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INVESTIGANDO OS MODELOS DE MELHORIA QUE INTEGRAM A TEORIA DAS RESTRIÇÕES E O LEAN MANUFACTURING: A ANÁLISE DOS PONTOS FORTES E OPORTUNIDADES DE APERFEIÇOAMENTO DIEGO AUGUSTO DE JESUS PACHECO - PROFDAJP@GMAIL.COM FACCAT-FTEC-CESUCA ISAAC PERGHER - eng.isaac@hotmail.com * DANIEL FONSECA DA LUZ - danielfonsecaluz@ig.com.br UNISINOS TITO ARMANDO ROSSI FILHO - rossitito@hotmail.com UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS JOSÉ ANTONIO VALLE ANTUNES JÚNIOR - junico@produttare.com.br UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS Resumo: O PRINCIPAL OBJETIVO DESSE ARTIGO É INVESTIGAR AS VIRTUDES E LACUNAS EXISTENTES ENTRE OS MODELOS DE MELHORIA CONTÍNUA DA LITERATURA DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO QUE INTEGRAM A TEORIA DAS RESTRIÇÕES E O LEAN MANUFACTURING. A PARTIR DA REVISÃO DDA LITERATURA, IDENTIFICOU-SE OS MODELOS DE REFERÊNCIA QUE DISCUTEM O USO SINÉRGICO DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES E DO LEAN MANUFACTURING. ESSE ARTIGO FEZ UMA ANÁLISE CRÍTICA E COMPARATIVA ENTRE TAIS MODELOS E APONTOU SUAS FORÇAS E FRAQUEZAS. O RESULTADOS DA PRESENTE DISCUSSÃO PERMITIRAM EVIDENCIAR QUE AS DUAS ABORDAGENS SÃO COMPLEMENTARES DE FORMA QUE SUAS LACUNAS SÃO CONTRABALANCEADAS PELAS VIRTUDES DA OUTRA ABORDAGEM. OS ACHADOS RESULTANTES DA ANÁLISE COMPARATIVA PODEM CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MODELOS MAIS ROBUSTOS NO CAMPO DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, VISANDO A MELHORIA OPERACIONAL DE SISTEMAS PRODUTIVOS. Palavras-chaves: TEORIA DAS RESTRIÇÕES; LEAN MANUFACTURING; MELHORIA OPERACIONAL Área: 1 - GESTÃO DA PRODUÇÃO Sub-Área: 1.1 - GESTÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 2 INVESTIGATING THE IMPROVEMENT MODELS THAT INTEGRATE THE THEORY OF CONSTRAINTS AND LEAN MANUFACTURING: ANALYSIS OF STRENGTHS AND IMPROVEMENT OPPORTUNITIES Abstract: THE MAIN OBJECTIVE OF THIS PAPER IS TO INVESTIGATE THE STRENGTHS AND GAPS BETWEEN THE MODELS OF CONTINUOUS QUALITY IMPROVEMENT LITERATURE OF PRODUCTION ENGINEERING COMPRISING THE THEORY OF CONSTRAINTS AND LEAN MANUFACTURING. FROM THE LITERAATURE REVIEW, WE IDENTIFIED THE REFERENCE MODELS THAT DISCUSS THE SYNERGISTIC USE OF THEORY OF CONSTRAINTS AND LEAN MANUFACTURING. THIS ARTICLE MADE ​​A CRITICAL AND COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN THESE MODELS AND IDENTIFIED THEIR STRENGTHS AND WEAKNESSES. THE RESULTS OF THIS DISCUSSION HAVE HIGHLIGHTED THAT THE TWO APPROACHES ARE COMPLEMENTARY SO THAT ITS SHORTCOMINGS ARE COUNTERBALANCED BY THE VIRTUES OF ANOTHER APPROACH. THE FINDINGS FROM COMPARATIVE ANALYSIS MAY CONTRIBUTE TO THE DEVELOPMENT OF NEW MODELS MORE ROBUST IN THE FIELD OF PRODUCTION ENGINEERING, AIMING AT IMPROVING THE PERFORMANCE OF PRODUCTION SYSTEMS. Keyword: THEORY OF CONSTRAINTS; LEAN MANUFACTURING;OPERATIONAL IMPROVEMENT XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 3 1. Introdução Partindo das décadas iniciais da Revolução Industrial, onde a produção dos bens ocorria de modo artesanal, até os atuais dias, em que o mercado consumidor mostra-se exigente quanto a requisitos de qualidade, preço, prazo de entrega, diversificação do mix de produtos, serviços de pós-venda, entre outros fatores, é possível observar o surgimento de diferentes abordagens voltadas ao ambiente produtivo no campo da Administração ou Engenharia da Produção. Neste sentido podem ser destacados a Administração Cientifica de Taylor (TAYLOR, 1992), a Linha de Produção de Ford (FORD, 1927), Sistema Toyota de Produção (OHNO, 1997; SHINGO, 1996) e a Teoria das Restrições (GOLDRATT, 1986). Essas abordagens tinham entre outros aspectos, contribuir para o aumento da competitividade das organizações por meio da melhoria da qualidade, redução das perdas ocorridas no ambiente produtivo, otimização do recurso restritivo e eliminação de defeitos, falhas e erros. Ao focalizar exclusivamente nas abordagens Sistema Toyota de Produção (atualmente conhecido como Sistema Lean Manufacturing) e na Teoria das Restrições (Theory of Constraints - TOC), alguns autores como Antunes (1998), Gusmão (1998) e Dettmer (2001) propõem modelos que sugerem a utilização sinérgica e complementar destas técnicas, tendo como base, uma tendência para a busca de melhorias contínuas e radicais nos processos de produção, por meio da unificação da TOC + Lean. Neste sentido, este artigo tem por finalidade apresentar uma análise teórica e comparativa focada nos modelos sinérgicos TOC+ Lean propostos por Antunes (1998), Gusmão (1998) e Dettmer (2001), bem como, ressaltar os possíveis pontos divergentes entre essas abordagens. O artigo é concluído, sugerindo como possível estudo para o futuro a possibilidade de desenvolvimento de um modelo híbrido focalizado na melhoria contínua por meio das abordagens TOC + Lean + Seis Sigma. As demais seções desta pesquisa estão formadas do seguinte modo: a seção 2 apresenta um extrato do referencial teórico; a seção 3 destaca os aspectos metodológicos empregados na pesquisa; na seção 4 é descrito a discussão a cerca dos modelos TOC e Lean; e na seção 5, as conclusões e considerações sobre a pesquisa. 2. Referencial Teórico 2.1 Teoria das Restrições (TOC) Para Inman (2009) a TOC é definida como uma filosofia de gestão que proporciona um foco de melhoria contínua resultando na melhoria do desempenho organizacional. Boyd e Gupta (2004) definiram a TOC como uma teoria, identificando claramente uma ‘orientação ao ganho’ juntamente com suas três dimensões: modelos mentais, medidas e metodologia. Segundo a visão de Antunes (1998) e Cox e Spencer (2002) a TOC pode ser entendida a partir dos seguintes componentes: a) uma abordagem logística e de operações, que envolve os seguintes métodos: cinco passos focalizados na melhoria dos processos; programação da produção via TPC (Tambor, Pulmão e Corda); e a análise dos sistemas produtivos pela lógica V-A-T (UMBLE; UMBLE, 1999); b) um sistema de indicadores de desempenho, que passa pela definição dos Ganhos, Inventários e Despesas Operacionais da Empresa; definição do mix de produtos XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 4 que deverá ser produzido visando maximizar os resultados; e da lógica dos Ganhos por dia e dos Inventários por dia; c) um processo de pensamento visando à solução de problemas, que envolve as seguintes técnicas: Árvore da Realidade Atual, o método da Evaporação das Nuvens, Árvore da Realidade Futura, Árvore dos Pré-Requisitos e Árvore de Transição. Segundo Goldratt, (1991) a meta de uma empresa é ganhar dinheiro hoje e no futuro. Com base neste propósito, a TOC apresenta um conjunto de indicadores que tem como objetivo, monitorar o resultado da organização. Paralelamente aos indicadores, cinco etapas de focalização são descritas, onde a principal questão é o gerenciamento das restrições do sistema. O termo ‘restrição’ é caracterizado como qualquer elemento que impede a organização de alcançar a sua respectiva meta. O principal foco da TOC é identificar o conjunto de restrições e gerenciá-las de forma eficaz (MISHRA et al., 2005). Para isso, Goldratt, (1991) apresenta as cinco etapas do processo de focalização: 1. Identificar as restrições do sistema. Esta etapa relata a necessidade de identificar as possíveis restrições que impendem à empresa de atingir a sua meta. 2. Decidir como explorar as restrições do sistema. Aqui ocorre a necessidade de promover a otimização do uso da restrição. 3. Subordinar qualquer coisa à decisão anterior. As atividades de todo o sistema devem ser subordinado à restrição encontrada no primeiro passo.4. Elevar a restrição do sistema. Nesta etapa, é necessário concentrar esforços com o intuído de aumentar a capacidade de geração de saída da restrição. 5. Se nos passo anterior uma restrição for quebrada, volte ao primeiro passo, mas não deixa que a inércia se torne uma restrição do sistema. O último passo relata a importância de reavaliar todo sistema, quando ocorre o aumento da capacidade da restrição. Isto porque, com esse aumento, a restrição do sistema agora pode ser outro recurso que anteriormente não era a restrição. Outro ponto principal diz respeito a melhoria contínua do sistema, não permitindo que as melhores práticas da situação anterior sejam necessariamente mantidas. Outro aspecto que compõe a TOC são os indicadores de resultados. A TOC propõe a utilização de seis indicadores, que determinam se a empresa está em direção ou não, de sua meta divididos em duas classes: i) os indicadores globais; e ii) indicadores locais. Para medir o impacto de qualquer decisão gerencial, Kendall (2007) relata a utilização dos seguintes indicadores locais: Ganho, Investimento e Despesa Operacional. Um melhor entendimento sobre cada um desses medidores pode ser obtido em Corbett (1997). 2.2 Lean Manufacturing Conforme Ghinato (1996) o Sistema Toyota de Produção (Toyota Production System – STP) tem sido atualmente, referenciado como “Sistema de Produção Enxuta” (ou Lean Manufacturing). Segundo Antunes et al. (2008), os princípios básicos de construção do Sistema Toyota de Produção são: (i) Mecanismo da Função Produção; (ii) o princípio do não custo; e (iii) as perdas nos sistemas produtivos. No Mecanismo da Função Produção (Figura 1), Shingo (1996) define o sistema de produção como uma rede funcional de processos e operações. Os processos são caracterizados como a transformação de matérias-primas em produtos e as operações são as ações que executam essas transformações. A análise do processo examina o fluxo de material ou produto, durante a transformação da matéria-prima XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 5 no sistema de produção; a análise das operações examina o trabalho realizado sobre os produtos pelo trabalhador e pelas máquinas. FIGURA 1 – Estrutura da Produção. Fonte: Shingo (1996). Referente ao principio do ‘não custo’ Shingo (1996) relata que os produtores devem deixar que o mercado determine o preço dos produtos. Assim sendo, a principal maneira de aumentar os lucros neste contexto, ocorre através da redução dos custos e, para se alcançar a redução dos custos, é necessária a eliminação total das perdas do sistema de produção (SHINGO, 1996). Ao focalizar exclusivamente as perdas, segundo Antunes et al. (2008) e Bornia (2002), perdas são conceituadas como operações ou movimentos desnecessários que geram custos e não agregam valor e, portanto, devem ser eliminados do sistema, tais como: esperas, transportes de materiais para locais intermediários, estocagem de material em processo, entre outros. O STP identifica sete tipos de perdas a seguir apresentadas que são: Perda por super- produção; Perda por espera; Perda por transporte; Perda no processamento em si; Perda por estoque; Perda por movimentação; e Perda por fabricação de produtos defeituosos. Sob este enfoque, Liker (2005) apresenta um tipo de perda denominada ‘desperdício da criatividade dos funcionários’ que diz respeito à perda de tempo, idéias, habilidades, melhorias e oportunidades de aprendizagem por não envolver de maneira participativa ou então, escutar as sugestões dos funcionários. Roother e Shook (1998) sugerem adicionar a perda referente ao não aproveitamento das pessoas e das suas capacidades intelectuais e técnicas. Por fim, Pergher, Rodrigues e Lacerda (2011) apresentam o conceito ‘Pergas’ o qual faz referência à perda de Ganho Global (Teoria das Restrições) ocorrido pela má definição do mix de produtos. 2.3 Modelo TOC + Lean de Antunes (1998) Antunes (1998) sugere um modelo orientado para Indústrias de Forma. Os pré- requisitos para implantação do modelo são os seguintes: (i) antes de aplicar a lógica do modelo, faz-se mister, como pré-requisito fundamental, realizar melhorias no macro layout do ambiente de manufatura; (ii) em seguida, pressupõe-se que sejam tomadas medidas para o funcionamento efetivo do novo layout de forma a estabilizá-lo. Nesse ínterim, o autor sugere algumas ações ligadas a alguns elementos enxutos: melhoria de setup, Operação-Padrão, Autonomação, Poka-Yoke e Manutenção. O modelo proposto está apresentado na Figura 2. XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 6 FIGURA 2 – Modelo integrando TOC e Lean de Antunes (1998). Fonte: Antunes (1998). A primeira parte do modelo permite realizar a gestão da rotina da fábrica, envolvendo nas etapas 1-2 (planejamento), 3 (execução), 8-9 (controle): (i) uma ferramenta de modelagem determinística da fábrica com capacidade de, partindo da identificação do(s) gargalo(s) de produção (levando em conta uma série de restrições do sistema), determina um plano agregado estratégico de produção que maximize os indicadores de desempenho da fábrica; (ii) ferramenta(s) que, a partir da definição do plano estratégico de produção, permitam fazer uma gestão sistêmica efetiva da programação da produção. A segunda parte do modelo envolve o gerenciamento das melhorias, realizado pelas etapas 1-2-4 (planejamento), 5 (execução) e 6-7 (controle). Essa etapa exige uma composição mais complexa que envolve software e ações físicas no chão-de-fábrica, que são: (i) definição, via software de determinação do plano agregado estratégico de produção, do(s) gargalo(s); (ii) proposição de soluções para elevar a capacidade dos gargalos, podendo envolver a redução de setup, aumentar o rendimento global da manutenção da(s) máquina(s) gargalo(s), alterações no layout, utilização de horas-extras, aquisição de novos equipamentos (mecanização/automação), modificações amplas nos processos de fabricação, etc. Já a etapa final do modelo compreende o inter-relacionamento dos dois subsistemas anteriormente descritos com a lógica da Gestão da Inovação. Do ponto de vista amplo a Gestão da Inovação, através das alterações nos produtos e nos processos, alterará as variáveis de entrada dos elementos que constituem a Gestão das Melhorias e a Gestão da Rotina (ANTUNES, 1998). 2.4 Modelo TOC + Lean de Gusmão (1998) Gusmão (1998) elaborou um modelo conceitual baseado no modelo de Monden (1984) integrando o Lean e TOC direcionado para pequenas e médias empresas. Na visão do autor, o modelo deve ser efetivado diretamente nas restrições e depois ser ampliado gradativamente até abranger toda a empresa. Outro pressuposto do modelo, é que, segundo Gusmão (1998) permite que a empresa alcance um padrão de produção enxuta, sobretudo a partir das suas ferramentas (redução de setup, operação padrão, etc) e pelos ciclos de aplicação do modelo. O modelo conceitual está apresentado na Figura 3. XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 7 FIGURA 3 – Modelo integrando TOC e Lean de Gusmão (1998). Fonte: Gusmão (1998). O modelo inicia pela etapa de Treinamento e comprometimento com a metodologia que contempla o envolvimento de todos nos níveis organizacionais. Depois, é feito o mapeamento dos processos visando suprir a falta de informações em pequenas e médias empresas. E os dados de entrada para realizar essa etapa são os fluxogramas, estudos de tempo, roteiros, indicadores, etc. Na etapa 3 do modelo a restrição do sistema é identificada conforme passo 1 do processo de focalização da TOC, usandoos dados do mapeamento feito anteriormente. Na etapa 4 é feita a exploração ao máximo das restrições, a partir da aplicação das ferramentas enxutas como redução de setup, operação padrão, melhorias de leiaute, capacitação, TPM, Garantia da qualidade e a consolidação da relação com os fornecedores para evitar problemas de atendimento. A etapa 5 compreende a subordinação dos demais recursos à restrição e o autor reforça o importância da área de PCP da empresa. A etapa 6 de revisão das novas capacidades, contempla os passo 4 de focalização de elevar a capacidade da restrição, caso necessário, e o passo de 5 voltar o início do modelo para evitar a inércia. 2.5 Modelo TOC + Lean de Dettmer (2001) O modelo conceitual proposto por Dettmer (2001) pressupõe, antes de iniciar a aplicação do framework propriamente dito, os seguintes fatores: (i) a organização deve adotar uma perspectiva de ganho do sistema, melhorando seus controles internos e definir as fronteiras deste sistema, determinando sua proposta e analisando como essa proposta será medida; (ii) após ampliado o controle sobre o sistema, espera-se como resultado a melhoria da estabilidade, e nesse aspecto, ferramentas de qualidade e do Lean são úteis; o mapa de fluxo XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 8 de valor por exemplo pode sugerir etapas desnecessárias no sistema (as perdas); espera-se assim, reduzir as dependências da “corrente” da empresa; (iii) adicionar capacidade protetiva para suportar o ganho, permitir baixos níveis de buffers e melhorar o fluxo. Uma vez que a perspectiva de ganho interno foi estabelecida e o sistema definido, os cinco passos de focalização podem ser aplicados tendo com apoio as práticas Lean. A Figura 4 expressa o modelo sugerido por Dettmer (2001). Identificar o fluxo de valor (Lean ) Mapeamento de Processos (Lean ) Análise da rotina (Lean ) Determinação da capacidade (TOC) Leiaute celular (Lean ) Trabalho padrão (Lean ) Regras e responsabilidades (Lean ) Kanban (Lean ) Dimensionamento dos lotes de transferência One piece flow (Lean ) Dimensionamento dos lotes de processo (TOC) Planejamento para trás (TOC) Foco no gargalo (Troca rápida, Poka-Yoke, Kaizen , Intruções de trabalho) Kanban (Lean ) Pulmão (TOC) Foco nos CCRs (5S housekeeping , Troca rápida,TPM, Kaizen , Treinamento sobre Lean e TOC) 4. Elevar a restrição (TOC) 5. Voltar ao passo 1 (TOC) 1. Identificar a restrição (TOC) 2. Explorar a restrição do sistema (TOC) 3. Subordinar (TOC) FIGURA 4 – Modelo integrando TOC e Lean de Dettmer (2001). Fonte: Dettmer (2001). A etapa 1 do modelo de identificar a restrição pressupõe aceitar as relações de dependência da corrente, com ajuda o mapa de fluxo de valor para estabelecer o elo mais fraco. Na etapa 2 de explorar a restrição, naturalmente as técnicas Lean são aplicadas com o objetivo geral de reduzir perdas; espera-se nessa etapa aumentar o Ganho do sistema, pela exploração da restrição. A etapa 3 de subordinar todo o sistema à restrição, implica manter capacidade protetiva nos recursos não-restritivos, para que possam sempre alimentar a restrição. O que significa que as não-restrições não serão totalmente eficientes, pois incrementos de eficiência em não gargalos é uma ilusão. Outra ação importante para maximizar a eficiência da restrição, é evitar o balanceamento de capacidade com carga de trabalho no sistema, pois implica em caos (Murphy). Segundo Dettmer (2001) o conceito de Kanban do Lean é comparável com a idéia de subordinação da TOC, ao limitar a taxa de matéria prima que alimenta a restrição. A etapa 4 de elevar a restrição implica invariavelmente em gastar mais dinheiro para gerar mais dinheiro e deve ser realizada para melhorar a eficiência global do sistema garantindo capacidade protetiva para responder a variações internas e incertezas externa. O passo 5, por fim, pressupõe a idéia de melhoria contínua a reanalisar o sistema. 3. Metodologia Vergara (2000) sugere a caracterização da pesquisa à luz dos seguintes aspectos: ‘os fins, ou objetivos’ e ‘os meios, ou procedimentos’. Quanto aos fins (ou objetivos), o presente XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 9 trabalho pode ser considerado uma pesquisa é descritiva, pois visa estabelecer relações entre os modelos TOC + Lean, considerando unicamente os modelos propostos pelos autores Antunes (1998), Gusmão (1998) e Dettmer (2001). Segundo Cervo e Bervian (2002) e Dencker (2001) a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis). Quanto aos meios, a pesquisa pode ser entendida como bibliográfica, visto que para a fundamentação teórica foi efetivada uma pesquisa bibliográfica, tendo por designo, obter uma melhor compreensão sobre o tema em estudo. Gil (2002) conceitua a pesquisa bibliográfica como a pesquisa que é desenvolvida a partir de materiais já elaborados, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Segundo o mesmo autor, a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao pesquisador, a abrangência de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. 4. Discussão e conclusões acerca dos modelos TOC + Lean A análise crítica dos três modelos supracitados evidencia os seguintes pontos: os três modelos partem da perspectiva de que a restrição é interna á organização e está fundamentalmente posicionada em um recurso produtivo com capacidade inferior a demanda. No entanto, um recurso gargalo é originado devido a um conjunto de restrições, que a partir do seu inter-relacionamento, afetam a totalidade do sistema produtivo em estudo, de tal maneira que dessas relações surgirá um recurso produtivo interno que será o mais crítico. Deste modo, no conjunto de restrições pode haver algumas restrições que não estão localizadas internamente na empresa (como por exemplo, uma restrição de consumo, oferta de mão de obra especializada, ou de fornecimento de matéria-prima). Neste sentido, a eficiência no alcance da meta pode depender do modo pelo qual é gerenciado o conjunto de restrições. No que tange a programação da produção, o conjunto de restrições internas e externas pode causar influência no processo de decisão ‘do que’, ‘quando’, ‘onde’ e ‘quanto’ produzir. Sob este enfoque, ao considerar o mercado consumidor como um gargalo, pode ocorrer maior preocupação por porte da empresa em definir o mix de produtos, visando minimizar as perdas ocasionadas pela má definição do mix de produtos. Conforme Pergher, Rodrigues e Lacerda (2011) o conceito ‘Perdas originadas pela má definição do mix de produtos’ refere-se a utilização de metodologias inadequadas no dimensionamento e definição do mix de produtos, as quais não consideram questões como: a) capacidade produtiva dos recursos críticos do sistema, definidos como restrições internas; b) lucratividade de cada produto; c) demanda de cada produto, em que é possível observar a existência de restrições externas no consumo; e d) outras restrições de processo e externas à empresa (fornecimento, logística, etc.). A capacidade produtiva dos recursos críticos do sistema é o elemento que limita o Ganho de dinheiro da organização, logo, a quantidade de cada tipo de produto que este recurso deve produzir deve buscar o equilíbrio entre a satisfação da demanda do mercado e o atendimento dos objetivos da organização, que é ganhar dinheiro hoje e no futuro. Antunes (1998) e Dettmer (2001) concordam que a estabilidade do sistema é pré- requisito importante para a implantação dos modelos TOC+ Lean. Uma crítica necessária a se fazer nesse ponto, na visão do presente autor, é que estabilizar o sistema,a priori, é uma ilusão, e o que os autores propõem são na verdade ações de melhorias para antes de aplicar o modelo, tentar “dar ordem ao caos”, dado que cada sistema produtivo é específico. Conforme apontado no início desta seção, o inter-relacionamento do conjunto de restrições provoca influências no sistema produtivo de modo a originar um recurso gargalo (capacidade inferior a XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 10 demanda). Neste sentido tornar-se complexo a efetivação de procedimentos para estabilizar o sistema, considerando as restrições internas e externas à organização, visto que inicialmente, faz-se necessário entender a dinâmica do relacionamento das restrições, para posteriormente, planejar e efetivar as ações. Contudo, dependendo do contexto sob estudo, as ações podem inviabilizar em termos de custos, a intenção de estabilizar o sistema como um todo. Os modelos de Dettmer (2001) e Gusmão (1998) estão ancorados nos cinco passos de focalização da TOC e adotam a identificação da restrição como pré-requisito. Nesse ponto o modelo de Antunes (1998) se diferencia dos demais ao explicitar uma nova variável: determinar o plano agregado estratégico de produção para maximizar os indicadores de desempenho. Compete observar que um dos aspectos apontados pela TOC para otimizar o recurso crítico trata da definição do mix de produtos, por meio da priorização da produção dos bens que fornecem um maior valor de Ganho unitário por tempo no recurso gargalo. Neste sentido, os modelos de Dettmer (2001) e Gusmão (1998) focam na otimização do recurso gargalo por meio da aplicação das técnicas Lean, não sendo considerados, aspectos referentes à determinação do mix de bens a ser produzido, visando contribuir para o alcance da meta. É possível observar que a etapa de exploração da restrição é basicamente a mesma nos três modelos, pois contemplam aplicar as técnicas do Lean para explorar a restrição antes de investir na aquisição de capacidade adicional. A etapa de subordinar não está claramente explicitada no modelo de Antunes (1998) e está mais elucidada nos modelos de Dettmer (2001) e Gusmão (1998). Nesse sentido, apenas Dettmer (2001) é específico ao determinar as práticas Lean que devem ser aplicadas nos recursos não gargalos, enquanto que os modelos de Antunes (1998) e Gusmão (1998) não explicitam essa idéia. No que diz respeito a elevar a capacidade da restrição e reavaliá-la é uma etapa comum aos três modelos. Nesse sentido, Antunes (1998) propõe interligar os dois subsistemas do modelo pela lógica da Gestão da Inovação de produtos e processos, enquanto que os demais modelos não determinam uma lógica específica de retro-alimentação dos modelos e sim apenas a identificação da nova restrição. 5. Considerações finais e trabalhos futuros Desde as décadas iniciais da Revolução Industrial até os atuais dias, é possível observar o surgimento de diferentes abordagens voltadas ao ambiente produtivo no campo da Administração ou Engenharia da Produção. Neste sentido podem ser destacados a Administração Cientifica de Taylor (TAYLOR, 1992), a Linha de Produção de Ford (FORD, 1927), Sistema Toyota de Produção (OHNO, 1997; SHINGO, 1996) e a Teoria das Restrições (GOLDRATT, 1986). Ao focalizar exclusivamente nas abordagens Sistema Toyota de Produção (atualmente conhecido como Sistema Lean Manufacturing) e na Teoria das Restrições (TOC), alguns autores como Antunes (1998), Gusmão (1998) e Dettmer (2001) propõem modelos que sugerem a utilização sinérgica e complementar destas técnicas, tendo como base, uma tendência para a busca de melhorias contínuas e radicais nos processos de produção, por meio da unificação da TOC + Lean. Neste sentido, este artigo apresentou uma análise teórica e comparativa focada nos modelos sinérgicos TOC + Lean propostos por Antunes (1998), Gusmão (1998) e Dettmer (2001), bem como, ressaltou os possíveis pontos divergentes entre essas abordagens. Os achados resultantes da análise comparativa podem contribuir para o desenvolvimento de novos modelos mais robustos no campo da Engenharia de Produção, visando a melhoria operacional. Como forma de extensão do presente trabalhos, esta pesquisa sugere a XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012 11 possibilidade de desenvolvimento de um modelo híbrido focalizado na melhoria contínua por meio das abordagens TOC + Lean + Seis Sigma. Sugere-se o seis Sigma por ser uma abordagem amplamente usa no campo da engenharia de Produção visando a melhoria de processos. Referências ANTUNES JUNIOR, J.A.V. Em direção a uma teoria geral do processo na administração da produção: uma discussão sobre a possibilidade de unificação da teoria das restrições e a teoria que sustenta a construção dos sistemas de produção com estoque zero. 406 f. 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