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CURSO DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: Aspectos Teóricos e Práticos www.lumenjuris.com.br EDITORES João de Almeida João Luiz da Silva Almeida Adriano Pilatti Alexandre Freitas Câmara Alexandre Morais da Rosa Aury Lopes Jr. Cezar Roberto Bitencourt Cristiano Chaves de Farias Carlos Eduardo Adriano Japiassú Cláudio Carneiro Cristiano Rodrigues Elpídio Donizetti Emerson Garcia Fauzi Hassan Choukr Felippe Borring Rocha CONSELHO EDITORIAL Firly Nascimento Filho Frederico Price Grechi Geraldo L. M. Prado Gustavo Sénéchal de Goffredo Helena Elias Pinto Jean Carlos Fernandes João Carlos Souto João Marcelo de Lima Assafim José dos Santos Carvalho Filho Lúcio Antônio Chamon Junior Manoel Messias Peixinho Marcellus Polastri Lima Marco Aurélio Bezerra de Melo Marcos Chut Marcos Juruena Villela Souto Mônica Gusmão Nelson Rosenvald Nilo Batista Paulo de Bessa Antunes Paulo Rangel Rodrigo Klippel Salo de Carvalho Sérgio André Rocha Sidney Guerra RRiioo ddee JJaanneeiirroo CCeennttrroo –– Rua da Assembléia, 10 Loja G/H CEP 20011-000 – Centro Rio de Janeiro - RJ Tel. (21) 2531-2199 Fax 2242-1148 BBaarrrraa –– Avenida das Américas, 4200 Loja E Universidade Estácio de Sá Campus Tom Jobim – CEP 22630-011 Barra da Tijuca –– Rio de Janeiro - RJ Tel. (21) 2432-2548 / 3150-1980 SSããoo PPaauulloo Rua Correia Vasques, 48 – CEP: 04038-010 Vila Clementino - São Paulo - SP Telefax (11) 5908-0240 / 5081-7772 BBrraassíílliiaa SCLS quadra, 402 bloco D - Loja 09 CEP 70236-540 - Asa Sul - Brasília - DF Tel. (61)3225-8569 MMiinnaass GGeerraaiiss Rua Tenente Brito Mello, 1.233 CEP 30180-070 – Barro Preto Belo Horizonte - MG Tel. (31) 3309-4937 / 4934-4931 BBaahhiiaa Rua Dr. José Peroba, 349 – Sls 505/506 CEP 41770-235 - Costa Azul Salvador - BA - Tel. (71) 3341-3646 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull Rua Riachuelo, 1335 - Centro CEP 90010-271 – Porto Alegre - RS Tel. (51) 3211-0700 EEssppíírriittoo SSaannttoo Rua Constante Sodré, 322 – Térreo CEP: 29055-420 – Santa Lúcia Vitória - ES. Tel.: (27) 3235-8628 / 3225-1659 Álvaro Mayrink da Costa Amilton Bueno de Carvalho Andreya Mendes de Almeida Scherer Navarro Antonio Carlos Martins Soares Artur de Brito Gueiros Souza Caio de Oliveira Lima CONSELHO CONSULTIVO Cesar Flores Firly Nascimento Filho Flávia Lages de Castro Francisco de Assis M. Tavares Gisele Cittadino Humberto Dalla Bernardina de Pinho João Theotonio Mendes de Almeida Jr. Ricardo Máximo Gomes Ferraz Sergio Demoro Hamilton Társis Nametala Sarlo Jorge Victor Gameiro Drummond KÁTIA MACIEL Coordenadora CURSO DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: Aspectos Teóricos e Práticos 4a edição Revista e Atualizada Conforme Lei nº 12.010/2009 EDITORA LUMEN JURIS Rio de Janeiro 2010 Copyright © 2010 by Livraria e Editora Lumen Juris Ltda. 1a edição: 2006; 2a edição: 2007; 3a edição: 2008; 4a edição: 2010 Categoria: Direito Civil PRODUÇÃO EDITORIAL Livraria e Editora Lumen Juris Ltda. A LIVRARIA E EDITORA LUMEN JURIS LTDA. não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra. É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto às características gráficas e/ou editoriais. A violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 184 e §§, e Lei no 10.695, de 1o/07/2003), sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas (Lei no 9.610/98). Todos os direitos desta edição reservados à Livraria e Editora Lumen Juris Ltda. Impresso no Brasil Printed in Brazil Dedicatória A Deus, a quem servimos: toda a honra. Aos nossos familiares, pelo apoio e inspiração: todo o nosso amor. Agradecimentos Especiais À Rosa Carneiro, nossa querida colega, pelo dedicado trabalho de orientar e rever nossos textos, com a colaboração preciosa de Maria Eugênia Monteiro Cavalcanti: dois expoentes da área do Direito infanto- juvenil carioca. À equipe da Assessoria de Direito Público, da Biblioteca do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e do 4º Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, pelo material de pesquisa disponibilizado. Sumário Autores .......................................................................................................................... xix Nota da 4ª Edição .......................................................................................................... xxi Apresentação................................................................................................................. xxiii Prefácio.......................................................................................................................... xxv PARTE I O DIREITO MATERIAL SOB O ENFOQUE CONSTITUCIONAL Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente ..................................... 3 Andréa Rodrigues Amin 1. Idade Antiga, 3; 2. Idade Média, 4; 3. O Direito Brasileiro, 4; 4. O Período Pós- Constituição de 1988, 8; Referências Bibliográficas, 10. Doutrina da Proteção Integral ..................................................................................... 11 Andréa Rodrigues Amin 1. Introdução, 11; 2. Documentos Internacionais, 11; 3. Da Situação Irregular à Pro- teção Integral, 12; 4. Jurisprudência sobre o Tema, 15; Referências Bibliográficas, 17. Princípios Orientadores do Direito da Criança e do Adolescente............................ 19 Andréa Rodrigues Amin 1. Considerações Iniciais, 19; 2. Princípio da Prioridade Absoluta, 20; 3. Princípio do Me- lhor Interesse, 27; 4. Princípio da Municipalização, 29; Referências Bibliográficas, 30. Dos Direitos Fundamentais .......................................................................................... 31 Andréa Rodrigues Amin 1. Considerações Gerais, 31; 2. Direito à Vida, 31; 3. Direito à Saúde, 32; 3.1. Nasci- turo e Atendimento à Gestante, 33; 3.2. Saúde de Crianças e Jovens, 40; 3.3. Porta- dores de Necessidades Especiais, 43; 3.4. Doentes Crônicos, 43; 3.5. Direito a Acom- panhante, 44; 4. Direito à Liberdade, 45; 5. Direito ao Respeito e à Dignidade, 48; 6. Di- reito à Educação, 49; 6.1. Igualdade, 50; 6.2. Acesso e Permanência, 51; 6.3. Níveis e Modalidades de Ensino, 53; 6.4. Ensino Noturno, 56; 6.5. Educação de Jovens e Adul- tos, 57; 6.6. Flexibilização do Ensino, 57; 6.7. Educação democratizada, 58; 6.8. Fi- nanciamento do Ensino Fundamental, 58; 7. Direito à Cultura, Esporte e Lazer, 62; 8. Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, 62; 8.1. Aprendizagem, 64; 8.2. Trabalho Rural, 64; Referências Bibliográficas, 65. Direito Fundamental à Convivência Familiar ............................................................ 67 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Origem da Família, 67; 2. Princípios Relativos à Família, 68; 3. Noção Atual de Família, 70; 4. Conceituação de Convivência Familiar e Comunitária, 75; 5. A norma- tização no cenário nacional, 76; Referências Bibliográficas, 78. ix Poder Familiar............................................................................................................... 81 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. A Denominação do Instituto, 81; 2. Aspectos Pessoais, 82; 2.1. Dever de Registrar o Filho e o Direito ao Estado de Filiação, 83; 2.1.1. Considerações Gerais, 83; 2.1.2. Regularização dos Dados Parentais na Certidão de Nascimento do Filho, 85; 2.1.3. Registro Civil de Criança e de Adolescente na Hipótese do Art. 98 do ECA, 89; 2.1.4. Considerações Finais, 92; 2.2. Dever de Guarda e o Direito Fundamental do Filho de ser Cuidado, 95; 2.2.1. Guarda dos Pais Separados, 97; 2.2.1.1. Guarda e Companhia Consensual, 100; 2.2.1.2. Guarda Compartilhada, 101; 2.2.1.3. Guarda Litigiosa, 103; 2.2.2. Dever de Visitação e o Direito do Filho à Convivência Familiar Plena, 105; 2.2.3. Fiscalização da Educação e Manutenção do Filho pelo Não- Guardião, 112; 2.3. Dever de Criar e Educar o Filho e o Direito Fundamental deste à Educaçãoe à Profissionalização, 113; 2.4. Dever de Sustento e o Direito Fundamental à Assistência Material, 115; 2.5. Dever de Assistência Imaterial e o Direito ao Afeto, 119; 3. Aspectos Patrimoniais do Poder Familiar, 122; 4. Considerações Acerca do Controle do Poder Familiar, 124; 4.1. A Falta de Recursos Materiais, 127; 4.2. Sus- pensão do Poder Familiar, 130; 4.3. Extinção do Poder Familiar, 131; 4.3.1. Mor- te, 132; 4.3.2. Emancipação, 132; 4.3.3. Maioridade Civil, 133; 4.3.4. Adoção, 133; 4.3.5. Decisão Judicial, 135; 4.4. Perda ou Destituição do Poder Familiar, 136; 4.4.1. Castigo Imoderado, 136; 4.4.2. Abandono, 138; 4.4.3. Atos Contrários à Moral e aos Bons Costumes, 139; 4.4.4. Reiteração das Faltas, 142; 4.5. Perda do Poder Familiar na Lei Trabalhista, 142; 4.6. Perda do Poder Familiar na Lei Penal, 143; 5. Restabelecimento do Poder Familiar, 145; Referências Bibliográficas, 146. Colocação em Família Substituta ................................................................................. 151 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 151; 2. Modalidades, 152. Guarda como Colocação em Família Substituta ......................................................... 155 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 155; 2. Guarda Provisória e Guarda Definitiva, 157; 3. Guarda de Fato, 158; 4. Guarda como Medida Protetiva ou Estatutária, 160; 5. Guarda em Favor de Terceiros na Vara de Família, 161; 6. Guarda Subsidiada ou por Incentivo: medida de acolhimento familiar, 162; 7. Guarda Legal do Dirigente da Entidade de Acolhimento Institucional, 164; 8. Guarda da Criança ou do Adolescente Estrangeiro, 167; 9. De- pendência para Todos os Fins, 168; 10. Compartilhamento da Guarda dos Pais com a Família Substituta, 170; 11. Visitação de Criança ou de Adolescente sob a Guarda de Terceiros, 171; 12. Visitação de Filhos Abrigados, 173; Referências Bibliográficas, 175. Tutela............................................................................................................................. 177 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 177; 2. Nomeação do Tutor, 180; 2.1. Tutela Testamentária, 180; 2.2. Tutela Legítima, 181; 2.3. Tutela Dativa, 181; 3. Tutela Provisória e Definitiva, 182; 4. Características Controvertidas da Tutela, 183; 5. Entrega do Filho, 186; 6. Obri- gações do Tutor, 187; 6.1. Obrigações Pessoais, 188; 6.2. Guarda do Tutelado, 188; 6.3. Obrigações Patrimoniais, 189; 7. Tutela como Medida Protetiva ou Estatutária, x 191; 8. Tutela no Código Civil: outras notas, 192; 9. Causas de Cessação da Tutela, 193; Referências Bibliográficas, 194. Adoção........................................................................................................................... 197 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 197; 2. Histórico, 197; 2.1. O Direito Civil Constitucional, 202; 3. Conceito e Natureza Jurídica, 205; 4. Legitimidade, 206; 4.1. Considerações gerais, 206; 4.2. Impedimento Parcial (Tutor e Curador), 208; 4.3. Impedimento Total (Avós e Irmãos), 209; 4.4. Adoção por Divorciados e Ex-Companheiros, 212; 4.5. Adoção por Casal Homossexual, 214; 4.6. Adoção de Nascituro, 222; 5. Cadastro e Habilitação para Adoção, 224; 6. Requisitos, 230; 6.1. Idade Mínima e Estabilidade da Família, 230; 6.2. Diferença de Dezesseis Anos, 232; 6.3. Consentimento, 233; 6.3.1. Dispensa do Consentimento, 234; 6.3.2. Revogabilidade do Consentimento, 236; 6.4. Concordância do Adotando, 237; 6.5. Reais Benefícios para o Adotando, 240; 7. Estágio de Convivência, 242; 8. Efeitos, 244; 8.1. Efeitos Pessoais, 244; 8.2. Efeitos Patrimoniais, 247; 9. Modalidades, 247; 9.1. Adoção Bilateral, 248; 9.2. Adoção Unilateral, 248; 9.3. Adoção Póstuma, 249; 9.4. Adoção Intuitu Personae, 251; 9.5. Adoção “À Brasileira”, 255; 10. Adoção Internacional, 258; Referências Bibliográficas, 264. Prevenção ...................................................................................................................... 267 Ângela Maria Silveira dos Santos 1. Introdução, 267; 2. Prevenção Especial, 270; 2.1. Acesso aos Espetáculos e Diver- sões Públicas, 270; 2.2. Acesso aos Programas de Rádio e Televisão, 273; 2.2.1. En- trada e Permanência, 273; 2.2.2. Participação em Espetáculos Públicos, 273; 2.3. Exi- bição de Programas pelas Emissoras de Rádio e de Televisão, 276; 2.4. Venda e Lo- cação de Fitas de Programação em Vídeo, 279; 2.5. Revistas e Publicações, 279; 2.6. Es- tabelecimentos que Exploram Jogos com Apostas, 283; 2.7. Produtos Proibidos, 284; 2.8. Hospedagem, 286; 2.9. Autorização de Viagem, 287; 2.9.1. Considerações Ini- ciais, 287; 2.9.2. Autorização Judicial para Viagem Nacional, 288; 2.9.3. Autorização para Viagem ao Exterior, 289; Referências Bibliográficas, 292. PARTE II A REDE DE ATENDIMENTO A Política de Atendimento .......................................................................................... 297 Patrícia Silveira Tavares 1. Introdução, 297; 2. Uma Visão Geral da Nova Política de Atendimento, 305; 2.1. As Linhas de Ação da Política de Atendimento, 306; 2.2. As Diretrizes da Política de Atendimento, 309; 3. Os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 314; 3.1. Introdução, 314; 3.2. Definição, 316; 3.3. Disciplina Legal, 316; 3.4. A organiza- ção essencial, 317; a) A Criação, a Gestão e a Administração dos Fundos, 317; b) A Captação dos Recursos Financeiros, 320; c) A Destinação dos Recursos Financeiros, 324; d) Os Mecanismos de Controle, 326; 3.5. Nota Sobre os Denominados “Certificados de Captação” e as “Doações Casadas”, 327; 4. As Entidades de Atendimento, 330; 4.1. Aspectos Gerais, 330; 4.2. Registro das Entidades e Inscrição dos Programas, 334; 4.3. Os Princípios e as Regras Especialmente Aplicáveis às xi Entidades que desenvolvem Programas de Acolhimento Institucional ou Familiar, 338; 4.4. As Obrigações das Entidades Destinadas ao Atendimento em Regime de Internação, Acolhimento Institucional ou Acolhimento Familiar, 346; 4.5. A Fiscalização das Entidades de Atendimento, 348; Referências Bibliográficas, 350. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente ........................................... 353 Patrícia Silveira Tavares 1. Introdução, 353; 2. Definição, 354; 3. Natureza Jurídica, 354; 4. A formação dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 356; 4.1. A Criação do Órgão, 356; 4.2. A Composição Paritária, 357; 4.3. A Escolha dos Membros, 359; 4.4. As Normas de Funcionamento, 360; 5. As Atribuições dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 361; 5.1. A Deliberação e o Controle das Ações Relaciona- das à Política de Atendimento, 362; 5.2. A Gestão dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 367; 5.3. O Registro e a Inscrição dos Programas e a Inscrição das Entidades de Atendimento Não Governamentais, 368; 5.4. A Organização do Pro- cesso de Escolha dos Membros do Conselho Tutelar, 371; 6. O Controle da Atuação dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, 372; Referências Biblio- gráficas, 374. O Conselho Tutelar ...................................................................................................... 375 Patrícia Silveira Tavares 1. Introdução, 375; 2. Visão Geral, 377; 2.1. Conceito, 377; 2.2. Características, 377; 3. A Estruturação do Conselho Tutelar, 379; 3.1. A Implantação do Órgão, 379; 3.2. A Composição, 384; 4. O Processo de Escolha dos Membros do Conselho Tutelar, 391; 4.1. Regra Geral, 391; 4.2. As Peculiaridades Municipais, 392; 5. As Atribuições e o Limite Territorial de Atuação do Conselho Tutelar, 394; 5.1. As Atribuições do Conselho Tutelar, 394; a) A Aplicação das Medidas Específicas de Proteção Constantes do art. 101, Incisos I a VII, 394; b) O Atendimento e o Aconselhamento aos Pais ou Responsável, por Meio da Aplicação das Medidas Previstas no Art. 129, Incisos I a VII, 398; c) A Promoção da Execução das suas Decisões, 398; d) OEncaminhamento ao Ministério Público de Notícia de Fato que Constitua Infração Administrativa ou Penal contra os Direitos da Criança ou Adolescente, ou Ainda, Encaminhar à Autoridade Judiciária os Casos de sua Competência, 400; e) O Atendimento de Adolescentes em Conflito com a lei, Mediante a Promoção da Execução das Medidas Estabelecidas pela Autoridade Judiciária, dentre as Previstas no Art. 101, Incisos I a VI, 400; f) A Expedição de Notificações, 401; g) A Requisição das Certidões de Nascimento ou de Óbito de Criança ou Adolescente, 401; h) O Assessoramento do Poder Executivo Local na Elaboração da Proposta Orçamentária, 402; i) A Representação em Nome da Pessoa e da Família, Contra a Violação dos Direitos Previstos no Art. 220, § 3º, II, da Constituição Federal, 403; j) O oferecimen- to ao Ministério Público de Representação, para Efeito das Ações de Perda ou Suspensão do Poder Familiar quando esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente na família natural, 403; k) A Fiscalização das Entidades de Atendimento, 404; l) A Deflagração de Procedimento Visando à Apuração da Prática de Infração Administrativa, 405; 5.2. O Limite Territorial de Atuação do Conselho Tutelar, 406; 6. A Fiscalização do Conselho Tutelar, 407; 6.1. A Revisão das Decisões do Conselho Tutelar, 408; 6.2. O Controle da Atuação dos Membros do Conselho Tutelar, 409; Referências Bibliográficas, 411. xii O Poder Judiciário ........................................................................................................ 413 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. O Juiz, 413; 2. Órgãos Auxiliares, 414. Ministério Público ........................................................................................................ 419 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 419; 2. Instauração de Procedimentos Administrativos e Sindicâncias (art. 201, VI e VII), 422; 3. Promover Medidas Judiciais e Extrajudiciais para Zelar pelo Efetivo Respeito aos Direitos e Garantias Legais das Crianças e Adolescentes (Art. 201, VIII), 423; 4. Inspeção às Entidades de Atendimento (201, XI), 424; 5. Fis- calização da Aplicação das Verbas do Fundo Municipal (Art. 260, § 4º), 425; Refe- rências Bibliográficas, 428. O Advogado .................................................................................................................. 429 Galdino Augusto Coelho Bordallo Infrações Administrativas ............................................................................................ 433 Patrícia Pimentel de Oliveira Chambers Ramos 1. Conceito de Infração Administrativa, 433; 2. Princípios Gerais das Infrações Admi- nistrativas, 436; 2.1. Princípio da Proteção Integral, 436; 2.2. Princípio da Prioridade Absoluta, 437; 2.3. Princípio da Legalidade, 437; 2.4. Princípio da Presunção de Legiti- midade dos Atos Administrativos, 439; 2.5. Princípio da Objetividade, 440; 2.6. Prin- cípio da Independência das Sanções Administrativas, 442; 2.7. Princípio da Pu- blicidade, 443; 2.8. Princípio do Devido Processo Legal, 443; 2.9. Princípio da Ampla Defesa e Contraditório, 443; 3. Das Infrações Administrativas Previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, 444; 3.1. Breve Histórico, 444; 3.2. A Interpretação das Infrações Administrativas, 447; 3.3. A Multa, 448; 3.4. Da Prescrição, 452; 4. As Infrações Administrativas em Espécie, 454; 4.1. Omissão de Comunicação de Maus Tratos, 454; 4.2. Impedir o Exercício de Direitos Fundamentais de Ampla Defesa, Contraditório, Convivência Familiar e Escolarização de Adolescente Privado da Liberdade, 459; 4.3. Divulgação de Dados e Identificação de Criança ou Adolescente a que se Atribua Ato Infracional, 460; 4.4. Guarda para Fins de Trabalho Doméstico, 465; 4.5. Descumprimento dos Deveres Decorrentes da Autoridade Familiar, 466; 4.6. Hospedagem de Criança ou Adolescente Desacompanhado, 477; 4.7. Transporte Irregular de Criança ou Adolescente, 479; 4.8. Proteção dos Valores Éticos e Sociais da Pessoa e da Família na Formação de Crianças e Adolescentes (Artigos 252 a 258 do Estatuto da Criança e do Adolescente), 482; 4.8.1. Ausência de Informação na Entrada sobre Diversão ou Espetáculo Público, 485; 4.8.2. Ausência de Indicação dos Limites de Idade no Anúncio de Representações ou Espetáculos, 488; 4.8.3. Trans- missão, Via Rádio ou Televisão, de Espetáculo de Forma Irregular, 491; 4.8.4. Exibi- ção de Espetáculo de Forma Irregular, 494; 4.8.5. Venda ou Locação de Programação Inadequada, 497; 4.8.6. Comercialização de Revistas e Periódicos de Maneira Irregular, 498; 4.8.7. Entrada e participação irregular de crianças e adolescentes em diversões e espetáculos, 504; 4.8.7.1. A Entrada de Criança ou Adolescente nos Locais de Diversão, 505; a) Acompanhado dos Pais ou Responsável, 505; b) Desacom- panhado dos Pais ou Responsável, 507; c) Venda de Bebidas Alcoólicas para Menores de Idade, 509; d) Responsabilidade Solidária do Responsável pelo Estabelecimento e xiii Empresário, 511; 4.8.7.2. Participação de Criança ou Adolescente em Espetáculos Públicos, 513; 4.8.8. Não providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros de adoção, 516; 4.8.9. Deixar de encaminhar imediatamente à autoridade judiciária mãe ou gestante interessada de entregar seu filho para adoção, 517; Referências Bibliográficas, 518. As Medidas de Proteção ............................................................................................... 521 Patrícia Silveira Tavares 1. Introdução, 521; 1.1. Evolução Legislativa, 521; 1.2. Definição, 522; 1.3. Hi- póteses de Aplicação, 523; 2. As Medidas Específicas de Proteção, 524; 2.1. Normas Gerais, 524; 2.2. A Autoridade Competente, 527; 2.3. As Hipóteses Elencadas no Art. 101 do ECA, 529; 2.4. Os Procedimentos para a Aplicação das Medidas Específicas de Proteção, 535; Referências Bibliográficas, 541. As Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsáveis .................................................... 543 Patrícia Silveira Tavares 1. Introdução, 543; 2. O Rol do Art. 129 do ECA, 544; 3. Observações quanto ao Procedimento, 546; Referências Bibliográficas, 547. Os Princípios Constitucionais do Processo ................................................................. 549 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 549; 2. Devido Processo Legal, 551; 3. Igualdade, 553; 4. Contraditório, 554; 5. Acesso à Justiça, 555; 6. Juiz Natural, 559; 7. Promotor Natural, 559; 8. Mo- tivação das Decisões, 560; 9. Publicidade, 561; 10. Tempestividade da Tutela Jurisdicional, 561; Referências Bibliográficas, 564. As Regras Gerais de Processo....................................................................................... 567 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 567; 2. Capacidade Processual, 568; 3. Curadoria Especial, 569; 4. Gra- tuidade de Justiça, 571; 5. Segredo de Justiça, 575; 6. Competência, 576; 6.1. Ju- risdição. Conceito de Competência, 576; 6.2. Critérios Determinadores da Com- petência, 578; 6.3. Competência Absoluta e Competência Relativa, 579; 6.4. Critérios Específicos de Fixação da Competência constantes do ECA, 580; 6.5. Perpetuatio Jurisdictionis, 588; Referências Bibliográficas, 595. Ação de Suspensão e de Destituição do Poder Familiar............................................. 597 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 597; 2. Competência, 597; 3. Legitimidade Ativa, 598; 4. Legitimidade Passiva, 602; 5. Pedido Cumulativo, 604; 6. Medidas Cautelares Correlatas, 605; 7. Res- posta do Réu, 607; 8. Fase Instrutória, 607; 9. Fase Decisória, 609; 10. Ação de Restituição do Poder Familiar, 612; Referências Bibliográficas, 614. Ação de Colocação em Família Substituta .................................................................. 617 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 617; 2. Fase Postulatória, 618; 3. O Consentimento dos Pais, 619; 4. Pedido Formulado Diretamente em Cartório, 621; 5. Fase Instrutória, 621;6. A xiv Oitiva da Criança e do Adolescente, 623; 7. Fase Decisória, 625; Referências Bib- liográficas, 626. Ação de Guarda............................................................................................................. 627 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Competência, 627; 2. Fase Postulatória, 628; 3. Citação ou a Concordância dos Pais, 630; 4. Concessão da Guarda Provisória e Definitiva, 631; 5. Perda ou Revogação da Guarda, 632; Referências Bibliográficas, 634. Ação de Tutela e Procedimentos Correlatos............................................................... 635 Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 635; 2. A Competência Considerando a Situação do Tutelando, 635; 3. Fase Postulatória, 636; 4. Interesse Exclusivamente Previdenciário, 637; 5. Oitiva Obrigatória do Tutelando, 638; 6. Pedido de Tutela Cumulado com a Perda do Poder Familiar, 638; 7. Termo de Tutela, 639; 8. Procedimento de Escusa da Tutela, 639; 9. Prestação de Contas e Balanço na Tutela, 640; 10. Remoção do Tutor, 642; Referências Bibliográficas, 643. Procedimento da Habilitação para Adoção................................................................. 645 Galdino Augusto Coelho Bordallo Ação de Adoção ............................................................................................................ 647 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Rito e Competência, 647; 2. Petição Inicial e Pedido, 647; 3. Citação, 650; 4. Oitiva dos Pais biológicos, 651; 5. Estudo de Caso, 651; 6. Audiência Prévia e de Instrução e Julgamento, 652; 7. Sentença, 652; 8. Adoção Internacional, 653; Referências Bibliográficas, 654. Procedimento de Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel 1. Introdução, 655; 2. Natureza Jurídica do Procedimento, 656; 3. Competência, 659; 4. Fase Postulatória, 659; 5. Legitimados Passivos, 661; 6. Afastamento Provisório do Dirigente, 663; 7. Resposta Escrita, 665; 8. Fase Instrutória, 667; 9. Fase Decisória, 668; 10. Medidas Aplicáveis à Entidade Condenada, 669; Referências Bibliográficas, 674. Procedimento das Infrações Administrativas ............................................................. 675 Patricia Pimentel de Oliveira Chambers Ramos 1. Natureza Jurídica do Procedimento, 675; 2. Princípios, 676; 3. Competência, 677; 4. Rito Processual, 677; 5. O Ministério Público e a Cumulação do Pedido para a Aplicação da Multa em Outras Ações, 682; 6. Abuso Sexual Intrafamiliar e a Representação prevista no art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 684; Referências Bibliográficas, 684. xv Procedimento de Portaria e de Expedição de Alvará................................................ 685 Ângela Maria Silveira dos Santos 1. Natureza Jurídica e Competência para Disciplinar Através de Portaria, 685; 1.1. In- trodução, 685; 1.2. Conceituação e Natureza Jurídica da Portaria e do Alvará, 686; 1.3. Portaria do Art. 149 do ECA, 687; 2. Autorização para a Participação e a Entrada em Espetáculos Públicos, 690; Referências Bibliográficas, 693. Ação Civil Pública ........................................................................................................ 695 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 695; 2. Direitos Metaindividuais, 696; 3. Inquérito Civil, 699; 4. Termo de Ajustamento de Conduta, 703; 5. Ação Civil Pública, 706; 5.1. Introdução e Conceito, 706; 5.2. Legitimidade, 708; 5.3. Litisconsórcio entre Ministérios Públicos, 712; 5.4. Liminar, 713; 5.4.1. Suspensão da liminar pelo Presidente do Tribunal, 717; 5.5. Objeto e Competência, 719; 5.6. Sentença, 720; 5.7. Coisa Julgada, 725; 5.7.1. In- trodução, 725; 5.7.2. Coisa Julgada na Ação Coletiva, 727; 5.8. Execução, 736; Re- ferências Bibliográficas, 741. Outras Ações Previstas no Estatuto ............................................................................. 745 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 745; 2. Mandado de Segurança, 748; 3. Ação para Cumprimento de Obrigação de Fazer, 752; Referências Bibliográficas, 756. Recursos......................................................................................................................... 759 Galdino Augusto Coelho Bordallo 1. Introdução, 759; 2. Unicidade do Sistema, 761; 2.1. Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito, 764; 2.2. Legitimidade e Interesse para Recorrer, 767; 2.3. Motiva- ção, 768; 2.4. Forma, 768; 2.5. Renúncia e Desistência, 769; 3. Preparo, 769; 4. Tem- pestividade, 772; 5. Efeitos, 777; 5.1. Concessão do Efeito Suspensivo, 780; 5.2. Efei- tos da Apelação nas Ações Socioeducativas, 782; 6. Juízo de Retratação, 784; 7. Pro- cedimento no Tribunal, 788; 8. Recurso contra Portarias e Alvarás, 790; Referências Bibliográficas, 790. PARTE V DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL A Prática de Ato Infracional ........................................................................................ 795 Bianca Mota de Moraes Helane Vieira Ramos 1. Disposições Gerais (arts. 103 a 105 do ECA), 795; 1.1. Inimputabilidade Infanto- Juvenil, 795; 1.2. Ato Infracional Praticado por Criança, 801; 2. Direitos Individuais – (arts. 106 a 109 do ECA), 802; 3. Garantias Processuais (arts. 110 e 111 do ECA), 804; 4. Apuração do Ato Infracional (arts. 171 a 190 do ECA), 805; 4.1. Fase Policial, 805; 4.2. Fase de Atuação do Ministério Público, 808; A. Oitiva do Adolescente, 808; B. Arquivamento, 813; C. Remissão, 813; D. Representação, 817; 4.3. Fase Judicial, 820; A. Procedimento, 820; B. Outras Questões Relevantes, 825; B.1. Celeridade, 825; xvi B.2. Intervenção de Interessados, 826; B.3. Apreensão por Força de Ordem Judicial, 827; 5. Medidas Socioeducativas (arts. 112 a 125 do ECA), 828; 5.1. Disposições Gerais, 828; 5.1.1. Adolescente em Situação de Uso ou de Dependência de Drogas, 832; 5.1.2. Adolescente Portador de Deficiência Mental, 835; 5.1.3. Aplicação de Medidas Socioeducativas ao Jovem Adulto, 836; 5.2. Advertência, 839; 5.4. Prestação de Serviços à Comunidade, 840; 5.5. Liberdade Assistida, 841; 5.6. Semiliberdade, 842; 5.7. Internação, 844; 5.7.1. Internação Provisória, 845; A. Desnecessidade da Incidência dos Incisos I e II do art. 122 do ECA para a Internação Provisória, 846; B. Conseqüências do Excesso do Prazo de 45 dias, 849; 5.7.2. Internação Definitiva, 850; A. O Prazo Máximo de Três Anos e a Cumulatividade de Processos, 855; B. Pos- sibilidade de Aplicação da Medida de Internação Definitiva ao Ato Infracional Análogo ao Delito de Tráfico de Drogas, 859; 5.7.3. Internação-Sanção, 865; 6. Exe- cução das Medidas, 865; 6.1. Tramitação Processual na Fase Executória, 866; 6.2. Oiti- va do Adolescente para a Regressão da Medida Socioeducativa, 869; 6.3. Não Vinculação do Juiz ao Laudo Técnico para a Reavaliação das Medidas, 871; 6.4. Revisão de Medida Aplicada em Sede de Remissão, 872; 6.5. Regressão e Substituição de Medidas, 878; 7. Prescrição, 879; Referências Bibliográficas, 887. Dos Crimes .................................................................................................................... 891 Cláudia Canto Condack 1. Introdução, 891; 2. Disposições Gerais, 891; 3. Dos Crimes em Espécie, 893; 3.1. Omissão do Registro de Atividades ou do Fornecimento da Declaração de Nascimento, 893; 3.2. Omissão de Identificação do Neonato e da Parturiente ou de Realização de Exames Necessários, 895; 3.3. Privação Ilegal da Liberdade de Criança ou Adolescente, 897; 3.4. Omissão da Comunicação de Apreensão de Criança ou Adolescente, 899; 3.5. Submissão de Criança ou Adolescente a Vexame ou Constrangimento, 900; 3.6. Tortura, 901; 3.7. Omissão na Liberação de Criança ou Adolescente Ilegalmente Apreendido, 910; 3.8. Descumprimento Injustificado de Prazo Legal, 911; 3.9. Impedimento ou Embaraço à Ação de Autoridades, 913; 3.10. Subtração de Criança ou Adolescente, 914; 3.11. Promessa ou Entrega de Filho ou Pupilo, 915;3.12. Tráfico Internacional de Criança ou Adolescente, 917; 3.13. Utilização de Criança ou Adolescente em Cena Pornográfica oude Sexo Explícito, 919; 3.14. Comércio de Material Pedófilo, 922; 3.15. Difusão de Pedofilia, 925; 3.16. Posse de Material Pornográfico, 927; 3.17. Simulacro de Pedofilia, 930; 3.18. Aliciamento de Menores, 931; 3.19. Norma Explicativa, 933; 3.20. Venda, Fornecimento ou Entrega de Arma, Munição ou Explosivo, 933; 3.21. Venda, Fornecimento ou Entrega de Produto Causador de Dependência Física ou Psíquica, 934; 3.22. Venda, Fornecimento ou Entrega de Fogos de Estampido ou Artifício, 937; 3.23. Exploração Sexual de Criança ou Adolescente, 938; 3.24. Corrupção de Menores, 940; Referências Bibliográficas, 942. xvii Autores ANDRÉA RODRIGUES AMIN – Titular da 1ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Duque de Caxias. Professora de Direito Civil da EMERJ – Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e dos cursos FÓRUM, Escola de Direito da AMPERJ - Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e MASTER IURIS. Ex-Defensora Pública do Estado do Rio de Janeiro. Trabalhos publicados: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos e Direito das Sucessões, Editora Freitas Bastos. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. ÂNGELA MARIA SILVEIRA DOS SANTOS – Titular da 4ª Promotoria de Justiça de Família da Comarca de Duque de Caxias. Trabalho publicado: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. BIANCA MOTA DE MORAES – Titular da Promotoria de Justiça de Proteção à Educação da Capital Subcoordenadora do 4o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Infância e Juventude – Ministério Público do RJ de 2005 a 2008. Trabalho publicado: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. CLÁUDIA CANTO CONDACK – Titular da 10ª Promotoria de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos da Comarca da Capital do Rio de Janeiro. Mestre em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro. Professora de Direito Penal da EMERJ – Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro e Escola de Direito da AMPERJ – Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. GALDINO AUGUSTO COELHO BORDALLO – Titular da Promotoria de Justiça Civel Regional de Jacarepaguá – Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro. Ex-Titular da 2ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Duque de Caxias onde atuou por 12 anos. Mestre em Direito pela Universidade Gama Filho, na área de Estado e Cidadania. Ex-Defensor Público no Estado do Rio de Janeiro. Professor de Direito Civil e Direito da Criança e do Adolescente da EMERJ – Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, de Cursos de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e da Escola de Direito da AMPERJ- Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Trabalhos publicados: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos; A Prescrição da Pretensão Sócioeducativa, in Revista do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, nº 22, 2005. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família e da ABMP. HELANE VIEIRA RAMOS. – Titular da 3ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Niterói, desde o ano de 1994. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. xix KÁTIA REGINA FERREIRA LOBO ANDRADE MACIEL – Titular da 11ª Promotoria de Justiça de Família da Capital do Rio de Janeiro. Conclusão do Mestrado em Direito Civil e da Empresa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ex-Promotora de Justiça da Infância e Juventude por 10 anos. Professora da Disciplina “Evolução Jurídica da Família, da Filiação e dos Direitos da Personalidade” do Curso de Pós- Graduação de Direito Especial da Criança e do Adolescente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Professora de Direito de Família da EMERJ - Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. Trabalhos publicados: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos., A Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes pelo Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Pós- Constituição de 1988 em Temas Atuais do Ministério Público, Editora Lumen Juris. Autora de artigos em revistas especializadas. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. PATRÍCIA PIMENTEL DE OLIVEIRA CHAMBERS RAMOS – Titular da 1ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca do Rio de Janeiro. Mestre em Direito Civil pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Autora do livro “O Poder Familiar e a Guarda Compartilhada sob o enfoque dos novos paradigmas do Direito de Família”, Editora Lumen Juris, co-autora dos livros “Guarda Compartilhada: aspectos psicológicos e jurídicos”, Editora Equilíbrio e “Direito Civil – Constitucional”, Editora Renovar. Autora de diversos artigos em revistas especializa- das. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. PATRÍCIA SILVEIRA TAVARES – Titular da 3ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Duque de Caxias. Mestre em Direito Civil pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ex-Defensora Pública no Estado do Rio de Janeiro. Trabalho publicado: Código Civil – Do Direito de Família, Editora Freitas Bastos. Membro do FONCAIJE-Forum Nacional de Coordenadores de Centros de Apoio da Infância e Juventude e da Educação dos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. xx Nota da 4ª edição A 4ª edição do Curso de Direito da Criança e do Adolescente – Aspectos Teóricos e Práticos aborda as recentes e importantes mudanças legislativas introduzidas no ordena- mento jurídico pátrio concernentes à proteção a direitos infantojuvenis. As inovações trazidas pelas Leis nºs 11.698/08 (que disciplina a guarda compartilha- da), 11.804/08 (que trata dos alimentos gravídicos), 11.829/08 (que aprimora o combate à pornografia infantil e à pedofilia), 11.924/09 (que altera a Lei de Registros Públicos, auto- rizando o(a) enteado(a) a adotar o nome de família de padrasto ou madastra), 12.004/09 (nova lei de investigação de paternidade), 12.013/09 (que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), 12.015/09 (que altera o Código Penal na parte dos crimes contra a dignidade sexual e introduz no referido diploma o delito de corrupção de menores, antes regido pela Lei nº 2.252/54) são analisadas pelos autores, com destaque para a Lei nº 12.010/09, que se caracteriza como a primeira grande reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Inicialmente focado na adoção, o projeto de lei que deu origem à Lei nº 12.010/09 foi profundamente modificado e culminou com a alteração de nada menos do que 54 (cinquen- ta e quatro) dispositivos da Lei nº 8.069/90 (ECA). A nova lei, idealizada para ser a lei nacional de adoção, caracterizou-se, na verdade, como a nova lei nacional da convivência familiar, posto que as disposições por ela intro- duzidas alteram substancialmente a sistemática que envolve o direito de crianças e adoles- centes viverem em família, de modo a efetivar e garantir este direito fundamental. Entre as muitas inovações, podemos destacar, na esfera do sistema de Justiça: a devo- lução ao Poder Judiciário das decisões que envolvem o acolhimento institucional; a exi- gência, expressa, de procedimento judicial contencioso para justificar eventual afastamen- to do núcleo familiar; a previsão de prioridade absoluta para a tramitação de processos e procedimentos previstos no ECA; a fixação de prazos para a adoção de providências em favor de infantes e jovens em regime de acolhimento, privados do convívio familiar, com vistas à definição de sua situação jurídica; a obrigatoriedade da criação e alimentação dos cadastros de crianças e adolescentes aptos à adoção e daqueles inseridos em regime deaco- lhimento familiar ou institucional; a exigência de habilitação prévia para a adoção, ressal- vadas hipóteses estritas; a introdução de novos requisitos para o procedimento de habili- tação para adoção; a obrigatoriedade de observância da ordem cronológica de inscrição dos habilitados no cadastro de adotantes; a prioridade absoluta conferida aos recursos nos pro- cedimentos de adoção e de destituição do poder familiar; a previsão de infrações adminis- trativas dirigidas às autoridades do Poder Judiciário. No que concerne aos demais órgãos e atores do sistema de garantias, a nova lei prevê, entre outras medidas: a obrigatoriedade da implementação de políticas e programas capa- zes de prevenir ou reduzir o tempo de afastamento do convívio familiar e de garantir o efetivo exercício deste direito, dispondo sobre a participação ativa dos técnicos responsá- xxi veis pela execução das políticas municipais de garantia do direito à convivência familiar nas hipóteses de ameaça ou violação; a expressa responsabilização por parte das pessoas jurídicas de direito público e das entidades não governamentais pelo atendimento presta- do a infantes e jovens; a responsabilidade primária e solidária das três esferas de governo no tocante à plena efetivação dos direitos de crianças e adolescentes; novas obrigações cometidas às entidades de atendimento, que deverão se adequar às deliberações dos Conselhos de Direitos em todos os níveis, o que importará um urgente reordenamento do sistema de atendimento. O texto legal reforça, ainda mais, o foco na família, através da necessidade de assis- tência, orientação e auxílio às famílias de origem, de modo a garantir o direito de infantes e jovens serem criados e educados em seu seio; prevê expressamente o direito de visitação por parte dos genitores, quando a criança estiver sob a guarda de terceiros; consagra a pre- ferência do acolhimento familiar em relação ao institucional; além de assegurar o direito de o adotado conhecer sua origem biológica. Todas essas modificações certamente importarão a efetividade do direito à convivên- cia familiar, direito historicamente desrespeitado na trajetória de nosso País. Mais uma vez a sociedade brasileira se vê à frente de um valioso instrumento de mudança, sendo dever de todos trabalhar em prol dessa desejada transformação. A espe- rada e necessária mudança só depende de nós. Rosa Carneiro xxii Apresentação Rosa Maria Xavier Gomes Carneiro* A Lei nº 8.069/90 (ECA) operou uma verdadeira revolução no ordenamento jurídico nacional, introduzindo novos paradigmas na proteção e garantia dos direitos infanto-juvenis. Regulamentando a doutrina da proteção integral, recepcionada pelo artigo 227 da Carta Magna, o ECA apresenta-se como diploma legal inovador, verdadeiro instrumento da democracia participativa, que retirou crianças e adolescentes da condição de mero obje- to de medidas policiais e judiciais, conferindo-lhes a posição de sujeitos de direitos funda- mentais. Erigindo a população infanto-juvenil à condição de prioridade nacional, o Estatuto se sobressai, ainda, por fornecer os meios necessários à efetivação de seus interesses, direi- tos e garantias, largamente previstos na legislação constitucional e infraconstitucional. Entre os principais recursos introduzidos pelo ECA, capazes de transformar a lei em realidade e operar a mudança social pretendida pelo legislador, destacam-se os Conselhos Tutelares, os Conselhos de Direitos e seus respectivos Fundos, bem como a nova feição conferida ao Ministério Público, alçado a guardião dos direitos infanto-juvenis e expressa- mente legitimado para a propositura de todas as medidas extrajudiciais e judiciais cabíveis para a defesa de direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais hetero- gêneos protegidos pelo citado diploma, de que crianças e adolescentes são titulares. Algumas das normas introduzidas pela Lei nº 8.069/90 eram tão inovadoras e avan- çadas em relação à época em que foi promulgada que, até hoje, muitas delas ainda geram dúvidas e causam perplexidade nos operadores do direito, enquanto outras são fielmente copiadas por diferentes diplomas legais, como é o caso do Estatuto do Idoso, bem como do Código de Processo Civil, que em suas muitas alterações incluiu em seu texto vários dis- positivos que já existiam no ECA. Não obstante o transcurso de quinze anos desde a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, sua leitura, estudo e prática ainda nos surpreendem. Antigas certezas são substituídas por novos questionamentos. Uma nova análise revela importan- tes aspectos antes não observados. Dessa forma, com o objetivo de auxiliar os profissionais que atuam na esfera da Justiça da Infância e da Juventude, buscando fornecer respostas às suas muitas perguntas * Procuradora de Justiça. Assessora de Proteção Integral à Infância e à Juventude do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Pós-graduada em nível de especialização em Direito Civil e Direito Processual Civil pela Universidade Estácio de Sá. Ex-Promotora de Justiça da Infância e Juventude por mais de 10 anos. Ex-subcoordenadora da Coordenação das Promotorias de Justiça da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro. xxiii e dúvidas, os autores deste livro, todos Promotores de Justiça, se reuniram para colocar no papel seus estudos, suas experiências e seus posicionamentos, em ambiente de total liber- dade de opinião, independentemente de eventual posição divergente dos demais autores e da revisora, como é natural ocorrer, levando-se em consideração a constante evolução do Direito e da sociedade a que ele se destina. Assim é que algumas posições adotadas, embo- ra não unânimes, merecem ser trazidas para reflexão, discussão e amadurecimento. No presente Curso de Direito da Criança e do Adolescente, os autores nos contem- plam com uma abordagem profunda e profícua de todo o ECA, em minucioso trabalho de pesquisa, em que exploram os diversos posicionamentos da doutrina e jurisprudência pátrias, aportando, algumas vezes, em outras paragens, como por exemplo no caso dos direitos relacionados ao poder familiar, ocasião em que se faz necessária a abordagem de aspectos relacionados com o Direito de Família, intimamente ligado à questão. Ter sido convidada a participar deste projeto, na função de revisora, foi uma honra inestimável. O que poderia ter sido uma tarefa árdua, em razão da profundidade da aborda- gem, transformou-se em trabalho prazeroso para todo o grupo, em decorrência dos estudos, debates e trocas de experiências. O contato com o idealismo e saber destes missionários que militam na árida seara da efetivação do Estatuto reafirma a crença de que a garantia dos direitos infanto-juvenis é o caminho para uma sociedade mais justa, digna e igualitária. Esperamos que este trabalho possa ajudar os diversos atores que travam esta luta diá- ria na busca pela proteção e garantia dos direitos infanto-juvenis, acendendo e/ou man- tendo acesa a chama da paixão pela causa da criança e do adolescente, de modo a que todos juntos possamos contribuir, de forma efetiva, para mudar a realidade de nossa sociedade. xxiv Prefácio Heloisa Helena Barboza* O Estatuto da Criança e do Adolescente está fazendo quinze anos. As merecidas comemorações foram eclipsadas na mídia, por assuntos do momento que, ainda que rapi- damente esquecidos ou substituídos por outros de igual natureza, se tornam temas de “importância nacional”. Há o que comemorar? Os eternos opositores do Estatuto, manten- do sua linha de resistência, certamente afirmarão que não. Aqueles que, desde a edição da Lei nº 8.069, em 13 de julho de 1990, incorporaram a doutrina da proteção integral a um conjunto de medidas indispensáveis à construção de um “novo tempo”, não terão dúvida em dizer que sim, não obstante reconhecendo que há um longo caminho a percorrer. Lembrar a rejeição e as pesadas críticas ao Estatuto, quando de sua aprovação e que, até o presente, permanecem, é preciso, na medida em que, a rigor,sua plena implantação ainda não se verificou. Muitas foram as razões apresentadas para se atacar o ECA, conside- rado, em síntese, como uma lei “fora da realidade brasileira”. De que realidade se estaria falando? Daquela regida pela imutabilidade que atende apenas aos interesses dos (poucos) detentores do poder ou da que é enfrentada para ser analisada, pensada e ter seus proble- mas minorados, se não resolvidos, ainda que alterando situações de há muito estabelecidas e cuja manutenção só atende aos citados interesses? Reflexões dessa ordem não dizem respeito ao mundo político ou sociológico, mas interessam diretamente à ordem jurídica instituída para um Estado Democrático de Direito, que tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, para uma República que tem como objetivo fundamental construir uma sociedade livre, justa e soli- dária, erradicando a pobreza e a marginalidade, reduzindo as desigualdades sociais e regio- nais, promovendo o bem de todos sem preconceitos ou qualquer forma de discriminação. Tais determinações estão expressas na Constituição da República, a Lei Maior, e há muito deixaram de constituir meras recomendações, aplicáveis ao sabor das conveniências políticas, na medida em que adquiriram efetividade, quando não direta, mediante instru- mentos jurídicos próprios. Este o caso do Estatuto, instrumento, por excelência, de efeti- vação dos princípios constitucionais, no que se refere à criança e ao adolescente. Aplicar o ECA é cumprir a Constituição Federal, é realizar seus princípios, concretizar os altos valores que contém. Nessa linha de efetivação dos mandamentos constitucionais, inscreve-se o Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos, obra que assume papel de destaque na interpretação, debate e aplicação da Lei nº 8.069/90, norma complexa, que carece de trabalhos como o presente. Elaborado por Promotores e Procuradores de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, todos com vivência na área da infância e juventude, o Curso xxv * Professora Titular de Direito Civil da Faculdade de Direito da UERJ. Procuradora de Justiça (aposentada) do Estado do Rio de Janeiro. não constitui apenas um manual prático, posto que realiza estudos dogmáticos, revelando a formação acadêmica de vários autores, o que lhe confere também viés didático. A coor- denação dos trabalhos teve o cuidado de preservar os entendimentos individuais, sem pre- juízo da harmonia do conjunto. Indispensável registrar que, embora fruto da experiência de membros do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o Curso demonstra o franco comprometimento des- ses “profissionais da área” com o atendimento do melhor interesse da criança e do adoles- cente, núcleo da doutrina da proteção integral instaurada pela Constituição da República. Tal fato merece ser ressaltado e reverenciado. Não raro, a prática cotidiana e as dificulda- des que a cercam apresentam tal grau de exigência que só mediante redobrado esforço é possível manter a perspectiva de visão dos problemas em conjunto. Talvez em nenhuma outra área do Direito as situações individuais evidenciem com tanta clareza a problemática social. Não seria exagero afirmar que a infância e a juventu- de são a vitrine da sociedade. No processo de construção da identidade e de aprendizado, há permanente absorção pela criança e pelo adolescente da sociedade que a cerca. Neles ficam tatuados todos os momentos desse processo. A abrangência da questão evidencia-se no ECA, que procurou disciplinar os aspec- tos que se imbricam, reunindo-os sob base principiológica única, de natureza constitucio- nal. Nessa percepção, o Curso, após contextualizar o nascimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, examina a doutrina da proteção integral e seus princípios orientadores, dedicando capítulo especial aos direitos fundamentais da criança e do adolescente. Segue- se análise minuciosa das disposições estatutárias, que não perde de vista o papel essencial dessas normas: o de mediadoras das relações entre a criança, o adolescente e a sociedade em que vivem, atentas à sua condição especial de pessoa em desenvolvimento. O estudo levado a efeito tem natureza interdisciplinar, incluindo temas muitas vezes preteridos, como a rede e a política de atendimento, as infrações administrativas e medi- das judiciais e extrajudiciais que dão efetividade ao Estatuto. Examinam-se o ato infracio- nal e os crimes em espécie. Constata-se que a obra, Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóri- cos e práticos, por suas características, transcende o objetivo de auxiliar os operadores do direito, buscando respostas às muitas indagações que surgem quando da aplicação da Lei nº 8.069/90. Na verdade, constitui importante instrumento na construção de um Direito que efetive os direitos fundamentais da criança e do adolescente. xxvi ““Ennsinnaa aa criaannçaa nno caamminnho emm que deve aanndaar, e, aainndaa quaanndo for velho, nnão se desviaará dele”. Provérbio de Salomão capítulo 22, versículo 6 (Bíblia Sagrada) PARTE I O DIREITO MATERIAL SOB O ENFOQUE CONSTITUCIONAL Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente Andréa Rodrigues Amin Vivemos um momento sem igual no plano do direito infanto-juvenil. Crianças e ado- lescentes ultrapassam a esfera de meros objetos de “proteção” e passam a condição de sujei- tos de direito, beneficiários e destinatários imediatos da doutrina da proteção integral. A sociedade brasileira elegeu a dignidade da pessoa humana como um dos princípios fundamentais da nossa República, reconhecendo cada indivídio como centro autônomo de direitos e valores essenciais à sua realização plena como pessoa. Configura, em suma, ver- dadeira “cláusula geral de tutela e promoção da pessoa humana”,1 o que significa dizer que todo ser humano encontra-se sob seu manto, aqui se incluindo, por óbvio, nossas crianças e adolescentes. O avanço para nossa sociedade foi imenso. Contudo, não podemos olvidar que o pre- sente é produto da soma de erros e acertos vividos no passado. Conhecê-lo é um impor- tante instrumento para melhor compreendermos o presente e construirmos o futuro. 1. Idade Antiga Nas antigas civilizações os laços familiares eram estabelecidos pelo culto à religião e não pelas relações afetivas ou consangüíneas. A família romana fundava-se no poder pater- no (pater familiae) marital, ficando a cargo do chefe da família o cumprimento dos deveres religiosos. O pai era, portanto, a autoridade familiar e religiosa. Importante observar que a religião não formava a família, mas ditava suas regras, estabelecia o direito. Juridicamente a sociedade familiar era uma associação religiosa e não uma associação natural. Como autoridade, o pai exercia poder absoluto sobre os seus. Os filhos mantinham- se sob a autoridade paterna enquanto vivessem na casa do pai, independentemente da menoridade, já que àquela época, não se distinguiam maiores e menores. Filhos não eram sujeitos de direitos, mas sim objeto de relações jurídicas, sobre os quais o pai exercia um direito de proprietário. Assim, era-lhe conferido o poder de decidir, inclusive, sobre a vida e a morte dos seus descendentes.2 Os gregos mantinham vivas apenas crianças saudáveis e fortes. Em Esparta, cidade grega famosa por seus guerreiros, o pai transferia para um tribunal do Estado o poder sobre a vida e a criação dos filhos, com objetivo de preparar novos guerreiros. As crianças eram, portanto, “patrimônio” do Estado. No Oriente era comum o sacrifício religioso de crian- 3 1 TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil, p. 48, 1ª ed., Ed. Renovar 2 COULANGES, Fustel. A Cidade Antiga. Tradução J. Cretella Jr. e Agnes Cretella, Revista dos Tribunais, 2003. ças, em razão de sua pureza. Também era corrente, entre os antigos, sacrificarem crianças doentes, deficientes, malformadas, jogando-as de despenhadeiros; desfazia-se de um peso morto para a sociedade. A exceção ficava a cargo dos hebreus que proibiam o aborto ou o sacrifíciodos filhos, apesar de permitirem a venda como escravos. O tratamento entre os filhos não era isonômico. Os direitos sucessórios limitavam-se ao primogênito e desde que fosse do sexo masculino. Segundo o Código de Manu, o pri- mogênito era o filho gerado para o cumprimento do dever religioso, por isso privilegiado. Em um segundo momento, alguns povos indiretamente procuraram resguardar inte- resses da população infanto-juvenil. Mais uma vez foi importante a contribuição romana que distinguiu menores impúberes e púberes, muito próximo das incapacidades absoluta e relativa de nosso tempo. A distinção refletiu em um abrandamento nas sanções pela prá- tica de ilícito por menores púberes e impúberes ou órfãos. Outros povos como lombardos e visigodos proibiram o infanticídio, enquanto frísios restringiram o direito do pai sobre a vida dos filhos.3 2. Idade Média A idade média foi marcada pelo crescimento da religião cristã com seu grande poder de influência sobre os sistemas jurídicos da época. “Deus falava, a Igreja traduzia e o monarca cumpria a determinação divina”. O homem não era um ser racional, mas sim um pecador e, portanto, precisava seguir as determinações da autoridade religiosa para que sua alma fosse salva. O Cristianismo trouxe uma grande contribuição para o início do reconhecimento de direitos para as crianças: defendeu o direito à dignidade para todos, inclusive para os menores. Como reflexo, atenuou a severidade de tratamento na relação pai e filho, pregando, contudo, o dever de respeito, aplicação prática do quarto mandamento do catolicismo: “honrar pai e mãe”. Através de diversos concílios a Igreja foi outorgando certa proteção aos menores pre- vendo e aplicando penas corporais e espirituais para os pais que abandonavam ou expu- nham os filhos. Em contrapartida, os filhos nascidos fora do manto sagrado do matrimô- nio (um dos sete sacramentos do catolicismo) eram discriminados, pois indiretamente atentavam contra a instituição sagrada, àquela época única forma de se constituir família, base de toda sociedade. Segundo doutrina traçada no Concílio de Trento, a filiação natu- ral ou ilegítima – filhos espúrios, adulterinos ou sacrílegos – deveria permanecer à mar- gem do Direito, já que era a prova viva da violação do modelo moral determinado à época. 3. O Direito Brasileiro No Brasil-Colônia as Ordenações do Reino tiveram larga aplicação. Mantinha-se o respeito ao pai como autoridade máxima no seio familiar. Contudo, em relação aos índios Andréa Rodrigues Amin 4 3 TAVARES, José de Farias. Direito da Infância e da Juventude. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2001. que aqui viviam e cujos costumes eram de todo próprio, havia uma inversão de valores. Dada a dificuldade que os jesuítas encontraram para catequisar os índios adultos e perce- bendo que era muito mais simples educarem as crianças, utilizaram-nas como forma de atingir os pais. Em outras palavras, os filhos passaram a educar e adequar os pais à nova ordem moral. Para resguardo da autoridade parental, ao pai era assegurado o direito de castigar o filho como forma de educá-lo, excluindo-se a ilicitude da conduta paterna se no “exercí- cio desse mister” o filho viesse a falecer ou sofresse lesão. Durante a fase imperial tem início a preocupação com os infratores, menores ou maiores, e a política repressiva era fundada no temor ante a crueldade das penas. Vigentes as Ordenações Filipinas, a imputabilidade penal era alcançada aos sete anos de idade. Dos sete aos dezessete anos, o tratamento era similar ao do adulto com certa atenuação na apli- cação da pena. Dos dezessete aos vinte e um anos de idade, eram considerados jovens adul- tos e, portanto, já poderiam sofrer a pena de morte natural (por enforcamento). A exceção era o crime de falsificação de moeda, para o qual se autorizava a pena de morte natural para maiores de quatorze anos.4 Houve uma pequena alteração do quadro com o Código Penal do Império, de 1830, que introduziu o exame da capacidade de discernimento para aplicação da pena.5 Menores de quatorze anos eram inimputáveis. Contudo se houvesse discernimento para os com- preendidos na faixa dos sete aos quatorze anos, poderiam ser encaminhados para casas de correção, onde poderiam permanecer até os dezessete anos de idade. O Primeiro Código Penal dos Estados Unidos do Brasil manteve a mesma linha do código anterior com pequenas modificações. Menores de nove anos eram inimputáveis. A verificação do discernimento foi mantida para os adolescentes entre nove e quatorze anos de idade. Até dezessete anos seriam apenados com 2/3 da pena do adulto. Em paralelo, no campo não infracional o Estado agia através da Igreja. Já em 1551 foi fundada a primeira casa de recolhimento de crianças do Brasil, gerida pelos jesuítas que buscavam isolar crianças índias e negras da má influência dos pais, com seus costumes “bárbaros”. Consolidava-se o início da política de recolhimento. No século XVIII aumenta a preocupação do Estado com órfãos e expostos, pois era prática comum o abandono de crianças (crianças ilegítimas e filhos de escravos, principal- mente) nas portas das igrejas, conventos, residências ou mesmo pelas ruas. Como solução, importa-se da Europa a Roda dos Expostos, mantidas pelas Santas Casas de Misericórdia.6 O início do período republicano é marcado por um aumento da população do Rio de Janeiro e de São Paulo, em razão, principalmente, da intensa migração dos escravos recém libertos. Os males sociais (doenças, sem-tetos, analfabetismo) exigiram medidas urgentes, já Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente 5 4 TAVARES, José Farias, ob. cit., nota 2, p. 51. 5 Esse sistema foi mantido até 1921, ano em que a Lei nº 4.242 substituiu o subjetivismo do sistema biopsico- lógico pelo critério objetivo de imputabilidade de acordo com a idade. 6 Inspirado na Roda dos Expostos, alguns países europeus resgataram o instituto, designando-o como “parto anônimo”. No lugar da roda, os hospitais disporiam de um berço aquecido, acessível através da janela do hospital e equipado com sensores que avisariam os profissionais de saúde, no momento em que fosse ocu- pado. A criança não teria ciência do seu vínculo biológico e seria colocada em família substituta. que era um momento de construção da imagem da nova república. Assim, foram fundadas entidades assistenciais que passaram a adotar práticas de caridade ou medidas higienistas.7-88 O pensamento social oscilava entre assegurar direitos ou “se defender” dos menores. Casas de recolhimento são inauguradas em 1906 dividindo-se em escolas de prevenção, destinadas a educar menores em abandono, escolas de reforma e colônias correcionais,9 cujo objetivo era regenerar menores em conflito com a lei. Em 1912, o Deputado João Chaves apresenta projeto de lei alterando a perspectiva do direito de crianças e adolescentes, afastando-o da área penal e propondo a especializa- ção de tribunais e juízes, na linha, portanto, dos movimentos internacionais da época. A influência externa10 e as discussões internas levaram à construção de uma Doutrina do Direito do Menor, fundada no binômio carência/delinqüência. Era a fase da criminalização da infância pobre. Havia uma consciência geral de que o Estado teria o dever de proteger os menores, mesmo que suprimindo suas garantias. Delineava-se assim, a Doutrina da Situação Irregular. Em um inevitável desenrolar dos fatos, em 1926 foi publicado o Decreto nº 5.083, primeiro Código de Menores do Brasil que cuidava dos infantes expostos e menores aban- donados. Cerca de um ano depois, em 12 de outubro de 1927, veio a ser substituído pelo Decreto 17.943-A,, mais conhecido como Código Mello Mattos. De acordo com a nova lei, caberia ao Juiz de Menores decidir-lhes o destino. A família, independente da situação econômica, tinha o dever de suprir adequadamente as necessidades básicas das crianças e jovens, de acordo com o modelo idealizado pelo Estado. Medidas assistenciais11 e preven- tivas foram previstas com o objetivo minimizara infância de rua. Já nocampo infracional crianças e adolescentes até os quatorze anos eram objeto de medidas punitivas com finalidade educacional. Já os jovens, entre quatorze e dezoito anos, eram passíveis de punição, mas com responsabilidade atenuada. Foi uma lei que uniu Justiça e Assistência, união necessária para que o Juiz de Menores exercesse toda sua auto- ridade centralizadora, controladora e protecionista sobre a infância pobre, potencialmen- te perigosa. Estava construída a categoria Menor, conceito estigmatizante que acompanha- ria crianças e adolescentes até a Lei nº 8.069, de 1990. A Constituição da República do Brasil de 1937, permeável às lutas pelos direitos humanos, buscou, além do aspecto jurídico, ampliar o horizonte social da infância e juven- tude, bem como dos setores mais carentes da população. O Serviço Social passa a integrar programas de bem-estar, valendo destacar o Decreto-Lei nº 3.799, de 1941, que criou o Andréa Rodrigues Amin 6 7 Movimento surgido na Europa que, teoricamente, fundamentava-se em noções de eugenia e degenerescên- cia. 8 O assunto é aprofundado no capítulo sobre política de atendimento. 9 Foram criadas em 1908 pela Lei nº 6.994 para cumprimento dos casos de internação, de menores e maiores, estes de acordo com o tipo penal e a situação processual. 10 No cenário internacional destacaram-se o Congresso Internacional de Menores, realizado em Paris, no ano de 1911 e a Declaração de Gênova de Direitos da Criança, que, em 1924, veio a ser adotada pela Liga das Nações, reconhecendo-se a existência de um Direito da Criança. 11 Em 1923, através do Decreto nº 16.272 foram publicadas as primeiras normas de assistência social visando proteção dos menores abandonados e deliqüentes, após ampla discussão no I Congresso Brasileiro de Proteção à Infância. SAM – Serviço de Assistência do Menor, que atendia menores delinqüentes e desvalidos, redefinido em 1944, pelo Decreto-lei nº 6.865. A tutela da infância, nesse momento histórico, caracterizava-se pelo regime de inter- nações com quebra dos vínculos familiares, substituídos por vínculos institucionais. O obje- tivo era recuperar o menor, adequando-o ao comportamento ditado pelo Estado, mesmo que o afastasse por completo da família. A preocupação era correcional e não afetiva. Em 1943 foi instalada uma Comissão Revisora do Código Mello Mattos. Diagnosticado que o problema das crianças era principalmente social, a comissão traba- lhou no propósito de elaborar um código misto, com aspectos social e jurídico. No projeto, percebia-se claramente a influência dos movimentos pós-Segunda Grande Guerra em prol dos Direitos Humanos que levaram a ONU, em 1948, a elabo- rar a Declaração Universal dos Direitos do Homem e, em 20 de novembro de 1959, a publicar a Declaração dos Direitos da Criança, cuja evolução originou a doutrina da Proteção Integral. Contudo, após o golpe militar a comissão foi desfeita e os trabalhos interrompidos. A década de 60 foi marcada por severas críticas ao SAM que não cumpria e até se dis- tanciava do seu objetivo inicial. Desvio de verbas, superlotação, ensino precário, incapaci- dade de recuperação dos internos foram alguns dos problemas que levaram à sua extinção em novembro de 1964, pela Lei nº 4.513 que criou a FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. A atuação da nova entidade era baseada na PNBEM (Política Nacional do Bem- Estar do Menor) com gestão centralizadora e verticalizada. Nítida a contradição entre o técnico e a prática. Legalmente a FUNABEM apresentava uma proposta pedagógica- assistencial progressista. Na prática, era mais um instrumento de controle do regime político autoritário exercido pelos militares. Em nome da segurança nacional buscava- se reduzir ou anular ameaças ou pressões antagônicas de qualquer origem, mesmo se tratando de menores, elevados, naquele momento histórico, à categoria de “problema de segurança nacional”. No auge do regime militar, em franco retrocesso, a Lei nº 5.228, de 1967, reduziu a res- ponsabilidade penal para dezesseis anos de idade, sendo que entre dezesseis e dezoito anos de idade, seria utilizado o critério subjetivo da capacidade de discernimento. Felizmente, em 1968, retorna-se ao regime anterior com imputabilidade aos 18 anos de idade. No final dos anos 60 e início da década de 70 iniciam-se debates para reforma ou criação de uma legislação menorista. Em 10 de outubro de 1979 foi publicada a Lei nº 6.697, novo Código de Menores, que, sem pretender surpreender ou verdadeiramente ino- var, consolidou a doutrina da Situação Irregular. Durante todo este período a cultura da internação, para carentes ou delinqüentes foi a tônica. A segregação era vista, na maioria dos casos, como única solução. Em 1990, já completamente desgastada pelos mesmos sintomas que levaram à extin- ção do SAM, a FUNABEM foi substituída pelo CBIA – Centro Brasileiro para Infância e Adolescência. Percebe-se, desde logo, a mudança terminológica, não mais se utilizando o estigma menor, mas sim “criança e adolescente”, expressão consagrada na Constituição da República de 1988 e nos documentos internacionais. Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente 7 4. O Período Pós-Constituição de 1988 A Carta Constitucional de 1988 trouxe e coroou significativas mudanças em nosso ordenamento jurídico, estabelecendo novos paradigmas. Do ponto de vista político, houve uma necessidade de reafirmar valores caros que nos foram ceifados durante o regime militar. No campo das relações privadas se fazia imprescindível atender aos anseios de uma sociedade mais justa e fraterna, menos patri- monialista e liberal. Movimentos europeus pós-guerra influenciaram o legislador consti- tuinte na busca de um direito funcional, pró-sociedade. De um sistema normativo garan- tidor do patrimônio do indivíduo, passamos para um novo modelo que prima pelo resguar- do da dignidade da pessoa humana. O binômio individual/patrimonial é substituído pelo coletivo/social. Por certo, o novo perfil social almejado pelo legislador constitucional não poderia deixar intocado o sistema jurídico da criança e do adolescente, restrito aos “menores” em abandono ou estado de delinqüência. E, de fato, não o fez. A intensa mobilização de organizações populares nacionais e de atores da área da infância e juventude, acrescida da pressão de organismos internacionais, como o UNICEF, foram essenciais para que o legislador constituinte se tornasse sensível a uma causa já reco- nhecida como primordial em diversos documentos internacionais como a Declaração de Genebra, de 1924; a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (Paris, 1948); a Convenção Americana Sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica, 1969) e Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude – Regras Mínimas de Beijing (Res. 40/33 da Assembléia-Geral, de 29/11/85). A nova ordem rompeu, assim, com o já consolidado modelo da situação irregu- lar e adotou a doutrina da proteção integral. No caminho da ruptura, merece destaque a atuação do MNMMR – Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, resultado do 1º Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua, realizado em 1984, cujo objetivo era discutir e sensibilizar a sociedade para a questão das crianças e adolescentes rotuladas como “menores abandonados” ou “meninos de rua”. O MNMMR foi um dos mais importantes pólos de mobilização nacional na busca de uma participação ativa de diversos segmentos da sociedade atuantes na área da infância e juventude. O objetivo a ser alcançado era uma constituição que garantisse e ampliasse os direitos sociais e individuais de nossas crianças e adolescentes. Segundo Almir Rogério Pereira12 “a Comissão Nacional Criança e Consti-tuinte con- seguiu reunir 1.200.000 assinaturas para sua emenda e promoveu intenso lobby entre os parlamentares pela inclusão dos direitos infanto-juvenis na nova Carta”. O esforço foi recompensado com a aprovação dos textos dos artigos227 e 228 da Constituição Federal de 1988, resultado da fusão de duas emendas populares, que levaram Andréa Rodrigues Amin 8 12 Visualizando a Política de Atendimento, Rio de Janeiro, 1998, Ed. Kroart, p. 33. ao congresso as assinaturas de quase duzentos mil eleitores e de mais de um milhão e duzentos mil cidadãos-crianças e cidadãos-adolescentes. Coroando a revolução constitucional que colocou o Brasil no seleto rol das nações mais avançadas na defesa dos interesses infanto-juvenis, para as quais crianças e jovens são sujeitos de direito, titulares de direitos fundamentais, foi adotado o sistema garantista da doutrina da proteção integral. Objetivando regulamentar e implementar o novo sistema, foi promulgada a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,13 de autoria do Senador Ronan Tito e relatório da Deputada Rita Camata.14 O Estatuto da Criança e do Adolescente resultou da articulação de três vertentes: o movimento social, os agentes do campo jurídico e as políticas públicas. Coube ao movimento social reivindicar e pressionar. Aos agentes jurídicos (estudio- sos e aplicadores) traduzirem tecnicamente os anseios da sociedade civil desejosa de mudança do arcabouço jurídico-institucional das décadas anteriores. Embalados pelo ambiente extremamente propício de retomada democrática pós-ditadura militar e pro- mulgação de uma nova ordem constitucional, coube ao poder público, através das Casas legislativas efetivar os anseios sociais e a determinação constitucional. O termo “estatuto” foi de todo próprio, porque traduz o conjunto de direitos funda- mentais indispensáveis à formação integral de crianças e adolescentes, mas longe está de ser apenas uma lei que se limita a enunciar regras de direito material. Trata-se de um verda- deiro microssistema que cuida de todo o arcabouço necessário para se efetivar o ditame constitucional de ampla tutela do público infanto-juvenil. É norma especial com extenso campo de abrangência, enumerando regras processuais, instituindo tipos penais, estabele- cendo normas de direito administrativo, princípios de interpretação, política legislativa, em suma, todo o instrumental necessário e indispensável para efetivar a norma constitucional. A adoção da Doutrina da Proteção Integral na visão de Antonio Carlos Gomes da Costa constituiu uma verdadeira “revolução copernicana” na área da infância e adolescência.15 Com ela, constrói-se um novo paradigma para o direito infanto-juvenil. Formalmente, sai de cena a Doutrina da Situação Irregular, de caráter filantrópico e assis- tencial, com gestão centralizadora do Poder Judiciário, a quem cabia a execução de qual- quer medida referente aos menores que integravam o binômio abandono-delinqüência. Em seu lugar, implanta-se a Doutrina da Proteção Integral, com caráter de política pública. Crianças e adolescente deixam de ser objeto de proteção assistencial e passam a titulares de direitos subjetivos. Para assegurá-los é estabelecido um sistema de garantia de direitos, que se materializa no Município, a quem cabe estabelecer a política de atendi- mento dos direitos da criança e do adolescente, através do Conselho Municipal de Direito Evolução Histórica do Direito da Criança e do Adolescente 9 13 Publicada no Diário Oficial da União, de 16 de julho de 1990, com vigência noventa dias após, de acordo com seu artigo 266. 14 A Lei nº 8.069/90 é originária do Projeto de Lei nº 5.172/90, ao qual foi anexado o projeto de Lei nº 1.506, de 1989, do Deputado Nelson Aguiar, de maior abrangência, ao qual também foram apensados vários pro- jetos de lei. São eles os de nº 1.765/89, 2.264/89, 2.742/89, 628/83, 75/87, 1.362/88, 1.619/89, 2.734/89, 2.079/89, 2.526/89, 2.584/89 e 3.142/89. 15 “A Mutação Social”. In Brasil Criança Urgente, A Lei no 8.069/90. São Paulo: Columbus Cultural, 1990, p. 38. da Criança e do Adolescente – CMDCA, bem como, numa co-gestão com a sociedade civil, executá-la. Trata-se de um novo modelo, democrático e participativo, no qual família, socieda- de e estado são co-gestores do sistema de garantias que não se restringe à infância e juven- tude pobres, protagonistas da doutrina da situação irregular, mas sim a todas as crianças e adolescentes, pobres ou ricos, lesados em seus direitos fundamentais de pessoas em desen- volvimento. Novos atores entram em cena. A comunidade local, através dos Conselhos Municipal e Tutelar. A família, cumprindo os deveres inerentes ao poder familiar. O Judiciário, exer- cendo a função judicante. O Ministério Público como um grande agente garantidor de toda a rede, fiscalizando seu funcionamento, exigindo resultados, assegurando o respeito prioritário aos direitos fundamentais infanto-juvenis estabelecidos na lei Maior. Implantar o sistema de garantias é o grande desafio dos operadores da área da infân- cia e juventude. Inicialmente, se faz indispensável romper com o sistema anterior, não apenas no aspecto formal, como já o fizeram a Constituição da República e a Lei nº 8.069/90, mas e principalmente no plano prático. Trata-se de uma tarefa árdua, pois exige, conhecer, entender e aplicar uma nova sistemática, completamente diferente da anterior, entranhada em nossa sociedade há quase um século, mas o resultado, por certo, nos leva- rá a uma sociedade mais justa, igualitária e digna. Referências Bibliográficas COULANGES, Fustel. A Cidade Antiga. Tradução J. Cretella Jr. e Agnes Cretella, Revista dos Tribunais, 2003. TAVARES, José de Farias. O Direito da Infância e da Juventude. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. PEREIRA, Almir Rogério. Visualizando a Política de Atendimento. Rio de Janeiro: Editora Kroart, 1998. Brasil Criança Urgente, A Lei 8.069/90. São Paulo: Columbus Cultural, 1990. Andréa Rodrigues Amin 10 Doutrina da Proteção Integral Andréa Rodrigues Amin 1. Introdução Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira doutrina “é o conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, etc.”.1 Ou seja, há uma idéia central ou valor, desenvolvidos por princípios e regras. Não é termo exclusivo do mundo jurídico, mas comum às diversas ciências sociais. A doutrina da proteção integral encontra-se insculpida no artigo 227 da Carta Constitucional de 1988, em uma perfeita integração com o princípio fundamental da dig- nidade da pessoa humana. Segundo Maria Dinair Acosta Gonçalves2 superou-se o Direito tradicional, que não percebia a criança como indivíduo e o Direito moderno do menor incapaz, objeto de manipulação dos adultos. Na era pós-moderna a criança e o adolescente são tratados como sujeito de direitos, em sua integralidade. A Carta Constitucional de 1988, afastando a doutrina da situação irregular até então vigente, assegurou às crianças e adolescentes, com absoluta prioridade, direitos fundamen- tais, determinando à família, à sociedade e ao Estado o dever legal e concorrente de asse- gurá-los. Regulamentando e buscando dar efetividade à norma constitucional foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente, microssistema aberto de regras e princípios, fun- dado em dois pilares básicos: 1 – criança e adolescente são sujeitos de direito; 2 – afirma- ção de sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. O efeito da mudança paradigmática é o objeto desse capítulo. 2. Documentos Internacionais O primeiro documento internacional que expôs a preocupação em se reconhecer direitos a crianças e adolescentes foi a Declaração dos Direitos da Criança de Genebra, em 1924, promovida pela Liga das Nações. Contudo, foi a Declaração Universal dos Direitos da Criança, adotada pela ONU em 1959, o grande marco no reconhecimento de crianças como sujeitos de direitos, carecedo- ras de proteção e cuidados especiais. O documento estabeleceu, dentre outros princípios: proteção especial para o desen- volvimento físico, mental, moral e espiritual; educação gratuita e compulsória; prioridade 11 1 Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 610. Nova Fronteira, 2ª edição – 36ª Reimpressão. 2 Proteção integral – Paradigma
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