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RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADAS Ronei Tiago Stein Conceitos de meio ambiente Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apontar os conceitos de meio ambiente e impactos ambientais. Identi� car as principais políticas ambientais que apresentam os instru- mentos de gestão. Relacionar a recuperação de áreas degradadas com o desenvolvimento sustentável. Introdução O meio ambiente é um sistema complexo e inteiramente interligado, sendo formado por elementos naturais e artificiais. Ou seja, o meio am- biente apresenta as condições necessárias para as diferentes formas de vida (do homem, da fauna e da flora). Porém, estão inclusos ainda no conceito de meio ambiente as diferentes sociedades, com seus valores naturais, sociais e culturais que existem num determinado local e mo- mento. Os seres vivos, o solo, a água, o ar, os objetos físicos fabricados pelo homem e os elementos simbólicos (como as tradições, por exemplo) também compõem o meio ambiente. Assim, é imprescindível preservá-lo para o desenvolvimento das gerações atuais e das futuras. A preservação do meio ambiente é a própria preservação da vida. Neste texto, você verá os conceitos de meio ambiente, impactos ambientais, as principais políticas ambientais que apresentam os instru- mentos de gestão e a relação da recuperação de áreas degradadas com o desenvolvimento sustentável. U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 13 14/09/2017 13:03:02 Meio ambiente – definições gerais Em relação ao meio ambiente, é de suma importância comentar sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). Esta legislação tem como objetivos a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da digni- dade da vida humana. Mas o que é exatamente meio ambiente? Pode-se dizer que não existe uma resposta unânime, pois meio ambiente pode apresentar diferentes conceitos, de acordo com seus componentes. Porém, deve-se considerar que meio ambiente é o conjunto de todas as coisas vivas e não vivas. Por exemplo, segundo o art. 3º da Lei nº 6.938/81, meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Para a área da ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inani- mado onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente, existem vários fatores externos que exercem influência no organismo. A ecologia tem como objeto de estudo as relações entre os organismos e o ambiente que os envolve. Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, o qual inclui vegetação, animais, microrganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente também compreende recursos e fenômenos físicos, como ar, água e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo, veja na Figura 1. Conceitos de meio ambiente 14 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 14 14/09/2017 13:03:02 Figura 1. Esquematização da definição de meio ambiente. Fonte: NPeter/Shutterstock.com. Ao abordarmos o meio ambiente, é importante comentarmos também sobre ecologia. Barsano e Barbosa (2013) descrevem que a ecologia é uma das ciências de maior interesse na atualidade. A palavra ecologia foi criada há mais de cem anos pelo biólogo alemão Ernst Heinrich Haeckel (1834-1919), que uniu dois termos gregos: oikos, que significa “casa”, e logos, que significa “estudo”. Logo, a ecologia é a ciência que estuda as “casas naturais”, ou seja, os diversos ambientes da natureza, incluindo as relações dos seres vivos entre si e com o ambiente. Os mesmos autores ressaltam que a ecologia ajuda a compreender a im- portância de cada espécie na natureza e a necessidade de preservar os vários ambientes naturais que a Terra abriga. Porém, Barsano e Barbosa (2012) descrevem que não são apenas a fauna e a flora que merecem cuidados, há outros fatores que devem ser observados visando o equilíbrio da natureza, como o espaço físico, a temperatura, a localização, entre outros. O termo biodiversidade (ou diversidade biológica) refere-se à riqueza e à variedade de plantas e animais que são encontrados nos mais diferentes ambientes. As 15Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 15 14/09/2017 13:03:03 plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano. Cada espécie pertence a um determinando ecossistema, fazendo parte de uma biocenose ou mesmo de uma comunidade, e pode sofrer distintos efeitos, como: Fatores bióticos: interação entre os seres vivos (predação, cadeia alimentar, entre outros); Fatores abióticos: interação com o solo, a água, o ar, entre outros. O Brasil é conhecido mundialmente por suas belezas naturais, sendo o País mais rico em número de espécies de seres vivos do mundo. Além da beleza de suas praias, seus rios e mares, ele detém a parte mais extensa da maior planície inundável do mundo, o Pantanal, e da maior floresta úmida do mundo, a Floresta Amazônica (BARSANO; BARBOSA, 2013). Quando há uma extensão de terra com condições bióticas e abióticas similares, ou seja, as grandes paisagens homogêneas da Terra, tem-se um bioma, isto é, o conjunto dos seres vivos de uma determinada área, além de ser entendido também como o conjunto de ecossistemas terrestres. É na biosfera que se encontram os biomas, associações relativamente homogêneas de plantas, animais e outros seres vivos, com equilíbrio entre si e com o meio físico. Como exemplo, pode-se citar a Floresta Amazônica, que é um bioma com vários ecossistemas diferentes de seres vivos e vegetação (Figura 2). Conceitos de meio ambiente 16 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 16 14/09/2017 13:03:04 Figura 2. Floresta Amazônica – exemplo de um ecossistema com diversos seres vivos e vegetação. Fonte: Filipe Frazao/Shutterstock.com. Impactos ambientais Barsano, Barbosa e Viana (2014) descrevem que o desenvolvimento tecno- lógico industrial, a busca desenfreada por riquezas naturais e a falta de um planejamento de recuperação do meio ambiente são as principais origens de um conjunto de consequências negativas ao meio ambiente, como é o caso das grandes catástrofes naturais, as terríveis enchentes e um aquecimento global como nunca visto antes. Assim, ocorrem grandes impactos ambientais, que colocam em risco e ameaçam a qualidade do ar, do solo, das águas, a vida dos animais, da fl ora e até mesmo do homem. Segundo o art. 1º da Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 001 de 1986, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 1. a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 2. as atividades sociais e econômicas; 3. a biota; 4. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 5. a qualidade dos recursos ambientais. 17Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 17 14/09/2017 13:03:05 Os impactos ambientais estão vinculados com a degradação do meio ambiente, que ocorre, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (1990), quando se tem uma ou mais das seguintes situações: A vegetação nativa e a fauna nativa foram destruídas, removidas ou expulsas. Ocorre remoção da camada fértil do solo. Tem-se alterações na qualidade e no regime de vazão do sistema hídrico. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (1990), a degradação ambiental ocorre quando há perdadas características físicas, químicas e biológicas, as quais ocorrem quando apenas o desenvolvimento socioe- conômico é priorizado. Segundo Tavares (2008), o termo degradação ambiental está relacionado aos efeitos negativos ou adversos causados ao ambiente em decorrência, principalmente, da intervenção do homem, sendo raramente empregado para alterações oriundas de processos naturais. Entre os exemplos de degradação ambiental, estão os desmatamentos, as queimadas e os incêndios, a degrada- ção do solo e erosão, o descarte incorreto de resíduos sólidos, os modelos de agricultura não sustentável, a mineração, entre outros. Políticas ambientais Barsano e Barbosa (2013) descrevem que as leis, normas técnicas e outras regulamentações, as quais objetivam a preservação ambiental, bem como o melhor aproveitamento dos recursos naturais no decorrer dos anos, foram efeitos de acontecimentos históricos específi cos em diversos países, sendo moldados conforme as necessidades do momento e a análise dos interesses de todos os envolvidos: os poderes públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil. Especificamente sobre o território Nacional, os mesmos autores descrevem que desde a época das colonizações, passando pela Revolução Industrial até́ o Conceitos de meio ambiente 18 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 18 14/09/2017 13:03:05 início do século XX, os recursos naturais existentes tinham como finalidade atender unicamente a demanda de matéria-prima para o desenvolvimento econômico a curto prazo. Sendo assim, a degradação ambiental não é algo novo na história do Brasil, como pode-se verificar nos seguintes exemplos (BARSANO; BARBOSA, 2013): A exploração do Pau-Brasil e outras madeiras nobres. A economia açucareira dos senhores de engenho. A economia mineradora em várias fases históricas. O ciclo da borracha e o ciclo do café. O crescimento da indústria de base (plataformas de petróleo, usinas hidrelétricas e nucleares, metalurgia, etc.). A ocupação territorial em áreas não habitadas (Amazônia, cerrado, costas litorâneas, etc.). O crescimento urbano por meio das migrações e imigrações. Inicialmente, as legislações ambientais não foram criadas para proteger o meio ambiente, e sim visar para atender aos interesses econômicos. Em um segundo momento, buscou-se a tutela e o controle das reservas naturais exis- tentes no País, porém sem manifestar um conhecimento mais aprofundado ou, simplesmente, ignorando a preservação do meio ambiente como fundamento vital para a preservação da vida, priorizando as metas de desenvolvimento industrial (BARSANO; BARBOSA, 2013). As leis que tratam do meio ambiente no Brasil estão entre as mais completas e avançadas do mundo (PORTAL BRASIL, 2017). De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), existem seis diferentes tipos de crimes ambientais: Crimes contra a fauna: agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória. Crimes contra a flora: destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção. Poluição e outros crimes ambientais: a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural: construção em áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. 19Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 19 14/09/2017 13:03:06 Primeiros instrumentos Legais No Brasil, a discussão sobre preservação ambiental iniciou a partir da década de 1930, época em que a industrialização brasileira começou a se intensifi car, mas o setor econômico ainda era mais importante que as questões ambientais, permanecendo desta forma até o fi nal da década de 1970. Porém, visando garantir o abastecimento das matérias-primas para as indústrias, apareceram as primeiras intervenções do Estado, a fi m de racionalizar o uso dos recursos naturais e evitar que a degradação ambiental não prejudicasse os objetivos econômicos. Barsano e Barbosa (2013) citam alguns exemplos, como: O Código das Águas, regulamentando o uso dos recursos hídricos (Decreto nº 24.643/34 – Lei nº 4.904/65). O Código Florestal, delimitando áreas de preservação permanente e a exploração de florestas e desmatamentos (Decreto nº 23.793/34). O Código de Mineração, que define os princípios para a exploração de jazidas (Decreto nº 1.985/40). O Código da Pesca, que regulamenta a pesca e a exploração dos recursos hídricos (Decreto nº 794/38). O Estatuto da Terra, que define os critérios para a desapropriação e distribuição de terras (Lei nº 4.504/64). Apesar de tímidas, as primeiras leis de proteção ambiental apresentam algumas preocupações em relação à preservação dos recursos naturais, como a aplicação de penas fiscais e criminais em caso de destruição de florestas de preservação, permanente no Código Florestal, e o controle da poluição no Código da Pesca. No entanto, não há como abordar a legislação ambiental sem citar a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). Além de estabelecer os direcio- namentos necessários para o desenvolvimento econômico sustentável, essa lei criou alguns instrumentos visando tal medida: Crimes contra a administração ambiental: afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental. Infrações administrativas: ação ou omissão que viole regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Conceitos de meio ambiente 20 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 20 14/09/2017 13:03:06 O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental. O zoneamento ambiental. A avaliação de impactos ambientais. O licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. As penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambien- tal, seguro ambiental e outros. Porém, Barsano e Barbosa (2013) citam que outra impostíssima contribui- ção da Lei nº 6.938/81 foi a criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), o qual organizou de forma hierárquica e uniforme a coordenação das ações governamentais, agregando todos os órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, incluindo o Distrito Federal, da seguinte maneira: O Conselho de Governo é o órgão superior do SISNAMA e responsável por assessorar o Presidente da República na formulação de diretrizes para a Política Nacional de Meio Ambiente. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão con- sultivo e deliberativo do SISNAMA que estabelece parâmetros federais (normas, resoluções e padrões) a serem obedecidos pelos Estados. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o órgão responsável pelo planejamento, coordenação, controle e supervisão da Política Nacional de Meio Ambiente. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é o órgão executor, responsável por formular, coordenar, fiscalizar, executar e fazer executar a Política Nacional de Meio Ambiente. Os órgãos seccionais são as entidades de cada Estado da federação, responsáveis por executar programas e projetos de controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras. Os órgãos locais, ou municipais, são os responsáveis por atividades de controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras. 21Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 21 14/09/2017 13:03:06 Originada nos Estados Unidos, na décadade 1970, após diversos acidentes ambientais, a auditoria ambiental é um processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se as atividades, os eventos, os sistemas de gestão e as condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a eles estão em conformidade com as legislações ambientais e com a política de segurança da empresa. Existem diferentes tipos de auditorias. Para entender mais sobre o assunto, leia o texto “O que é auditoria ambiental e quais os diferentes tipos?” (PENSAMENTO VERDE, 2014). Sabe-se que algumas atividades antrópicas ocasionam graves passivos am- bientais, os quais alteram as características físicas, químicas e microbiológicas da área, havendo a necessidade de realizar um Projeto de Recuperação de Área Degradada (PRAD). Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2017), pode-se dizer que o PRAD está intimamente ligado à ciência da res- tauração ecológica, ou seja, ao processo de auxílio ao restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Um ecossistema é considerado recuperado e restaurado quando contém recursos bióticos e abióticos suficientes para continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou subsídios adicionais. De acordo com a Lei nº 9.985/2000, em seu art. 2º, há a distinção entre um ecossistema “recuperado” e um ecossistema “restaurado”: Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser dife- rente de sua condição original. Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original. Conceitos de meio ambiente 22 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 22 14/09/2017 13:03:07 A Instrução Normativa nº 4/2011 do IBAMA estabelece as exigências mínimas e orien- tações que visam nortear a elaboração, a análise, a aprovação e o acompanhamento da execução de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) ou Áreas Alteradas, além de apresentar os Termos de Referência para estruturar o PRAD e o PRAD Simplificado. Desenvolvimento sustentável Durante séculos, o homem vem retirando do meio ambiente matérias-primas e devolvendo poluição e contaminação, gerando a degradação ambiental. É uma conta simples. Até o presente momento, a população mundial está retirando mais do que a própria natureza pode repor, logo, precisamos urgentemente rever nossas atitudes. Sem dúvidas, o desenvolvimento da humanidade não pode terminar, porém este deve ser pensado de maneira mais sustentável. Cabe ressaltar que a Recuperação de Áreas Degradadas encontra respaldo legal na Constituição Federal de 1988, a qual define, em seu art. 225: “[...] todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações [...]”. É inevitável a degradação ambiental em áreas que sofrem a influência da atuação humana. Todavia, os empreendedores precisam tomar medidas que visem às boas práticas ambientais durante o desenvolvimento de suas atividades, minimizando os impactos ambientais. Dessa forma, a sustentabilidade surge como uma ferramenta para auxiliar o desenvolvimento com o meio ambiente. Ou seja, esse é um termo usado para definir ações que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. A sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Seguindo esses parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável (Figura 3). 23Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 23 14/09/2017 13:03:07 Figura 3. O uso de fontes de energia mais limpas pode ser considerado uma maneira de promover o desenvolvimento sustentável. Fonte: petovarga/Shutterstock.com. A estratégia de desenvolvimento sustentável visa promover a harmonia entre os seres humanos e entre a natureza. Mas, para isso, a busca do desen- volvimento sustentável requer principalmente: Um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório. Um sistema econômico eficaz. Um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um de- senvolvimento não equilibrado (diferença entre ricos e pobres). Um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento. Um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções (novas tecnologias). Um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento. Um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se. Conceitos de meio ambiente 24 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 24 14/09/2017 13:03:08 Pilares do desenvolvimento sustentável De maneira geral, o desenvolvimento sustentável visa atender três aspectos básicos: o econômico, o ambiental e o social. Estes devem estar totalmente relacionados para que a sustentabilidade se mantenha (Figura 4). Figura 4. Pilares do desenvolvimento sustentável. Fonte: Kjpargeter/Shutterstock.com. Cabe ressaltar que o desenvolvimento pode ser aplicado de um modo macro (p. ex., a um país ou até mesmo para o Planeta num todo) ou de um modo micro, como em uma cidade, um bairro, uma residência ou até mesmo em uma propriedade agrícola. O Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da USP descreve os pilares da sustentabilidade como (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2016?): Social: refere-se ao capital humano de um empreendimento, comunidade, sociedade como um todo. Além de salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos, como o bem-estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradável, pensando na saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescin- dível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Nesse item, estão contidas também situações gerais da sociedade, como educação, violência e até o lazer. Ambiental: refere-se ao capital natural de um empreendimento ou so- ciedade. A princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto 25Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 25 14/09/2017 13:03:08 ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível ameni- zar. Assim, uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planejar formas de repor os recursos ou, se não é possível, diminuir o máximo possível o uso desse material. Além disso, deve ser levada em conta a adequação à legislação ambiental. Econômica: neste pilar, são analisados os temas ligados à produção, à distribuição e ao consumo de bens e serviços, e deve-se levar em conta os outros dois aspectos anteriores. Dentre as medidas que podem ser adotadas tanto pelos governos quanto pela sociedade civil em geral para a construção de um mundo mais sustentável, pode-se citar alguns exemplos: Redução ou eliminação do desmatamento. Reflorestamento de áreas naturais devastadas. Preservação das áreas de proteção ambiental, como reservas e unidades de conservação de matas ciliares. Fiscalização, por parte do governo e da população, de atos de degradação ao meio ambiente. Adoção da política dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) ou dos 5Rs (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar). Contenção na produção de lixo, direcionando-o corretamente, a fim de diminuir seus impactos. Diminuição da incidência de queimadas. Diminuição da emissão de poluentes na atmosfera, tanto pelas chaminés das indústrias quantopelos escapamentos de veículos e outros. Opção por fontes limpas de produção de energia que não gerem impactos ambientais em larga e média escala. Adoção de formas de conscientização do meio político e social das medidas acimas apresentadas. Essas medidas são, portanto, formas viáveis e práticas de se construir uma sociedade sustentável que não comprometa o meio natural tanto na atualidade quanto no futuro, a médio e longo prazo. Conceitos de meio ambiente 26 U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 26 14/09/2017 13:03:08 A Alemanha visa reduzir em 40% as emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2020, por meio de incentivos em combustíveis veiculares mais limpos e pela limitação do uso de carvão. Esse é um bom exemplo do desenvolvimento sustentável, pois precisa haver o incentivo fiscal (econômico) e a participação da sociedade, visando melhorar a qualidade do meio ambiente. 27Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 27 14/09/2017 13:03:09 BARSANO, P. R. BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. São Paulo: Erica, 2012. BARSANO, P. R. BARBOSA, R. P. Meio ambiente: guia prático e didático. 2. ed. São Paulo: Erica, 2013. BARSANO, P. R. BARBOSA, R. P. VIANA, V. J. Poluição ambiental e saúde pública. São Paulo: Érica, 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Centro Gráfico, 1988. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Manual de recuperação de áreas degradadas pela mineração. Brasília: IBAMA, 1990. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Instrução Normativa IBAMA nº 04, de 13-04-2011. Brasília: IBAMA, 2011. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 29 jul. 2017. BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e admi- nistrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2000. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 29 jul. 2017. BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em: 29 jul. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Recuperação de Áreas Degradadas. Brasí- lia: MMA, 2017. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/destaques/item/8705- -recupera%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A1reas-degradadas>. Acesso em: 17 jul. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Brasília: CONAMA, 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 29 jul. 2017. PENSAMENTO VERDE. O que é auditoria ambiental e quais os diferentes tipos? [S.l.]: Pensamento Verde, 2014. Disponível em: <http://www.pensamentoverde.com.br/ meio-ambiente/o-que-e-auditoria-ambiental-e-quais-os-diferentes-tipos/>. Acesso em: 29 jul. 2017. PORTAL BRASIL. Legislação ambiental no Brasil é uma das mais completas do mundo. Brasília: Portal Brasil, 2017. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-am- biente/2010/10/legislacao>. Acesso em: 17 jul. 2017. RODRIGUES, W. N. et al. Recuperação de área degradada. [S.l.: s.n., 2016?]. Disponível em: <http://phytotechnics.com/content/files/livro02-01.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2017. TAVARES, S. R. L. Áreas degradadas: conceitos e caracterização do problema. In: TAVARES, S. R. L. Curso de recuperação de áreas degradadas: a visão da ciência do solo no contexto do diagnóstico, manejo, indicadores de monitoramento e estratégias de recuperação. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2008. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais. Pilares da sustentabilidade. São Paulo: USP, [2016?]. Disponível em: <http://www.lassu.usp.br/sustentabilidade/pilares-da-sustentabilidade/>. Acesso em: 10 jul. 2017. 28Conceitos de meio ambiente U1_C01_Recuperação de áreas degradadas.indd 29 14/09/2017 13:03:10 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Página em branco Página em branco
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