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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
Criminologia - Turma 01 – Noturno
Acadêmica: Keyth Pellenz Heleodoro
Criminologia Crítica
Conhecida também como a segunda ruptura criminológica, a Criminologia Crítica, possuía ideais materialistas. Tentava entender o fenômeno criminal com um viés mais amplo e com uma abordagem condicionadamente material na sociedade moderna. Nesse período surgiram pensadores importantes que contribuíram para essa ruptura com a criminologia que era analisada até então. 
Jean Paul Marat acreditava que a necessidade condiciona a conduta do ser humano. Esse viveu durante o contexto da Revolução Francesa, durante um período de miséria, fome e consequentemente violência e crime. Para ele, o Estado não estava cumprindo sua parte do contrato social, então as pessoas não seriam obrigar sua parte também. Se o Estado não ofertasse o necessário para o bem estar social, a pessoas seriam condicionadas a cometerem crimes para sua sobrevivência. O homem então estaria voltando ao estado de natureza e tentando simplesmente sobreviver. Willem Bonger por sua vez tenta buscar as causas materiais do fenômeno criminal. Acreditava que o que corrompe a sociedade é o sistema capitalista, onde o pobre comete o crime por necessidade e o rico por simples ambição. O capitalismo subvertia a ordem moral. Rusche e Kurchhmeimer complementando os demais autores, destacam a utilidade do discurso da humanização atrelada ao trabalho. A prisão que antes era executada por meio do trabalho pelos detentos, agora passava por um processo de docilização, ou seja, a prisão com outras características mas que ainda continuava utilizando da mão de obra dos detentos. Demonstram como a prisão e a penalidade possuíam significação econômica. Como em todos os momentos o tipo de pena que se aplicava estava mais alinhada ao estágio de desenvolvimento de forças produtivas, assim confirmando a significância econômica que as penas e a prisão ofereciam. 
Mais tarde nas Universidades de Berkeley e Chicago se desenvolveria mais uma fase da Criminologia, sendo essa conhecida como Criminologia Radical que surge dentro de um contexto de explosão dos ideais de pluralismo social na sociedade norte-americana. Estudava a criminologia não apenas de forma teórica, mas sim dentro do âmbito social em que viviam. Tinha como principal aspecto o anseio por uma intervenção social. Seus principais expoentes foram Richard Quinney, acreditava que a Criminologia deveria ser um campo de intervenção prática e social e que não deveria ser apenas uma base teórica para compreender o fenômeno criminal. William Chambliss por sua vez lecionava que a definição criminal não é a diferença de estrutura de valores, mas sim uma lógica de dominação entre classes, são as classes mais poderosas que definem o que é vagabundagem. Não há um consenso social, mas reflexos de um único grupo predominante. Antony Platt, cita o interesse social por trás das criações jurídicas de cuidados à juventude. E em contrapartida, Herman e Julia Schwendinger afirmavam que o Direito Penal não era algo ruim, só estava sendo utilizado de maneira errada e que esse era parte de proteção dos direitos humanos e o crime seria a violação desses. 
A Nova Criminologia Inglesa, diferente da Criminologia Radical Norte Americana, preconiza pelo rigor teórico conceitual. A ideia era desenvolver uma teoria geral do crime a partir de uma perspectiva marxista. Houve a construção da chamada “teoria geral do desvio a partir do materialismo histórico”, que tinha as seguintes concepções e definições: Origens mediatas do ato desviado: A distribuição desigual dos bens do capitalismo influencia desde a socialização até a formação de subculturas; Origens imediatas do ato desviado: Forma como o indivíduo reage ao contexto social que vive o seu agir é definido como crime pela reação social; O ato em si mesmo: Acredita que o ato é a solução para o seu problema, que parte do condicionamento social. Crê que é necessário realizar tal conduta; Origens imediatas da reação social: Escola societária de reação de conduta; Origens mediatas da reação social: Orientações teóricas e culturais que sustentam tais condutas e condenam outras e justificam as ações de controle social. 
Por fim, a Criminologia Crítica Latino-Americana, surgiu com a necessidade de rompimento com a última fase do colonialismo. Tenta dar um olhar especial à realidade dos países latino-americamos, tendo em vista a colonização e o fatores que levaram a procura pela independência, realidade essa que era diferente dos países europeus e norte-americanos. O grupo latino queria explicar e dar respostas concretas ao fenômeno criminal dentro da realidade latino-americana, analisando a realidade social e compreendendo-a. Aliou um teoria criminológica dentro dessa realidade com a práxis e tentava explicar não só o crime mas também o controle social. 
Relacionando a Criminologia Crítica com o artigo “Do Estado social ao Estado penal: invertendo o discurso da ordem”, podemos destacar o ataque aos criminosos, quando quem deveria ser atacada era a violência estrutural, causada não só pelas faltas de oportunidades, desemprego a minoria populacional, mas sim também causada pelo capitalismo. O poder como sempre está nas mãos de quem possui dinheiro, são esses quem definem quem são os vagabundos da sociedade e tipificam os delitos penais. Enquanto empresar roubam milhões por mês, quem sofre repressão social é o “vagabundo” que rouba pra alimentar a família. Enquanto isso a população carcerária aumenta cada vez mais, o capitalismo mais uma vez aparece se utilizando de mão de obra barata, com o discurso de “o trabalho dignifica o homem”.
A Criminologia Crítica, como uma criminologia manifestante em sua maioria, tenta demonstrar tudo isso, como de fato a sociedade marginaliza os indivíduos sem observar a realidade desses comparadas com as suas.

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