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AULAS ACORDOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

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ACORDOS DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
AULA 1: DEFINIÇÃO, IMPORTÂNCIA, HISTÓRIA DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Conhecer o conceito de cooperação; 
2- Identificar a importância da cooperação no contexto internacional; 
3- Entender a diferença entre os termos “assistência técnica internacional” e “cooperação internacional”. 
Introdução
Por que a cooperação é vista como algo desejável, positivo e útil na tentativa de atender as necessidades e solucionar problemas?
DEFINIÇÃO DE COOPERAÇÃO
O ponto de partida para a nossa primeira aula é a definição de cooperação. Tal começo se impõe como obrigatório no contexto do nosso estudo.
 
Porém, enfrenta-se a dificuldade de definir cooperação. Trata-se de um assunto difícil para estudar.
“O motivo é o fato de suas origens serem entrelaçadas e caracterizadas por múltiplos e diferentes aspectos” (KEOHANE, 1984, p. 10).
Além disso, cada cooperação segue diferentes caminhos, sem “rigidez uniforme de um modelo único” (BERGGRUEN; GARDLES, 2013, p. 235).
Tudo isso significa reconhecer diferentes possibilidades da sua definição.
 
Ajustamento mútuo
Pode-se dizer que ajustamento mútuo significa um processo de coordenação conjunta de objetivos, procedimentos, atividades e comportamentos na relação entre os atores envolvidos na cooperação.
 
Dizer que a cooperação é uma relação de ajustamento mútuo significa que é uma relação de coordenação conjunta.
Os aspectos essenciais de tal relação são:
Objetivos comuns;
Igualdade dos atores da cooperação;
Benefício mútuo;
Participação ativa de todos os cooperadores.
Cooperação internacional
Os aspectos vistos na tela anterior, constituem o cerne da definição de cooperação vista como uma relação de coordenação conjunta. Portanto, eles são o foco da nossa consideração da definição de cooperação.
 
Temos a definição que diz que a cooperação é uma relação de “ajustamento mútuo” entre pessoas e organizações (estado, empresa, ONGs, organizações internacionais etc.), determinada em termos de igualdade dos atores envolvidos, benefícios mútuos, participação ativa de todos os cooperadores e objetivos comuns.
Vemos a definição como aplicável em vários contextos, inclusive no ambiente internacional. Na cooperação internacional, encontram-se atores atuando nesse ambiente como atores internacionais.
 
Assim aplicada, a definição se refere à cooperação internacional. Depois destas explicações, objetivamos considerar a própria definição.
ASPECTOS DA RELAÇÃO DE AJUSTAMENTO MUTUO
Sua consideração parte do diagrama, que apresenta a relação de 'ajustamento mútuo". Pretendemos analisar cada um dos aspectos desta relação, listados anteriormente. A intenção é chegar à explicação capaz de assegurar a compreensão da cooperação internacional.
COOPERADOR – OBJETIVOS COMUNS 
A cooperação se direciona à realização dos objetivos comuns, estabelecidos de comum acordo pelos colaboradores.
Estes objetivos compreendem aquilo que deve ser alcançado pela cooperação para assegurar os benefícios mútuos esperados por envolvidos.
São os objetivos definidos e executados na condição da igualdade e da participação ativa de todos, compreendendo benefícios mútuos. 
IGUALDADE
Refere-se aos atores da cooperação e significa que eles são vistos como iguais.
Na prática, tem o sentido de definir e conjunto objetivos, atividades, procedimentos, estratégias e responsabilidades dos atores envolvidos.
Assim, a igualdade dos atores deve excluir a hegemonia e a competição nessa relação de "ajustamento mútuo".
Ela é vista como o aspecto crucial que expressa o espirito da cooperação como um tipo de relação. 
BENEFICIOS MUTUOS 
Os atores da cooperação esperam obter algum benefício capaz de atender a seus interesses, bem como aos interesses de todos.
Tais benefícios se definem pela participação ativa de todos os envolvidos na cooperação, tendo sido estabelecida a condição de igualdade.
No contexto internacional, tais benefícios compreendem também valores e padrões de interesse para a humanidade, como a sustentabilidade ambiental, os direitos humanos, a justiça social etc.
A prática mostra que a cooperação internacional é o melhor caminho para alcançar esses benefícios. 
PARTICIPAÇÃO ATIVA
Hoje, a exigência é de que todos os atores participem ativamente da cooperação evitando o comportamento passivo. Esse aspecto é visto como essencial para o sucesso da cooperação.
Todos se envolvem no processo de determinar e executar objetivos, benefícios, procedimentos, atividades, responsabilidades e estratégias da cooperação.
No final de contas, o alcance dos benefícios mútuos pressupõe a participação ativa de todos os atores da cooperação.
A relação pode envolver mais de dois atores-cooperadores.
Diferenciação
Para completar a nossa consideração da definição da cooperação internacional, é conveniente mencionar mais dois assuntos ligados com a cooperação.
Primeiro, temos que enfatizar a diferença entre cooperação, competição e colaboração.
Segundo, tratam-se das teorias de relações internacionais abordando a cooperação internacional. São os tipos diferentes de relação internacional. Cada um deles tem suas características diferenciadas de outros tipos de relação.
Competição e colaboração
Competição é um tipo de relação cuja característica essencial consiste na busca da posição dominante em relação aos outros envolvidos. 
Por isso, os atores tendem a exercer a competividade maior na relação com os outros.
Essa competividade se mostra na ocupação da posição melhor e dominante em um contexto determinado que envolve a relação de competição. 
Segundo Marcovitch (1994, p. 56), A competitividade pode ser analisada de vários ângulos. Para as empresas, competitividade significa habilidade de competir em mercados globais, com estratégias globais.
Para as lideranças políticas e econômicas, significa ter a nação balanço positivo de comércio. É derivada da habilidade em gerir a interação entre vários ambientes.
As palavras de Marcovitch abordam a competitividade como uma habilidade de buscar, identificar e “gerir a reação entre vários ambientes”, quer dizer a habilidade de descobrir e ocupar a melhor posição nas condições diferentes e especificas.
Assim, o ator competitivo se torna dominante em seu ambiente, o que garante para ele a realização de seus interesses específicos. Agora fica clara a diferença em relação à cooperação.
Essa diferença diz respeito à busca da posição dominante na relação, caracterizada pela insistência na diferença dos objetivos particulares dos atores. 
Algo que não cabe na situação de cooperação, como se diz quando a competição está na ordem do dia.
Devemos destacar que a cooperação contribui para o aumento da competitividade. 
Os resultados da cooperação podem ser usados para aumentar a competitividade na relação de competição.
Outro tipo de relação encontrado nas relações internacionais é a colaboração. 
Como entendê-la, sabendo da possibilidade de confundi-la com a cooperação?
Sem dúvida, é fácil confundir, por haver uma semelhança no significado dos termos “cooperação” e “colaboração”. A semelhança fica na ideia da atuação em conjunto.
Porém, como já vimos, trata-se de dois tipos de relação diferente internacional. 
Diferentemente da cooperação, a colaboração se caracteriza pela ausência da igualdade na atuação e pela existência do ator principal, capaz de alcançar o benefício maior na relação.
Na realidade, os atores ficam com seus objetivos específicos, sem estabelecer os objetivos comuns, buscando o comportamento coordenado, que não prejudicaria os objetivos particulares dos envolvidos na colaboração.
Eles se concentram em evitar o confronto de objetivos. 
Pode-se dizer que há a indiferença dos envolvidos em relação aos objetivos do outro ou ao objetivo possível comum.
Tabela comparativa 
	COOPERAÇÃO
	COMPETIÇÃO
	COLABORAÇÃO
	Igualdade
	Dominação
	Ausência da igualdade
	Benefícios mútuos
	Benefício particular
	Benefício particular
	Participação Ativa
	Participação Ativa
	Ator principal
	Objetivos comuns
	Objetivos específicosem confronto
	Objetivos específicos,
evitando confronto
A tabela foi construída usando a cooperação como referência. As diferenças são apresentadas em relação aos aspectos essenciais da cooperação.
A partir dessa tabela, você pode, evocando e combinando seus conhecimentos adquiridos ao longo do estudo de relações internacionais, explicar em mais detalhes tanto os tipos de relação internacional quanto as diferenças apresentadas.
Essa é a proposta com qual terminamos a nossa consideração da diferença entre cooperação, competição e colaboração.
Então, estamos em condições de abordar o último tópico envolvido com a questão da definição de cooperação internacional. Falaremos da abordagem da cooperação sob a perspectiva da teoria de relações internacionais.
Neorrealismo e Institucionalismo Liberal
Certamente existem as abordagens teóricas diferentes na tentativa de explicar a natureza, o funcionamento e a ocorrência da cooperação internacional. Também, nos anos 1970 e após a Guerra Fria, as teorias de relações internacionais foram reavaliadas, incluindo novas ideias, mais apropriadas à realidade.
O estudo da cooperação internacional dependia e depende dessas abordagens diferentes e mudanças na própria teoria de relações internacionais. 
Mas surgiram as duas teorias como dominantes nesse estudo: o Neorrealismo e o Institucionalismo Liberal.
O Neorrealismo conta com a ideia de que o sistema internacional, assim como a Cooperação Internacional, deve ser explicado a partir da concepção do Estado como o ator principal no sistema internacional.
Neste sentido, Kenneth N. Waltz, um dos fundadores do Neorrealismo, afirma: 
 “Os Estados são as unidades cujas interações formam a estrutura dos sistemas internacionais. Irão manter-se assim durante muito tempo” (Teoria das Relações Internacionais, Lisboa: Gradiva, 2005, p. 135).
Da perspectiva desta afirmação, a Cooperação Internacional se entende como algo que serve para o Estado manter seu poder e sua influência política.
 Isso significa que a Cooperação Internacional se apoia na relação do poder ligado ao Estado como o principal ator, que deve considerar o comportamento dos outros Estados no sistema internacional.
Ou ainda, o Estado usa seu poder para promover a Cooperação Internacional.
Outra teoria é a do Institucionalismo Liberal. Essa teoria vê a cooperação como a criação das condições institucionais para assegurar a convergência de interesses entre os Estados.
A função das instituições consiste em contribuir para tal convergência. Foi destacada a função de regimes internacionais como as instituições capazes de garantir a convergência dos atores num campo de relações internacionais.
Função de regimes internacionais – Conjunto de regras, normas, procedimentos decisórios, princípios e comunidades epistemicas. 
Esses regimes apoiam a cooperação através de suas funções executadas para o Estado. 
 Um dos momentos decisivos para o desenvolvimento do institucionalismo foi a introdução do conceito de interdependência complexa por Robert Keohane e Joseph S. Nye, no livro Power and Interdependence: World Politics in Transition (Pearson,2012).
 O novo conceito ofereceu outro quadro para interpretar fenômenos no sistema internacional, inclusive a cooperação.
Os pontos centrais desse quadro são:
. Crescimento da interdependência entre os Estados;
. Importância de novos assuntos, bem diferentes da segurança;
. No contexto internacional, surgimento de novos atores;
. Organizações não governamentais;
. Uso cada vez menor do poder militar nas áreas de maior interdependência.
Trata-se dos aspectos do sistema internacional, que definem o contexto da cooperação internacional, quer dizer, os aspectos que devem ser levados em consideração.
IMPORTANCIA DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Os assuntos na agenda internacional costumam-se falar:
de migrações;
de mercados de capital;
de mudanças climáticas;
de conflitos armados;
de terrorismo;
de doenças globais;
de crime organizado.
Falando em termos de estudos de relações internacionais, o mundo se caracteriza pela complexidade, que desafia a capacidade humana de lidar com os fenômenos desse mesmo mundo.
Trata-se da “complexidade de uma maior integração global do comércio, do investimento, da produção e do consumo, sem podermos nos esquecer dos fluxos de informação, requer maior capacidade técnica e política nos níveis megaurbano, regional, nacional e supranacional...” (Berggruen; Gardels, 2013, p. 49).
União de esforços
Na busca da resposta, prega-se, aos quatro cantos, a “necessidade de que toda a humanidade trabalhe junta” (Berggruen; Gardels, 2013, p. 236). 
 Todos pregam falando da mesma Cooperação Internacional.
Isso porque a natureza da cooperação corresponde à necessidade de trabalhar em conjunto. 
Isto é, a necessidade de unir esforços para lidar com os fenômenos do mundo corresponde à Cooperação Internacional, caracterizada pela igualdade dos atores, pelos benefícios mútuos, pela participação ativa de todos e pelos objetivos comuns.
 Em um mundo cada vez mais complexo e interdependente, a cooperação se mostra um instrumento essencial.
A importância da cooperação não acaba. Ela se mostra especialmente importante para o desenvolvimento socioeconômico de vários países e comunidades ao redor do mundo. Ela é vista como um instrumento de desenvolvimento.
A Cooperação Internacional é um instrumento desejável e essencial na tentativa de lidar com a realidade e a problemática do mundo atual, inclusive a questão de desenvolvimento. 
 Assim, entende-se a sua importância para as relações internacionais.
Acontecimentos influentes
A Cooperação Internacional, como é conhecida hoje, desenvolveu-se após a II Guerra Mundial. 
 
Seu desenvolvimento foi influenciado pelos acontecimentos ocorridos no contexto internacional a partir do fim da II Guerra até hoje em dia.
 
Dentre esses acontecimentos, os mais influentes são:
A reconstrução da Europa depois da guerra;
A superioridade econômica e política dos Estados Unidos;
A rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética, ligada à divisão bipolar do mundo;
A descolonização e o surgimento de novos países no mapa internacional;
A divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento;
A globalização;
As novas tecnologias de informação e comunicação;
O crescimento do comércio mundial;
O surgimento das novas grandes potências.
Todos esses acontecimentos influenciaram a teoria e a prática da Cooperação Internacional.
No desenvolvimento da Cooperação Internacional após a II Guerra Mundial, podemos citar alguns momentos decisivos.
Reconstrução após a guerra
1950- Em primeiro lugar, imediatamente após a guerra, até 1950, encontra-se a assistência técnica internacional como um instrumento utilizado na reconstrução da Europa.
 De modo geral, tal assistência foi vista como a ajuda dos mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos. Ela se distinguiu pela desigualdade dos envolvidos, quer dizer, pela dominação dos doadores (países mais desenvolvidos) em relação aos receptores (países menos desenvolvidos).
Nos anos 1950, tal assistência foi difundida em função de melhorar as condições do desenvolvimento dos países mais pobres. 
 Fui difundida sem mudar nada na sua execução em diferentes países ao redor do mundo.
1959- O novo termo “cooperação internacional” foi cunhado para apontar os aspectos que a cooperação deve envolver: a igualdade dos atores, a participação ativa de todos envolvidos e os benéficos mútuos.
Esses aspectos assinalam a linha de demarcação entre a assistência técnica e a cooperação.
No nosso estudo, é importante diferenciar o significado e o uso dos termos “assistência técnica” e “cooperação internacional”, para podermos entender o sentido e o alcance da definição considerada na primeira parte desta aula.
1970 - Como consequência das dificuldades no desenvolvimento dos países mais pobres, nos anos 1970, a ONU introduz o conceito de cooperação técnica entre países em desenvolvimento.
Assim, surgiu um novo assunto na agenda internacional: a Cooperação Sul-Sul ou a cooperação horizontal,isto é, a cooperação entre os países em desenvolvimento.
O surgimento da Cooperação Sul-Sul se tornou um dos momentos mais importantes no desenvolvimento da Cooperação Internacional. Ele abriu novas possibilidades e horizontes para a cooperação internacional e o desenvolvimento de países em desenvolvimento.
Na sexta aula, vamos analisar a natureza, o funcionamento e o alcance da cooperação Sul-Sul.
1990 e 2000- Nos anos 1990 e 2000, o sistema internacional se tornou mais complexo e interligado. 
Isso criou um novo quadro para discutir e implantar a cooperação internacional como um instrumento cada vez mais importante e presente nas relações internacionais.
Sem dúvida alguma, a complexidade, a interdependência e os novos atores e assuntos internacionais moldam a cooperação no sentido da sua importância, do seu conteúdo e da sua execução no contexto internacional.
Por fim, não podemos negligenciar a ascensão dos países como Brasil, China e Índia, que influencia a Cooperação Internacional, promovendo a Cooperação Sul-Sul, vista por eles como um dos elementos essenciais das relações internacionais.
REFERENCIAS:
· BERGGRUEN, Nicolas; GARDELS, Nathan. Governança inteligente para o século XXI. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
· CORRÊA, Márcio Lopes. Prática comentada da Cooperação Internacional. Brasília: Márcio Lopes Corrêa, 2010.
· COOPER, Andrew F. Consolidated Institutional Cooperation and/or competitive fragmentation in the aftermath of the financial crisis. Whitehead Journal of Diplomacy and International Relations, Summer 2011, v. 12, nº 2.
· KEOHANE, Robert O. After hegemony: cooperation and discord in the world politics. Nova Jersey: Princeton University Press, 1984.
· MARCOVITCH, Jacques. Cooperação Internacional: estratégia e gestão. São Paulo: EDUSP, 1994.
 
· Leia o seguinte artigo: MARCOVITCH, Jacques. Competição, cooperação e competitividade. In: ______. Cooperação Internacional: estratégia e gestão. São Paulo: EDUSP, 1994, p. 47-63.
· Visite a página do SEBRAE, disponível aqui. Acesso em 1 abr. 2013. http://www.infodev.org/infodev-files/resource/InfodevDocuments_752.pdf
· Assista ao vídeo Cooperação Internacional, disponível aqui. Acesso em 1 abr. 2013.
https://www.youtube.com/watch?v=zw1jTNpCrIw
AULA 2: COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E DESENVOLVIMENTO
1- Conhecer a definição de desenvolvimento;
2- Entender a estrutura e o funcionamento da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento;
3- Destacar o papel do PNUD e da OECD na área da CID;
Introdução
A questão do desenvolvimento dos países menos desenvolvidos mostra-se um dos assuntos mais importantes na agenda internacional.
A resposta dessa questão aponta a Cooperação Internacional como um instrumento eficiente e desejável de desenvolvimento.
Nesse sentido, fala-se da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, vista como uma área das Relações Internacionais capaz de contribuir para o tratamento eficiente da problemática de desenvolvimento dos países menos desenvolvidos.
A cooperação é considerada em função do desenvolvimento observado e tratado do ponto de vista internacional.
Conta com um conjunto de tópicos, como:
A definição do desenvolvimento;
A contribuição dos países desenvolvidos;
As atividades operacionais para assegurar um desenvolvimento mais rápido e sustentável;
A mobilização internacional maior e mais efetiva na área do desenvolvimento;
A efetividade e a sustentabilidade dos programas e projetos de Cooperação Internacional para o desenvolvimento;
A rede internacional de apoio para as atividades de nível internacional no campo do desenvolvimento: organismos internacionais, agências especializadas, bancos e outras fontes de financiamento, universidades, centros de pesquisa, empresas etc.
Definição de desenvolvimento
A definição mais apropriada ao nosso estudo se encontra na Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, adotada pela Resolução n.º 41/128 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 4 de dezembro de 1986.
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-ao-Desenvolvimento/declaracao-sobre-o-direito-ao-desenvolvimento.html
Diz a declaração:
 (...) o desenvolvimento é um processo econômico, social, cultural e político abrangente, que visa ao constante incremento do bem-estar de toda a população e de todos os indivíduos com base em sua participação ativa, livre e significativa no desenvolvimento e na distribuição justa dos benefícios daí resultantes.
Segue-se que a definição citada proporciona a abordagem abrangente do desenvolvimento, no sentido de entendê-lo como um processo que atinge todos os aspectos da vida humana e tem de garantir melhorias no bem-estar individual e social.
Como você pode ver, essa definição exclui a redução do desenvolvimento no crescimento econômico, algo que foi frequentemente feito na época moderna, até hoje.
 Nessa redução, faz-se a identificação entre o desenvolvimento e o crescimento econômico, e fala-se somente da percentagem de crescimento de renda, sem dizer o que realmente melhorou na vida de indivíduos e populações.
Benefício da população
Ficou claro, porém, que “o uso do material estatístico para medir a renda nacional e seu crescimento oculta o fato de que o objetivo primário do desenvolvimento é o benefício da população” (Relatório de Desenvolvimento Humano em 1990, p. 9).
Isso porque o crescimento econômico não implica automaticamente na diminuição da desigualdade de renda ou na garantia da melhoria no bem-estar dos indivíduos ou da população.
Hoje em dia, pode-se dizer que “a tendência de focalizar somente variáveis tais como o produto nacional per capita ou a riqueza nacional é a continuação da abordagem antiga e opulente” (Relatório de Desenvolvimento Humano em 1994, p. 14).
 Tal abordagem dominou ao longo da época moderna nos discursos sobre o desenvolvimento, mas não está completamente abandonada até hoje.
Criação do IDH
Para fortalecer a definição citada, e evitar a redução do desenvolvimento no crescimento econômico, o PNUD introduz em 1993 o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
 PNUD - (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)
Este índice foi elaborado pelos economistas Amartya Sen (Índia) e Mahbub ul Haq (Paquistão), com a intenção de medir as melhorias no bem-estar humano. Ou seja, de medir o desenvolvimento humano, e não somente avaliar o crescimento econômico.
 Acesse o link indicado e conheça mais sobre o IDH: http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx
De acordo com o PNUD, o desenvolvimento humano implica em:
Renda
Educação
Saúde
Sustentabilidade
Assim, fala-se do desenvolvimento sustentável. 
Mais precisamente, chega-se à definição do desenvolvimento, que incorpora o crescimento econômico, o desenvolvimento humano e a preservação do meio ambiente.
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID)
Lembramos que o foco da aula atual refere-se à área chamada Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID). Nela, a cooperação é vista como um instrumento de desenvolvimento em ambiente internacional.
 A intenção é investigar a estrutura e o funcionamento da CID. O diagrama serve como a base da investigação. Observe:
CID
Atividades operacionais para o desenvolvimento
A cooperação internacional se realiza através de um conjunto de atividades operacionais. Essas atividades precisam resultar em “efetivas mudanças estruturais nos países em desenvolvimento” (CORRÊA, 2010, p. 145).
 Quer dizer, as mudanças capazes de garantir o desenvolvimento compreendido de acordo com a definição considerada.
Quais atividades estão em questão? Com base na prática internacional, podem-se relatar as atividades operacionais relacionadas:
· À capacidade dos atores internacionais de promover as mudanças acima mencionadas;
· Ao financiamento da cooperação;
· À gestão dos programas e projetos de cooperação internacional para o desenvolvimento nos países beneficiários;
· À negociação de acordos de cooperação internacional;
· À participação ativa dos beneficiários;
· Ao estabelecimento e ao cumprimento das normas de cooperação.
Dessas atividades – sua formulaçãoe execução – depende o sucesso ou o fracasso da cooperação internacional relacionada com o desenvolvimento.
Participação ativa dos beneficiários
É considerada essencial para o sucesso da cooperação.
 
A participação contribui para melhorar a capacidade de aproveitar as oportunidades da cooperação, surgidas através de um maior acesso a recursos humanos, financeiros e tecnológicos.
 
Para os beneficiários, tal participação significa também a possibilidade de maior influência sobre a cooperação. Isto é, eles se tornam capazes de adaptar a cooperação às necessidades do desenvolvimento.
Normas de cooperação internacional
Na prática da CID, existem normas que regulam o comportamento dos atores envolvidos na cooperação. 
São as normas institucionalizadas e estabelecidas pelos interessados na CID.
NORMAS: [A justiça, equidade, democracia, participação, transparência, responsabilidade e abertura, liberdade, paz e segurança, estabilidade no interior dos Estados, respeito pelos direitos do homem, incluindo o direito ao desenvolvimento, um Estado de direito, à igualdade entre sexos, políticas concebidas a partir da economia de mercado e a vontade geral de criar sociedades justas e democráticas (SANGREMAN, 2009, p. 19).]
Essas normas foram afirmadas pelos Estados, pelas organizações internacionais, pelas empresas e pela sociedade civil de países atuando na área da CID. 
Do ponto de vista da prática da cooperação, o funcionamento da CID depende das normas mencionadas.
Todos os fatores estruturais da CID, anteriormente considerados, funcionam em conjunto, no sentido de determinar a implantação da CID no contexto internacional, caracterizado pela globalização, complexidade e interdependência.
Globalização
A globalização é um fator relacionado ao ambiente em que a CID acontece. O que significa que a globalização se relaciona com a Cooperação Internacional.
A globalização oferece tanto oportunidades quanto desafios.
Os países menos desenvolvidos encontram mais dificuldades para aproveitar as oportunidades e solucionar os desafios. 
 Além disso, essas dificuldades ficam ainda maiores na condição da competição entre os atores internacionais.
Nessa situação, a CID aparece um instrumento eficiente de aumentar a capacidade e diminuir as dificuldades.
Projetos de cooperação internacional
O projeto é o modo básico da implantação da Cooperação Internacional. 
Na realidade, trata-se da prática de execução dessa cooperação.
PNUD e a OECD
Essas duas organizações têm um papel específico na área da CID. Em conjunto, elas atendem ao desenvolvimento definido no sentido de contar com o crescimento econômico, o desenvolvimento humano e o meio ambiente.
PNUD
 O papel do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) consiste na formulação e afirmação do conceito e da prática de desenvolvimento humano, observado sob a perspectiva internacional.
O PNUD insistiu (e insiste) no conceito e na prática que não reduzem o desenvolvimento no crescimento econômico, apesar de apontar a sua importância fundamental para o desenvolvimento entendido em termos do próprio PNUD.
Seu papel se confirmou pela afirmação e pelo fortalecimento da definição apresentada na Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento (adotada pela Resolução n.º 41/128 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 4 de dezembro de 1986).
Em nome dessa definição, o PNUD introduziu o conceito de Desenvolvimento Humano em 1990, que serviu como a base do IDH. 
Além disso, lançou em 2000 os Objetivos de Desenvolvimento de Milênio, elaborados com a base da concepção do desenvolvimento não reduzido no crescimento humano.
Tudo isso pode ser visto como a afirmação do papel do PNUD no contexto internacional, envolvendo a CID.
Objetivos de Desenvolvimento de Milênio - http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/
OECD
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) é uma organização internacional composta por países mais desenvolvidos, exceto México, Chile e Turquia.
 Estamos considerando a OECD à luz da sua capacidade de contribuir para a cooperação e do fato de que os seus membros aparecem como os principais doadores na área da CID.
 O papel da OECD se confirma através da capacidade financeira, tecnológica e profissional dos seus membros e da própria organização, capazes de oferecer finanças, tecnologia e conhecimento aos receptores na Cooperação Internacional.
Crescimento econômico dos não membros
Não podemos esquecer que a OECD determinou a contribuição para o crescimento econômico dos não membros como um dos seus objetivos, tendo em vista os países menos desenvolvidos.
 
A realização de tal objetivo inclui a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento. Tudo isso mostra o interesse da OECD na área da CID. A OECD trata a problemática da cooperação direcionada ao desenvolvimento através de dois conjuntos de atividades:
Primeiro, ela mesma e seus membros participam da CID;
Segundo, a problemática da CID é um tema do estudo no Centro de Desenvolvimento da OECD.
http://www.oecd.org/development/pgd/2503679.pdf.
Nesta aula, você:
· Entendeu a questão do desenvolvimento;
· Conheceu o conceito e a prática da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento;
· Investigou o papel do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) na área da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.
REFERENCIAS:
· AZMAT, Fara. Sustainable development in developing countries: the role of social entrepreneurs. International Journal of Public Administration, 2013, v. 36, p. 293–304.
· COOPER, Andrew, F. Consolidated institutional cooperation and/ or competitive fragmentation in the aftermath of the financial crisis. The Whitehead Journal of Diplomacy and International Relation, 2011, p. 13-25.
· CORRÊA, Márcio Lopes. Prática Comentada da Cooperação Internacional. Brasília: Correia, 2010.
· PETERS, Wouter; DIRIX, Jo; STERCKX, Sigrid. Putting sustainability into sustainable human development. Journal of Human Development and Capabilities, 2013, v. 15, nº1, p. 56-71.
· PNUD. Relatório de Desenvolvimento Humano, 1990. Disponível aqui. Acesso em 11 abr. 2013.
· PNUD. Relatório de Desenvolvimento Humano, 1994. Disponível aqui. Acesso em 11 abr. 2013.
· SANGREMAN, Carlos. A teoria da Cooperação Internacional para o desenvolvimento e o estado da arte da cooperação portuguesa. Lisboa: Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, 2009. Disponível aqui. Acesso em 11 abr. 2013.
· Leia: Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (COBRADI) - O Brasil e os Fundos Multilaterais de Desenvolvimento, na página do IPEA.
http://www20.iadb.org/intal/catalogo/PE/2012/11024.pdf
· Assista ao vídeo: Efeitos na cooperação para o desenvolvimento.
https://www.youtube.com/watch?v=1QqJIaDn-_Q
AULA 3: COOPERAÇÃO, INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA.
1- Mostrar a influência da Sociedade Informacional sobre a Cooperação Internacional;
2- Destacar a importância da Cooperação Internacional para a transferência de tecnologia;
3- Entender a relação entre Cooperação Internacional, informação, tecnologia e Relações Internacionais.
Sociedade informacional
A informação se tornou um ingrediente essencial das atividades humanas, influenciando a vida cotidiana, o trabalho, o estudo e as Relações Internacionais.
Trata-se de um fato, descrito e analisado em termos de Sociedade Informacional. 
Fala-se da influência da Sociedade da Informação sobre a vida humana como um todo.
Obviamente, a Cooperação Internacional não escapa dessa influência.
Surge então a pergunta: 
Como a Sociedade da Informação exerce influência sobre a cooperação?
Do ponto de vista do estudo da Cooperação Internacional, é conveniente destacar os dois aspectos da Sociedade Informacional da maior influência sobre os atores e as atividades operacionais, incluídos na cooperação: são o papel da informação e o “processamento/ comunicação da informação” (Castells, 2001).
A resposta da pergunta colocada consiste em analisar a relação entre essesdois aspectos e a Cooperação Internacional.
 
Conceito de Sociedade Informacional
O sociólogo japonês Yaneji Masuda introduz esse conceito em 1980 para indicar a transformação social ligada ao uso dos computadores em conjunto com a tecnologia da comunicação.
Sociólogo japonês. Sua atividade profissional e acadêmica teve uma importância decisiva na definição estratégica de um modelo de sociedade tecnológica.
A partir dos anos 90, o conceito começou a ser usado com mais frequência, tanto na vida cotidiana quanto nas discussões acadêmicas.
 Yaneji Masuda afirma que a Sociedade Informacional se baseia nas novas tecnologias da informação e comunicação, que se infiltram em todas as atividades humanas e exercem grande impacto social e econômico.
Esse conceito compreende os seguintes aspectos da Sociedade Informacional:
O papel da informação como matéria-prima da ação humana;
O “processamento/ comunicação da informação”;
A dominação dos recursos informacionais no sistema de recursos acessíveis;
A ênfase na dimensão informacional das atividades;
A evolução do setor econômico de meios da produção e distribuição da informação.
Declaração de Atlanta
O acesso à informação é um assunto discutido no contexto internacional, como mostra a Declaração de Atlanta e Plano de ação para o avanço do direito de acesso à informação (2008).
Reconhecendo a importância do acesso a informação, esse documento destaca na Conclusão 1: 
“O direito fundamental de acesso à informação é inerente a todas as culturas e sistemas de governo”.
No Princípio 3, a mesma Declaração diz:
O direito de acesso à informação se aplica a todas as organizações intergovernamentais, inclusive as Nações Unidas, as instituições financeiras internacionais, os bancos regionais de desenvolvimento e os organismos bilaterais e multilaterais.
Essas instituições públicas devem liderar por meio do exemplo e apoiar outros esforços para construir uma cultura de transparência.
A partir da Conclusão 1, o documento transfere o mesmo direito, no Princípio 3, para as Relações Internacionais, onde ele se aplica a todos os atores, buscando a transparência na sua atuação.
Nesse sentido, a Cooperação Internacional envolve o mesmo direito como um fator decisivo para garantir a realização dos benefícios mútuos, da igualdade, da participação ativa e dos objetivos comuns.
Esse fator mostra a sua plena importância na situação da assimetria informacional, quer dizer, quando determinado ator da cooperação internacional tem o acesso mais amplo e substancial à informação.
A assimetria informacional gera a relação da desigualdade e prejudica a realização dos benefícios mútuos. 
Tal situação é um problema conhecido na cooperação entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. 
Na realidade, trata-se da questão do acesso à informação, capaz de fornecer informações necessárias para a cooperação.
Informação e conhecimento
Informação não é sinônimo de conhecimento. Na realidade, é necessário transformar informação em conhecimento. 
 Nessa transformação, o conhecimento surge como uma construção do ser humano, capaz de adotar, ler, entender e manipular informações, em função dos objetivos teóricos ou práticos. Pela adoção, leitura, compreensão e manipulação (juntar, interligar, sistematizar e organizar), a informação vira conhecimento.
A informação é como um tijolo na construção da casa. 
Ter um monte de tijolos ainda não significa estar na posse de uma casa. 
Os tijolos precisam ser juntados e organizados, de forma a garantir a construção da casa.
Relação entre CI e processamento / comunicação da informação
Voltemos agora à Cooperação Internacional, para analisar a sua relação com o “processamento/ comunicação da informação”. 
 O que podemos dizer sobre essa relação?
EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES 
Em primeiro lugar, percebe-se que o processamento/ comunicação em questão é essencial para a execução e a efetividade das atividades operacionais da cooperação. 
A falta da informação e a falha no seu processamento/ comunicação dificultam, ou até impedem, a realização dos benefícios máximos para os envolvidos.
Desafio
Em segundo lugar, o “processamento/ comunicação da informação” aparece como um desafio para os atores envolvidos na cooperação.
O desafio consiste na necessidade de desenvolver a capacidade de gerenciar informações no ambiente dominado pelas TIC (tecnologia da informação e comunicação), cada vez mais complexas e exigentes, e com impacto crescente sobre as atividades operacionais da cooperação.
SUCESSO
Em terceiro lugar, a cooperação, por sua natureza, oferece uma boa oportunidade para os envolvidos tratarem e executarem com sucesso “o processamento/ comunicação da informação”. 
Eles podem enfrentar em conjunto os problemas do processamento/ comunicação e resolvê-los em função dos objetivos comuns. Também podem em conjunto aperfeiçoar a sua capacidade de gerar e gerenciar informações.
 
Tecnologia
Conforme vimos, a tecnologia é um fator determinante para a vida humana hoje em dia. Ela diz respeito à capacidade de usar recursos e adquirir conhecimento, necessários para garantir a existência e o desenvolvimento do homem.
A tecnologia diz como o homem usa a natureza para atender às necessidades. Neste sentido, ela significa criar as ferramentas a serem usadas nas atividades humanas.
A reportagem ao lado mostra uma nova tecnologia onde, pneus usados são misturados com asfalto para fazer o revestimento das ruas.
Isso exemplifica o processo do homem usando a natureza para atender suas necessidades.
A látex é extraído das seringueiras para produção da borracha, que entre outros produtos dá origem aos pneus.
Que por sua vez, quando estão gastos são reutilizados na mistura com asfalto para o revestimento das ruas.
Assim entendida, a tecnologia é vista como um fator essencial para o desenvolvimento socioeconômico. 
Na prática, isso significa que todos (da empresa até o governo) buscam a tecnologia apropriada e capaz de garantir o desenvolvimento mais rápido e eficiente.
Falando dessa busca no contexto internacional, deve-se destacar o fato de que a maioria dos países depende de fontes internacionais de tecnologia (Pankaj, 2012). 
 Os países a buscam com o objetivo de assegurar sua transferência.
Cooperação Internacional – Informação – Tecnologia - Relações Internacionais
O ponto de partida da descrição é a CI, entendida como um elemento essencial das Relações Internacionais.
Nas aulas 1 e 2, discutimos a importância e o papel da cooperação no contexto internacional. 
Em outras palavras, foi considerada a relação entre a CI e as Relações Internacionais.
Cooperação Internacional Sistemas de Relações Internacionais
A CI funciona como um instrumento usado para tratar a problemática da gestão de informação e da transferência de tecnologia.
Como se pode ver, a relação descrita compreende uma escala enorme de vários fatores, determinando a execução da CI.
Todos esses fatores precisam ser observados e gerenciados de maneira a garantir o sucesso de uma cooperação. É uma situação que leva à questão da governança da CI.
Informação
Um grupo se refere à informação, mais precisamente ao “processamento/ comunicação da informação” em função da cooperação;
Tecnologia
O outro grupo engloba os fatores ligados à tecnologia (introdução dos novos processos tecnológicos, uso da tecnologia determinada, direitos de propriedade intelectual, capacidade tecnológica, competências tecnológicas dos recursos humanos), inclusive a transferência de tecnologia realizada através da CI.
Governança da Cooperação Internacional
Significa desenvolver uma base para contribuir a convergência dos objetivos dos envolvidos na cooperação. 
Essa base se refere a um sistema de regras, normas, princípios e processos decisórios, que regulam a CI.
Trata-se de um sistema ligado “a atividades apoiadas em objetivos” (Rosenau; Czempiel, Ernst-Otto (org.), 2000, p. 15) e utilizável na gestão de CI. 
Ele “só funciona se for aceito pela maioria” (Idem, p. 16).
Em outras palavras, o foco da governançafica no estabelecimento e no cumprimento do sistema mencionado, ligado à CI.
Daí, temos a pergunta: como estabelecer tal sistema e como assegurar seu funcionamento na execução da CI? 
Na prática, a problemática da governança da Cooperação Internacional reduz-se a essa pergunta.
REFERENCIAS:
· CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
· CORRÊA, Márcio Lopes. Prática comentada da Cooperação Internacional. Brasília: Corrêa, 2010.
· GARDLES, Nathan. Governança inteligente para o século XXI. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
· PANKAJ, Ghemawat. Mundo 3: como alcançar a prosperidade global. São Paulo: Bookman, 2012.
· RAY, Saon. Technology transfer and technology policy in a developing country. The Journal of Developing Areas, 2012, v. 46, nº 2, p. 371-396.
· ROSENAU, N. James; CZEMPIEL, Ernst-Otto (org.). Governança sem governo. Brasília: UnB, 2000.
· THE CARTER CENTER. INTERNATIONAL CONFERENCE ON THE RIGHT TO PUBLIC INFORMATION. Declaração de Atlanta e Plano de ação para o avanço do direito de acesso à informação. Disponível aqui. Acesso em: 7 mai. 2013.
Leia: 
· FREITAS, Christiana Soares de. O software público brasileiro: novos modelos de cooperação econômica entre Estado e Sociedade Civil. Informação e Sociedade, 2012, vol. 22, nº 2, p. 99-113. Disponível aqui. Acesso em 7 mai. 2013.
· JOHNSON, Steven. De onde vêm as boas ideias. Rio de Janeiro: Zahar. 2011.
· SOUZA, Marckson Roberto Ferreira de. O acesso à informação e a contribuição da arquitetura da informação, usabilidade e acessibilidade. Informação e Sociedade, 2012, vol. 22, nº especial, p. 65-76. Disponível aqui. Acesso em 7 mai. 2013.
AULA 04: TIPOS DE COOPERAÇÃO
Você já sabe que, nos estudos sobre a cooperação, ou nos discursos promovidos por organizações internacionais, políticos, empresários, ativistas etc; fala-se de tipos diferentes de cooperação.
Sempre que se falar sobre uma cooperação determinada, é obrigatório mencionar seu tipo.
Portanto, nesta aula, vamos analisar a classificação de cooperação, apontando as características essências de cada tipo a ser discutido.
1- Reconhecer os tipos de cooperação;
2- Destacar o papel da Cooperação Descentralizada Internacional;
3- Identificar a estrutura e o funcionamento da cooperação técnica internacional.
As cooperações podem ser classificadas em tipos diferentes, dependendo do critério de classificação. 
Os critérios e os tipos de cooperação são apresentados no seguinte diagrama:
	OBJETIVO DE COOPERAÇÃO
	NÚMERO DE ATORES
	ACORDO OU NÃO
	ATORES SUBNACIONAIS
	PAÍSES DESENVOLVIDOS OU EM DESENVOLVIMENTO
	COOPERAÇÃO ECONOMICA 
	COOPERAÇÃO BILATERAL
	COOPERAÇÃO FORMAL
	COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA
	COOPERAÇÃO VERTICAL OU NORTE-SUL
	COOPERAÇÃO CIENTIFICO-TECNOLOGICA 
	COOPERAÇÃO TRIANGULAR
	COOPERAÇÃO INFORMAL
	
	COOPERAÇÃO HORIZONTAL OU SUL-SUL
	COOPERAÇÃO 
TÉCNICA
	COOPERAÇÃO MULTILATERAL
	
	
	
No diagrama 1, os retângulos são divididos em duas partes. A parte de cima indica os critérios, e a de baixo, os tipos de cooperação. A nossa consideração se baseia nesse diagrama.
Objetos de cooperação
Começamos com a classificação baseada no objeto da cooperação. Dependendo do objeto, temos cooperação econômica, científico-tecnológica, técnica, cultural, na área de segurança, meio ambiente, saúde etc.
A cooperação econômica, científico-tecnológica e técnica são os tipos básicos de cooperação, sendo consideradas essenciais para o desenvolvimento socioeconômico dos países menos desenvolvidos.
“De modo geral, a cooperação econômica contribui para a expansão da possibilidade e eficiência de produção, os ganhos de comércio e a realização de vantagem comparativa na área econômica” (REPKIN, 2012, p. 28).
A cooperação científico-tecnológica visa ao desenvolvimento da área de pesquisa e à melhoria da capacidade tecnológica.
Já a cooperação técnica internacional, nós veremos em mais detalhes na indicação de PDF abaixo.
Para falar desses tipos de cooperação, é necessário mencionar os riscos ligados à criação de dependência, à falha de cooperação, à complexidade do contexto internacional e ao fato de que os países mais desenvolvidos tendem a impor suas concepções e seus interesses aos menos desenvolvidos.
Número atores
A cooperação pode envolver um número diferente de autores. Este é um critério de classificação. A partir dele, diferenciam-se a cooperação bilateral, triangular e multilateral, cujas características são enumeradas no seguinte diagrama:
	COOPERAÇÃO BILATERAL
	COOPERAÇÃO TRIANGULAR
	COOPERAÇÃO MULTILATERAL
	 Dois atores.
 
Parceira composta por dois atores: o doador e o beneficiário.
 
Problema de adaptação do doador e da sua atuação à realidade local.
	Três atores.
Parceria que envolve dois governos, ou um governo e um organismo internacional, com o objetivo de promover o crescimento do país em desenvolvimento. Os doadores são países desenvolvidos e emergentes.
 
Insiste-se na complementaridade entre parceiros para reduzir custos e aumentar efetividade (um oferece investimento, e o outro, know-how).
 
Problema de identificar se existiria um modelo de cooperação.
	Atores múltiplos.
 
Parceria de três ou mais atores atuando “com base em princípios de conduta generalizados” (Ruggie, 1993, p. 14).
 
Tendência a envolver a ampla escala dos atores a partir de uma iniciativa específica.
 
Problema da dominação dos interesses externos.
Do diagrama, podemos ver que a cooperação triangular internacional inclui não somente os países desenvolvidos, mais igualmente os países emergentes, como Brasil, China e Índia.
Esse fato reflete as mudanças do ambiente internacional, que afetam também a cooperação internacional.
Sob a perspectiva dessas mudanças, cada um dos tipos apresentados tem de se adaptar, no sentido de ficar mais transparente e menos burocratizado.
Certamente, encontram-se ainda os traços da visão tradicional, que atribui aos países doadores e aos organismos internacionais “a prerrogativa de conduzir as relações internacionais no campo do desenvolvimento, cabendo aos países em desenvolvimento um papel passivo” (Corrêa, 2010, p. 112).
Essa é uma visão que exclui os outros países, além dos desenvolvidos, como doadores na cooperação internacional.
Acordo ou não
Do estudo de Relações Internacionais, você sabe que a cooperação se baseia em algum acordo. No entanto, é possível uma cooperação internacional sem acordo.
 Neste sentido, faz-se a diferença entre a cooperação formal, apoiada por um acordo, e a informal, executada sem acordo.
A partir dos anos 1990, cresce a cooperação informal. 
Os motivos desse crescimento se referem à flexibilidade, ao custo menor e à rapidez da cooperação informal. 
São as características que motivam os atores escolher a cooperação informal para tratar problemas e situações.
A escolha entre a escolha da cooperação formal ou informal depende das condições. O que significa que a cooperação informal não se mostra sempre aceitável.
Por exemplo: nas condições de inovação, que implica custo elevado e altos riscos, prefere-se a cooperação formal.
“A cooperação informal se mostra não apropriada a tais condições, justamente por não garantir um ambiente mais seguro de cooperação” (Werner, 2005, p. 286).
Cooperação descentralizada (CD)
No fim dos anos 1980, começou-se a falar da cooperação estabelecida entre os atores subnacionais, sem a participação dos governos centrais, quer dizer, entre os atores de nível regional ou municipal de países diferentes. Esse tipo de cooperação foi chamado de cooperação descentralizada. Falaremos nesse assunto mais adiante, ainda nesta aula.
Como surgiu e qual importância desse tipo de cooperação internacional? Esta é a questão que vamos responder.
O conceito de cooperação descentralizada surgiu em 1989, com a Convenção de Lomé IV (A Convenção I foi assinada em 1975 com a participação de 46 países da Europa, África, Caraíbas e Pacifico).
Surgimento 
O motivo do seu surgimento estava ligado à exigência de mudar as condições da cooperação tradicionalmente compreendida como uma relação entre governos e as administraçõescentrais, sem envolver a sociedade civil e os outros atores de nível subnacional (cidades, municípios e outros).
 A adoção do conceito de coordenação descentralizada é o reconhecimento dos atores não governamentais como participantes da Cooperação Internacional.
Importância 
A importância da CD se mostra na sua capacidade de abrir novos horizontes no desenvolvimento para os atores subnacionais, incluir os mesmos atores no contexto global pela troca com o exterior, e garantir uma participação maior e mais ativa de vários atores (cidades, prefeituras, sociedade civil, instituições de educação etc.) na CI.
Características
Esse tipo de cooperação é estabelecido entre atores subnacionais, que não fazem a parte da administração estatal. 
Primeiro, os atores “subnacionais não têm, por princípio, capacidade jurídica (ou, em outras palavras, autonomia política) para celebrar acordos com governos estrangeiros ou organismos internacionais sem a interveniência de seus respectivos governos centrais” (Corrêa, 2010, p. 109).
Na prática, isso significa que a CD deve ser concebida para não contrariar a Constituição e as outras leis quanto aos objetivos estabelecidos pelo governo central.
Em segundo lugar, nessa cooperação não há “doação ou transferência de recursos de parte a parte” (idem), o que caracteriza outros tipos de cooperação internacional.
Além disso, a cooperação descentralizada possibilita o desenvolvimento local.
Benefícios
Graças a ela, podem ser atendidas as necessidades locais sob a perspectiva específica de uma cidade, prefeitura, região ou instituição determinada.
Isso é importante pelo fato de o governo central não ter sempre a visão completa da situação ou não possuir recursos suficientes para ajudar os atores subnacionais.
REFERENCIAS 
· CORRÊA, Márcio Lopes.Prática Comentada da Cooperação Internacional. Brasília: Corrêa: 2010.
· PROENÇA, Fátima. Avaliando a Cooperação Descentralizada: pistas para um modelo com aplicação empírica. Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento. Lisboa: 2009. Disponível aqui. Acesso em 15 mai. 2013.
· REPKIN, Alexandre. How similar are the East Asian economies? A cluster analysis perspective on economic cooperation, in the region. Journal of International and area studies, vol. 19, nº 1, 2012, p. 27-44.
· RUGGIE, John Gerard. Multilateralism Matters: the theory and practice of an institutional form. New York: Columbia University Press, 1993.
· SCOTT, David A. Multipolarity, multilateralism and beyond… EU? China understandings of the international system. International Relations, vol. 27, 2013:30-51.
· SOARES, Guido F.S. A cooperação técnica internacional. Em: MARVCOVITCH, Jacques (org.). Cooperação internacional: estratégia e gestão. São Paulo: EDUSP, 1994, p. 173.
· YUN, Yeongmi; PARK, Kicheol. An analysis of the multilateral cooperation and competition between Russia and China in the Shanghai cooperation organization: issues and prospects. Paci?c Focus, vol. XXVII, nº 1, 2012, p. 62–85.
· WERNER, Bönte; Keilbach, Max. Concubinage or marriage? Informal and formal cooperations for innovation. International Journal of Industrial Organization, vol. 23, 2005, p. 279-302.
· SILVA, Darly Henriques da. Cooperação internacional em ciência e tecnologia: oportunidades e riscos. Revista Brasileira de Política Internacional, vol. 50, nº 1, 2007, p. 5-28. Disponível aqui. Acesso em 15 mai. 2013.
· Assista ao vídeo Cooperação Técnica I, disponível aqui. Acesso em 15 mai. 2013.
· Assista ao vídeo II Fórum de Cooperação Descentralizada, disponível aqui. Acesso em 15 mai. 2013.
· Acesse o site da Agência Brasileira de Cooperação (Ministério das Relações Exteriores), disponível aqui. Acesso em 15 mai. 2013.
AULA 5: ATORES E FINANCIAMENTO DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
Nesta aula, a intenção é analisar a diversidade e o papel de atores envolvidos na cooperação.
Em função de tal intenção, vamos nos concentrar nos seguintes atores: sociedade civil, setor privado e organizações internacionais, sem esquecer o estado e outros atores não estatais.
1- Reconhecer a diversidade e o papel de atores de Cooperação Internacional;
2- Destacar o surgimento e a importância de doadores emergentes;
3- Mostrar a importância do financiamento para a CI.
Atores da Cooperação Internacional
No sentido tradicional, a cooperação era definida em termos de ajustamento de ações e políticas dos Estados na busca de soluções para problemas ou na tentativa de alcançar os objetivos mútuos (O’NEILL; BALSIGER; VAN DEVEER, 2004, p. 150). 
 
O Estado foi definido como o único ator na CI, mas tal definição foi ampliada pelo surgimento de novos atores internacionais, não estatais, participando da cooperação.
Isso resultou em uma nova abordagem da cooperação, que envolve a consideração dos atores não estatais. 
 Estes se tornaram um assunto no estudo de Relações Internacionais nos anos 1980.
 As teorias de CI passaram a prestar atenção considerável aos atores não estatais (idem, p. 149).
Os atores não estatais se tornaram um assunto obrigatório no estudo da cooperação “como uma atividade vital” (idem) no ambiente internacional, capaz de atender às reais prioridades locais, e às necessidades e aos interesses dos atores envolvidos.
Daí, ficam as seguintes perguntas: quais são esses atores? Qual é o seu papel na cooperação internacional?
 Pretendemos responder estas perguntas analisando a sociedade civil, o setor privado e as organizações internacionais, vistos como os atores não estatais.
Definição de ator internacional
O ator é um sujeito caracterizado pela vontade, pela autonomia da atuação, pela capacidade de usar instrumentos de orientação política, e pelo reconhecimento dos outros autores.
 Tal definição vale igualmente para todos os atores internacionais, inclusive os não estatais.
 John Vogler. 
No estudo desses atores, encontram-se duas questões principais: uma sobre a diversidade, e a outra sobre o papel de atores não estatais.
 A questão da diversidade se refere aos tipos de atores, no sentido de identificar sua natureza, sua estrutura e seu impacto no ambiente internacional (neste caso, na CI).
Tipos de atores não estatais
Como já mencionamos, vamos analisar os seguintes tipos de atores não estatais envolvidos na cooperação: a sociedade civil, o setor privado, as organizações internacionais. É claro que o universo de atores não estatais não se reduz a esses três tipos.
 
Podemos mencionar grupos e redes transnacionais, comunidades epistêmicas (grupos de profissionais que possuem o conhecimento relevante sobre um assunto específico), movimentos transnacionais sociais, e outros grupos formados independentemente do Estado.
Sociedade civil
Trata-se de um conjunto de organizações e instituições cívicas, independentes do Estado. 
Ela se tornou um ator importante na cooperação internacional.
A importância vem do fato de que a sociedade civil organizada diretamente reflete e expressa necessidades e interesses de pessoas e populações, e possui o conhecimento mais detalhado e preciso da problemática da vida cotidiana.
Ela mostra ainda a maior capacidade de reagir mais rapidamente a situações específicas. 
Ou seja, justamente aquilo que muitas vezes falta na atuação do Estado.
A participação da sociedade civil organizada na cooperação internacional pode ocorrer na condição da juntura com o setor público (várias unidades de governos centrais e unidades subnacionais) ou com o setor privado, como também na condição da ação autônoma de organizações e instituições cívicas.
 
É importante destacar que a atuação conjunta promove a qualidade de ação, conteúdo e resultados, possibilita a maior transparência e contribui para a responsabilidade dos envolvidos.
Setor privado
 
É uma parte da economia que não pertence ao Estado, portanto não fica controlada por ele.
A participação deste setor compreende o envolvimento das organizações privadas, como sociedades anônimas, sociedades de responsabilidade limitada, trabalhadores autônomos, corporações (internacionais) e fundações, na CI.
Através da cooperação, essas organizaçõescontribuem para a ampliação da capacidade de produção, o aperfeiçoamento da capacidade tecnológica, a transferência de conhecimento, a melhoria da capacidade de inovação, a capacitação para os mercados externos etc.
Na cooperação que envolve o setor privado, estão incluídas as organizações privadas de origem nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Organizações internacionais
 
Tratam-se das associações voluntárias de sujeitos de direito internacional (Estados, na maioria dos casos).
Como tal, as organizações internacionais “visam atender às finalidades comuns de seus membros” (MEDEIROS, 1994, p. 274).
Para fazer isso, elas promovem a CI como um instrumento essencial nas relações internacionais.
Na área de desenvolvimento, essas organizações apontam a cooperação internacional como instrumento de desenvolvimento de países menos desenvolvidos. 
Lembra que você conheceu essa problemática? Caso não lembre volte na aula 2 e refresque sua memória.
NOVOS ATORES E NOVOS ASSUNTOS 
Graças a esses atores, a CI ficou diversificada no sentido de envolver novos atores e uma variedade de novos assuntos, como direitos humanos, meio ambiente, democracia, saúde, desemprego etc.
Tal diversificação influenciou a prática e a teoria da cooperação internacional. 
Na prática, a CI saiu do esquema tradicional, exigindo a adaptação à nova situação surgida pela inclusão de atores não estatais.
Na teoria de Relações Internacionais, a questão é, a partir dos anos de 1970, apreciar a importância dos atores não estatais na cooperação internacional.
Nos anos de 1990, a CI ficou influenciada por outro fenômeno: os países emergentes. 
Quer dizer, na área da cooperação, apareceram os novos doadores, chamados de doadores emergentes.
Doadores emergentes
A prática da cooperação internacional envolve a relação entre países doadores e países beneficiários, quer dizer, receptores.
 Até algum tempo atrás, os doadores foram os países desenvolvidos. Mas nos anos 1990, o ambiente internacional começou a mudar, a partir do surgimento dos doadores emergentes.
O crescimento econômico de países como Brasil, China e Índia, os países do Golfo, Turquia e outros, traz um novo fenômeno no âmbito internacional: o crescimento da cooperação promovida por estes países aparecendo como doadores (ZIMMERMANN; SMITH, 2011, p. 721-722).
Entre os países doadores (desenvolvidos), aparecem os emergentes: Arábia Saudita, China, Emirados Árabes, Rússia, Turquia, Kuwait, Índia, Taiwan, Polônia e Brasil.
(A Rússia não é um novo doador. Ela atuou como doador na época da Guerra Fria, e agora está voltando ao papel que já exercia. Por isso é algumas vezes vista como doador reemergente.) 
No ano de 2009, Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul doaram 10,991 milhões de dólares (idem, p. 724), como ajuda para os países menos desenvolvidos.
Financiamento de Cooperação Internacional
Os atores executam programas e projetos de Cooperação Internacional. Eles precisam de recursos financeiros para poder realizá-los. É um fato que faz do financiamento o aspecto essencial da CI.
Certamente, há uma grande preocupação em relação ao financiamento. Ela se torna ainda maior por saber da falta do financiamento da cooperação aos países de menor renda.
Qual é a problemática do financiamento de cooperação internacional? 
A problemática mencionada consta da questão de fontes e tipos de financiamento. Além disso, destaca-se a questão de critérios para o financiamento da cooperação.
 A primeira questão será abordada a partir do seguinte diagrama, feito com base no estudo de Könz (1994):
FINANCIAMENTO OFICIAL 
Doações
Empréstimos
Fontes: países, instituições multilaterais e organizações financeiras
 = Cooperação Internacional
FINANCIAMENTO MISTO
Participação nos custos
Contribuição de contrapartida 
Co-financiamento
Fontes: nacionais e externos, inclusive o setor privado
Tipos de financiamento de Cooperação Internacional
Você percebe que se podem diferenciar os dois tipos de financiamento de Cooperação Internacional: o oficial e o misto, divididos em vários subtipos. Usando o digrama da última tela vamos diferencia-los.
Financiamento oficial 
O financiamento oficial conta com dois subtipos: doações e empréstimos.
As doações podem ser bilaterais e multilaterais. 
Elas podem ter a forma de doação não reembolsável (sem reembolsar recursos financeiros doados) e reembolsável (recursos precisam ser reembolsados com juros, mas menores do que os de mercado).
Os empréstimos são oferecidos por organizações financeiras, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano etc.
 Essas organizações oferecem os empréstimos sob as condições do emprestador. 
As fontes de financiamento, no caso de doações, são os países ou as instituições multilaterais (o sistema das Nações Unidas, organismos regionais como a Organização dos Estados Americanas - OEA, o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura - IICA etc.).
 As fontes de empréstimos são as organizações financeiras (o Banco Mundial, o Banco Interamericano, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola etc.).
Financiamento misto
 
Outro tipo de financiamento é o misto, que envolve a mobilização de fontes nacionais e externas.
Os recursos financeiros vêm de fontes como organizações e instituições nacionais, bilaterais, multilaterais, até empresas do setor privado.
Em vários casos, pode-se combinar o financiamento oficial e o privado. Isto é, as empresas privadas participam do financiamento de CI.
Formas de participação de fontes nacionais e externas
O financiamento misto acontece de formas diferentes de participação de fontes nacionais e externas na cooperação, segundo Marcovitch (1994, p. 240).
Participação nos custos
Compreende a canalização dos recursos “através do orçamento de um programa central ou projeto”;
Contribuição de contrapartida
Quando a contrapartida de uma fonte nacional fica especificada no projeto de cooperação, “mas não canalizada pelo orçamento do projeto”.
Finalmente, quando “duas (ou mais) fontes distantes de financiamento apoiam atividades separadas na direção de um objetivo (ou de objetivos interdependentes), fala-se de cofinanciamento” (idem).
Critérios para o financiamento da CI
Agora que consideramos as fontes e os tipos de cooperação internacional, vamos voltar à questão dos critérios para o seu financiamento. Os critérios dizem como os recursos financeiros devem ser alocados na cooperação em cada caso especifico.
 
Sua formulação depende da política de financiamento de atores que oferecem recursos financeiros, das condições reais dos beneficiários e do contexto internacional.
Por exemplo: 
 
No caso do já citado PNUD, encontram-se os critérios de população e PIB per capita, acompanhados da prioridade na distribuição dos recursos, endividamento externo e o compromisso com o ajuste estrutural.
 
“O ‘princípio de piso’, pelo qual nenhum país receberia menos, em termos nominais, do que em ciclos de programação precedentes, tem sido mantido apenas em parte para os países de renda média” (ibidem, p. 238).
Nota-se que os critérios podem refletir a necessidade e a capacidade de atuação de beneficiários na cooperação internacional. 
 
Neste sentido, eles impactam os resultados da cooperação, atendendo plenamente ou não à necessidade e aos interesses de beneficiários.
REFERENCIAS:
· CORRÊA, Márcio Lopes. Prática Comentada da Cooperação Internacional. Brasília: Corrêa, 2010.
· KÖNZ, Peter. Financiamento Oficial da Cooperação Técnica Internacional. In: MARCOVITCH, Jacques. Cooperação Internacional: estratégia e gestão. São Paulo: EDUSP, 1994:219-272.
· MEDEIROS, Antônio Paulo Cachapaz de. As Organizações Internacionais e a Cooperação Técnica. In: MARCOVITCH, Jacques. Cooperação Internacional: estratégia e gestão. São Paulo: EDUSP, 1994:273-319.
· O’NEILL, Kate; BALSIGER, Jörg; VAN DEVEER, Stacy D. Actors, norms and impact: recent International Cooperation theory and the in?uence of the agent-structure debate. Annual Reviewof Political Science, 2004, vol. 7, p. 149-175.
· United Nations Development Programme (UNDP). Innovative financing for development: a new model for development finance. Nova York: UNDP, 2012. Disponível aqui. Acesso em: 15/4/2013.
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· VOGLER, John. The European Union as an actor in international environmental politics. Environmental Politics, 1999, vol. 8, nº 3, p. 24-48.
· YOUNG, Michael K. Non-state actors in the global order. Utah Law Review, 2010, nº 1, p. 81-90.
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· Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - SEAIN/MP. Manual de financiamentos externos. Brasília: 2013. Disponível aqui. Acesso em 22 mai. 2013.
· Assista ao vídeo Projeto Vintequilos - uma experiência de cooperação internacional, disponível aqui. Acesso em 22 mai. 2013.
GONÇALVES, Fernanda C. N. I. Entre a centralização e a participação: a atuação de atores não governamentais na cooperação sul-sul brasileira. 
http://www.mundorama.net/2013/03/04/entre-a-centralizacao-e-a-participacao-a-atuacao-de-atores-nao-governamentais-na-cooperacao-sul-sul-brasileira-por-fernanda-cristina-nanci-izidro-goncalves/
AULA 6: COOPERAÇÃO SUL-SUL
Ao final dessa aula, você será capaz de:
1- Conhecer a natureza, a estrutura e os principais problemas da cooperação Norte-Sul;
2- Identificar a natureza, as diferenças em relação à cooperação Norte-Sul e a importância da cooperação Sul-Sul;
3- Destacar a cooperação entre os BRICS.
Antes de começarmos o estudo do tema desta aula, faça uma reflexão sobre a cooperação Brasil-Haiti.
Em primeiro lugar, esta é uma cooperação Sul-Sul. Nela, o Brasil atua como doador emergente.
 
Como doador, o Brasil oferece projetos de impacto estrutural no lugar da reprodução do modelo tradicional de projetos pontuais. Os ditos projetos estruturais oferecem diversas vantagens para os países beneficiários e melhor qualificam a cooperação brasileira.
 
Em primeiro lugar, os projetos dessa natureza conjugam a capacitação técnica com a implantação de estruturas físicas mantidas e apoiadas gerencialmente pelo lado brasileiro, o que possibilita a criação de espaços permanentes para a formação de recursos humanos e para o fortalecimento institucional dos beneficiários da cooperação (FARANI, Marco).
COOPERAÇÃO NORTE-SUL
Na investigação que segue, vamos abordar os seguintes assuntos: a definição, a estrutura e os problemas da cooperação Norte-Sul.
Definição Cooperação Norte-Sul
Como se define a cooperação Norte-Sul? A resposta para esta pergunta pressupõe a classificação dos países com base do grau de desenvolvimento econômico. A classificação diz respeito à diferença entre países desenvolvidos (o Norte) e países em desenvolvimento (o Sul).
A partir de tal classificação, a cooperação Norte-Sul foi definida como a relação entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
Trata-se da cooperação conduzida pelos países desenvolvidos que atuam como os doadores. 
Na realidade, é uma relação através da qual os países desenvolvidos proporcionam a ajuda aos países em desenvolvimento.
O essencial dessa cooperação é a relação de ajuda entre o doador e o recebedor. 
 
Isso é confirmado pelo termo ‘Assistência Oficial ao Desenvolvimento – AOD, usado no ambiente internacional, e estabelecido pelo Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento (DAC) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
 
A expressão indica que os países desenvolvidos proporcionam ajuda para apoiar o desenvolvimento de países menos desenvolvidos, onde a ajuda é entendida como a essência da cooperação internacional.
 
Conclui-se que tal cooperação é conduzida pelos países desenvolvidos.
ESTRUTURA COOPERAÇÃO NORTE-SUL
ACORDO-QUADRO - O ponto de partida de uma cooperação internacional é o Acordo-quadro ou Acordo Básico.
Ele estabelece as condições pelas quais se podem executar as atividades operacionais de uma cooperação internacional, durante um período, no sentido de alcançar a eficiência operacional, a racionalidade de despesa e determinada qualidade de trabalho e resultados planejados. 
PAÍS DESENVOLVIDO E PAÍS EM DESENVOLVIMENTO - Tal acordo é celebrado entre um país desenvolvido e um país em desenvolvimento.
NEGOCIAÇÃO - O Acordo-Quadro regulariza e orienta a cooperação internacional.
A negociação desse acordo é o primeiro passo na cooperação internacional, é um elemento básico da sua estrutura.
RATIFICAÇÃO - Para o acordo formulado entrar em vigor, é necessário ser ratificado pelo Poder Legislativo dos países envolvidos na cooperação.
INICIO DE COOPERAÇÃO - Depois de ser ratificado o Acordo-quadro, o país doador inicia a cooperação, solicitando uma análise da situação social e econômica do país em desenvolvimento assinante do acordo (recebedor). 
"Uma agência especializada ou um departamento do governo faz a analise, com o objetivo de identificar os temas prioritários, capazes de atender aos interesses do país doador, e às necessidades do país beneficiário". (CORRÊA, 2010)
Os temas se referem a várias áreas, como tecnologia, ciência, cultura, indústria, educação, comércio, etc.
NEGOCIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE COORPERAÇÃO INTERNACIONAL – Com o conhecimento da situação social e econômica do país recebedor, o doador começa a negociar um programa de cooperação internacional a ser implantado, através de um conjunto de projetos. 
ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS - Finalmente, chega-se à elaboração e implementação de programas e projetos. São as atividades realizadas conforme o Acordo-quadro. 
A unidade básica de trabalho de cooperação internacional é um projeto. Isso significa que ele deve ser realizado de acordo com condições e exigências profissionais de gerenciamento de projetos.
Problemas Cooperação Norte-Sul
Na cooperação Norte-Sul, encontram-se vários problemas, reconhecidos e discutidos tanto na prática quanto nos estudos sobre essa cooperação. 
Um deles vem da assimetria entre o doador e o recebedor, relacionada à qualificação de recursos humanos e capacidade financeira, tecnológica e logística.
 
Tal assimetria favorece a prevalência de interesses do doador (país desenvolvido) e a sua dominação na cooperação Norte-Sul.
 
Na prática, isso significa a possibilidade de elaborar e implantar programas e projetos que mais atendem aos interesses e valores do doador, e menos às necessidades do recebedor.
 
É um problema que se manifesta como a discrepância entre o discurso feito pelos países desenvolvidos e a prática da cooperação Norte-Sul.
Alguns problemas têm origem nas exigências de natureza política, colocadas pelos países desenvolvidos. 
 
Frequentemente, esses países insistem nas suas ideias e nos seus valores no sentido de ser adotados pelo país beneficiário, sob o pretexto de oferecer “o melhor de todos os mundos”.
 
Nessa situação, eles negligenciam as condições sociais e culturais locais. 
 
Tal situação impede que países doadores compreendam adequadamente a realidade local, e facilita o surgimento da desconfiança na cooperação. 
 
Certamente, são os problemas que não ajudam na cooperação.
COOPERAÇÃO SUL-SUL
A investigação dessa cooperação focaliza os seguintes assuntos: o surgimento e a definição, as diferenças em relação à cooperação Norte-Sul, e a importância da cooperação Sul-Sul.
Surgimento e definição da Cooperação Sul-Sul
Considera-se que a iniciativa de cooperação Sul-Sul surgiu na Conferência de Bandung, Indonésia, em 1955.
Os países da Ásia e África promoveram a cooperação econômica e cultural como objetivo de garantir seus interesses econômicos e proteger a sua soberania no contexto internacional.
 
Trata-se de países que compartilhavam a mesma experiência em um mundo pouco favorável para eles, e encontraram semelhantes desafios políticos e econômicos.
 
Pode-se dizer que “o conceito de cooperação Sul-Sul tem sua gênese no período após a II Guerra Mundial, quando os países em desenvolvimento da Ásia e África se libertaram do colonialismo e enfrentaram um sistema internacional pouco favorável para eles” (MODI, 2011, p. 1).
 
A iniciativa apareceu em Bandung, mas não se realizou até os anos 1980.
Pela falta de recursos financeiros e tecnológicos, necessários para realizar a cooperação proclamada em Bandung, a cooperação entre países em desenvolvimento ficou no discurso de caráter político, sem possibilidade de ser executado na prática.
 
Na década de 1980, tal situação começou a mudar quando apareceram países em desenvolvimento cujos recursos financeiros, técnicos e logísticos aumentaram de forma significativa.
 
Nessa situação, eles “começaram a transferir esses recursos para os outros países do Sul, no contexto de uma abordagem de inclusão na gestão de problemas globais, criando novos mercados e construindo um fundamento mais amplo para o crescimento econômico sustentável” (MODI, p. 19).
 
A cooperação Sul-Sul ganhou um novo impulso, cresceu e tornou-se um fator importante na teoria e prática da cooperação internacional.
DIFERENÇAS EM RELAÇÃO À COOPERAÇÃO NORTE-SUL 
Pudemos ver que a cooperação Sul-Sul se diferencia da cooperação Norte-Sul.
Como se trata de um tipo de cooperação, cada vez mais presente e importante no contexto internacional, surgiu a questão de diferenças em relação à cooperação Norte-Sul. As principais diferenças são:
COOPERAÇÃO VERTICAL E COOPERAÇÃO HORIZONTAL 
Para a cooperação Norte-Sul e a cooperação Sul-Sul, usam-se os termos "cooperação vertical" e "cooperação horizontal". Os termos denotam e relação estabelecida e mantida na cooperação internacional.
Tal relação pode ser de verticalidade e de horizontalidade.
A verticalidade significa a relação de ajuda entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, onde o doador ajuda e o recebedor é ajudado. Essa relação é caracterizada pela dominação e paternalismo de doadores.
Já a horizontalidade compreende a relação entre países em desenvolvimento, que "envolve uma nova postura", que exige dos seus atores estarem intelectualmente preparados para ouvir, perguntar e conhecer antes de concluir ou oferecer" (CORRÊA, 2010, p. 93)
Ela significa que há uma possibilidade de modelar a cooperação de acordo com as necessidades e prioridades do país beneficiário.
INFRAESTRUTURA INSTITUCIONAL 
Na cooperação Norte-Sul, a infraestrutura institucional, as regras e os procedimentos da cooperação são elaborados e detalhados. 
Na cooperação Sul-Sul, não existe nada disso, o que causa um impacto negativo na eficiência da cooperação.
REGRAS E PROCEDIMENTOS 
Reconhece-se, no entanto, a necessidade de desenvolver tanto a infraestrutura institucional quanto uma estrutura de regras e procedimentos de cooperação, em função da maior eficiência e da estimulação do fluxo financeiro entre países em desenvolvimento. 
IMPOSIÇÃO DE CONDICIONALIDADES
Na cooperação Norte-Sul há a imposição das condicionalidades pelos países desenvolvidos ou pelas organizações multilaterais (o Banco Mundial e o FMI).
Ao contrário, na cooperação Sul-Sul, dos países em desenvolvimento, também as organizações multilaterais do Sul não insistem nas condicionalidades macroeconômicas e de governança.
Se existirem, são poucas e ligadas às condições de financiamento, aos fundos de contrapartida, ao estudo de viabilidade e à implementação de projetos de cooperação (United Nations Economic and Social Council, 2008, p.22).
Segundo os países em desenvolvimento, a ausência da imposição das condicionalidades do tipo encontrado na Cooperação Norte-Sul corresponde ao princípio de não interferência nos assuntos internos dos outros países.
FLEXIBILIDADE 
Cada país beneficiário se interessa na contribuição da cooperação internacional para a implantação de programas prioritários. 
São programas importantes no sentido de tratar a problemática econômica, social e política, de interesse nacional. Ao contrário da cooperação Norte-Sul, encontra-se uma maior flexibilidade de atender a tais programas de cooperação Sul-Sul.
Isso também significa que doadores podem fornecer recursos extras para responder às prioridades de um país beneficiário. 
CUSTOS OPERACIONAIS 
Os custos operacionais da Cooperação Sul-Sul são menores em relação aos custos da cooperação Norte-Sul. Essa é uma vantagem em relação a cooperação Norte-Sul.
DOADOR-RECEBEDOR 
No caso da cooperação Sul-Sul, os seus atores rejeitam a concepção de doador e recebedor. Também não aceitam o conceito de Assistência Oficial de Desenvolvimento – AOD.
Tudo isso reflete a recusa da relação de ajuda entre o doador e o recebedor na cooperação Norte-Sul.
Apesar de todas as diferenças entre a cooperação Norte-Sul e a cooperação Sul-Sul, elas se complementam. 
O surgimento e o crescimento da cooperação Sul-Sul não significam o fim da cooperação Norte-Sul. 
Importância da Cooperação Sul-Sul
Para completar a discussão sobre a cooperação Sul-Sul, temos de considerar a seguinte pergunta: qual é a sua importância? 
A resposta é elaborada sob a perspectiva de países em desenvolvimento e do ponto de vista de relações internacionais.
Vista sob a perspectiva de países em desenvolvimento, a cooperação Sul-Sul oferece várias vantagens:
Primeiro, ela abre um espaço em que esses países podem modular e exercer a cooperação de acordo com suas necessidades e sua realidade econômica, social e cultural. 
Justamente, algo que faltou na cooperação Norte-Sul;
Em segundo lugar, graças a essa cooperação, os países menos desenvolvidos têm acesso a recursos anteriormente alcançáveis somente através da ajuda de países desenvolvidos;
A cooperação Sul-Sul contribui para a maior inclusão e influência de países em desenvolvimento no contexto internacional. 
Precisamente, contribui para a representação mais expressiva e o maior poder de negociação desses países nos assuntos e nas atividades internacionais.
Do ponto de vista de relações internacionais, a cooperação Sul-Sul tem importância no sentido de modificar o paradigma de cooperação internacional Norte-Sul. 
A modificação consiste em introduzir a relação Sul-Sul no contexto da cooperação, resultando em novas concepções e práticas da cooperação internacional.
Além disso, a cooperação Sul-Sul contribui para a restruturação do sistema internacional no sentido de torná-lo mais favorável em relação aos países em desenvolvimento.
 
Pela força da cooperação Sul-Sul, esses países ampliam sua influência sobre as relações internacionais, contribuindo para a redistribuição de poder e a formação de uma nova governança global. Um exemplo é a cooperação entre os BRICS.
Cooperação entre os BRICS
Os BRICS envolvem África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia. A característica comum nesses países é o crescimento econômico maior do que o dos países desenvolvidos.
Como se trata das economias de grande porte (exceto a África do Sul), os BRICS têm potencial de influenciar as mudanças estruturais do sistema internacional. 
 
A cooperação entre os BRICS aumenta a capacidade dessa influência.
 
Os BRICS proclamaram a cooperação como um componente essencial do seu relacionamento.
 
É um componente que deveria proporcionar o crescimento socioeconômico sustentável dos países dos BRICS, aumentar influência sobre a governança global, ajudar a criação da ordem internacional multipolar e incentivar a reforma das instituições internacionais financeiras.
Nesse sentido, os BRICS determinaram as áreas de cooperação, como mostra o diagrama a seguir:
Estatística/Agricultura/cultura/think tanks/ciência e tecnologia/legislativo/cooperativas/saúde/cortes supremas/segurança e estratégia/cidades irmãs/foro empresarial/economia e finanças/bancos de desenvolvimento/comércio

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