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Dir Administrativo I - Luciano Chaves (1)

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· Surgimento e evolução histórica do Dir. Administrativo
1. Relacionamento com a organização do Estado: O Dir. Administrativo está umbilicalmente associado à organização do Estado; ele surge a partir do momento em que o Estado começa a se auto organizar, a se estruturar para desenvolver suas atividades administrativas. A partir daí, surge a necessidade de compreender o fenômeno de organização estatal, a forma como o Estado estava se estruturando para desempenhar os serviços públicos. Costuma-se dizer que, com a publicação de O Príncipe, se começa a enxergar o Estado como uma sociedade política permanente. 
2. Surgimento anterior ao reconhecimento da disciplina: O Dir. Administrativo surge em um momento pretérito ao seu reconhecimento como disciplina. Para a doutrina, o séc. XVI marca o surgimento do Dir. Administrativo, porém ele só é reconhecimento efetivamente como uma disciplina autônoma no estudo jurídico no momento de transição do séc. XVIII para o séc. XIX. É a partir de 1800 que o Dir. Administrativo é, de fato, reconhecido como disciplina. 
3. Inexistência do Dir. Administrativo na Idade Média (séc. XV a XVIII): Não havia ambiente propício para o desenvolvimento do Dir. Administrativo no período que vigorou o sistema Absolutista. Neste período, as monarquias absolutistas dominavam o mundo, sendo impossível desenvolver uma ciência capaz de tratar da organização do Estado; era um período tirânico, despótico, autoritário. Não havia a devida segurança jurídica para estudar a organização estatal – a lei era a vontade do monarca. Era o monarca que impunha aos servos e aos seus vassalos as regras do jogo. 
4. Formação com o Estado de Direito: A disciplina prosperou a partir da formação e consolidação dos Estados de Direito (séc. XVII e séc. XVIII). Estado de Direito é aquele Estado que, ao mesmo tempo em que cria as regras, se submete às regras por ele criadas, pautando sua lógica no Princípio da Legalidade (todos são iguais perante a lei – art. 5º CF/88). 
5. Surgimento com as revoluções: O Período da Revolução Francesa consagrou os Estados de Direito e as Constituições modernas contemporâneas. A partir deste momento, essa lógica da Rev. Francesa se irradiou para outros Estado, marcando a queda do Antigo Regime. Como o Dir. Administrativo se forma com o surgimento da organização estatal, ele está vinculado à Rev. Francesa. 
6. Teoria da Separação dos Poderes: A partir desta teoria, o Estado começou a segregar funções e atribuí-las a órgãos e poderes distintos. Com a Teoria da Separação dos Poderes, a função administrativa foi segregada das demais, já que foi designada ao Poder Executivo (Estado gestor). As funções executivas/administrativas, portanto, ganharam um destaque maior. A partir deste momento, se passou a ter a necessidade constante e real de se compreender mais detalhadamente as funções administrativas. 
a. Moldura Constitucional: Nosso texto constitucional transformou a Teoria da Separação dos Poderes em um princípio fundamental do Estado brasileiro (art. 2º) e em uma cláusula pétrea (art. 60). 
b. Forma Tripartite: Esta forma tripartite foi idealizada por Aristóteles, sendo consolidada com a obra de Montesquieu – O Espírito da Leis. Inicialmente, Aristóteles não trata do Poder Judiciário; posteriormente, Montesquieu consolida esta forma tripartite conhecida atualmente. Formalmente, o MP não é um poder, mas materialmente é considerado como tal, por possuir autonomia política. Aos Tribunais de Contas e às Defensorias Públicas, estas com a EC 45/04, também foram outorgadas autonomia política. Antes da EC 45, as Defensorias Públicas eram vinculadas à Secretaria de Justiça. 
c. Evolução da concepção clássica: A lógica montesquiana é de que se o poder é centralizado, ele é abusado. Já que o homem, ao assumir um poder, tende a dele abusá-lo, é necessário colocar freios para que isto não ocorra. Ou seja, é necessário enxergar além da mera divisão e da mera especialização da separação dos poderes. 
d. Núcleo do princípio: O núcleo é o equilíbrio entre poderes, colocando um poder para vigiar o outro. Fixação de sistema de freios e contrapesos. 
e. Ideia fundamental: A ideia fundamental da Separação de Poderes é evitar a concentração e seu exercício arbitrário e despótico. 
7. Nascimento na França: Foi na França o berço da revolução que conseguiu derrubar o Antigo Regime Absolutista, levantando a bandeira da igualdade, liberdade e fraternidade. O Dir. Administrativo nasce na França porque foi lá que se inaugurou o Estado de Direito, com a Constituição burguesa de 1791. Na França também existe a figura da jurisdição administrativa, paralela e autônoma à jurisdição comum, exercida pelo Judiciário. 
8. Sistemas Administrativos (Mecanismos de Controle dos Atos): 
a. Definição: São os regimes adotados pelo Estado para a correção de atos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público. 
b. Dois modelos:
i. Inglês: Chamado de regime da jurisdição una. Só existe uma única instância de poder com prerrogativas para decidir definitivamente as questões relacionadas ao controle dos atos. 
ii. Francês: Chamado de regime de jurisdição dúplice/jurisdição administrativa/contencioso administrativo. Necessariamente duas instâncias de poder com prerrogativas para decidir definitivamente as questões relacionadas ao controle dos atos. Na França, ambos os magistrados e os conselheiros decidem definitivamente estas questões administrativas. Uma questão decidida em uma jurisdição não se submete à outra; o que é decidido na jurisdição administrativa também produz coisa julgada, a res judicata. O modelo francês é aquele que tem uma jurisdição paralela e autônoma à jurisdição comum. Na França, essa jurisdição administrativa é exercida pelo Conselho de Estado Francês (órgão vinculado ao Poder Executivo local), com jurisdição restrita ao controle do Estado. 
c. Modelo brasileiro: O Estado brasileiro atual adota o modelo de jurisdição una, o modelo inglês. Todavia, o modelo de jurisdição una não veda o controle pela própria Administração Pública, por exemplo. Na época da Constituição Imperial, o Brasil adotava o modelo de jurisdição dúplice. 
d. Direito fundamental à Inafastabilidade da Apreciação pelo PJ: É a consagração constitucional do sistema de jurisdição inglês, ou seja, no Estado brasileiro, nenhuma lesão ou ameaça à direito pode ser afastada da apreciação pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV).
i. Direito incondicionado: A Constituição não prevê nenhuma condição prévia ao exercício do direito fundamental à inafastabilidade de apreciação pelo Poder Judiciário.
ii. Exceção: Existem situações em que o Direito exige o exaurimento das instâncias administrativas para que possamos provocar o Judiciário. 
· Figura do habeas data: remédio constitucional pelo qual o cidadão obtém documentos e certidões administrativas que lhe são negados. Você só pode impetrar o habeas data se tiver a negativa de entrega destes documentos, ou seja, você tem de provocar e exaurir suas pretensões administrativas. A própria condição da ação é a negativa prévia administrativa de fornecimento do documento.
· Causas desportivas (Art. 217, §1º CF/88): Só podem ser levadas ao Judiciário após o exaurimento das instâncias administrativas (Tribunal de Justiça Desportivo e Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
e. A Jurisdição Única não veda o controle pela própria Administração: O controle de atos no Brasil só é decidido definitivamente pelo Judiciário – tudo que é decidido no controle dos demais órgãos, no final de contas, não é uma decisão definitiva. Via de regra, os atos da Adm. Pública podem ser julgados numa segunda instância pelo Judiciário, sendo a decisão reformulada. Embora exista a figura da coisa julgada administrativa, a jurisdição do Brasil é una, pois a coisa julgada imutável é produzida pelo Poder Judiciário.
f. Consequências da jurisdição administrativa: A consequência é a desigualdade. Não havia freio e contrapesos, pois era o próprio poder se autocontrolando (pensar no Conselho de Estado Francês, cujos conselheiros são indicadospelo próprio Presidente). É como se o Poder Público ficasse imune do controle por outros poderes. 
9. Data de nascimento do Dir. Administrativo (Lei Francesa de 1800 e o Decreto Imperial 608/1851 – Instalação obrigatória da cadeira): A Lei Francesa de 1800 estabeleceu os regramentos da administração pública francesa; por conta disso, a disciplina, que já existia, passou a ser obrigatória. No Brasil, o semelhante ocorreu; o Decreto Imperial 608 estabeleceu a instalação obrigatória da cadeira de Dir. Administrativo nos centros de ensino (Recife e São Paulo).
10. Características principais do Dir. Administrativo: O Dir. Administrativo é um direito novo, em formação, mutável. O Dir. Administrativo muda não somente com a mudança das normas, mas também com a mudança da administração pública. 
· Estado, Poder e Administração Pública
1. A associação dos 3 elementos para definição do Direito Administrativo: Necessariamente, há uma relação intrínseca entre estes três elementos, que são de suma importância para o Dir. Administrativo. Não se pode discutir um conceito de Dir. Administrativo sem uma noção prévia do Estado, seus poderes e a Administração Pública, pois o Estado é justamente o objeto do Dir. Administrativo. 
2. Estado
a. Noção Geral: O Estado é uma criação do homem, é uma ficção jurídica – o Estado só existe porque o homem desejou, em determinado momento, sua existência. O Estado brasileiro tem sua previsão no art. 1º da CF/88. É um fenômeno político decorrente da experiência de diversos povos no mundo. Essa concepção de Estado, portanto, remonta à Antiguidade, às cívicas romanas e às pólis gregas. O Estado, como sociedade política permanente, tem como marco O Príncipe – Maquiavel; é a partir deste momento que o Estado ganha noção de perenidade – não era aconselhado às sociedades viverem sem Estado. 
b. Teorias Justificadoras: Temos a corrente jurídica, que restringe a criação do Estado à sua positivação no texto jurídico; temos a teoria religiosa, que afirma que o Estado é uma cogitação divina; teoria sociológica; teoria antropológica, etc. 
c. Definição de Estado (núcleo social, politicamente organizado e ordenado, com Poder Soberano, exercido em um território, com um povo, para cumprimento de finalidades específicas): Definição dada por Dirley da Cunha Jr. 
d. Elementos do Estado: Poder Soberano, território e povo. Não se pode falar em Estado se faltar um destes elementos; para ser considerado Estado, necessário se faz a presença destes três elementos. O povo é o elemento humano do Estado; aqueles que têm raízes naquela comunidade. O território é a base física de um Estado. A soberania é o poder de autodeterminação; é um poder que emana do povo de autodeterminação; é um poder absoluto de se fazer reconhecer perante outros Estados – é o elemento condutor entre povo e Estado. É através da soberania que o Estado vai reger a vida de um povo dentro do território. 
e. Forma de Estado no Brasil: A forma do Estado brasileiro é a Federativa, e o é deste o momento que o Brasil se tornou República. Obs.: forma de governo x sistema de governo x forma de Estado x sistema (regime) político: as formas de governo mais usuais são duas: ou um Estado adotará a Monarquia, ou a República; o sistema de governo pode ser parlamentarista ou presidencialista; a forma de Estado pode ser federativa ou unitária; o sistema político pode ser democrático ou ditatorial. Costuma-se dizer que a nossa forma federativa é suis generis – é uma forma peculiar: via de regra, os Estados que adotam a forma federativa são divididos em governo central e governo local, a exemplo dos EUA e da Argentina; no Estado brasileiro, temos vários entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). A nossa forma federativa é suis generis porque ela é multifacetária, e não bifacetária como as demais; é uma forma federativa plural, com vários entes que possuem autonomia política (uma parcela de soberania). 
f. Forma centrípeta (agregação) e forma centrífuga (segregação): A forma federativa pode se originar a partir de dois movimentos distintos. Os EUA adotaram a forma centrífuga; foi a partir da Rev. Americana que esta espécie de formação federativa se originou. Após a Revolução Americana, as antigas 13 Colônias resolveram se unir, formando os EUA – eles abriram mão da soberania para a criação de um Estado federado. A federação brasileira foi ao contrário; abriu-se mão de parcela da soberania do Estado Unitário para outorgar às províncias uma parcela de autonomia. 
g. Consequência da diferença da forma de origem do Estado: Nos EUA, os Estados Federados têm maior autonomia porque foram eles que abriram mão de sua parcela de autonomia. No Brasil, o ente com maior autonomia é Governo Federal, porque foi ele que abriu mão da sua parcela de autonomia. 
h. Cláusula pétrea: A forma federativa também é uma cláusula pétrea. 
i. Foco nas funções essenciais do Estado: Para o Dir. Administrativo, as funções mais importantes do Estado são as funções administrativas, executivas. Essas funções do Estado são exercidas pelos poderes. 
3. Poder
a. Poderes do Estado: O Estado tem algumas funções essenciais para cumprir, e ele faz isso através de seus poderes. A cada poder constitucional do Estado é designado o desempenho de uma função essencial específica. Não obstante tenhamos três poderes constituídos (art. 2º da CF/88), temos, na prática, outros que têm status de poder, como o Ministério Público, os Tribunais de Contas e as Defensorias Públicas. Também não se pode confundir poderes do Estado com poderes administrativos; os poderes do Estado são elementos estruturais, enquanto que os poderes administrativos (normativo, disciplinar, regulamentar, hierárquico, de polícia, discricionário, etc.) são elementos instrumentais. 
b. Funções típicas e atípicas: A depender da prioridade e da predominância, teremos funções típicas e atípicas em cada um dos poderes. As funções típicas são aquelas exercidas de maneira prioritária, predominante – são as missões principais de cada poder; as funções atípicas são exercidas secundariamente, de maneira auxiliar – o poder não foi concebido para o desempenho destas atividades, mas eles também precisam exercê-las. É uma relação com o sistema de freios e contrapesos, ou seja, com a ideia de um poder controlando o outro. Ex.: O Poder Executivo foi criado para administrar, para exercer atividades executivas e administrativas; a este poder, foi atribuída a função essencial de gestão – de acordo com nossa Constituição, o Poder Executivo também exercita, de maneira atípica, a função de outros poderes, como a edição de medidas provisórias (art. 62) e de leis delegadas (art. 68) e julgamento de recursos administrativos de trânsito. O Poder Legislativo possui a função típica de criar leis e de fiscalizar (exercidas através das CPIs, competência principal do Parlamento, com auxílio dos TC); a função atípica exercida por este poder é o de processar e julgar o chefe do Executivo, e os Ministros de Estados e Ministros do Supremo (art. 52, I e II) em casos de crime de responsabilidade – o Poder Legislativo também exerce funções administrativas, como os processos de licitações e abertura de concursos públicos pelos chefes do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas. O Poder Judiciário existe para o exercício da função típica de dizer o direito; de igual modo, também exerce funções atípicas, como por exemplo a de exercer funções administrativas (a presidente do STF é gestora daquele órgão, contratando pessoas, celebrando contratos, assinando processos licitatórios, etc.) e de legislar, como a edição do Regimento Interno, estabelecimento de Portarias, etc. Há autores que consideram que as súmulas vinculantes são uma consequência lógica do exercício da função típica de julgar do Poder Judiciário, enquanto outros acreditam que são uma espécie de função atípica de legislar exercida pelo Poder Judiciário. 
c. Restrição à função administrativa: O Dir. Administrativo restringe seu estudo à função administrativa, e não ao Poder Executivo.d. Contornos da função administrativa (atividade do Estado para realizar seus fins, debaixo do ordenamento jurídico – Otto Mayer): Difícil conceituação. 
e. Função administrativa e serviços públicos: Função administrativa (gênero) não se restringe aos serviços públicos (espécie), embora estes sejam uma função administrativa. 
f. Tipos de funções administrativas: Classificação de Maria Sylvia di Pietro. Não é um rol exaustivo. 
i. Serviços públicos (proporciona utilidades e comodidades);
ii. Poder de polícia administrativa (consistente na atividade de conter ou restringir o exercício das liberdades e o uso, o gozo e a disposição da propriedade particular, visando adequá-las aos interesses públicos e ao bem-estar social);
iii. Atividades de fomento (incentivo à iniciativa privada);
iv. Atividade de intervenção (compreende a atuação direta do Estado no domínio econômico);
v. Atividade de regulação (autarquias especiais, como ANVISA, ANATEL, etc.). 
4. Administração Pública
a. Conceituação genérica: É o objeto do Dir. Administrativo, que nasce a partir da estruturação de uma gestão pública. A Administração Pública é uma faceta do Estado que atua no desempenho das suas funções administrativas. É a máquina que faz o Estado funcionar, que materializa as atividades administrativas. 
b. Exprime mais de um sentido: 
i. Sentido objetivo, material ou funcional: Restrito à matéria, à função, à atividade. O que a Administração Pública realiza, seu conteúdo, sua função e atividade. Define-se Adm. Pública como o conjunto de atividades ou funções de caráter essencialmente administrativo. 
ii. Sentido subjetivo, formal ou orgânico: Relacionado aos sujeitos. A Adm. Pública vista pelo seu sentido subjetivo se refere ao conjunto de sujeitos. Define-se Adm. Pública como o conjunto de pessoas físicas e órgãos públicos que irão formar a estrutura orgânica ou aparelhamento formal do Estado. Quem materializa a gestão pública. 
c. Conjugação dos dois sentidos: Como um conjunto de pessoas ou entidades jurídicas, de órgãos públicos e de agentes públicos que estão, por lei, incumbidos do dever-poder de exercer a função ou atividade administrativa.
d. Grafia maiúscula e minúscula: A depender do sentido referido, temos que observar a regra do vernáculo. Se estamos nos referindo à Adm. Pública no seu sentido objetivo, utiliza-se a grafia minúscula; se estamos nos referindo ao sentido subjetivo da Adm. Pública, a grafia é maiúscula. 
e. Evolução do modelo de Administração Pública: Os Estados Democráticos de Direito se inauguram no final do séc. XVIII, notadamente com as Revoluções Liberais, a exemplo da Rev. Francesa e a queda do Antigo Regime. O primeiro Estado inaugurado com estas revoluções foi o Estado Liberal, cuja essência era o ideal de “deixa fazer, deixa passar” a iniciativa privada – era um Estado mínimo. Este modelo liberal passou a ser questionado em meados do séc. XX, com o fim da 2ª Guerra Mundial. Surge, então, o Estado do Bem-Estar Social, com um viés intervencionista (Estado máximo atendendo as necessidades sociais e pública). O Estado do Bem-Estar Social, no Brasil, tomou corpo com a gestão de Getúlio Vargas; o período da nossa sociedade em que mais visualizamos o aflorar do Estado Social foi durante os anos ’60, ’70 e ’80. Atualmente, temos um Estado Neoliberal. 
i. Administração Pública Patrimonialista, Patriarcal ou Paternalista: A sua essência é a confusão entre o público e o privado, ou seja, os gestores públicos tratavam a coisa pública como se privada fosse. 
· Surgimento na Idade Média: Especificamente na época dos Estados Absolutistas (vigora do séc. XV ao séc. XVIII).
· Típicas dos Estados pré-capitalistas: Não há consolidação do capitalismo nos Estados Absolutistas – centralização do poder real e o enriquecimento da nobreza. 
· Chegou ao fim no séc. XIX: Chega ao fim com a inauguração dos Estados Democráticos de Direito. Este modelo fica incompatível com a democracia e com os Estados capitalistas e o capitalismo industrial, pois a sociedade passou a valorizar a produtividade. 
· Características (a administração é do Estado, mas não é Pública; o Estado era propriamente do rei; não visa ao interesse público; predomínio de práticas clientelistas e de nepotismo): A administração é do Estado, mas não era pública, porque o Estado era o rei e, portanto, privado. Este modelo de gestão, portanto, não visava o interesse público – alguns autores inclusive sustentam que a expressão “administração pública”, aqui, é equivocada, devendo-se falar em administração estatal. Neste período, começaram a aparecer práticas como o clientelismo, nepotismo, fisiologismos e favoritismos; o clientelismo é a prática da gestão pública em que há o favorecimento de determinado cliente; o nepotismo é a prática de gestão pública em que há o favorecimento de determinada pessoa através da nomeação de um cargo público. Hoje, a Súmula Vinculante 13 veda a nomeação de parentes até o 3º grau. 
Obs.: Determinadas características de um modelo de Administração Pública não são superadas com o avanço histórico. 
ii. Administração Pública Burocrática: Baseia-se nas ideias de racionalidade. É uma Administração racional, que acaba extinguindo a ideia amadora de gestão. Com este modelo, a Administração Pública se profissionaliza, uma vez que traz para o âmbito da gestão pública a razão. Não se pode mais tratar e gerenciar a coisa pública como se privado fosse. A expressão “burocracia” nem sempre denota um sentido negativo; saía-se de um modelo de gestão em que não havia regras pré-estabelecidas (as coisas funcionavam de acordo com os interesses do gestor público), para um modelo mais racional, com o estabelecimento de regras pré-definidas. Aqui, Max Weber assume um papel importante, pois é considerado um pai da gestão burocrática. A Administração Pública segue o caminho da ciência da Administração, caminho que já foi trilhado pelo Direito Privado. 
· O serviço público e o interesse público: O serviço público passa a se identificar com o interesse público. Enquanto a Administração Pública Paternalista não visava o interesse público, aqui o cliente é o cidadão. Ou seja, a gestão pública deve acontecer sempre visando o interesse público, da coletividade. 
· Surgimento na segunda metade do séc. XIX: Contexto de Estado Liberal, em torno de 1850, com as Revoluções Liberais Burguesas e o movimento Constitucionalista. Neste período, houve uma consolidação do capitalismo, sobretudo do capitalismo industrial. A ideia é a Administração Pública seguir a gestão produtiva, racional, já utilizada pelos institutos privados. 
· Forma de combater os males da Administração Pública Patrimonialista: Este modelo visou combater as mazelas do Patrimonialismo, como o nepotismo, favoritismo, clientelismo, enfim, as múltiplas formas de favorecer um determinado indivíduo que é próximo ao gestor. A partir do momento em que se racionaliza a Administração Pública, entende-se o caráter nocivo destas práticas, que antes eram vistas com naturalidade. 
· Princípios básicos (profissionalização, organização em carreira, hierarquia funcional, impessoalidade, formalismo): Acabou-se com a gestão amadora, de trabalhar a coisa pública como se privada fosse; organizou-se a gestão em carreira, com o estabelecimento de fluxos procedimentais e processuais; estabeleceu-se também as relações de subordinação; em contraponto ao modelo anterior, buscou-se gerir a coisa pública como uma res pública, ou seja, um objeto de toda a coletividade. Objetivou-se também buscar os mais competentes para realização da gestão pública, uma inspiração nítida do Direito Privado; a contratação não mais se baseava nos amigos do rei – a meritocracia, portanto, é uma das principais características da Administração Pública Burocrática. Um último princípio é o formalismo: a gestão pública precisava de segurança jurídica, uma característica ausente no modelo antigo, pois o gestor público patrimonialista determinava como seriam as regras de acordo com o seu interesse. Percebeu-se, então, a necessidade de formas, de regraspré-estabelecidas para alcançar a segurança jurídica. O formalismo significou a ruína do modelo burocrático; o gestor burocrata tornou a coisa pública extremamente formal, engessada, ritualística. O formalismo exacerbado serviu para travar o desempenho das funções da gestão pública, vez que havia muitas regras e pouca produtividade. Passou-se a enxergar a burocracia como algo negativo; é daí que surge o sentido pejorativo da expressão. 
· Os mecanismos de controle nesse tipo de administração: Um outro fator positivo é que na Adm. Pública Burocrática começou a existir mecanismos de controle da administração pública, ou seja, os atos do gestor passaram a ser controlados. É uma decorrência lógica da presença do formalismo. Os controles, aqui, eram prévios e formais, voltados para a própria Administração Pública – controlava-se para saber se o gestor público seguiu as regras, e não para saber se o resultado foi alcançado em sua integralidade. Era, portanto, um controle interno, que fazia com o que o gestor público não errasse; era realizado previamente para mostrar ao gestor público qual forma e regra específica ele deveria seguir. 
· Sem maiores preocupações com a eficácia na prestação dos serviços públicos aos seus clientes – o cidadão: Era um modelo que não tinha preocupações com a eficiência no serviço público; o gestor burocrático se preocupa com quantidade, e não qualidade. Bastava, apenas, o cumprimento da regra. Por exemplo, se a meta era alfabetizar X alunos, ela seria alcançada, mas os critérios para determinar o que era alfabetização era insuficiente (aluno sabia escrever “casa”, mas não sabia que casa = moradia). 
iii. Administração Pública Gerencial: Percebeu-se que a gestão pública necessitava evoluir com a ciência da Administração. É uma Administração Pública baseada na qualidade do serviço prestado, no respeito à eficiência na prestação de serviços. O gestor gerencial se preocupa com o além do cumprir tabela; se preocupa com os resultados, com a finalidade. 
· Surgimento na segunda metade do séc. XX: Aqui, já estávamos no Estado Social, com o Estado Liberal em alguns países. A iniciativa privada já estava com uma nova mentalidade de gestão; no final dos anos ’80, ficou muito conhecido no âmbito da gestão privada a figura dos ISOs (programas de qualidade total / certificados de eficiência). No Brasil, este modelo chega no final do séc. XX, sobretudo nos anos ’90. 
· Pressupostos (decorrente da expansão das funções do Estado e da globalização da economia mundial): Este modelo gerencial decorre da expansão das funções do Estado, que se tornou grande demais; atingia-se mais gente, porém com pouca qualidade. A globalização da economia mundial também favoreceu este modelo, pois o mundo inteiro passava a compartilhar os mecanismos adequados de gestão. 
· Objetivos (reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços): O primeiro objetivo é reduzir os custos da máquina estatal, a fim de aumentar a eficiência. O segundo é aumentar a qualidade dos serviços prestados à população. 
· Características principais: Eram duas as características principais. A primeira dela é de desenvolver uma cultura gerencial nas organizações públicas, ou seja, as organizações públicas precisavam ser produtivas; ser gerencial significa ter alguém para, permanentemente, verificar o cumprimento de metas. É uma cultura de implemento de metas a serem cumpridas. A segunda característica é a preocupação com os resultados. 
f. Diferença fundamental entre os dois últimos modelos: Tanto a Burocrática quanto a Gerencial buscavam racionalizar a gestão pública, com pauta na impessoalidade. A diferença básica reside em dois aspectos: (i) na flexibilização quantos aos procedimentos; (ii) na forma de controle da Administração Pública. No modelo Burocrático, iniciou-se o controle da Administração Pública; este controle era prévio, voltados internamente para a própria Adm. Pública, ou seja, o controle era mecanismo de segurança do gestor. No modelo Gerencial, passou-se a ter controles voltados para a verificação dos resultados, ou seja, controles à posteriori, não apenas um controle prévio – verificava-se o cumprimento das metas quantitativas e qualitativas. Quanto à flexibilização de procedimentos, no modelo Burocrático havia um foco no formalismo, nos meios, no procedimento, na regra; no gestor gerencial, havia um foco no resultado, na finalidade dos atos, e não na forma. O gestor gerencial flexibilizava os procedimentos a fim de buscar melhores resultados, enquanto que o gestor burocrático não flexibiliza os procedimentos. Ou seja, os gestores dos dois modelos usavam a racionalidade, apenas para fins diferentes: o gestor burocrático utilizava a racionalidade para focar no procedimento, enquanto que o gestor gerencial utilizava a razão para focar na efetivação de melhores resultados. 
g. Ineficácia dos modelos puramente gerenciais: O modelo puramente gerencial passou a não atender aos anseios da sociedade porque é um modelo centralizado, hierarquizado de gestão. É um modelo fechado, que não se abre para a participação da iniciativa privada; é um modelo que se enxerga autossuficiente. 
h. Variedade interesses privados x Estado centralizado: As necessidades sociais são plurais, complexas, com interesses múltiplos difusos. Há cada vez mais uma variedade de interesses privados; no modelo gerencial, com o Estado centralizado, não há espaço para a atuação da iniciativa privada. Percebeu-se, então, a necessidade de superação dos modelos puramente gerenciais. 
i. A consensualidade substituindo a hierarquia: A Adm. Pública não mais enxerga o cidadão como tutelado, e sim como partícipe do processo. Natural que o cidadão participe não só controlando, mas também gerindo a coisa pública. Hoje, é premente a cultura do diálogo entre a Adm. Pública e o cidadão. 
j. O novo modelo de Administração Pública (Adm. Pública Societal/Adm. Pública Pluricêntrica/Adm. Pública Policêntrica/Adm. Pública Consensual): É representado por esta gestão participativa. 
· Conceituação do Direito Administrativo e o seu objeto:
1. Os critérios para definição do Direito Administrativo:
a. Critério do Serviço Público: Por esse critério, se tentou definir o Dir. Administrativo a partir da noção do serviço público. Na França, inicialmente, se entendia que o Dir. Administrativo só existia para estudar os serviços públicos. Se imaginou, erroneamente, que a atividade administrativa se restringia aos serviços públicos. Esse critério foi superado pois se admitiu que o serviço público é apenas uma das categorias da atividade administrativa.
b. Critério do Poder Executivo: Dir. Administrativo vinculado ao Poder Executivo. Porém, não se pode restringir o Dir. Administrativo ao Poder Executivo (vide funções típicas e atípicas de cada um dos poderes: o Poder Executivo exerce funções atípicas que não são pertinentes ao Dir. Administrativo, a exemplo das medidas provisórias; de igual modo, o Poder Judiciário e Legislativo também exercem funções administrativas e, assim sendo, serão abarcadas pelo Dir. Administrativo). 
c. Critério das relações jurídicas: Por esse critério, se tentou conceber o Dir. Administrativo a partir da relação jurídica entre Administração Pública e administrados. Assim, a disciplina seria destinada a estudar e disciplinar essa relação jurídica. Esse critério é incompleto, pois não ponderou que o Dir. Administrativo também rege as relações públicas internas. 
d. Critério teleológico: Teleologia = finalidade. A partir desse critério, se buscou antever qual era a finalidade do Dir. Administrativo. Assim, se concebeu o Dir. Administrativo como a disciplina que iria reger as atividades do Estado, sua finalidade. É um critério que não prosperou porque é muito amplo; não são todas as finalidades do Estado que são passíveis de estudo pela disciplina, como as atividades legiferantes. 
e. Critério negativo ou residual: É um critério que busca resolver a amplitude do critério teleológico. Pelo critério residual, se tentou definir o Dir. Administrativo a partir da lógicado critério teleológico, mas apartando do conceito as atividades legislativas e judiciais. Esse critério não prosperou pois utilizava a negação; no campo científico, não se pode definir algo por meio de critérios negativos. 
f. Critério da Administração Pública: Por esse critério, se utiliza a Administração Pública como ponto central do Dir. Administrativo. A disciplina, então, existe para sistematizar e reger a Administração Pública – é sua ratio essendi. 
2. Conceito de Hely Lopes Meirelles: Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.
3. Conceito de Carvalho Filho: Conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado (aspecto interno) e entre este e as coletividades (aspecto externo) a que devem servir. 
· Conceito de Luciano Chaves: Conjunto de normas e princípios jurídicos que regem a Administração Pública nos seus dois sentidos: subjetivo e objetivo. 
4. Direito não codificado: O Dir. Administrativo é não codificado, diferentemente de outras disciplinas jurídicas. O Dir. Administrativo está presente, primeiramente, na Constituição Federal e, depois, em várias leis extravagantes, como a Lei de Improbidade Administrativo, a Lei os Servidores Públicos, etc. A codificação não significa o engessamento da disciplina, apenas altera o seu timing de mudança. Alguns autores defendem a existência de um Código que trate apenas do núcleo do Dir. Administrativo – entretanto, outros autores defendem que estes núcleos já estão consolidados na Constituição Federal. Por esse motivo, há quem defenda que já existe uma codificação parcial. Como o Dir. Administrativo é uma disciplina mutável, sua Codificação é complicada. 
5. Objeto: O objeto do Dir. Administrativo é a Administração Pública. 
6. Amputação do âmbito real da atividade administrativa: Celso Antônio Bandeira de Mello defende que façamos uma amputação do âmbito real da atividade administrativa (Administração Pública em sentido subjetivo). Ele afirma que nem toda atividade administrativa será tratada pelo Dir. Administrativo – defende uma diminuição do raio de incidência do Dir. Administrativo. Ex.: Quando o Estado brasileiro planeja e arrecada tributos, ele o faz através dos Ministérios e Secretarias da Fazenda – é, portanto, uma atividade administrativa, uma atividade típica do Poder Executivo. É uma atividade administrativa que, entretanto, não é estudada pelo Dir. Administrativo, e sim pelo Dir. Tributário. 
7. Alcance do termo “atividade administrativa”: A atividade administrativa não se restringe ao Poder Executivo, ou seja, existem outros poderes que exercem a atividade administrativa (vide funções típicas e atípicas). 
8. A função de Governo exercida pela Administração Pública não constitui objeto de estudo do Direito Administrativo: Atividade administrativa e função de Governo não se confundem; ambas são desempenhadas pela Administração Pública, mas as funções de Governo são atividades políticas, e não atividades administrativas.
· Fontes do Direito Administrativo
1. Definição: É o conjunto de normas e princípios em que é possível encontrar o Dir. Administrativo.
2. Lei (fonte primária): Nosso sistema jurídico é o sistema positivado, diferentemente dos países que adotam o sistema do common law. Aqui, fala-se em lei em sentido amplo, ou seja, fala-se em ordenamento jurídico (da Constituição Federal até regimentos). 
3. Doutrina (fonte secundária): A doutrina é um conjunto teórico de ideias emanado dos estudiosos da disciplina. A doutrina irá mostrar qual é a melhor interpretação, esclarecendo o conteúdo normativo. Muitas vezes, a doutrina acaba virando uma lei, se incorporando à fonte primária. Ex.: Duração razoável do processo iniciou na doutrina, virando uma lei. 
4. Jurisprudência (fonte secundária): São reiteradas decisões em um mesmo sentido. Existem também jurisprudências administrativas, não apenas judiciais. A jurisprudência, inequivocamente, influencia na interpretação do Direito, sendo utilizada para consolidar as normas jurídicas. Como não vigora o stare decisis, a jurisprudência não vincula, embora existam espécies capazes de vincular, como as decisões em ADIN, decisões em repercussão geral e as súmulas vinculantes.
5. Costumes (fonte secundária): Costumes são práticas contínuas e habituais. Não se admite a possibilidade de costume contra legem. Os costumes, na figura do Dir. Administrativo, perdem seu prestígio, pois um dos princípios fundamentais da disciplina é o Princípio da Legalidade. 
6. Tratados e acordos internacionais (fonte secundária): São acordos celebrados no âmbito da ONU, por exemplo. Eles acabam influenciando na gestão pública e no Dir. Administrativo, pois precisam ser cumpridos. 
· Superação da dicotomia Direito Público x Direito Privado
1. A grande dicotomia do Direito: Expressão de Norberto Bobbio, que afirmava que o Direito era dicotômico
2. Direito Público e Direito Privado: As disciplinas seriam separadas em pertencentes ao ramo de Direito Público ou ao ramo de Direito Privado, embora se considerassem algumas disciplinas mistas, como o Direito do Trabalho. Seria enquadrado no Direito Público as disciplinas que tratassem de situações que envolvessem a administração pública, que envolvessem o Estado tratando disciplinas de relação de poder. Por outro lado, se a disciplina regesse relações jurídicas particulares, se enquadraria no ramo do Direito Privado. Nessa lógica, o Direito Administrativo seria uma disciplina do Direito Público, assim como o Direito Constitucional, o Direito Penal e o Direito Tributário. No prisma privado, teríamos o Direito Empresarial, que trata das relações da empresa com seus usuários e o Direito Civil, tratando de casamentos, contratos, direitos de vizinhança, direito do consumidor, etc. 
3. O Jardim e a Praça: Nelson Saldanha dividiu essa dicotomia do Direito na analogia do jardim e da praça; essa metáfora é interessante para a percepção de que essa mentalidade não mais corresponde à realidade. Para Saldanha, o Direito Privado é o jardim – quem diz como o jardim deve ser cuidado é o próprio proprietário, que faz dele o que bem quiser; o Direito Público seria a praça, um bem público, de responsabilidade de todos e não apenas de incumbência do Poder Público – na praça, é necessário o respeito às regras do Poder Público.
4. Não correspondência à realidade atual: Atualmente, há um entrelace grande entre o Público e o Privado – quem tem o “jardim” não faz dele o que ele quiser; todo jardim, na atualidade, deve atender à uma função social, sob pena de sofrer uma intervenção estatal. A “praça”, por sua vez, pode ser regida por um particular – ex.: Fonte Nova, alguns Hospitais Públicos, rodovias, praças, etc.
5. Os dois grandes motivos para a superação da dicotomia: A doutrina já entende que esses dois ramos não são estanques – a ideia de querer enquadrar ramos da ciência jurídica de um lado ou do outro já está superado por dois motivos: (i) mudança de mentalidade do público – a Adm. Pública é plural, participativa e, assim sendo, o privado participa do público; (ii) constitucionalização dos direitos, ou seja, a Constituição tratou de diversos temas que, antes, eram da alçada privada – ex.: função social da propriedade privada; regulamentação de contratos, de relações de consumo, de relações do ramo do Direito de Família (uniões homoafetivas, etc.)
· Teoria Geral dos Princípios no Pós-Positivismo
1. Direito Positivo como ordem coativa da conduta humana: Na expressão dos doutrinadores, estamos na época do Pós-Positivismo, que ainda prestigia a norma posta – o Direito pós-positivado é um Direito oriundo do Neoconstitucionalismo, com uma visão aberta e hermenêutica. Os princípios têm papel de protagonista nesta época do Pós-Positivismo; com o reconhecimento da força normativa dos princípios, se ampliou essa visão hermenêutica do Direito. Por sua vez, o Direito Positivadoé aquela ordem coativa, hierarquizada e escalonada de normas jurídicas prescritivas da conduta humana. 
2. As normas jurídicas formam um sistema: Contribuição de Kelsen e de sua pirâmide normativa, propondo um sistema escalonado de normas jurídicas. As normas se comunicam de acordo com uma norma fundamental, que é a Constituição Federal, responsável por conceder autonomia e validade a esse sistema. 
3. O papel do princípio jurídico nesse sistema normativo: Na era do Direito Positivado, os princípios não eram normas. Na era do Direito Pós-Positivado, enxerga-se o Direito além da norma posta, enxergando o valor normativo também nos princípios, que ganharam o reconhecimento de sua força normativa. O princípio, no Direito Pós-Positivado, serve de alicerce; o princípio é o mandamento nuclear do sistema normativo, irradiando a ideologia desse sistema. 
4. Tridimensionalidade funcional dos princípios: Miguel Reale mostrou que Direito é norma, valor e fato. O princípio, por trazer um valor, é Direito. Os princípios possuem três funções basilares: (i) consagração de valores; (ii) orientação da melhor maneira de se interpretar, compreender e aplicar o sistema normativo; (iii) fonte supletiva do direito – quando não tiver norma prescritiva da conduta humana, se recolhe ao princípio, não podendo o juiz ficar sem decidir. Os princípios servem para o julgador se chegar ao Direito, quando não existe norma posta – como situação de vacatio legis. Outrora, em uma visão pré-Constituição de 1988, essa última função era a única função enxergada para os princípios no Direito brasileiro – assim, se enxergava os princípios apenas como um mecanismo de integração do Direito, com uma função apenas de preencher lacunas legislativas (art. 4º da LINDB). 
· Regime Jurídico Administrativo
1. Conceito: É o arsenal normativo principiológico que conforma toda a Adm. Pública. 
2. Bipolaridade do Dir. Administrativo: O Dir. Administrativo tem dois polos. Por essa visão, tem-se dois lados muitos claros: o Dir. Administrativo existe para determinar, regulamentar e proteger a Administração Pública; de outro lado, ele existe também para proteger os administrados, para salvaguardar seus direitos. O Dir. Administrativo convive com esse binômio, que está consagrado na expressão “poder x dever”. Ou seja, se a Adm. Pública tem poderes, ela também tem uma série de deveres. Os princípios que melhor reproduzem a dicotomia do Dir. Administrativo são o princípio da supremacia do interesse público sobre os interesses privados (representando o polo dos poderes) e o princípio da indisponibilidade do interesse público (representando o polo dos deveres). Maria Sylvia di Pietro entende que o Princípio da Legalidade seria o que melhor representaria o polo dos deveres, porque ela diz que o gestor público, ao cumprir a lei, já está cumprindo seus deveres, atendendo aos anseios da sociedade. Embora esses princípios sejam considerados princípios reitores, eles não valem mais do que os outros; por outro lado, eles são princípios implícitos, mas isso também não significa que eles são inferiores aos outros princípios expressos.
3. O princípio da supremacia do interesse público sobre os interesses privados:
a. Conceito: Pressuposto de uma ordem social estável em que todos e cada um possam sentir-se garantidos e resguardados. Por esse princípio, que é autoexplicativo, o interesse público vale mais do que interesses privados. É esse princípio que irá garantir que a vida em sociedade seja equilibrada e segura, pois há a ciência de que o Estado irá tutelar os interesses públicos, da coletividade.
b. Interesse público primário e secundário: Divisão da doutrina italiana. O interesse público primário é o interesse da coletividade; o interesse público secundário é o interesse da própria Adm. Pública, da máquina estatal. Ao tutelar interesse público da coletividade, haverá uma supremacia do interesse público. O interesse primário, portanto, é “superior” ao interesse secundário. 
c. A verticalidade na relação entre a Administração e os particulares: Essa verticalidade só existe quando o Estado está tutelando interesse público primário; ao tutelar esse interesse, a Administração Pública irá se encontrar em uma posição vertical em relação aos particulares. Se estiver em jogo o interesse público secundário, a relação será horizontal, negocial. O Estado, nessa perspectiva de tutelar interesse primário, há superioridade da decisão do Estado. 
d. Exemplos de prerrogativas de autoridade: Exemplos de como se manifesta esse princípio da supremacia. (i) A intervenção estatal em propriedades privadas, como a desapropriação, que é a mais drástica das intervenções – quando o Estado toma para si a propriedade privada de outrem; (ii) a prerrogativa de ver seus próprios atos, seja para revogar ou para anular, é um exemplo desse princípio. Súmulas 346 e 743 do STF – Princípio da Autotutela; (iii) a de executar, diretamente, seus atos administrativos; (iv) a possibilidade que a Adm. Pública tem de alterar ou rescindir, unilateralmente, seus contratos administrativos; (v) a de usufruir de privilégios processuais, como prazos em dobro; (vi) a de usufruir de juízo privativo, ou seja, aquele que quiser contestar ou processar a Adm. Pública tem de fazê-lo em um juízo privativo – as causas contra a Adm. Pública têm a vara específica, que é a Vara da Fazenda Pública; e (vi) o usufruto de um processo de execução específico (como o regime dos precatórios), ou seja, a Adm. Pública tem o privilégio de não ser executada como os cidadãos. 
e. Relativização do princípio da supremacia do interesse público: Não há superioridade absoluta; pode ser que esse princípio, portanto, sucumba. Por muitos anos, a Adm. Pública se utilizava da supremacia como a “carta real”. Em um caso concreto, um interesse privado, lastreado em princípios dos direitos fundamentais, pode valar mais do que o interesse público primário. Assim, não há supremacia apriorística, que de logo possa se manifestar sobre o interesse privado. 
4. O princípio da indisponibilidade do interesse público:
a. Noção geral: É o princípio que representa o polo dos deveres, portanto, é o polo das sujeições e limitações. Os sujeitos da Adm. Pública não podem dispor do interesse público; eles têm o dever de atender esse interesse público coletivo. 
b. Limitações, restrições e sujeições à Adm. Pública: Esse princípio vai impor as limitações, restrições e sujeições à Adm. Pública. 
· Princípios Expressos (art. 37 CF/88):
1. Princípio da Legalidade:
a. Decorrência da indisponibilidade do interesse público: Muitos autores entendem que o Princípio da Legalidade é decorrente do Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público; é óbvio que quando o gestor público cumpre a legalidade, ele está cumprindo com o interesse público. Via de regra, nossos legisladores avaliam projetos de lei de acordo com o interesse público na norma. 
b. Base do Estado de Direito: Os Estados de Direito são aqueles que, ao mesmo tempo em que criam as regras, se submetem às regras por eles criadas. O Princípio da Legalidade é o princípio basilar porque a lei, no Estado de Direito, vale para todos, inclusive para aqueles que a criam. É a lógica do caput do art. 5º da CF/88. 
c. Administrar é executar a lei de ofício (Seabra Fagundes): Por muito tempo, se entendeu que o Princípio da Legalidade se confunde com a execução da lei de ofício; assim, para Seabra Fagundes, um gestor público seria eficiente se cumprisse a lei. Hoje, já se entende que não basta cumprir a lei para ser um bom gestor (noção da Adm. Burocrática), porque administrar envolve várias facetas. Enquanto na Adm. Privada é lícito fazer tudo que a lei não proíba, na Administração Pública só é permitido fazer aquilo que a lei autoriza. Essa lição de Hely Lopes Meirelles nos permite perceber que essa diferença reside na noção da autonomia da vontade – na Administração Privada, há autonomia da vontade, sendo vedado apenas as práticas proibidas em lei; na Administração Pública, não há autonomia da vontade.
d. Nova releiturado Princípio da Legalidade: Proposta de novos administrativistas. Leitura do Princípio da Legalidade de acordo com a visão do Direito Pós-Positivado, ou seja, com a noção de que Direito não é apenas norma. Então, o que vincula o gestor público não é apenas a lei em seu sentido formal, mas também o Direito – é o Princípio da Legalidade Ampla/Princípio da Juridicidade (proposta de mudança de nomenclatura). Isso significa dizer que o gestor público precisa obedecer, também, aos princípios, inclusive os implícitos.
e. Restrições excepcionais ao Princípio da Legalidade: O professor Celso Antônio Bandeira de Mello entende que há circunstâncias que restringem, excepcionalmente, o Princípio da Legalidade: (i) Medidas Provisórias (art. 62 da CF/88) – para ele, as MP excepcionam a Legalidade porque elas não são oriundas pelo Parlamento, mas sim do próprio gestor (é o Executivo legislando como deve se comportar); (ii) Estado de defesa (art. 136 da CF/88); (iii) Estado de sítio (art. 137 da CF/88). Uma vez decretados os estados de defesa ou de sítio, os direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros ficam relativizados, como o direito de reunião, direito à intimidade, etc.
2. Princípio da Impessoalidade:
a. Conceito: Por esse princípio, se exige que os atos da Adm. Pública sejam sempre destinados a todos os membros da sociedade, e não à determinadas pessoas. Este princípio se aplica apenas àqueles que praticam atividades administrativas, e não às legislativas. O parlamentar, quando edita leis, está pensando, à priori, nos interesses públicos, embora haja a possibilidade de legislar causas próprias (a atividade legislativa não precisa ser impessoal). O gestor público, por outro lado, não pode agir considerando apenas seus interesses, mas sim os interesses públicos. 
b. A atuação impessoal da Administração Pública é um imperativo que funciona como uma via de mão dupla: A Adm. Pública deve atender a todos os administrados, e não parcelas dos administrados (1ª via); os administrados precisam enxergar a Adm. Pública de maneira impessoal (2ª via). Assim, quando pensarmos na Adm. Pública, devemos enxerga-la como uma Pessoa Jurídica, e não como uma Pessoa Física. Ex.: Se a Prefeitura lança uma taxa de IPTU incoerente, não devemos acionar o prefeito, mas sim a Prefeitura.
c. Os atos administrativos são do órgão, não do agente: Decorrência da 2ª via de mão dupla, dessa concepção de enxergar a Adm. Pública como uma Pessoa Jurídica. O agente público pode, eventualmente, responder com uma ação regressiva se agiu com culpa. Há uma tendência na jurisprudência de se aceitar alguns atos administrativos, mesmo quando praticados por agentes irregularmente em exercício do cargo público.
d. Previsão constitucional e legal: Art.
e. Aproximação com o Princípio da Igualdade: Igualdade material, aristotélica, de tratar os desiguais na medida de suas desigualdades. A igualdade formal, muitas vezes, é injusta. Com base nessa igualdade substancial, criou-se alguns Estatutos, como o ECA, Estatuto do Idoso e Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
f. Aplicação prática do Princípio da Impessoalidade: Concursos públicos e processos de licitações.
3. Princípio da Moralidade (Princípio da Probidade Administrativa):
a. Conceito: Exige que o gestor público atue de maneira impessoal, moral, honesta, íntegra, proba, de acordo com as regras que assegurem a boa Administração Pública.
b. Ineditismo da CF: A CF/88 positivou este princípio de maneira inédita, ou seja, até as Constituições anteriores, este princípio não existia em sede constitucional. Ele existia apenas como um princípio implícito. 
c. Moralidade administrativa x moralidade comum: Não se pode confundir moral administrativa e moral pública. A moral comum é a moral da sociedade – a moral do bem x mal, que tem a faceta da ética, que norteia a vida de qualquer cidadão. Se costuma dizer que a moral administrativa é um plus da moral comum; a moral administrativa exige que o gestor público atue de modo a seguir a moral comum, mas de modo a seguir também, a melhor gestão possível. Na prática, não é fácil distinguir e afastar a moral administrativa da moral comum. 
d. Origem na Antiguidade Romana: Neste período, se começou a construir uma ideia de que nem tudo que é legal é honesto, e o gestor público precisa ser legal e honesto. Ex.: Auxílio-moradia de juízes é legal, mas não é honesto. 
e. Precursor da teoria na modernidade: Maurice Hauriou foi o precursor desta teoria nos tempos modernos. Ele transformou esta máxima da Antiguidade Romana e a transformou em princípio, pois identificou de forma clara que nem todos os casos de nulidade são oriundos da ilegalidade; em outras palavras, ele defendeu que a ilegalidade era insuficiente para exaurir todos os casos de nulidade dos atos administrativos. Atos e comportamentos administrativos deviam ser anulados ainda que legais, ou seja, existiam outras circunstâncias que maculavam os atos administrativos a ponto de gerarem sua anulabilidade. Ex.: Atos em que o gestor público atua com imoralidade. Assim, comportamentos imorais também geram nulidades de atos na Adm. Pública. A partir daí, passou a se entender que a moralidade também é um princípio. 
f. Aplicação também aos administrados: Qualquer pessoa que atue com a Adm. Pública também deve se comportar de maneira proba e honesta. Por exemplo, todas as empresas licitantes que participam de processos licitatórios devem agir de maneira honesta, sobre pena de anular todo o processo. Neste sentido, o legislador ampliou o rol de ação popular, incluindo ato administrativo lesivo contra a moralidade administrativa. 
g. Caráter imperativo: É uma imposição, sob pena de não só anular o ato administrativo do gestor público, mas também de responder um processo por improbidade administrativa.
4. Princípio da Publicidade:
a. Conceito: Pelo Princípio da Publicidade, impõe-se que os atos da Administração Pública sejam visíveis, transparentes. Por conta disso, também é chamado de Princípio da Transparência Administrativa. 
b. Finalidade precípua: É dar conhecimento público dos comportamentos administrativos. É uma consequência natural do regime democrático.
c. Funções:
i. Representar o início da produção dos efeitos externos dos atos administrativos. Os atos administrativos só se tornam operantes, imperativos, com a sua publicidade. A partir do momento em que a sociedade passa a ter conhecimento destes atos é que se pode exigir o seu cumprimento. A publicidade serve para marcar o início da eficácia; o ato administrativo se torna eficaz com a sua publicidade.
ii. Oportunizar o início da contagem dos prazos. Os prazos em recurso administrativo, os prazos para apresentação de defesa, etc., começam a correr com a publicidade.
iii. Viabilizar o controle dos atos praticados pelo Poder Público. Só se pode controlar aquilo que se conhece, o que é público. A publicidade tem o condão de viabilizar o controle dos atos, seja pelo Poder Judiciário, seja pelo titular da coisa pública, que é o próprio cidadão. Ex.: LAI – Lei de Acesso à Informação (Lei Federal 12.527/11).
d. A publicidade não se restringe à publicação oficial: A publicação oficial é aquela realizada nos Diários Oficiais. Hoje, existem os portais, os jornais de grande divulgação, as notificações pessoais, o registro em ata, etc. 
e. Exceções ao princípio:
i. Art. 5º, X – a inviolabilidade a intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas. Quando o ato administrativo for capaz de ofender a intimidade, a vida privada e a imagem das pessoas, o ato não deverá ser exposto ao público. 
ii. Art. 5º, XXXIII – garantia do direito à informação, ressalvadas aquelas que sejam imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado. Existem algumas informações que são sigilosas por serem imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado, como a compra de armamentos.
iii. Art. 5º, LX – a lei poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. São situações que requerem um tratamento sigiloso. Ex.: Ações de divórcio;reconhecimento de paternidade; servidor público que está sofrendo um PAD.
f. Publicidade x propaganda: Art. 37, § 1º: A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. É vedada, portanto, a publicidade que faça propaganda.
5. Princípio da Eficiência:
a. Eficiência x eficácia x efetividade: São três conceitos distintos sob o ponto de vista semântico e técnico; entretanto, ele foi tratado pelo legislador de uma maneira única. A eficiência é “fazer perfeito aquilo que se está fazendo”; em outras palavras, é um conceito cuja ênfase é na melhor utilização possível dos meios. O conceito de eficácia tem a ver não mais com os procedimentos, e sim com os resultados; o foco da eficácia é no resultado, é “fazer aquilo que deve ser feito”. Efetividade é o conceito que engloba eficiência e eficácia; efetividade é fazer bem feito o que se está fazendo e alcançar o resultado esperado; é um conceito maior, que abarca a eficiência e a eficácia. Uma conduta pode ser eficaz sem ser eficiente, e eficiente sem ser eficaz. Ex.: Concurso público. O aluno estudou da melhor maneira possível, mas não passou (foi eficiente, mas não eficaz); se um aluno não estudou, mas passou, foi eficaz, mas não foi eficiente. 
b. Status constitucional com a EC nº 19/98: Ele não estava previsto no texto originário da CF/88. Ele serviu para marcar a transição da Administração Pública Burocrática para o modelo de Administração Pública Gerencial, que focava na eficiência. 
c. Conceito: O legislador constituinte não escolheu o nome mais adequado; defende-se a utilização da nomenclatura Princípio da Efetividade. Por esse princípio, se exige resultados práticos de produtividade, com a consequente redução de desperdício de dinheiro público.
d. Rapidez, perfeição e rendimento: Para se verificar que um comportamento administrativo é eficiente, deve-se analisar estes três elementos. O ato deve ser rápido (celeridade, dinamismo), perfeito (completude, satisfação) e rentável (menos oneroso possível). 
e. Duplo aspecto:
i. Em relação ao modo de atuação da Administração Pública: Exige-se eficiência dos órgãos públicos.
ii. Em relação ao modo de atuação do agente público: Exige-se eficiência dos agentes e servidores públicos. 
6. Princípio da Razoabilidade de da Proporcionalidade
a. Ideia de fungibilidade dos dois princípios: Aqui, o melhor entendimento é tratar os dois princípios como sinônimos – entretanto, há autores que consideram dois princípios separados, em um apego ao rigor terminológico. Ou seja, pode-se utilizar um princípio pelo outro, mantendo as mesmas características, porque ambos os princípios almejam o mesmo resultado prático, qual seja o de coibir arbítrios e abusos de poder, consagrando os mesmos valores subjacentes, quais sejam os da racionalidade, da justiça, da equidade, da medida adequada, do senso comum. 
b. Origem dos princípios: A Razoabilidade tem origem anglo-saxônica, enquanto que a Proporcionalidade tem origem alemã. É por conta disso que existe a dupla denominação. 
c. Derivam do Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIII da CF): Há quem chame esses dois princípios de Princípio do Devido Processo Legal Substancial. O art. 5º, LIII da CF/88 trata do Devido Processo Legal Formal, como a ampla defesa, contraditório, duplo grau de jurisdição, etc. Existe o também o Princípio do Devido Processo Legal Substancial, que é o direito de termos decisões razoáveis, racionais, proporcionais, justas. 
d. Positivação dos princípios: Embora seja considerado um princípio implícito (pois não está no caput do art. 37 da CF/88), ele tem previsão em normas infraconstitucionais, como na Lei 9.784/99 (Lei de Processo Administrativo Federal). O Princípio da Razoabilidade também está previsto na Constituição Estadual de São Paulo. 
e. Limitam a atuação e a discricionariedade dos Poderes Públicos e proíbe os excessos: Estes princípios servem como freios para o Poder Público. 
f. Estabelecem uma pauta de natureza axiológica: Estes princípios consagram vários valores, daí se diz que eles estabelecem uma pauta de natureza axiológica. 
g. Aplicação aos casos concretos: Estes princípios são de aplicabilidade prática. 
h. A tríplice exigência (ou subprincípios): Existe uma tríplice exigência para se determinar se a situação é razoável ou proporcional. Ou seja, a ação da Adm. Pública, para ser considerada assim, deve ser adequada, necessária e proporcional em sentido estrito.
i. Adequação (ou Utilidade): Por este subprincípio, se exige que os atos da Adm. Pública sejam aptos a produzir o efeito necessário. Adequação = aptidão. 
ii. Necessidade (ou Exigibilidade): Por este subprincípio, vedam-se os excessos. Se exige que a Adm. Pública escolha aquela solução jurídica que menos sacrifício ou menos limitações imponha aos administrados. Paulo Bonavides chama este subprincípio de “escolha do meio mais suave”. 
iii. Proporcionalidade em sentido estrito: É o equilíbrio entre o ato adotado e a finalidade. 
· Estrutura Administrativa do Estado
1. Administração Pública Direta e Indireta: O Estado tem autonomia para se autogovernar. Tradicionalmente, a gestão pública brasileira é dicotômica e vige desde o Decreto-Lei 200/67, com a Adm. Pública Direta e Indireta. Essa norma foi recepcionada pela CF/88 e até hoje vige. Os Decretos-Leis são equivalentes às Medidas Provisórias, dado que o primeiro não é mais regulado pela CF/88. As atividades da Adm. Pública são desempenhadas diretamente, de forma centralizada; os próprios órgãos da Adm. Pública desempenham as atividades, como a segurança pública. O caráter indireto compõe uma atividade descentralizada, pela qual o Estado desempenha suas atividades por meio de entidades jurídicas que vão ter personalidade jurídica própria (ex.: educação superior para as universidades federais, que são autarquias).
2. Órgãos Públicos e Entidades Jurídicas: Os órgãos públicos, que são entes despersonalizados, são o próprio Estado e formam a Adm. Pública Direta (ex.: Ministérios; Secretarias). Já as entidades jurídicas integram a Adm. Pública Indireta; elas possuem personalidade jurídica própria, diferente do ente que a criou. Tal personalidade por ser de natureza pública ou privada (ex.: autarquias; fundações públicas).
3. Descentralização x Desconcentração: A descentralização é o exercício das atividades administrativas de maneira indireta, por meio das entidades jurídicas. Ademais, é preciso fazer a diferenciação (se confundem, pois ambas são técnicas de distribuição de competências): a descentralização é uma forma de distribuir competência externamente; a desconcentração é a forma de distribuir competência internamente (ex.: EMBASA – sociedade econômica mista). Houve descentralização na atividade de saneamento, tratamento da água – aqui, há distribuição de competência de forma externa, do Estado para uma entidade jurídica de personalidade jurídica distinta – pressupõe personalidades jurídicas distintas.). A distribuição de competência se diz de forma externa pois o Estado tirou de si o encargo de realiza-la. Já a desconcentração pressupõe apenas a existência de uma pessoa jurídica; há a distribuição interna, pelo qual o próprio órgão da Adm. Pública, delega, distribuindo competências para ele mesmo (ex.: SEC se desmembrou em várias diretorias pelos municípios – houve desconcentração). A desconcentração é uma técnica de “desafogar” o serviço público, e pode ser temporária (nunca será de um ente para outro, mas sim do mesmo ente, de maneira interna). A distribuição de competência não surge em um novo órgão, mas sim no desmembramento do mesmo órgão (ex.: INSS, cuja sede é em Brasília, é distribuído pelo país).
4. Formas de descentralização:
a. Territorial: O Estado (União) cria uma entidade e transfere competência (poderes gerais) a ela, para exercê-la dentro de um território. Hoje, como não há mais territóriosno Brasil, é uma classificação retrógrada. Não havia figura de prefeito, governador ou parlamentar nesses locais, mas alguém tinha de administrar.
b. Por colaboração: É a distribuição externa de competências para entidades privadas que não colaboram com o Estado, por meio de um acordo que geralmente envolve pagamento. Ex.: COELBA – emprega privada que celebrou com o Estado da Bahia um acordo de concessão – o Estado “entra” com subsídios para a COELBA. Ex.: Pedágios – PPP, via de regra por contratos de concessão. 
c. Por serviço ou funcional: O Estado vai criar uma entidade jurídica e transferir a ela a prestação de um determinado serviço público ou o desempenho de certa atividade administrativa. Ex.: Criação do INSS, tirando certas competências do Ministério da Previdência.
5. Administração Direta (órgãos públicos):
a. Conceito de órgãos públicos: É um centro de competências despersonalizado e instituído por lei para o desempenho de funções estatais, por meio de agentes públicos. Ex.: União e seus Ministérios, Estados Federados e suas Secretarias, Municípios e suas Secretarias, etc. 
6. Administração Indireta: É constituída por um conjunto de entidades dotadas de personalidade jurídica, responsáveis pelo exercício, em caráter especializado e descentralizado, de certos serviços públicos.
a. Composição da Adm. Pública Indireta – Decreto-Lei 200/67, art. 4º
i. Autarquias (Dir. Público)
ii. Fundações (Dir. Público)
iii. Empresas públicas (Dir. Privado)
iv. Sociedade econômica mista (Dir. Privado)
v. Associações públicas (Lei Federal nº 11.107/05 – normas gerais para contratação de consórcios públicos para realização de objetivos de interesse comum. As associações são formadas pelos consórcios públicos e têm natureza de direito público) 
7. Autarquias
a. Definição: Pessoas jurídicas dotadas de personalidade de direito público, criadas por lei para exercer, em caráter especializado e com prerrogativas públicas, atividades típicas referentes à prestação de certos serviços públicos. O conceito de atividades típicas não está positivado em lei – entende-se que atividades típicas são para as quais o Estado tem prerrogativa de atuar, sem depender da iniciativa privada, como saúde, transporte público.
b. Características
i. Criada sempre por lei específica (art. 37, XIX CF/88): É preciso aprovar no Parlamento uma lei que crie a autarquia. A EC nº 19/98 estabeleceu que só se cria autarquia por lei específica, aquela que trata única e exclusivamente de uma só matéria. Embora o texto constitucional seja restrito à criação, deve-se entender que também só extingue autarquia por lei específica (Princípio da Simetria – similitude de formas).
ii. Autonomia administrativa: Autonomia técnica e financeira para exercer suas atividades. A autonomia política (prerrogativa de definir seu orçamento) é exclusiva dos entes estatais. Ex.: Banco Central tem autonomia técnica de definir as taxas de juros. 
iii. Personalidade jurídica própria: De direito público. As autarquias, como qualquer entidade da Adm. Pública Indireta, possuem personalidade própria – elas vão expedir atos, celebrar contratos independentemente da União, do Estado ou do Município que as criou. Só vai se responsabilizar o ente estatal que criou a autarquia de maneira supletiva, nos casos em que a própria autarquia não tem mais condições de arcar com o dano a que deu causa (primeiro, se exaure uma responsabilidade direta da própria autarquia). As autarquias acabam se assemelhando com os entes estatais, porque a personalidade é a mesma (de direito público); na prática, as autarquias acabam tendo os mesmos privilégios dos entes estatais, como os prazos processuais em dobro da Fazenda Pública, 
iv. Regime jurídico: Os agentes públicos ligados às autarquias serão regidos pelo regime estatutário, que é o regime jurídico único (a relação de trabalho não é regida pela CLT, mas sim por um estatuto próprio).
v. Patrimônio próprio: Têm patrimônio próprio, sendo bens públicos, com características próprias, a exemplo da impenhorabilidade. 
c. Exemplos: Banco Central, INSS, IBAMA, DETRAN, INCRA, Universidades Federais e Estaduais, etc.
d. Agências reguladoras: Toda e qualquer agência reguladora é uma autarquia em regime especial, possuindo algumas particularidades, como por exemplo, os seus dirigentes vão ter mandatos fixos (normalmente de 03 anos), via de regra sabatinados pelo Congresso Nacional, e só podem perde-los por abuso de poder. Geralmente, as agências reguladoras possuem uma autonomia administrativa maior do que as demais. As agências reguladoras são um dos pilares do Estado Neoliberal (“Estado Regulador”). Alguns exemplos são a ANA, ANATEL, ANVISA, ANS, ANAC.
8. Fundações públicas
a. Conceito: É um patrimônio público despersonalizado e afetado a um determinado fim. Desse modo, se quem afetou o patrimônio foi o ente estatal, a fundação será pública. Patrimônio afetado é aquele destinado a uma finalidade específica.
b. Natureza jurídica: Direito Público, via de regra. O STF já decidiu que é possível uma fundação pública ter dupla natureza, ou seja, existem as fundações públicas de direito público e as fundações públicas de direito privado (raras hipóteses, como a FLEM – fundações autárquicas. As fundações autárquicas são similares às autarquias, mas possuem algumas diferenças).
c. Diferença entre fundações autárquicas e autarquias: Se diferenciam por dois aspectos: (i) a essência de cada uma das entidades (o substrato básico da fundação é o patrimônio, enquanto que o da autarquia é a pessoa); (ii) a lei específica cria autarquia (criada no momento de criação dessa lei específica), enquanto que autoriza a criação de fundação (a lei que autorizou a sua criação, sancionada hoje e vigente hoje, ainda não cria a fundação – é necessário, ainda, constituir estatuto, ir à junta comercial, ao MP, etc.). 
d. Exemplos de fundações: IBGE, FUNAI, FUNASA. 
9. Empresas públicas
a. Conceito: São entidades jurídicas dotadas de personalidade de direito privado, com patrimônio próprio e participação única do Poder Público no seu capital, criada, na forma da lei, para explorar atividades econômicas ou prestar serviços públicos (há dois tipos diferentes de empresas públicas). Tanto as sociedades de economia mista quanto as empresas públicas são conhecidas como estatais. O patrimônio é 100% pertencente ao Poder Público. A Caixa Econômica Federal é empresa pública exploradora de atividade econômica; por outro lado, temos a ECT, empresa pública prestadora de serviço público.
b. Regime jurídico: O regime jurídico é o celetista (regido pela CLT). Regime jurídico é o diploma normativo que vai reger a relação jurídica entre o servidor público e o Estado. Essa relação funcional precisa ser regulada pelo regime jurídico.
c. Principais características: 
i. São admitidas de qualquer forma jurídica de sociedade civil ou comercial; 
ii. Não gozam de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;
iii. Sujeitam-se a licitações/concursos públicos. A licitação é um procedimento administrativo pelo qual a Adm. Pública fecha um contrato com determinada empresa.
d. Exemplos: ECT (Correios), Caixa Econômica Federal
10. Sociedades de economia mista
a. Conceito: São entidades jurídicas dotadas de personalidade de direito privado, com patrimônio próprio, criada, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, ao Poder Público.
b. Regime jurídico: Celetista. 
c. Características:
i. Não gozam de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;
ii. Sujeitam-se a licitações/concursos públicos.
d. Diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista: As diferenças residem na forma de organização, na composição de capital e no foro competente (art. 109, I da CF/88). Nas empresas públicas, são admitidas quaisquer formas de organização admitidas pelo Dir. Empresarial; se for uma sociedade de economia mista, a forma de organização é, necessariamente, uma sociedade anônima. Nas empresas públicas, há a participação única do Poder Público no seu capital,enquanto que na sociedade de economia mista há patrimônio próprio, mas as suas ações com direito a regra pertencem, em sua maioria, ao Poder Público (é isso que dá a gestão da empresa) – trata-se de uma estatal com patrimônio misto. Podemos ter uma sociedade de economia mista com capital 10% público e 90% privado, como é o caso da Petrobrás – as ações preferenciais (direito a voto – gestão da empresa, e não seu capital) não são vendidas facilmente pelo Poder Público. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Em relação às sociedades de economia mista, cabe à Justiça Comum o julgamento e o processo. 
e. Exemplos: Banco do Brasil, Petrobrás. 
· Poderes e deveres administrativos
1. Poder Administrativo – conceito e modalidades
a. Conceito: Poderes administrativos são os meios ou instrumentos através dos quais os sujeitos da Adm. Pública exercem as atividades administrativas. Poderes Administrativos, portanto, têm uma conotação instrumental. Para cumprir a contento as suas atribuições, a Adm. Pública acaba assumindo uma carga enorme de responsabilidades. 
b. Poderes do Estado x Poderes Administrativos: Poderes do Estado são elementos estruturais, baseados na Teoria da Separação dos Poderes de Aristóteles e Montesquieu. Os poderes Administrativos, por sua vez, são elementos instrumentais. 
c. Inerentes e irrenunciáveis: São as duas principais características dos poderes Administrativos. Ele é inerente pois já nasce com a própria Adm., já nasce com o próprio cargo, não precisando ser provocado ou clamado. Eles são irrenunciáveis pois não são facultativos, ou seja, aquela autoridade administrativa que detém os poderes tem obrigação de exercê-los – ele não tem a discricionariedade de não exercer os poderes administrativos.
d. Tipologia (modalidades):
i. A depender da liberdade de atuação: Poder vinculado e discricionário;
ii. Com relação à capacidade de organização: Poder Hierárquico;
iii. Com relação à possibilidade de apuração e punição: Poder Disciplinar;
iv. Com relação à capacidade de regulamentar atividades internas e explicar o conteúdo de leis: Poder Normativo;
v. Condicionar ou restringir o exercício das liberdades e a propriedade privada: Poder de Polícia.
e. Poder Vinculado (regrado)
i. Conceito: É aquele que a lei confere à Adm. Pública para a prática de atos de sua competência, determinando, desde logo, todos os seus elementos e requisitos. O poder vinculado apenas cumpre o que está na lei; ele vai exercer uma prerrogativa, mas de maneira restrita ou vinculada à lei. A lei já estabelece o modus operandi. As licenças concedidas pela Adm. Pública são atos vinculados, como a CNH. 
ii. Poder autônomo: Polêmica de Di Pietro. Ela questiona que se não há liberdade de atuação da gestão pública, se trata de um poder ou de uma mera sujeição? Muitos administrativistas descordam dessa distinção entre vinculado e discricionário, pois não há a possibilidade plena de engessar a Adm. Pública, e não há tanta liberdade assim. A doutrina majoritária ainda trata o poder vinculado como um poder verdadeiramente autônomo. 
f. Poder Discricionário
i. Conceito: É a faculdade de que dispõe a Adm. Pública para escolher uma entre as várias soluções juridicamente possíveis. Aqui, a lei apenas atribui a competência, não predefinindo todas as consequências do ato e, dessa forma, dando mais liberdade à Adm. Pública. Um exemplo de ato discricionário é o ato de autorização. 
ii. Discricionariedade x arbitrariedade: A liberdade de escolha não é absoluta, devendo ser exercida de maneira fundamentada e em harmonia com o Direito, sob pena de caminhar para a arbitrariedade. 
g. Poder Hierárquico
i. Conceito: É um poder de auto-organização. A distribuição de competências e a hierarquia são os pressupostos básico de qualquer organização administrativa. É através deste poder hierárquico que a Adm. Pública se estrutura internamente. É aquele poder que confere à Adm. Pública a capacidade de ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas no âmbito interno. É uma típica e fundamental técnica de organização administrativa. É também através deste poder que a Adm. Pública utiliza dos institutos da delegação de competências e avocação de competências. 
ii. Delegação de funções ou competências: O agente público pode delegar funções a outro agente dentro do mesmo poder. É disciplinada pela Lei de Processo Administrativo (Lei nº 9.784/99). Essa lei disciplinou a delegação e tratou das vedações, da obrigatoriedade do aceite, da responsabilidade e da forma. As vedações são duas: (i) não pode haver delegação de competência fora do mesmo Poder de Estado; (ii) não pode haver delegação integral de competência. O delegado nem sempre é obrigado a receber a delegação do delegante; a delegação de competências pode ser horizontal (não há obrigatoriedade) ou vertical (há obrigatoriedade, pois há relação de subordinação). A responsabilidade pelo exercício da competência delegada, via de regra, é do delegado, ou seja, daquele que recebe a delegação, a não ser que a delegação seja ilícita – nestes casos, quem responde é o delegante. A lei não estabelece a forma específica – deve ser solene, formal, publicado no Diário Oficial. Não é possível a delegação de (i) atos de competência exclusiva; (ii) a edição de atos de caráter normativo, como decretos; (iii) e a decisão de recursos administrativos. Não pode haver, também, a delegação de delegação. Avocação de funções: Com base no Poder Hierárquico, os agentes superiores podem avocar funções, ou seja, chamar para si funções atribuídas a um subordinado. Portanto, a avocação de competências é o contrário da delegação. Se costuma dizer que há algumas diferenças significativas, além das conceituais, entre delegação e avocação de competências: (i) a delegação é um instituto comum da Adm. Pública, mecanismo usual, em que só se basta observar os casos em que ela não é permitida, pois, de resto, pode ser utilizada de maneira rotineira. A avocação, entretanto, é uma medida excepcional, motivo pelo qual nenhum agente pode ficar avocando competência de outro; (ii) os agentes superiores avocam funções de um subordinado para si, ou seja, não existe avocação horizontal, apenas vertical. Obs.: Não há poder hierárquico da Adm. Pública Direta para a Indireta – a Adm. Pública Direta são os entes estatais, que criam as entidades que compõem a Adm. Pública Indireta, na qual essas entidades têm apenas uma vinculação administrativa, e não uma subordinação (ex.: Não existe hierarquia entre o Banco Central e o Ministro da Fazenda).
h. Poder Disciplinar
i. Conceito: É a atribuição de que dispõe a Adm. Pública de apurar as infrações administrativas e de punir seus agentes públicos responsáveis e as demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. Poder disciplinar é a prerrogativa de que tem a Adm. Pública de apurar e punir. 
ii. Formas básicas de punição: Advertências, suspensões, demissões, cassações de aposentadorias ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão e função de confiança. Qualquer punição escolhida pela Adm. Pública precisa ser proporcional entre a infração cometida e a pena imposta. Não existe punição sem a devida apuração: se pode apurar e não punir, mas não se pode punir sem apurar. Obs.: Inexiste hoje a possibilidade de se arguir a figura da “verdade sabida” para punir servidor. Essa “verdade sabida” é quando o superior hierárquico é testemunha ocular do cometimento da infração – mesmo assim, é obrigatória a apuração.
iii. Dever de apuração e de punição: Esse poder é um dever, pois um poder e um dever são lados da mesma moeda, uma vez que são irrenunciáveis. Então, havendo indícios de cometimento de infração, é um dever da Adm. Pública apurar e punir. O descumprimento desse dever gera não apenas reprimenda

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