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Curso de Direito da Criança e do Adolescente - Kátia Maciel

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CURSO DE DIREITO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE: 
Aspectos Teóricos e Práticos
www.lumenjuris.com.br
EDITORES
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KÁTIA MACIEL
Coordenadora
CURSO DE DIREITO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE:
Aspectos Teóricos e Práticos
4a edição
Revista e Atualizada 
Conforme Lei nº 12.010/2009
EDITORA LUMEN JURIS
Rio de Janeiro
2010
Copyright © 2010 by Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
1a edição: 2006; 2a edição: 2007; 3a edição: 2008; 4a edição: 2010
Categoria: Direito Civil
PRODUÇÃO EDITORIAL
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
A LIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA.
não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra.
É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer 
meio ou processo, inclusive quanto às características 
gráficas e/ou editoriais. A violação de direitos autorais 
constitui crime (Código Penal, art. 184 e §§, e Lei no 10.695, 
de 1o/07/2003), sujeitando-se à busca e apreensão e 
indenizações diversas (Lei no 9.610/98).
Todos os direitos desta edição reservados à
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil 
Dedicatória
A Deus, a quem servimos: toda a honra. 
Aos nossos familiares, pelo apoio e inspiração: todo o nosso amor.
Agradecimentos Especiais
À Rosa Carneiro, nossa querida colega, pelo dedicado trabalho de
orientar e rever nossos textos, com a colaboração preciosa de Maria
Eugênia Monteiro Cavalcanti: dois expoentes da área do Direito infanto-
juvenil carioca. 
À equipe da Assessoria de Direito Público, da Biblioteca do
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e do 4º Centro de Apoio
Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro, pelo material de pesquisa disponibilizado.
Sumário
Autores .......................................................................................................................... xix
Nota da 4ª Edição .......................................................................................................... xxi
Apresentação................................................................................................................. xxiii
Prefácio.......................................................................................................................... xxv
PARTE I
O DIREITO MATERIAL SOB O ENFOQUE CONSTITUCIONAL
Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente ..................................... 3
Andréa Rodrigues Amin
1. Idade Antiga, 3; 2. Idade Média, 4; 3. O Direito Brasileiro, 4; 4. O Período Pós-
Constituição de 1988, 8; Referências Bibliográficas, 10. 
Doutrina da Proteção Integral ..................................................................................... 11
Andréa Rodrigues Amin
1. Introdução, 11; 2. Documentos Internacionais, 11; 3. Da Situação Irregular à Pro-
teção Integral, 12; 4. Jurisprudência sobre o Tema, 15; Referências Bibliográficas, 17.
Princípios Orientadores do Direito da Criança e do Adolescente............................ 19
Andréa Rodrigues Amin
1. Considerações Iniciais, 19; 2. Princípio da Prioridade Absoluta, 20; 3. Princípio do Me-
lhor Interesse, 27; 4. Princípio da Municipalização, 29; Referências Bibliográficas, 30.
Dos Direitos Fundamentais .......................................................................................... 31
Andréa Rodrigues Amin
1. Considerações Gerais, 31; 2. Direito à Vida, 31; 3. Direito à Saúde, 32; 3.1. Nasci-
turo e Atendimento à Gestante, 33; 3.2. Saúde de Crianças e Jovens, 40; 3.3. Porta-
dores de Necessidades Especiais, 43; 3.4. Doentes Crônicos, 43; 3.5. Direito a Acom-
panhante, 44; 4. Direito à Liberdade, 45; 5. Direito ao Respeito e à Dignidade, 48; 6. Di-
reito à Educação, 49; 6.1. Igualdade, 50; 6.2. Acesso e Permanência, 51; 6.3. Níveis e
Modalidades de Ensino, 53; 6.4. Ensino Noturno, 56; 6.5. Educação de Jovens e Adul-
tos, 57; 6.6. Flexibilização do Ensino, 57; 6.7. Educação democratizada, 58; 6.8. Fi-
nanciamento do Ensino Fundamental, 58; 7. Direito à Cultura, Esporte e Lazer, 62;
8. Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, 62; 8.1. Aprendizagem, 64;
8.2. Trabalho Rural, 64; Referências Bibliográficas, 65.
Direito Fundamental à Convivência Familiar ............................................................ 67
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Origem da Família, 67; 2. Princípios Relativos à Família, 68; 3. Noção Atual de
Família, 70; 4. Conceituação de Convivência Familiar e Comunitária, 75; 5. A norma-
tização no cenário nacional, 76; Referências Bibliográficas, 78. 
ix
Poder Familiar............................................................................................................... 81
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. A Denominação do Instituto, 81; 2. Aspectos Pessoais, 82; 2.1. Dever de Registrar
o Filho e o Direito ao Estado de Filiação, 83; 2.1.1. Considerações Gerais, 83;
2.1.2. Regularização dos Dados Parentais na Certidão de Nascimento do Filho, 85;
2.1.3. Registro Civil de Criança e de Adolescente na Hipótese do Art. 98 do ECA, 89;
2.1.4. Considerações Finais, 92; 2.2. Dever de Guarda e o Direito Fundamental do
Filho de ser Cuidado, 95; 2.2.1. Guarda dos Pais Separados, 97; 2.2.1.1. Guarda e
Companhia Consensual, 100; 2.2.1.2. Guarda Compartilhada, 101; 2.2.1.3. Guarda
Litigiosa, 103; 2.2.2. Dever de Visitação e o Direito do Filho à Convivência Familiar
Plena, 105; 2.2.3. Fiscalização da Educação e Manutenção do Filho pelo Não-
Guardião, 112; 2.3. Dever de Criar e Educar o Filho e o Direito Fundamental deste à
Educaçãoe à Profissionalização, 113; 2.4. Dever de Sustento e o Direito Fundamental
à Assistência Material, 115; 2.5. Dever de Assistência Imaterial e o Direito ao Afeto,
119; 3. Aspectos Patrimoniais do Poder Familiar, 122; 4. Considerações Acerca do
Controle do Poder Familiar, 124; 4.1. A Falta de Recursos Materiais, 127; 4.2. Sus-
pensão do Poder Familiar, 130; 4.3. Extinção do Poder Familiar, 131; 4.3.1. Mor-
te, 132; 4.3.2. Emancipação, 132; 4.3.3. Maioridade Civil, 133; 4.3.4. Adoção, 133;
4.3.5. Decisão Judicial, 135; 4.4. Perda ou Destituição do Poder Familiar, 136;
4.4.1. Castigo Imoderado, 136; 4.4.2. Abandono, 138; 4.4.3. Atos Contrários à Moral
e aos Bons Costumes, 139; 4.4.4. Reiteração das Faltas, 142; 4.5. Perda do Poder
Familiar na Lei Trabalhista, 142; 4.6. Perda do Poder Familiar na Lei Penal, 143;
5. Restabelecimento do Poder Familiar, 145; Referências Bibliográficas, 146. 
Colocação em Família Substituta ................................................................................. 151
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 
1. Introdução, 151; 2. Modalidades, 152. 
Guarda como Colocação em Família Substituta ......................................................... 155
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 
1. Introdução, 155; 2. Guarda Provisória e Guarda Definitiva, 157; 3. Guarda de Fato,
158; 4. Guarda como Medida Protetiva ou Estatutária, 160; 5. Guarda em Favor de
Terceiros na Vara de Família, 161; 6. Guarda Subsidiada ou por Incentivo: medida de
acolhimento familiar, 162; 7. Guarda Legal do Dirigente da Entidade de Acolhimento
Institucional, 164; 8. Guarda da Criança ou do Adolescente Estrangeiro, 167; 9. De-
pendência para Todos os Fins, 168; 10. Compartilhamento da Guarda dos Pais com a
Família Substituta, 170; 11. Visitação de Criança ou de Adolescente sob a Guarda de
Terceiros, 171; 12. Visitação de Filhos Abrigados, 173; Referências Bibliográficas, 175.
Tutela............................................................................................................................. 177
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Introdução, 177; 2. Nomeação do Tutor, 180; 2.1. Tutela Testamentária, 180;
2.2. Tutela Legítima, 181; 2.3. Tutela Dativa, 181; 3. Tutela Provisória e Definitiva,
182; 4. Características Controvertidas da Tutela, 183; 5. Entrega do Filho, 186; 6. Obri-
gações do Tutor, 187; 6.1. Obrigações Pessoais, 188; 6.2. Guarda do Tutelado, 188;
6.3. Obrigações Patrimoniais, 189; 7. Tutela como Medida Protetiva ou Estatutária,
x
191; 8. Tutela no Código Civil: outras notas, 192; 9. Causas de Cessação da Tutela, 193;
Referências Bibliográficas, 194. 
Adoção........................................................................................................................... 197
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 197; 2. Histórico, 197; 2.1. O Direito Civil Constitucional, 202; 3.
Conceito e Natureza Jurídica, 205; 4. Legitimidade, 206; 4.1. Considerações gerais,
206; 4.2. Impedimento Parcial (Tutor e Curador), 208; 4.3. Impedimento Total (Avós
e Irmãos), 209; 4.4. Adoção por Divorciados e Ex-Companheiros, 212; 4.5. Adoção
por Casal Homossexual, 214; 4.6. Adoção de Nascituro, 222; 5. Cadastro e Habilitação
para Adoção, 224; 6. Requisitos, 230; 6.1. Idade Mínima e Estabilidade da Família,
230; 6.2. Diferença de Dezesseis Anos, 232; 6.3. Consentimento, 233; 6.3.1. Dispensa
do Consentimento, 234; 6.3.2. Revogabilidade do Consentimento, 236; 6.4.
Concordância do Adotando, 237; 6.5. Reais Benefícios para o Adotando, 240; 7.
Estágio de Convivência, 242; 8. Efeitos, 244; 8.1. Efeitos Pessoais, 244; 8.2. Efeitos
Patrimoniais, 247; 9. Modalidades, 247; 9.1. Adoção Bilateral, 248; 9.2. Adoção
Unilateral, 248; 9.3. Adoção Póstuma, 249; 9.4. Adoção Intuitu Personae, 251; 9.5.
Adoção “À Brasileira”, 255; 10. Adoção Internacional, 258; Referências
Bibliográficas, 264.
Prevenção ...................................................................................................................... 267
Ângela Maria Silveira dos Santos
1. Introdução, 267; 2. Prevenção Especial, 270; 2.1. Acesso aos Espetáculos e Diver-
sões Públicas, 270; 2.2. Acesso aos Programas de Rádio e Televisão, 273; 2.2.1. En-
trada e Permanência, 273; 2.2.2. Participação em Espetáculos Públicos, 273; 2.3. Exi-
bição de Programas pelas Emissoras de Rádio e de Televisão, 276; 2.4. Venda e Lo-
cação de Fitas de Programação em Vídeo, 279; 2.5. Revistas e Publicações, 279; 2.6. Es-
tabelecimentos que Exploram Jogos com Apostas, 283; 2.7. Produtos Proibidos, 284; 
2.8. Hospedagem, 286; 2.9. Autorização de Viagem, 287; 2.9.1. Considerações Ini-
ciais, 287; 2.9.2. Autorização Judicial para Viagem Nacional, 288; 2.9.3. Autorização
para Viagem ao Exterior, 289; Referências Bibliográficas, 292.
PARTE II
A REDE DE ATENDIMENTO
A Política de Atendimento .......................................................................................... 297
Patrícia Silveira Tavares
1. Introdução, 297; 2. Uma Visão Geral da Nova Política de Atendimento, 305;
2.1. As Linhas de Ação da Política de Atendimento, 306; 2.2. As Diretrizes da Política
de Atendimento, 309; 3. Os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 314;
3.1. Introdução, 314; 3.2. Definição, 316; 3.3. Disciplina Legal, 316; 3.4. A organiza-
ção essencial, 317; a) A Criação, a Gestão e a Administração dos Fundos, 317; b) A
Captação dos Recursos Financeiros, 320; c) A Destinação dos Recursos Financeiros,
324; d) Os Mecanismos de Controle, 326; 3.5. Nota Sobre os Denominados
“Certificados de Captação” e as “Doações Casadas”, 327; 4. As Entidades de
Atendimento, 330; 4.1. Aspectos Gerais, 330; 4.2. Registro das Entidades e Inscrição
dos Programas, 334; 4.3. Os Princípios e as Regras Especialmente Aplicáveis às
xi
Entidades que desenvolvem Programas de Acolhimento Institucional ou Familiar,
338; 4.4. As Obrigações das Entidades Destinadas ao Atendimento em Regime de
Internação, Acolhimento Institucional ou Acolhimento Familiar, 346; 4.5. A
Fiscalização das Entidades de Atendimento, 348; Referências Bibliográficas, 350. 
Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente ........................................... 353
Patrícia Silveira Tavares
1. Introdução, 353; 2. Definição, 354; 3. Natureza Jurídica, 354; 4. A formação dos
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 356; 4.1. A Criação do Órgão,
356; 4.2. A Composição Paritária, 357; 4.3. A Escolha dos Membros, 359; 4.4. As
Normas de Funcionamento, 360; 5. As Atribuições dos Conselhos dos Direitos da
Criança e do Adolescente, 361; 5.1. A Deliberação e o Controle das Ações Relaciona-
das à Política de Atendimento, 362; 5.2. A Gestão dos Fundos dos Direitos da Criança
e do Adolescente, 367; 5.3. O Registro e a Inscrição dos Programas e a Inscrição das
Entidades de Atendimento Não Governamentais, 368; 5.4. A Organização do Pro-
cesso de Escolha dos Membros do Conselho Tutelar, 371; 6. O Controle da Atuação
dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 372; Referências Biblio-
gráficas, 374.
O Conselho Tutelar ...................................................................................................... 375
Patrícia Silveira Tavares
1. Introdução, 375; 2. Visão Geral, 377; 2.1. Conceito, 377; 2.2. Características, 377;
3. A Estruturação do Conselho Tutelar, 379; 3.1. A Implantação do Órgão, 379;
3.2. A Composição, 384; 4. O Processo de Escolha dos Membros do Conselho Tutelar,
391; 4.1. Regra Geral, 391; 4.2. As Peculiaridades Municipais, 392; 5. As Atribuições
e o Limite Territorial de Atuação do Conselho Tutelar, 394; 5.1. As Atribuições do
Conselho Tutelar, 394; a) A Aplicação das Medidas Específicas de Proteção
Constantes do art. 101, Incisos I a VII, 394; b) O Atendimento e o Aconselhamento
aos Pais ou Responsável, por Meio da Aplicação das Medidas Previstas no Art. 129,
Incisos I a VII, 398; c) A Promoção da Execução das suas Decisões, 398; d) OEncaminhamento ao Ministério Público de Notícia de Fato que Constitua Infração
Administrativa ou Penal contra os Direitos da Criança ou Adolescente, ou Ainda,
Encaminhar à Autoridade Judiciária os Casos de sua Competência, 400; e) O
Atendimento de Adolescentes em Conflito com a lei, Mediante a Promoção da
Execução das Medidas Estabelecidas pela Autoridade Judiciária, dentre as Previstas
no Art. 101, Incisos I a VI, 400; f) A Expedição de Notificações, 401; g) A Requisição
das Certidões de Nascimento ou de Óbito de Criança ou Adolescente, 401; h) O
Assessoramento do Poder Executivo Local na Elaboração da Proposta Orçamentária,
402; i) A Representação em Nome da Pessoa e da Família, Contra a Violação dos
Direitos Previstos no Art. 220, § 3º, II, da Constituição Federal, 403; j) O oferecimen-
to ao Ministério Público de Representação, para Efeito das Ações de Perda ou
Suspensão do Poder Familiar quando esgotadas as possibilidades de manutenção da
criança ou do adolescente na família natural, 403; k) A Fiscalização das Entidades de
Atendimento, 404; l) A Deflagração de Procedimento Visando à Apuração da Prática
de Infração Administrativa, 405; 5.2. O Limite Territorial de Atuação do Conselho
Tutelar, 406; 6. A Fiscalização do Conselho Tutelar, 407; 6.1. A Revisão das Decisões
do Conselho Tutelar, 408; 6.2. O Controle da Atuação dos Membros do Conselho
Tutelar, 409; Referências Bibliográficas, 411.
xii
O Poder Judiciário ........................................................................................................ 413
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. O Juiz, 413; 2. Órgãos Auxiliares, 414. 
Ministério Público ........................................................................................................ 419
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 419; 2. Instauração de Procedimentos Administrativos e Sindicâncias
(art. 201, VI e VII), 422; 3. Promover Medidas Judiciais e Extrajudiciais para Zelar
pelo Efetivo Respeito aos Direitos e Garantias Legais das Crianças e Adolescentes
(Art. 201, VIII), 423; 4. Inspeção às Entidades de Atendimento (201, XI), 424; 5. Fis-
calização da Aplicação das Verbas do Fundo Municipal (Art. 260, § 4º), 425; Refe-
rências Bibliográficas, 428. 
O Advogado .................................................................................................................. 429
Galdino Augusto Coelho Bordallo
Infrações Administrativas ............................................................................................ 433
Patrícia Pimentel de Oliveira Chambers Ramos
1. Conceito de Infração Administrativa, 433; 2. Princípios Gerais das Infrações Admi-
nistrativas, 436; 2.1. Princípio da Proteção Integral, 436; 2.2. Princípio da Prioridade
Absoluta, 437; 2.3. Princípio da Legalidade, 437; 2.4. Princípio da Presunção de Legiti-
midade dos Atos Administrativos, 439; 2.5. Princípio da Objetividade, 440; 2.6. Prin-
cípio da Independência das Sanções Administrativas, 442; 2.7. Princípio da Pu-
blicidade, 443; 2.8. Princípio do Devido Processo Legal, 443; 2.9. Princípio da Ampla
Defesa e Contraditório, 443; 3. Das Infrações Administrativas Previstas no Estatuto
da Criança e do Adolescente, 444; 3.1. Breve Histórico, 444; 3.2. A Interpretação das
Infrações Administrativas, 447; 3.3. A Multa, 448; 3.4. Da Prescrição, 452; 4. As
Infrações Administrativas em Espécie, 454; 4.1. Omissão de Comunicação de Maus
Tratos, 454; 4.2. Impedir o Exercício de Direitos Fundamentais de Ampla Defesa,
Contraditório, Convivência Familiar e Escolarização de Adolescente Privado da
Liberdade, 459; 4.3. Divulgação de Dados e Identificação de Criança ou Adolescente
a que se Atribua Ato Infracional, 460; 4.4. Guarda para Fins de Trabalho Doméstico,
465; 4.5. Descumprimento dos Deveres Decorrentes da Autoridade Familiar, 466;
4.6. Hospedagem de Criança ou Adolescente Desacompanhado, 477; 4.7. Transporte
Irregular de Criança ou Adolescente, 479; 4.8. Proteção dos Valores Éticos e Sociais
da Pessoa e da Família na Formação de Crianças e Adolescentes (Artigos 252 a 258
do Estatuto da Criança e do Adolescente), 482; 4.8.1. Ausência de Informação na
Entrada sobre Diversão ou Espetáculo Público, 485; 4.8.2. Ausência de Indicação dos
Limites de Idade no Anúncio de Representações ou Espetáculos, 488; 4.8.3. Trans-
missão, Via Rádio ou Televisão, de Espetáculo de Forma Irregular, 491; 4.8.4. Exibi-
ção de Espetáculo de Forma Irregular, 494; 4.8.5. Venda ou Locação de Programação
Inadequada, 497; 4.8.6. Comercialização de Revistas e Periódicos de Maneira
Irregular, 498; 4.8.7. Entrada e participação irregular de crianças e adolescentes em
diversões e espetáculos, 504; 4.8.7.1. A Entrada de Criança ou Adolescente nos Locais
de Diversão, 505; a) Acompanhado dos Pais ou Responsável, 505; b) Desacom-
panhado dos Pais ou Responsável, 507; c) Venda de Bebidas Alcoólicas para Menores
de Idade, 509; d) Responsabilidade Solidária do Responsável pelo Estabelecimento e
xiii
Empresário, 511; 4.8.7.2. Participação de Criança ou Adolescente em Espetáculos
Públicos, 513; 4.8.8. Não providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros
de adoção, 516; 4.8.9. Deixar de encaminhar imediatamente à autoridade judiciária
mãe ou gestante interessada de entregar seu filho para adoção, 517; Referências
Bibliográficas, 518.
As Medidas de Proteção ............................................................................................... 521
Patrícia Silveira Tavares
1. Introdução, 521; 1.1. Evolução Legislativa, 521; 1.2. Definição, 522; 1.3. Hi-
póteses de Aplicação, 523; 2. As Medidas Específicas de Proteção, 524; 2.1. Normas
Gerais, 524; 2.2. A Autoridade Competente, 527; 2.3. As Hipóteses Elencadas no Art.
101 do ECA, 529; 2.4. Os Procedimentos para a Aplicação das Medidas Específicas de
Proteção, 535; Referências Bibliográficas, 541. 
As Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis .................................................... 543
Patrícia Silveira Tavares
1. Introdução, 543; 2. O Rol do Art. 129 do ECA, 544; 3. Observações quanto ao
Procedimento, 546; Referências Bibliográficas, 547.
Os Princípios Constitucionais do Processo ................................................................. 549
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 549; 2. Devido Processo Legal, 551; 3. Igualdade, 553; 4. Contraditório,
554; 5. Acesso à Justiça, 555; 6. Juiz Natural, 559; 7. Promotor Natural, 559; 8. Mo-
tivação das Decisões, 560; 9. Publicidade, 561; 10. Tempestividade da Tutela
Jurisdicional, 561; Referências Bibliográficas, 564.
As Regras Gerais de Processo....................................................................................... 567
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 567; 2. Capacidade Processual, 568; 3. Curadoria Especial, 569; 4. Gra-
tuidade de Justiça, 571; 5. Segredo de Justiça, 575; 6. Competência, 576; 6.1. Ju-
risdição. Conceito de Competência, 576; 6.2. Critérios Determinadores da Com-
petência, 578; 6.3. Competência Absoluta e Competência Relativa, 579; 6.4. Critérios
Específicos de Fixação da Competência constantes do ECA, 580; 6.5. Perpetuatio
Jurisdictionis, 588; Referências Bibliográficas, 595.
Ação de Suspensão e de Destituição do Poder Familiar............................................. 597
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Introdução, 597; 2. Competência, 597; 3. Legitimidade Ativa, 598; 4. Legitimidade
Passiva, 602; 5. Pedido Cumulativo, 604; 6. Medidas Cautelares Correlatas, 605; 7. Res-
posta do Réu, 607; 8. Fase Instrutória, 607; 9. Fase Decisória, 609; 10. Ação de
Restituição do Poder Familiar, 612; Referências Bibliográficas, 614.
Ação de Colocação em Família Substituta .................................................................. 617
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Introdução, 617; 2. Fase Postulatória, 618; 3. O Consentimento dos Pais, 619;
4. Pedido Formulado Diretamente em Cartório, 621; 5. Fase Instrutória, 621;6. A
xiv
Oitiva da Criança e do Adolescente, 623; 7. Fase Decisória, 625; Referências Bib-
liográficas, 626.
Ação de Guarda............................................................................................................. 627
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Competência, 627; 2. Fase Postulatória, 628; 3. Citação ou a Concordância dos Pais,
630; 4. Concessão da Guarda Provisória e Definitiva, 631; 5. Perda ou Revogação da
Guarda, 632; Referências Bibliográficas, 634.
Ação de Tutela e Procedimentos Correlatos............................................................... 635
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Introdução, 635; 2. A Competência Considerando a Situação do Tutelando, 635;
3. Fase Postulatória, 636; 4. Interesse Exclusivamente Previdenciário, 637; 5. Oitiva
Obrigatória do Tutelando, 638; 6. Pedido de Tutela Cumulado com a Perda do Poder
Familiar, 638; 7. Termo de Tutela, 639; 8. Procedimento de Escusa da Tutela, 639;
9. Prestação de Contas e Balanço na Tutela, 640; 10. Remoção do Tutor, 642;
Referências Bibliográficas, 643.
Procedimento da Habilitação para Adoção................................................................. 645
Galdino Augusto Coelho Bordallo
Ação de Adoção ............................................................................................................ 647
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Rito e Competência, 647; 2. Petição Inicial e Pedido, 647; 3. Citação, 650; 4. Oitiva
dos Pais biológicos, 651; 5. Estudo de Caso, 651; 6. Audiência Prévia e de Instrução
e Julgamento, 652; 7. Sentença, 652; 8. Adoção Internacional, 653; Referências
Bibliográficas, 654.
Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
1. Introdução, 655; 2. Natureza Jurídica do Procedimento, 656; 3. Competência,
659; 4. Fase Postulatória, 659; 5. Legitimados Passivos, 661; 6. Afastamento
Provisório do Dirigente, 663; 7. Resposta Escrita, 665; 8. Fase Instrutória, 667;
9. Fase Decisória, 668; 10. Medidas Aplicáveis à Entidade Condenada, 669;
Referências Bibliográficas, 674.
Procedimento das Infrações Administrativas ............................................................. 675
Patricia Pimentel de Oliveira Chambers Ramos
1. Natureza Jurídica do Procedimento, 675; 2. Princípios, 676; 3. Competência, 677;
4. Rito Processual, 677; 5. O Ministério Público e a Cumulação do Pedido para a
Aplicação da Multa em Outras Ações, 682; 6. Abuso Sexual Intrafamiliar e a
Representação prevista no art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 684;
Referências Bibliográficas, 684.
xv
Procedimento de Portaria e de Expedição de Alvará................................................ 685
Ângela Maria Silveira dos Santos
1. Natureza Jurídica e Competência para Disciplinar Através de Portaria, 685; 1.1. In-
trodução, 685; 1.2. Conceituação e Natureza Jurídica da Portaria e do Alvará, 686;
1.3. Portaria do Art. 149 do ECA, 687; 2. Autorização para a Participação e a Entrada
em Espetáculos Públicos, 690; Referências Bibliográficas, 693. 
Ação Civil Pública ........................................................................................................ 695
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 695; 2. Direitos Metaindividuais, 696; 3. Inquérito Civil, 699; 4. Termo
de Ajustamento de Conduta, 703; 5. Ação Civil Pública, 706; 5.1. Introdução e
Conceito, 706; 5.2. Legitimidade, 708; 5.3. Litisconsórcio entre Ministérios Públicos,
712; 5.4. Liminar, 713; 5.4.1. Suspensão da liminar pelo Presidente do Tribunal, 717;
5.5. Objeto e Competência, 719; 5.6. Sentença, 720; 5.7. Coisa Julgada, 725; 5.7.1. In-
trodução, 725; 5.7.2. Coisa Julgada na Ação Coletiva, 727; 5.8. Execução, 736; Re-
ferências Bibliográficas, 741.
Outras Ações Previstas no Estatuto ............................................................................. 745
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 745; 2. Mandado de Segurança, 748; 3. Ação para Cumprimento de
Obrigação de Fazer, 752; Referências Bibliográficas, 756.
Recursos......................................................................................................................... 759
Galdino Augusto Coelho Bordallo
1. Introdução, 759; 2. Unicidade do Sistema, 761; 2.1. Juízo de Admissibilidade e
Juízo de Mérito, 764; 2.2. Legitimidade e Interesse para Recorrer, 767; 2.3. Motiva-
ção, 768; 2.4. Forma, 768; 2.5. Renúncia e Desistência, 769; 3. Preparo, 769; 4. Tem-
pestividade, 772; 5. Efeitos, 777; 5.1. Concessão do Efeito Suspensivo, 780; 5.2. Efei-
tos da Apelação nas Ações Socioeducativas, 782; 6. Juízo de Retratação, 784; 7. Pro-
cedimento no Tribunal, 788; 8. Recurso contra Portarias e Alvarás, 790; Referências
Bibliográficas, 790.
PARTE V
DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL
A Prática de Ato Infracional ........................................................................................ 795
Bianca Mota de Moraes 
Helane Vieira Ramos
1. Disposições Gerais (arts. 103 a 105 do ECA), 795; 1.1. Inimputabilidade Infanto-
Juvenil, 795; 1.2. Ato Infracional Praticado por Criança, 801; 2. Direitos Individuais
– (arts. 106 a 109 do ECA), 802; 3. Garantias Processuais (arts. 110 e 111 do ECA),
804; 4. Apuração do Ato Infracional (arts. 171 a 190 do ECA), 805; 4.1. Fase Policial,
805; 4.2. Fase de Atuação do Ministério Público, 808; A. Oitiva do Adolescente, 808; 
B. Arquivamento, 813; C. Remissão, 813; D. Representação, 817; 4.3. Fase Judicial,
820; A. Procedimento, 820; B. Outras Questões Relevantes, 825; B.1. Celeridade, 825; 
xvi
B.2. Intervenção de Interessados, 826; B.3. Apreensão por Força de Ordem Judicial,
827; 5. Medidas Socioeducativas (arts. 112 a 125 do ECA), 828; 5.1. Disposições
Gerais, 828; 5.1.1. Adolescente em Situação de Uso ou de Dependência de Drogas,
832; 5.1.2. Adolescente Portador de Deficiência Mental, 835; 5.1.3. Aplicação de
Medidas Socioeducativas ao Jovem Adulto, 836; 5.2. Advertência, 839; 5.4. Prestação
de Serviços à Comunidade, 840; 5.5. Liberdade Assistida, 841; 5.6. Semiliberdade,
842; 5.7. Internação, 844; 5.7.1. Internação Provisória, 845; A. Desnecessidade da
Incidência dos Incisos I e II do art. 122 do ECA para a Internação Provisória, 846;
B. Conseqüências do Excesso do Prazo de 45 dias, 849; 5.7.2. Internação Definitiva,
850; A. O Prazo Máximo de Três Anos e a Cumulatividade de Processos, 855; B. Pos-
sibilidade de Aplicação da Medida de Internação Definitiva ao Ato Infracional
Análogo ao Delito de Tráfico de Drogas, 859; 5.7.3. Internação-Sanção, 865; 6. Exe-
cução das Medidas, 865; 6.1. Tramitação Processual na Fase Executória, 866; 6.2. Oiti-
va do Adolescente para a Regressão da Medida Socioeducativa, 869; 6.3. Não
Vinculação do Juiz ao Laudo Técnico para a Reavaliação das Medidas, 871; 6.4.
Revisão de Medida Aplicada em Sede de Remissão, 872; 6.5. Regressão e Substituição
de Medidas, 878; 7. Prescrição, 879; Referências Bibliográficas, 887.
Dos Crimes .................................................................................................................... 891
Cláudia Canto Condack
1. Introdução, 891; 2. Disposições Gerais, 891; 3. Dos Crimes em Espécie, 893;
3.1. Omissão do Registro de Atividades ou do Fornecimento da Declaração de
Nascimento, 893; 3.2. Omissão de Identificação do Neonato e da Parturiente ou de
Realização de Exames Necessários, 895; 3.3. Privação Ilegal da Liberdade de Criança
ou Adolescente, 897; 3.4. Omissão da Comunicação de Apreensão de Criança ou
Adolescente, 899; 3.5. Submissão de Criança ou Adolescente a Vexame ou
Constrangimento, 900; 3.6. Tortura, 901; 3.7. Omissão na Liberação de Criança ou
Adolescente Ilegalmente Apreendido, 910; 3.8. Descumprimento Injustificado de
Prazo Legal, 911; 3.9. Impedimento ou Embaraço à Ação de Autoridades, 913;
3.10. Subtração de Criança ou Adolescente, 914; 3.11. Promessa ou Entrega de Filho
ou Pupilo, 915;3.12. Tráfico Internacional de Criança ou Adolescente, 917;
3.13. Utilização de Criança ou Adolescente em Cena Pornográfica oude Sexo
Explícito, 919; 3.14. Comércio de Material Pedófilo, 922; 3.15. Difusão de Pedofilia,
925; 3.16. Posse de Material Pornográfico, 927; 3.17. Simulacro de Pedofilia, 930;
3.18. Aliciamento de Menores, 931; 3.19. Norma Explicativa, 933; 3.20. Venda,
Fornecimento ou Entrega de Arma, Munição ou Explosivo, 933; 3.21. Venda,
Fornecimento ou Entrega de Produto Causador de Dependência Física ou Psíquica,
934; 3.22. Venda, Fornecimento ou Entrega de Fogos de Estampido ou Artifício, 937;
3.23. Exploração Sexual de Criança ou Adolescente, 938; 3.24. Corrupção de
Menores, 940; Referências Bibliográficas, 942. 
xvii
Autores
ANDRÉA RODRIGUES AMIN – Titular da 1ª Promotoria de Justiça da Infância e
Juventude da Comarca de Duque de Caxias. Professora de Direito Civil da EMERJ –
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e dos cursos FÓRUM, Escola de
Direito da AMPERJ - Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
e MASTER IURIS. Ex-Defensora Pública do Estado do Rio de Janeiro. Trabalhos
publicados: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos e Direito das
Sucessões, Editora Freitas Bastos. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de
Família. 
ÂNGELA MARIA SILVEIRA DOS SANTOS – Titular da 4ª Promotoria de Justiça de
Família da Comarca de Duque de Caxias. Trabalho publicado: Código Civil – Do
Direito de Família, Editora Freitas Bastos. Membro do Instituto Brasileiro de Direito
de Família. 
BIANCA MOTA DE MORAES – Titular da Promotoria de Justiça de Proteção à Educação
da Capital Subcoordenadora do 4o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de
Justiça de Infância e Juventude – Ministério Público do RJ de 2005 a 2008. Trabalho
publicado: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos. Membro do
Instituto Brasileiro de Direito de Família.
CLÁUDIA CANTO CONDACK – Titular da 10ª Promotoria de Investigação Penal da 1ª
Central de Inquéritos da Comarca da Capital do Rio de Janeiro. Mestre em Ciências
Penais pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro. Professora de Direito
Penal da EMERJ – Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e Escola de
Direito da AMPERJ – Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. 
GALDINO AUGUSTO COELHO BORDALLO – Titular da Promotoria de Justiça Civel
Regional de Jacarepaguá – Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro. Ex-Titular
da 2ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Duque de Caxias
onde atuou por 12 anos. Mestre em Direito pela Universidade Gama Filho, na área de
Estado e Cidadania. Ex-Defensor Público no Estado do Rio de Janeiro. Professor de
Direito Civil e Direito da Criança e do Adolescente da EMERJ – Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, de Cursos de Pós-Graduação da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro e da Escola de Direito da AMPERJ-
Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Trabalhos publicados:
Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos; A Prescrição da
Pretensão Sócioeducativa, in Revista do Ministério Público do Estado do Rio de
Janeiro, nº 22, 2005. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família e da ABMP. 
HELANE VIEIRA RAMOS. – Titular da 3ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude
da Comarca de Niterói, desde o ano de 1994. Membro do Instituto Brasileiro de
Direito de Família.
xix
KÁTIA REGINA FERREIRA LOBO ANDRADE MACIEL – Titular da 11ª Promotoria de
Justiça de Família da Capital do Rio de Janeiro. Conclusão do Mestrado em Direito
Civil e da Empresa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ex-Promotora de
Justiça da Infância e Juventude por 10 anos. Professora da Disciplina “Evolução
Jurídica da Família, da Filiação e dos Direitos da Personalidade” do Curso de Pós-
Graduação de Direito Especial da Criança e do Adolescente da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro. Professora de Direito de Família da EMERJ - Escola da
Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Trabalhos publicados: Código Civil – Do
Direito de Família, Editora Freitas Bastos., A Defesa dos Direitos das Crianças e dos
Adolescentes pelo Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Pós-
Constituição de 1988 em Temas Atuais do Ministério Público, Editora Lumen
Juris. Autora de artigos em revistas especializadas. Membro do Instituto Brasileiro
de Direito de Família.
PATRÍCIA PIMENTEL DE OLIVEIRA CHAMBERS RAMOS – Titular da 1ª Promotoria
de Justiça da Infância e Juventude da Comarca do Rio de Janeiro. Mestre em Direito
Civil pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Autora do livro “O Poder
Familiar e a Guarda Compartilhada sob o enfoque dos novos paradigmas do Direito
de Família”, Editora Lumen Juris, co-autora dos livros “Guarda Compartilhada:
aspectos psicológicos e jurídicos”, Editora Equilíbrio e “Direito Civil –
Constitucional”, Editora Renovar. Autora de diversos artigos em revistas especializa-
das. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família.
PATRÍCIA SILVEIRA TAVARES – Titular da 3ª Promotoria de Justiça da Infância e
Juventude da Comarca de Duque de Caxias. Mestre em Direito Civil pela
Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ex-Defensora Pública no Estado do Rio de
Janeiro. Trabalho publicado: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas
Bastos. Membro do FONCAIJE-Forum Nacional de Coordenadores de Centros de
Apoio da Infância e Juventude e da Educação dos Ministérios Públicos dos Estados e
do Distrito Federal. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família.
xx
Nota da 4ª edição
A 4ª edição do Curso de Direito da Criança e do Adolescente – Aspectos Teóricos e
Práticos aborda as recentes e importantes mudanças legislativas introduzidas no ordena-
mento jurídico pátrio concernentes à proteção a direitos infantojuvenis.
As inovações trazidas pelas Leis nºs 11.698/08 (que disciplina a guarda compartilha-
da), 11.804/08 (que trata dos alimentos gravídicos), 11.829/08 (que aprimora o combate à
pornografia infantil e à pedofilia), 11.924/09 (que altera a Lei de Registros Públicos, auto-
rizando o(a) enteado(a) a adotar o nome de família de padrasto ou madastra), 12.004/09
(nova lei de investigação de paternidade), 12.013/09 (que altera a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional), 12.015/09 (que altera o Código Penal na parte dos crimes contra
a dignidade sexual e introduz no referido diploma o delito de corrupção de menores,
antes regido pela Lei nº 2.252/54) são analisadas pelos autores, com destaque para a Lei
nº 12.010/09, que se caracteriza como a primeira grande reforma do Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA).
Inicialmente focado na adoção, o projeto de lei que deu origem à Lei nº 12.010/09 foi
profundamente modificado e culminou com a alteração de nada menos do que 54 (cinquen-
ta e quatro) dispositivos da Lei nº 8.069/90 (ECA).
A nova lei, idealizada para ser a lei nacional de adoção, caracterizou-se, na verdade,
como a nova lei nacional da convivência familiar, posto que as disposições por ela intro-
duzidas alteram substancialmente a sistemática que envolve o direito de crianças e adoles-
centes viverem em família, de modo a efetivar e garantir este direito fundamental.
Entre as muitas inovações, podemos destacar, na esfera do sistema de Justiça: a devo-
lução ao Poder Judiciário das decisões que envolvem o acolhimento institucional; a exi-
gência, expressa, de procedimento judicial contencioso para justificar eventual afastamen-
to do núcleo familiar; a previsão de prioridade absoluta para a tramitação de processos e
procedimentos previstos no ECA; a fixação de prazos para a adoção de providências em
favor de infantes e jovens em regime de acolhimento, privados do convívio familiar, com
vistas à definição de sua situação jurídica; a obrigatoriedade da criação e alimentação dos
cadastros de crianças e adolescentes aptos à adoção e daqueles inseridos em regime deaco-
lhimento familiar ou institucional; a exigência de habilitação prévia para a adoção, ressal-
vadas hipóteses estritas; a introdução de novos requisitos para o procedimento de habili-
tação para adoção; a obrigatoriedade de observância da ordem cronológica de inscrição dos
habilitados no cadastro de adotantes; a prioridade absoluta conferida aos recursos nos pro-
cedimentos de adoção e de destituição do poder familiar; a previsão de infrações adminis-
trativas dirigidas às autoridades do Poder Judiciário.
No que concerne aos demais órgãos e atores do sistema de garantias, a nova lei prevê,
entre outras medidas: a obrigatoriedade da implementação de políticas e programas capa-
zes de prevenir ou reduzir o tempo de afastamento do convívio familiar e de garantir o
efetivo exercício deste direito, dispondo sobre a participação ativa dos técnicos responsá-
xxi
veis pela execução das políticas municipais de garantia do direito à convivência familiar
nas hipóteses de ameaça ou violação; a expressa responsabilização por parte das pessoas
jurídicas de direito público e das entidades não governamentais pelo atendimento presta-
do a infantes e jovens; a responsabilidade primária e solidária das três esferas de governo
no tocante à plena efetivação dos direitos de crianças e adolescentes; novas obrigações
cometidas às entidades de atendimento, que deverão se adequar às deliberações dos
Conselhos de Direitos em todos os níveis, o que importará um urgente reordenamento do
sistema de atendimento.
O texto legal reforça, ainda mais, o foco na família, através da necessidade de assis-
tência, orientação e auxílio às famílias de origem, de modo a garantir o direito de infantes
e jovens serem criados e educados em seu seio; prevê expressamente o direito de visitação
por parte dos genitores, quando a criança estiver sob a guarda de terceiros; consagra a pre-
ferência do acolhimento familiar em relação ao institucional; além de assegurar o direito
de o adotado conhecer sua origem biológica.
Todas essas modificações certamente importarão a efetividade do direito à convivên-
cia familiar, direito historicamente desrespeitado na trajetória de nosso País.
Mais uma vez a sociedade brasileira se vê à frente de um valioso instrumento de
mudança, sendo dever de todos trabalhar em prol dessa desejada transformação. A espe-
rada e necessária mudança só depende de nós.
Rosa Carneiro
xxii
Apresentação
Rosa Maria Xavier Gomes Carneiro*
A Lei nº 8.069/90 (ECA) operou uma verdadeira revolução no ordenamento jurídico
nacional, introduzindo novos paradigmas na proteção e garantia dos direitos infanto-juvenis.
Regulamentando a doutrina da proteção integral, recepcionada pelo artigo 227 da
Carta Magna, o ECA apresenta-se como diploma legal inovador, verdadeiro instrumento
da democracia participativa, que retirou crianças e adolescentes da condição de mero obje-
to de medidas policiais e judiciais, conferindo-lhes a posição de sujeitos de direitos funda-
mentais. 
Erigindo a população infanto-juvenil à condição de prioridade nacional, o Estatuto
se sobressai, ainda, por fornecer os meios necessários à efetivação de seus interesses, direi-
tos e garantias, largamente previstos na legislação constitucional e infraconstitucional.
Entre os principais recursos introduzidos pelo ECA, capazes de transformar a lei em
realidade e operar a mudança social pretendida pelo legislador, destacam-se os Conselhos
Tutelares, os Conselhos de Direitos e seus respectivos Fundos, bem como a nova feição
conferida ao Ministério Público, alçado a guardião dos direitos infanto-juvenis e expressa-
mente legitimado para a propositura de todas as medidas extrajudiciais e judiciais cabíveis
para a defesa de direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais hetero-
gêneos protegidos pelo citado diploma, de que crianças e adolescentes são titulares. 
Algumas das normas introduzidas pela Lei nº 8.069/90 eram tão inovadoras e avan-
çadas em relação à época em que foi promulgada que, até hoje, muitas delas ainda geram
dúvidas e causam perplexidade nos operadores do direito, enquanto outras são fielmente
copiadas por diferentes diplomas legais, como é o caso do Estatuto do Idoso, bem como do
Código de Processo Civil, que em suas muitas alterações incluiu em seu texto vários dis-
positivos que já existiam no ECA.
Não obstante o transcurso de quinze anos desde a entrada em vigor do Estatuto da
Criança e do Adolescente, sua leitura, estudo e prática ainda nos surpreendem. Antigas
certezas são substituídas por novos questionamentos. Uma nova análise revela importan-
tes aspectos antes não observados.
Dessa forma, com o objetivo de auxiliar os profissionais que atuam na esfera da
Justiça da Infância e da Juventude, buscando fornecer respostas às suas muitas perguntas
* Procuradora de Justiça. Assessora de Proteção Integral à Infância e à Juventude do Ministério Público
do Estado do Rio de Janeiro. Pós-graduada em nível de especialização em Direito Civil e Direito
Processual Civil pela Universidade Estácio de Sá. Ex-Promotora de Justiça da Infância e Juventude por
mais de 10 anos. Ex-subcoordenadora da Coordenação das Promotorias de Justiça da Infância e da
Juventude do Rio de Janeiro.
xxiii
e dúvidas, os autores deste livro, todos Promotores de Justiça, se reuniram para colocar no
papel seus estudos, suas experiências e seus posicionamentos, em ambiente de total liber-
dade de opinião, independentemente de eventual posição divergente dos demais autores e
da revisora, como é natural ocorrer, levando-se em consideração a constante evolução do
Direito e da sociedade a que ele se destina. Assim é que algumas posições adotadas, embo-
ra não unânimes, merecem ser trazidas para reflexão, discussão e amadurecimento.
No presente Curso de Direito da Criança e do Adolescente, os autores nos contem-
plam com uma abordagem profunda e profícua de todo o ECA, em minucioso trabalho de
pesquisa, em que exploram os diversos posicionamentos da doutrina e jurisprudência
pátrias, aportando, algumas vezes, em outras paragens, como por exemplo no caso dos
direitos relacionados ao poder familiar, ocasião em que se faz necessária a abordagem de
aspectos relacionados com o Direito de Família, intimamente ligado à questão. 
Ter sido convidada a participar deste projeto, na função de revisora, foi uma honra
inestimável. O que poderia ter sido uma tarefa árdua, em razão da profundidade da aborda-
gem, transformou-se em trabalho prazeroso para todo o grupo, em decorrência dos estudos,
debates e trocas de experiências. O contato com o idealismo e saber destes missionários que
militam na árida seara da efetivação do Estatuto reafirma a crença de que a garantia dos
direitos infanto-juvenis é o caminho para uma sociedade mais justa, digna e igualitária. 
Esperamos que este trabalho possa ajudar os diversos atores que travam esta luta diá-
ria na busca pela proteção e garantia dos direitos infanto-juvenis, acendendo e/ou man-
tendo acesa a chama da paixão pela causa da criança e do adolescente, de modo a que todos
juntos possamos contribuir, de forma efetiva, para mudar a realidade de nossa sociedade.
xxiv
Prefácio
Heloisa Helena Barboza*
O Estatuto da Criança e do Adolescente está fazendo quinze anos. As merecidas
comemorações foram eclipsadas na mídia, por assuntos do momento que, ainda que rapi-
damente esquecidos ou substituídos por outros de igual natureza, se tornam temas de
“importância nacional”. Há o que comemorar? Os eternos opositores do Estatuto, manten-
do sua linha de resistência, certamente afirmarão que não. Aqueles que, desde a edição da
Lei nº 8.069, em 13 de julho de 1990, incorporaram a doutrina da proteção integral a um
conjunto de medidas indispensáveis à construção de um “novo tempo”, não terão dúvida
em dizer que sim, não obstante reconhecendo que há um longo caminho a percorrer.
Lembrar a rejeição e as pesadas críticas ao Estatuto, quando de sua aprovação e que,
até o presente, permanecem, é preciso, na medida em que, a rigor,sua plena implantação
ainda não se verificou. Muitas foram as razões apresentadas para se atacar o ECA, conside-
rado, em síntese, como uma lei “fora da realidade brasileira”. De que realidade se estaria
falando? Daquela regida pela imutabilidade que atende apenas aos interesses dos (poucos)
detentores do poder ou da que é enfrentada para ser analisada, pensada e ter seus proble-
mas minorados, se não resolvidos, ainda que alterando situações de há muito estabelecidas
e cuja manutenção só atende aos citados interesses?
Reflexões dessa ordem não dizem respeito ao mundo político ou sociológico, mas
interessam diretamente à ordem jurídica instituída para um Estado Democrático de
Direito, que tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, para uma
República que tem como objetivo fundamental construir uma sociedade livre, justa e soli-
dária, erradicando a pobreza e a marginalidade, reduzindo as desigualdades sociais e regio-
nais, promovendo o bem de todos sem preconceitos ou qualquer forma de discriminação. 
Tais determinações estão expressas na Constituição da República, a Lei Maior, e há
muito deixaram de constituir meras recomendações, aplicáveis ao sabor das conveniências
políticas, na medida em que adquiriram efetividade, quando não direta, mediante instru-
mentos jurídicos próprios. Este o caso do Estatuto, instrumento, por excelência, de efeti-
vação dos princípios constitucionais, no que se refere à criança e ao adolescente. Aplicar
o ECA é cumprir a Constituição Federal, é realizar seus princípios, concretizar os altos
valores que contém. 
Nessa linha de efetivação dos mandamentos constitucionais, inscreve-se o Curso de
Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos, obra que assume papel
de destaque na interpretação, debate e aplicação da Lei nº 8.069/90, norma complexa, que
carece de trabalhos como o presente. Elaborado por Promotores e Procuradores de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro, todos com vivência na área da infância e juventude, o Curso
xxv
* Professora Titular de Direito Civil da Faculdade de Direito da UERJ. Procuradora de Justiça (aposentada)
do Estado do Rio de Janeiro.
não constitui apenas um manual prático, posto que realiza estudos dogmáticos, revelando
a formação acadêmica de vários autores, o que lhe confere também viés didático. A coor-
denação dos trabalhos teve o cuidado de preservar os entendimentos individuais, sem pre-
juízo da harmonia do conjunto.
Indispensável registrar que, embora fruto da experiência de membros do Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro, o Curso demonstra o franco comprometimento des-
ses “profissionais da área” com o atendimento do melhor interesse da criança e do adoles-
cente, núcleo da doutrina da proteção integral instaurada pela Constituição da República.
Tal fato merece ser ressaltado e reverenciado. Não raro, a prática cotidiana e as dificulda-
des que a cercam apresentam tal grau de exigência que só mediante redobrado esforço é
possível manter a perspectiva de visão dos problemas em conjunto.
Talvez em nenhuma outra área do Direito as situações individuais evidenciem com
tanta clareza a problemática social. Não seria exagero afirmar que a infância e a juventu-
de são a vitrine da sociedade. No processo de construção da identidade e de aprendizado,
há permanente absorção pela criança e pelo adolescente da sociedade que a cerca. Neles
ficam tatuados todos os momentos desse processo. 
A abrangência da questão evidencia-se no ECA, que procurou disciplinar os aspec-
tos que se imbricam, reunindo-os sob base principiológica única, de natureza constitucio-
nal. Nessa percepção, o Curso, após contextualizar o nascimento do Estatuto da Criança e
do Adolescente, examina a doutrina da proteção integral e seus princípios orientadores,
dedicando capítulo especial aos direitos fundamentais da criança e do adolescente. Segue-
se análise minuciosa das disposições estatutárias, que não perde de vista o papel essencial
dessas normas: o de mediadoras das relações entre a criança, o adolescente e a sociedade
em que vivem, atentas à sua condição especial de pessoa em desenvolvimento. 
O estudo levado a efeito tem natureza interdisciplinar, incluindo temas muitas vezes
preteridos, como a rede e a política de atendimento, as infrações administrativas e medi-
das judiciais e extrajudiciais que dão efetividade ao Estatuto. Examinam-se o ato infracio-
nal e os crimes em espécie.
Constata-se que a obra, Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóri-
cos e práticos, por suas características, transcende o objetivo de auxiliar os operadores do
direito, buscando respostas às muitas indagações que surgem quando da aplicação da Lei nº
8.069/90. Na verdade, constitui importante instrumento na construção de um Direito que
efetive os direitos fundamentais da criança e do adolescente.
xxvi
““Ennsinnaa aa criaannçaa nno caamminnho emm que deve aanndaar, e, aainndaa quaanndo
for velho, nnão se desviaará dele”.
Provérbio de Salomão capítulo 22, versículo 6
(Bíblia Sagrada)
PARTE I
O DIREITO MATERIAL SOB
O ENFOQUE CONSTITUCIONAL
Evolução Histórica do Direito
da Criança e do Adolescente
Andréa Rodrigues Amin
Vivemos um momento sem igual no plano do direito infanto-juvenil. Crianças e ado-
lescentes ultrapassam a esfera de meros objetos de “proteção” e passam a condição de sujei-
tos de direito, beneficiários e destinatários imediatos da doutrina da proteção integral. 
A sociedade brasileira elegeu a dignidade da pessoa humana como um dos princípios
fundamentais da nossa República, reconhecendo cada indivídio como centro autônomo de
direitos e valores essenciais à sua realização plena como pessoa. Configura, em suma, ver-
dadeira “cláusula geral de tutela e promoção da pessoa humana”,1 o que significa dizer que
todo ser humano encontra-se sob seu manto, aqui se incluindo, por óbvio, nossas crianças
e adolescentes.
O avanço para nossa sociedade foi imenso. Contudo, não podemos olvidar que o pre-
sente é produto da soma de erros e acertos vividos no passado. Conhecê-lo é um impor-
tante instrumento para melhor compreendermos o presente e construirmos o futuro.
1. Idade Antiga
Nas antigas civilizações os laços familiares eram estabelecidos pelo culto à religião e
não pelas relações afetivas ou consangüíneas. A família romana fundava-se no poder pater-
no (pater familiae) marital, ficando a cargo do chefe da família o cumprimento dos deveres
religiosos. O pai era, portanto, a autoridade familiar e religiosa. Importante observar que a
religião não formava a família, mas ditava suas regras, estabelecia o direito. Juridicamente
a sociedade familiar era uma associação religiosa e não uma associação natural.
Como autoridade, o pai exercia poder absoluto sobre os seus. Os filhos mantinham-
se sob a autoridade paterna enquanto vivessem na casa do pai, independentemente da
menoridade, já que àquela época, não se distinguiam maiores e menores. Filhos não eram
sujeitos de direitos, mas sim objeto de relações jurídicas, sobre os quais o pai exercia um
direito de proprietário. Assim, era-lhe conferido o poder de decidir, inclusive, sobre a vida
e a morte dos seus descendentes.2
Os gregos mantinham vivas apenas crianças saudáveis e fortes. Em Esparta, cidade
grega famosa por seus guerreiros, o pai transferia para um tribunal do Estado o poder sobre
a vida e a criação dos filhos, com objetivo de preparar novos guerreiros. As crianças eram,
portanto, “patrimônio” do Estado. No Oriente era comum o sacrifício religioso de crian-
3
1 TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil, p. 48, 1ª ed., Ed. Renovar
2 COULANGES, Fustel. A Cidade Antiga. Tradução J. Cretella Jr. e Agnes Cretella, Revista dos Tribunais,
2003.
ças, em razão de sua pureza. Também era corrente, entre os antigos, sacrificarem crianças
doentes, deficientes, malformadas, jogando-as de despenhadeiros; desfazia-se de um peso
morto para a sociedade. A exceção ficava a cargo dos hebreus que proibiam o aborto ou o
sacrifíciodos filhos, apesar de permitirem a venda como escravos.
O tratamento entre os filhos não era isonômico. Os direitos sucessórios limitavam-se
ao primogênito e desde que fosse do sexo masculino. Segundo o Código de Manu, o pri-
mogênito era o filho gerado para o cumprimento do dever religioso, por isso privilegiado. 
Em um segundo momento, alguns povos indiretamente procuraram resguardar inte-
resses da população infanto-juvenil. Mais uma vez foi importante a contribuição romana
que distinguiu menores impúberes e púberes, muito próximo das incapacidades absoluta e
relativa de nosso tempo. A distinção refletiu em um abrandamento nas sanções pela prá-
tica de ilícito por menores púberes e impúberes ou órfãos. Outros povos como lombardos
e visigodos proibiram o infanticídio, enquanto frísios restringiram o direito do pai sobre a
vida dos filhos.3 
2. Idade Média
A idade média foi marcada pelo crescimento da religião cristã com seu grande poder
de influência sobre os sistemas jurídicos da época. “Deus falava, a Igreja traduzia e o
monarca cumpria a determinação divina”. O homem não era um ser racional, mas sim um
pecador e, portanto, precisava seguir as determinações da autoridade religiosa para que sua
alma fosse salva. 
O Cristianismo trouxe uma grande contribuição para o início do reconhecimento de
direitos para as crianças: defendeu o direito à dignidade para todos, inclusive para os
menores.
Como reflexo, atenuou a severidade de tratamento na relação pai e filho, pregando,
contudo, o dever de respeito, aplicação prática do quarto mandamento do catolicismo:
“honrar pai e mãe”.
Através de diversos concílios a Igreja foi outorgando certa proteção aos menores pre-
vendo e aplicando penas corporais e espirituais para os pais que abandonavam ou expu-
nham os filhos. Em contrapartida, os filhos nascidos fora do manto sagrado do matrimô-
nio (um dos sete sacramentos do catolicismo) eram discriminados, pois indiretamente
atentavam contra a instituição sagrada, àquela época única forma de se constituir família,
base de toda sociedade. Segundo doutrina traçada no Concílio de Trento, a filiação natu-
ral ou ilegítima – filhos espúrios, adulterinos ou sacrílegos – deveria permanecer à mar-
gem do Direito, já que era a prova viva da violação do modelo moral determinado à época.
3. O Direito Brasileiro
No Brasil-Colônia as Ordenações do Reino tiveram larga aplicação. Mantinha-se o
respeito ao pai como autoridade máxima no seio familiar. Contudo, em relação aos índios
Andréa Rodrigues Amin
4
3 TAVARES, José de Farias. Direito da Infância e da Juventude. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2001.
que aqui viviam e cujos costumes eram de todo próprio, havia uma inversão de valores.
Dada a dificuldade que os jesuítas encontraram para catequisar os índios adultos e perce-
bendo que era muito mais simples educarem as crianças, utilizaram-nas como forma de
atingir os pais. Em outras palavras, os filhos passaram a educar e adequar os pais à nova
ordem moral.
Para resguardo da autoridade parental, ao pai era assegurado o direito de castigar o
filho como forma de educá-lo, excluindo-se a ilicitude da conduta paterna se no “exercí-
cio desse mister” o filho viesse a falecer ou sofresse lesão.
Durante a fase imperial tem início a preocupação com os infratores, menores ou
maiores, e a política repressiva era fundada no temor ante a crueldade das penas. Vigentes
as Ordenações Filipinas, a imputabilidade penal era alcançada aos sete anos de idade. Dos
sete aos dezessete anos, o tratamento era similar ao do adulto com certa atenuação na apli-
cação da pena. Dos dezessete aos vinte e um anos de idade, eram considerados jovens adul-
tos e, portanto, já poderiam sofrer a pena de morte natural (por enforcamento). A exceção
era o crime de falsificação de moeda, para o qual se autorizava a pena de morte natural
para maiores de quatorze anos.4
Houve uma pequena alteração do quadro com o Código Penal do Império, de 1830,
que introduziu o exame da capacidade de discernimento para aplicação da pena.5 Menores
de quatorze anos eram inimputáveis. Contudo se houvesse discernimento para os com-
preendidos na faixa dos sete aos quatorze anos, poderiam ser encaminhados para casas de
correção, onde poderiam permanecer até os dezessete anos de idade.
O Primeiro Código Penal dos Estados Unidos do Brasil manteve a mesma linha do
código anterior com pequenas modificações. Menores de nove anos eram inimputáveis. A
verificação do discernimento foi mantida para os adolescentes entre nove e quatorze anos
de idade. Até dezessete anos seriam apenados com 2/3 da pena do adulto. 
Em paralelo, no campo não infracional o Estado agia através da Igreja. Já em 1551 foi
fundada a primeira casa de recolhimento de crianças do Brasil, gerida pelos jesuítas que
buscavam isolar crianças índias e negras da má influência dos pais, com seus costumes
“bárbaros”. Consolidava-se o início da política de recolhimento.
No século XVIII aumenta a preocupação do Estado com órfãos e expostos, pois era
prática comum o abandono de crianças (crianças ilegítimas e filhos de escravos, principal-
mente) nas portas das igrejas, conventos, residências ou mesmo pelas ruas. Como solução,
importa-se da Europa a Roda dos Expostos, mantidas pelas Santas Casas de Misericórdia.6
O início do período republicano é marcado por um aumento da população do Rio de
Janeiro e de São Paulo, em razão, principalmente, da intensa migração dos escravos recém
libertos. Os males sociais (doenças, sem-tetos, analfabetismo) exigiram medidas urgentes, já
Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente
5
4 TAVARES, José Farias, ob. cit., nota 2, p. 51.
5 Esse sistema foi mantido até 1921, ano em que a Lei nº 4.242 substituiu o subjetivismo do sistema biopsico-
lógico pelo critério objetivo de imputabilidade de acordo com a idade.
6 Inspirado na Roda dos Expostos, alguns países europeus resgataram o instituto, designando-o como “parto
anônimo”. No lugar da roda, os hospitais disporiam de um berço aquecido, acessível através da janela do
hospital e equipado com sensores que avisariam os profissionais de saúde, no momento em que fosse ocu-
pado. A criança não teria ciência do seu vínculo biológico e seria colocada em família substituta. 
que era um momento de construção da imagem da nova república. Assim, foram fundadas
entidades assistenciais que passaram a adotar práticas de caridade ou medidas higienistas.7-88
O pensamento social oscilava entre assegurar direitos ou “se defender” dos menores.
Casas de recolhimento são inauguradas em 1906 dividindo-se em escolas de prevenção,
destinadas a educar menores em abandono, escolas de reforma e colônias correcionais,9
cujo objetivo era regenerar menores em conflito com a lei.
Em 1912, o Deputado João Chaves apresenta projeto de lei alterando a perspectiva
do direito de crianças e adolescentes, afastando-o da área penal e propondo a especializa-
ção de tribunais e juízes, na linha, portanto, dos movimentos internacionais da época.
A influência externa10 e as discussões internas levaram à construção de uma
Doutrina do Direito do Menor, fundada no binômio carência/delinqüência. Era a fase da
criminalização da infância pobre. Havia uma consciência geral de que o Estado teria o
dever de proteger os menores, mesmo que suprimindo suas garantias. Delineava-se assim,
a Doutrina da Situação Irregular. 
Em um inevitável desenrolar dos fatos, em 1926 foi publicado o Decreto nº 5.083,
primeiro Código de Menores do Brasil que cuidava dos infantes expostos e menores aban-
donados. Cerca de um ano depois, em 12 de outubro de 1927, veio a ser substituído pelo
Decreto 17.943-A,, mais conhecido como Código Mello Mattos. De acordo com a nova lei,
caberia ao Juiz de Menores decidir-lhes o destino. A família, independente da situação
econômica, tinha o dever de suprir adequadamente as necessidades básicas das crianças e
jovens, de acordo com o modelo idealizado pelo Estado. Medidas assistenciais11 e preven-
tivas foram previstas com o objetivo minimizara infância de rua. 
Já nocampo infracional crianças e adolescentes até os quatorze anos eram objeto de
medidas punitivas com finalidade educacional. Já os jovens, entre quatorze e dezoito anos,
eram passíveis de punição, mas com responsabilidade atenuada. Foi uma lei que uniu
Justiça e Assistência, união necessária para que o Juiz de Menores exercesse toda sua auto-
ridade centralizadora, controladora e protecionista sobre a infância pobre, potencialmen-
te perigosa. Estava construída a categoria Menor, conceito estigmatizante que acompanha-
ria crianças e adolescentes até a Lei nº 8.069, de 1990.
A Constituição da República do Brasil de 1937, permeável às lutas pelos direitos
humanos, buscou, além do aspecto jurídico, ampliar o horizonte social da infância e juven-
tude, bem como dos setores mais carentes da população. O Serviço Social passa a integrar
programas de bem-estar, valendo destacar o Decreto-Lei nº 3.799, de 1941, que criou o
Andréa Rodrigues Amin
6
7 Movimento surgido na Europa que, teoricamente, fundamentava-se em noções de eugenia e degenerescên-
cia.
8 O assunto é aprofundado no capítulo sobre política de atendimento.
9 Foram criadas em 1908 pela Lei nº 6.994 para cumprimento dos casos de internação, de menores e maiores,
estes de acordo com o tipo penal e a situação processual.
10 No cenário internacional destacaram-se o Congresso Internacional de Menores, realizado em Paris, no ano
de 1911 e a Declaração de Gênova de Direitos da Criança, que, em 1924, veio a ser adotada pela Liga das
Nações, reconhecendo-se a existência de um Direito da Criança.
11 Em 1923, através do Decreto nº 16.272 foram publicadas as primeiras normas de assistência social visando
proteção dos menores abandonados e deliqüentes, após ampla discussão no I Congresso Brasileiro de
Proteção à Infância.
SAM – Serviço de Assistência do Menor, que atendia menores delinqüentes e desvalidos,
redefinido em 1944, pelo Decreto-lei nº 6.865.
A tutela da infância, nesse momento histórico, caracterizava-se pelo regime de inter-
nações com quebra dos vínculos familiares, substituídos por vínculos institucionais. O obje-
tivo era recuperar o menor, adequando-o ao comportamento ditado pelo Estado, mesmo
que o afastasse por completo da família. A preocupação era correcional e não afetiva.
Em 1943 foi instalada uma Comissão Revisora do Código Mello Mattos.
Diagnosticado que o problema das crianças era principalmente social, a comissão traba-
lhou no propósito de elaborar um código misto, com aspectos social e jurídico. 
No projeto, percebia-se claramente a influência dos movimentos pós-Segunda
Grande Guerra em prol dos Direitos Humanos que levaram a ONU, em 1948, a elabo-
rar a Declaração Universal dos Direitos do Homem e, em 20 de novembro de 1959, a
publicar a Declaração dos Direitos da Criança, cuja evolução originou a doutrina da
Proteção Integral.
Contudo, após o golpe militar a comissão foi desfeita e os trabalhos interrompidos.
A década de 60 foi marcada por severas críticas ao SAM que não cumpria e até se dis-
tanciava do seu objetivo inicial. Desvio de verbas, superlotação, ensino precário, incapaci-
dade de recuperação dos internos foram alguns dos problemas que levaram à sua extinção
em novembro de 1964, pela Lei nº 4.513 que criou a FUNABEM – Fundação Nacional do
Bem-Estar do Menor.
A atuação da nova entidade era baseada na PNBEM (Política Nacional do Bem-
Estar do Menor) com gestão centralizadora e verticalizada. Nítida a contradição entre
o técnico e a prática. Legalmente a FUNABEM apresentava uma proposta pedagógica-
assistencial progressista. Na prática, era mais um instrumento de controle do regime
político autoritário exercido pelos militares. Em nome da segurança nacional buscava-
se reduzir ou anular ameaças ou pressões antagônicas de qualquer origem, mesmo se
tratando de menores, elevados, naquele momento histórico, à categoria de “problema
de segurança nacional”.
No auge do regime militar, em franco retrocesso, a Lei nº 5.228, de 1967, reduziu a res-
ponsabilidade penal para dezesseis anos de idade, sendo que entre dezesseis e dezoito anos
de idade, seria utilizado o critério subjetivo da capacidade de discernimento. Felizmente, em
1968, retorna-se ao regime anterior com imputabilidade aos 18 anos de idade.
No final dos anos 60 e início da década de 70 iniciam-se debates para reforma ou
criação de uma legislação menorista. Em 10 de outubro de 1979 foi publicada a Lei nº
6.697, novo Código de Menores, que, sem pretender surpreender ou verdadeiramente ino-
var, consolidou a doutrina da Situação Irregular. 
Durante todo este período a cultura da internação, para carentes ou delinqüentes foi
a tônica. A segregação era vista, na maioria dos casos, como única solução. 
Em 1990, já completamente desgastada pelos mesmos sintomas que levaram à extin-
ção do SAM, a FUNABEM foi substituída pelo CBIA – Centro Brasileiro para Infância e
Adolescência. Percebe-se, desde logo, a mudança terminológica, não mais se utilizando o
estigma menor, mas sim “criança e adolescente”, expressão consagrada na Constituição da
República de 1988 e nos documentos internacionais.
Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente
7
4. O Período Pós-Constituição de 1988
A Carta Constitucional de 1988 trouxe e coroou significativas mudanças em nosso
ordenamento jurídico, estabelecendo novos paradigmas. 
Do ponto de vista político, houve uma necessidade de reafirmar valores caros que
nos foram ceifados durante o regime militar. No campo das relações privadas se fazia
imprescindível atender aos anseios de uma sociedade mais justa e fraterna, menos patri-
monialista e liberal. Movimentos europeus pós-guerra influenciaram o legislador consti-
tuinte na busca de um direito funcional, pró-sociedade. De um sistema normativo garan-
tidor do patrimônio do indivíduo, passamos para um novo modelo que prima pelo resguar-
do da dignidade da pessoa humana. O binômio individual/patrimonial é substituído pelo
coletivo/social.
Por certo, o novo perfil social almejado pelo legislador constitucional não poderia
deixar intocado o sistema jurídico da criança e do adolescente, restrito aos “menores” em
abandono ou estado de delinqüência. E, de fato, não o fez.
A intensa mobilização de organizações populares nacionais e de atores da área da
infância e juventude, acrescida da pressão de organismos internacionais, como o UNICEF,
foram essenciais para que o legislador constituinte se tornasse sensível a uma causa já reco-
nhecida como primordial em diversos documentos internacionais como a Declaração de
Genebra, de 1924; a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (Paris,
1948); a Convenção Americana Sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica, 1969) e Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da
Infância e da Juventude – Regras Mínimas de Beijing (Res. 40/33 da Assembléia-Geral, de
29/11/85). A nova ordem rompeu, assim, com o já consolidado modelo da situação irregu-
lar e adotou a doutrina da proteção integral.
No caminho da ruptura, merece destaque a atuação do MNMMR – Movimento
Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, resultado do 1º Encontro Nacional de Meninos
e Meninas de Rua, realizado em 1984, cujo objetivo era discutir e sensibilizar a sociedade
para a questão das crianças e adolescentes rotuladas como “menores abandonados” ou
“meninos de rua”. 
O MNMMR foi um dos mais importantes pólos de mobilização nacional na busca de
uma participação ativa de diversos segmentos da sociedade atuantes na área da infância e
juventude. O objetivo a ser alcançado era uma constituição que garantisse e ampliasse os
direitos sociais e individuais de nossas crianças e adolescentes. 
Segundo Almir Rogério Pereira12 “a Comissão Nacional Criança e Consti-tuinte con-
seguiu reunir 1.200.000 assinaturas para sua emenda e promoveu intenso lobby entre os
parlamentares pela inclusão dos direitos infanto-juvenis na nova Carta”.
O esforço foi recompensado com a aprovação dos textos dos artigos227 e 228 da
Constituição Federal de 1988, resultado da fusão de duas emendas populares, que levaram
Andréa Rodrigues Amin
8
12 Visualizando a Política de Atendimento, Rio de Janeiro, 1998, Ed. Kroart, p. 33.
ao congresso as assinaturas de quase duzentos mil eleitores e de mais de um milhão e
duzentos mil cidadãos-crianças e cidadãos-adolescentes.
Coroando a revolução constitucional que colocou o Brasil no seleto rol das nações
mais avançadas na defesa dos interesses infanto-juvenis, para as quais crianças e jovens são
sujeitos de direito, titulares de direitos fundamentais, foi adotado o sistema garantista da
doutrina da proteção integral. Objetivando regulamentar e implementar o novo sistema,
foi promulgada a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,13 de autoria do Senador Ronan Tito
e relatório da Deputada Rita Camata.14
O Estatuto da Criança e do Adolescente resultou da articulação de três vertentes: o
movimento social, os agentes do campo jurídico e as políticas públicas.
Coube ao movimento social reivindicar e pressionar. Aos agentes jurídicos (estudio-
sos e aplicadores) traduzirem tecnicamente os anseios da sociedade civil desejosa de
mudança do arcabouço jurídico-institucional das décadas anteriores. Embalados pelo
ambiente extremamente propício de retomada democrática pós-ditadura militar e pro-
mulgação de uma nova ordem constitucional, coube ao poder público, através das Casas
legislativas efetivar os anseios sociais e a determinação constitucional.
O termo “estatuto” foi de todo próprio, porque traduz o conjunto de direitos funda-
mentais indispensáveis à formação integral de crianças e adolescentes, mas longe está de ser
apenas uma lei que se limita a enunciar regras de direito material. Trata-se de um verda-
deiro microssistema que cuida de todo o arcabouço necessário para se efetivar o ditame
constitucional de ampla tutela do público infanto-juvenil. É norma especial com extenso
campo de abrangência, enumerando regras processuais, instituindo tipos penais, estabele-
cendo normas de direito administrativo, princípios de interpretação, política legislativa, em
suma, todo o instrumental necessário e indispensável para efetivar a norma constitucional. 
A adoção da Doutrina da Proteção Integral na visão de Antonio Carlos Gomes da Costa
constituiu uma verdadeira “revolução copernicana” na área da infância e adolescência.15
Com ela, constrói-se um novo paradigma para o direito infanto-juvenil.
Formalmente, sai de cena a Doutrina da Situação Irregular, de caráter filantrópico e assis-
tencial, com gestão centralizadora do Poder Judiciário, a quem cabia a execução de qual-
quer medida referente aos menores que integravam o binômio abandono-delinqüência. 
Em seu lugar, implanta-se a Doutrina da Proteção Integral, com caráter de política
pública. Crianças e adolescente deixam de ser objeto de proteção assistencial e passam a
titulares de direitos subjetivos. Para assegurá-los é estabelecido um sistema de garantia de
direitos, que se materializa no Município, a quem cabe estabelecer a política de atendi-
mento dos direitos da criança e do adolescente, através do Conselho Municipal de Direito
Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente
9
13 Publicada no Diário Oficial da União, de 16 de julho de 1990, com vigência noventa dias após, de acordo
com seu artigo 266.
14 A Lei nº 8.069/90 é originária do Projeto de Lei nº 5.172/90, ao qual foi anexado o projeto de Lei nº 1.506,
de 1989, do Deputado Nelson Aguiar, de maior abrangência, ao qual também foram apensados vários pro-
jetos de lei. São eles os de nº 1.765/89, 2.264/89, 2.742/89, 628/83, 75/87, 1.362/88, 1.619/89, 2.734/89,
2.079/89, 2.526/89, 2.584/89 e 3.142/89.
15 “A Mutação Social”. In Brasil Criança Urgente, A Lei no 8.069/90. São Paulo: Columbus Cultural, 1990, p. 38.
da Criança e do Adolescente – CMDCA, bem como, numa co-gestão com a sociedade civil,
executá-la.
Trata-se de um novo modelo, democrático e participativo, no qual família, socieda-
de e estado são co-gestores do sistema de garantias que não se restringe à infância e juven-
tude pobres, protagonistas da doutrina da situação irregular, mas sim a todas as crianças e
adolescentes, pobres ou ricos, lesados em seus direitos fundamentais de pessoas em desen-
volvimento.
Novos atores entram em cena. A comunidade local, através dos Conselhos Municipal
e Tutelar. A família, cumprindo os deveres inerentes ao poder familiar. O Judiciário, exer-
cendo a função judicante. O Ministério Público como um grande agente garantidor de
toda a rede, fiscalizando seu funcionamento, exigindo resultados, assegurando o respeito
prioritário aos direitos fundamentais infanto-juvenis estabelecidos na lei Maior.
Implantar o sistema de garantias é o grande desafio dos operadores da área da infân-
cia e juventude. Inicialmente, se faz indispensável romper com o sistema anterior, não
apenas no aspecto formal, como já o fizeram a Constituição da República e a Lei nº
8.069/90, mas e principalmente no plano prático. Trata-se de uma tarefa árdua, pois exige,
conhecer, entender e aplicar uma nova sistemática, completamente diferente da anterior,
entranhada em nossa sociedade há quase um século, mas o resultado, por certo, nos leva-
rá a uma sociedade mais justa, igualitária e digna.
Referências Bibliográficas
COULANGES, Fustel. A Cidade Antiga. Tradução J. Cretella Jr. e Agnes Cretella, Revista
dos Tribunais, 2003.
TAVARES, José de Farias. O Direito da Infância e da Juventude. Belo Horizonte: Del Rey,
2001.
PEREIRA, Almir Rogério. Visualizando a Política de Atendimento. Rio de Janeiro:
Editora Kroart, 1998.
Brasil Criança Urgente, A Lei 8.069/90. São Paulo: Columbus Cultural, 1990.
Andréa Rodrigues Amin
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Doutrina da Proteção Integral
Andréa Rodrigues Amin
1. Introdução
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira doutrina “é o conjunto de princípios
que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, etc.”.1
Ou seja, há uma idéia central ou valor, desenvolvidos por princípios e regras. Não é
termo exclusivo do mundo jurídico, mas comum às diversas ciências sociais.
A doutrina da proteção integral encontra-se insculpida no artigo 227 da Carta
Constitucional de 1988, em uma perfeita integração com o princípio fundamental da dig-
nidade da pessoa humana. 
Segundo Maria Dinair Acosta Gonçalves2 superou-se o Direito tradicional, que não
percebia a criança como indivíduo e o Direito moderno do menor incapaz, objeto de
manipulação dos adultos. Na era pós-moderna a criança e o adolescente são tratados como
sujeito de direitos, em sua integralidade.
A Carta Constitucional de 1988, afastando a doutrina da situação irregular até então
vigente, assegurou às crianças e adolescentes, com absoluta prioridade, direitos fundamen-
tais, determinando à família, à sociedade e ao Estado o dever legal e concorrente de asse-
gurá-los.
Regulamentando e buscando dar efetividade à norma constitucional foi promulgado
o Estatuto da Criança e do Adolescente, microssistema aberto de regras e princípios, fun-
dado em dois pilares básicos: 1 – criança e adolescente são sujeitos de direito; 2 – afirma-
ção de sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
O efeito da mudança paradigmática é o objeto desse capítulo.
2. Documentos Internacionais
O primeiro documento internacional que expôs a preocupação em se reconhecer
direitos a crianças e adolescentes foi a Declaração dos Direitos da Criança de Genebra, em
1924, promovida pela Liga das Nações. 
Contudo, foi a Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU em
1959, o grande marco no reconhecimento de crianças como sujeitos de direitos, carecedo-
ras de proteção e cuidados especiais.
O documento estabeleceu, dentre outros princípios: proteção especial para o desen-
volvimento físico, mental, moral e espiritual; educação gratuita e compulsória; prioridade
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1 Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 610. Nova Fronteira, 2ª edição – 36ª Reimpressão.
2 Proteção integral – Paradigma

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