Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO ESTUDAR A DISTÂNCIA: UMA AVENTURA ACADÊMICA 1 - SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA” ORESTE PRETI Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Fernando Haddad Ministro da Educação Carlos Eduardo Bielschowsky Secretário SEED/MEC Celso Costa Diretor da UAB Paulo Speller Reitor UFMT Elias Alves de Andrade Vice-Reitor Adriana Rigon Weska Pró-Reitora Administrativa e Planejamento Tereza Cristina Cardoso de Souza Higa Pró-Reitora de Planejamento Marilda Calhao E. Matsubara Pró-Reitora de Vivência Acadêmica e Social Matilde Araki Crudo Pró-Reitora de Ensino e Graduação Marinez Isaac Marques Pró-Reitora de Pós-Graduação Paulo Teixeira de Sousa Jr. Pró-Reitor de Pesquisa Carlos Rinaldi Coordenador UAB/UFMT ORESTE PRETI ESTUDAR A DISTÂNCIA: UMA AVENTURA ACADÊMICA 1 - SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA” 2. ed. revista EdUFMT Cuiabá, 2008 ISBN - 8532701663 lIustrações internas: Cândida Bitencourt Haesbaert Projeto Gráfico: NEAD/UFMT Revisão: Germano Aleixo Filho Ficha Catalográfica P942e PRETI, Oreste. Estudar a distância: uma aventura acadêmica. 1 Ser Estudante “a distância”. 2 ed. Oreste Preti. Cuiabá: EdUFMT, 2008. 121 p. il. CDU - 37.018.43 1. Método de estudo 2. Educação a Distância 3. Metacognição Dedico esse texto didático a meus pais camponeses Preti Bortolo e Pari Cristina (in memoriam) que apoiaram minha decisão de trocar a enxada pela caneta, a planície padana italiana pela imensidão da região mato-grossense, acompanhando (a distância), com afeto e incentivo, minha aventura docente, aqui no Brasil. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 5 APRESENTANDO A AVENTURA Amigo e Amiga estudante: Pensando em você, ocupado e preocupado com suas atividades profissionais e domésticas e, agora, universitário, escrevi este Guia Metodológico. Pensando em você, amadurecido e qualificado pela escola da vida, mas vivendo num contexto econômico e educacional que, talvez, não lhe tenha possibilitado acesso habitual a livros e revistas, ou não a incentivasse ao gosto pela leitura de textos, venho lhe propor que construa sua própria maneira de ser como estudante e leitor. Espero que se torne pessoa crítica e ativa na descoberta do mundo, no seu processo de construção do conhecimento, de sua “autonomia intelectual”, de intervenção no seu campo profissional e de participação na transformação da sociedade. Você está estudando num curso “a distância”, sem a presença física e cotidiana de professores, porém não deverá sentir-se sozinho, pois poderá dialogar com orientadores e colegas de curso. Esse Guia propõe estimulá-lo a descobrir outras maneiras de você “estar” no mundo como estudante, de “estar junto” de orientadores e colegas, de tornar o curso a distância um espaço de “encontro”. Essa obra que trata da sua aventura de ser estudante não foi pensada como obra teórica sobre as bases e os fundamentos da atividade acadêmica, ou obra que pretende desvelar os “caminhos tortuosos e complicados” da atividade científica. Em contrário, busca possibilitar-lhe abertura ao mundo da academia e a novos campos do saber, descortinando horizontes, alargando o diálogo entre estudantes e professores do mundo inteiro (por isso é universidade!), com suas exigências, suas normas, com seu ritual e ritmo de trabalho. Existe vasta literatura consagrada à Metodologia do Trabalho Intelectual, cuja indicação se encontra ao final deste Fascículo e que poderá ser consultada na biblioteca da sua universidade ou, certamente, no Pólo de Apoio Presencial do seu curso ou na biblioteca pública de seu município. Sei, por outro lado, das dificuldades de acesso a essas obras. Por isso, escrevi este Guia Metodológico que não tem outra pretensão a não ser ajudá-lo a ter sucesso no estudo, na sua aventura de ser estudante, fornecendo orientações, sugerindo estratégias, instrumentos, e propiciando-lhe o exercício de algumas técnicas para que você possa realizar sua caminhada no curso com produtividade e satisfação. Foi produzido com a intenção de lhe servir de apoio ao longo do curso, como uma espécie de Vade-Mécum (Vai comigo), um livro de consulta, e não como material para ser “estudado”. Na sociedade brasileira, ao lado de uma indústria da “fome de alimentos”, existe uma indústria da “fome de ler”. (Ezequiel T. da Silva). Academia - região ajardinada, perto de Atenas, consagrada ao herói grego Akademos, onde Platão dava suas lições de filosofia. Sinônimo de escola superior. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 6 Dividi, então, este Guia Metodológico em quatro volumes formando um todo. Você poderá, porém, consultar os fascículos e os capítulos separadamente, no decorrer do seu percurso acadêmico, a depender de suas indagações. No primeiro volume, SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA”, em sua abertura, reflito um pouco sobre o que significa estudar num curso a distância, e como você poderá estudar. Você é convidado a se conhecer como estudante, descobrindo seus hábitos, seu jeito de estudar. Receberá algumas orientações práticas para melhor aproveitamento de seus estudos, para planejamento de seu tempo, o cultivo do hábito de estudo em pequenos grupos, o registro e o preparo para as avaliações. No segundo volume, LEITURA DE TEXTOS ACADÊMICOS, discuto sobre diferentes “jeitos” de ler, sobre o seu “jeito”, e lhe proponho uma abordagem interativa da leitura. Apresento algumas estratégias e técnicas de leitura para que você possa compreendê-las, exercitá-las e se constituir, assim, em leitor autônomo. No terceiro volume, A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA - I, você ingressará no campo da produção acadêmica. Percorrerá os caminhos da investigação científica para que se dê conta da importância da pesquisa em sua atividade profissional e na sua formação acadêmica. No quarto volume, A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA - II, encontrará textos complementares ao terceiro volume. Esses Fascículos se apresentam como guia de (auto)formação, para apóia-lo em seu processo de estudar-aprender e de construção de autonomia intelectual. As condições de aprendizagem requerem atitude de abertura, de envolvimento e de compromisso: interrogue-se sobre seus hábitos como estudante, como profissional para identificar aspectos positivos e negativos e, sobretudo, coloque em prática as decisões tomadas, diante das descobertas, diante de novo e de seus conflitos. A aprendizagem se dá não pela “aquisição” de conhecimentos, mas pelo desenvolvimento de habilidades intelectuais e pessoais, por vivenciar novas experiências, por construir novos caminhos ou, como diria Paulo Freire: Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 7 “Aprender é construir, reconstruir, constatar para mudar; o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito”. “Ser estudante” é uma aventura, é novo desafio que se põe e impõe em sua vida pessoal, familiar e profissional. E que, certamente, exigirá mudanças, novas atitudes em sua vida. Espero que este Guia o ajude nessa sua aventura! Portanto, mãos à obra! Cuiabá, MT - 1º de julho de 2006. A aventura não ultrapassa somente o conhecer, mas evidencia um exercício paciente e impaciente de quem não pretende tudo simultaneamente, que percebe e é consciente de que o processo é uma sucessão de angústias e de alegrias, de lágrimas e sorrisos, de incertezas e segurança, como também de introspecção tímida ao arriscado vôo da liberdade. (Paulo Freire. Professora sim, tia não) Ser estudante é “um ofício que se constrói, que se aprende” (CARITA et al., 2001, p. 121). Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 8 Pedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentarPedindo licença para me apresentar O primeiro desafio que tive pela frente, ao escrever esses Fascículos, e o seu, ao iniciar sua leitura, é ofato de não nos conhecermos, ainda. Por isso, proponho que o conhecimento sobre “quem somos” seja o ponto de partida neste encontro mediado pelo texto. Você poderá fazê-lo enviando-me mensagem, com texto e foto, se quiser, para meu endereço eletrônico: oreste@nead.ufmt.br. Eu o farei, agora, fazendo uso da palavra escrita. Sou Oreste Preti, oriundo da Itália e naturalizado brasileiro. Vim para Mato Grosso há mais de 30 anos e passei a maioria destes anos aqui em Cuiabá, como professor da Universidade Federal de Mato Grosso, atuando no departamento de Teorias e Fundamentos da Educação. Sempre trabalhei com a formação de professores, sobretudo em áreas de fronteira agrícola, ao norte do Estado, a mais de 600km da Capital. Em 1992, fiz parte da equipe que, no interior da universidade, se propôs buscar outras saídas para dar conta do contingente de professores não titulados em nível superior, que atuavam na rede pública em Mato Grosso (na época eram mais de 5.000). Para superar as distâncias geográficas e os escassos recursos financeiros e humanos, a alternativa que foi se desenhando como mais viável foi a modalidade de Educação a Distância. Tivemos de superar preconceitos e resistências quanto à modalidade, no interior do próprio Instituto de Educação e nas instâncias por onde a proposta teve de passar para receber sua aprovação. Fazer educação a distância, naquele momento, era um ato de coragem e de temeridade, pois essa modalidade era avaliada negativamente pela maioria dos educadores e gestores da Educação, era considerada uma “educação de 3ª categoria”! Em fevereiro de 1995, iniciávamos a primeira experiência, no País, de um curso de graduação a distância. Hoje, este curso está disseminado por todo o Estado, atingindo mais de 5.500 professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, também, expandiu-se para outros Estados, onde as universidades públicas locais assumiram a coordenação e execução do curso de Licenciatura. Atualmente, existem mais de cem instituições de ensino superior credenciadas oferecendo cursos de graduação a distância, no País, abarcando mais de trezentos mil alunos matriculados. Isso vem contribuindo para que essa modalidade se consolide e passe a fazer parte das práticas educativas cotidianas e regulares. O que estou propondo, na caminhada deste guia, é o resultado de reflexões particulares e coletivas construídas durante mais de 20 anos, como pesquisador e como professor de Metodologia da Pesquisa, em cursos de graduação e pós-graduação. Confesso, porém, que a re-elaboração deste material foi assumida por mim como novo desafio, não somente pelo curto prazo e pelas inúmeras atividades que me roubam o tempo da leitura e da reflexão, como pela expectativa que tenho em relação à sua formação e aos seus saberes e às suas competências e experiências. Reconheço que todo texto é provisório e limitante. Por isso, as críticas que você fizer a esses Fascículos serão bem-vindas. Ficarei agradecido. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 9 PREPARANDO-ME PARA A AVENTURA 11 CAPÍTULO UM – MEU JEITO DE ESTUDAR 33 CAPÍTULO DOIS – ESTUDANDO E APRENDENDO 51 CAPÍTULO TRÊS – PLANEJANDO MEU ESTUDO 65 CAPÍTULO QUATRO – ESTUDANDO EM GRUPO 77 CAPÍTULO CINCO – FAZENDO ANOTAÇÕES 83 CAPÍTULO SEIS – AVALIANDO MINHA CAMINHADA 99 CONSIDERAÇÕES 111 BIBLIOGRAFIA 117 GLOSSÁRIO 121 SUMÁRIO Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 11 PREPARANDO-ME PARA A AVENTURA Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 12 Neste primeiro volume, você encontrará algumas informações que poderão ajudá- lo a ser tão eficiente e produtivo em seus estudos como você é em suas atividades do dia-a-dia. Aqui você poderá se reconhecer como estudante, conhecerá o processo de “como aprender” e identificará estratégias e caminhos de “como estudar” que, certamente, proporcionarão que sua caminhada no curso seja mais proveitosa e prazerosa. Por isso, esses primeiros meses serão uma espécie de “preparação”, de “iniciação” à aventura de ser estudante num curso a distância. Que isso implica em sua vida pessoal e profissional? Que sentidos dar a essa aventura? Que significa estudar a distância? Como melhor usufruir dessa travessia no curso? É sobre isso que lhe proponho uma conversa neste início do curso. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 13 Como você está, hoje, ao iniciar o curso? Quais são suas expectativas? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Essas poucas linhas, traçadas aqui como em outras páginas do Guia, foram colocadas com o intuito de provocá-lo a escrever. Não pretendo limitar suas possibilidades de expressão escrita. Por isso, se quiser, faça o registro de suas reflexões, suas dúvidas, seus questionamentos, que irão surgindo ao longo da leitura desse Fascículo, como dos demais no andar do curso, em seu diário pessoal, uma espécie de “Memórias” da sua aventura de Ser Estudante! Você acha que Ser Estudante é uma aventura? Que sentidos você dá ao título deste guia metodológico? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Convido você, amigo leitor, que busque em suas memórias, ou em suas fantasias e sonhos, uma situação em que uma aventura se tenha configurado, desenhado, para ir estabelecendo comparações, identificando divergências, diferenças com o que irei expor, e ir tecendo a trama de sua aventura. Feche seus olhos e se deixe levar nessa aventura, como barco em alto mar, acompanhando o balanço das ondas e a direção dos ventos, ou como pássaro voando para atingir os picos da montanha, em vôos ousados e desafiadores. Mas tenha sempre à mão a bússola para se orientar na aventura, e o olhar fixo nos objetivos e nos sonhos a alcançar. 1 A AVENTURA A palavra “aventura”, etimologicamente, significa “o que vem pela frente” (ad-venire). Implica situações novas e atitudes a serem desencadeadas diante dessas situações que você precisará identificar e analisar para poder tomar decisões que a levem para onde quer ir. Pode ser associada a situações lúdicas, gostosas e também pode remeter a momentos de perplexidade, de surpresas. Veja algumas possibilidades de sentidos. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 14 Determinação passa a idéia de algo já demarcado, que não pode ser modificado. 1- “Aventura”, inicialmente, pode comportar situações não previsíveis, que não podem ser antecipadas. Você poderá estar se perguntando: o que me espera pela frente? Como será o curso? Será que vou dar conta? A não-previsibilidade traz sentimentos de incerteza, de estar diante do “incógnito”, do não-saber, do inesperado, do que escapa ao programado, do definido. Existem situações e condições objetivas (muito mais do que “determinações”), (im)postas pelas políticas econômicas e sociais, pelo sistema educacional, pelas instituições em que você atua ou com as quais se relaciona. Existem as condições/situações subjetivas, sua vida particular e familiar, sua formação, seus valores e crenças. São condições/situações que não podem ser antecipadas.Vão acontecendo, se configurando, se constituindo, nos atingindo e nos transformando, num processo contínuo e incessante de auto-organização, (auto)formação. Mas, o não previsível pode apontar, por outro lado, o novo, a descoberta, a conquista. Você poderá se aventurar por “mares nunca dantes navegados”, para atingir novas fronteiras, superando os limites postos e impostos, em busca de novos mundos, de novas terras, à conquista de novos territórios. Sentir-se-á bandeirante, explorador, herói, aventureiro em suma. É o momento em que ingressa em “novos” territórios, espaços, valores, concepções, em que encontra, defronta e afronta situações novas e sujeitos diferentes. Aventura, então, é travessia, é abandonar a margem segura em que está apoiado e seguir rumo à outra margem. No meio, tudo pode acontecer! Eu atravesso as coisas e no meio da travessia não vejo! Só estava entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada [...] a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda e num ponto muito mais em baixo, bem diverso do que em primeiro se pensou. Viver não é muito perigoso? (G. Rosa. Grande Sertão: Veredas). Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 15 Talvez, já tenha vivenciado situações parecidas com essa que Guimarães Rosa descreve. Você deixa a margem segura da situação em que se encontra em busca da outra margem, sem ter certeza em que tudo isso vai dar, mas se aventura pelo desejo de realizar projetos, pela insatisfação perante a situação atual, por situações inesperadas. Não importa o motivo, é impulsionado pela busca de sua realização pessoal e profissional. Essa não-previsibilidade pode provocar, também, emoção, desejo, prazer, pois a perspectiva dos desafios, dos sonhos a alcançar, dos desejos a realizar a impulsiona para a ação e, mesmo que o êxito não emirja de imediato, pela ação é possível lançar perspectivas para o êxito. Como lidar com esses sentimentos, aparentemente opostos, de incerteza, que assustam, e do desejo da descoberta que a incitam e motivam para continuar na aventura? Primeiramente, estando em atitude de “abertura” ao aprender, ao encontro, à descoberta, à esperança, ao prazer; em atitude de querer aprender com o novo, com o inesperado, com os acontecimentos, com os outros e buscar meios para que isso se realize. Para educar, entre tantas outras competências, o que importa, principalmente, é abrir a voz que vem do coração. (Alceu Vidotti) As raízes de uma árvore podem ser amargas, mas o que importa é que seus frutos sejam doces, abundantes e saborosos. (Provérbio oriental) Estivemos, ao longo de nossa formação, presos às mãos de Atenas (deusa da razão). Queremos sempre ter a certeza de que estamos pisando em solo seguro e, como “estudantes”, queremos respostas às nossas dúvidas, aos nossos questionamentos. Por que não sentir a sensação prazerosa de tocar nas mãos de Vênus (deusa do prazer), para que tenhamos a possibilidade de “sentir” muito mais do que “compreender”, de sentir o prazer em aprender, em viver, em estarmos juntos, compartilhando experiências e saberes? Diz o dito popular que a vida é uma escola, “a escola da vida”. Aprendemos com a vida, mas isso exige de nós humildade e sabedoria para aceitar isso e para que a aprendizagem se processe. Isso demanda a atitude de escuta, uma atitude de entrega, de liberdade. Mais do que ouvir, sentir a fala do outro como possibilidade, ao invés de verdade, ou de ofensa. Aproveitar as oportunidades das falas dos outros para revisitar nosso eu, sem condenações ou recusas e, se possível, reinventar conceitos. Na nossa cotidianidade somos mais de proferir palavras, não importa o que, do quê, escutar, de saber diferenciar e identificar vozes e sentir as falas dos outros. Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. (Raul Seixas) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 16 “Escuta que eu falo” deve ceder lugar à atitude bíblica do “Fala que eu escuto”. Isso possibilitará que, em nossa vida, haja encantamento, surpresas, e não a monotonia, a rotina do fazer cotidiano, ou a “tirania dos fatos”, como nos adverte o sociólogo Pedro Demo em suas obras. Atitude de envolvimento e comprometimento, de mergulhar com o coração, de apaixonar-se por aquilo que se está realizando. Estar envolvido com o que fazemos é perspectiva de aprendizagem, de construção, tornando a aventura algo inesquecível, entusiasmante, como se uma força divina habitasse dentro de nós. Envolver significa sentir a sensação de aconchego, de calor, de agradabilidade. Estar envolvido é deixar-se seduzir. A passagem pelo curso deve ser “sentida” por você, vivida, usufruída em suas dimensões cognitiva e afetiva. É fazer diferente do mítico herói grego Ulisses que queria sentir o canto das sereias mas que, por medo de ser seduzido por ele, se fez amarrar ao mastro da embarcação por seus companheiros de aventura. É fazer diferente de seus marinheiros que, ao passarem pela ilha, remavam com os ouvidos tapados para não ouvir e serem aprisionados pelo encanto do canto. Muitas vezes, agimos como o astuto Ulisses que quer fruir da beleza do canto sem a ele sucumbir, ou como marinheiros que recusam enfrentar o perigo do encanto e conduzem o barco sem usufruir desse prazer sedutor. Podemos agir diferentemente: abrir os ouvidos e os braços, experimentar, se aventurar e não renunciar, não ficar só no desejo, com medo de ser apanhado por ele. É ousar como fizeram Adão e Eva, Prometeu, Pandora que romperam com normas e privilégios divinos, ou até como Ícaro que desafiou a própria natureza, recorrendo a uma técnica para imitá-la e subvertê-la. 2 - Aventura não é um “aventureirismo”, um jogo, uma brincadeira, um faz- de-conta: “Vou entrar para ver o que vai dar; se não gostar, caio fora”. Não é um caminhar “sem lenço nem documentos”. Seria uma atitude de irresponsabilidade entrar no curso com esse espírito. É um projeto a ser realizado, materializado, um projeto que é seu, mas não somente seu. Também as palavras são uma espécie de conchas as quais temos de encostar o ouvido com humilde atenção, se quisermos aprender a voz que dentro deles soa. (Antonino Paglioro) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 17 Por isso, ao aceitar entrar nessa aventura, ao ingressar no curso, você firma um pacto político-pedagógico com a instituição, uma espécie de “aliança”. Nisso, estão implicados a instituição, a equipe pedagógica, professores especialistas, orientadores, colegas de curso. Em segundo lugar, se a proposta dessa aventura é institucional, a decisão de participar dela, de estar nela, é sua. Trata-se de seu projeto de vida. Quando digo que esse envolvimento é pessoal, não significa que é somente seu, mas que envolve a família, as pessoas que fazem parte do seu cotidiano, que estão ao seu redor, das pessoas que você ama. Elas, direta ou indiretamente, participarão dessa sua aventura, algumas para dar apoio, assumindo tarefas que antes eram suas, oferecendo o ombro amigo nos momentos de desânimo, incentivando; enquanto outras poderão colocar obstáculos, não aceitando os momentos de afastamento do lar, o tempo ocupado no estudo, suas mudanças na maneira de olhar para a vida, seus ensaios para novas práticas. Você está neste curso porque você compactua sua proposta curricular e aposta na modalidade a distância. Por isso, trata-se de compromisso que não é somente da instituição implicada, mas, sobretudo, seu. Por que está neste curso? Quais os motivos que o levaram ao curso? É importante salientar que você não está numa aventura qualquer. É SUA AVENTURA! As decisões serão pessoais. Você irá definindo o roteiro, tornando-se protagonista da aventura. Isso demanda responsabilidade, disciplina, reorganização da vida pessoal e familiar também, desenvolvimento de método de estudo, autogestão, controle do estresse, auto-estima positiva. Estar nessa aventura, então, é caminhar com sentido, sabendo para onde você está se dirigindo. Não há vento favorável,nos ensinam os sábios, se o argonauta não sabe a que porto conduzir com segurança seu navio e atracar. Inicialmente, é uma proposta institucional, produzida no bojo de políticas educacionais. É o projeto de uma instituição, de parceria com outras instituições, de uma equipe de educadores que tem objetivos, uma direção, uma intencionalidade, um sonho a realizar: a formação de profissionais, a ser construída sobre novos paradigmas que possibilitem o desencadear de práticas inovadoras. Duas características marcantes do ser humano: temos um pé na aventura e o outro na segurança (Karl Jaspers - filósofo) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 18 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No seu município, talvez, como na maioria dos municípios do País, algum curso a distância está sendo oferecido. Você sabe quando começou ser desenvolvida essa modalidade de ensino e o que vem a ser? Há autores que apontam as origens dessa modalidade de ensino, na Antiguidade, nas Cartas que os Apóstolos escreviam para as comunidades cristãs longínquas. Para outros, o início da EaD foi marcado quando a “Gazeta de Boston”, em 20 de março de 1728, publicou o anúncio da oferta de um curso de taquigrafia por correspondência. No entanto, o desenvolvimento de ações institucionalizadas de EaD vamos encontrá-lo a partir de meados do século XIX, com a criação das primeiras escolas por correspondência destinadas, por exemplo, ao ensino de línguas, a cursos de contabilidade ou de extensão universitária em países como a Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Suécia. Com o aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de transporte e com os surgimento do rádio e, posteriormente, da televisão iniciou-se uma fase de expansão pelo mundo da EaD, ou, como alguns autores preferem, da Teleducação. Porém, é a partir da década de 1970 que a modalidade a distância passou a fazer parte das políticas de Estado para dar conta de uma nova conjuntura econômica e política: crescente demanda de qualificação da mão-de-obra nas indústrias, graves problemas enfrentados pelo sistema formal de educação, processo de democratização da sociedade, desenvolvimento das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs). Educação Aberta e a Distância (EAD); Educação a Distância (EaD) Tele - do grego - distância. São criadas, assim, as mega-universidades de Educação Aberta e a Distância (EAD) em diversos países, como Grã-Bretanha, Espanha, Índia, Tailândia, Turquia, Sud-África, que atendem a cem, duzentos e a mais de quinhentos mil alunos, como a China TV University System. Mega – porque atendem a mais de cem mil estudantes! Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 19 Hoje, na maioria dos países do mundo, o ensino a distância vem sendo empregado em todos os níveis educativos, desde a Educação Básica até a pós- graduação, assim como também na educação permanente, atendendo a milhões de estudantes que fazem seus cursos sem sair de casa ou do local de trabalho. No Brasil, a EaD também tem uma trajetória que se inicia nas décadas de 1930-40, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (1923), mas somente na década de 1970, durante a ditadura militar, é que ela tomará vulto e expressão com a criação, pelo Governo Federal, do Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL) e com a implementação de diversos programas nacionais para atender a demandas emergenciais, como o Projeto Minerva, o MOBRAL, o Programa LOGOS. Mais recentemente, o governo Federal desenvolveu os Programas Um Salto para o Futuro (1991) e o Telecurso 2000 (1995). Paralelamente ao caminho percorrido pelo governo federal, encontramos instituições privadas ou públicas ousando projetos educativos próprios, utilizando-se da modalidade de Educação a Distância, como o Instituo Universal Brasileiro (1941), o Centro Educacional de Niterói (CEN), a Fundação Educacional Padre Landall de Moura, a Fundação Padre Anchieta (1967), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC, 1976), a Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (1971), o Centro de Educação a Distância (CEAD, 1980) da Universidade de Brasília. Na trajetória atual da EaD, alguns fatos importantes: - 1986: criação de uma comissão de especialistas do MEC e Conselho Federal de Educação, para a viabilização de propostas em torno da Universidade Aberta que, somente em 2006 se concretizou; - 1992: criação da Coordenadoria Nacional de Educação a Distância na estrutura do MEC que apresenta o documento “Proposta de Diretrizes de Política para a Educação a Distância”; - 1995: criação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) com a finalidade de desenvolver uma política específica para a EAD; - 1996: com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases, incentiva-se a criação de sistemas cuja base seja o ensino individualizado, como a EAD (Art. 80); - 1995-2000: algumas universidades públicas começam ensaiar suas primeiras experiências em EaD, com a oferta de cursos de Licenciatura, como a Universidade Federal de Mato Grosso (1995), a Universidade Federal do Paraná (1998), a Universidade Estadual o Ceará (1999), a Universidade Estadual de Santa Catarina (1999); Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 20 Você sabia que... A Universidade Federal de Mato Grosso, por meio do seu Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD) ofereceu o primeiro curso de graduação a distância no País, em 1995, visando a formação dos professores da rede pública que atuam nas primeiras quatro séries do Ensino Fundamental. Foi, também, o primeiro curso de graduação a distância a ser reconhecido pelo MEC (Portaria 3220, 22/11/2002). Ao longo desses anos têm atendido a mais de 5 mil professores da rede pública de ensino do Estado de Mato Grosso, em parceria com a UNEMAT. É importante ressaltar que essa experiência tem se expandido para outros Estados, atendendo a mais de 16 mil professores da rede pública, em parceria com universidades públicas locais, consolidando-se e tornando-se referência nacional no campo da formação de professores e na modalidade a Distância. Em 2006, mais de 200 instituições credenciadas pelo MEC ofereceram seus cursos a mais de 1.2 milhão de alunos. Se pensarmos que em 2000 eram apenas algumas centenas os alunos matriculados nas primeiras 5 instituições credenciadas, podemos ter uma idéia da expansão dessa modalidade aqui no Brasil. Assim, o Brasil vem construindo sua história na EaD, ampliando a oferta de cursos, envolvendo um número cada vez maior de instituições públicas, rompendo com as barreiras do sistema convencional de ensino e buscando formas alternativas para garantir que a educação inicial e continuada seja direito de todos. - 2006: pelo Decreto n. 5.800 (8/06/2006) fica instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta pública de cursos e programas de educação superior no País. Há, neste sentido, um rompimento do conceito de distância. A educação está mais próxima para uma parcela cada vez maior da sociedade (não está mais “a distância”, distante) e as tecnologias da comunicação possibilitam o diálogo e a interação entre pessoas, em tempo real, tornando sem sentido falar em “distância” no campo da comunicação. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 21 Na década de 1970, falava-se da Educação a Distância como uma metodologia, como uma nova Didática, capaz de organizar uma estrutura voltada para a “auto-aprendizagem”, para a “Independência Intelectual”. Acreditava-se estar realizando o sonho do pedagogo Johannes Amos Comênio (1592-1670) de “ensinar tudo a todos”. Hoje, prefere-se falar em modalidade, ou em prática educativa, em proposta alternativa. Pessoalmente, a considero uma prática social situada, mediada e mediatizada, uma maneira de fazer educação, de democratizar o conhecimento, de disponibilizar mais uma opção aos sujeitos da ação educativa, fazendo recurso às tecnologias que lhes são acessíveis (PRETI, 1996, p. 27), e que lhes possibilita a ressignificação de suas práticasprofissionais e sociais, de sua vida, de sua relação consigo mesmo, com os outros, com o meio. Para o Ministério da Educação, Mas como funciona um curso a distância? No projeto político-pedagógico do curso, que você já leu e discutiu com colegas e orientadores, encontrou explicações detalhadas e particulares sobre o funcionamento e a organização de um curso dentro da dinâmica do sistema da modalidade a distância. Se algumas dúvidas ainda permanecem, leia novamente, com maior atenção o tópico que trata desse tema. Nada melhor, porém, que a vivência nesse curso para entender essa dinâmica, não é verdade? Mas, o que vem a ser Educação a Distância? Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 22 www - world wide web - teia de alcance mundial. Quer saber mais sobre Educação a Distância? Navegue pela Internet e procure textos, artigos, cursos, etc. nos servidores de busca (como Google, Cadê) e nos seguintes sítios: MEC/SEED (Secretaria de Educação a Distância) www.mec.gov.br/seed Guias: www.guiaead.com.br www.anuarioead.com.br REDES UAB (Universidade Aberta do Brasil) http:\\uab.mec.gov.br UNIREDE (Universidade Virtual Pública Brasileira) www.unirede.br Universidade Virtual Brasileira www.univir.br CEDERJ (Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro) www.cederj.edu.br On-Line UVB (Rede Brasileira de EaD – Univ. Virtual Bras) – www.uvb.br RICESU (Rede Católica Ensino Superior) www.ricesu.com.br Associação e-learning Brasil www.elearningbrasil.com.br Rede Senai de EaD www.senai.br/ead Associação Brasileira de EaD www.abed.org.br Revistas – artigos www.nead.ufmt.br (em: Produção Científica) www.icoletiva.com.br www.nied.unicamp.com.br/oea www.proinfo.gov.br www.teleduc.nied.unicamp.br www.aquifolium.com.br/educacional/artigos www.saladeaulainterativa.pro.br Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 23 3 SER ESTUDANTE “A DISTÂNCIA” Fiz opção pela terminologia “estudante” por ser a mais usual nos diferentes níveis de ensino, além de apresentar diferentes sentidos em sua raiz etimológica. Estudar, do latim studére - , significa: examinar, analisar, trabalhar em, dedicar-se a, ter afeição a, desejar, comprazer-se em, interessar-se por. À luz da etimologia, abarca as dimensões da reflexão e da emoção, da razão e da paixão, da ponderação e do envolvimento, integrando palavra, ação, sentimento, compreendendo o ser em sua unidade e totalidade. No estudar há envolvimento reflexivo e prazer, o lado sisudo, duro, a exigir sacrifício, disciplina, renúncia, e o lado prazeroso do conhecimento novo que faz descortinar horizontes mais amplos e paisagens com novas cores. É uma atitude e uma prática que não são passageiras, mas contínuas, permanentes, ao longo da vida. Daí por que falamos em “ser estudante” e não em “estar estudante”. O verbo infinitivo “ser” implica estado, não no sentido de algo fixo, rígido, mas como atitude permanente, como condição da existência humana e não transitória (estar). “Ser estudante”, o aprender continuamente, faz parte da condição humana. Trata-se, porém, de estado não inato, dado (pronto, acabado), mas “enato”1 (em-ação), em construção. Temos que reforçar o verbo ser muito mais do que o substantivo/adjetivo estudante, pois somos ação mais que objeto, somos movimento, transformação, mudança, mais do que um estado, algo definido e acabado. Por isso, “ser estudante” é condição a ser construída ao longo do curso. O “estar numa universidade” tem implicações pessoais, profissionais, sociais e políticas, com repercussões durante o curso, ao longo de toda vida. Contudo, dependerá de você se colocar nesse curso, nessa instituição em atitude de “ser estudante”, não como alguém que busca simplesmente um título, esperando impacientemente pelo rito de passagem para uma titulação superior. 1 O psicólogo norte-americano Jerome S. Bruner (1915-), que pesquisou o desenvolvimento da linguagem e do conhecimento pelas crianças, utiliza esse termo para caracterizar o primeiro nível de desenvolvimento cognitivo da criança, quando ela representa o mundo pela ação. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 24 Leia a obra bem- humorada de Allan e Bárbara Pease (Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?) e a de J. Gray (Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus). É também atitude a ser construída ao longo da profissão. Esse curso foi proposto para que você pudesse fazer uma avaliação da sua maneira de atuar como profissional, da sua pedagogia, dos conhecimentos teóricos e metodológicos, da visão de mundo que nutre seu cotidiano. Estar no curso é um momento único e privilegiado que você está tendo, que poderá agarrar e aproveitar como passar por ele e sair dele, tendo contribuído muito pouco na modificação de sua prática profissional e de sua vida. Trata-se também de atitude a ser construída ao longo da vida. Sobretudo porque o ato de estudar, de aprender, implica em atividade não somente cognitiva, mas também afetiva e corporal, durante toda vida, desenvolvendo no ser humano qualidades como autoconhecimento, autonomia, auto-organização. Finalmente, não podemos tomar “estudante” como substantivo genérico (ser “um” estudante), ou idealizado (ser “o” estudante), com capacidade de abarcar a totalidade, esquecendo as diferenças de gênero. O estudante e a estudante têm aspectos que se aproximam e outros que os diferenciam. Quanto mais as ciências que estudam o cérebro humano (como as biociências, as neurociências, as ciências cognitivas) avançam, mais se explicitam as diferenças entre os sexos, configurando-as como sendo históricas, sociais, culturais, próprias da constituição humana ao longo de milhões de anos de sua história, fruto de suas ações, intervenções e transformações. Precisamos aprender a lidar com as diferenças e não pretender que sejamos idênticos, iguais na maneira de estudar, de pensar, de perceber, de sentir, de manifestar, de agir, de intervir…. E cada instante é diferente, e cada homem é diferente e somos todos iguais (Carlos D. de Andradade) O ser estudante é uma atitude “a ser construída por você”, com o apoio da sua instituição. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 25 Os Adjetivos passam os substantivos ficam. (Machado de Assis). A universidade necessita tornar-se “univer-sidade”, ter atitude “universal”, atendendo, ao mesmo tempo, à “diversidade”. Daí, a “plasticidade” de um curso a distância que se propõe dar conta de ritmos e formas diferenciados de aprender e que tem como objetivo possibilitar mudanças, transformações do profissional, do cidadão, participante ativo dessa aventura. Mas, o que significa ser estudante num curso a distância? É possível “estudar a distância”, sem a presença física do professor e/ou da instituição? Você pode “aprender a distância”? Você notou como, na educação, adoramos utilizar adjetivos para qualificar nossa ação? Falamos em “educação ambiental, educação para a vida, educação sexual, educação para o trânsito, educação crítica, educação tradicional”, etc. E agora, “educação a distância”. O perigo é centrarmos a atenção nos adjetivos e esquecermos o fundamental, os substantivos: “educação”. Mas por que “a distância”? Essa expressão é usada com o intuito de fazer, geralmente, o contraponto com o “presencial”. Acho que isso está sendo superado. É uma discussão inócua, que não leva a nada. Mais que tudo porque as bases teóricas e metodológicas são as mesmas. O que fazemos, fundamentalmente, nesse ou naquele “formato”, é EDUCAÇÃO! Hoje, as novas tecnologias nos aproximam cada vez mais e melhor, permitem momentos de diálogo sincrônico, de encontro, de vivência, de trocas. Cleci Maraschin (2000), em seu texto “A sociedade do conhecimento e a Educação a Distância”, expõe claramente que a educação é um ato de encontro, de convivência, em que há suspensão temporal e espacial da distância. Pois esse encontro não significa simplesmente encontro de corpos, mas pode significar encontro de olhares, de sentimentos, de pensamentos. sincrônico: ao mesmo tempo.Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 26 A letra da música “Pela luz dos olhos teus”, de Vinicius de Moraes, é fantástica: O encontro de olhares permite o conhecimento do outro e o conhecimento de si mesmo, pelo olhar do outro. Você deve ter experimentado a sensação gostosa de pensar na pessoa amada e senti-la a seu lado, não é? Como nos diz José Armando Valente, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), trata-se de um “estar junto virtual”. Por isso, na EaD fazemos EDUCAÇÃO SEM DISTÂNCIAS!! Mas como se dá esse “estar juntos”? Como dar conta dessa aventura pessoal/ coletiva, particular/institucional? Como você será orientado e apoiado? O projeto político-pedagógico do curso e a modalidade a distância organizaram um sistema de apoio para lhe possibilitar sucesso nessa aventura. Vejamos alguns dos “Instrumentos de apoio” à aventura de ser estudante. O primeiro “instrumento” indispensável e que deverá acompanhar todo o percurso da aventura é o Projeto Pedagógico do curso. Não pode ser encarado como livro sagrado, no qual encontrará respostas para tudo e a ser seguido ao pé da letra; nem como guia rodoviário: “Siga-me e chegará a porto seguro!” Você pode tratar o projeto político-pedagógico como texto hermenêutico a ser “descoberto e interpretado”, isto é, estudado, destrinçado, situado, compreendido, ressignificado na cotidianeidade das práticas do curso, refletindo sobre elas. Pode entendê-lo também como mapa, em que estão delineados os pontos de referência e de orientação (morro, lago, rio, sol, estrelas) para que você possa chegar ao objetivo de sua caminhada: encontrar o tesouro Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar... Ai que bom que isso é! Assista os filmes: Nunca Te vi, sempre Te amei; Mensagem para você. Hermenêutico: relativo à interpretação de leis, de textos. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 27 (descobrirá, talvez, ao final da aventura, que esse tesouro é você mesmo, mas renovado, revigorado, transformado). Caberá a você, com o apoio institucional, decidir se quer subir o morro ou dar a volta; se atravessar a nado o rio ou fazer uma parada, construir uma canoa e fazer a travessia; se guiar-se pela luz do Sol, como sendo única referência, ou pela luz de outros sóis, das estrelas, que se tornam visíveis na escuridão da noite, nos momentos de incerteza e dúvida, como o personagem Mika, vindo de outro planeta, lembra ao amigo terrestre Joakim (Ei! Tem alguém aí? – Vale a pena você ler esse livro de Jostein Gaarder, autor do livro O mundo de Sofia!). O projeto não pode ser como a vidraça de uma janela: embora nos ajude a ver, através dela, consegue nos separar da verdade.É o que nos adverte o escritor e poeta libanêsGibran, em suas Parábolas (p. 46). Os materiais didáticos são outros “instrumentos” disponibilizados. Eles foram pensados e vêm sendo produzidos especificamente para você. Porém, as reações e atitudes de cada um, ao ler os conteúdos propositivos, serão diferenciadas. Alguns serão levados ao questionamento reconstrutivo, à ressignificação de práticas, por alguma das áreas do Núcleo de “Estudos de Formação Básica, ou do Núcleo de “Estudos de Formação Profissional”, ou do Núcleo de “Estudos de Formação Complementar”. Não importa. Acreditamos que isso ocorrerá em algum momento, talvez no início do curso, quando não ao final, ou depois do curso. Pois, não existe um campo do saber que melhor nos “forma”, ou uma seqüência de disciplinas que venham garantir uma compreensão dos fatos, superando o senso comum. Dar-se-á conta que qualquer área do conhecimento pode ser o ponto de partida para uma nova visão de mundo, de sociedade, de universidade e que os conhecimentos estão interligados, uma área necessitando de outras para uma leitura contextualizada, situada. Por isso, os materiais didáticos não podem ser tomados como pedaços de um todo, de um conhecimento a ser simplesmente apropriado e reproduzido, ou como fragmentos de uma verdade, e sim como parte de uma proposta formativa que, mesmo com suas opões teóricas e metodológicas, tem unidade, sentido e direção. Trata-se de uma direção, mas não a única; de um discurso, mas não fechado em si mesmo; de uma verdade, mas que não pode ser tomada como sendo a Verdade!] Temos que entender também que o material didático do curso apresenta suas limitações. É um recorte no campo do saber que necessita ser expandido com leitura de outros materiais bibliográficos e com a pesquisa. Limitar sua formação à leitura dos Fascículos é empobrecer sua formação! Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 28 Discente: quem aprende, estudante. Docente: quem ensina. Professor Um terceiro “instrumento” é a equipe pedagógica do curso (professores especialistas, coordenadores, orientadores). Estão a seu dispor para dar apoio no campo cognitivo, metacognitivo, pedagógico, motivacional, emocional. Apontam direções e oferecem opções, disponibilizam informações, dialogam com base nos textos lidos, nas atividades realizadas, nas dúvidas levantadas, mas sem precisar dar respostas nem soluções, apóiam e orientam pesquisas, provocam inquietação buscando levá-lo ao “questionamento reconstrutivo”, como propõe o sociólogo Pedro Demo. Outro instrumento é a “organização institucional”. É uma instituição que está a seu dispor, e não simplesmente este ou aquele professor ou orientador. Aqui está a diferença, a meu ver, de muitos cursos “presenciais”, em que o professor é o regente, o virador, o malabarista (aplaudido nas salas superlotadas de cursinhos vestibulares), o “artista”. Na modalidade a distância é o coletivo que pensa, discute, toma as decisões, as executa, as avalia e redimensiona. Trata-se de “sistema ensinante” (como afirma a educadora Maria Luíza Belloni), ou melhor, de “comunidade aprendente” (como o antropólogo Carlos R. Brandão gosta de chamar a instituição escolar). Pois, nesta aventura, todos estão em processo ativo de aprender, todos estão envolvidos e participando. A “organização estudantil” é outra possibilidade de apoio em sua formação profissional e política. A instituição, enquanto tal, tem suas Normas, o curso tem seu Regulamento, que você deverá se preocupar em conhecer para saber de seus deveres e direitos. Por outro lado, há instâncias de representação discente, como o colegiado de curso, em que você, na qualidade de estudante, tem seu assento garantido (por meio do processo de representação estudantil), podendo participar das discussões e decisões que afetam sua vida no curso e na instituição. E mais ainda. Você faz parte de uma grande comunidade: os estudantes universitários de sua instituição, que se organizam em Centros Acadêmicos (por curso) e Diretório Central de Estudantes (DCE – que abarca todos os alunos da O projeto aposta numa pedagogia da pergunta, da incerteza, do diálogo, e não na pedagogia da resposta, da certeza e do monólogo. Pois, para o educador Rubem Alves, “as respostas nos permitem andar sobre terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido”. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 29 instituição). Finalmente, você participa também do mundo universitário brasileiro que se organiza mediante a União Nacional de Estudantes (UNE). Os colegas de curso são também “instrumento” precioso nessa caminhada. É verdade que ninguém aprende por nós, que a aprendizagem é um processo pessoal e particular, mas é, igualmente, social, coletivo. Portanto, o encontro com os colegas pode se tornar ponto de apoio necessário, mas não exclusivo, para a aprendizagem, e fator de estímulo para que não desanime da aventura, dela desistindo. O estudo em grupo, a participação em atividades de equipe podem se tornar espaços ricos de troca de experiências e saberes, sem esquecer que o estudo pessoal sempre o antecede. Um time não vai a campo sem o treino e a preparação individual dos atletas; uma orquestra não se apresenta sem o disciplinado e minucioso ensaio individual dos músicos. Há os momentosde acompanhar e apoiar os demais, assim como há o momento do solo. Sua aventura, portanto, não é solitária. Você conta com o apoio e a presença da equipe pedagógica, da instituição, dos colegas. Pode haver muito mais solidariedade do que solidão, mais presencialidade do que ausência, ou distância! Um último instrumento, mas que não o é em ordem de importância e de numeração, é a bagagem de suas experiências e saberes que você traz para essa aventura. Na sua mochila, está a riqueza do seu passado e do seu presente como pessoa, estudante e profissional, carregando seus alimentos e suas ferramentas para essa aventura. Por isso, o projeto do curso propõe como um dos princípios epistemológicos e pedagógicos a experiência profissional, o seu trabalho a ser constantemente observado, analisado, compreendido e reconstruído durante todo o percurso. São “instrumentos” que possibilitam mudanças, transformações. Pois o objetivo do curso não é simplesmente melhor qualificar o profissional, tornando-o mais competente, mais eficiente. O curso intenta formar o cidadão, isto é, um sujeito humanizado, sensível, globalmente capacitado para atuar como pessoa crítica e criativa. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 30 Tudo o que escrevi até aqui e a partir daqui são sentidos e valores dados por mim, como autor. Você, ao ler esse texto, foi emprestando seus sentidos, foi conferindo seus valores, como leitor. Portanto, há os sentidos e valores do autor, bem assim os sentidos e valores do leitor que, não necessariamente, devem coincidir. Pois, eu falo de um lugar não somente territorial, mas sobretudo social, cultural e temporal que me fez como tal; o mesmo se dando com você, leitor, que se constitui em outro lugar, em outro contexto, em outra cultura, em determinado tempo. Em alguns pontos e lugares do caminho nos encontramos, em outros nos afastamos. Experiências, vivências, visões de mundo nos fazem “parecidos” em alguns aspectos, pois fazemos parte da mesma história política, do mesmo contexto sócioeconômico; mas “diferentes” em muitos outros, pois cada um tem sua história particular. Há sentidos (im)postos pela cultura, pelo coletivo e sentidos que afloram do próprio sujeito, da sua maneira de ser e se posicionar no mundo, de suas trajetórias, suas decisões e opções ao longo de sua história de vida, pois os sentidos revelam concepções, visões de mundo, crenças, valores, expectativas, sonhos, desejos. São sentidos aflorados, provocados pelas palavras e pelas emoções. Nós somos palavras e emoções; no mais das vezes, mais palavras que emoções. Há momentos em que as palavras são indizíveis, não exprimindo todos os sentidos que queremos a elas atribuir, limitando-nos, embora possam nos transportar para o mundo do outro. Há outros momentos em que as palavras são mágicas, envolventes, produzindo impactos, transformando realidades, criando em nós outras conexões ou fantasias, não porque elas têm essa força dentro delas, mas porque quem as profere e/ou quem as “sente” é mágico, envolvente, sonhador. Em busca de sentidos e valores Entre tantas outras coisas que poderiam ser ditas nessa sua preparação para a aventura, há uma que, em meu ver, deveria ter sido dita desde o início, mas que, propositadamente, deixei agora para o final. Todo discurso é ideolõgico e político. É espaço de disputa e arena de luta. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 31 Por isso, a “ditadura” da palavra e do discurso “monológico” pode ser rompida pelas emoções, oferecendo novos sentidos e rumos. Pois a realidade é polifonia, é o encontro de diversos “eus”, em nós mesmos e na relação com os outros, de diferenças de subjetividades, de multiplicidade de identidades. Sendo assim, espero que meu texto não tenha o caráter de imbuir verdades, de pretender produzir harmonia sonora e agradável, mas que ele, com acordes e notas dissonantes, possa contribuir na (des)construção de conceitos e de práticas, que, talvez, ao longo desse curso, desejará ressignificar. A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita. (Mario Quintana, A Coisa) Por outro lado, as palavras constroem um discurso que pode se instituir como verdade, como nos chama a atenção Michel Foucault, um discurso unidirecional, a-dialógico, fechado em si mesmo, não revelativo, não hermenêutico, não aceitando outros sentidos, outras direções, outras verdades. Assim, as palavras estariam apagando sensibilidades, imaginações, conexões, provocações e revelações. Foucault (1926- 1984) filósofo francês, abriu novos horizontes à história e à epistemologia. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 33 MEU JEITO DE ESTUDAR CAPÍTULO UM Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 34 Ao final do estudo deste capítulo, você terá condição de: - descrever sua trajetória como estudante; - identificar seus hábitos de estudo; - descrever sua postura diante de uma atividade de estudo. Ao iniciar esta nova aventura, a de ser estudante, quero lhe propor que abra o baú das suas lembranças, onde você vem guardando, não de hoje, seus primeiros cadernos de escola, boletins, fotos, diários... Lembranças de sua trajetória escolar, de seus professores, colegas, suas aprendizagens, experiências, seus medos, sucessos, sonhos..... Que é nosso passado, senão uma série de sonhos? Que diferença pode haver entre recordar sonhos e recordar o passado? (Jorge L. Borges, Cinco, visões pessoais) Lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do passado. (Ecléa Bosi, 1979, p. 17) ... e comece a escrever suas MEMÓRIAS DE ESTUDANTE, do jeito que você quiser, por escrito, com desenhos, em forma de poesia, de peça teatral, em vídeo.... no seu estilo, na sua maneira de ser, de pensar, de se manifestar, sem preocupação com regras, com limites, com censuras. É no jogo das tramas, de que a vida faz parte, que ela – a vida – ganha sentido (Paulo Freire) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 35 Essas memórias são sua história, sua biografia. É um voltar-se sobre você para se compreender. É o registro de sua vivência pessoal, como estudante, sem esquecer que você faz parte de uma História maior, de um contexto político, econômico, social e cultural.! Podemos acenar a algumas pistas que poderão servir ou não na construção de suas Memórias de Estudante: - Como foi sua trajetória escolar? - Que lembranças ficaram, que foram marcantes sobre a escola, colegas e professores? - O que lhe agradou e desagradou? O que foi bom, o que foi ruim? - Que disciplinas e que tipo de professores lhe agradavam ou desagradavam? - Como você era como estudante? - Qual era a “pedagogia” da sua escola? Que valores, concepções e práticas eram “aprovados”? - Em que contexto político e educacional você vivenciou essa experiência? - Que expectativas em relação a esse curso a distãncia? - Como pretende se organizar para poder fazer bem sua caminhada no curso? Só consegui recompor o passado com um pé na erudição e outro na magia. (Marguerite Yourcenar, escritora belga) Certamente, será interessante conversar com pais, avós, tios e tias, irmãos, colegas (e quem sabe, professoras) ...... para que ajudem a buscar, no fundo do baú, memórias de fatos passados, vividos. Neste início do curso vá escrevendo essas memórias do EU ESTUDANTE. Você pode dar outro título, como outros fizeram: Um reencontro com minhas memórias; Pedaços de tempo.... pedaços de vida; Lembranças de estudante, etc. Sim, não nego que, ao avistar a cidade natal, tive uma sensação nova. Não era efeito da minha pátria política; era-o do lugar da infância, a rua, a torre, o chafariz da esquina, a mulher de mantilha, o preto do ganho, as coisas e cenas da meninice, buriladas na memória. Nada mesmo que uma renascença. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas) Conto o passado [...] não propriamente em função do pontode chegada (não “cheguei” ainda, bem o sei), mas em função do ponto em que agora estou. (SOARES, 2001, p. 41) O tempo passado e o tempo futuro, o que poderia ter sido e o que foi, convergem para um só fim, que é sempre presente. (T. S. Eliot, poeta) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 36 Sugerimos que essa produção seja socializada num encontro com os demais colegas do município, ou do Pólo, ou do curso. E que você continue escrevendo essas Memórias, fazendo o registro de sua travessia nesse curso! Nunca nasci, nunca vivi; mas eu me lembro e a lembrança é em carne viva. (Clarice Lispector, romancista e novelista brasileira, 1925-77) 1 – CONHECER-SE Você deve ter ouvido e lido muitas vezes a célebre frase do filósofo grego Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Sobre ela, muito se tem escrito, com diferentes compreensões e interpretações. O que você pensa a esse respeito? É uma frase feita? É repetida sem se pensar muito no que ela quer dizer, ou ela revela sentidos profundos? Como você a interpreta? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ Não há dúvida de que o conhecimento de si mesmo é o ponto de partida para estar bem consigo e para o conhecimento do outro. E você que atua ou vai atuar num campo profissional em que o conhecimento de si e do outro é fundamental, é importante que você se conheça, antes de tudo, como pessoa, como mulher/ homem, como cidadão/cidadã e também como estudante. A melhor maneira de alcançar o autoconhecimento não é pela contemplação, mas pela ação. (Goethe, poeta e dramaturgo alemão) Somos resultado do passado. Nosso pensamento se funda no dia de ontem e em muitos milhares de dias passados. Somos resultado do tempo, e nossas reações, nossas atitudes atuais, são efeitos acumulados de muitos milhares de momentos, incidentes e experiências. (Krishnamurti, A primeira e última liberdade). A (re)construção do [...] passado é seletiva; faço-o a partir do presente, pois é este que me aponta o que é importante e o que não é; não descrevo, pois; interpreto. (SOARES, 2001, p. 40). Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 37 Esse processo de autoconhecimento certamente contribuirá positivamente para que sua caminhada no curso seja efetiva e prazerosa. O que propomos é que você, mediante a leitura das páginas que seguem e de outros textos, inicie e/ou dê continuidade ao processo de autoconhecimento. Vejamos, então, alguns aspectos do seu modo de ser e que, ao serem identificados e compreendidos, podem ajudá-lo a se conhecer e a melhor definir suas estratégias de estudo. Qual é seu ciclo psicofisiológico? Trata-se do ciclo ligado a processos biológicos e ao meio físico, objeto de estudo da Cronobiologia, ciência surgida na década de 1960, que estuda a organização temporal dos seres vivos, ou seja, os ritmos de vida. Ela tem verificado que os ritmos biológicos do corpo humano são diferenciados. A temperatura do corpo sofre variações ao longo do dia; o ponto mais alto é mais propício para desenvolvimento de atividades. E isso varia de pessoa para pessoa. Em que momento do dia você tem mais disposição, torna-se mais irritado ou mais calmo? Durante a semana, quais os dias que você rende mais? Em relação ao tempo, você é muito mais parecido com a coruja (que vara a noite estudando) ou a cotovia (que madruga para dar conta das tarefas)? Em relação ao ritmo, você se parece com a tartaruga (sem pressa, bem devagar), o coelho (sempre apressadinho), ou o sapo (dando pulos, de uma atividade para outra)? Ou você se identifica melhor com outro “animal”? Qual é o seu ritmo de vida? ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Qualquer semelhança com algum desses animais é mera coincidência! As alternativas que encontrará não são excludentes e nem as únicas. Você poderá se identificar com uma ou duas, ou com nenhuma delas. O importante aqui não é buscar se colocar dentro de uma “classificação” (ser isto ou ser aquilo), mas que as questões postas levem você a parar um pouco, olhar para si, descobrir como você é, diante de uma atividade de estudo, e quais as estratégias que você utiliza para aprender. Segundo o Conselho Federal de Psicologia, todo e qualquer instrumento de técnica e ava l iação psicológica é de uso exclusivo do psicólogo. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 38 De que maneira você capta a informação do meio? Sua recepção é mais ( ) visual: sua memória é fotográfica, você tem que estar com o texto na sua frente, lendo para acompanhar as idéias do autor, do palestrante. Você capta as informações quando consegue “visualizá-las”, isto é, você imagina aquela cena, aquele personagem, aquela época. Você localiza a informação no texto, lembra do lugar em que está, da página, do formato. As imagens do texto lido vão passando à sua frente como numa tela de cinema e você vai falando ou escrevendo sobre elas. ( ) auditiva: você interioriza as informações, consegue acompanhar a leitura ou uma fala simplesmente ouvindo e consegue repetir logo em seguida o que ouviu. Sua memória é mais de sons do que de imagens. Sua percepção é mais abstrata do que concreta. ( ) cinestética: você precisa de movimento para que a informação fique retida, isto é, precisa fazer, envolver seu corpo com movimentos. Não basta ler ou ouvir uma informação. Tem que encontrar uma maneira de “traduzi-la”, mediante desenhos, gráficos, exercícios, representações, gestos, etc. Ou você é nada disso ou um pouco de tudo isso? Como você costuma mais facilmente guardar uma informação? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Para melhor entender isso, realize a atividade seguinte: Leia, em voz alta e cadenciada, o seguinte texto: O homem hesitou por um minuto, depois se decidiu bruscamente a correr para uma viatura, parada perto da calçada. Diante da viatura esperava uma mulher de capa preta. A chuva, que caia há três dias copiosamente, tinha transformado o caminho em um atoleiro opaco. O homem atacou, na viatura, dois homens que sorriam. 1 Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 39 Agora leia, silenciosamente, o texto “Ser Estudante a Distância”, na página 23. Em seguida, retorne a esta página. Retornou? Tente, agora, dizer o que você se lembra do texto lido em voz alta, há pouco (“O homem hesitou...”). Você conseguiu lembrar? ( ) Sim você tem boa memória auditiva. ( ) Não Não desanime e nem se preocupe. Talvez você não estivesse suficientemente concentrado ou “ligado” na leitura. Então, repita o exercício uma ou duas vezes. Ou sua memória é mais visual. E como está sua memória visual? Sugiro que realize o “Teste de percepção visual-1”, disponibilizado na página 120 deste Fascículo, seguindo as orientações prescritas. Em seguida, volte a esta página. Agora, escreva, à frente de cada número, o nome do objeto observado, sem voltar à última página para tirar dúvidas! Agora, pode voltar à última página e conferir o numero de acertos! Como você se saiu? Quantos acertos? ( ) entre 15-20 ( ) 10-14 ( ) 5-9 ( ) até 4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 N . N . 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 Nome Nome 2Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 40 Não fique triste se alcançou uma baixa pontuação (até 9). Isso não significa que não tenha boa percepção visual. Terá que se exercitar mais, fazendo exercícios desse tipo, para treinar e reforçar sua memória. Se você conseguiu acertar mais da metade, parabéns! Descreva, agora, o mecanismo, a estratégia utilizada por você na tentativa de memorizar os objetos: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Vamos a mais um teste? Observe a figura de uma paisagem na página 120 deste Fascículo. Em seguida, retorne a essa página e tente descrever, logo abaixo, o que você viu: _________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Agora, e somente agora, compare o que acabou de escrever com a figura da última página. Veja se na sua descrição esqueceu elementos centrais ou detalhes da paisagem. O que na verdade ocorre é que, para percebermos algo, temos que ordenar, sistematizar, relacionar e reconstruir nosso objeto de percepção. Pois, dessa forma, chegaremos a entendê-lo, porque conseguimos senti-lo de forma organizada, estabelecendo relações entre os objetos. Isso é fundamental na atividade de estudo e de aprendizagem! Você é dependente ou independente de seu campo de percepção? Ao realizar suas atividades de estudo ou de trabalho, como você costuma se comportar? Você é ( ) dependente: sua motivação é extrínseca, vem de fora. Você desenvolve as atividades propostas impulsionado por motivos, por forças externas (estímulo das pessoas, por “obrigação”). Por isso, prefere trabalhar em grupo, num ambiente adequado, pois aí você consegue estudar, realizar as tarefas. 3 Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 41 ( ) independente : a motivação é interna, intrínseca. Você é levado por motivações muito pessoais, não precisa que o orientador, os colegas de estudo, os familiares motivem você para o estudo. Por isso, geralmente, prefere trabalhar sozinho e se sente bem com tarefas que exigem de você análise e pesquisa na solução de problemas. Ao realizar trabalho em equipe Você é do tipo ( ) chupim: que põe os ovos nos ninhos alheios para que as outras aves incubem e cuidem de seus filhotes? ( ) joão-de-barro: que faz seu próprio ninho e cuida dos filhotes? ( ) prestativo: oferecendo-se para realizar as atividades? ( ) “fujão”, esquivando-se de assumir tarefas, empurrando-as sempre para os outros, arrumando mil desculpas? ( ) “estou-nem-aí”: dá a entender que vai realizar alguma tarefa, mas não faz e arruma desculpas esfarrapadas para justificar. ( ) galinha-d´angola: aquele que, enfraquecido, sempre se diminui na feitura de um trabalho, ficando na dependência do outro, num eterno gritar: estou-fraco, estou- fraco Como você se percebe? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Qual é o seu temperamento? Você é do tipo ( ) Emotivo: você facilmente manifesta suas emoções e motivações. Vibra com o que está fazendo. Inicia logo, e com entusiasmo, as atividades, mas é dispersivo, pouco disciplinado (pula de uma atividade para outra), temperamental (suscetível a mudanças). ( ) Passivo: você é mais calmo e manifesta suas emoções aos poucos, com reserva. Em relação ao estudo, tem dificuldade para iniciar o trabalho e para se concentrar, mas depois que “pega”, vai. ( ) Primário: tem presença de espírito, manifesta espontaneidade, mas é inconstante. ( ) Secundário: é reservado, reflexivo, consciencioso, mas com um pouco de rigidez no pensar, não aceita facilmente as idéias do outro. Demora para tomar decisões, mas é persistente depois de tomá-las. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 42 Como você se vê? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Qual seu “estilo” de aprendizado? ( ) Ativo: aprende melhor com atividades, quando está envolvido nelas; ( ) Pragmático: aprende melhor quando há uma ligação direta do assunto com situações da vida real. Dá preferência às atividades práticas. ( ) Reflexivo: aprende com atividades que oferecem oportunidade de revisar, com tempo para rever, reler com calma; ( ) Teórico: aproveita bem atividades quando oferecidas como parte de um conceito ou teoria. Gosta de textos que discutem questões teóricas. Que tipo de atividade e/ou leitura você prefere para sua aprendizagem? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Que tipo de abordagem você utiliza para resolver um problema? ( ) Procedimento “às apalpadelas” (ensaio e erro). Vai fazendo e refazendo até acertar. Lê e relê insistentemente, na esperança de chegar ao entendimento de maneira natural. ( ) Heureca (“descobri”). A solução do problema é fruto do esforço, de pensar sobre o problema e buscar soluções. ( ) “Insight”, “há-há ”. Você tem um palpite súbito. De repente, quando menos espera, encontra a solução do problema de maneira simples, como se um clarão iluminasse sua mente. ( ) Procedimento sistemático, organizado, metódico. Descreva como você costuma proceder: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ Heureca - 1a pessoa do perfeito do indicativo ativo do verbo grego heurísko, achar, descobrir - atribuída a Arquimedes ao descobrir o princípio da gravidade específica. Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 43 Lembra aquela espécie de enigma do canoeiro que deve atravessar o rio com um lobo, um carneiro e um pé de couve? Ele pode atravessar somente um objeto por vez, tendo o cuidado para que o lobo não fique sozinho com o carneiro (que banquete!) e nem o carneiro com a couve (hum, que fome!). Que sugestão você daria ao canoeiro? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Descreva a estratégia que você utilizou para resolver a situação. _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ A emoção e a razão se constituem mutuamente. Aquilo que faz parte do nosso intelecto e o que diz respeito à nossa emoção não são coisas separadas. 4 Quanto à organização do tempo Como você lida com o tempo? Você é do tipo: ( ) malabarista: pula de uma tarefa para outra, quer dar conta de diferentes atividades ao mesmo tempo. ( ) perfeccionista: quer fazer tudo “certinho” e acaba não terminando nos prazos estabelecidos. ( ) alérgico a detalhes: começa logo a executar uma tarefa, sem planejá-la devidamente, e com isso acaba se perdendo; ( ) zé-do-muro: nunca toma decisões, vai levando o estudo ao acaso, do jeito que vier, como e quando der; ( ) protelador : seu lema é “Não faça hoje o que puder deixar para amanhã!”; deixa tudo para a última hora, na véspera de exames ou de entregar trabalhos. Deixa tudo para outra ocasião, que se apresente mais propícia, numa constante indefinição, nunca enfrentando o problema. Como você é? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ A porta da razão é o coração (P. Freire) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 44 Quanto à organização do espaço Você é do tipo: ( ) tudo-para-fora: total desorganização, tudo esparramado, fora de lugar alegando que logo irá precisar do material e, portanto, por que guardar livros, apostilas, canetas, etc.? ( ) nada-para-fora: detesta desordem e bagunça. Não inicia o estudo sem que tenha tudo guardado nas gavetas e prateleiras; nada em cima da mesa. ( ) arrumador: confunde organização com arrumação. Para toda hora o estudo para colocar livros, papéis, canetas no lugar. ( ) guardador: é compulsivamente levado a guardar tudo (rascunhos, anotações, fotocópias, trabalhos, etc.), pois acredita que um dia irá precisar. ( ) desajeitado: desleixado, acredita ter coisas mais importantes do que estar arrumando sua mesa, seu material de estudo. ( ) ou então _____________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Você encontrará, ao final do Fascículo, a indicação de obras que tratam de maneira mais exaustiva dessas diferentes maneiras de ser estudante. Hoje, também na Internet, há páginas da web que disponibilizam “testes” de Quociente Intelectual (QI), de personalidade, de autoconhecimento, de auto-ajuda. Não os tome como tendo em si o poder de desvelar como você é, mas como indicativos, apontando tendências, aspectos de seu modo de ser. Nada melhor do que a atitude do observador e do narrador. Observe como você é e registre suas percepções e análises. Isso a ajudará ao processo de autoconhecimento, auto-estima e reflexão. Esses “testes” não são confiáveis, não têm validade como instrumentos de avaliação pessoal! Vamos, agora, direcionar seu autoconhecimento para um aspecto mais específico: o ato de estudar. COMO ESTUDAMOS? No andar de sua trajetória escolar, certamente vivenciou situações, tais como: colegas com dificuldades de aprendizagem, ou abandonando os estudos; uns poucos conseguindo ótimos resultados nas avaliações, enquanto a maioria apresentando desempenho tido por “regular”, alguns sendo reprovados. O conhecimento de si deve levá-lo a gostar de si, à auto-estima positiva, a se sentir realizado na profissão que exerce, ao equilíbrio, ao bem-estar, ao “sucesso” no estudo. Tudo isso, aspectos fundamentais para viver bem e para aprender. Web - rede Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 45 Como você avalia seu passado escolar? Como foi seu “desempenho”? A que motivos ou fatores atribui esse seu desempenho nos estudos? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ Os motivos, os fatores, ou as dimensões envolvidos no “desempenho” podem ser os mais diferentes, relacionados com seu modo de ser, com o ambiente escolar e familiar, além, é claro, com as condições econômicas, culturais. Hoje, existe uma vasta literatura sobre “Como obter sucesso”, “Como passar no Vestibular”, “Vestibular sem estresse”, “Seja ótimo aluno” ,”Como tirar lições do fracasso”. Cursos são oferecidos com intuito de levar o interessado a “aprender a aprender”, a “adquirir segurança a poupar tempo, a eliminar tensões e ansiedades”, a propiciar “velocidade e qualidade na recepção e elaboração das informações”. Todos oferecendo receitas ou pílulas. É só tomar e pronto: o milagre está feito! Se nunca abandonas o que é importante para ti, se te importas tanto a ponto de estares disposto a lutar para obtê-lo, asseguro-te que tua vida estará plena de êxito. Será uma vida dura [...] mas valerá a pena. (Richard Bach – escritor norte- americano). Você concorda com essas afirmações? Por quê? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa, na década de 1970-80, sobre a “eficácia nos estudos”, têm comprovado que a maioria dos estudantes universitários apresenta dificuldades de aprendizagem. Mais ainda: são influenciadas por problemas de leitura e de compreensão; sua superação depende da adoção de estratégias metacognitivas (aprender a aprender) e de orientações motivacionais. O sucesso depende de três fatores: o talento, o trabalho e a chance. (Voltaire, filósofo francês) O sucesso é fruto de 1% de talento, 1% de sorte e 98% de trabalho (Ryoki Inoue – escritor brasileiro com o maior número de livros publicados no mundo - mais de 1.030 livros –segundo o Guinness) Estudar a Distância Uma Aventura Acadêmica 46 Em outras palavras, a maioria dos estudantes não tem “método de estudo” eficaz. Essa situação tem provocado o aparecimento de considerável literatura sobre “Como estudar”, tem levado instituições educacionais a desenvolver cursos de “Metodologia Intelectual”, de “Metodologia Científica”, ou “Projeto de Orientação de estudo” para que os estudantes aprendam a estudar. Até uma nova profissão está surgindo: o “professor delivery”, que vai às residências de estudantes, não para dar “aula de reforço”, mas para ensinar como estudar. Por que eles foram os primeiros. (Veja, 27/2/02, p. 86-91). A receita dos bons alunos. (Veja, 26/5,04, p. 106-8). Feche um pouco este Fascículo e dê um tempo para refletir sobre essas questões. Em seguida, retome a leitura. Mas, veja bem, não vá deixar a gente de lado. Volte, para continuarmos nossa conversa. OK? Como você estuda? Quais são seus “hábitos” de estudante?
Compartilhar