rei speratae” – é a venda da quantidade esperada. Onde o comprador assume o risco pela quantidade da coisa, ou seja, se ela não existir ele não paga. Gera mais segurança ao comprador; oferece menor risco 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Continuação de compra e venda: 
· A natureza comutativa dos contratos de compra e venda já são tao comuns, que é até difícil de se imaginar os contratos de compra e venda de forma aleatória. E os melhores exemplos ficam a cargo dos contratos de soja; se paga pela saca de soja e não se sabe quantas viram; ou a indeternabilidade pode ficar a cargo do preço. O contrato aleatório já tem essa característica de ser indeterminável e por isso já tem o risco como característica inerente a sua formação.
· Contratos diferidos sao aqueles firmados em uma data e executados em outra. RE 866.814 STJ 
· Obrigações das partes nos contratos de compra e venda: 
· Obrigações estáticas: do comprador – de pagar o preço; e a do vendedor de transferir a propriedade; art. 491 CC no pagamento a vista, o vendedor deve transferir a propriedade antes de receber o preço. Se o pagamento for em parcelas, o comprador deve receber a coisa, ainda que o preço não seja integralmente pago
· Obrigações dinâmicas: ligadas a boa fe objetiva – as duas partes possuem os deveres de informação, cooperação, de lealdade/honestidade e segurança. (não se encontram em lei, mas por força do art 471, se aplicam na compra e venda)
· Sobre compra e venda de carros seminovos: nessa compra e venda, a jurisprudência tem se firmado no sentido de que o vendedor tem a obrigação de informar ao comprador eventuais vícios que diminuam o valor do veículo ou que tornem a coisa imprestável para o fim a que se destina. O comprador por sua vez tem o dever de avaliar o bem a luz das informações trazidas pelo vendedor, devendo tomar as cautelas ao “homem médio”.
· Responsabilidade pela coisa: se a coisa perecer ou perder valor após a transferência, ele perece para o seu dono, ou seja, para a parte compradora. Se, no entanto, ocorrer antes da transferência, irá perecer para o vendedor. O CC fala de situações em que o comprador em mora nas situações de receber a coisa. Art 492 CC (ex: venda de gado, que deu errado por conta de raios, no parágrafo 1º quem se dará mal será o vendedor, exceção a regra do res perit domino); (ex: compradores que não vãobuscar suas coisas nos tempos determinados para tanto, no parágrafo 2º) 
· Responsabilidade pelas despesas: quem paga por esses custos? art 490. As despesas da compra e venda de bens imóveis ficaram a cargo do comprador; já para bens moveis, a cargo do vendedor. Não há ilegalidade no frete.
· Situações especiais: existem compra de imóveis cuja a preocupação principal do comprador é o tamanho do imóvel que será comprado. Já outras situações, levam em conta outras características do imóvel: localização, empresas próximas, solo características climáticas... 
· Venda “ad corpus”: as dimensões são apenas enunciativas, o mais importante é a localização e suas outras características. Se a venda for feita de forma apenas enunciativa em referência as dimensões do imóvel, a sua ausência não irá gerar consequências jurídicas. 
· Venda “ ad mensuram”: no caso do art. 500 fala-se dessa venda, onde a medida do imóvel é relevante para sua venda. E nessa venda se a medida real não corresponder a dimensão negociada, o comprador terá direito de exigir o complemento da área, e não sendo isso possível poderá resolver o contrato ou requerer o abatimento do preço em valor proporcional. Se o complemento for possível, as outras duas opções ficam excluídas. O complemento deve ser próximo ao imóvel que foi compactuado inicialmente. 
· O que é previsto no § 1º e § 2º é a questão da tolerância de espaço que deve ser dada quando for medido o imóvel, de 5% da área, o que tira o direito de exigir o complemento, o abatimento ou a resolução do contrato.
· Há um prazo de 1 ano há contar do registro do titulo para que se coloque em pratica os direitos do art 500. Situação positivada no art 501. 
· O código regula as situações em que o vendedor vende mais terras do que a quantidade estipulada. § 2º, 500 (pouco comum)
· (muito comum) em regimes de contratos de incorporação (comprar na planta), conter a clausula que dirá que a parte compradora declara que o regime será ad corpus e que abrirá mão dos direitos do art 500. O que é evidentemente uma clausula nula, porque afronta o CDC já que o consumidor renuncia antecipadamente a um direito preservado por lei. E também porque esse tipo de contrato não seria ad corpus, já que as medidas do apartamento são sempre anunciadas nas vendas. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
§ 1o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
§ 2o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus
Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.
Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência.
AULA DIA 18.02
Clausulas especiais de compra e venda: são clausulas facultativas que somente existirão nos contratos por força da vontade das partes, também chamadas de clausulas acessórias. o código decide tutela-las por conta da ideia de liberdade de criação das partes, em relação as cláusulas contratuais 
Clausula de retrovenda 
Seção II
Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda
 Subseção I
Da Retrovenda
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador.
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. * se a clausula tiver eficácia real, ou seja, se ela possuir registro. 
Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.
Clausulas especiais 
1. Clausula de retrovenda: a prerrogativa atribuída ao vendedor é a de desfazer unilateralmente, dentro de determinado prazo, a venda efetuada. Ele vende para o comprador e os dois sabem que o vendedor pode pedir para desfazer. Devolver o valor recebido e devolver o imóvel. A retrovenda é exemplo de direito potestativo (direito contra a qual a outra não pode se opor). O prazo máximo para a eficácia de retrovenda é de 3 anos, pela lógica de segurança jurídica, contado a partir da data do contrato; são clausulas restritas apenas a bens imóveis.
Para o comprador é imputado o dever de restituição. Receber o valor que pagou corrigido monetariamente + todas as despesas que teve para a compra o imóvel + despesas que suportou como proprietário da coisa (desde que essas tenham tido autorização do vendedor ou para benfeitorias necessárias.)
Situações com terceiros e clausulas de retrovendas: o vendedor pode exercer a retrovenda em face de terceirou ou herdeiros que tenham comprado a coisa. A possibilidade da retrovenda ser exercida contra terceiros só acontece se a clausula tiver eficácia real, ou seja, se ela possuir registro. 
Há o direito de regresso, o vendedor deve restituir o comprador originário e o terceiro em face do comprador deve exigir seu direito de regresso para receber o que pagou na compra. (Venda originaria de 1.000.000,00 e depois de 1.500.000,00) *
Porque as pessoas contratariam com retrovenda? É um contrato muito raro, porém podem acontecer em caso de empréstimo de dinheiro. Por conta da certeza que o dinheiro voltará. 
 Subseção III
Da Preempção ou Preferência
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos sessenta dias subsequentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.
Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.
Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
 
2. Clausula de preferência: atribui ao vendedor um direito de optar por recomprar a coisa por um preço estipulado pelo comprador, ou seja, é um novo NJ sem relação com o antigo, que se sujeita a vontade do comprador original de revender. Há também um prazo máximo para sua eficácia de 180 dias, para coisas moveis e de 2 anos para coisas imóveis. Essa clausula está ligada ao dever de informação, informações de valores, condições de vendas... 
O que acontece se ocorrer o descumprimento da preferência: o vendedor por exercer a preferência contra o comprador? Ou ele apenas terá perdas e danos? Essas consequências vão depender do registro. Se a preferência for objeto de registro o preferente terá o direito adjudicar a coisa junto ao terceiro depositando o preço. O terceiro sabia da preferência, por isso que é possível essa medida. Se a preferência não for objeto de registro a obrigação se converte em perdas e danos.
 Subseção II
Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.
Art. 511. Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.
 
3. Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova: nas duas situações a clausulas suspendem a obrigação de pagar o preço (a obrigação de pagar está sujeita a uma condição futura e incerta). O art. 509 trata da venda a contento e a clausula suspensiva nesse caso é o contentamento do comprador (não precisa ser expresso), trata-se de uma condição subjetiva da relação. 
O art. 510 trata da venda sujeita a prova com a condição objetiva onde a coisa deve ter as características asseguradas pelo vendedor. Nessas hipóteses aplica-se o CDC, onde há uma situação de compra fora do estabelecimento comercial. 
Subseção IV
Da Venda com Reserva de Domínio
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.
Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida.
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será cobrado, tudo na forma da lei processual.
Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou, posteriormente, mediante financiamento de instituição do mercado de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato
4. Venda com reserva de domínio: garantir ao vendedor meios de garantir ao vendedor meios de receber o bem em casos de inadimplemento do comprador. Apenas em casos de pagamentos diferidos no tempo. O vendedor somente transfere a posse da coisa, reservando para si a propriedade cuja a transferência se operara quando do pagamento completo da coisa. Se o comprador deixar de pagar as parcelas o vendedor terá duas opções, pedir a reintegração da posse da coisa ou executar a parcela não paga. O comprador, após terminar de pagar as parcelas, vira proprietário da coisa. Antes da venda o comprador é único proprietário e possuidor, se ele não pagar, perde o direito de propriedade = fenômeno do desdobramento da posse. Clausula apenas para bens moveis. (Alienação fiduciária com bancos) 
Inadimplemento substancial (a outra parte não poderia resolver unilateralmente o contrato, em função da boa-fé objetiva) nos pagamentos diferidos: o vendedor não poderá retomar a posse da coisa, podendo apenas cobrar a parte não adimplida da coisa. É entendida como parte ínfima/substancial do valor, a análise de caso concreto. O STJ entende que entorno de 5% do valor da coisa. Ermiro acredita que deve ser analisado o comportamento do credor, se há má fé ou não na relação (paga as parcelas em dia, ou atrasa..) 
 
TROCA OU PERMUTA 
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Muito parecido com a compra e venda. Aplica-se para a troca tudo de compra e venda, salvo aquilo que não for compatível. Na compra e venda o registro fica a cargo do comprador e as despesas da tradição ficam a cargo do vendedor, já na permuta as despesas são dividas igualmente entre as partes. 
A troca de valores desiguais com troca de dinheiro, poderá ser anulável se não houver consentimento dos outros herdeiros ou do cônjuge. 
Permuta com negócio imobiliário: herdeiras que receberam um terreno valorizado, mas não possuem dinheiro e técnica para continuar com ele; com isso, recebem uma proposta de uma construtora para trocar o terreno por unidades de imóveis que serão ali construídos. Ou unidades na praia do forte que serão construídas e o valor que será arrecado será dividido com o dono do terreno a ser construído. 
“Torna” = diferença em dinheiro que se paga se os imóveis trocados/permutados não forem equivalentes.
Como diferençar uma permuta de uma compra e venda: usa-se o critério matemático para essa diferenciação. Se a parte em dinheiro supera mais da metade do valor do NJ, seria uma compra e venda, se o valor for abaixo da metade, seria uma troca. Ermiro entende que deve se analisar a real vontade das partes. 
 AULA DIA 25.02.19
Análise de um parecer: O banco C, proprietário de um terreno, que será vendido para a SHB, por meio de leilão. A empresa SHB percebe uma diferença no tamanho da área vendida e a existência de uma área de preservação, o que reduzia seu tamanho inicialmente pactuado. A empresa SHB agora está pedindo uma indenização por conta desses fatos. Nesse caso o contrato em questão foi firmado em 1994 e porisso o CC aplicável será o de 1916, regras que serão as mesmas do CC de 2002. No fato, a venda foi instituída por meio de contrato “ad corpus”, o que significa que a área do terreno mensurada no contrata e no edital não era relevante para a venda. Mesmo que o contrato fosse ad mensuram, o comprador não teria direito de reembolso, pois a diferença do imóvel é menor que 5% e o seu prazo também já havia passado, pois é de apenas 1 ano a contar da data do registro. (Iria até 10.01.2004). Sobre a área de preservação: como no caso, já havia no registro a parte da área que era de preservação permanente, o comprador não tinha direito de alegar o desconhecimento. Se não houvesse tal determinação, o comprador poderia alegar o dolo, (art. 178) o que gera a nulidade relativa do NJ. Se a alegação for de quebra da boa- fé,(art. 422) haveria possibilidade de resolução do contrato ou indenização por perdas e danos. 
CAPÍTULO III
Do Contrato Estimatório
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele (consignante) o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
 Esse contrato só consegue autonomia no CC de 2002, antes ele uma clausula contratual. Também conhecido como contrato consignatório ou venda em consignação. Ou seja, recebe-se a mercadoria e só se paga o que é utilizado, devendo devolver o resto. 
A parte consignante disponibiliza ao consignatário certo número de bens para a venda, ficando o consignatário obrigado a pagar o preço ajustado daquilo que vender ou devolver os produtos não vendidos. Não regula a venda direta. (ex: banca de revista). O legislador deve se preocupar nos casos de perecimento do bem e de quem será a responsabilidade – inicialmente, se aplicaria a regra de res perit domino e a princípio o consignante iria suportar o prejuízo; mas o CC mudou a regra geral e agora a culpa fica por conta do consignatário, mesmo que a coisa pereça sem culpa desse. (535) 
A outra preocupação é sobre a responsabilidade patrimonial do bem; art. 536 – determinando que os bens não podem ser penhorados.
Durante o período que a coisa estiver com o consignatário, ele não pode dispor de tal objeto. Art. 537
Há uma polemica sobre a situação terceira do bem. O terceiro responde pelo inadimplemento do consignatário? NÃO, o consignante poderá apenas executar a dívida, mas não retomar a coisa, objeto da consignação. 
APÍTULO IV
Da Doação
 Seção I
Disposições Gerais
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 540. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se esta outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.
Art. 554. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.
Todos os contratos trabalhados até agora visam viabilizar a transferência da propriedade da coisa, assim como na doação, porem com uma diferença: Essa transferência acontece de forma gratuita. Há uma lógica nesse contrato de ética e católica. Com base nessa lógica que não é possível a doação universal, pois com isso estaria o sujeito prejudicando os seus familiares. Mesma ideia de proibição de doação para concubinas. 
Conceito: doação é o contrato em que a parte doadora transfere os bens para a outra parte, sem receber nada em troca. Para que exista a doação deve haver: vontade especifica de doar – vontade de se empobrecer para enriquecer o donatário; essa vontade especifica é conhecida pela expressão “animus donandi” este é o principal elemento da doação. Nos casos em que pais querem pagar as festas para os filhos, não são hipóteses de doação pois não há enriquecimento do donatário. O “animus donandi” leva a discussão sobre a promessa de doar – gira em torna da ideia da ética por trás das doações. A quebra dessa promessa pode gerar quais consequências jurídicas? Por ser um ato de liberalidade, não teria como haver a obrigatoriedade de execução; mas por outro lado, a promessa é um ato unilateral de vontade que deve ser tutelado pelo direito e que deve ser cumprido. Caso não haja o cumprimento da promessa de doação, não poderá ela ser executada e sua revogação unilateral não gera direitos a perdas e danos. Há um direito potestativo que permite ao doador desistir de doar, com uma exceção: para o STJ e para a maioria dos autores, nos casos de acordo/transação em que parte do acordo é uma doação e ela venha a ser descumprida, podem gerar a execução. (Enunciado 549 da VI jornada de direito civil). 
Transferência/ obrigação de transferência: nesse ponto, a doação é igual ao contrato de compra e venda. Há necessidade de um ato posterior para a transferência da coisa. Adoação é por definição um contrato solene, salvo algumas exceções, não há doação verbal. Haverá as hipóteses de doações manuais - sobre bens moveis e de pequeno valor em que há a transferência. 
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Aceitação do donatário: ninguém é obrigado a receber nenhum bem, mesmo que seja para acrescer o patrimônio. Por questões morais ou de custos. A aceitação pode ser manifestada de várias formas: (Art. 539) 
1º aceitação expressa – aceitação por escritura pública; 
2º aceitação presumida – segunda parte do art. 539. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. Só acontece em doações puras e simples, sem encargos. 
3° aceitação ficta – doação é feita para menores art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
 O legislador “dispensa” a aceitação entendendo que ela não será necessária ante a ficção legal criada pelo artigo. Essa doação, só pode valer se o donatário for absolutamente incapaz e sem encargos. 
4º aceitação tácita – manifestação de vontade que se dá por meio de um comportamento, comportamento que dê a entender que ele aceitou o bem. 
Objeto da doação: tudo que tiver conteúdo patrimonial e que tiver circulação possível entre as partes. Existem certas formas de transferência patrimonial, como em pagamentos periódicos que se prologam no tempo, nessa subvenção não pode ultrapassar a pessoa do doador nem do donatário (morrendo um dos dois, a doção acabará) salvo, estipulado em contrário. 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se esta outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
AULA – 11.03
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
DOAÇÃO COM CLAUSULA DE REVERSÃO: A clausula de reversão impõem que o bem da doação retorne ao patrimônio do doador se o donatário falecer antes do doador. Uma vez que o donatário aliena o bem para terceiro, a clausula de reversão perderá a sua eficácia. Uma forma de garantir que a clausula de reversão se aplique é fazendo com que haja uma clausula de inalienabilidade ou de preferência em relação a venda do bem. 
Limites à doação: parte da estrutura ética que rege a doação, está a ideia de limites que são impostos a esse contrato, limites restritos e polêmicos por criar restrições ao acesso a propriedade, ao direito de contratar... os fundamentos que levaram o legislador a criar essas limitações são: todos os limites existentes se fundamentam em uma preocupação do legislador em que a liberalidade do doador não viole sua própria dignidade nem retire direitos esperados pelos seus herdeiros. O legislador utilizou- se da teoria do patrocínio mínimo (ideia do min. Fachim) para fundamentar essas limitações, a teoria diz que o exercício da dignidade humana não pressupõe apenas atividades existenciais, ela depende também da preservação de certos bens, como nos bens de famílias que seriam escudos colocados em cima do patrimônio imóvel do sujeito onde não se pode perde-lo, nem mesmo por dívida. E também na ideia de bens absolutamente impenhoráveis, ou seja, a regra da impenhorabilidade se aplica na teoria do patrocínio mínimo. A mesma ideia de aplica na doação universal, mesmo que o sujeito esteja de boa-fé, vontade digna... a regra da doação universal já era positivada no CC-16 e possui duas limitações: ela poderá doar todos os bens desde que haja uma reserva de partes ou garantir para sai renda suficiente para sua subsistência. As duas exceções previstas no 548 viabilizam que o doador demonstre que apesar da doação ele tomou o cuidado de obter para si renda suficiente para garantia da sua sobrevivência. O doador pode provar isso, mostrando que através do seu emprego ele consegue se manter ou com a existência de uma clausula de direito real de usufruto onde toda a distribuição econômica do bem permanece com o doador. Essa proibição é mais simbólica do que real, porque se for feita uma análise rigorosa da expressão TODOS OS BENS, essa transferência total seria muito difícil de acontecer (já que roupas, instrumentos de trabalho, são bens também) e por faltar uma fiscalização rigorosa das doações. Tanto assim, que em vários casos a doutrina e a jurisprudência tem relativizado a ideia de doação universal (em razão da teoria do patrimônio mínimo), essa doação não é aquela em que doa todos os bens e sim a doação que enquadra o doador em uma situação inferior de dignidade estabelecida. Será uma doação absolutamente nula. 
Limite 1 -Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. 
Limite 2- se fundamenta nos termos de expectativa de direitos dos seus herdeiros. DOAÇÃO INOFICIOSA: existe a parte disponível das heranças e o artigo trata exatamente dessa parte, ou seja, aquela em que o doador pode usar da forma que entender melhor (50% da herança). O artigo quer proteger as partes legitimas da herança (herdeiros necessários: ascendentes, descentes e cônjuges), por haver uma expectativa de direitos sobre eles. Nulidade relativa. 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
O legislador não cria restrições para a regra, o que se interpreta a possibilidade de doação superior a 50% quando não houver a existência de herdeiros necessários, o que configura a não existência da parte legitima. 
Ex: sujeito possui uma fazenda que vale 1M; um apartamento que vale 2M; uma sala que vale 500K e aplicações que geram 6,5M. Sujeito casado, com 2 filhos. Para saber o que é metade deve-se observar o momento em que o sujeito vai dividir os bens (liberalidade), os valores devem ser atualizados e levados em conta no momento atual, pois os bens podem se valorizar. O sujeito doa um apartamento de 2M para um dos filhos e com o tempo esse bem se valoriza e começa a valer 5M; nesse caso não haverá a violação da doação inoficiosa. Quando ocorre a antecipação da herança, no momento de abertura do inventario, o herdeiro beneficiado deve fazer a colação (informação que o herdeiro faz, dizendo que já recebeu certo bem, em vida), se nesse momento da colação tiver havido a valorização do bem, segundo o STJ, a caracterização da doação inoficiosa não poderá levar em consideração a possível valorização ou desvalorização do bem após a liberalidade. (Bens doados devem ser trazidos à colação pelo valor atribuído no ato de liberalidade). Se for verificado a ocorrência da violação da doação inoficiosa, a doutrina entende que a parte sobejar/ultrapassar deve ser decotada – resolve a nulidade, anulando apenas o que se ultrapassar o limite de 50% do patrimônio.
Próxima aula: são nulas as doações inferiores a 50% do patrimônio, mas que ao final resultem na diminuição para menos que 50% do patrimônio do doador?
Limite 3 – doação à concubina nulidade relativa dessa doação. Doação do doador casado sobre qualquer regime de bens para a sua concubina. Influência da igreja católica que visa proteger os casamentos. Há uma ideia de inconstitucionalidade dessa clausula, na doutrina, já que o doador poderá doar para QUALQUER PESSOA, menos para a concubina, o que violaria a liberdade de contratar. A legitimidade para pedir a anulação nesses casos é do cônjuge e herdeiros, com o prazo de 2 ano após o fim do casamento. 
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. 
AULA 18.03.19
O contrato de doação é considerado solene e acontece por meio deescritura pública art. 541 CC. No caso de Ermírio, como solução, pode haver a criação de uma fundação com 50% do patrimônio do interessado ou doar 50% diretamente para uma fundação e com os outros 10% doar antecipadamente para os herdeiros com um encargo de passar essa parte para a fundação criada ou para outra. 
OBS: ENDOWNTENTS – (lei 13800) nos EUA há o costume de grandes doações para universidades, para sua manutenção, porém não há apenas a doação. Ela é feita com condições especificas para as políticas e gestão específica do dinheiro, o que garante que a quantia se perpetue. Esse fundo patrimonial era muito comum nos EUA e chega no Brasil em 2019.
Revogação de doação: hipóteses em que o doador terá o poder de retomar o bem que foi doado. Viola o princípio ético da doação; é o desfazimento do NJ. Doador deve ingressar com uma ação judicial para que a doação seja revogada provando que o encargo não foi cumprido. Não é um ato de vontade de doador, depende de ação judicial. A revogação, via de regra, é um ato personalíssimo, pois só o doador pode avaliar se o donatário está cumprindo com o que ele pensou no momento do encargo. Exceção para os herdeiros e MP. Alguns autores dizem que o ato personalíssimo decorre do fato do controle judicial e outro entendem como uma sanção.
Por ingratidão do donatário - quando o donatário se comporta de forma incompatível com o que o doador lhe doa/fez. Art. 557; há a discussão se essas hipóteses seriam taxativas ou exemplificativas – baseado no conteúdo ético da doação, seria exemplificativo; pelo lado da sanção da revogação e da sua exceção, seria taxativo. O STJ aplica a tese da tipicidade finalística (Jose Carlos oliveira) que diz que o art. 557 pode ser ampliado, desde que a interpretação tenha conexão com o propósito da norma.
 I Jornada de direito civil – enunciado 33: O NCC estabeleceu um novo sistema para a revogação da doação pela ingratidão, pois o rol previsto no art 557 deixou de ser taxativo admitindo, excepcionalmente outras hipóteses: 
I – os herdeiros do doador podem ingressar com o ato de revogação. Seria necessário a sentença transitada em julgada do donatário? A doutrina é unanime quanto a desnecessidade dessa sentença. Se o donatário for inocentado a doutrina estabelece duas situações: se for por falta de provas, não vai haver a desconstituição da ação civil; se o donatário for inocentado por negativa de autoria ou do fato, haverá a anulação da ação civil (revogação da revogação). 
II – não há relação com o crime de lesão corporal, porém não é qualquer ofensa física ou ofensas mutuas, essa ofensa tipifica é aquela ofensa sem razão 
III – violação da honra em geral (calunia, difamação e injuria) 
IV – De difícil ocorrência
Todas as hipóteses podem ser acionadas se os atos forem praticados contra os cônjuges, ascendentes, descentes ou irmão do doador. O prazo para o ajuizamento da ação de revogação da ação de doação é de 1 ano. 
 
Seção II
Da Revogação da Doação
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
Art. 556. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário.
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.
Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se aquele houver perdoado.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor.
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.
 
Descumprimento de encargo – ex: família Guinle; família faz uma doação para a União e estipula um encargo de construção de um aeroporto militar e a área do aeroporto de Guarulhos pode ser revestido para os herdeiros da família, pois o aeroporto feito foi civil e não miliar. 
O CC prevê igualmente a revogação por descumprimento de encargo tanto quanto por ingratidão. O encargo modula a eficácia do negócio jurídico, por meio dele se modula o evento futuro e incerto que pode suspender ou resolver o NJ. O termo também subordina o NJ, porem em evento futuro e certo.
 O encargo é uma obrigação instituída a um terceiro como um requisito para a plena eficácia do NJ. São muito comuns na doação. Toda vez que não há o cumprimento do encargo, a doação pode ser revogada; a revogação não se da por ato de vontade do doador. Os problemas dessa revogação estão no fato da possibilidade de cumprimento do encargo: não cumprimento por fato superveniente – se o encargo for impossível de ser cumprido o que se faz? A impossibilidade por fortuito torna o negócio plenamente valido. Porem se o descumprimento ocorrer por algo não superveniente o encargo é considerado descumprido e há a revogação. A revogação não é automática, o doador tem a opção de exigir o cumprimento do encargo antes de pedir a revogação, salvo se o encargo for de interesse público. Na revogação por descumprimento de encargos a legitimidade é do doador, dos herdeiros ou eventualmente do MP. Essa revogação possui uma regulação mais aberta em relação a ingratidão. Não havendo prazo para a revogação, ele será a partir do descumprimento do contrato.
O STJ entende que o prazo de revogação de doação por descumprimento de encargo não é o do art. 559, para a corte esse prazo será apenas o da ingratidão. E o do descumprimento será de 10 anos a contar do fato do descumprimento (constituição da mora)

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