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Livro Estudar a Distância - uma aventura acadêmica - Oreste Preti

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Prévia do material em texto

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
ESTUDAR A DISTÂNCIA:
UMA AVENTURA ACADÊMICA
1 - SER ESTUDANTE
“A DISTÂNCIA”
ORESTE PRETI
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Fernando Haddad
Ministro da Educação
Carlos Eduardo Bielschowsky
Secretário SEED/MEC
Celso Costa
Diretor da UAB
Paulo Speller
Reitor UFMT
Elias Alves de Andrade
Vice-Reitor
Adriana Rigon Weska
Pró-Reitora Administrativa e Planejamento
Tereza Cristina Cardoso de Souza Higa
Pró-Reitora de Planejamento
Marilda Calhao E. Matsubara
Pró-Reitora de Vivência Acadêmica e Social
Matilde Araki Crudo
Pró-Reitora de Ensino e Graduação
Marinez Isaac Marques
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Paulo Teixeira de Sousa Jr.
Pró-Reitor de Pesquisa
Carlos Rinaldi
Coordenador UAB/UFMT
ORESTE PRETI
ESTUDAR A DISTÂNCIA:
UMA AVENTURA ACADÊMICA
1 - SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA”
2. ed. revista
EdUFMT
Cuiabá, 2008
ISBN - 8532701663
lIustrações internas: Cândida Bitencourt Haesbaert
Projeto Gráfico: NEAD/UFMT
Revisão: Germano Aleixo Filho
Ficha Catalográfica
P942e PRETI, Oreste.
 Estudar a distância: uma aventura acadêmica. 1 Ser Estudante “a distância”.
2 ed. Oreste Preti. Cuiabá: EdUFMT, 2008.
 121 p. il.
CDU - 37.018.43
1. Método de estudo 2. Educação a Distância 3. Metacognição
Dedico esse texto didático a meus pais camponeses
Preti Bortolo e Pari Cristina (in memoriam)
que apoiaram minha decisão de trocar a enxada pela caneta,
a planície padana italiana pela imensidão da região mato-grossense,
 acompanhando (a distância), com afeto e incentivo,
minha aventura docente, aqui no Brasil.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
5
APRESENTANDO A AVENTURA
Amigo e Amiga estudante:
Pensando em você, ocupado e preocupado com suas atividades profissionais e
domésticas e, agora, universitário, escrevi este Guia Metodológico.
Pensando em você, amadurecido e qualificado pela escola da vida, mas
vivendo num contexto econômico e educacional que, talvez, não lhe tenha
possibilitado acesso habitual a livros e revistas, ou não a incentivasse ao gosto
pela leitura de textos, venho lhe propor que construa sua própria maneira de
ser como estudante e leitor. Espero que se torne pessoa crítica e ativa na
descoberta do mundo, no seu processo de construção do conhecimento, de
sua “autonomia intelectual”, de intervenção no seu campo profissional e de
participação na transformação da sociedade.
Você está estudando num curso “a distância”, sem a presença física e cotidiana
de professores, porém não deverá sentir-se sozinho, pois poderá dialogar com
orientadores e colegas de curso. Esse Guia propõe estimulá-lo a descobrir
outras maneiras de você “estar” no mundo como estudante, de “estar junto” de
orientadores e colegas, de tornar o curso a distância um espaço de “encontro”.
Essa obra que trata da sua aventura de ser estudante não foi pensada como
obra teórica sobre as bases e os fundamentos da atividade acadêmica, ou obra
que pretende desvelar os “caminhos tortuosos e complicados” da atividade
científica. Em contrário, busca possibilitar-lhe abertura ao mundo da academia e
a novos campos do saber, descortinando horizontes, alargando o diálogo entre
estudantes e professores do mundo inteiro (por isso é universidade!), com suas
exigências, suas normas, com seu ritual e ritmo de trabalho.
Existe vasta literatura consagrada à Metodologia do Trabalho Intelectual, cuja
indicação se encontra ao final deste Fascículo e que poderá ser consultada na
biblioteca da sua universidade ou, certamente, no Pólo de Apoio Presencial do
seu curso ou na biblioteca pública de seu município.
Sei, por outro lado, das dificuldades de acesso a essas obras. Por isso, escrevi
este Guia Metodológico que não tem outra pretensão a não ser ajudá-lo a ter
sucesso no estudo, na sua aventura de ser estudante, fornecendo orientações,
sugerindo estratégias, instrumentos, e propiciando-lhe o exercício de algumas
técnicas para que você possa realizar sua caminhada no curso com
produtividade e satisfação. Foi produzido com a intenção de lhe servir de apoio
ao longo do curso, como uma espécie de Vade-Mécum (Vai comigo), um livro
de consulta, e não como material para ser “estudado”.
Na
sociedade
brasileira,
ao lado de
uma indústria da
“fome de
alimentos”, existe
uma indústria da
“fome de ler”.
(Ezequiel T. da
Silva).
Academia -
região
ajardinada,
perto de
Atenas,
consagrada
ao herói
grego
Akademos,
onde Platão
dava suas
lições de
filosofia.
Sinônimo
de escola
superior.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
6
Dividi, então, este Guia Metodológico em quatro volumes formando um todo.
Você poderá, porém, consultar os fascículos e os capítulos separadamente, no
decorrer do seu percurso acadêmico, a depender de suas indagações.
No primeiro volume, SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA”, em sua abertura, reflito
um pouco sobre o que significa estudar num curso a distância, e como você
poderá estudar. Você é convidado a se conhecer como estudante, descobrindo
seus hábitos, seu jeito de estudar. Receberá algumas orientações práticas para
melhor aproveitamento de seus estudos, para planejamento de seu tempo, o
cultivo do hábito de estudo em pequenos grupos, o registro e o preparo para as
avaliações.
No segundo volume, LEITURA DE TEXTOS ACADÊMICOS, discuto sobre
diferentes “jeitos” de ler, sobre o seu “jeito”, e lhe proponho uma abordagem
interativa da leitura. Apresento algumas estratégias e técnicas de leitura para que
você possa compreendê-las, exercitá-las e se constituir, assim, em leitor
autônomo.
No terceiro volume, A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA - I, você ingressará no
campo da produção acadêmica. Percorrerá os caminhos da investigação
científica para que se dê conta da importância da pesquisa em sua atividade
profissional e na sua formação acadêmica.
No quarto volume, A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA - II, encontrará textos
complementares ao terceiro volume.
 Esses Fascículos se apresentam como guia de (auto)formação, para apóia-lo
em seu processo de estudar-aprender e de construção de autonomia intelectual.
As condições de aprendizagem requerem atitude de abertura, de envolvimento e
de compromisso: interrogue-se sobre seus hábitos como estudante, como
profissional para identificar aspectos positivos e negativos e, sobretudo, coloque
em prática as decisões tomadas, diante das descobertas, diante de novo e de
seus conflitos. A aprendizagem se dá não pela “aquisição” de conhecimentos,
mas pelo desenvolvimento de habilidades intelectuais e pessoais, por vivenciar
novas experiências, por construir novos caminhos ou, como diria Paulo Freire:
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
7
“Aprender é construir, reconstruir, constatar para mudar; o que não se faz
sem abertura ao risco e à aventura do espírito”.
“Ser estudante” é uma aventura, é novo desafio que se põe e impõe em sua vida
pessoal, familiar e profissional. E que, certamente, exigirá mudanças, novas atitudes
em sua vida.
Espero que este Guia o ajude nessa sua aventura!
Portanto, mãos à obra!
Cuiabá, MT - 1º de julho de 2006.
A aventura não ultrapassa
somente o conhecer, mas evidencia
um exercício paciente e impaciente de
quem não pretende tudo simultaneamente, que
percebe e é consciente de que o processo
é uma sucessão de angústias e de alegrias, de lágrimas e sorrisos,
de incertezas e segurança, como também de introspecção tímida ao
arriscado vôo da liberdade.
(Paulo Freire. Professora sim, tia não)
Ser estudante é
 “um ofício que se constrói,
 que se aprende”
(CARITA et al., 2001, p. 121).
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
8
Pedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentar
O primeiro desafio que tive pela frente, ao escrever esses Fascículos, e o seu,
ao iniciar sua leitura, é ofato de não nos conhecermos, ainda.
Por isso, proponho que o conhecimento sobre “quem somos” seja o ponto de partida
neste encontro mediado pelo texto. Você poderá fazê-lo enviando-me mensagem, com texto
e foto, se quiser, para meu endereço eletrônico: oreste@nead.ufmt.br. Eu o farei, agora,
fazendo uso da palavra escrita.
Sou Oreste Preti, oriundo da Itália e naturalizado brasileiro. Vim para Mato
Grosso há mais de 30 anos e passei a maioria destes anos aqui em Cuiabá, como professor
da Universidade Federal de Mato Grosso, atuando no departamento de Teorias e
Fundamentos da Educação. Sempre trabalhei com a formação de professores, sobretudo
em áreas de fronteira agrícola, ao norte do Estado, a mais de 600km da Capital. Em 1992,
fiz parte da equipe que, no interior da universidade, se propôs buscar outras saídas para
dar conta do contingente de professores não titulados em nível superior, que atuavam na
rede pública em Mato Grosso (na época eram mais de 5.000). Para superar as distâncias
geográficas e os escassos recursos financeiros e humanos, a alternativa que foi se
desenhando como mais viável foi a modalidade de Educação a Distância.
Tivemos de superar preconceitos e resistências quanto à modalidade, no interior
do próprio Instituto de Educação e nas instâncias por onde a proposta teve de passar para
receber sua aprovação. Fazer educação a distância, naquele momento, era um ato de
coragem e de temeridade, pois essa modalidade era avaliada negativamente pela maioria
dos educadores e gestores da Educação, era considerada uma “educação de 3ª categoria”!
Em fevereiro de 1995, iniciávamos a primeira experiência, no País, de um curso
de graduação a distância. Hoje, este curso está disseminado por todo o Estado, atingindo
mais de 5.500 professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, também,
expandiu-se para outros Estados, onde as universidades públicas locais assumiram a
coordenação e execução do curso de Licenciatura.
Atualmente, existem mais de cem instituições de ensino superior credenciadas
oferecendo cursos de graduação a distância, no País, abarcando mais de trezentos mil
alunos matriculados. Isso vem contribuindo para que essa modalidade se consolide e
passe a fazer parte das práticas educativas cotidianas e regulares.
O que estou propondo, na caminhada deste guia, é o resultado de reflexões
particulares e coletivas construídas durante mais de 20 anos, como pesquisador e como
professor de Metodologia da Pesquisa, em cursos de graduação e pós-graduação. Confesso,
porém, que a re-elaboração deste material foi assumida por mim como novo desafio, não
somente pelo curto prazo e pelas inúmeras atividades que me roubam o tempo da leitura e
da reflexão, como pela expectativa que tenho em relação à sua formação e aos seus saberes
e às suas competências e experiências.
Reconheço que todo texto é provisório e limitante. Por isso,
as críticas que você fizer a esses Fascículos serão bem-vindas.
Ficarei agradecido.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
9
PREPARANDO-ME PARA A AVENTURA 11
CAPÍTULO UM – MEU JEITO DE ESTUDAR 33
CAPÍTULO DOIS – ESTUDANDO E APRENDENDO 51
CAPÍTULO TRÊS – PLANEJANDO MEU ESTUDO 65
CAPÍTULO QUATRO – ESTUDANDO EM GRUPO 77
CAPÍTULO CINCO – FAZENDO ANOTAÇÕES 83
CAPÍTULO SEIS – AVALIANDO MINHA CAMINHADA 99
CONSIDERAÇÕES 111
BIBLIOGRAFIA 117
GLOSSÁRIO 121
SUMÁRIO
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
11
PREPARANDO-ME
PARA A AVENTURA
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
12
Neste primeiro volume, você encontrará algumas informações que poderão ajudá-
lo a ser tão eficiente e produtivo em seus estudos como você é em suas
atividades do dia-a-dia. Aqui você poderá se reconhecer como estudante,
conhecerá o processo de “como aprender” e identificará estratégias e caminhos
de “como estudar” que, certamente, proporcionarão que sua caminhada no curso
seja mais proveitosa e prazerosa.
Por isso, esses primeiros meses serão uma espécie de “preparação”, de
“iniciação” à aventura de ser estudante num curso a distância. Que isso implica
em sua vida pessoal e profissional? Que sentidos dar a essa aventura? Que
significa estudar a distância? Como melhor usufruir dessa travessia no curso?
É sobre isso que lhe proponho uma conversa neste início do curso.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
13
Como você está, hoje, ao iniciar o curso? Quais são suas expectativas?
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Essas poucas linhas, traçadas aqui como em outras páginas do Guia, foram colocadas com o intuito de
provocá-lo a escrever. Não pretendo limitar suas possibilidades de expressão escrita. Por isso, se quiser,
faça o registro de suas reflexões, suas dúvidas, seus questionamentos, que irão surgindo ao longo da
leitura desse Fascículo, como dos demais no andar do curso, em seu diário pessoal, uma espécie de
“Memórias” da sua aventura de Ser Estudante!
Você acha que Ser Estudante é uma aventura? Que sentidos você dá ao título deste
guia metodológico?
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_____________________________________________________________________
Convido você, amigo leitor, que busque em suas memórias, ou em suas
fantasias e sonhos, uma situação em que uma aventura se tenha
configurado, desenhado, para ir estabelecendo comparações, identificando
divergências, diferenças com o que irei expor, e ir tecendo a trama de sua
aventura.
Feche seus olhos e se deixe levar nessa aventura, como barco em alto mar,
acompanhando o balanço das ondas e a direção dos ventos, ou como pássaro
voando para atingir os picos da montanha, em vôos ousados e desafiadores.
Mas tenha sempre à mão a bússola para se orientar na aventura, e o olhar fixo
nos objetivos e nos sonhos a alcançar.
1 A AVENTURA
A palavra “aventura”, etimologicamente, significa “o que vem pela frente”
 (ad-venire). Implica situações novas e atitudes a serem desencadeadas
 diante dessas situações que você precisará identificar e analisar para
 poder tomar decisões que a levem para onde quer ir. Pode ser
 associada a situações lúdicas, gostosas e também pode remeter
a momentos de perplexidade, de surpresas. Veja algumas possibilidades
de sentidos.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
14
Determinação
passa a idéia
de algo já
demarcado,
que não
pode ser
modificado.
1- “Aventura”, inicialmente, pode comportar situações não
previsíveis, que não podem ser antecipadas. Você poderá estar se
perguntando: o que me espera pela frente? Como será o curso? Será que
vou dar conta?
 A não-previsibilidade traz sentimentos de incerteza, de estar diante do
“incógnito”, do não-saber, do inesperado, do que escapa ao programado, do
definido. Existem situações e condições objetivas (muito mais do que
“determinações”), (im)postas pelas políticas econômicas e sociais, pelo sistema
educacional, pelas instituições em que você atua ou com as quais se relaciona.
Existem as condições/situações subjetivas, sua vida particular e familiar, sua
formação, seus valores e crenças. São condições/situações que não podem ser
antecipadas.Vão acontecendo, se configurando, se constituindo, nos atingindo e
nos transformando, num processo contínuo e incessante de auto-organização,
(auto)formação.
 Mas, o não previsível pode apontar, por outro lado, o novo, a
descoberta, a conquista. Você poderá se aventurar por “mares nunca
dantes navegados”, para atingir novas fronteiras, superando os limites
postos e impostos, em busca de novos mundos, de novas terras, à
conquista de novos territórios. Sentir-se-á bandeirante, explorador, herói,
aventureiro em suma.
É o momento em que ingressa em “novos” territórios, espaços, valores, concepções,
em que encontra, defronta e afronta situações novas e sujeitos diferentes.
Aventura, então, é travessia, é abandonar a margem segura em que está apoiado e seguir
rumo à outra margem. No meio, tudo pode acontecer!
Eu atravesso as coisas e no meio da travessia
 não vejo! Só estava entretido na idéia dos lugares de saída e
de chegada [...] a gente quer passar um rio a nado, e passa;
mas vai dar na outra banda e num ponto muito mais em
baixo, bem diverso do que em primeiro se pensou.
Viver não é muito perigoso? (G. Rosa. Grande Sertão:
Veredas).
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
15
Talvez, já tenha vivenciado situações parecidas com essa que Guimarães Rosa descreve.
Você deixa a margem segura da situação em que se encontra em busca da outra
margem, sem ter certeza em que tudo isso vai dar, mas se aventura pelo desejo de realizar
projetos, pela insatisfação perante a situação atual, por situações inesperadas. Não
importa o motivo, é impulsionado pela busca de sua realização pessoal e profissional.
 Essa não-previsibilidade pode provocar, também, emoção, desejo, prazer,
pois a perspectiva dos desafios, dos sonhos a alcançar, dos desejos a realizar a
impulsiona para a ação e, mesmo que o êxito não emirja de imediato, pela ação
é possível lançar perspectivas para o êxito.
Como lidar com esses sentimentos, aparentemente opostos, de incerteza, que
assustam, e do desejo da descoberta que a incitam e motivam para continuar na
aventura?
 Primeiramente, estando em atitude de “abertura” ao aprender, ao
encontro, à descoberta, à esperança, ao prazer; em atitude de querer aprender
com o novo, com o inesperado, com os acontecimentos, com os outros e buscar
meios para que isso se realize.
Para educar,
entre tantas
outras
competências,
o que importa,
principalmente,
é abrir a
voz que vem
do coração.
(Alceu Vidotti)
As raízes
de uma árvore
podem ser
amargas,
mas o que
 importa é
que seus
frutos sejam
doces,
abundantes
e saborosos.
(Provérbio oriental)
Estivemos, ao longo de nossa formação, presos às mãos de Atenas (deusa da
razão). Queremos sempre ter a certeza de que estamos pisando em solo
seguro e, como “estudantes”, queremos respostas às nossas dúvidas, aos
nossos questionamentos.
Por que não sentir a sensação prazerosa de tocar nas mãos de Vênus (deusa
do prazer), para que tenhamos a possibilidade de “sentir” muito mais do que
“compreender”, de sentir o prazer em aprender, em viver, em estarmos juntos,
compartilhando experiências e saberes?
Diz o dito popular que a vida é uma escola, “a escola da vida”. Aprendemos com
a vida, mas isso exige de nós humildade e sabedoria para aceitar isso e para
que a aprendizagem se processe.
Isso demanda a atitude de escuta, uma atitude de entrega, de liberdade.
Mais do que ouvir, sentir a fala do outro como possibilidade, ao invés de
verdade, ou de ofensa. Aproveitar as oportunidades das falas dos outros para
revisitar nosso eu, sem condenações ou recusas e, se possível, reinventar
conceitos. Na nossa cotidianidade somos mais de proferir palavras, não
importa o que, do quê, escutar, de saber diferenciar e identificar vozes e
sentir as falas dos outros.
 Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante
do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
 (Raul Seixas)
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
16
“Escuta que eu falo” deve ceder lugar à atitude bíblica do “Fala que eu escuto”.
Isso possibilitará que, em nossa vida, haja encantamento, surpresas, e não a
monotonia, a rotina do fazer cotidiano, ou a “tirania dos fatos”, como nos adverte
o sociólogo Pedro Demo em suas obras.
Atitude de envolvimento e comprometimento, de mergulhar com o
coração, de apaixonar-se por aquilo que se está realizando. Estar envolvido com
o que fazemos é perspectiva de aprendizagem, de construção, tornando a
aventura algo inesquecível, entusiasmante, como se uma força divina habitasse
dentro de nós. Envolver significa sentir a sensação de aconchego, de calor, de
agradabilidade. Estar envolvido é deixar-se seduzir. A passagem pelo curso deve
ser “sentida” por você, vivida, usufruída em suas dimensões cognitiva e afetiva.
É fazer diferente do mítico herói grego Ulisses que queria sentir o canto das
sereias mas que, por medo de ser seduzido por ele, se fez amarrar ao
mastro da embarcação por seus companheiros de aventura. É fazer diferente
de seus marinheiros que, ao passarem pela ilha, remavam com os ouvidos
tapados para não ouvir e serem aprisionados pelo encanto do canto.
Muitas vezes, agimos como o astuto Ulisses que quer fruir da beleza do
canto sem a ele sucumbir, ou como marinheiros que recusam enfrentar o
perigo do encanto e conduzem o barco sem usufruir desse prazer sedutor.
Podemos agir diferentemente: abrir os ouvidos e os braços, experimentar, se
aventurar e não renunciar, não ficar só no desejo, com medo de ser
apanhado por ele. É ousar como fizeram Adão e Eva, Prometeu, Pandora
que romperam com normas e privilégios divinos, ou até como Ícaro que
desafiou a própria natureza, recorrendo a uma técnica para imitá-la e
subvertê-la.
2 - Aventura não é um “aventureirismo”, um jogo, uma brincadeira, um
faz- de-conta: “Vou entrar para ver o que vai dar; se não gostar, caio
fora”. Não é um caminhar “sem lenço nem documentos”. Seria uma atitude
de irresponsabilidade entrar no curso com esse espírito. É um projeto a
ser realizado, materializado, um projeto que é seu, mas não somente
seu.
Também as palavras são uma espécie de conchas as quais
temos de encostar o ouvido com humilde atenção, se
quisermos aprender a voz que dentro deles soa.
(Antonino Paglioro)
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
17
Por isso, ao aceitar entrar nessa aventura, ao ingressar no curso, você firma um
pacto político-pedagógico com a instituição, uma espécie de “aliança”. Nisso,
estão implicados a instituição, a equipe pedagógica, professores especialistas,
orientadores, colegas de curso.
Em segundo lugar, se a proposta dessa aventura é institucional, a decisão
de participar dela, de estar nela, é sua. Trata-se de seu projeto de vida.
Quando digo que esse envolvimento é pessoal, não significa que é
somente seu, mas que envolve a família, as pessoas que fazem parte do
seu cotidiano, que estão ao seu redor, das pessoas que você ama. Elas,
direta ou indiretamente, participarão dessa sua aventura, algumas para
dar apoio, assumindo tarefas que antes eram suas, oferecendo o ombro
amigo nos momentos de desânimo, incentivando; enquanto outras poderão
colocar obstáculos, não aceitando os momentos de afastamento do lar, o
tempo ocupado no estudo, suas mudanças na maneira de olhar para a
vida, seus ensaios para novas práticas.
Você está neste curso porque você compactua sua proposta curricular e aposta
na modalidade a distância. Por isso, trata-se de compromisso que não é
somente da instituição implicada, mas, sobretudo, seu.
Por que está neste curso? Quais os motivos que o levaram ao curso?
É importante salientar que você não está numa aventura qualquer.
É SUA AVENTURA!
As decisões serão pessoais. Você irá definindo o roteiro, tornando-se
protagonista da aventura. Isso demanda responsabilidade, disciplina,
reorganização da vida pessoal e familiar também, desenvolvimento de método
de estudo, autogestão, controle do estresse, auto-estima positiva.
Estar nessa aventura, então, é caminhar com sentido, sabendo para onde você
está se dirigindo. Não há vento favorável,nos ensinam os sábios, se o argonauta
não sabe a que porto conduzir com segurança seu navio e atracar.
Inicialmente, é uma proposta institucional, produzida no bojo de políticas
educacionais. É o projeto de uma instituição, de parceria com outras instituições,
de uma equipe de educadores que tem objetivos, uma direção, uma
intencionalidade, um sonho a realizar: a formação de profissionais, a ser
construída sobre novos paradigmas que possibilitem o desencadear de práticas
inovadoras.
Duas características
marcantes do ser humano:
temos um pé na aventura
e o outro na segurança
(Karl Jaspers - filósofo)
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
18
2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
No seu município, talvez, como na maioria dos municípios do País, algum curso
a distância está sendo oferecido.
Você sabe quando começou ser desenvolvida essa modalidade de ensino
e o que vem a ser?
Há autores que apontam as origens dessa modalidade de ensino, na
Antiguidade, nas Cartas que os Apóstolos escreviam para as comunidades
cristãs longínquas. Para outros, o início da EaD foi marcado quando a “Gazeta
de Boston”, em 20 de março de 1728, publicou o anúncio da oferta de um
curso de taquigrafia por correspondência.
No entanto, o desenvolvimento de ações institucionalizadas de EaD vamos
encontrá-lo a partir de meados do século XIX, com a criação das primeiras
escolas por correspondência destinadas, por exemplo, ao ensino de línguas, a
cursos de contabilidade ou de extensão universitária em países como a
Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Suécia.
Com o aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de
transporte e com os surgimento do rádio e, posteriormente, da televisão
iniciou-se uma fase de expansão pelo mundo da EaD, ou, como alguns
autores preferem, da Teleducação.
Porém, é a partir da década de 1970 que a modalidade a distância passou a
fazer parte das políticas de Estado para dar conta de uma nova conjuntura
econômica e política: crescente demanda de qualificação da mão-de-obra nas
indústrias, graves problemas enfrentados pelo sistema formal de educação,
processo de democratização da sociedade, desenvolvimento das Novas
Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs).
Educação
Aberta e a
Distância
(EAD);
Educação a
Distância (EaD)
Tele - do grego -
distância.
São criadas, assim, as mega-universidades de Educação Aberta e a Distância
(EAD) em diversos países, como Grã-Bretanha, Espanha, Índia, Tailândia,
Turquia, Sud-África, que atendem a cem, duzentos e a mais de quinhentos mil
alunos, como a China TV University System.
Mega –
porque
atendem a
mais de
cem mil
estudantes!
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
19
Hoje, na maioria dos países do mundo, o ensino a distância vem sendo
empregado em todos os níveis educativos, desde a Educação Básica até a pós-
graduação, assim como também na educação permanente, atendendo a
milhões de estudantes que fazem seus cursos sem sair de casa ou do local de
trabalho.
No Brasil, a EaD também tem uma trajetória que se inicia nas décadas de
1930-40, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (1923), mas
somente na década de 1970, durante a ditadura militar, é que ela tomará vulto
e expressão com a criação, pelo Governo Federal, do Programa Nacional de
Teleducação (PRONTEL) e com a implementação de diversos programas
nacionais para atender a demandas emergenciais, como o Projeto Minerva, o
MOBRAL, o Programa LOGOS. Mais recentemente, o governo Federal
desenvolveu os Programas Um Salto para o Futuro (1991) e o Telecurso
2000 (1995).
Paralelamente ao caminho percorrido pelo governo federal, encontramos
instituições privadas ou públicas ousando projetos educativos próprios,
utilizando-se da modalidade de Educação a Distância, como o Instituo
Universal Brasileiro (1941), o Centro Educacional de Niterói (CEN), a
Fundação Educacional Padre Landall de Moura, a Fundação Padre Anchieta
(1967), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC, 1976), a
Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (1971), o Centro de
Educação a Distância (CEAD, 1980) da Universidade de Brasília.
Na trajetória atual da EaD, alguns fatos importantes:
- 1986: criação de uma comissão de especialistas do MEC e
Conselho Federal de Educação, para a viabilização de propostas em
torno da Universidade Aberta que, somente em 2006 se concretizou;
- 1992: criação da Coordenadoria Nacional de Educação a Distância
na estrutura do MEC que apresenta o documento “Proposta de
Diretrizes de Política para a Educação a Distância”;
- 1995: criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) com a
finalidade de desenvolver uma política específica para a EAD;
- 1996: com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases,
incentiva-se a criação de sistemas cuja base seja o ensino
individualizado, como a EAD (Art. 80);
- 1995-2000: algumas universidades públicas começam ensaiar suas
primeiras experiências em EaD, com a oferta de cursos de
Licenciatura, como a Universidade Federal de Mato Grosso (1995),
a Universidade Federal do Paraná (1998), a Universidade Estadual o
Ceará (1999), a Universidade Estadual de Santa Catarina (1999);
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
20
 
Você sabia que... 
A Universidade Federal de Mato Grosso, por meio do seu Núcleo de 
Educação Aberta e a Distância (NEAD) ofereceu o primeiro curso de 
graduação a distância no País, em 1995, visando a formação dos 
professores da rede pública que atuam nas primeiras quatro séries do 
Ensino Fundamental. Foi, também, o primeiro curso de graduação a 
distância a ser reconhecido pelo MEC (Portaria 3220, 22/11/2002). 
Ao longo desses anos têm atendido a mais de 5 mil professores da rede 
pública de ensino do Estado de Mato Grosso, em parceria com a 
UNEMAT. 
 
É importante ressaltar que essa experiência tem se expandido para 
outros Estados, atendendo a mais de 16 mil professores da rede pública, 
em parceria com universidades públicas locais, consolidando-se e 
tornando-se referência nacional no campo da formação de professores e 
na modalidade a Distância. 
Em 2006, mais de 200 instituições credenciadas pelo MEC ofereceram seus cursos
a mais de 1.2 milhão de alunos. Se pensarmos que em 2000 eram apenas algumas
centenas os alunos matriculados nas primeiras 5 instituições credenciadas,
podemos ter uma idéia da expansão dessa modalidade aqui no Brasil.
Assim, o Brasil vem construindo sua história na EaD, ampliando a oferta de cursos,
envolvendo um número cada vez maior de instituições públicas, rompendo com
as barreiras do sistema convencional de ensino e buscando formas alternativas
para garantir que a educação inicial e continuada seja direito de todos.
- 2006: pelo Decreto n. 5.800 (8/06/2006) fica instituído o Sistema
Universidade Aberta do Brasil (UAB), com a finalidade de expandir e
interiorizar a oferta pública de cursos e programas de educação superior
no País.
Há, neste sentido, um rompimento do conceito de distância. A
educação está mais próxima para uma parcela cada vez maior da
sociedade (não está mais “a distância”, distante) e as tecnologias da
comunicação possibilitam o diálogo e a interação entre pessoas, em
tempo real, tornando sem sentido falar em “distância” no campo da
comunicação.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
21
Na década de 1970, falava-se da Educação a Distância como uma metodologia,
como uma nova Didática, capaz de organizar uma estrutura voltada para a
“auto-aprendizagem”, para a “Independência Intelectual”. Acreditava-se estar
realizando o sonho do pedagogo Johannes Amos Comênio (1592-1670) de
“ensinar tudo a todos”.
Hoje, prefere-se falar em modalidade, ou em prática educativa, em proposta
alternativa.
Pessoalmente, a considero uma
prática social situada, mediada e mediatizada, uma maneira de fazer
educação, de democratizar o conhecimento, de disponibilizar mais uma
opção aos sujeitos da ação educativa, fazendo recurso às tecnologias
que lhes são acessíveis (PRETI, 1996, p. 27), e que lhes possibilita a
ressignificação de suas práticasprofissionais e sociais, de sua vida, de
sua relação consigo mesmo, com os outros, com o meio.
Para o Ministério da Educação,
Mas como funciona um curso a distância?
No projeto político-pedagógico do curso, que você já leu e discutiu com colegas
e orientadores, encontrou explicações detalhadas e particulares sobre o
funcionamento e a organização de um curso dentro da dinâmica do sistema da
modalidade a distância. Se algumas dúvidas ainda permanecem, leia
novamente, com maior atenção o tópico que trata desse tema. Nada melhor,
porém, que a vivência nesse curso para entender essa dinâmica, não é
verdade?
Mas, o que vem a ser Educação a Distância?
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
22
www -
world
wide
web
- teia de
alcance
mundial.
Quer saber mais sobre Educação a Distância?
Navegue pela Internet e procure textos, artigos, cursos, etc. nos servidores de
busca (como Google, Cadê) e nos seguintes sítios:
MEC/SEED (Secretaria de Educação a Distância) www.mec.gov.br/seed
Guias: www.guiaead.com.br www.anuarioead.com.br
REDES
UAB (Universidade Aberta do Brasil) http:\\uab.mec.gov.br
UNIREDE (Universidade Virtual Pública Brasileira) www.unirede.br
Universidade Virtual Brasileira www.univir.br
CEDERJ (Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro)
www.cederj.edu.br
On-Line UVB (Rede Brasileira de EaD – Univ. Virtual Bras) – www.uvb.br
RICESU (Rede Católica Ensino Superior) www.ricesu.com.br
Associação e-learning Brasil www.elearningbrasil.com.br
Rede Senai de EaD www.senai.br/ead
Associação Brasileira de EaD www.abed.org.br
Revistas – artigos
www.nead.ufmt.br (em: Produção Científica)
www.icoletiva.com.br
www.nied.unicamp.com.br/oea
www.proinfo.gov.br
www.teleduc.nied.unicamp.br
www.aquifolium.com.br/educacional/artigos
www.saladeaulainterativa.pro.br
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
23
3 SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA”
Fiz opção pela terminologia “estudante” por ser a mais usual nos diferentes níveis
de ensino, além de apresentar diferentes sentidos em sua raiz etimológica.
Estudar, do latim studére - , significa:
 examinar, analisar, trabalhar em,
dedicar-se a, ter afeição a, desejar,
comprazer-se em, interessar-se por.
À luz da etimologia, abarca as dimensões da reflexão e da emoção, da razão e
da paixão, da ponderação e do envolvimento, integrando palavra, ação,
sentimento, compreendendo o ser em sua unidade e totalidade. No estudar há
envolvimento reflexivo e prazer, o lado sisudo, duro, a exigir sacrifício, disciplina,
renúncia, e o lado prazeroso do conhecimento novo que faz descortinar
horizontes mais amplos e paisagens com novas cores.
É uma atitude e uma prática que não são passageiras, mas contínuas,
permanentes, ao longo da vida. Daí por que falamos em “ser estudante” e não
em “estar estudante”.
O verbo infinitivo “ser” implica estado, não no sentido de algo fixo, rígido, mas
como atitude permanente, como condição da existência humana e não
transitória (estar). “Ser estudante”, o aprender continuamente, faz parte da
condição humana. Trata-se, porém, de estado não inato, dado (pronto,
acabado), mas “enato”1 (em-ação), em construção. Temos que reforçar o verbo
ser muito mais do que o substantivo/adjetivo estudante, pois somos ação mais
que objeto, somos movimento, transformação, mudança, mais do que um
estado, algo definido e acabado.
Por isso, “ser estudante” é condição a ser construída ao longo do curso. O
“estar numa universidade” tem implicações pessoais, profissionais, sociais e
políticas, com repercussões durante o curso, ao longo de toda vida. Contudo,
dependerá de você se colocar nesse curso, nessa instituição em atitude de “ser
estudante”, não como alguém que busca simplesmente um título, esperando
impacientemente pelo rito de passagem para uma titulação superior.
1 O psicólogo norte-americano Jerome S. Bruner (1915-), que pesquisou o desenvolvimento da linguagem e do
conhecimento pelas crianças, utiliza esse termo para caracterizar o primeiro nível de desenvolvimento cognitivo
da criança, quando ela representa o mundo pela ação.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
24
Leia a obra bem-
humorada de
Allan e
Bárbara Pease
(Por que os
homens fazem
sexo e as
mulheres fazem
amor?)
e a de J. Gray
(Homens são
de Marte,
Mulheres são
de Vênus).
É também atitude a ser construída ao longo da profissão. Esse curso foi
proposto para que você pudesse fazer uma avaliação da sua maneira de
atuar como profissional, da sua pedagogia, dos conhecimentos teóricos e
metodológicos, da visão de mundo que nutre seu cotidiano. Estar no curso
é um momento único e privilegiado que você está tendo, que poderá
agarrar e aproveitar como passar por ele e sair dele, tendo contribuído
muito pouco na modificação de sua prática profissional e de sua vida.
Trata-se também de atitude a ser construída ao longo da vida. Sobretudo
porque o ato de estudar, de aprender, implica em atividade não somente
cognitiva, mas também afetiva e corporal, durante toda vida, desenvolvendo no
ser humano qualidades como autoconhecimento, autonomia, auto-organização.
Finalmente, não podemos tomar “estudante” como substantivo genérico
(ser “um” estudante), ou idealizado (ser “o” estudante), com capacidade
de abarcar a totalidade, esquecendo as diferenças de gênero. O
estudante e a estudante têm aspectos que se aproximam e outros que os
diferenciam. Quanto mais as ciências que estudam o cérebro humano
(como as biociências, as neurociências, as ciências cognitivas) avançam,
mais se explicitam as diferenças entre os sexos, configurando-as como
sendo históricas, sociais, culturais, próprias da constituição humana ao
longo de milhões de anos de sua história, fruto de suas ações, intervenções
e transformações.
Precisamos aprender a lidar com as
diferenças e não pretender
 que sejamos idênticos,
iguais na maneira de
estudar, de pensar, de perceber,
de sentir, de manifestar,
de agir, de intervir….
E cada instante é diferente,
e cada homem é diferente
e somos todos iguais
(Carlos D. de Andradade)
O ser estudante é uma atitude “a ser construída por você”, com o apoio da sua
instituição.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
25
Os
Adjetivos
passam os
substantivos
ficam.
(Machado
de Assis).
A universidade necessita tornar-se “univer-sidade”, ter atitude “universal”,
atendendo, ao mesmo tempo, à “diversidade”. Daí, a “plasticidade” de um curso a
distância que se propõe dar conta de ritmos e formas diferenciados de aprender e
que tem como objetivo possibilitar mudanças, transformações do profissional, do
cidadão, participante ativo dessa aventura.
Mas, o que significa ser estudante num curso a distância? É possível “estudar a
distância”, sem a presença física do professor e/ou da instituição? Você pode
“aprender a distância”?
Você notou como, na educação, adoramos
utilizar adjetivos para qualificar nossa ação?
Falamos em “educação ambiental, educação
para a vida, educação sexual, educação para o
trânsito, educação crítica, educação tradicional”,
etc.
E agora, “educação a distância”.
O perigo é centrarmos a atenção nos adjetivos e
esquecermos o fundamental, os substantivos:
“educação”.
Mas por que “a distância”?
Essa expressão é usada com o intuito de fazer, geralmente, o contraponto com o
“presencial”. Acho que isso está sendo superado. É uma discussão inócua, que
não leva a nada. Mais que tudo porque as bases teóricas e metodológicas são as
mesmas. O que fazemos, fundamentalmente, nesse ou naquele “formato”, é
EDUCAÇÃO!
Hoje, as novas tecnologias nos aproximam cada vez mais e melhor, permitem
momentos de diálogo sincrônico, de encontro, de vivência, de trocas.
Cleci Maraschin (2000), em seu texto “A sociedade do conhecimento e a
Educação a Distância”, expõe claramente que a educação é um ato de encontro,
de convivência, em que há suspensão temporal e espacial da distância. Pois
esse encontro não significa simplesmente encontro de corpos, mas pode
significar encontro de olhares, de sentimentos, de pensamentos.
sincrônico:
ao mesmo tempo.Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
26
A letra da música “Pela luz dos olhos teus”, de Vinicius de Moraes, é fantástica:
O encontro de olhares permite o conhecimento do outro e o conhecimento de si
mesmo, pelo olhar do outro.
Você deve ter experimentado a sensação gostosa de pensar na pessoa amada e
senti-la a seu lado, não é? Como nos diz José Armando Valente, professor da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), trata-se de um “estar junto
virtual”. Por isso, na EaD fazemos
 EDUCAÇÃO SEM DISTÂNCIAS!!
Mas como se dá esse “estar juntos”? Como dar conta dessa aventura pessoal/
coletiva, particular/institucional? Como você será orientado e apoiado?
O projeto político-pedagógico do curso e a modalidade a distância organizaram
um sistema de apoio para lhe possibilitar sucesso nessa aventura. Vejamos alguns
dos “Instrumentos de apoio” à aventura de ser estudante.
 O primeiro “instrumento” indispensável e que deverá acompanhar todo o
percurso da aventura é o Projeto Pedagógico do curso. Não pode ser encarado
como livro sagrado, no qual encontrará respostas para tudo e a ser seguido ao pé
da letra; nem como guia rodoviário: “Siga-me e chegará a porto seguro!”
Você pode tratar o projeto político-pedagógico como texto hermenêutico a ser “descoberto e
interpretado”, isto é, estudado, destrinçado, situado, compreendido, ressignificado na
cotidianeidade das práticas do curso, refletindo sobre elas. Pode entendê-lo também como
mapa, em que estão delineados os pontos de referência e de orientação (morro, lago, rio, sol,
estrelas) para que você possa chegar ao objetivo de sua caminhada: encontrar o tesouro
Quando a luz dos olhos meus
e a luz dos olhos teus
 resolvem se encontrar...
Ai que bom que isso é!
Assista os filmes:
Nunca Te vi,
 sempre Te amei;
Mensagem para você.
Hermenêutico:
relativo à
interpretação
de leis, de
textos.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
27
(descobrirá, talvez, ao final da aventura, que esse tesouro é você mesmo, mas renovado,
revigorado, transformado). Caberá a você, com o apoio institucional, decidir se quer subir o
morro ou dar a volta; se atravessar a nado o rio ou fazer uma parada, construir uma canoa e
fazer a travessia; se guiar-se pela luz do Sol, como sendo única referência, ou pela luz de
outros sóis, das estrelas, que se tornam visíveis na escuridão da noite, nos momentos de
incerteza e dúvida, como o personagem Mika, vindo de outro planeta, lembra ao amigo terrestre
Joakim (Ei! Tem alguém aí? – Vale a pena você ler esse livro de Jostein Gaarder, autor do livro
O mundo de Sofia!).
O projeto não pode ser como a vidraça de uma janela: embora nos ajude
a ver, através dela, consegue nos separar da verdade.É o que nos
adverte o escritor e poeta libanêsGibran, em suas Parábolas (p. 46).
 Os materiais didáticos são outros “instrumentos” disponibilizados.
Eles foram pensados e vêm sendo produzidos especificamente para você.
Porém, as reações e atitudes de cada um, ao ler os conteúdos propositivos,
serão diferenciadas. Alguns serão levados ao questionamento
reconstrutivo, à ressignificação de práticas, por alguma das áreas do Núcleo de
“Estudos de Formação Básica, ou do Núcleo de “Estudos de Formação
Profissional”, ou do Núcleo de “Estudos de Formação Complementar”. Não
importa. Acreditamos que isso ocorrerá em algum momento, talvez no início do
curso, quando não ao final, ou depois do curso.
Pois, não existe um campo do saber que melhor nos “forma”, ou uma seqüência de
disciplinas que venham garantir uma compreensão dos fatos, superando o senso comum.
Dar-se-á conta que qualquer área do conhecimento pode ser o ponto de partida para uma
nova visão de mundo, de sociedade, de universidade e que os conhecimentos estão
interligados, uma área necessitando de outras para uma leitura contextualizada, situada.
Por isso, os materiais didáticos não podem ser tomados como pedaços de um todo, de um
conhecimento a ser simplesmente apropriado e reproduzido, ou como fragmentos de uma
verdade, e sim como parte de uma proposta formativa que, mesmo com suas opões
teóricas e metodológicas, tem unidade, sentido e direção. Trata-se de uma direção, mas
não a única; de um discurso, mas não fechado em si mesmo; de uma verdade, mas que
não pode ser tomada como sendo a Verdade!]
Temos que entender também que o material didático do curso apresenta suas limitações. É
um recorte no campo do saber que necessita ser expandido com leitura de outros materiais
bibliográficos e com a pesquisa. Limitar sua formação à leitura dos Fascículos é
empobrecer sua formação!
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
28
Discente:
quem
aprende,
estudante.
Docente:
quem
ensina.
Professor
 Um terceiro “instrumento” é a equipe pedagógica do curso (professores
especialistas, coordenadores, orientadores). Estão a seu dispor para dar apoio
no campo cognitivo, metacognitivo, pedagógico, motivacional, emocional.
Apontam direções e oferecem opções, disponibilizam informações, dialogam
com base nos textos lidos, nas atividades realizadas, nas dúvidas levantadas,
mas sem precisar dar respostas nem soluções, apóiam e orientam pesquisas,
provocam inquietação buscando levá-lo ao “questionamento reconstrutivo”, como
propõe o sociólogo Pedro Demo.
 Outro instrumento é a “organização institucional”. É uma instituição que
está a seu dispor, e não simplesmente este ou aquele professor ou orientador.
Aqui está a diferença, a meu ver, de muitos cursos “presenciais”, em que o
professor é o regente, o virador, o malabarista (aplaudido nas salas superlotadas
de cursinhos vestibulares), o “artista”. Na modalidade a distância é o coletivo que
pensa, discute, toma as decisões, as executa, as avalia e redimensiona. Trata-se
de “sistema ensinante” (como afirma a educadora Maria Luíza Belloni), ou
melhor, de “comunidade aprendente” (como o antropólogo Carlos R. Brandão
gosta de chamar a instituição escolar). Pois, nesta aventura, todos estão em
processo ativo de aprender, todos estão envolvidos e participando.
 A “organização estudantil” é outra possibilidade de apoio em sua
formação profissional e política. A instituição, enquanto tal, tem suas
Normas, o curso tem seu Regulamento, que você deverá se preocupar em
conhecer para saber de seus deveres e direitos. Por outro lado, há
instâncias de representação discente, como o colegiado de curso, em que
você, na qualidade de estudante, tem seu assento garantido (por meio do
processo de representação estudantil), podendo participar das discussões e
decisões que afetam sua vida no curso e na instituição. E mais ainda. Você faz
parte de uma grande comunidade: os estudantes universitários de sua
instituição, que se organizam em Centros Acadêmicos (por curso) e
Diretório Central de Estudantes (DCE – que abarca todos os alunos da
O projeto aposta numa pedagogia da pergunta, da incerteza,
do diálogo, e não na pedagogia da resposta, da certeza e do
monólogo. Pois, para o educador Rubem Alves, “as respostas nos
permitem andar sobre terra firme. Mas somente as perguntas
nos permitem entrar pelo mar desconhecido”.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
29
instituição). Finalmente, você participa também do mundo universitário brasileiro
que se organiza mediante a União Nacional de Estudantes (UNE).
 Os colegas de curso são também “instrumento” precioso nessa
caminhada. É verdade que ninguém aprende por nós, que a aprendizagem é
um processo pessoal e particular, mas é, igualmente, social, coletivo. Portanto, o
encontro com os colegas pode se tornar ponto de apoio necessário, mas não
exclusivo, para a aprendizagem, e fator de estímulo para que não desanime da
aventura, dela desistindo. O estudo em grupo, a participação em atividades de
equipe podem se tornar espaços ricos de troca de experiências e saberes, sem
esquecer que o estudo pessoal sempre o antecede.
Um time não vai a campo sem o treino e a preparação
individual dos atletas; uma orquestra não se apresenta
sem o disciplinado e minucioso ensaio individual dos
músicos. Há os momentosde acompanhar e apoiar
 os demais, assim como há o momento do solo.
Sua aventura, portanto, não é solitária.
Você conta com o apoio e a presença da
equipe pedagógica, da instituição, dos colegas. Pode haver muito mais solidariedade
do que solidão, mais presencialidade do que ausência, ou distância!
 Um último instrumento, mas que não o é em ordem de importância e de
numeração, é a bagagem de suas experiências e saberes que você traz para
essa aventura. Na sua mochila, está a riqueza do seu passado e do seu
presente como pessoa, estudante e profissional, carregando seus alimentos e
suas ferramentas para essa aventura.
Por isso, o projeto do curso propõe como um dos princípios epistemológicos e
pedagógicos a experiência profissional, o seu trabalho a ser constantemente
observado, analisado, compreendido e reconstruído durante todo o percurso.
São “instrumentos” que possibilitam mudanças, transformações. Pois o objetivo do
curso não é simplesmente melhor qualificar o profissional, tornando-o mais
competente, mais eficiente. O curso intenta formar o cidadão, isto é, um sujeito
humanizado, sensível, globalmente capacitado para atuar como pessoa crítica e
criativa.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
30
Tudo o que escrevi até aqui e a partir daqui são sentidos e valores dados por
mim, como autor. Você, ao ler esse texto, foi emprestando seus sentidos, foi
conferindo seus valores, como leitor.
Portanto, há os sentidos e valores do autor, bem assim os sentidos e valores do
leitor que, não necessariamente, devem coincidir. Pois, eu falo de um lugar não
somente territorial, mas sobretudo social, cultural e temporal que me fez como
tal; o mesmo se dando com você, leitor, que se constitui em outro lugar, em
outro contexto, em outra cultura, em determinado tempo.
Em alguns pontos e lugares do caminho nos encontramos, em outros nos
afastamos. Experiências, vivências, visões de mundo nos fazem “parecidos”
em alguns aspectos, pois fazemos parte da mesma história política, do
mesmo contexto sócioeconômico; mas “diferentes” em muitos outros, pois
cada um tem sua história particular.
Há sentidos (im)postos pela cultura, pelo coletivo e sentidos que afloram do
próprio sujeito, da sua maneira de ser e se posicionar no mundo, de suas
trajetórias, suas decisões e opções ao longo de sua história de vida, pois os
sentidos revelam concepções, visões de mundo, crenças, valores, expectativas,
sonhos, desejos.
São sentidos aflorados, provocados pelas palavras e pelas emoções. Nós
somos palavras e emoções; no mais das vezes, mais palavras que
emoções. Há momentos em que as palavras são indizíveis, não exprimindo
todos os sentidos que queremos a elas atribuir, limitando-nos, embora
possam nos transportar para o mundo do outro.
Há outros momentos em que as palavras são mágicas, envolventes, produzindo
impactos, transformando realidades, criando em nós outras conexões ou
fantasias, não porque elas têm essa força dentro delas, mas porque quem as
profere e/ou quem as “sente” é mágico, envolvente, sonhador.
Em busca de sentidos e valores
Entre tantas outras coisas que poderiam ser ditas nessa sua preparação para a
aventura, há uma que, em meu ver, deveria ter sido dita desde o início, mas
que, propositadamente, deixei agora para o final.
Todo discurso é
ideolõgico e político.
É espaço de disputa
e arena de luta.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
31
Por isso, a “ditadura” da palavra e do discurso “monológico” pode ser rompida
pelas emoções, oferecendo novos sentidos e rumos. Pois a realidade é polifonia,
é o encontro de diversos “eus”, em nós mesmos e na relação com os outros, de
diferenças de subjetividades, de multiplicidade de identidades.
Sendo assim, espero que meu texto não tenha o caráter de imbuir
verdades, de pretender produzir harmonia sonora e agradável, mas que
ele, com acordes e notas dissonantes, possa contribuir na (des)construção
de conceitos e de práticas, que, talvez, ao longo desse curso, desejará
ressignificar.
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o
leitor entende uma terceira coisa...
e, enquanto se passa tudo isso,
a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não
foi propriamente dita.
 (Mario Quintana, A Coisa)
Por outro lado, as palavras constroem um discurso que pode se instituir como
verdade, como nos chama a atenção Michel Foucault, um discurso
unidirecional, a-dialógico, fechado em si mesmo, não revelativo, não
hermenêutico, não aceitando outros sentidos, outras direções, outras verdades.
Assim, as palavras estariam apagando sensibilidades, imaginações, conexões,
provocações e revelações.
Foucault
(1926-
1984)
filósofo
francês,
abriu novos
horizontes à
história e à
epistemologia.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
33
MEU JEITO
DE ESTUDAR
CAPÍTULO UM
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
34
Ao final do estudo deste capítulo, você terá condição de:
- descrever sua trajetória como estudante;
- identificar seus hábitos de estudo;
- descrever sua postura diante de uma atividade de estudo.
Ao iniciar esta nova aventura, a de ser estudante, quero lhe propor que
abra o baú das suas lembranças, onde você vem guardando, não de hoje,
seus primeiros cadernos de escola, boletins, fotos, diários... Lembranças de
sua trajetória escolar, de seus professores, colegas, suas aprendizagens,
experiências, seus medos, sucessos, sonhos.....
Que é nosso
passado,
senão
uma série de
sonhos? Que
diferença pode
haver entre
recordar sonhos
e recordar o
passado?
(Jorge L.
Borges, Cinco,
visões pessoais)
Lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar,
com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado.
(Ecléa Bosi, 1979, p. 17)
... e comece a escrever suas MEMÓRIAS DE ESTUDANTE, do jeito que você
quiser, por escrito, com desenhos, em forma de poesia, de peça teatral, em
vídeo.... no seu estilo, na sua maneira de ser, de pensar, de se manifestar, sem
preocupação com regras, com limites, com censuras.
É no jogo das
tramas, de
que a vida faz
parte,
que ela
– a vida –
ganha sentido
(Paulo Freire)
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
35
Essas memórias são sua história, sua biografia. É um voltar-se sobre você
para se compreender. É o registro de sua vivência pessoal, como estudante,
sem esquecer que você faz parte de uma História maior, de um contexto
político, econômico, social e cultural.!
Podemos acenar a algumas pistas que poderão servir ou não na construção de
suas Memórias de Estudante:
- Como foi sua trajetória escolar?
- Que lembranças ficaram, que foram marcantes sobre a escola, colegas e
professores?
- O que lhe agradou e desagradou? O que foi bom, o que foi ruim?
- Que disciplinas e que tipo de professores lhe agradavam ou desagradavam?
- Como você era como estudante?
- Qual era a “pedagogia” da sua escola? Que valores, concepções e práticas eram
“aprovados”?
- Em que contexto político e educacional você vivenciou essa experiência?
- Que expectativas em relação a esse curso a distãncia?
- Como pretende se organizar para poder fazer bem sua caminhada no curso?
Só consegui
recompor o
passado com
um pé na
erudição e
outro na
magia.
(Marguerite
Yourcenar,
escritora
belga)
Certamente, será interessante conversar com pais, avós, tios e tias, irmãos,
colegas (e quem sabe, professoras) ...... para que ajudem a buscar, no fundo do
baú, memórias de fatos passados, vividos.
Neste início do curso vá escrevendo essas memórias do EU ESTUDANTE.
Você pode dar outro título, como outros fizeram: Um reencontro com minhas
memórias; Pedaços de tempo.... pedaços de vida; Lembranças de estudante,
etc.
Sim, não nego que, ao avistar a cidade natal, tive uma sensação nova.
Não era efeito da minha pátria política; era-o do lugar da infância, a
rua, a torre, o chafariz da esquina, a mulher de mantilha, o preto do
ganho, as coisas e cenas da meninice, buriladas na memória. Nada mesmo
que uma renascença. (Machado de Assis, Memórias
póstumas de Brás Cubas)
Conto o passado [...] não propriamente em função do
pontode chegada (não “cheguei” ainda, bem o sei),
mas em função do ponto em que agora estou.
 (SOARES, 2001, p. 41)
O tempo
passado e o
tempo futuro, o
que poderia ter
sido e o que
foi, convergem
para um só fim,
que é sempre
presente. (T. S.
Eliot, poeta)
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
36
Sugerimos que essa produção seja socializada num encontro com os demais
colegas do município, ou do Pólo, ou do curso.
E que você continue escrevendo essas Memórias, fazendo o registro de sua
travessia nesse curso!
Nunca nasci,
nunca vivi;
mas eu me
lembro e a
lembrança é
em carne
viva. (Clarice
Lispector,
romancista e
novelista
brasileira,
1925-77)
1 – CONHECER-SE
Você deve ter ouvido e lido muitas vezes
a célebre frase do filósofo grego Sócrates:
“Conhece-te a ti mesmo”.
Sobre ela, muito se tem escrito,
com diferentes compreensões e interpretações.
O que você pensa a esse respeito? É uma frase feita? É repetida sem se pensar muito no
que ela quer dizer, ou ela revela sentidos profundos? Como você a interpreta?
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Não há dúvida de que o conhecimento de si mesmo é o ponto de partida para
estar bem consigo e para o conhecimento do outro. E você que atua ou vai atuar
num campo profissional em que o conhecimento de si e do outro é fundamental,
é importante que você se conheça, antes de tudo, como pessoa, como mulher/
homem, como cidadão/cidadã e também como estudante.
A melhor
maneira de
alcançar o
autoconhecimento
não é pela
contemplação,
mas pela ação.
(Goethe, poeta e
dramaturgo
alemão)
Somos resultado do passado. Nosso pensamento se funda no dia de
ontem e em muitos milhares de dias passados. Somos resultado do
tempo, e nossas reações, nossas atitudes atuais, são efeitos acumulados
de muitos milhares de momentos, incidentes e experiências.
 (Krishnamurti, A primeira e última liberdade).
A (re)construção do [...] passado é seletiva; faço-o a partir
do presente, pois é este que me aponta o que é importante e
 o que não é; não descrevo, pois; interpreto. (SOARES,
2001, p. 40).
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
37
Esse processo de autoconhecimento certamente contribuirá positivamente para
que sua caminhada no curso seja efetiva e prazerosa.
O que propomos é que você, mediante a leitura das páginas que seguem e de
outros textos, inicie e/ou dê continuidade ao processo de autoconhecimento.
 Vejamos, então, alguns aspectos do seu modo de ser e que, ao serem
identificados e compreendidos, podem ajudá-lo a se conhecer e a melhor
definir suas estratégias de estudo.
Qual é seu ciclo psicofisiológico?
Trata-se do ciclo ligado a processos biológicos e ao meio físico, objeto de estudo
da Cronobiologia, ciência surgida na década de 1960, que estuda a
organização temporal dos seres vivos, ou seja, os ritmos de vida.
Ela tem verificado que os ritmos biológicos do corpo humano são diferenciados.
A temperatura do corpo sofre variações ao longo do dia; o ponto mais alto é
mais propício para desenvolvimento de atividades. E isso varia de pessoa para
pessoa.
Em que momento do dia você tem mais disposição, torna-se mais irritado ou
mais calmo? Durante a semana, quais os dias que você rende mais?
Em relação ao tempo, você é muito mais parecido com a coruja (que vara a
noite estudando) ou a cotovia (que madruga para dar conta das tarefas)?
Em relação ao ritmo, você se parece com a tartaruga (sem pressa, bem
devagar), o coelho (sempre apressadinho), ou o sapo (dando pulos, de uma
atividade para outra)? Ou você se identifica melhor com outro “animal”?
Qual é o seu ritmo de vida?
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Qualquer
semelhança
com algum
desses
animais
é mera
coincidência!
As alternativas que encontrará não são excludentes e nem as únicas. Você
poderá se identificar com uma ou duas, ou com nenhuma delas.
 O importante aqui não é buscar se colocar dentro de uma “classificação”
(ser isto ou ser aquilo), mas que as questões postas levem você a parar um
pouco, olhar para si, descobrir como você é, diante de uma atividade de
estudo, e quais as estratégias que você utiliza para aprender.
Segundo o
Conselho
Federal de
Psicologia, todo
e qualquer
instrumento de
técnica e
ava l iação
psicológica é
de uso exclusivo
do psicólogo.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
38
De que maneira você capta a informação do meio?
Sua recepção é mais
( ) visual: sua memória é fotográfica, você tem que estar com o texto na sua frente, lendo
para acompanhar as idéias do autor, do palestrante. Você capta as informações
quando consegue “visualizá-las”, isto é, você imagina aquela cena, aquele
personagem, aquela época. Você localiza a informação no texto, lembra do lugar em
que está, da página, do formato. As imagens do texto lido vão passando à sua frente
como numa tela de cinema e você vai falando ou escrevendo sobre elas.
( ) auditiva: você interioriza as informações, consegue acompanhar a leitura ou uma fala
simplesmente ouvindo e consegue repetir logo em seguida o que ouviu. Sua
memória é mais de sons do que de imagens. Sua percepção é mais abstrata do que
concreta.
( ) cinestética: você precisa de movimento para que a informação fique retida, isto é, precisa
fazer, envolver seu corpo com movimentos. Não basta ler ou ouvir uma informação.
Tem que encontrar uma maneira de “traduzi-la”, mediante desenhos, gráficos,
exercícios, representações, gestos, etc.
Ou você é nada disso ou um pouco de tudo isso? Como você costuma mais facilmente
guardar uma informação?
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Para melhor entender isso, realize a atividade seguinte:
Leia, em voz alta e cadenciada, o seguinte texto:
O homem hesitou por um minuto, depois se decidiu bruscamente a
correr para uma viatura, parada perto da calçada. Diante da viatura
esperava uma mulher de capa preta. A chuva, que caia há três dias
copiosamente, tinha transformado o caminho em um atoleiro opaco.
O homem atacou, na viatura, dois homens que sorriam.
1
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
39
Agora leia, silenciosamente, o texto “Ser Estudante a Distância”, na página 23.
Em seguida, retorne a esta página.
Retornou? Tente, agora, dizer o que você se lembra do texto lido em voz alta, há
pouco (“O homem hesitou...”).
Você conseguiu lembrar?
( ) Sim você tem boa memória auditiva.
( ) Não Não desanime e nem se preocupe. Talvez você
não estivesse suficientemente concentrado ou “ligado” na
leitura. Então, repita o exercício uma ou duas vezes. Ou sua
memória é mais visual.
E como está sua memória visual?
Sugiro que realize o “Teste de percepção visual-1”, disponibilizado na página 120
deste Fascículo, seguindo as orientações prescritas.
Em seguida, volte a esta página.
Agora, escreva, à frente de cada número, o nome do objeto observado, sem
voltar à última página para tirar dúvidas!
Agora, pode voltar à última página e conferir o numero de acertos!
Como você se saiu? Quantos acertos?
( ) entre 15-20 ( ) 10-14 ( ) 5-9 ( ) até 4
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1 0
N . N .
1 1
1 2
1 3
1 4
1 5
1 6
1 7
1 8
1 9
2 0
Nome Nome
2Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
40
Não fique triste se alcançou uma baixa pontuação (até 9). Isso não significa que
não tenha boa percepção visual. Terá que se exercitar mais, fazendo exercícios
desse tipo, para treinar e reforçar sua memória.
Se você conseguiu acertar mais da metade, parabéns!
Descreva, agora, o mecanismo, a estratégia utilizada por você na tentativa de memorizar os
objetos:
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Vamos a mais um teste?
Observe a figura de uma paisagem na página 120 deste Fascículo. Em seguida, retorne a
essa página e tente descrever, logo abaixo, o que você viu:
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Agora, e somente agora, compare o que acabou de escrever com a figura da
última página. Veja se na sua descrição esqueceu elementos centrais ou
detalhes da paisagem.
O que na verdade ocorre é que, para percebermos algo, temos que ordenar,
sistematizar, relacionar e reconstruir nosso objeto de percepção. Pois, dessa
forma, chegaremos a entendê-lo, porque conseguimos senti-lo de forma
organizada, estabelecendo relações entre os objetos. Isso é fundamental na
atividade de estudo e de aprendizagem!
Você é dependente ou independente de seu campo de percepção?
Ao realizar suas atividades de estudo ou de trabalho, como você costuma se
comportar? Você é
( ) dependente: sua motivação é extrínseca, vem de fora. Você desenvolve as atividades
propostas impulsionado por motivos, por forças externas (estímulo das pessoas, por
“obrigação”). Por isso, prefere trabalhar em grupo, num ambiente adequado, pois aí
você consegue estudar, realizar as tarefas.
3
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
41
( ) independente : a motivação é interna, intrínseca. Você é levado por motivações muito
pessoais, não precisa que o orientador, os colegas de estudo, os familiares motivem
você para o estudo. Por isso, geralmente, prefere trabalhar sozinho e se sente bem
com tarefas que exigem de você análise e pesquisa na solução de problemas.
Ao realizar trabalho em equipe
Você é do tipo
( ) chupim: que põe os ovos nos ninhos alheios para que as outras aves incubem e
cuidem de seus filhotes?
( ) joão-de-barro: que faz seu próprio ninho e cuida dos filhotes?
( ) prestativo: oferecendo-se para realizar as atividades?
( ) “fujão”, esquivando-se de assumir tarefas, empurrando-as sempre para os
 outros, arrumando mil desculpas?
( ) “estou-nem-aí”: dá a entender que vai realizar alguma tarefa, mas
 não faz e arruma desculpas esfarrapadas para justificar.
( ) galinha-d´angola: aquele que, enfraquecido, sempre se diminui na feitura de um
trabalho, ficando na dependência do outro, num eterno gritar: estou-fraco, estou-
fraco
Como você se percebe?
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Qual é o seu temperamento?
Você é do tipo
( ) Emotivo: você facilmente manifesta suas emoções e motivações. Vibra com o que
 está fazendo. Inicia logo, e com entusiasmo, as atividades, mas é dispersivo, pouco
disciplinado (pula de uma atividade para outra), temperamental (suscetível a
mudanças).
( ) Passivo: você é mais calmo e manifesta suas emoções aos poucos, com reserva. Em
relação ao estudo, tem dificuldade para iniciar o trabalho e para se concentrar, mas
depois que “pega”, vai.
( ) Primário: tem presença de espírito, manifesta espontaneidade, mas é inconstante.
( ) Secundário: é reservado, reflexivo, consciencioso, mas com um pouco de rigidez
 no pensar, não aceita facilmente as idéias do outro. Demora para tomar decisões,
mas é persistente depois de tomá-las.
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Como você se vê?
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Qual seu “estilo” de aprendizado?
( ) Ativo: aprende melhor com atividades, quando está envolvido nelas;
( ) Pragmático: aprende melhor quando há uma ligação direta do assunto com
 situações da vida real. Dá preferência às atividades práticas.
( ) Reflexivo: aprende com atividades que oferecem oportunidade de revisar, com
 tempo para rever, reler com calma;
( ) Teórico: aproveita bem atividades quando oferecidas como parte de um conceito
 ou teoria. Gosta de textos que discutem questões teóricas.
Que tipo de atividade e/ou leitura você prefere para sua aprendizagem?
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 Que tipo de abordagem você utiliza para resolver um
 problema?
( ) Procedimento “às apalpadelas” (ensaio e erro). Vai fazendo e refazendo até
 acertar. Lê e relê insistentemente, na esperança de chegar ao entendimento
 de maneira natural.
( ) Heureca (“descobri”). A solução do problema é fruto do esforço, de pensar sobre o
problema e buscar soluções.
( ) “Insight”, “há-há ”. Você tem um palpite súbito. De repente, quando menos espera,
encontra a solução do problema de maneira simples, como se um clarão iluminasse
sua mente.
( ) Procedimento sistemático, organizado, metódico.
Descreva como você costuma proceder:
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Heureca - 1a
pessoa do
perfeito do
indicativo ativo
do verbo grego
heurísko,
achar, descobrir
- atribuída a
Arquimedes ao
descobrir o
princípio da
gravidade
específica.
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
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Lembra aquela espécie de enigma do canoeiro que deve atravessar o rio com um
lobo, um carneiro e um pé de couve? Ele pode atravessar somente um objeto por
vez, tendo o cuidado para que o lobo não fique sozinho com o carneiro (que
banquete!) e nem o carneiro com a couve (hum, que fome!).
Que sugestão você daria ao canoeiro?
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Descreva a estratégia que você utilizou para resolver a situação.
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A emoção e a razão se constituem mutuamente. Aquilo que
 faz parte do nosso intelecto e o que diz respeito à nossa
 emoção não são coisas separadas.
4
 Quanto à organização do tempo
Como você lida com o tempo? Você é do tipo:
( ) malabarista: pula de uma tarefa para outra, quer dar conta de diferentes atividades ao mesmo
tempo.
( ) perfeccionista: quer fazer tudo “certinho” e acaba não terminando nos prazos estabelecidos.
( ) alérgico a detalhes: começa logo a executar uma tarefa, sem planejá-la devidamente, e com isso
acaba se perdendo;
( ) zé-do-muro: nunca toma decisões, vai levando o estudo ao acaso, do jeito que vier, como e quando
der;
( ) protelador : seu lema é “Não faça hoje o que puder deixar para amanhã!”; deixa tudo para a última
hora, na véspera de exames ou de entregar trabalhos. Deixa tudo para outra ocasião, que se
apresente mais propícia, numa constante indefinição, nunca enfrentando o problema.
Como você é?
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A porta
da razão é
o coração
(P. Freire)
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
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Quanto à organização do espaço
Você é do tipo:
( ) tudo-para-fora: total desorganização, tudo esparramado, fora de lugar alegando
 que logo irá precisar do material e, portanto, por que guardar livros, apostilas,
 canetas, etc.?
( ) nada-para-fora: detesta desordem e bagunça. Não inicia o estudo sem que tenha
 tudo guardado nas gavetas e prateleiras; nada em cima da mesa.
( ) arrumador: confunde organização com arrumação. Para toda hora o estudo para
colocar livros, papéis, canetas no lugar.
( ) guardador: é compulsivamente levado a guardar tudo (rascunhos, anotações,
fotocópias, trabalhos, etc.), pois acredita que um dia irá precisar.
( ) desajeitado: desleixado, acredita ter coisas mais importantes do que estar arrumando
 sua mesa, seu material de estudo.
( ) ou então
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Você encontrará, ao final do Fascículo, a indicação de obras que tratam de
maneira mais exaustiva dessas diferentes maneiras de ser estudante. Hoje,
também na Internet, há páginas da web que disponibilizam “testes” de Quociente
Intelectual (QI), de personalidade, de autoconhecimento, de auto-ajuda. Não os
tome como tendo em si o poder de desvelar como você é, mas como
indicativos, apontando tendências, aspectos de seu modo de ser. Nada melhor
do que a atitude do observador e do narrador. Observe como você é e registre
suas percepções e análises. Isso a ajudará ao processo de autoconhecimento,
auto-estima e reflexão.
Esses “testes”
não são
confiáveis, não
têm validade
como
instrumentos
de avaliação
pessoal!
Vamos, agora, direcionar seu autoconhecimento para um aspecto mais
específico: o ato de estudar.
COMO ESTUDAMOS?
No andar de sua trajetória escolar, certamente vivenciou situações, tais como:
colegas com dificuldades de aprendizagem, ou abandonando os estudos; uns
poucos conseguindo ótimos resultados nas avaliações, enquanto a maioria
apresentando desempenho tido por “regular”, alguns sendo reprovados.
O conhecimento de si deve levá-lo a gostar de si, à auto-estima positiva, a se
sentir realizado na profissão que exerce, ao
equilíbrio, ao bem-estar, ao “sucesso” no estudo. Tudo isso, aspectos
fundamentais para viver bem e para aprender.
Web -
rede
Estudar a Distância
Uma Aventura Acadêmica
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Como você avalia seu passado escolar? Como foi seu “desempenho”? A que motivos ou
fatores atribui esse seu desempenho nos estudos?
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Os motivos, os fatores, ou as dimensões envolvidos no “desempenho” podem
ser os mais diferentes, relacionados com seu modo de ser, com o ambiente
escolar e familiar, além, é claro, com as condições econômicas, culturais.
Hoje, existe uma vasta literatura sobre “Como obter sucesso”, “Como passar no
Vestibular”, “Vestibular sem estresse”, “Seja ótimo aluno” ,”Como tirar lições do
fracasso”. Cursos são oferecidos com intuito de levar o interessado a “aprender a
aprender”, a “adquirir segurança a poupar tempo, a eliminar tensões e
ansiedades”, a propiciar “velocidade e qualidade na recepção e elaboração das
informações”. Todos oferecendo receitas ou pílulas. É só tomar e pronto: o
milagre está feito!
Se nunca
abandonas o
que é importante
para ti, se te
importas tanto a
ponto de estares
disposto a lutar
para obtê-lo,
asseguro-te que
tua vida estará
plena de êxito.
Será uma vida
dura [...] mas
valerá a pena.
(Richard Bach –
escritor norte-
americano).
Você concorda com essas afirmações? Por quê?
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Estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa, na década de 1970-80,
sobre a “eficácia nos estudos”, têm comprovado que a maioria dos estudantes
universitários apresenta dificuldades de aprendizagem. Mais ainda:
são influenciadas por problemas de leitura e de compreensão;
sua superação depende da adoção de estratégias metacognitivas
 (aprender a aprender) e de orientações motivacionais.
O sucesso depende de três fatores: o talento,
o trabalho e a chance.
(Voltaire, filósofo francês)
O sucesso é fruto de 1% de talento,
1% de sorte e 98% de trabalho
(Ryoki Inoue – escritor brasileiro com o maior
 número de livros publicados no mundo - mais de
1.030 livros –segundo o Guinness)
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Em outras palavras, a maioria dos estudantes não tem “método de estudo”
eficaz.
Essa situação tem provocado o aparecimento de considerável literatura sobre
“Como estudar”, tem levado instituições educacionais a desenvolver cursos de
“Metodologia Intelectual”, de “Metodologia Científica”, ou “Projeto de Orientação
de estudo” para que os estudantes aprendam a estudar. Até uma nova profissão
está surgindo: o “professor delivery”, que vai às residências de estudantes, não
para dar “aula de reforço”, mas para ensinar como estudar.
Por que
eles foram
os primeiros.
(Veja, 27/2/02,
p. 86-91).
A receita
dos bons alunos.
(Veja, 26/5,04,
p. 106-8).
Feche um pouco este Fascículo e dê um tempo para refletir sobre essas questões.
Em seguida, retome a leitura. Mas, veja bem, não vá deixar a gente de
lado. Volte, para continuarmos nossa conversa. OK?
Como você estuda? Quais são seus “hábitos” de estudante?

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