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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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1 
 
 
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICAS NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
1 
 
 
FACULESTE 
A história do InstitutoFACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação.Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável 
e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e 
ética.Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país 
na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no 
atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
1 – INTRODUÇÃO 
A Neuropsicologia é uma disciplina científica que estuda, de um modo geral, as 
relações entre o cérebro e o comportamento. 
A Neuropsicologia infantil se diferencia da neuropsicologia do adulto, pois estuda as 
relações entre os comportamentos da criança e seu cérebro em desenvolvimento. 
Nesse sentido tanto a dinâmica cerebral como as consequências de disfunções ou 
lesões cerebrais na infância são distintas do adulto. Dessa forma, critérios específicos 
são empregados para avaliar e intervir nas dificuldades cognitivas infantis. 
A avaliação neuropsicológica na infância consiste na aplicação de uma série de 
técnicas clínicas, psicométricas e neurológicas para conhecer o desenvolvimento 
cognitivo de crianças normais ou que apresentem algum transtorno, lesão ou alguma 
disfunção do sistema nervoso. A avaliação se propõe a identificar pontos fortes e 
pontos fracos no desenvolvimento cognitivo infantil de modo a traçar o perfil 
neuropsicológico da criança. 
Esse perfil neuropsicológico da criança nos permite realizar o diagnóstico diferencial 
das dificuldades cognitivas e dos comportamentos desadaptativos, com o objetivo de 
visualizar um prognóstico e desenvolver um plano de intervenção adequado para as 
dificuldades apresentadas. Desta forma, a avaliação neuropsicológica torna-se ainda 
mais importante nos casos em que não há uma patologia explícita em outros exames 
de imagem ou mesmo a partir da investigação neurológica. 
Recomenda-se que o exame neuropsicológico seja realizado quando a criança 
apresentar alguma destas disfunções: dificuldades de aprendizagem escolar;, 
suspeita de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, problemas de aquisição 
da linguagem, deficiência intelectual global, quadro de epilepsia, traumatismo 
cranioencefálico, transtornos invasivos do desenvolvimento (autismo), entre outros. A 
indicação de uma avaliação pode vir de médicos pediatras, neurologistas, psiquiatras, 
da própria escola ou de outros profissionais que acompanhem a criança. Como 
resultado é apresentado um laudo neuropsicológico que descreve o perfil cognitivo 
da criança. Esse laudo poderá ser usado para embasar a indicação dos melhores 
tratamentos para a condição de saúde apresentada. 
 
 
3 
 
 
A partir da década de 70, com a revolução cognitiva e a influência da tecnologia, esta 
área do conhecimento ficou conhecida como Neuropsicologia Cognitiva, 
acrescentando nas pesquisas, o interesse pelo modo como os indivíduos processam 
detalhadamente as informações. 
Assim, além de se preocupar em localizar as regiões cerebrais responsáveis por 
determinados comportamentos, os profissionais passaram a compreender o modo 
como as pessoas internalizam os estímulos. 
O neuropsicólogo atua em consultórios, hospitais, instituições e clínicas, auxiliando 
na avaliação de crianças, adultos e idosos que possam apresentar algum 
comprometimento neurológico, ou em pesquisas envolvendo o funcionamento 
cerebral em não pacientes. 
Muitos psicólogos têm buscado a Neuropsicologia frente à sua cientificidade, 
sistematicidade e, consequentemente, sua aplicabilidade junto aos clientes. A 
expansão da Neuropsicologia vem por meio da utilização de testes confiáveis e 
procedimentos interventivos cada vez mais eficazes. 
Saber intervir proporciona para a criança possibilidades de desenvolvimento, 
favorecendo autonomia, independência e qualidade de vida. Como parte de um corpo 
maior de conhecimento intitulado como Neurociências, a Neuropsicologia é uma área 
interdisciplinar de teorias e atuação, que integra instrumentos, métodos e modelos de 
várias áreas, como:Psicologia;Neurologia;Psiquiatria; Linguística; Psicolinguística; 
Neurolinguística,Fonoaudiologia; Farmacologia; 
O profissional em neuropsicologia, portanto, realiza uma revisão dos conhecimentos, 
selecionando-os e utilizando-os em função de seu objetivo, sempre buscando 
compreender a relação entre cérebro, funções mentais/cognitivas e comportamento. 
 
 
 
4 
 
 
2 - AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para a realização de uma AN infantil é importante verificar os objetivos específicos, 
identificar a presença ou ausência de transtornos do desenvolvimento e cognitivos e 
dificuldades na obtenção de habilidades. Desta forma, é necessário ter uma atenção 
especial para buscar na história de vida da criança, se houve um comprometimento 
cerebral, idade do início, tipos de tratamentos realizados, assim como a gravidade e 
do próprio processo de desenvolvimento da função. A avaliação é construída de forma 
a ser sensível para uma gama de sinais cognitivo-comportamentais apresentadas no 
desenvolvimento típico da criança, para distinguir se é uma desordem do 
processamento neuropsicológico (Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011). 
Segundo Silver et al. (2006) uma AN pode ser composta por: 
a) Uma ou mais entrevistas clínicas e observações da criança e, se possível, 
entrevista com familiares/responsáveis, avaliação escolar e/ou registros médicos, 
avaliações psicológicas e/ou neuropsicológicas anteriores. 
5 
 
 
b) Aplicação de instrumentos neuropsicológicos, que avaliem áreas do funcionamento 
cerebral, que inclua: atenção, funções executivas, memória, linguagem, 
funcionamento sensório-perceptivo, habilidades visuoespaciais, habilidades motoras 
finas, habilidades intelectuais, desempenho acadêmico e funcionamento 
comportamental e emocional. 
O que pode ser avaliado em uma avaliação neuropsicológica infantil? 
Uma AN clássica em crianças em idade escolar é referente aos principais domínios 
cognitivos, tais como: capacidade intelectiva; atenção; funções executivas, que 
incluem planejamento, flexibilidade, organização e inibição; habilidades específicas, 
como matemática e leitura; aprendizagem e memória; linguagem; habilidades 
visuoespaciais; coordenação motora; afetividade, comportamento e habilidades 
sociais (Silver et al., 2006; Oliveira et al., 2015). 
3 - AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA CRIANÇA - 
INDICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES 
 
 
 
6 
 
 
A avaliação neuropsicológica é recomendada em qualquer caso onde exista suspeita 
de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de origem neurológica. Ela pode 
auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas enfermidades neurológicas, 
problemas de desenvolvimento infantil, comprometimentos psiquiátricos, alterações 
de conduta, entre outros. 
A contribuição deste exame na criança é extensiva ao processo de ensino-
aprendizagem, pois nos permite estabelecer algumas relações entre as funções 
corticais superiores, como a linguagem, a atenção e a memória, e a aprendizagem 
simbólica (conceitos, escrita, leitura, etc.). O modelo neuropsicológicodas 
dificuldades da aprendizagem busca reunir uma amostra de funções mentais 
superiores envolvidas na aprendizagem simbólica, as quais estão, obviamente, 
correlacionadas com a organização funcional do cérebro. Sem essa condição, a 
aprendizagem não se processa normalmente, e, neste caso, podemos nos deparar 
com uma disfunção ou lesão cerebral. 
Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento intelectual da 
criança, a neuropsicologia pode instrumentar diferentes profissionais, tais como 
médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, promovendo uma 
intervenção terapêutica mais eficiente. 
O conjunto dos instrumentos utilizados nos possibilita uma avaliação global das 
capacidades da criança, bem como das dificuldades encontradas por ela em seu 
desempenho dia a dia. Não se trata de "rotular" ou "enquadrar" a criança como 
integrante de grupos problemáticos, e sim de evitar que tais dificuldades possam 
impedir o desenvolvimento saudável da criança. 
Ainda quanto à avaliação em crianças, torna-se importante salientar algumas 
questões, entre elas o fato de o desenvolvimento cerebral ter características próprias 
a cada faixa etária. Portanto, dentro desse padrão de funcionamento cerebral, é 
importante a elaboração de provas de acordo com o processo maturacional do 
cérebro. Por exemplo, "quando se fala de imaturidade na infância, esta não deve ser 
entendida unicamente como deficiência", devido às peculiaridades do 
desenvolvimento cerebral na infância. Diferentemente do adulto, o cérebro da criança 
está ainda em desenvolvimento, tendo características próprias que garantem uma 
diferenciação e especificidade de funções. 
Segundo Antunha, as baterias de testes neuropsicológicos adaptados para crianças 
são em número bastante reduzido. 
7 
 
 
Devem contemplar: 
_ a organização e o desenvolvimento do sistema nervoso da criança; 
_ a variabilidade dos parâmetros de desenvolvimento entre crianças da mesma idade; 
_ a estreita ligação entre o desenvolvimento físico, neurológico e a emergência 
progressiva de funções corticais superiores. 
 
 
4 - AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA INFANTIL: 
DEMANDA FREQUENTE NO COTIDIANO DO PSICÓLOGO 
 
 
A Avaliação Infantil se refere à utilização desses procedimentos técnicos aplicados à 
compreensão do processamento cognitivo infantil, ou seja, ao modo como as crianças 
internalizam e evocam as informações. 
Desse modo, a avaliação é bastante utilizada para diagnosticar casos de: 
 Dificuldades atencionais; 
 Agressividade; 
 Transtornos ou dificuldades na aprendizagem e hiperatividade; 
 Transtornos no humor; 
 Rebaixamento na autoestima; 
 Dificuldades na socialização; 
8 
 
 
 Transtornos alimentares; 
 Dentre outros construtos. 
 
Ao lado disso, favorece o diagnóstico precoce de alterações no desenvolvimento, 
como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e demais atrasos no desenvolvimento 
global, favorecendo práticas interventivas interdisciplinares mais precoces e, 
consequentemente, mais eficazes. 
Pesquisas recentes apontam que para cada 62 crianças, ao menos uma apresenta 
características no TEA ou algum tipo de atraso no desenvolvimento. Nos consultórios, 
a procura pelo neuropsicólogo aumentou muito. Não apenas para avaliar, como 
também para estabelecer uma linha terapêutica que proporcione melhora na vida do 
paciente e oriente a família quantos aos procedimentos adequados. 
Em relação ao TEA, por exemplo, a avaliação neuropsicológica é fundamental para a 
equipe que atende a criança. Segundo o professor do IPOG e Neuropsicólogo Infantil, 
Dr. Fernando Silveira, um outro benefício é que por meio da Avaliação 
Neuropsicológica Infantil é possível traçar uma assertividade prognóstica. 
De acordo com o especialista, “a Neuropsicologia é toda pautada em evidências. 
Refere-se à uma prática da Psicologia mais confiável devido à utilização de 
instrumentos com validade científica”, pontua o professor. Muitas são as vertentes da 
psicologia que oferecem suporte clinico para as crianças. 
No entanto, a neuropsicologia fornece dados previamente testados, regados à 
significância estatística. Como consequência de todo esse investimento científico, o 
mercado vem oferecendo a criação de programas de: 
 Estimulação atencional; 
 Desenvolvimento das funções executivas (processos responsáveis pelo emissão 
de comportamentos mais ajustados às exigências do meio); 
 Controle da agressividade; 
 Estimulação da memória operacional (processo responsável pela manipulação 
mental das informações); 
9 
 
 
 Estimulação Psicopedagógica de funções vinculadas às dificuldades da 
leitura/escrita; 
 Dentre outros que favorecem o desenvolvimento infantil. 
 Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), apenas os profissionais da 
psicologia podem realizar psicodiagnóstico ou avaliação psicológica por meio 
de testes psicológicos. Essa é a grande diferença entre o psicólogo e os 
demais profissionais que buscam a especialização na área. 
 Os psicólogos possuem conhecimentos e habilidades psicométricas 
específicas que garantem a qualidade técnica e ética desta prática junto aos 
pacientes. Vale ressaltar que a neuropsicologia utiliza dos testes psicológicos 
e neuropsicológicos durante todo o processo de avaliação. 
 No mercado é possível encontrar ferramentas objetivando a compreensão da 
inteligência (à partir de dois anos de idade), dos processos atencionais 
(concentração, divisão, seletividade e alternância), dos processos perceptuais, 
viso-motores, das funções executivas, das habilidades acadêmicas (atividades 
que demandam conhecimento de escolaridade), assim como a compreensão 
da personalidade e da dinâmica parental. 
 Nesse sentido, somente os neuropsicólogos com formação em psicologia 
possuem o preparo e o respaldo técnico para a utilização das ferramentas 
necessárias. Atualmente, os pesquisadores e as editoras se encontram 
atentos à necessidade de novas ferramentas que possam contribuir para esta 
prática, desenvolvendo crescentemente novos testes e materiais para a 
estimulação, bem como reabilitação. 
 
 
 
 
10 
 
 
4.1 - DESAFIOS DA NEUROPSICOLOGIA INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
O Neuropsicólogo Infantil, Dr. Fernando Silveira, destaca que um dos maiores 
desafios para os profissionais está relacionado com a interpretação adequada dos 
resultados e o domínio de todas as técnicas disponíveis. 
O profissional reforça que, embora exista um protocolo estruturado, é importante 
saber que para cada caso clínico existe uma demanda particular de ferramentas. 
Encontrar profissionais capacitados e especialistas que possam fazer uma 
interpretação de forma adequada é um desafio. Outro desafio é o profissional ser 
assertivo nas suas impressões, no seu diagnóstico e, principalmente, na sua conduta 
terapêutica. 
“Para ser um neuropsicólogo de sucesso, ao meu ver, é preciso ter uma formação de 
excelência, supervisão constante e conhecimento clínico apurado de todas as 
possibilidades disponíveis”, explica Fernando. 
Isso ocorre porque a avaliação neuropsicológica infantil tem características bastantes 
próprias, vinculada à compreensão detalhada dos diferentes estágios do 
desenvolvimento” 
11 
 
 
No que tange ao exercício da profissão, o neuropsicólogo deve ser capacitado para 
analisar e administrar não apenas os testes, mas também um conjunto de variáveis. 
Para realizar uma avaliação neuropsicológica infantil, por exemplo, é preciso 
conhecer as diferentes teorias do desenvolvimento, explorar o histórico de cada caso 
e suas vicissitudes, realizar observações diretas e indiretas do comportamento da 
criança, entrevistar familiares e profissionais das escolas, assim como manter 
discussão interdisciplinar e ser capaz de estabelecer uma proposta interventiva 
eficaz. Outro ponto fundamental é a elaboração de documentos. 
A Neuropsicologia trabalha com a descrição detalhadados processos cognitivos, bem 
como a apresentação sistemática dos resultados analisados a quem é de direito. O 
objetivo do relatório é registrar todo o processo de avaliação, fornecendo aos 
profissionais um auxílio diagnóstico e, principalmente, um direcionamento nas 
tomadas de decisões. 
Na prática, é notório o aumento de médicos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, 
fisioterapeutas e outros profissionais que solicitam esta avaliação como critério 
essencial para a administração de medicação ou a estruturação de propostas 
interventivas mais adequadas. 
A avaliação também é solicitada anteriormente e posteriormente a procedimentos 
neurocirúrgicos, garantindo se a atuação médica prejudicou ou evoluiu as funções 
cognitivas do paciente. 
Assim, um laudo bem elaborado favorece a compreensão do caso clínico e garante 
possíveis ajustes necessários. Exemplo disso é o uso indiscriminado de algumas 
medicações para regulação intencional. Há alguns anos, os médicos têm solicitado o 
parecer neuropsicológico antes de ministrarem quaisquer remédios. É de praxe a 
discussão do caso dentro da equipe frente à necessidade ou não dos remédios. 
 
 
12 
 
 
5 - O QUE É IMPORTANTE SABER? 
 
Cada vez mais, os testes psicológicos vêm sendo utilizados como recurso 
indispensável no cenário infantil. Dificuldades no desempenho escolar, seguidas de 
déficits na adaptação e socialização estão entre os casos mais frequentes, e já podem 
ser mensurados e analisados detalhadamente de modo quantitativo. 
Por isso, é importante que os pais fiquem atentos. Caso surjam sinais e sintomas, é 
preciso procurar um especialista da área para que possam receber as orientações 
necessárias. 
A Neuropsicologia vem sendo cada dia mais procurada, além de ser muito indicada 
por médicos, psicopedagogos e especialistas, de um modo geral, na área da 
Educação. Por meio de ferramentas previamente testadas e investigadas por 
cientistas do comportamento e da cognição é possível contribuir para o 
desenvolvimento das crianças assistidas. 
13 
 
 
Como já informado, as alterações no desenvolvimento, por exemplo, ocupam um 
lugar privilegiado no ranking das indicações, principalmente no que diz respeito ao 
TEA. 
Afinal, quanto mais precoce for o diagnóstico e mais imediata for a intervenção, 
maiores são as chances da criança desenvolver um repertório comportamental e 
cognitivo dentro do previsto para as crianças da mesma idade. Além do mais, 
conhecer a criança favorece orientação apropriada aos pais e aos educadores. 
A neuropsicologia é uma área que utiliza conhecimentos de disciplinas acadêmicas 
que configuram as áreas das neurociências, como a neurofisiologia, neuroanatomia, 
neurofarmacologia e neuroquímica, e de atuação profissional do psicólogo, como 
psicologia clínica, psicopatologia, psicologia experimental, psicometria e psicologia 
cognitiva. A neuropsicologia é o estudo das relações entre o cérebro e o 
comportamento, que investiga as alterações cognitivas e comportamentais que se 
associam às lesões cerebrais (Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011). 
 A neuropsicologia é uma especialidade dentro do campo mais amplo da psicologia 
clínica. Dentro desta especialidade, por meio de utilização de testes e entrevistas, 
pode ser realizada a avaliação neuropsicológica, que estuda a repercussão de 
disfunções cerebrais sobre o comportamento e a cognição, fornecendo informações 
sobre o potencial cognitivo global, qualificando a natureza funcional de déficits 
observados através da análise comparativa e qualitativa dos resultados obtidos, 
permitindo a comparação com indivíduos da mesma idade, sexo e escolaridade 
(Lesak, 2012). 
A avaliação neuropsicológica (AN) é uma avaliação sistemática das relações entre 
cérebro e comportamento. Para Zillmer, Spiers e Culbertson (2008), a avaliação 
neuropsicológica é um método empírico de exame que se aplica a vários contextos, 
consiste então, em um exame sensível para avaliar a integridade do funcionamento 
cerebral, explicita dificuldades psicológicas ou neurológicas. Do mesmo modo é 
considerado um exame útil nos serviços de diagnóstico e em ambientes de pesquisa 
clínica quando estão envolvidos aspectos cognitivos e comportamentais. A AN agrega 
fatores etiológicos de desempenho, fatores emocionais e comportamentais, que 
14 
 
 
servem como base para o desenvolvimento de intervenções eficazes. Torna-se 
indispensável o profissional possuir um bom conhecimento sobre o desenvolvimento 
e o funcionamento típico e atípico do cérebro e os padrões de desempenho cognitivos 
envolvidos nos diversos tipos de disfunção cerebral. O conhecimento inclui condições 
sutis como a deficiência de aprendizagem clássica (por exemplo, discalculia e 
dislexia), além de dificuldades de aprendizagem não verbais, que são conhecidos por 
terem desenvolvimento com etiologias neurológicas (Zeffiro & Eden, 2000). Demais 
condições são as síndromes genéticas, defeitos estruturais do sistema nervoso 
central, exposição tóxicas, como a exposição ao chumbo, ou outras lesões do cérebro 
que pode ocorrer durante ou depois da gravidez e do parto, além do funcionamento 
comportamental/emocional. 
Este tipo de avaliação, sistematicamente, avalia todos os domínios cerebrais, com 
uma compreensão de como estes domínios se relacionam entre si e influenciam nas 
habilidades da criança, principalmente os efeitos na área escolar. Estes domínios 
incluem: capacidade cognitiva, atenção, aprendizagem, memória, linguagem, 
capacidade visuoespacial, capacidade sensório-motora, funções executivas e 
processos sociais e emocionais (Silver et al., 2006; Oliveira, Calvette, Gindri, & 
Pagliarin, 2015). 
6 - FUNÇÕES E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
Instrumentos neuropsicológicos são ferramentas fundamentais no processo de 
avaliação neuropsicológica, e a escolha dos testes pode mostrar maior qualidade nos 
resultados. Para tanto, verificar se o efeito da passagem do tempo sobre os resultados 
dos testes não deve ser subestimado, de acordo com Flynn (1984, 2000), que 
encontrou aumento de 20 pontos percentuais sobre uma geração em alguns testes 
não verbais, como o Raven. Descobriu-se que a tendência geral para o aumento do 
QI, ao longo do tempo é estimado em 0.3 pontos de QI por ano e pode ser estimado 
de 3 a 9 pontos por década. Tem sido observado ganhos, em instrumentos 
neuropsicológicos, como evidências de que o efeito Flynn é mais pronunciado no 
raciocínio fluído, ou seja, em instrumentos não verbais, do que em instrumentos de 
raciocínio cristalizado, os verbais (Kanaya, Ceci, & Scullin, 2003a; Kanaya, Scullin, & 
Ceci, 2003b). Além desses aspectos, deve ser verificada a experiência do aplicador 
com avaliação, aspectos culturais, escolaridade, língua, além de demais fatores 
desconhecidos (Neisser et al., 1996; Strauss, Sherman, & Spreen, 2006). 
A escolha dos instrumentos utilizados dependerá das dificuldades apresentadas pela 
criança, como sintomas e qualquer suspeita de diagnóstico anterior. O avaliador 
utiliza as informações obtidas na avaliação, o conhecimento da doença em questão, 
o conhecimento da anatomia e funções cerebrais, além de conhecimento de aspectos 
do desenvolvimento evolutivo para prover uma interpretação eficaz dos resultados 
observados nos instrumentos. Nas avaliações neuropsicológicas, por exemplo, são 
incluídos testes de inteligência, que podem ser usados para fazer interpretações 
sobre o raciocínio fluído da criança (Silver et al., 2006; Rodrigues, Zanotto, & Argimon, 
2015). 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
7 - CAPACIDADE INTELECTIVA COGNITIVA 
Refere-se a um conjunto de habilidades que envolve, criatividade, raciocínio, 
planejamento, resolução de problemas, pensamento abstrato e aprender de acordo 
com a experiência. Os instrumentos que podem ser utilizados incluem o R2 Teste não 
verbal de inteligência (Oliveira, Rosa, & Alves, 2000), MatrizesProgressivas Coloridas 
de Raven – Escala Especial (Angelini, Alves, Custódio, Duarte, & Duarte, 1999), além 
dos seguintes: 
a) Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC-IV): Trata-se de um 
instrumento clínico de aplicação, que tem como objetivo avaliar a capacidade 
intelectual das crianças e o processo de resolução de problemas. Obtém-se a 
capacidade intelectiva total, com subtestes, que são divididos em quatro índices, 
17 
 
 
Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional e Velocidade 
de Processamento. Pode ser utilizado na faixa etária de 6 anos até 16 anos e 11 
meses (Wechsler, 2013). 
b) O SON-R 2½ - 7 [a] avalia a habilidade cognitiva geral através de quatro subtestes. 
Os subtestes fornecem escore para Escala de Execução, que mensura as habilidades 
visuomotoras e espaciais. A faixa etária é de 2½ a 7 anos e 11 meses, pode ser 
utilizada uma versão reduzida que vai até os 7 anos de idade. 
É composto por quatro subtestes: Mosaicos (teste de execução com enfoque espacial 
e visuomotor), Categorias (teste de raciocínio), Situações (teste de raciocínio) e 
Padrões (teste de execução com enfoque espacial e visuomotor) (Laros, Tellegen, 
Jesus, & Camilo, 2015). 
 c) Escala de Maturidade Mental Colúmbia (CMMS), fornece uma estimativa da 
capacidade de raciocínio geral de crianças, indicando qual o nível de maturidade 
mental correspondente. Indicado para crianças com paralisia cerebral, dificuldade na 
fala ou perda de audição e suspeita de deficiência mental. A faixa etária que pode ser 
utilizada em crianças com idade entre 3 anos e 6 meses a 9 anos e 11 meses (Alves 
& Duarte, 2001). 
 d) Teste de Inteligência Geral Não Verbal (TIG-NV), mensura desempenhos 
característicos dos testes de inteligência não verbais, mas se distingue, por permitir 
uma análise neuropsicológica. Mostra tipos de raciocínios e os processamentos 
envolvidos na sua execução, além das classificações do potencial intelectual. 
Diferentes estímulos possibilitam a análise das funções cerebrais, que se combinam 
e se obtém tipos de desempenho, como, por exemplo, raciocínio espacial, 
matemático, memória de reconhecimento e outros. A faixa etária é de 10 anos de 
idade em diante (Tosi, 2008). 
 e) Atenção: É uma função que possibilita a pessoa a manter o foco e as informações 
no cérebro durante a realização de tarefas, ignorando demais distratores menos 
relevantes que possam interferir na finalização do trabalho. 
18 
 
 
A atenção seletiva refere- -se à capacidade de prestar atenção em alguns estímulos 
e concomitantemente ignorar outros. Atenção dividida refere-se à distribuição de 
recursos disponíveis na atenção para coordenar a performance de mais de uma 
atividade simultaneamente (Sternberg, 2008). A atenção é considerada uma base 
para que diferentes processos cognitivos possam funcionar de forma adequada. Os 
principais instrumentos para avaliar a atençãosão: Subteste Dígitos Ordem Direta, 
Códigos, Aritmética do WISC-IV (Wechsler, 2013) e D2-Teste de Atenção 
Concentrada (Cambraia, 2003, Argimon, Silva, & Wendt, 2015). Também pode ser 
utilizada Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA), que tem como objetivo 
avaliar a capacidade geral de atenção, além avaliar de forma individualizada tipos de 
atenção específicos: atenção concentrada (AC); atenção dividida (AD) e atenção 
alternada (AA) (Rueda, 2013). 
 f) Funções Executivas: É um conjunto de habilidades cognitivas e processos críticos 
do comportamento e pensamento complexo. Tais funções complexas avaliam 
organização, planejamento e utilização de estratégias de resolução de problemas, 
que inclui o automonitoramento, analisar e modular o comportamento, de acordo com 
a demanda. As funções executivas abrangem adaptação a situações novas, que vão 
além do conhecimento adquirido, que desenvolvem novas formas e recursos de 
pensar, cumprindo uma função importante na capacidade de aprender novos 
conteúdos (Lopes, Ziemniczak, Nascimento, & Argimon, 2015). 
Os instrumentos mais utilizados para avaliação das funções executivas em crianças 
são: Compreensão de provérbios para abstração-raciocínio; Torre de Londres, que 
avalia planejamento; Controled Word test, que avalia a fluência verbal; Five-Point 
Test, para fluência de desenhos; Trail Making Test, que avalia a flexibilidade mental; 
Wisconsin Card Sorting Test (WCST) para avaliar a flexibilidade mental, formação de 
conceitos, solução de problemas, abstração-raciocínio; Tarefas Go-No go, que 
avaliam modulação-inibição de resposta; Stroop, que mede modulaçãoinibição de 
resposta; Teste de Raven, que avalia abstração-raciocínio; California Verbal Learning 
Test-Children’s Version (CVLT-C), que mensura a aprendizagem verbal e memória. 
Além destes, na literatura são mencionadas as Escalas de Inteligência Wechsler, 
como Sequência de Números e Letras (SNL), Aritmética (AR), Semelhanças (SM) e 
19 
 
 
Dígitos Ordem Inversa (Hamdan & Pereira, 2009; Tirapu-Ustárroz, Muñoz- -
Céspedes, Pelegrín-Valero, & Albéniz-Ferreras, 2005). 
g) Memória: compõe componentes verbais, visuais e auditivos que se referem ao 
registro inicial, consolidação, evocação e reconhecimento das informações. O 
funcionamento adequado da memória depende da atenção e das funções executivas, 
que são fundamentais no processo de aprendizagem, principalmente de novos 
conteúdos. Memória auditiva: refere-se à quantidade de informações, recebida via 
auditiva, que a pessoa consegue guardar concomitantemente. A amplitude da 
memória auditiva compreende reter e recordar o maior número possível de elementos 
auditivos, depois de haver escutado. Memória visual: refere-se à quantidade de 
informação recebida por via visual, que a pessoa é capaz de manter 
simultaneamente. A amplitude da memória visual envolve reter e recordar o maior 
número possível de elementos visuais, depois de ter visualizado. Memória de trabalho 
(memória operacional): compreende um sistema de memória, no qual se formam 
associações entre metas, estímulos ambientais e conhecimento adquirido. Trata-se 
de um espaço na qual se mantém a informação enquanto está sendo processada 
(Paterno & Eusebio, S/D). 
Os instrumentos mais utilizados para avaliação da memória são: Rey Verbal Learnig 
Test (RAVLT) (Rey, 1958; Malloy-Diniz, Lasmar, Gazinelli, Fuentes, & Salgado, 2007), 
Memória Lógica I e II da Escala de Memória Revisada (WMS), Teste de Reprodução 
Visual I e II (Wechsler, 2009), Subteste Dígitos WISC-IV (Wechsler, 2013) e Figuras 
Complexas de Rey (Oliveira & Rigoni, 2010). 
h) Capacidade Visuoespacial, visuoperceptiva e visual: avalia uma variedade de 
habilidades relacionadas à percepção e ao processamento das informações 
visuoespaciais. São comportamentos que exigem habilidades específicas, que 
incluem a atenção discriminativovisual, raciocínio espacial, a integração visuomotora 
e a capacidade construtiva. De forma independente das habilidades visuoespaciais 
do avaliado, a performance em instrumentos que avaliam este domínio é, muitas 
vezes, altamente dependente de atenção e funções executivas (Lezak, Howieson, 
Bigler, & Tranel, 2012). 
20 
 
 
Um dos instrumentos mais utilizados são as Figuras Complexas de Rey (Oliveira & 
Rigoni, 2010), que exigem a cópia de uma figura complexa, Subteste Cubos WISC-
IV, Completar Figuras, Quebra Cabeças do WISC-III (Wechsler, 2013). 
i) Funções Sensório-Motoras: Referem-se à capacidade de controlar movimentos 
manuais de forma a torná-los mais precisos e rápidos. Trata-se de uma função 
essencial para a realização de atividades de desenho e escrita. Mesmo que muitos 
componentes do controle motor aconteçam automaticamente, alguns deles 
dependem de iniciar, planejar, implementar e manter a manutenção dos movimentos 
que integram as funções executivas. Pode ser avaliado através dos subtestes, 
Procurar Símbolos, Códigos e Cancelamento do WISC=IV. 
 j) Linguagem: Pode seridentificada pela fala, escrita ou por meio de sinais. São 
habilidades que têm como propósito final tornar efetiva a comunicação entre as 
pessoas. A avaliação pode ser realizada analisando a compreensão, fluência verbal, 
conhecimento de palavras e associações semântica e fonêmica. A linguagem pode 
ser avaliada pela fala impressiva, decodificação e expressão falada, que são aspectos 
básicos para avaliar (Sternberg, 2008). Avalia-se através dos instrumentos: Boston 
Naming Test, com os subtestes Vocabulário, Compreensão, Informação do WISC-IV 
e WISC-III (Wechsler, 2013). 
 l) Habilidades Acadêmicas: Facilidades e dificuldades nas disciplinas escolares. São 
habilidades que decorrem do funcionamento adequado e integrado das habilidades 
anteriormente descritas, das mais simples às mais complexas. Dificuldades cognitivas 
podem interferir no rendimento em diferentes disciplinas como Ciências, História, 
Português, Matemática, que podem desmotivar o aprendizado da criança. Para este 
domínio são examinados componentes primários das habilidades de raciocínio 
aritmético, leitura e de escrita. 
Os instrumentos mais utilizados são: Subteste Aritmética, Vocabulário, Informação 
(do WISC-IV, WISC-III). Teste de Desempenho Escolar (TDE) (Stein, 1994), objetiva 
avaliar capacidades essenciais para o desempenho escolar, mais especificamente 
escrita, aritmética e leitura. 
21 
 
 
m)Personalidade/habilidades sociais, emocionais e comportamentais: avaliação do 
comportamento e da personalidade pode-se fazer através da observação direta do 
comportamento, do contato com profissionais e familiares envolvidos com a criança. 
Os instrumentos que podem ser utilizados são Teste da Casa, da Árvore e da Pessoa 
(HTP) (Buck, 2003), Escala do Comportamento Infantil para Professor EACI-P, CAT 
(Children Apperception Test), (L. Bellak & Bellak, 1981, Marques, Tardivo, Silva, 
&Tosi, 2013), atividades de desenho, além da Escala de Transtorno de Déficit de 
Atenção/Hiperatividade (TDAH). Versão para professores tem como objetivo avaliar 
desatenção e a hiperatividade (sintomas primários), problemas de aprendizagem e 
comportamento antissocial (sintomas secundários). A Escala tem por foco, monitorar 
os efeitos das intervenções (psicológica, psicopedagógico e medicamentosa) na 
escola. Também revela diferenças individuais dos comportamentos de crianças que 
manifestam TDAH antes, durante e após o tratamento. Pode ser utilizada para a faixa 
etária de 6 a 17 anos de idade (Benczik, 2000). Pirâmides Coloridas de Pfister avaliam 
aspectos da personalidade, destacando especialmente a dinâmica afetiva e 
indicadores relativos a habilidades cognitivas da criança. Trata-se de um método 
expressivo, que pode ser utilizado dos 6 a 14 anos de idade (Villemor-Amaral, 2014). 
8 - INFLUÊNCIAS HISTÓRICOS DA NEUROPSICOLOGIA 
CLÍNICA E PEDIÁTRICA 
Para entender e apreciar a especialidade emergente da neuropsicologia escolar, é 
preciso rever as influências da neuropsicologia clínica adulta, neuropsicologia 
pediátrica, psicologia escolar e educação em geral. Vários autores revisaram a 
história da neuropsicologia clínica de adultos. Rourke (1982) identificou os três 
primeiros estágios históricos da neuropsicologia clínica como: 
 (1) o estágio de abordagem de teste único; 
 (2) o estágio da bateria de teste/ especificação da lesão; 
 (3) o estágio do perfil funcional. Este autor rotulou as tendências atuais em 
neuropsicologia como o estágio integrador e preditivo. Esses estágios são analisados 
a seguir. 
22 
 
 
8.1 - BATERIAS DE TESTE NEUROPSICOLÓGICAS PARA CRIANÇAS 
Enquanto os neuropsicólogos clínicos de adultos estavam se afastando das baterias 
fixas de avaliação para baterias de avaliação mais flexíveis no final da década de 
1990, os neuropsicólogos pediátricos tinham poucas ferramentas de avaliação para 
escolher. Esta seção analisará a história da neuropsicologia pediátrica e sua 
influência na neuropsicologia escolar. 
 Na década de 1960, a neuropsicologia pediátrica surgiu como uma 
subespecialização no campo mais amplo da neuropsicologia clínica. Inicialmente, 
muitas das primeiras baterias de testes neuropsicológicos desenvolvidas para 
crianças eram extensões descendentes de baterias de testes para adultos. Ernhart, 
Graham e Eichman (1963) foram creditados como sendo os primeiros pesquisadores 
a aplicar uma bateria de testes para avaliar os resultados do desenvolvimento em 
crianças com lesões cerebrais. Eles descobriram que crianças com danos cerebrais 
manifestavam déficits em múltiplas medidas verbais e conceituais, bem como em 
múltiplas medidas perceptivas. Eles relataram que nenhuma medida única produziu 
uma discriminação satisfatória de crianças com danos cerebrais, enquanto que o uso 
de toda a bateria o fez. Isso foi consistente com a ideia de que várias medidas são 
melhores discriminadores da função/disfunção cerebral do que uma única amostra de 
comportamento. 
Testes Halstead-Reitan para crianças 
 Na década de 1970, uma extensão descendente do HRNTB adulto foi desenvolvida 
para crianças na faixa de nove a 14 anos, chamada Bateria de testes 
neuropsicológicos Halstead-Reitan para crianças mais velhas (HRNTB-OC). Uma 
versão do teste também foi desenvolvida para crianças de cinco a oito anos, chamada 
de Bateria de Testes Neuropsicológicos Reitan-Indiana (RINTB). Reitan e Wolfson 
(1992) apresentam uma descrição ampliada dos testes HRNTB e RINTB e Teeter e 
Semrud-Clikeman (1997) oferecem uma extensa revisão dos estudos de pesquisa 
clínica HRNTB e RINTB. Teeter e Semrud-Clikeman (1997) apontaram que os testes 
de Halstead-Reitan para crianças devem ser usados com cautela. 
23 
 
 
As preocupações com os testes HRNTB e RINTB incluem: normas insuficientes, 
covariância com inteligência, incapacidade de distinguir condições psiquiátricas de 
doenças neurológicas em crianças e incapacidade dos testes para localizar disfunção 
ou prever recuperação após insulto ou dano cerebral (LECKLITER; FORSTER, 1994). 
Vários pesquisadores compilaram conjuntos de dados normativos das baterias 
HRNTB e RINTB para crianças desde suas publicações iniciais (BARON, 2004). Em 
vez de usar os testes originais de Halstead-Reitan para crianças com base em uma 
coleção sintetizada de dados normativos que podem ir até 35 anos de idade, 
recomenda-se que os profissionais avaliem a bateria sensório-motor de Dean-
Woodcock (DWSMB). A DWSMB incorporou muitos dos testes de HalsteadReitan 
quando padronizou os testes usando uma amostra nacional de base ampla. O 
DWSMB também foi conormatizado com os Testes Woodcock-Johnson III de 
Capacidade Cognitiva (WOODCOCK; MCGREW; MATHER, 2001). 
8. 2 - VÍNCULO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO COM INTERVENÇÕES 
BASEADAS EM EVIDÊNCIAS 
O campo da psicologia escolar é relativamente jovem. Nos últimos 100 anos, o campo 
tornou-se melhor no desenvolvimento e validação de constructos teóricos e 
abordagens de avaliação. No entanto, o campo está atrasado na área de intervenções 
empiricamente validadas. Os psicólogos escolares têm muitos recursos de "livro de 
receitas" que fornecem recomendações baseadas em problemas acadêmicos ou 
comportamentais comuns. A revisão da literatura mostra que há poucas evidências 
sólidas para muitas das recomendações que os profissionais da área fazem 
consistentemente. 
Sabendo sobre a necessidade de intervenções baseadas em evidências, por onde o 
campo deveria prosseguir? Perguntas precisam ser respondidas, como "O que 
constitui uma intervenção baseada em evidências?". Kratochwill e Shernoff (2004) 
sugeriram que uma intervenção poderia ser considerada baseada em evidências se 
sua aplicação à prática fosse claramente especificada e se demonstrasse eficácia 
quando implementada na prática. 
24 
 
 
Várias forçastarefa conjuntas em todas as organizações profissionais têm trabalhado 
no estabelecimento de diretrizes para pesquisa de práticasbaseadas em evidências. 
Esta linha de pesquisa é crucial para a credibilidade da psicologia escolar e da 
especialidade da neuropsicologia escolar. Isso faz com que fique no passado a prática 
de avaliar uma criança apenas para uma classificação educacional. Claramente, os 
legisladores, os educadores, os professores e os pais exigem uma avaliação que 
oriente a intervenção. Todavia, há desafios para a realização de pesquisas baseadas 
em evidências nas escolas. A obtenção de permissão para realizar pesquisas 
aplicadas nas escolas tornou-se cada vez mais difícil, porque administradores, 
professores e pais se preocupam com o tempo da tarefa. 
Voltemos à analogia do bolo mais uma última vez. Ao considerarmos o bolo análogo 
ao conceito de "organicidade" ou função/disfunção cerebral, os neuropsicólogos no 
atual estágio integrativo e preditivo continuariam a defender a realização de múltiplas 
amostras de comportamento (ou seja, múltiplas sondas de palito no bolo). No entanto, 
nos estágios passados, todas as amostras de comportamento foram baseadas em 
amostras de teste comportamental. Isso é o que realmente veríamos no palito de 
dente depois que estivesse preso no bolo. Atualmente, na prática clínica e na 
pesquisa, existe uma abordagem interdisciplinar para a compreensão do 
funcionamento do cérebro com técnicas de imagem funcional integrada, avanços no 
desenvolvimento do teste e inclusão de análises qualitativas do desempenho do teste. 
Essas múltiplas amostras de qualquer constructo, tal como a "organicidade", também 
devem se esforçar para serem ecologicamente válidas e ter uma boa validade 
preditiva. Isto é, temos que aferir a temperatura da sonda do bolo (ou seja, o palito de 
dente) e analisar o conteúdo aderindo ao palito de dentes usando a tecnologia e 
outros testes que fornecem informações qualitativas, químicas, fisiológicas e 
funcionais. Os futuros pesquisadores continuarão a avançar a base de conhecimento 
em todas as disciplinas, como educação, psicologia (incluindo neuropsicologia), 
psicologiaescolar, neuroanatomia funcional, bioquímica, eletrofisiológica, genética e 
assim por diante. O conhecimento obtido desses campos remodelará as formas em 
que exercemos a nossa profissão. 
25 
 
 
As influências da neuropsicologia clínica e neuropsicologia pediátrica na 
especialidade emergente da neuropsicologia escolar foram revisadas. Na sequência, 
iremos mudar o foco para a história da neuropsicologia escolar. 
8.3 - DEVOLUÇÃO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA 
Como já mencionado, em um laudo e/ou relatório de uma AN explora-se, além da 
avaliação acadêmica, outras áreas de habilidades motoras, problemas emocionais e 
comportamentais, habilidades sociais e dificuldades nas funções executivas. Ao 
avaliar a área cognitiva, devido a criança apresentar um baixo desempenho escolar, 
não se esquecer dos aspectos emocionais, comportamentais, familiares, porque a 
criança pode apresentar falhas acadêmicas devido a questões de ordem emocional, 
por exemplo. Além de sempre destacar os pontos fortes no relatório, também abordar 
as necessidades emocionais, que podem não ser óbvias, principalmente se a criança 
não demonstra dificuldades comportamentais na escola. 
 Na devolução dos resultados, na prática clínica, após a realização do processo de 
avaliação neuropsicológica, o psicólogo conclui com um relatório e/ou laudo por 
escrito com a interpretação dos resultados quantitativos e qualitativos. E, sempre que 
possível também acompanhada por devolutiva verbal ao paciente avaliado. A forma 
de realizar a devolutiva dos resultados vai depender da forma e conteúdo do resultado 
(Jurado & Pueyo, 2012). Desta forma, devem ser realizadas as devolutivas dos 
resultados, para a criança, de forma mais simples, para os pais e/ou cuidadores, para 
a escola, e profissionais envolvidos com a criança. Assim que a AN da criança for 
concluída, marcar uma reunião com os pais para discutir os resultados encontrados 
e observações, e explicar as recomendações, lendo o laudo frase por frase e 
explicando cada uma delas para que, caso tenham dúvidas, possam ser esclarecidas. 
Essa entrevista de devolução dos resultados deve equipar os pais na interpretação 
do laudo neuropsicológico. Solicitar autorização dos pais/responsáveis para o 
psicólogo fazer a devolução para a equipe educacional da criança e outros 
profissionais que já estejam envolvidos com ela. Esta etapa permite que o os 
profissionais possam entender o funcionamento da criança para auxiliar na busca de 
estratégias de atendimento e/ou estimulação e/ou reabilitação neuropsicológica. 
26 
 
 
Além disso, ao fornecer uma cópia do parecer para a escola, para os casos de 
inclusão escolar,evidenciando forças e fraquezas identificadas, essa beneficiará a 
criança principalmente para o trabalho em conjunto. A devolutiva é realizada 
aproximadamente duas semanas após o término da avaliação, para o avaliador ter 
condições de analisar o caso e elaborar o laudo. No momento da devolutiva, é 
entregue o laudo com a exposição de todos os achados e informações sobre o 
funcionamento cognitivo da criança, assim como aspectos emocionais e estilo de 
aprendizagem, seus pontos fortes e fracos. Trata-se de um momento que visa 
contribuir para enriquecer a percepção dos pais para com seu filho e contribuir para 
os procedimentos médicos, além de oferecer sugestões para o desenvolvimento e 
reabilitação das áreas que se encontram comprometidas. A seguir, é apresentado um 
caso com identificação fictícia, mas com informações que podem ser úteis na 
esquematização de uma situação de avaliação. 
9 - MODELO CONCEITUAL COMO GUIA DE AVALIAÇÃO E 
INTERVENÇÃO 
 
27 
 
 
Existem três modelos que orientam a prática contemporânea na neuropsicologia 
escolar: (1) Teoria Luriana; (2) Modelo Carroll-Horn-Cattell (CHC); e (3) abordagem 
de avaliação do processo. A teoria luriana fornece a base para testes como o Sistema 
de Avaliação Cognitiva – SAC, a Bateria de Avaliação de Kaufman para Crianças, 
segunda edição – K-ABC-II e a Avaliação Neuropsicológica do Desenvolvimento – 
NEPSY- II. O modelo CHC foi desenvolvido usando uma abordagem de análise 
fatorial (FLANAGAN; HARRISON, 2005). Medidas de múltiplas habilidades cognitivas 
foram analisadas fatorialmente, e os fatores resultantes foram rotulados como 
constructos neurocognitivos (por exemplo: velocidade de processamento, memória 
de curto prazo, processamento auditivo etc.). 
 O modelo CHC fornece a base para testes como a Bateria de Habilidades Cognitivas 
Woodcock-JohnsonIII – WJ-III, a Escala de Inteligência Stanford-Binet, quinta edição, 
e o K-ABC-II, que pode ser interpretado usando a teoria luriana ou modelo CHC e as 
Escalas de Habilidade Diferencial-II – DAS-II, segunda edição. 
O terceiro modelo de avaliação que orienta a prática contemporânea é a abordagem 
de avaliação do processo. Esta abordagem foi denominada Abordagem de Processos 
de Boston em 1986 e tem sido chamada de Abordagem de testagem de hipóteses de 
Boston (TEETER; SEMRUD-CLIKEMAN, 1997). A abordagem agora é 
genericamente chamada de abordagem de avaliação de processo e foi incorporada 
em testes como o SAC, a Escala de Inteligência Wechsler para crianças – WISC-III – 
como instrumento de processo, o Sistema de Funções Executivas Delis-Kaplan – D-
KEFS e o NEPSY-II. Todos esses testes têm uma coisa em comum: os escores para 
comportamentos qualitativos são observados durante a administração do teste, além 
dos escores quantitativos tradicionais. A abordagem de avaliação do processo auxilia 
os neuropsicólogos escolares na determinação das estratégias que uma criança está 
usando durante o desempenho de uma determinada tarefa. Os editores de testes e 
os autores dos testes anteriores estabeleceram parâmetros base para 
comportamentos qualitativos comuns. Por exemplo, uma criança que pede repetições 
é um comportamentoqualitativo comum que fornece informações sobre as 
habilidades receptivas linguísticas da criança ou de atenção seletiva. Os parâmetros 
básicos refletem a frequência de crianças da mesma idade que exibem um 
comportamento qualitativo particular. 
28 
 
 
É necessário fazer uma distinção importante entre essas três abordagens. A 
abordagem luriana é a única das três baseada em uma teoria neuropsicológica, 
enquanto a abordagem CHC é baseada em uma classificação estatística dos fatores 
de desempenho humano e a abordagem de avaliação do processo é mais um modelo 
interpretativo baseado em análise comportamental qualitativa e testagem de limites. 
Para as três abordagens de avaliação, é necessária uma pesquisa básica que 
correlaciona a função cerebral com o que os testes estão mensurando. Por exemplo, 
será que um teste que é projetado para mensurar a transferência deinformações da 
memória imediata para armazenagem de memória de longo prazo realmente ativa a 
área do hipocampo do cérebro, que é o local neuroanatômico para tais atividades 
neurocognitivas? Atualmente, técnicas de imageamento cerebral, como a 
ressonância magnética funcional (IRMf), já começaram a auxiliar pesquisadores e 
clínicos a validar avaliações comportamentais e podem se tornar uma medida direta 
da eficácia da intervenção (FLETCHER, 2008). Simos et al. (2002) já demonstraram 
como a ativação cerebral específica do disléxico foi normalizada após a remediação 
usando fMRI. Essas abordagens mantêm a promessa de uma avaliação mais precisa 
e de uma intervenção direcionada ao futuro, mas onde isso deixa aqueles na prática 
atual? Na sequência, veremos o modelo de resposta à intervenção que está sendo 
amplamente promovido em círculos educacionais, bem como o modelo de Testes das 
Hipóteses Cognitivas (CHT) e um modelo proposto que combina os dois juntos. 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
A avaliação neuropsicológica (AN) é uma poderosa ferramenta na promoção da 
qualidade de vida de pessoas com transtornos psiquiátricos ou do 
neurodesenvolvimento, pois direciona os passos futuros que devem ser tomados. 
Devido aos seus benefícios, cada vez mais a AN é indicada para pessoas que 
apresentam algum tipo de dificuldade na vida diária, no trabalho ou estudos e nas 
relações sociais. 
Entre o público infantil uma das dificuldades mais notadas é o baixo rendimento 
escolar. Déficits de desempenho escolar são recorrentemente encontrados nos 
transtornos do neurodesenvolvimento, sendo esta característica muito sensível 
nessas condições, porém ela é pouco específica. Isso significa que o desempenho 
escolar é facilmente afetado por diferentes fatores (alterações cognitivas, 
comportamentais, sociais e família) e sinaliza que há algo de errado no 
desenvolvimento da criança (sensibilidade). Todavia, somente com essa informação 
não é possível decifrar as causas dos problemas (pouca especificidade) e é neste 
ponto que a AN entra como uma aliada da família e da escola. Através dos seus 
procedimentos e métodos de descrição minuciosa das dificuldades é possível 
identificar a origem das dificuldades da criança e propor estratégias de intervenção, 
sendo isso documentado em um laudo. 
Para ficar mais claro, é preciso compreender o que é uma avaliação neuropsicológica 
e quais são seus objetivos. Este é um procedimento que procura investigar 
detalhadamente as funções cognitivas, emocionais e sociais da criança. Todas essas 
características são influenciadas por fatores genéticos, familiares (incluindo práticas 
parentais), escolares e culturais e por isso precisam ser bem interpretadas. Com isso, 
o objetivo da avaliação é traçar o perfil neuropsicológico do indivíduo (potencialidades 
e fraquezas) com o intuito de identificar as causas dos problemas observados e assim 
direcionar a criança para intervenções adequadas. 
Vamos ver um exemplo para compreender melhor o benefício da AN. Imagine duas 
crianças com a mesma idade (8 anos) e demanda: dificuldade de aprendizagem da 
leitura. Após a investigação neuropsicológica, o laudo da primeira criança sintetiza 
que há um déficit de processamento fonológico, sendo uma das principais 
dificuldades observadas a associação do grafema (letra) com o fonema (som) e 
sugerindo de um quadro de Dislexia do Desenvolvimento. 
30 
 
 
Já a segunda criança o laudo descreve boas habilidades fonológicas, mas há 
presença de desatenção e impulsividade. Apesar das mesmas dificuldades (leitura) o 
manejo é diferente porque a origem do problema é outro. 
No caso da primeira criança a intervenção adequada seria a estimulação cognitiva do 
processamento fonológico juntamente com a utilização do método fônico para 
alfabetização. Já a segunda criança também se beneficiaria de uma intervenção 
Psicopedagógica, mas como as dificuldades escolares são um desfecho secundário 
dos déficits atencionais e de autorregulação, ela precisaria de outras intervenções. 
Seriam necessárias intervenções comportamentais que atuassem sobre os déficits 
primários. 
Nosso exemplo é bem simplista, mas o objetivo é apontar como um laudo de 
avaliação neuropsicológica pode ser útil para escola e também para todos que 
trabalham com o indivíduo avaliado. Quando as crianças apresentam problemas de 
aprendizagem, mais importante que identificá-lo é entender suas origens para que 
assim sejam utilizadas práticas de intervenção mais personalizadas e baseada em 
evidências científicas. 
Por fim, lembre-se que a AN não se resume à aplicação de testes e escalas. Ela é 
muito mais ampla e global e pressupõe o trabalho em equipe. A escola, família e 
profissionais são aliados nessa empreitada que tem como objetivo final trabalhar em 
conjunto em prol da criança com algum tipo de transtorno ou dificuldade. 
Texto escrito por: 
Annelise Júlio-Costa e Andressa M. Antunes 
A importância da realização uma AN abrangente e destacar que pode oferecer 
subsídios para a compreensão da função cerebral de uma criança e na prestação de 
estratégias de reabilitação neuropsicológica específica. É importante salientar que a 
AN é um processo complexo que vai além da mera aplicação de instrumentos e, 
sempre implica em uma série de etapas e fatores e efetuada a partir de perspectiva 
clínica ou de pesquisa. O profissional ter o conhecimento em neuropsicologia é 
fundamental para a realização de uma avaliação neuropsicológica mais adequada 
possível. Os fatores que mais ameaçam a qualidade deste tipo de trabalho é a 
utilização da classificação de testes neuropsicológicos, considerados suficientes para 
31 
 
 
um estudo e servir como base na avaliação neuropsicológica correta. Isto é, levar em 
consideração os condicionantes de vida da pessoa, associar os resultados dos 
instrumentos com o momento de vida da pessoa. Diante destas observações, irá 
aumentar a qualidade da investigação e igualmente auxiliar a comunicação dos 
resultados para outros profissionais, que ajudarão a produzir uma melhor 
compreensão da relação entre o cérebro e o comportamento e melhorar a prática da 
neuropsicologia clínica. 
Desta maneira, de acordo com o que foi pesquisado nos aspectos teóricos e 
empíricos, fundamentalmente este tipo de avaliação é realizada através de testes, no 
entanto, ainda existe uma carência de instrumentos neuropsicológicos no Brasil. 
Sendo, então, necessário desenvolver novos instrumentos ou adaptar instrumentos 
internacionais, visto que a mera tradução pode comprometer a manutenção da 
qualidade dos instrumentos assim como interferências quanto à população estudada. 
Também a importância dos profissionais que atuam com a área estar sempre se 
atualizando, procurando conhecer profundamente os instrumentos que irão utilizar. 
E, por fim, a AN é a avaliação de escolha, quando pais, cuidadores, educadores e 
técnicos da saúde querem responder não só o que está acontecendo 
academicamente, mas o porquê, o que exige do profissional elevado graude 
conhecimento de neuroanatomia, fisiopatologia e psicologia. Neste sentido, o 
especialista em neuropsicologia infantil distingue as particularidades tanto 
neurológicas quanto os fatores comportamentais e emocionais, que podem afetar o 
funcionamento escolar. Além de fornecer uma explicação dos pontos fortes e fracos 
atuais, relacionadas com o cérebro da criança e oferecer recomendações adequadas. 
Assim, os profissionais e cuidadores, ao escolherem este tipo de avaliação, irão mais 
eficazmente atender às necessidades da criança, além de tomar uma decisão mais 
adequada de intervenção. 
 
 
 
32 
 
 
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