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ARTIGO EDI FORO PRIVILEGIADO

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FORO PRIVILEGIADO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
José Edi Moraes Fagundes Junior[footnoteRef:2] [2: Estudante do Curso de Direito – Faculdade ITOP. E-mail: ] 
RESUMO
O presente trabalho tem como temática o Foro Privilegiado por Prerrogativa de Função, e por envolve políticos e pessoas que detém cargo público é um assunto bastante discutido na sociedade em geral, mídias, redes sociais, é uma lei que foi criada há décadas atrás e mantém privilegia determinada classe, colaborando mais ainda no aumento da impunidade no Brasil, esta lei é bastante questionada à medida as pessoas vão tomando conhecimento. Este tem o objetivo de analisar o foro por prerrogativa de função, também seu conceito, caráter jurídico e progresso histórico do direito constitucional e as séries de vantagens e de desvantagens em utilizar-se do foro privilegiado, além de compreender as prerrogativas do foro privilegiado a fim de esclarecer a sociedade a sua finalidade. Justifica-se pelo fato do foro por prerrogativa de função ser um tema bastante polêmico, muito associado a um privilégio pessoal e à impunidade de políticos e agentes públicos no país. Com isso diversas Propostas de Emenda à Constituição (PEC) buscam restringir ainda mais seu alcance e até extinguir o benefício nos casos de crimes comuns para todas as autoridades. O presente estudo consistiu em uma revisão sistemática literária de artigos acadêmicos como base principal e de alguns livros para leitura complementar. Para a coleta de dados foi utilizada a da base de dados eletrônica de revistas pertencentes a autores diversos, como também de outras revistas periódicas.
PALAVRAS-CHAVE: Foro privilegiado; Impunidade; Constituição.
ABSTRACT
The present work has as its theme the Privileged Forum by Function Prerogative, and because it involves politicians and people who hold public office, it is a widely discussed subject in society in general, media, social networks, it is a law that was created decades ago and maintains privileges a certain class, collaborating even more in the increase of impunity in Brazil, this law is quite questioned as people become aware of it. This aims to analyze the forum by prerogative of function, also its concept, legal character and historical progress of constitutional law and the series of advantages and disadvantages in using the privileged forum, in addition to understanding the prerogatives of the privileged forum to in order to clarify the company's purpose. It is justified by the fact that the forum as a prerogative of function is a very controversial issue, very much associated with personal privilege and impunity for politicians and public agents in the country. With this, several Proposals for Amendment to the Constitution (PEC) seek to further restrict its scope and even extinguish the benefit in cases of common crimes for all authorities. The present study consisted of a systematic literary review of academic articles as the main basis and some books for further reading. For data collection, the electronic database of journals belonging to different authors was used, as well as other periodicals.
KEYWORDS: Privileged forum; Impunity; Constitution.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como estudo o Foro Privilegiado, este assunto tem sido de grande repercussão nos últimos anos e tem causado grande revolta no que diz respeito a opinião pública, fator que vem se agravando com todos os escândalos de corrupção e denúncias que temos presenciado em todas as esferas políticas. Esse instituto teve como medida através da sua criação,afiançar o julgamento de autoridades públicas por magistrados superiores ao réu ou mesmo maior hierarquicamente, assim sendo, impedindo que esses cidadãos pessoas em teses fiquem sujeitos a um julgamento parcial.
	Quando ouvimos falar sobre foro por prerrogativa ou privilegiado entendemos devido toda repercussão que envolve políticos e pessoas que detém cargo público, uma lei criada muitos anos atrás e que privilegia determinada classe, contribuindo para ainda mais nessa impunidade do país, instituto que é bastante questionado à medida que mais pessoas tomam conhecimento.
	É comum ouvir o senso das pessoas dizendo sobre"o foro privilegiado", uma manobra para defender, proteger pessoas privilegiadas no poder público. Embora seja, em alguma medida, verdade, a realidade não é tão simples assim. Há uma série de vantagens e de desvantagens em utilizar-se do foro privilegiado.
Podemos dizer que o foro privilegiado é instituído, não pelo motivo do agente público, e sim implicação de cargo e função desempenhado por ele, motivo que a princípio majoritário entende que existe infração de quaisquer princípio da constituição, ou menos o da isonomia art. 5º, caput, CF, da moralidade art. 37, caput, Constituição Federal ou do impedimento de juízo e tribunal de exceção conforme art, 5º, XXXVII, CF.
Através dessa pesquisa teremos entendimento sobre o Foro de prerrogativa se realmente infringe os princípios constitucionais de igualdade, e tem intuito de proteger mandato ou exercício funcionalde autoridades. Na finalidade de encontrar medidas as discussões atuais sobre o assunto, na primeira trata do inicio do foro privilegiado, por conseguinte, indagação sobre identificar os benefícios do foro aos que usufruem e as consequências sociais quanto a impunidade, corrupção e mudanças ocorridas através da PEC 13/2010 em decisão pelo STF, Superior Tribunal Federal.
2 INÍCIO DO FORO PRIVILEGIADO E CONSTITUIÇÃO DE 1988
Sobre a história do foro por prerrogativa, no período da escravidão somente 2 anos depois da independência da coroa portuguesa, o exercício de foro especial permanecia impedida. Na Constituição de 1824 se falava que a exceção de meios próprios dos juízes privados e que existiria foro privilegiado nas bancadas especiais nos crimes cíveis do artigo 179, inciso XVII.
Logos após vieram diversas constituições que em seguida sustentaram a mesma situação.Em 1981 deu inicio a República e teve texto igual ao império, com ressalva “À exceção das causas que, por sua natureza, pertencem a juízos especiais, não haverá foro privilegiado”, instruiu o artigo 72, § 23. Em 1934 houve acréscimo, não havia foro privilegiado, então por conseguinte nem tribunais, mas deu continuidade na admissão de juízes especiais conforme natureza do artigo 113 § 25.
A Constituição de 1937 não citou sobre o foro especial, já a de 1946 enfoca que "não irá haver foro privilegiado 141, § 26, após 30 anosa pós foi seguido as mesmas orientações que foi seguida pela Constituição Militar de 1967, Trinta anos depois a mesma orientação foi repetida pela Constituição militar, de 1967, art. 150, § 15.
Ao proclamar a Constituição de 1988, a Assembléia Nacional Constituinte sustentou aos direitos e garantias primordiais o impedimento de juízo ou tribunal de exceção art. 5º, inciso XXXVII, entretanto deu inicio as probabilidades de foro especial referidas.
A Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados traça o histórico do instituto no país. Segundo o documento, a primeira constituição brasileira, publicada em 1824, dispunha sobre o assunto em dois artigos: no de número 47, determina que é atribuição do Senado “conhecer dos delitos individuais, cometidos pelos Membros da Família Imperial, Ministros de Estado, Conselheiros de Estado, e Senadores; e dos delitos dos Deputados, durante o período da Legislatura”, além de “conhecer da responsabilidade dos Secretários, e Conselheiros de Estado”. No de número 99, estabelece que a pessoa do imperador é inviolável e sagrada, não estando sujeita a nenhuma responsabilidade. Também cita que ao Supremo Tribunal de Justiça cabe “conhecer dos delitos, e erros do Oficio, que cometerem os seus Ministros, os das Relações, os Empregados no Corpo Diplomático, e os Presidentes das Providências”.
No inicio em 1981, somente nosso presidente detinha do direito do foro por prerrogativa e em alguns casos como os crimes comuns teria que ser julgados pelo STF, aos crimes de responsabilidade o senado era responsável, sendo que,se obtivesse condenação era suspenso do cargo.
Após isso em 1934 através da carta Magna foi ampliado o direito distinto de julgamento, para ministros, embaixadores, presidente da república, juízes de tribunais. Mas em 1937 na constituição foi ofertado o direito da prerrogativa inclusive aos Ministros do STF e a juízes estaduais.
Por conseguinte na Constituição de 1946 foram inclusos na probabilidade de foro especial os juízes do TSF - Tribunais Superiores Federais, dos TRT - Tribunais Regionais do Trabalho, dos Tribunais de Justiça dos Estados e chefes de missão diplomática de modo permanente, já na esfera estadual, ficou entendido que juízes de instâncias inferiores poderiam ser processados e julgados pelo Tribunal de Justiça - TJ.
Constituição de 1967, proclamada atualmente na ditadura militar, fundamentalmente sustentou a quantidade de pessoas com beneficio do foro, aumentando no âmbito estadual, e ministros do tribunal de contas.
Então na constituição de 1988, aumentou mais ainda os beneficiados pelo foro privilegiado, então, no Brasil, proclamada a República em 1889, a Constituição de 1891, no art. 57, § 2º, instituiu o foro privilegiado, oferecendo jurisdição ao Senado podendo julgar os componentes do Supremo Tribunal Federal nos delitos de responsabilidade, e para o STF, o de julgar os juízes federais inferiores art. 57, § 2º e consequentemente o Presidente e os Ministros nos crimes comuns e de responsabilidade do art. 59, II, a parti daí que foi sustentado o foro privilegiado pelas constituições.
Mas foi em 1988 nessa constituição considerada uma das mas importante, não prognosticou o cancelamento do foro privilegiado, fazendo diferente estabeleceu aqueles que teriam direito, proporcionando a oportunidade dos que foram privilegiados cometerem delitos, e até mesmos ex políticos terem direito ao foro, causando ainda mais impunidade no Brasil.
Então, a circunscrição do Foro Privilegiado na Constituição de 1988 revela que além de não veda-lo, ao contrário, amplia este direito a outros membros dos três poderes e em recente decisão o Supremo Tribunal Federal contribuiu explicitamente para essa ampliação ao conceder aos ex políticos o foro privilegiado no Direito brasileiro.
A constituição de 1988, foi a primeira a vigorar o foro de prerrogativa de função, pelo art. 53, onde senadores, deputados quando expedir o seu diploma só poderão ser julgados pelo STF. Das jurisdições do STF, no artigo 102, a Carta transmitida à corte processar e julgar originalmente, inicialmente, sem recursos, o presidente da República, o vice-presidente da República, os membros do Congresso Nacional, seus próprios ministros e o procurador geral da República nas infrações penais comuns.
Então, o Senado julgará apenas delitos de responsabilidade dos Ministros, Conselheiros, Advogados da União, Presidente. Já o STF irá julgar crimes comuns, na qual os autores são Comandantes da Marinha, Exercito e Aeronáutica, e Ministros dos tribunais de Contas e superiores. É um tema muito polêmico na sociedade quando falamos de Foro Privilegiado, a visão de que essa foi criado com finalidade de blindar e evitar que alguns detentores de cargos públicos estejam vulneráveis a decisões arbitrárias e interesses dos superiores. Para tanto devemos conhecer esse instituto e criarmos uma opinião que venha beneficiar o Brasil.
3 FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Vamos fazer uma discussão entre aquilo popularmente que se chama foro privilegiado e aquilo que o direito considera com outra nomenclatura, que é o Foro Especial por prerrogativa de função. O foro privilegiado como tal no ambiente da ciência jurídica existe no Brasil desde o império, era alguma coisa que existia em outros tempos para garantir o privilégios a outras pessoas, em razão da sua fortuna, do seu berço, esses tinham benefícios de contar com juízes especiais, esse sistema foi banido no ambiente do direito, mas em relação com o que o direito considera o foro prerrogativa que é a possibilidade de alguns agentes públicos, e autoridades serem julgadas por tribunais superiores dentro da ideia que seja necessária para proteger o exercício desses cargo.
O importância do foro privilegiado ou mais conhecido como foro por prerrogativa de função, isso quer dizer que quando um indivíduo exerce certa função social relevante, é necessário que tribunais que correspondam a esta função social julguem os casos que envolve este indivíduo, e somente estes tribunais superiores correspondentes possuem a capacidade e o acesso necessário para compreender as situações às quais estão submetidas.
Uma análise sobre como demonstrar o foro por prerrogativa que não corresponde ao seu conceito, é quando citamos a justiça militar, diferente da justiça civil não compreende o contexto na qual aquelas situações ocorrem, sendo imprescindível que ocorra uma justiça específica para lidar com as especialidades circunstanciais.
Já caso do foro privilegiado, trata-se de algo parecido, mas mais voltado para a hierarquia e relevâncias das funções exercidas por certos cargos, correspondendo assim o foro necessário com instância correspondente ao nível hierárquico deste cargo. Existem casos na esfera do poder legislativo, são 513 deputados e 81 deputados que se fizerem delitos, crimes comuns, são julgados pelo STF, sabendo que se os mesmos perderem o mandato ou renunciarem o processo volta para sua fase inicial. Temos também como exemplo o caso do lula em que se conseguisse tomar posse como Ministro da casa Civil, escolheria o juízo a julgar seu caso. 
Inúmeras polêmicas sobre a real eficiência do Foro por Prerrogativa no Brasil, sendo assim tratado como privilégio que de certa forma é uma ofensa a Constituição Federal que cita no seu art. 5º
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Segundo pesquisa realizada pela AMB 2007, informações envolvendo políticos e autoridades mostram imensa atraso no julgamento e a falta de condenação de grande número dos réus ou acusados com esse tipo de privilégio tanto no STF quanto Supremo.
A ex Ministra Ellen Gracie defende com grande propriedade que o foro privilegiado nada acrescenta na situação de impunidade no Brasil e que todos os processos são enviados ao Supremo sem passar por outras Instâncias, e que pode haver rapidez no julgamento. Criticou ainda a pesquisa, dizendo que a dificuldade encontrada em julgar esses processos dependeu de um período que compreendeu 1988 a 2002, Congresso Nacional, pois este que detinha a competência em autorizar a instaurar os processos contra as autoridades no SFT Supremo Tribunal Federal.
Segundo pesquisas realizadas pela AMB, intitulada Diagnóstico do Problema da Impunidade é possíveis soluções propostas pela AMB, constataram o seguinte sobre as ações penais contra detentores de foro especial: no STF, entre 15/12/1988 e 15/06/2007, tramitaram 130 processos criminais contra autoridades com o foro especial e, nesse período, ninguém foi condenado; dos 130 processos, 52 ainda tramitam na Corte e o restante, 78, resultaram em absolvição, prescrição, ou remetidos para a 1ª instância, porque o favorecido perdeu ou deixou o cargo. No STJ, entre 23/05/1989 e 06/06/2007, foram iniciadas 483 ações criminais e apenas 05 terminaram com condenações, 81 ainda tramitam e o restante teve julgamento de absolvição, de prescrição ou remetidas ao STF ou ainda aguardam autorização das Assembleias Legislativas para prosseguir.
	Foro Privilegiado é um assunto bastante polêmico, o Juiz Sergio Moro, mostrou ser contra, segundo ele "fere o principio da igualdade, e dentro de uma democracia todos devem ser tratados iguais perante a lei". Deputados Federais e Senadores, a partir da expedição do diploma até o término do mandato, serão submetidos a julgamento perante o STF.A locução "infrações penais comuns" abrange todas as modalidades de infrações penais, incluindo os delitos eleitoraisos dolosos contra a vida e as contravenções penais.
	Na determinação da competência para o julgamento em razão do foro privilegiado rege-se pela regra da atualidade do mandato.Logo, encerrado o exercício do mandato parlamentar deixará o STF de figurar como Tribunal competente para o julgamento, devendo os autos serem remetidos à Justiça de 12 grau. Isso ocorre em virtude do cancelamento da súmula 394 do STF.
	Em homenagem ao ideal de simetria, Deputados estaduais também possuirão foro especial no Tribunal de Justiça do respectivo Estado (em se tratando de infrações penais comuns inseridas na jurisdição da Justiça Estadual, incluindo-se aí os crimes dolosos contra a vida), no Tribunal Regional Federalse o crime for praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, entidade autárquica ou empresa pública federal) e no Tribunal Regional Eleitoral (se o crime é eleitoral). Quanto aos Vereadores a Constituição não concedeu a eles prerrogativa de foro, o que pode, todavia, ser feito pelas Constituições estaduais, que podem conferir competência originária para o processamento e julgamento das infrações penais aos respectivos Tribunais de Justiça.
4 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE COMO FUNDAMENTO DO ESTADO DE DIREITO
Podemos dizer que no Brasil, a nobreza sempre foi definida com inúmeras autoridades e de três poderes ministros, senadores, presidente, vice, entre outros conforme sabemos ocasionam inúmeros problemas éticos e democráticos, pois só podem ser julgados pelo STF.
A medida que cita-se a ética é uma parte muito complicada, de difícil situação pois, estes ministros seguem indicação política do presidente do Brasil, consequentemente com aprovação do senado. Digamos que é inadmissível, nesse país deparar com isso, os responsáveis por proporcionar os cargos aos seus julgadores, isso acontece a todas os cargos protegidos pelo foro privilegiado.
 Excepcionalmente os réus são os principais responsáveis pela intitulação do seu acusador, está mais que claro que há benefícios constitucionais, consequentemente apoio político e ideológico daqueles que detém pela sua nomeação.
Podemos constatar que STF não tem condições de proceder inquéritos, colher informações e escutar depoimentos. Essas inúmeras incumbências instruçõestem características de outros juízos de 1º grau. A situação do STF é arbitrária a essa, e basicamente tem uma função de proteger a Constituição, especificamente pelo domínio das normas, pois, a organização dos processos penais é contraditório no âmbito da constituição.
Só que essa incompatibilidade é evidenciada pelas estatísticas. Segundo informações do próprio STF, dos últimos 10 anos, de processos penais que incluem políticos envolvidos em 13 os processos prescreveram e outros 9 os réus conseguiram a absolvição, não havendo nenhuma condenação no período, igualmente no STJ sem ter condenado nunca um desembargador.
Contudo, mesmo o foro por prerrogativa tendo fundamentos jurídicos que são de certa forma aceitáveis, não deixa de sua condição ser política e mostra uma individualidade de estabelecer um benefício em razão própria, e de certa forma não corresponde ao principio da igualdade. Preocupante quando deparamos com aqueles que administram o país preferindo continuar com um instituto sem ética e moral, que só faz aumentar os processos criminais contra políticos, superiores e aqueles que detém do foro privilegiado.
Por isso, devemos lamentar devido estarmos no momento em que o povo brasileiro e a imprensa protesta por mais contenção, para diminuir a criminalidade, de maneira especial crimes, furtos, roubos, latrocínios, crimes cometidos por uma parte menos privilegiada na sociedade, inadmissível o congresso querer expandir a prerrogativa de foro. Apesar disso, o absurdo de como é questionado e tratado pelos parlamentares, mostra falta de respeito e seriedade e a opinião pública sempre rejeitada, sendo que o beneficio próprio deles mesmos é mais importante.
Como observamos sobre, o foro privilegiado é apenas mais um dispositivo de poder destinado a vincular a arbitrária seletividade do sistema penal, que recruta sua clientela preferencialmente entre os grupos sociais mais vulneráveis política e economicamente:
 Voltou em questionamento sobre o foro por prerrogativa com uma decisão o STF veio a aceitar denúncia de vários acusados no lendário esquema do mensalão, muitos carregam o benefício do foro, se livrando comumente de penas sujeitas a cidadãos comuns, infelizmente a impunidade gerada por uma constituição de anos atrás que só facilita a corrupção através da absolvição desses réus.
Mesmo sendo avaliado como um fator histórico o julgamento de mensaleiros, políticos e administradores públicos, a sociedade não há tanto o que comemorar, centenas de processos tramitam a anos no STF, e enorme maioria é absolvida, outros passam pouco período e ganham a liberdade por meio de habeas corpus, impetradas nas supremas cortes, causando ainda mais indignação ao povo brasileiro.
De todas as menções, a mais central é aquela constante do caput do art. 5º que, ao enunciar que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", contemplou uma perspectiva formal para o princípio da isonomia, consagradora de um tratamento igualitário perante a lei.
Essa ótica de aplicação do princípio pressupõe um diploma normativo já elaborado, e dirige-se aos Poderes Públicos quando da aplicação do mesmo, pois não poderão ser utilizados critérios seletivos ou discriminatórios que não decorram do próprio ato normativo. Assegura- se, deste modo, que a lei genérica e abstrata, incida de modo neutro nas ocorrências fáticas, vale dizer, seja igual para todos e não tolere espaços para privilégios ou distinções.
SANTOS, 2003, quando afirma que:
"temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades".
Percebe-se que atualmente o perfeito entendimento do princípio da isonomia contempla o reconhecimento de suas variadas perspectivas,desde a formalpor alguns intitulada "igualdade perante a lei", refere-se à interpretação e aplicação igualitária de um diploma normativo já confeccionado; quanto a material igualdade na lei na qual o respeito à igualdade se dá em esfera abstrata e genérica, na fase de criação do direito, alcançando os Poderes Públicos inclusive o legislador, claro quando elaboram um ato normativo;até a perspectiva material dinâmica ou militante da igualdade transformadora da igualdade em um objetivo a ser perseguido pelo Estado, consiste na adoção de políticas públicas que visem reduzir as desigualdades fáticas, os estigmas e preconceitos que recaem sobre cercos segmentos da sociedade.
O intuito dessa nova e abrangente leitura do princípio é inequívoco: evitar que cercos grupos de pessoas sejam deixadas em estado de indignidade e completo desalento social/jurídico/fático, à margem da vida em sociedade e da experiência democrática.
Ainda no que diz respeito à efetivação do princípio da igualdade no âmbito substancial, basta trazer à discussão as denominadas "ações afirmativas" , poderoso mecanismo de inclusão social, concebido para corrigir e aliviar os efeitos presentes das discriminações ocorridas no passado.
As ações afirmativas se caracterizam como práticas ou políticas estatais de tratamento diferenciados a cercos grupos historicamente vulneráveis, periféricos ou hipossuficientes, buscando redimensionar e redistribuir bens e oportunidades a fim de corrigir distorções.
Tais políticas públicas visam oportunizar aos que foram menos favorecidos (por critérios sociais, econômicos, culturais, biológicos) o acesso aos meios reduzindo ou compensando as dificuldades enfrentadas, de forma que possam ser sanadas as distorções e os coloquem em posição desigual diante dos demais integrantes da sociedade.
As ações afirmativas representam, pois, urna mudança paradigmáticana postura do Estado : se antes era louvável a neutralidade na definição e aplicação das políticas governamentais- o que levava o Poder Público a agir sem considerar fatores distintivos como sexo, raça, cor, condição econômica ou origem nacional -, agora, com a adoção dessa nova concepção, a escala passa a considerar todos esses fatores no momento da escolha e implementação das suas políticas públicas.
Carmen Lúcia traduz com precisão o enquadramento jurídico-doutrinário das ações afirmativas:
"a definição jurídica objetiva e racional da desigualdade dos desiguais, histórica e culturalmente discriminados, é concebida como uma forma para se promover a igualdade daqueles que foram e são marginalizados por preconceitos encravados na cultura dominantes na sociedade. Por esta desigual ação positiva promove-se a igualação jurídica efetiva; por ela afirma-se uma fórmula jurídica para se provocar uma efetiva igualação social, política, econômica no e segundo o direito, tal como assegurado formal e materialmente no sistema constitucional democrático. A ação afirmativa é, então, uma forma jurídica para se superar o isolamento ou a diminuição social a que se acham sujeitas as minorias".
Em nossa Constituição, alguns artigos traduzem fielmente esse ideal de realização positiva do princípio da igualdade, tais como o art. 37, VIII, que determina a reserva de certo percentual de cargos e empregos públicos para pessoas portadoras de deficiência física; o art. 7°, XX, que enuncia tratamento especial de proteção ao mercado de trabalho feminino; o art. 3°, III, que prevê como objetivo fundamental erradicar as desigualdades regionais.
Nos dizeres da nossa Suprema Corte, "toda a axiologia constitucional é tutelar de segmentos sociais brasileiros historicamente desfavorecidos, culturalmente sacrificados e até perseguidos, como o segmento dos negros e dos índios".
Referidas ações, contudo, devem ser instituídas em estrita observância à razoabilidade e à proporcionalidade, haja vista somente serem constitucionalmente legítimas quando não se basearem em critérios arbitrários e não promoverem favoritismos desproporcionais.
Isso porque roda ação afirmativa e elege um grupo a ser contemplado pelas vantagens compensatórias, afastando os demais não abrangidos pela política pública de favorecimento, criando um cenário que pode ocasionar a discriminação inversa (ou reversa). De acordo com a doutrina,
"A adoção de políticas positivas deve ser precedida de uma profunda análise das condições e peculiaridades locais, bem como de um escudo prévio sobre o rema, sendo que sua legitimidade irá depender da observância de determinados critérios, sob pena, de atingir, de forma indireta e indevida, o direito dos que não foram beneficiados por elas (discriminação reversa)".
Assim, em que tese esta amplamente aceita a ideia de que a igualdade formal é relativa e convive com a eventual imposição de tratamentos distintos, nem toda e qualquer diferenciação será aceita. E aí reside justamente a grande dificuldade delimitar critérios a partir dos quais uma distinção seja constitucionalmente legítima.
Um caminho para solucionar esta dificuldade é reconhecer a necessidade de a diferenciação receber justificação razoável racional e proporcional A motivação da ação afirmativa será razoável quando estiver amparada por um motivo coerente e plausível que fundamente a distinção; será racional quando for objetiva e suficiente ao delimitar o segmento social atingido, proporcional quando reajusta com equilíbrio as situações desiguais
5 IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES
Ao citar o Foro por Prerrogativa de função é impossível não abordar o princípio da isonomia, essa perspectiva da igualdade já estava contemplada na cláusula geral do caput do art. 50, ao assegurar que "todos são iguais perante a lei", assim como nas normas que vedam discriminações motivadas por questões de gênero (art. 3º, IV, are. 7°, X:X:X, e art. 226, § 5º, todos da CF/88). Nada obstante, o poder constituinte originário optou por enunciar no inciso 1 do are. 5°, de modo específico e destacado, que "homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações".
Segundo a doutrina, tem-se aí um dispositivo "que resume décadas de lutas das mulheres contra discriminações. Mais relevante ainda é que não se trata aí de mera isonomia formal. Não é igualdade perante a lei, mas igualdade em direitos e obrigações". Nota-se que, em respeito à diretriz constitucional, não será válido estabelecer distinções entre homens e mulheres, salvo quando voltadas à equiparação de condições entre eles, já que será a partir dessas diferenciações lícitas que se efetivará verdadeiramente o princípio da isonomia.
Assim sendo, vale frisar os momentos em que o texto constitucional preceitua o tratamento desigual entre homens e mulheres:
(i) às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação (art. 5°, L, CF/88);
(ii) à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, será concedida licença com a duração de cento e vinte dias (art. 7°, XVIII, CF/88);
(iii) ao homem será concedida licença-paternidade, nos termos fixados em lei (art. 7°, XIX, CF/88);
(iv) isenta-se as mulheres do serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitando- as, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir (art. 1 43, § 2°, CF/88);
(v) assegura-se a aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: 1 - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal (art. 20 1 , §7°, 1 e II, CF/88).
Há de se destacar que nossa Suprema Corte já se pronunciou em algumas oportunidades sobre o princípio da isonomia aplicado às situações que envolvam diferenciações de gênero, com isso podemos colocar em profundo debate a situação do foro privilegiado, que além de proteger autoridades e magistrados, infringe a Constituição Federal.
O STF já decidiu, por exemplo, que a adoção de critérios diferenciados para o licenciamento dos militares temporários, em razão do sexo, não viola o princípio da isonomia. No mesmo sentido, entendeu que não afronta o princípio da isonomia a adoção de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo feminino e masculino da Aeronáutica
Por outro lado, o Supremo Tribunal entendeu que violou o princípio da isonomia no edital de concurso público que vedou a participação de mulheres em curso de formação de oficiais da polícia militar do Estado do Mato Grosso do Sul. Já que nem o edital, tampouco a legislação regente da matéria, especificavam e justificavam o impedimento para a participação das mulheres, entendeu-se haver discriminação inaceitável sob a ótica constitucional.
Em finalização ao tópico, pode-se concluir que, o tratamento constitucional destinado à homens e mulheres não é absolutamente equânime, pois comporta as necessárias exceções que irão promover a igualdade real , vale dizer, aquela que só se concretiza na diferença.
6 FORO PRIVILEGIADO PARA CONGRESSISTAS, DEPUTADOS, SENADORES
De acordo com o art. 53, § 1.º, os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF, pela prática de qualquer tipo de crime, seja de natureza penal comum strictosensu, seja crimes contra a vida, eleitorais, contravenções penais (art. 53, § 1.º, c./c. art. 102, I, “b” — delitos penais comuns).
	Quando se diz respeito a Deputados federais e Senadores, a partir da expedição do diploma até o término do mandato, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. A Corte representa, então, o juiz natural dos membros do Congresso Nacional a partir da diplomação, tanto para as infrações penais comuns que ocorram após esta data- ocasião em que o processo se instaura perante o STF -, bem como para as ocorridas anteriormente à expedição do diploma - circunstância em que os autos do processo que se iniciou nas instâncias ordinárias são deslocados para o STF.
	Para Gomes, 2017,
"Se o fato delituoso foi cometido após a diplomação até mesmo o inquérito será conduzido pelo STF: desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento da denúncia, tudo tramitará sob os cuidados da Corte, sendo possível até mesmo a utilização da reclamação ou por usurpação de competência em havendo descumprimento dessa determinação".
Portanto, quando o delito houver sido praticado em data anterior à diplomação e o processo tiver se iniciado perante as instâncias ordinárias, os atos já praticados reputam-se válidos, havendo, tão somente, o deslocamento da competência pra o STF. Portanto, em havendo a regular eleição do investigado/réu no curso do inquérito policial/ação penal, sua diplomação implicará na remessa dos autos, no estado em que se encontrarem, à nossa Corte Suprema, que dará continuidade ao feito.
Quanto à extensão da locução "infrações penais comuns", prevista no art. 102, I, "b", CF/88, pode-se concluir que abrange todas as modalidades de infrações penais, se estende aos delitos eleitorais, incluindo também os crimes dolosos contra a vida e as contravenções penais. Considerando que a determinação da competência para o julgamento em razão do foro privilegiado rege-se pela regra da atualidade do mandato, em se tratando de infração penal comum cometida pelo congressista no curso do mandato, esteja tal ato relacionado ou não com o exercício das funções parlamentares), enquanto durar o mandato o STF será o órgão competente para realizar o processamento/julgamento. Encerrado o exercício do mandato parlamentar e consequentemente finalizada a prerrogativa de foro deixará o STF de figurar como Tribunal competente para o julgamento, devendo os autos serem remetidos à Justiça de 1° grau. Isso ocorre em virtude do cancelamento da súmula 394 do STF.
Certo é que a referida súmula, aprovada em 08 de maio de 1964, previa que se o crime fosse cometido durante o curso do mandato parlamentar, prevaleceria a competência especial por prerrogativa de função, mesmo que o inquérito ou a ação penal fossem iniciados após a cessação do exercício da função parlamentar.
Tal súmula foi revogada em 25 de agosto de 1999, em nome do princípio da isonomia e do ideal básico republicano de que todos devem estar sujeitos a um mesmo juízo. Outro aspecto que orientou a Corte na superação da súmula foi o reconhecimento de que a prerrogativa de foro visa tutelar o exercício do mandato parlamentar, e não a pessoa que o exerce, tampouco aquele que já deixou de exercê-lo. 
Com o cancelamento da súmula, os ex-presidentes, os ex-Governadores, os ex-minisrros de Estado, os ex-prefeitos, os ex-Deputados estaduais ou federais e os ex-Senadores que cometeram delitos durante o mandato, serão processados e julgados pelas instâncias ordinárias da justiça comum, e não mais pelo STF. Nesse sentido, deixou de ter aplicabilidade a "regra da contemporaneidade" do crime comum com a vigência do mandato, que preceituava a perpetuação da competência daquele foro especial para o julgamento dos atos delituosos contemporâneos ao mandato, independentemente de quando se instaurava ou finalizava a ação.
Estamos diante do tópico sobre a competência por prerrogativa de função, que será mais bem desenvolvido em processo penal. Não podemosdeixar de sistematizar, contudo, alguns aspectos que podem ser perguntadosnas provas de Direito Constitucional, apesar de envolverem o art. 84 do CPP.
Vejamos algumas situações: infração cometida durante o exercício da função parlamentar: a competência, como visto, será do STF, não havendo necessidade de pedir autorização à Casa respectiva para a instauração do processo (recebimento da denúncia), bastando ser dada ciência ao Legislativo, que poderá sustar o andamento da ação. Mas pensemos em outra situação: praticado o crime durante o exercício do mandato, instaurado o processo mas não findo ou, ainda, tendo sido sustado o andamento da ação.
Então, encerrado o mandato, continuará o julgamento no STF? Até 25.08.1999 prevalecia o entendimento no STF exposto na orientação dada pela Súmula 394, ou seja, mesmo que cessasse o mandato, a competência especial por prerrogativa de função permanecia com o STF. No julgamento da questão de ordem no Inquérito 687-SP, o STF cancelou a Súmula 394, entendendo que a competência deixa de ser do STF, pois não existe mais o exercício da função
Tendo a acentuada relevância que certos cargos e funções públicas encerram para a estrutura republicana exigida no texto constitucional, o legislador constituinte originário tratou de edificar um regramento de foros especiais para o processamento e julgamento daquelas autoridades que os ocupam.
Tem como a finalidade evitar possíveis decisões prolatadas sob forte pressão externa ou influenciadas pelos constrangimentosda proximidade. Pareceu ao legislador constituinte que esses embaraços ficariam tanto menores quanto mais afastados estivessem os órgãos julgadores da dominação local e quanto mais experientes fossem os seus componentes. Nessa perspectiva, delegou a órgãos colegiados do Poder Judiciário a tarefa de avaliar as infrações penais cometidas pelas mais representativas autoridades integrantes do Estado.
As imunidades parlamentares são prerrogativas que decorrem do efetivo exercício da função parlamentar. Não são garantias da pessoa, mas prerrogativas do cargo. Assim, as imunidades, inclusive o foro privilegiado, não se estendem aos suplementes, a não ser que assumam o cargo ou estejam em seu efetivo exercício:
Suplente de Senador. Interinidade. Competência do STF para o julgamento de ações penais. Inaplicabilidade dos arts. 53, § 1.º, e 102, I, ‘b’, da Constituição Federal. Retorno do titular ao exercício do cargo. Baixa dos autos. Possibilidade. (...) Os membros do Congresso Nacional, pelacondição peculiar de representantes do povo ou dos Estados que ostentam, atraem a competência jurisdicional do STF. O foro especial possui natureza , ligando-se ao cargo de Senador ou Deputado e não à pessoa do parlamentar. Não se cuida de prerrogativa, vinculando-se ao cargo, ainda que ocupado interinamente, razão pela qual se admite a sua perda ante o retorno do titular ao exercício daquele. A diplomação do suplente não lhe estende automaticamente o regime político-jurídico dos congressistas, por constituir mera formalidade anterior e essencial a possibilitar a posse interina ou definitiva no cargo na hipótese de licença do titular ou vacância permanente” (Inq 2.453-AgR).
De acordo com o art. 27, § 1.º, aos Deputados Estaduais serão aplicadas as mesmas regras previstas na Constituição Federal sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
Quando dizemos “mesmas regras”, observar a correspondência, ou seja,ao falar em prisão, somente quando ocorrer o flagrante delito de crime sem fiança, devendo os autos ser remetidos à Assembleia Legislativa dentro de 24 horas, resolver através de votação da maioria dos membros, sobre uma possível prisão.. Ao falar em jurisdição por prerrogativa de função, de acordo coma Constituição do Estado de São Paulo, por exemplo, entenda-se a do TJ - Tribunal de Justiça. Ao enfatizar sobre a prática de crime comum após a diplomação, o TJpoderá instaurar o processo sem a precedente licença da Assembleia Legislativa,mas deverá a ela dar ciência, sendo que, pelo voto da maioria de seusmembros, o Poder Legislativo Estadual poderá sustar o andamento da ação.
Por fim, entenda-se plenamente assegurada a imunidade material de Deputados Estaduais, não se podem violar, civil, por ventura de qualquer opinião, palavra ou voto. Da mesma forma como ocorre com os parlamentares federais, não há mais (após a EC n. 35/2001) imunidade formal para crimes praticados antes da diplomação.De acordo com o art. 29, VIII, como já visto, os Municípios reger-se-ão por lei orgânica, que deverá obedecer, dentre outras regras, à da inviolabilidade dos Vereadores também das suas opiniões e votos enquanto exercício do seu mandato e na circunscrição do Município. Ou seja, o Vereador Municipal somente terá imunidade material (excluindo-se a responsabilidade penal e a civil), desde que o ato tenha sido praticado em oficio e na circunscrição municipal, não lhe tendo sido atribuída a imunidade formal ou processual. 
Tratando-se de Vereador, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a que se achafuncionalmente vinculado. Precedentes. AI 631.276/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).
Essa prerrogativa político-jurídica que protege o parlamentar (como os Vereadores por exemplo), em tema de responsabilidade penal incide, de maneira ampla, naqueles casos que, declarações contumeliosas foram pronunciadas no recinto da Casa legislativa, notadamente da tribuna parlamentar, hipótese em que será absoluta a inviolabilidade constitucional. Doutrina. Precedentes” (AI 818.693, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, j. 1.º.08.2011, DJE de 03.08.2011. cf. HC 74.201, j. 12.11.1996).
Além disso, de acordo com o art. 29, IX, a lei orgânica também deveráobservar as proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto na CF para os membros do C.N. - Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado, para os componentes da A.L. - Assembleia Legislativa.
Quanto as imunidades parlamentares sigilo de fonte: de acordo com o art. 53, § 6.º, conforme já estabelecido antes do advento da EC n. 35/2001, “os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações”;
Como, incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores: “a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licençada Casa respectiva” (art. 53, § 7.º, mantida a referida garantia na EC n.35/2001);
Imunidades durante a vigência de estado de sítio e de defesa: como regra geral, durante a vigência desses estados de anormalidade, os parlamentares não perdem as imunidades, somente enquanto durar o estado desítio as imunidades poderão tersuspensão, isso com o voto de 2/3 de membros da Casa referente, isso nos delitos cometidos fora de ambiente do CN, e estejam conflitantes com o cumprimento da medida (art. 53, § 8.º, regra esta mantida pela EC n. 35/2001).
Podemos citar como exemplo, José da Silva, deputado federal, no exercício do mandato, portanto, após a diplomação, comete um crime. Recebida a denúncia no STF, após ser dada ciência ao Parlamento há sustação do andamento daação. O deputado, inconformado com a acusação, faz questão de ser processado, para provar a sua inocência. Que deverá fazer? Como as imunidades parlamentares dizem respeito ao cargo que ocupa e não à pessoa, a única maneira que o parlamentar encontrará para provar a sua inocência será esperar o término do mandato, ou renunciar de imediato, para que perca, então sobre a imunidade;
Temos esse fato, José da Silva, deputado federal, na tribuna, em empolgante discurso, declara que o governo federal desviou verba do erário público, de forma irregular. Em meio à empolgação, diz ter dados seguros e, inclusive, diz renunciar às suas imunidades para provar que fala a verdade. Mas isso não é possível pois, as medida em que as imunidades são irrenunciáveis.
Portanto, devemos observar, mais uma vez, que as imunidades parlamentares são irrenunciáveis por decorrerem da função exercida, e nãoda figura do parlamentar.Conforme assinalou Celso de Mello, “A imunidade parlamentar atua, no âmbito normativo delineado pela CF Constituição Federal, dando condições e garantias de independência do Legislativo, possível destino e abrande ao congressista, Estende-se ao congressista, ainda que não constitua uma prerrogativa de ordem subjetiva deste.
Trata-se de prerrogativa de caráter institucional, inerente ao Poder Legislativo, que só é conferida ao parlamentar ‘ratione muneris’, em função do cargo e do mandato que exerce. E por essa razão que não se reconhece aocongressista, em tema de imunidade parlamentar, a faculdade de a ela renunciar. Trata-se de garantia institucional deferida ao Congresso Nacional.
7 LIBERDADE DE PENSAMENTO E MANIFESTAÇÃO
No momento atual que vivemos no Brasil, com muitos episódios envolvendo corrupção, surge inúmeros sentimentos por justiça, sendo o forro por prerrogativa bastante contestado por imensa parte da população, várias são as manifestações em diversas classes sociais. Nisso, todos os brasileiros possuem a liberdade de pensamento, prerrogativa ínsita à própria existência. Como o teor desses pensamentos não são acessíveis a terceiros, pouco importa se são imorais, ilegais ou pecaminosos; são possíveis e livres, independentemente de qualquer proteção jurídica.
Todavia, o indivíduo deseja expressar suas convicções íntimas, comunicar suas ideias e opiniões formatadas internamente. Nesse contexto surge a importância do Direito, que vai ampará-lo no exercício da liberdade de manifestar seu pensamento.
Em nosso texto constitucional o art. 5º, IV explicita no contexto que assegurando no aspecto positivo a proteção da exteriorização da opinião, quanto no aspecto negativo de vedação à censura prévia.
Bom destacar que ao titular dessa liberdade permite-se expressar sentimentos, ideias e impressões de variadas formas, seja por mensagens faladas ou escritas, como também por gestos, expressões corporais, imagens, etc. Até mesmo manter o silêncio é prerrogativa aqui assegurada, já que ninguém pode ser forçado por particulares ou pelo Estado a se manifestar sem vontade. Em suma, todas as maneiras que o indivíduo possui para se exprimir encontram guarida constitucional.
Mas, a Constituição resguarda o anonimato da manifestação. Isso porque, eventualmente, no exercício dessa faculdade, o sujeito pode agir abusivamente e ferir direitos de outrem , honra ou imagem, por exemplo, ou até mesmo cometer um ilícito penal, casos em que sua identidade será imprescindível para viabilizar a responsabilização aplicável à hipótese.
Em outros termos: a Constituição prevê que manifestações que causem dano material, moral ou à imagem de outrem, geram, em contrapartida, o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização (ate. 5°, V). Daí a necessidade de vedar o anonimato, para permitir a identificação do autor e tomar possível a resposta proporcional ao agravo (desagravo"), bem como o pleito judicial por indenização decorrente dos danos materiais e/ou morais, ou, também, ações penais em casos de crimes contra a honra.
8 A NECESSIDADE DE MUDANÇA E A PEC 333/2017
A PEC contra o foro especial foi apresentada no início de 2013, e ganhou relevância após os protestos de junho daquele ano em várias cidades do Brasil, que expressaram descontentamento com a classe política. A PEC ganhou um relator, entrou em calendário especial para votação mais rápida e recebeu algumas emendas, no entanto, ficou parada pelos três anos seguintes.
Apenas no fim de 2016 a PEC ganhou tração, com a relatoria de Randolfe, o quarto senador designado para a função. Os debates e votações no Senado se estenderam até os primeiros meses de 2017 e no fim de maio ela foi aprovada e enviada para a Câmara.
Apesar de já ter pareceres favoráveis da Comissão de Constituição e Justiça e de uma comissão especial formada para discutir o tema (em ambos os casos sem nenhuma alteração em relação ao texto do Senado), a PEC ainda não foi levada para o Plenário. No ano passado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sinalizou que pautaria a proposta no início da agendade 2020, mas isso não se concretizou.
Diversos senadores cobraram nesta semana que a Câmara dos Deputados vote a proposta de emenda à Constituição (PEC) que extingue o foro especial de julgamento para autoridades dos três poderes e do Ministério Público (PEC 10/2013). O texto foi remetido em 2017 e já foi aprovado nas comissões, mas ainda não foi pautado para o Plenário.
A PEC 10/2013 foi substituída pela PEC 333/17 que é mais ampla e vale para crimes cometidos por deputados, senadores, ministros de estado, governadores, prefeitos, ministros de tribunais superiores, desembargadores, embaixadores, comandantes das Forças Armadas, integrantes de tribunais regionais federais, juízes federais, membros do Ministério Público, procurador-geral da República e membros dos conselhos de Justiça e do Ministério Público. Continuam com foro privilegiado nesse caso apenas o presidente e o vice-presidente da República, o chefe do Judiciário, e os presidentes da Câmara e do Senado.
Em razão da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, o Congresso Nacional não pode aprovar mudanças na Constituição. no entanto, mesmo com a intervenção é possível que uma PEC tramite na CCJ e na comissão especial que vai analisá-la. O objetivo é deixar o texto pronto para ser votado em Plenário quando a intervenção acabar.
A PEC preserva o foro especial conhecido popularmente como foro privilegiado apenas para os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). Todas as demais autoridades (parlamentares, ministros, juízes, governadores, procuradores e comandantes das Forças Armadas, entre outros) seriam julgadas a partir da primeira instância em caso de crimes comuns e a estimativa é que a medida atinja mais de 50 mil autoridades.
Durante alguns anos diversas foram as propostas de emendas a Constituição (PEC), no entanto, a que esteve mais próxima de aprovação foi a PEC 10/2013, de autoria do senador Álvaro Dias. A mesma tem a intenção de alterar o Foro Privilegiado extinguindo o benefício em casos de crimes considerados comuns para diversas autoridades, procurador-geral, membros do ministério público, governadores, ministros, embaixadores, desembargadores, entre outros.
Quando se trata de emendas é indispensável a aprovação no senado e na câmara dos deputados isso em dois turnos, tal proposta no Sendo Federal já foi aprovada em dois turnos, e dependerá dos deputados da Câmara também o mesmo critério para aprovação. Após ocorrer o pleito e ser aprovada em dois turnos na câmara dos deputados, deverá seguir para a sanção do Presidente da República e em seguida sancionada pelo presidente.
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos através deste que ao tratarmos do Foro de prerrogativa ou Foro Privilegiado estamos iniciando um assunto problema no meio político e social, pois todos sabemos que infelizmente existem pontos positivos e pontos negativos, e uma grande maioria da opinião pública que desaprova o instituto, isso devido centenas de gestores públicos estarem envolvidos em tantas denúncias de corrupção e que infelizmente carregam o Foro privilegiado como ferramenta de aumentar ainda mais a impunidade.
Infelizmente o foro privilegiado tornou-se apenas mais um dispositivo destinado a instaurar a arbitrariedade no sistema penal deste país. em hipótese nenhuma um país que se intitula democrático e que tem o principio da igualdade em sua constituição. Assim sendo, com todas os julgamentos já feitos em todos os âmbitos da sociedade, espera-se que aqueles que verdadeiramente querem limitar o uso do foro privilegiado para benefício próprio, esses possam chegar a uma saída que venha contribuir para uma sociedade menos corrupta e mais justa
Contudo, percebemos que o Foro por Prerrogativa atua como ferramenta que proporciona injustiça, conforme os princípios de igualdade prevista na Constituição Brasileira, infelizmente aqueles que tem o poder de direcionar os rumos do Brasil não fazem muitos esforços para rever a situação do Foro, se a leis devem ser iguais para todos, então a democracia não está sendo cumprida pelos seus gestores políticos.
Nesse contexto, diversos especialistas analisam o foro por prerrogativa como fator essencial para o aumento da corrupção no Brasil, colocando em situação especial, dos demais cidadãos, infringindo o direito de igualdade entre as pessoas. Outros acreditam que a situação política e eleitoral é importante para aqueles que utilizam o foro privilegiado para seu benefício próprio, servindo como escudo para praticar atos de corrupção sem poder ser investigado, quem sofre com toda a situação é a população e tem como consequências
Infelizmente, o foro privilegiado contribui para impunidade, isso causa descrença a nossa sociedade em relação as instituições e poderes, nisso se faz necessário uma mudança urgente, para que o foro privilegiado não se torne apenas um privilégio usado para a prática da impunidade e da corrupção. A sociedade não merece ser composta de pessoas que estão no poder, mas que não mantém a ética, a moral, e aqueles que são acusados devem ser julgados como cidadão comuns sendo aplicado a punição exemplar e a julgamento rápido.
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRACIE, Ellen. Entrevista: “foro privilegiado só dá uma chance de defesa” Revista Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2006-mai-01/ellen_foro_privilegiado_chance_defesa >. Acesso em: 20 mai. 2013.
JUNIOR, Amandino Teixeira Nunes. Consultor Legislativo da Área I Direito Constitucional, Eleitoral, Municipal, Direito Administrativo, Processo Legislativo e Poder Judiciário. Biblioteca Digital Câmara dos Deputados, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal; Subsecretaria de Edições Técnicas, 2006.
CONSTITUIÇÃO (1988)- Constituição da Republica Federativa do Brasil/ organizado por Cláudio Brandão de Oliveira – 10ª ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 13ª Edição Revista Atualizada e Ampliada. São Paulo Atlas, 2017.
LENZA, Pedro Lenza. revista, atualizada e ampliada 16ª Edição. Saraiva. São Paulo, 2012.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
https://direitosbrasil.com/foro-privilegiado-o-que-e-e-uma-vantagem/. Acesso em 20/05/2018 as 18:35.
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2012/10/10/foro-especial-comecou-na-constituicao-de-1988
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