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CRIMINALÍSTICA PROF. JADER VIANA Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 1 CONCURSO DO ITEP-RN (PRÉ-EDITAL) CRIMINALÍSTICA – PROF. JADER VIANA Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 2 SUMÁRIO 1. Introdução......................................................................................................................................... 03 2. Processo evolutivo da ciência criminalística .......................................................................................... 04 2.1. Criminologia e criminalística.............................................................................................................. 07 2.2. Perícia e Peritos............................................................................................................................... 08 2.3. Principais perícias elencadas no código processo penal....................................................................... 08 2.4. Local de crime................................................................................................................................. 09 2.5. Preservação e isolamento do local do crime....................................................................................... 09 2.6. Corpo de delito................................................................................................................................ 12 2.7. Vestígios, evidência e indícios........................................................................................................... 13 3. Perícias em local de crime contra a vida............................................................................................... 16 4. Perícias em local de crime contra o patrimônio...................................................................................... 18 5. Papiloscopia....................................................................................................................................... 18 6. Balística Forense................................................................................................................................. 27 7. Vestígios de interesse Forense............................................................................................................. 37 8. Cadeia de custódia.............................................................................................................................. 43 9. Referências bibliográficas ................................................................................................................... 46 Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 3 1. INTRODUÇÃO A utilização dos conhecimentos científicos para a análise de provas de crimes iniciou-se, desde o surgimento da civilização. O uso de conhecimentos químicos na elucidação de crimes é datado no fim do século XVII (Farias, 2007). A Ciência Forense é uma área interdisciplinar que envolve Física, Biologia, Química, Matemática e outras ciências, com o objetivo de dar suporte às investigações relativas à justiça civil e criminal. Dentro dela está a Química Forense cujo papel tem destaque e mérito. Decorrente da ampla divulgação televisiva e cinematográfica de programas, documentários e ficção científica sobre assuntos forenses, a Criminalística passou a ser assunto quase que obrigatório quando da reunião de pessoas em todos os níveis da sociedade. Exames de natureza técnico- científica são comumente realizados quando formalmente são solicitados pelas autoridades policiais ou judiciais, em decorrência da necessidade de esclarecimento de um fato delituoso, através de uma sistemática norteada por padronizações e regras cientificas e jurídicas. dicas. Em locais de crimes contra a pessoa, onde existe a presença de cadáveres (homicídio, suicídio etc.), cabe ao perito criminal a análise superficial dos corpos, visando a coleta de possíveis elementos que forneçam correlação com o fato criminoso, sendo tais exames conhecidos por exames perinecroscópicos. A causa mortis, bem como a descrição detalhada dos ferimentos internos e externos presentes no cadáver, é de responsabilidade do médico legista que relata suas observações no Laudo Cadavérico, o qual é subordinado ao Instituto Médico Legal (Revista Química Nova na Escola n 24, p 17-19, nov. 2006). Os profissionais que atendem aos locais relata seu entendimento no Laudo, relatório ou parecer técnico, no qual descreve sobre o levantamento topográfico do local do fato, com uma reprodução fiel e minuciosa do espaço físico onde ocorreu um evento de interesse judiciário, bem como da importância de cada vestígio coletado e sua relação com o fato criminoso o qual se subdivide em várias partes, dentre elas: Preâmbulo, comemorativos, dinâmica da ocorrência, análises, croquis, fotografias, conclusões. Após a etapa de coleta de vestígios, cabe aos peritos laboratoristas a análise criteriosa dos mesmos. Tais análises podem ser realizadas utilizando-se métodos físicos e químicos. Como exemplos de métodos físicos, podem ser citados: a pesagem de peças e amostras, a determinação de ponto de fusão de substâncias sólidas, visualização de elementos ocultos utilizando-se lentes de aumento (lupas e microscópios óticos) e fontes de luzes especiais (ultravioleta e polarizada), dentre outros. Quando a determinação da natureza de uma substância química torna-se necessária, ou quando existe a necessidade de detecção de traços de determinadas substâncias químicas de interesse forense, torna-se imprescindível a utilização de métodos químicos de análise. A perícia criminal integra uma grande rede composta por um ciclo policial seguido de outro judicial, com o intuito de apresentar resultados científicos concretos a cerca de questionamentos sobre um fato criminal a ser elucidado. Caulliraux et al. (2004) mapearam e sequenciaram macroprocessos desta rede, enfatizando os serviços das Polícias Civil e Militar. A figura a seguir apresenta resumidamente as principais atividades de cada ator ao longo dessa rede. Quando há um crime, normalmente a Polícia Militar ou Rodoviária que primeiro chega ao local ou sítio da ocorrência dá início ao seu isolamento e preservação, aciona a Polícia Civil, que por sua vez assume a gerência da investigação, que dando sequência a esta cadeia requisita a Perícia Criminal que passa a processar a análise dos dados criminais utilizando como ferramenta os mais vastos conhecimentos científicos disponíveis, a qual culmina com a elaboração do laudo pericial que integrará posteriormente o inquérito policial. Vale ressaltar que a ineficiência na preservação e isolamento do local de crime, evitando que vestígios não se deteriore ou se perca, por ações de pessoas estranhas aos acontecimentos delituosos, é o primeiro passo para uma investigação policial mal sucedida, seguido de um trabalho de pericial sem suportes ou fundamentos suficientes para apresentar resultados (laudo) técnicocientíficos contundentes, o que vem a colaborar para o aumento de dados estatísticos indicadores de baixas taxas de elucidação dos diversos fatos delituosos que atormentam a tão sofrida sociedade brasileira. Preservar o local de crime é manter o ambiente o mais inalterado possível (idôneo), ou seja, não mover ou subtrair objetos de suas posições originais, para que o trabalho especializado seja realizado com toda segurança, e que o resultado seja satisfatório para a elucidação do fato criminoso, instruindo um consubstanciado inquérito policial, com maior credibilidade na respectiva ação penal a ser instauradapelo Ministério Público. Durante a investigação, a Polícia Civil busca suspeitos e testemunhas, ouve pessoas, etc. Ao final, o delegado elabora um relatório para o juiz de direito, que o repassa ao promotor de justiça. Este denuncia, pede arquivamento ou complementação. Oferecida e aceita a denúncia, inicia-se a instrução processual dirigida pelo juiz. O promotor e o advogado de defesa apresentam provas, arguem testemunhas, debatem, etc. Após a instrução, o juiz dá a sentença, da qual cabem recursos. Quando não mais os couberem, cumpre-se a sentença e encerra- se o caso. O comportamento humano tem aspectos positivos e negativos e o estresse nem sempre nos permite estar bem equilibrados para agir. Com o crescimento populacional, a desigualdade social Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 4 aumentou, surgindo os subempregos, valores distorcidos, mundos paralelos onde se vivem realidades baseadas no terror. Os órgãos de Segurança Pública acompanham esta degradação, procurando incessantemente combater os mais variados crimes a níveis aceitáveis, utilizando-se para isso de tecnologia da informação, treinamentos especiais para seus agentes, armamentos sofisticados, além do emprego de procedimentos operacionais padrões de acordo com a necessidade. Se todos os atores envolvidos numa ocorrência, tiverem as mesmas informações quanto ao local, à vítima e ao agressor em um curto espaço de tempo, tiverem a mesma orientação técnico- operacional de agir para que as pistas não se percam, se misturem ou sejam contaminadas, e um conhecimento mínimo de observação científica, a tendência é estarem todos mais seguros em suas decisões, logo, o envolvimento no processo investigatório tende aumentar pela participação desde o início, com uma otimização do tempo e extinção dos conflitos de atribuições das forças de segurança. Em um segundo momento, o perfil do criminoso também tem que ser estudado por todos os agentes, porque seus traços podem revelar ações futuras, podem contribuir na sua identificação e evitar acesso a suas prováveis vítimas. A preservação dos vestígios deixados pelo fato, em tese delituoso, exige a conscientização dos profissionais da segurança pública e de toda a sociedade de que a alteração no estado das coisas sem a devida autorização legal do responsável pela coordenação dos trabalhos no local, pode prejudicar a investigação policial e, conseqüentemente, a realização da justiça, visto que os indícios materiais serão interpretados na forma como foram encontrados no local da ocorrência. 2. PROCESSO EVOLUTIVO DA CIÊNCIA CRIMINALÍSTICA “O mundo se transforma dia-a-dia a passos largos, o volume de conhecimentos continua vertiginoso, num ritmo cada vez mais frenético, multiplicando-se em tempo cada vez mais curto”. (Aragão, 2006). Essas mutações afetam a natureza, a sociedade, ao próprio homem como indivíduo, aos mais variados aspectos da vida humana, nos obrigando a adaptações e tomadas de atitudes frente aos horizontes que se descortinam. A Criminalística não foge a esta regra. Até por ser um domínio aberto, um sistema que se dinamiza constantemente pela absorção contínua dos novos conhecimentos técnico-científicos, não está isenta às vicissitudes do presente, paralelamente conduzindo a todos aqueles que a fazem a uma concomitante atividade crítico- reflexiva no sentido de dirimirem sobre o que estão fazendo, como estão fazendo e, para que estão fazendo. Criminalística – A Ciência A criminalística é considerada uma disciplina nascida da Medicina Legal, que é quase tão antiga quanto a própria humanidade. Uma vez que em épocas passadas o médico era pessoa de notório saber, sendo sempre consultado. No século XIX era a medicina legal que tratava da pesquisa, da busca e da demonstração de elementos relacionados com a materialidade do crime. Mas com os avanços dos diversos ramos das ciências, como a Química, a Biologia e a Física, houve a necessidade de uma maior especialização, o que fez com que outros profissionais passassem a ser consultados. Desse modo, surge a necessidade da criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise e interpretação de vestígios encontrados em locais de crimes. Nasce assim a criminalística, uma ciência independente que vem dar apoio à polícia e a justiça, tendo como objetivo o esclarecimento de casos criminais. Consta que a criminalística nasceu com Hans Gross, que é considerado o pai dessa ciência, já que foi ele quem cunhou este termo. Juiz de instrução e professor de direito penal austríaco, autor da obra “System Der Kriminalistik”, em 1893. Considerada um manual de instruções dos juízes de direito, que definia a criminalística como “O estudo da fenomenologia do crime e dos métodos práticos de sua investigação”. A criminalística pode ser dividida em duas fases: a primeira aquela em que se buscava a verdade através de métodos primitivos, mágicos ou através da tortura, considerando que na maioria das vezes não se conseguia obter uma confissão do acusado de forma espontânea; a segunda fase que procurava a verdade através de métodos racionais, surgindo assim os fundamentos científicos da criminalística deixando de lado as crenças nos milagres e nas mágicas. Paralelamente verificou-se que através das ciências naturais é possível interpretar os vestígios do delito através da analise das evidências do fato e sua autoria. Desde o seu surgimento a criminalística visa estudar o crime de forma a não distorcer os fatos, zelando pela integridade e sempre perseguindo a evidência, com o fim de promover a justiça e como um meio de obter os argumentos decisórios para a prolação da sentença (ZARZUELA, 1996). Dois são os seus princípios básicos: a) Princípio de Locard (1877-1966): “Todo o contacto deixa um traço (vestígio)”; b) Princípio da Individualidade: Dois objetos podem parecer indistinguíveis, mas não há dois objetos absolutamente idênticos. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 5 É a combinação destes dois princípios que torna possível a identificação e a prova científica. De acordo com o Princípio da Troca de Locard, qualquer um, ou qualquer coisa, que entra em um local de crime leva consigo algo do local e deixa alguma coisa para trás quando parte. No mundo virtual dos computadores, o Princípio da Troca de Locard é válido (ou pelo menos parte dele): onde quer que o intruso interfira ele deixa rastros. Tais rastros podem ser extremamente difíceis ou praticamente impossíveis de serem identificados e seguidos, mas eles existem. Nesses casos, o processo de análise forense pode tornar-se extremamente complexo e demorado, necessitando do desenvolvimento de novas tecnologias para a procura de evidências. Nesse sentido, a criminalística baseia-se no fato de que um criminoso deixa no lugar do crime, alguns vestígios, e por outro lado também recolhem na sua pessoa, na sua roupa e no seu material, outros vestígios, e todos eles imperceptíveis, mas característicos da sua presença ou da sua atividade (princípio de LOCARD). A criminalística ocupa-se fundamentalmente em determinar de que forma se cometeu o delito e quem o cometeu, também abrange interrogações: “como?”, “porque?”, “quem?”, que instrumentos foram utilizados, “donde?”, “quando?”, ou seja, a criminalística utiliza uma série de técnicas, procedimentos e ciências que estabelecem a verdade jurídica acerca do ato criminal. Vejamos algumas definições de criminalística que nos permitem ampliar esse entendimento, começando por um entendimento mais básico: “Criminalística é uma ciência, dentre aquelas consideradas auxiliares do Direito Penal”. Nesse sentido tem por objeto a descoberta do crime, bem como a identificação de seus autores. Ainda em buscade uma definição ampla, vejamos o que diz a sobre Criminalística: “Conjunto de conhecimentos que, reunindo as contribuições de varias ciências, indica os meios para descobrir os crimes, identificar os seus autores e encontralos, utilizando-se da química, da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia etc. que são consideradas ciências auxiliares do Direito Penal”. Enciclopédia Saraiva de Direito “cogita do reconhecimento e análise dos vestígios extrínsecos relacionados com o crime ou com a identificação de seus participantes” Del Picchia Filho Criminalística é o uso de métodos científicos de observações e análises para descobrir e interpretarevidências”. Leonardo Rodrigues “Disciplina autônoma, integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias de investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no quer tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos”. Eraldo rabelo a) dar a materialidade do fato típico, constatando a ocorrência do ilícito penal; b) verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer a dinâmica do fenômeno; c) indicar a autoria do delito, quando possível; d) elaborar a prova técnica, através da indiciologia material. Criminalística Estática A Criminalística tem sido definida como a ciência ou disciplina que estuda os vestígios materiais extrínsecos, com a finalidade de caracterizar o crime e suas circunstâncias, identificar seu autor e o seu modo de atuação. Identifica-se com a “prova material” nos moldes atuais, à chamada CRIMINALÍSTICA ESTÁTICA, aquela do visum et repertum (do latim reporta-se ao que se vê), formalizada por uma simples verificação e exames materiais rotineiros. À luz desse conceito, é da natureza da prova criminalística a essencialidade material de seus estudos e conclusões, muito embora, é lícito fazer a primeira advertência desde logo, sofrendo a interferência pessoal do perito já na fase de levantamento dos dados, e no estudo em que cumpre interpretar certos vestígios, sua inter- relação e vinculação ao resultado. Criminalística Dinâmica Em sua trajetória até nossos dias, passou por mínimas e cautelosas metamorfoses, representadas pela CRIMINALÍSTICA DINÂMICA, conservando a mesmíssima matriz axiológica original, continuando no culto aos vestígios materiais, entretanto utilizando as “informações técnicas” colhidas nos locais das ocorrências apenas para orientar procedimentos e raciocínios sobre os fatos assinalados objetivamente. Como sucede até hoje, a Criminalística tem por esteio as ciências naturais modernas, marcadas pela objetividade, em nome da qual, inicialmente, suprimiu todo e qualquer elemento subjetivo do processo de conhecimento, por entendê-los como fatores de perturbação da “racionalidade” da ciência e, só no passado recente, passou a admiti-los restritivamente a certos aspectos periféricos, de caráter meramente figurativo do trabalho pericial. Ora, se, sob o ponto de vista eminentemente técnico, sempre tivermos os vestígios materiais qualitativa e Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 6 quantitativamente suficientes, toda e qualquer discussão se faz inócua. Sabemos que esta não é a vivência diária, restando à Criminalística reconhecer as lacunas, aderindo passivamente à capitulação, ou lançar-se à busca de alternativas saneadoras. Será que, num contexto de circunstâncias não cognoscíveis, quando os vestígios materiais inclusos por si só não forem satisfatórios para lastrear uma conclusão pericial inequívoca ou quando simplesmente inexistirem, a Criminalística não poderia abdicar, ainda que parcial e criteriosamente, da decantada objetividade científica, aproveitando tais elementos subjetivos como matéria de consideração e de análise no modelo clássico de perícia criminalística? Há uma orientação nessa direção. Observe-se que o paradigma (do grego parádeigma = modelo, a forma como procedemos e atuamos no mundo) da ciência moderna é dito newtoniano, mecanicista; outros o chamam de cartesiano, em alusão ao racionalismo de René Descartes (1596 – 1650). Esse paradigma de ciência, newtoniano-cartesiano, entrou em crise com Einstein (1879 – 1955), a Mecânica Quântica e outras descobertas científicas desde o início do século XX, iniciando, desde então, uma profunda e irreversível revolução científica ainda em curso, configurando aquilo que se chamou de Ciência Pós-Moderna. Com o advento da Ciência Pós- Moderna apontase a possibilidade da inserção de elementos imponderáveis na Criminalística, por demais importantes para serem relegados, desde que brotem de uma base racional, da inter-relação entre os fatos objetivamente assinaláveis, possam ser identificados através de uma relação científica e tratados dentro dos preceitos epistemológicos da prática científica atual. Criminalística Pós-Moderna Dentro desse contexto, vislumbra-se que o papel da Criminalística atual, que bem poderíamos chamar de CRIMINALÍSTICA PÓS-MODERNA, como um sistema permeável e em constante evolução, não é só reportar-se ao que se vê, fazendo cotejos ou interpretações, mas sim o de construir uma esquematização, um modelo inteligível que englobe todos os elementos válidos, pondo-os a serviço do homem e da justiça. Os princípios científicos da criminalística No ambiente em que surgiu, no cultivo de sua etiologia científica e no atendimento a seus bem definidos objetivos, a Criminalística edificou-se como uma das ciências da prova material, firmando-se através dos seguintes princípios: a) Princípio do Uso: os fatos apurados pela Criminalística são produzidos por agentes físicos, químicos ou biológicos; b) Princípio da Produção: sobreditos agentes agem produzindo vestígios indicativos de suas ocorrências, com uma grande variedade de naturezas, morfologias e estruturas; c) Princípio do Intercâmbio: os objetos ou materiais, ao interagirem, permutam características ainda que microscópicas; d) Princípio da Correspondência de Características: a ação dos agentes mecânicos reproduzem morfologias caracterizadas pelas naturezas e modos de atuação dos agentes; 2.5.5 Princípio da Reconstrução: a aplicação de leis, teorias científicas e conhecimentos tecnológicos sobre a complexão dos vestígios remanescentes de uma ocorrência estabelecem os nexos causais entre as várias etapas da ocorrência, culminando na reconstrução do evento; Princípio da Certeza: sendo os princípios técnicos e científicos que presidem os fatos criminalísticos inalteráveis e suficientemente comprovados, atestam a certeza das conclusões periciais; e) Princípio da Probabilidade: em todos os estudos da prova pericial, prepondera a descoberta no desconhecido de um número de características que corresponda à característica do conhecido. Pela existência destas características comuns, o perito conclui que o conhecido e o desconhecido possuem origens comuns devido à impossibilidade de ocorrências independentes deste conjunto de características. Princípios fundamentais da Perícia criminalística Outros são os princípios ditos como Princípios Fundamentais da Perícia Criminalística, referindo-se aobservação, a análise, a interpretação, a descrição e à documentação da prova (STUMVOLL, 2010). Princípio da Observação: todo contato deixa uma marca (Edmond Locard); Princípio da Análise: a análise pericial deve sempre seguir o método cientifico; Princípio da Interpretação: dois objetos podem ser indistinguíveis, mais nunca idênticos; Princípio da Descrição: o resultado de um exame pericial é constante com relação ao tempo e deve ser exposto em linguagem ética e juridicamente perfeita; Princípio da Documentação: Toda amostra deve ser documentada, desde seu nascimento na cena do crime até sua análise e descrição final, de forma a se estabelecer um histórico completo e fiel de sua origem. Este princípio, baseado na Cadeia de Custódia da prova material, visa proteger, seguramente, a fidelidade da prova material, evitando a consideração de provas forjadas, incluídas no conjunto das demais, para provocar a incriminação ou a inocência de alguém. Todo caminho do vestígio deve ser documentado em cada Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 7 passo, oficializando-o, de modo a não pairarem dúvidas sobre tais elementos probatórios. Postulados da Criminalística Entre os principais postulados da criminalística, destacam-se: A) O CONTEÚDO DE UM LAUDO PERICIAL CRIMINALÍSTICO É INVARIANTE COM RELAÇÃO AO PERITO QUE O PRODUZIU: a criminalística baseia-se em leis naturais, ou seja, leis cientificas com teorias e experiências consagradas, portanto, seja qual o profissional que se utilizar de tais leis para analisar um fenômeno criminalístico, o resultado não poderá depender dele, indivíduo; B) AS CONCLUSÕES DE UMA PERÍCIA CRIMINALÍSTICA SÃO INDEPENDENTES DOS MEIOS UTILIZADOS PARA ALCANÇÁ-LAS: utilizando-se os meios adequados para se concluir a respeito do fenômeno criminalístico, esta conclusão, quando forem reproduzidos os exames, será constante e independente de se haver utilizados meios mais rápidos, mais precisos, mais modernos ou não; C) A PERÍCIA CRIMINALÍSTICA É INDEPENDENTE DO TEMPO: este postulado decorre da perenidade da verdade, pois a verdade é imutável em relação ao tempo decorrido. 2.1. CRIMINALÍSTICA E CRIMINOLOGIA CRIMINALÍSTICA: “APLICAÇÃO DE TÉCNICAS CIENTÍFICAS NA OBTENÇÃO E ANÁLISE DE PROVAS EM QUESTÕES CRIMINAIS.” CRIMINOLOGIA: “ESTUDO DAS CAUSAS DO COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL DO HOMEM, COM BASE NA PSICOLOGIA E NA SOCIOLOGIA.” Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 8 A atividade é realizada por meio da ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação correta de vestígios. Conjunto de procedimentos técnicos com a finalidade de esclarecer fatos de interesse da Justiça, por solicitação da autoridade. Ato pelo qual a autoridade procura conhecer, por meios técnicos ou científicos, a existência ou não de determinado fato que possa influir numa decisão judicial. Ad hoc é uma expressão latina cuja tradução literal é “para isto” ou “para esta finalidade”. LEI 12.030 de 17/09/2009 Art. 2º No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial. AUTONOMIA DA PERÍCIA REQUISIÇÃO Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 1º Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. § 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (contrário senso, os peritos oficiais estão dispensados de prestar compromisso) PRAZO PARA ELABORAÇÃO DO EXAME E DO LAUDO Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 2.3. PRINCIPAIS PERÍCIAS ELENCADAS NO CPP Art. 162. Necropsia Arts. 163 e 166. Exumação Arts. 164 e 165. Exame Perinecroscópico Art. 168. Exames complementares Arts. 6º e 169. Exame de locais em geral Art. 170. Exames de laboratório Art. 171 e 172. Locais de crime contra o patrimônio Art. 173. Exames de locais de incêndio Art. 174. Exames documentoscópicos Art. 175. Exames em instrumentos de crime Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 9 2.4. LOCAIS DE CRIME CONCEITUAÇÃO Do Latim “crimen” e significa acusação. toda área onde tenha ocorrido qualquer fato que reclame as providências da polícia” Carlos Kehdy “a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato, se estenda de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumivelmente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores, à consumação do delito, e com este diretamente relacionados”. Eraldo Rabello 2.5. PRESERVAÇÃO E ISOLAMENTO Cada local de crime tem suas peculiaridades, qualquer lugar pode ser local de ato criminoso. Cada ambiente é único e exige do profissional pericial uma série de cuidados na sua preparação e na organização de suas funções buscando alcançar a veracidade dos fatos. Durante o decorrer do exame pericial, os requisitos podem mudar conforme novos indícios sejam reconhecidos e o Perito Criminal terá que se adaptar ao novo cenário. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 10 Acerca do isolamento, Dorea (2010, p.60). O isolamento daquela área será mantido por quanto tempo se mostre necessário, ficando a Polícia com a posse das chaves que fecham os meios de acesso. Sempre que se julgue indispensável, esses meios de acesso (portas, janelas, etc.) serão lacrados. Impede- se dessa forma que detalhes que necessitem ser examinados mais acuradamente possam vir a ser alterados. Em relação à conservação do local, pode ser classificado como idôneo e inidôneo. Sendo o idôneo aquele que não sofreu alteração após o crime e inidôneo àquele que foi alterado O isolamento, segundo Ludwing (1995, p 32): Isso significa que, para preservar os vestígios da infração, o local deve ser isolado, isto é, separado da interferência de pessoas não-credenciadas, de animais e de fenômenos naturais. É uma medida muito importante, pois a autoridade encarregada das investigações, e os técnicos por ela requisitados, precisam do local tal como foi deixado após a ocorrência delituosa. Caso contrário, terá que ser declarado inidôneo o local, embora não seja motivo para o não exame. O Código Penal considera como local onde praticada a infração penal, o lugar onde tenha o agente praticado o crime e o onde resultado se produziu ou deveria ter se produzido. Já o Código de Processo Penal diz que o local do crime será o da consumação, ou do último ato praticado quando tratar-se de crime tentado. Com essa confusão na interpretação para se identificar o local do crime devemos antes de tudo analisar três teorias, a fim de obtermos clareza sobre a matéria. 1ª Teoria da Ação – lugar do crime é aquele a ação foi praticada (ou omissão); 2ª Teoriado Resultado – tanto importa o local da eficácia da conduta e sim, o lugar onde foi gerado o resultado; 3ª Teoria Mista – também chamada de teoria da Ubiquidade, esta teoria mescla a teoria da ação e do resultado e é a mais usada na área criminal, nos dias atuais; A preservação do local de crime mediante seu isolamento e demais cuidados com os vestígios é uma garantia de que o Perito encontrará a cena do crime condizente com o que ocorreu de fato, devido à ação do infrator, assim, como pela vítima, tendo com isso, a possibilidade de analisar todos os vestígios seguramente. Para que não seja prejudicado o inquérito policial, a preservação do local e vestígios por lá encontrados, deixados de maneira delituosa devem ser preservados para que não ocorra a alteração e não podem de lá ser retirados sem o profissional responsável, pois assim estará sendo corretamente coletados e desta forma garantindo a realização de justiça. O processo bem-sucedido de um caso pode depender do estado da evidência física no momento em que são coletadas. A proteção da cena começa com a chegada do primeiro oficial de polícia na cena do crime e termina quando a cena é liberada da custódia da polícia. Objetivando a preservação do local de crime é necessária à atenção especial aos vestígios encontrados cuidando para que não sejam destruídos nem alterados as posições e localizações dos mesmos. Porém para que seja realizada uma correta preservação desse local, é preciso que o mesmo seja isolado. Faz parte do procedimento de preservação do local de crime a vigilância por partes das autoridades policiais a fim de impedir a entrada de pessoas no local e impedir que as ações de agentes naturais, como a chuva alterem o local. A norma que rege o artigo 6º, incisos I, II e III, do Código de Processo Penal, que determina: Artigo 6º: I – se possível e conveniente, dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e conservação das coisas, enquanto necessário; I - dirigir-se ao local II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado; Um esforço deve ser feito para não modificar as provas, para que seja possível avaliar a situação. Particular atenção deve ser dada para o chão, uma vez que este é o depósito mais comum para a Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 11 evidência e representa o maior potencial de contaminação. A RESPONSABILIDADE DO PRIMEIRO POLICIAL Muitas vezes a chegada de pessoal adicional pode causar problemas na proteção da cena. Apenas aquelas pessoas responsáveis pela investigação imediata do crime deve estar presente. Pessoas não essenciais nunca devem ser permitidas em uma cena de crime, garantido ao menos que possam acrescentar algo (que não seja contaminação) para a investigação da cena. Uma maneira de dissuadir as pessoas de entrar desnecessariamente é ter apenas uma entrada e saída na cena do local a ser periciado. A polícia militar tem papel fundamental na preservação e isolamento do local do crime, impedindo que as evidências sejam contaminadas ou introduzias no local fazendo que a eficácia na perícia criminal seja mais atuante e discriminada evitando qualquer dano e também na forma importante no que tange chegar ao local do crime primeiramente. Se pessoas estranhas tiverem que entrar na cena, certifique de que sejam escoltados por alguém que está trabalhando na cena. Isso será necessário para que haja a possibilidade de que inadvertidamente destruam qualquer evidência de valor ou deixe qualquer evidência inútil. A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 144 trata da Segurança Pública, tem por fim, entre outros indicadores, demarcar a atuação dos órgãos policiais no exercício da função policial que é encargo do Estado. A responsabilidade primária pela Segurança Pública foi atribuída aos Estados e ao Distrito Federal. O Código de Processo Penal (CPP), em seu artigo 6º, que prevê a atribuição ao responsável pela investigação/inquérito. CROQUI DO LOCAL O croqui do local do crime tem como essência a visualização do fato ocorrido, abaixo temos um exemplo, o croqui, quando acompanhado ao laudo pericial dá uma visão ampla àqueles que se utilizem do conjunto probatório para entender o que ocorreu no local. Croquis de homicídio (SketchUp) e acidente de trânsito CLASSIFICAÇÃO DE LOCAL DE CRIME Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 12 FINALIDADE DOS LEVANTAMENTOS DOS LOCAIS DE CRIME CONTRA A PESSOA E CONTRA O PATRIMÔNIO DA PERÍCIA NO LOCAL DE CRIME Ocorrendo o crime a perícia é acionada ao local, que automaticamente se apresenta no local já isolado, a equipe que se apresentar deverá de pronto verificar se há realmente o isolamento adequado, caso isso não corra deverá executar este procedimento. Após a devida preservação, serão coletados todos o tipos de evidências que podem ajudar na resolução de caso, dando a atenção a registro de coleta de evidências, poderá essa equipe em caso de morte no local fazer o exame perinecroscópico8 a fim de visualizar qualquer tipo de lesões no cadáver antes mesmo da autópsia. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 13 Com o auxílio do fotógrafo pericial criminal o perito deverá indicar aonde será fotografadas as evidências e partes complementares do local, isso quando for necessário, pois assim no momento da confecção do laudo será de suma importância. A conclusão da perícia na fundamentação da decisão é relatada por Aranha (2007.p,193). A perícia é a lanterna que ilumina o caminho do juiz que, por não a ter quanto a um determinado fato, está na escuridão. A lente que corrige a visão deficiente pela falta de um conhecimento especial. 2.6. CORPO DE DELITO – CONCEITOS “... é a prova da existência do crime ou o conjunto dos elementos materiais de uma infração penal cometida. ” Galdino Siqueira (1947) “... é o conjunto dos elementos sensíveis do fato criminoso. ” João Mendes apud Acosta, W. P. (1967) “... é o conjunto dos elementos sensíveis do fato criminoso. ” Hélio Tornaghi (1977) CPP - Art. 158. Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo suprí - lo a confissão do acusado. EXAME DO CORPO DE DELITO DIRETO “ ...quando promovido sobre o próprio objeto ou pessoa em que incidiu a ação ou omissão criminosa, isto é, mediante exames ou vistorias” INDIRETO “ ... quando na impossibilidade do exame ou da vistoria, por terem desaparecido os sinais do crime, é constituído por informações de testemunhas” De Plácido e Silva (1975) 2.7. VESTÍGIOS “... é tudo que possa ser percebido pelos nossos sentidos, direta ou indiretamente, que tenha relação com o crime e criminoso e sirva à elucidação.” J. Carvalhedo (1974) “... são alterações físicas ou psíquicas resultantes da conduta humana, da ação ou omissão e que se relaciona com o fato criminoso em apuração. ” Karl Zbiden (1974) “... é todo objeto ou material bruto constatado ou recolhido em um local de crime para análise posterior.” Espindula, A.(2002) Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 14 Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 15 ConcurseiroMossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 16 Evidência “... é o vestígio, que após as devidas análises,tem constatada, técnica e cientificamente, a sua relação com o crime” Espindula, A. (2002) Indício “... é uma expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime” Espindula, A. (2002) Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. “ENQUANTO O VESTÍGIO ABRANGE, A EVIDÊNCIA RESTRINGE E O INDÍCIO CIRCUNSTANCIA.” Por fim, lembrando o Professor Gilberto Porto, em sua obra Manual de Criminalística, podemos dizer que: “o vestígio encaminha; o indício aponta.” 3. PERÍCIA EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA A VIDA A perícia em local de crime contra a vida das pessoas, o chamado local de morte de violenta, é uma das áreas da criminalística que mais oferece riqueza de vestígios, capaz de propiciar ao perito criminal um trabalho de desafio ao raciocínio logico e a metodologia científica que deve ser aplicada em cada caso. COMPETÊNCIA DA SEÇÃO DE CRIMES CONTRA A PESSOA Realizar exames em locais de: • Homicídio, suicídio, latrocínio, infanticídio, aborto e outras causas não naturais; • Achado de ossada humana, feto ou embrião; • Locais de cárcere privado, seqüestro, estupro, violência sexual, lesões corporais; • Exame em instrumentos, objetos, veículos e locais relacionados. FINALIDADE DO EXAME PERICIAL Constatar se houve infração penal. Qualificar a infração penal. Coletar elementos que levem ao criminoso e à prova de sua culpabilidade. Perpetuar indícios materiais suscetíveis de serem utilizados como prova. IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DOS LOCAIS DE CRIME NA FORMAÇÃO DA PROVA PERICIAL O sucesso no combate à criminalidade e o esclarecimento de fatos de interesse da justiça depende do trabalho coordenado e integrado de todos os elementos envolvidos. Prova disso é que a eficácia e valor prático do trabalho de levantamento de locais de crime, cuja realização é de competência dos Peritos Criminais, está diretamente ligada à qualidade da preservação dos locais, realizada pelos primeiros policiais que ali chegam, via de regra os Policiais Militares e Civis. Com o intuito de esclarecer a real importância da preservação dos locais de crimes, vale ressaltar que nenhuma utilidade terá um laboratório policial bem aparelhado e assistido por técnicos competentes se a tarefa de coleta da prova Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 17 material for feita indevidamente. Portanto, verifica-se que, num local onde ocorreu um ilícito penal o sucesso da coleta da prova material depende diretamente do perfeito entrosamento entre as equipes responsáveis pelo isolamento de local e investigação e os peritos encarregados do exame e levantamento das provas técnico-científicas. LEVANTAMENTO TÉCNICO-PERICIAL EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA A PESSOA • Levantamento descritivo: Identificação da localização e configuração do local; dados cronológicos relacionados com o evento; condições de idoneidade do local. • Levantamento fotográfico: Complementa e comprova os dados. • Levantamento topográfico. • Levantamento Papiloscópico: Impressões Papilares: latentes (secreções da pele); visíveis (mãos ou pés impregnados com substância corante); modeladas. • Apreensão de objetos e instrumentos. • Coleta de materiais para exames de laboratório. ELEMENTOS DO CADÁVER • identificação, idade presumível; • posição em relação à superfície; • posição dos membros; • posição em relação ao local; • livores ou hipóstases; • líquidos orgânicos; • estado de conservação; flacidez, rigidez, putrefação; ESTUDO DAS VESTES: descrição, estado de conservação, objetos guardados, vestígios aderidos, perfurações; • Reação à Agressão • Vestígios de Luta • Identificar o Instrumento. • Identificar os tipos, localização e número de lesões LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS PERFURANTES Lesões punctórias - atuam por pressão, afastando as fibras do tecido - compasso, agulha, furador de gelo, estoque, picada de inseto. LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CORTANTES Lesões incisas - geralmente lineares, com deslizamento sobre os tecidos - navalha, lâmina de barbear, bisturi, faca. ESGORJAMENTO – sobre a laringe ou entre a laringe e o osso hióide. Afastamento acentuado das bordas. DEGOLAMENTO – ferida localiza-se na nuca – pode ser superficial ou profunda, atingindo a coluna vertebral. DECAPITAÇÃO – cabeça completamente separada do corpo. LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CONTUNDENTES Lesões contusas – lesões abertas – bordas irregulares – pedras, barras de ferro, madeira, mãos, pés, quedas, etc. – produzem as mais diversas modalidades de lesões. LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS PÉRFUROCORTANTES Lesões pérfuro-incisas - forma de casa de botão, fenda regular - instrumentos com ponta e gume – agem por pressão e secção – faca, canivete, espada, punhal. LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 18 Lesões corto-contusas - mesmo com gume, agem pela ação contundente, quer pelo próprio peso ou pela força de quem maneja – foice, facão, machado, enxada, unhas, dentes. LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS PÉRFUROCONTUNDENTES Lesões pérfuro-contusas - ponta rombuda – ponta de guarda-chuva, projétil de arma de fogo. MORTE POR ASFIXIA Enforcamento - suspensão completa ou incompleta, laço acionado pelo peso da vítima, sulco interrompido. Estrangulamento - sulco contínuo, horizontal. Esganadura - emprego das mãos, comum em casos com violência sexual. Sufocação - Oclusão das vias respiratórias - direta ou indireta - Difícil detecção no local, presença de líquidos biológicos (vômito). Afogamento - Cogumelo de espuma, pele macerada, cianose de face. Monóxido de carbono – Acidentais – ambientes fechados – cadáver com face rosada e livores carminados Google/imagens 4. PERÍCIA EM LOCAIS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Dos crimes contra o patrimônio, o mais popular, em razão de sua quantidade, é o de furto qualificado, cujus cuidados e procedimentos são mais abrangentes, podendo muitos deles serem aplicados em outros tipos de ocorrências contra o patrimônio. CONSIDERAÇÕES: A) Condições encontradas no local B) Entrada no local C) Verficação do Modus Operandi D) Caracterização de qualificadoras do crime E) Elementos para estabelecer a dinâmica F) Exame do local Divisão do local Aspectos irreversíveis dos vestígios Detalhamento dos tipos de exames: Furto Em Residência, Prédios Comerciais E Outras Edificações - Furto de (ou em) veículos - Roubos (assaltos) em geral - Latrocínio - Danos materiais - Exercício arbitrários das próprias razões - Exercício ilegal da profeissão - Meio ambiente - Alteração de limites - jogos de azar - Incêndios - Local de constatação de drogas - Local de lenocídio (casas de prostituição) - Maus tratos contra animais - Parcelamento irregular do solo - Furto de energia, água, telefone e tv a cabo - Furto de combustíveis - Exame em objetos diversos - Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 19 5. NOÇÕES DE PAPILOSCOPIA História da datiloscopia No início do período científico aparecem as primeiras referências das impressões papilares. Vários autores preocupam-se quanto a possibilidade da existência de impressões digitais iguais, sem apreocupação de sua sistematização. Na Itália (Nápoles), no ano de 1664, foram publicadas pelo médico anatomista da Universidade de Bologna, MARCELO MALPIGHI, em sua obra “Espitola Sobre o Orgão do Tato”, onde é tido por vários autores como o primeiro a se dedicar pelos desenhos digitais. Em 1701, FREDERICO RUYSCH, anatomista holandês, continuou os estudos de MARCELO MALPIGHI. Em 1787, JOÃO EVANGELISTA PURKINJE, nascido em Leitmeritz (Alemanha) apresenta sua tese sobre estudos da pele, na Faculdade de Medicina de Breslau. Em 1823, publicou o “Comentário de Examine Organi Virus et Siste Manis Cutanei”.PURKINJE também em seus estudos, agrupou os desenhos papilares em nove tipos e estabeleceu o “Sistema Deltico”. WILLIAN JANES HERSHEL, médico Inglês radicado em Bengala (Índia), em 28 anos de estudos, durante o período de 1858 à 1878, observou a inexistência de qualquer mudança na direção das linhas papilares, estabelecendo um dos Postulados da Datiloscopia, o da “Imutabilidade”, tendo prioridade na aplicação prática das impressões digitais em documentos de identidade. ARTHUR KOLLMAN, em 1883 publicou sua obra onde fez estudos dos poros localizados nas cristas papilares. Foi o descobridor de que os desenhos digitais existem desde o 6º mês de vida intra uterino e só desaparece com a putrefação cadavérica, estabelecendo outro postulado da Datiloscopia, o da “Perenidade”. FRANCIS GALTON, em 1888 dedicou-se pela aplicação prática, adotando 38 tipos de impressões sendo seu trabalho publicado como “Galtonismo” e reconhecido como o primeiro sistema usado para identificar com esse “Método” e ainda hoje na prática usamos a lente para contagem de linhas, que leva o nome de seu criador, Galton também observou a imutabilidade das impressões digitais. JUAN VUCETICH, em 1888, lendo casualmente um artigo onde constavam as idéias de Galton, publicadas por Henry Fauds, chegou a conclusão de sua importância sendo motivado a iniciar seus estudos. VUCETICH, em 1891, classificou as primeiras fichas. No mesmo ano o governo argentino adotou oficialmente a identificação dos criminosos através de impressões digitais, sendo este sistema denominado “Icnofalangometria”. Em 1894 foi proposto por FRANCISCO LATZINA que o termo fosse substituído por Datiloscopia. Em 1896, VUCETICH adota a classificação datiloscópica nos 4 tipos fundamentais. Em 1904, VUCETICH publicou a obra “Datiloscopia Comparada” e aos poucos o sistema fundamental de Vucetich foi sendo implantado mundialmente, pelo reconhecimento da segurança e indiscutível precisão que oferece. Em 1905, FELIX PACHECO, instituiu o sistema de Vucetich no Brasil. Em 1906 MANOEL SEVERO SANTIAGO, instituiu o sistema de Vucetich no Estado do Paraná. JUAN VUCETICH, nascido na Dalmacia (hoje Iugoslávia), em 20 de Julho de 1858, emigrou para Argentina em 1884, onde naturalizou- se cidadão daquele país, falecendo em Dolores (Argentina) em 25 de Janeiro de 1925. PROCESSOS PARA IDENTIFICAÇÃO HUMANA: O Ferrete e a Mutilação: Esse sistema foi utilizado por longo tempo em diferentes momentos e países com o objetivo de identificar malfeitores e criminosos indesejáveis ao convívio social. Nos Estados Unidos empregou-se o uso do “Ferrete” e da “Mutilação”, durante o período da Colonização entre os anos de 1.607 e 1.763. Em 1.658, através da Lei de PLYMONTH COLONY, estabelecia-se o uso de letras, para serem aplicadas de acordo com o tipo de crime. Mais tarde, por volta de 1.718, a lei previa a amputação de uma das orelhas dos criminosos condenados e, no caso de reincidência, amputação de ambas as orelhas. Na Rússia, cortavam-se as narinas dos indivíduos que praticassem quaisquer tipos de crimes. Sistema Antropométrico: Baseado na mensuração do corpo humano, esse sistema foi apresentado por ALPHONSE BERTILLON em 1.878 na Polícia de Paris e, depois de testado por vários anos, foi adotado oficialmente pela Prefeitura de Polícia de Paris em 1.893. Esse sistema, denominado “Bertillonage”, em homenagem ao seu autor, dividia-se em três partes: a) Assinalamento Antropométrico: medidas do esqueleto humano; b) Assinalamento Descritivo: “PORTRÉT PARLÉ”, Retrato Falado. É a descrição da pessoa por meio de palavras precisas, sem a necessidade de nenhum instrumento; c) Assinalamento das Particularidades: registro de cicatrizes, manchas crônicas da pele, queimaduras, Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 20 tatuagens, ectrodactilia (dedos em menor número), polidactilia (dedos em maior número), sindactilia (dedos grudados), adactilia (ausência total dos dedos) e anquilose (falta de articulação dos dedos). Sistema Fotográfico: Inicialmente foram desenvolvidos estudos pelo francês NICEPHORO NIEPCE e aperfeiçoados por LOUIS DAGUERRE, que consegue fixar a imagem fotográfica sobre lâminas de cobre polido, revestidas com finíssima e sensível camada de sal de prata, o que deu origem às “Daguerreotipas”. Mais tarde, TALBOT consegue a reversão da imagem pelo processo de cópias sobre papéis. A partir daí, as polícias das grandes cidades começam a organizar arquivos fotográficos de criminosos, com brilhantes resultados para a época. Esses arquivos foram se avolumando, tornando-se cada vez mais difícil seu manuseio, além do que os criminosos logo após serem fotografados, procuravam modificar seus traços fisionômicos, cortando ou deixando crescer a barba e os bigodes, modificando o penteado dos cabelos e assim por diante, dificultando sua identificação. Surge, então, com ALPHONSE BERTILLON, a idéia de aperfeiçoar o processo da fotografia ordinária, estabelecendo certas normas a serem observadas, que permitissem confrontos futuros e o periciamento das mesmas. Nasce o sistema de fotografia sinalética, com uma escala de redução de 1/7 do tamanho natural. Seriam feitas duas fotos, uma de frente e outra de perfil direito, com a redução mencionada. Dessa forma, qualquer parte fotografada, multiplicada por sete, nos daria o tamanho natural, sendo possível elaborar o retrato falado de uma pessoa sem a necessidade da sua presença. Esse sistema, até hoje ainda é utilizado pelas organizações policiais. Como acabamos de verificar, vários sistemas de identificação foram utilizados, entretanto nenhum deles com resultados absolutamente seguros, até o surgimento de outro sistema de identificação baseado nas impressões digitais, chamado Sistema Datiloscópico. Ramos da papiloscopia A Papiloscopia é dividida em quatro partes: Quiroscopia: processo de identificação por meio das impressões palmares; Podoscopia: processo de identificação por meio das impressões plantares; Poroscopia: processo de identificação por meio dos poros das papilas dérmicas; Datiloscopia: processo de identificação humana por meio das impressões digitais. Extraído: Manual de papiloscopia e procedimentos. OS DESENHOS PAPILARES Os desenhos papilares não se restringem aos seres humanos. Elas também podem ser encontradas nos membros inferiores e superiores dos primatas. São também encontradas nos focinhos dos animais. Em todos eles os desenhos papilares têm as seguintes propriedades: Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 21 Os desenhos aumentam de tamanho durante o crescimento do corpo humano, porém, eles mantém constante as características que permite identificá-las. Os desenhos papilares não são indestrutíveis, por isso lesões profundas provocam surgimento de cicatrizes, entretanto as demais áreas permanecem inalteradas. A cicatriz, uma vez estabelecida ali permanece, por isso pode ser utilizada como uma característica a mais das impressões papilares. Vantagens do processo papiloscópico Obs. Na literatura é comum encontrar essas propriedades como postulados.O processo papiloscópico acabou por substituir o processo antropométrico em todos os países devido às suas vantagens, dentre as quais: Exatidão: Por meio dela é possível afirmar categoricamente a identidade de uma pessoa; Baixo custo Com apenas uma ficha de papel e tinta é possível obter impressões papilares; Classificabilidade: A classificação das impressões papilares, principalmente as digitais, cria uma sequência numérica ou alfanumérica, que possibilita busca em arquivos com milhões de fichas; e Auxílio na solução de crimes. As impressões papilares podem ser encontradas em locais de crime e identificadas. Tais impressões, em conjunto com outras evidências, se constituem em um importante elemento de prova. Praticidade: a obtenção das impressões digitais é simples, rápida e de baixo custo. Datilograma digital: Ë conhecido também como “Desenho digital”, formado pelo conjunto de cristas e sulcos, os quais projetam desenhos ou arabescos; localizados na 3ª falange dos dedos. Componentes de um datilograma digital: Cristas papilares ou linhas de fricção: São as linhas da formação linear e saliente. Sulcos interpapilares: São os espaços que separam as cristas entre si. Impressão digital: É a reprodução digital num suporte qualquer desde que apresente condições favoráveis à sua retenção. A impressão digital é a réplica invertida do desenho digital. Papilograma: É a impressão digital que não se pode afirmar se pertence às polpas digitais, das palmas das mãos ou das plantas dos pés. ELEMENTOS DE UMA IMPRESSÃO DIGITAL Linhas pretas: Retratam as cristas papilares dos desenhos digitais. Linhas brancas: Representam os sulcos interpapilares dos desenhos digitais. Pontos brancos sobre as linhas pretas: Representam os poros sudoríparos presentes nas cristas papilares. Linhas albodatiloscópicas: São linhas brancas que não acompanham as linhas pretas das cristas papilares (como acontece com linhas dos sulcos interpapilares), ao contrário provocam interrupções das cristas em vários sentidos. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 22 A pele: Tecidos e estruturas mostrando a papila dérmica. Papilas dérmicas são saliências presentes na camada dérmica da pele, mais precisamente na camada papilar da derme. Ela é composta de fibroblastos especializados localizados na base do folículo, as células que recobrem a papila formam a raiz do pelo, supõe-se que controla o número de células da matriz. Servem para aumentar a área de contato entre a derme e a epiderme. São irrigadas por vasos e veias, e contêm também receptores sensoriais. As impressões digitais resultam destas saliências. Estrutura das linhas brancas e negras. Linhas diretrizes: São linhas dactilares que separam os três sistemas de linhas de uma impressão digital, e tendem a envolver a região nuclear. São duas linhas que iniciam suas trajetórias paralelas, se desviam bruscamente em forma de recurva e envolvem ou tendem a envolver a região nuclear de uma impressão. As linhas diretrizes nem sempre são linhas contínuas, freqüentemente são formadas por uma sucessão de linhas curtas. Desta forma, cada segmento da diretriz basilar terá prosseguimento na linha imediatamente inferior, e cada segmento da diretriz marginal terá prosseguimento na linha imediatamente superior. Sistema de linhas: É o conjunto de linhas papilares que formam um agrupamento de linhas numa impressão digital. O datilograma apresenta três sistemas de linhas perfeitamente caracterizados e limitados por linhas chamadas “Diretrizes”, excetuando-se o Arco, que apresenta apenas dois sistemas, o marginal e o basilar. Sistema nuclear: É formado pelas linhas centrais de uma impressão que são envolvidos pelas linhas diretrizes. Sistema marginal: É o sistema de linhas situado na parte superior da impressão. Sistema basilar: É o conjunto de linhas situado na parte inferior da impressão, limitando-se com a prega interfalangiana do dedo. Figura: Manual de Papiloscopia Tipos fundamentais e subclassificação SISTEMA DATILOSCÓPICO IDEALIZADO POR JUAN VUCETICH Descrição de símbolos: Os tipos fundamentais são representados por símbolos cuja combinação apresentam a fórmula datiloscópica, que orientam o arquivamento da individuais datiloscópicas. Os símbolos A, I, E e V (em letras maiúsculas), são empregados para indicar as impressões digitais dos polegares. Já os símbolos 1, 2, 3 e 4 são empregados para indicar as impressões digitais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo. Além dos símbolos acima mencionados, são utilizados ainda os seguintes: X, para indicar a ocorrência de cicatriz; Ǿ, para indicar a ocorrência de amputação. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 23 ANOMALIAS: Ectrodactilia: Anomalia congênita que se caracteriza por número e dedos inferior ao normal. Sindactilia: Anomalia congênita. Dedos ligados entre si, parcial ou totalmente. Adactilia: Ausências totais, congênitas, dos dedos de uma ou de ambas as mãos. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 24 Anquilose: Anomalia congênita ou adquirida. Falta de articulações parcial ou total dos dedos de modo a prejudicar as impressões. Macrodactilia: Dedos anormalmente pequenos. Polidactilia: Anomalia congênita que consiste em número de dedos superior ao normal. ARQUIVAMENTO Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 25 Arquivo decadatilar: A identificação predominantemente civil. No arquivo decadatilar, as individuais datiloscópicas são arquivadas com base nos tipos estabelecidos pela chave de classificação. Este sistema de arquivamento permite pesquisas, posteriores somente com as impressões digitais dos dez dedos do identificado, para que seja localizada a fórmula específica da individual em questão. As impressões digitais isoladas, encontradas em locais de crime não se prestam para pesquisa no arquivo decadatilar. Para possíveis pesquisas com impressões digitais isoladas foi criado o “Arquivo Monodatilar”. Arquivo monodatilar: No arquivo monodatilar as impressões são classificadas isoladamente, dedo por dedo. Sendo a classificação mais minuciosa que a do decadatilar. Este arquivo visa somente a identificação de certos grupos de delinqüentes, que comumente rompe ou destrói obstáculos, deixando impressões digitais em móveis, vidros, objetos e papéis por ele tocados. Individuais datiloscópicas: A ficha datiloscópica deve ser confeccionada em papel branco acetinado, medindo 19 cm de comprimento por 8 cm e 5 mm de altura. Esta ficha depois de preenchida com as impressões digitais passa a chamar-se de “Individual Dactoloscópica”. Individual Datiloscópica: Ficha dactiloscópica. Fonte: GOMES, 1969. Arquivamento de datilogramas: É o processo através do qual é possível reunir milhões de individuais datiloscópicas, organizadas dentro de uma escala, hierárquica, de acordo com a codificação dos tipos e subtipos, com o objetivo de tornar possível a localização rápida e precisa de uma individual, sempre que necessário. O arquivo datiloscópico decadactilar adota o sistema de arquivamento de fichas, verticalmente, empregando-se arquivo-mesa eletrônico e, na sua falta, arquivo-mesa convencional. Será empregada uma projeção para cada fórmula datiloscópica, adotando-se o critério de fórmulas únicas. As fichas serão arquivadas, observando-se a ordem crescente das fórmulas datiloscópicas e a primeira distribuição será feita pela “combinação literal”. A Segunda distribuição será processada a partir da “combinação numeral” (1111), no âmbito de cada “combinaçãoliteral”. No caso de existir uma pequena quantidade de individuais datiloscópicas, agrupadas em determinada fórmula, poder-se-á empregar, inicialmente, a “combinação literal”, conjugada com a “combinação numeral”, aplicadas aos dedos indicador, médio, anular e mínimo, da mão direita, sendo necessário mais desdobramentos se Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 26 passará para as combinações da mão esquerda. Para cada grupo de fórmula datiloscópica, será empregado uma projeção que a destaque. Projeções: As projeções podem possuir pestanas centrais, a direita e a esquerda do observador, na qual estão impressos cinco quadriláteros, distribuídos em dois grupos: cinco superiores e cinco inferiores. No primeiro campo de cinco quadriláteros superiores anota-se a fórmula datiloscópica; nos inferiores anota-se as indicações do subtipo de núcleo, ou contagem de linha, referentes aos tipos fundamentais da fórmula datiloscópica Combinações literais e numerais: As combinações literais são formadas pelas letras que representam os tipos fundamentais, encontrados nos polegares (A.I.E.V.). Cada combinação literal abriga 65.536 (sessenta e cinco mil, quinhentos e trinta e seis) combinações numerais. As combinações numerais são formadas por algarismos, que representam os tipos fundamentais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo de cada mão. Distribuindo-se os quatro tipos fundamentais pêlos dedos indicador, médio, anular e mínimo de cada mão, obtém-se 256 (duzentos e cinqüenta e seis) combinações. O arquivamento das fichas é baseado na fórmula dactiloscópica da ID (individual dactiloscópica) sendo sua distribuição feita da seguinte forma: Primeira divisão: forma-se 4 grupos independentes de fichas com base no tipo fundamental encontrado no polegar direito. Exemplo: grupo A, grupo I, grupo E , grupo V. Segunda divisão: dentro de cada grupo, forma-se sub-grupos com base no tipo fundamental do polegar esquerdo. Exemplo: 1º Grupo A - A/A, A/I, A/E, A/V; 2º Grupo I - I/A, I/I, I/E, I/V; 3º Grupo E - E/A, E/I, E/E, E/V e 4º Grupo V - V/A, V/I, V/E, V/V. Terceira divisão: dentro de cada subgrupo segue-se a ordem crescente da fração numérica formada pelos tipos dos dedos, indicador, médio, anular e mínimo. Exemplo: 1º- 1111/1111, 2º-1111/1112, 3º-1111/1113, 4º-1111/1114, 5º-1111/1121, 6º-1111/1122,........256º- 1111/4444, 257º- 1112 /1111, 258º- 1112/1112, ..............65.536º- 4444 / 4444. PONTOS CARACTERÍSTICOS Os desenhos digitais não são formados por linhas contínuas. As cristas papilares apresentam, em seu curso, acidentes mais ou menos ponderáveis, denominados pontos característicos, cuja formação e disposição no desenho digital lhe conferem a individualidade. Por meio da comparação do tipo primário podemos afirmar a não identidade entre duas impressões papilares (digitais), porém somente pela comparação dos pontos característicos é que se pode realmente confirmar a identidade das mesmas. Mesmo não existindo base científica na determinação de um número mínimo de pontos característicos, para fins de padronização, recomenda-se o assinalamento de, pelo menos 12 (doze) pontos característicos coincidentes entre as mesmas. Pode-se confirmar a identidade com menor número de pontos característicos, desde que se encontrem pontos considerados raros (de difícil incidência) entre os localizados nas impressões comparadas. Os principais pontos característicos são: Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 27 DOZE (12) PONTOS CARACTERISTICOS: (Histórico) Primeiro é preciso falar sobre a regra dos doze pontos característicos e de onde ela surgiu. Uma teoria quanto a origem do padrão de doze pontos foi proposta por Kingston e Kirk (1965), que suspeitavam tratar de uma reação a falha do sistema Bertilhon de identificação, que terminou por ser substituído por impressões digitais. O sistema Bertillon se baseava em onze medidas do corpo, e o raciocínio foi incluir ao menos uma outra característica para o novo sistema que viria a substituir o então utilizado, caído em descrédito. Essa visão é uma explicação lógica para a origem do sistema e. se verdadeira, ilustra sua falta de base cientifica valida. Vários estudos independentes foram desenvolvidos na tentativa de dar base científica a teoria dos 12 pontos, entretanto, todos fracassaram. Em 1970, na 55ª Conferência Anual da Associação Internacional de Identificação, entidade responsável pelo treinamento e certificação dos especialistas Norte Americanos, fundada em 1915 e possuindo representação em 65 países inclusive o Brasil, nomeia-se um comitê de padronização composto por onze membros altamente capacitados e de experiência reconhecida, internacionalmente. A tarefa do Comitê era determinar o número mínimo de minúcias papilares que deveriam estar presentes em duas impressões de modo a estabelecer uma identificação positiva. Este desafio tinha considerável importância, dado que qualquer recomendação feita pelo Comitê e aceita pela Associação internacional de Identificação, indubitavelmente atrairia a atenção dos profissionais em identificação assim como de autoridades legais e judiciais de todo o mundo. "Não existe base científica que estabeleça a necessidade de uma quantidade mínima predeterminada de sulcos decorrentes de fricção em duas impressões para alcançar uma identificação positiva." A citação mencionada acima foi aprovada em 29 de julho de 1995, Ne'urim, Israel, por delegados do Simpósio internacional sobre detecção e identificação de Impressões Papilares (O relatório completo abrangendo esta declaração histórica esta apresentado nas paginas 578 - 584 do J. forensic Indent. 45(5), 1995 / 485.) ASSINALAMENTO DE PONTOS CARACTERÍSTICOS: Método usado para o delineamento dos pontos característicos, faz-se na seguinte forma: As impressões após serem ampliadas são colocadas lado a lado, delineando em seguida as linhas partindo dos pontos similares de cada impressão. Essas linhas radiam a impressão sempre em sentido horário (semelhante a direção dos ponteiros do relógio, isto é, para a direita), iniciando-se na parte superior da impressão. Na extremidade de cada linha é colocado um número, de forma que cada impressão tenha linhas se radiando em ângulos similares e com a mesma designação numérica. Com tal amostra, o observador poderá verificar que cada número corresponde a um ponto característico coincidente em ambas as impressões. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 28 Atenção: Na imagem acima ilustramos a identificação de vários pontos característicos, mas lembramos que doze pontos marcados já podem positivar um confronto. Fonte: MANUAL DE PAPILOSCOPIA. 6. BALÍTICA FORENSE “É a parte do Conhecimento da Criminalística e Médico Legal que tem como estudo principal a arma de fogo, sua munição e os fenômenos e efeitos produzidos pelos tiros dessas armas, objetivando elucidar e provar a ocorrência de questões de fato no interesse da justiça.” CONTEÚDO DA BALÍSTICA FORENSE O conteúdo é altamente técnico, apesar de sua finalidade específica ser jurídica , por isso recebe o nome de FORENSE. A perícia balística é um estudo especializado sobre a prova, pois o Perito é um auxiliar da Justiça (artigo 275 do CPP). O Ilustre Professor Hélio Tornaghi, em sua expressão célebre diz que a perícia não prova e sim ilumina a prova. Assim, quando o perito depõe em juízo não o faz como testemunha, mas presta esclarecimentos técnicos enquanto auxiliar da justiça. Tanto o laudo pericial como as declarações dos peritos serão sempre elementos subsidiários para a valoração da prova pelo juiz. O corpo do delito para a balísticaforense é a arma de fogo e seus componentes e a munição e o Laudo é o exame do Corpo do Delito. DIVISÃO DA BALÍSTICA FORENSE BALÍSTICA INTERNA – estuda a estrutura, os mecanismos, o funcionamento das armas de fogo, a capacidade da arma de produzir tiros ou não, a munição e os componentes de munição. BALÍSTICA EXTERNA – estuda a trajetória do projetil desde a saída da boca do cano da arma de fogo até a sua parada final. BALÍSTICA TERMINAL OU DOS EFEITOS – estuda os efeitos produzidos pelo projetil quando este atinge o alvo (animado ou inanimado). CONCEITO DE ARMA É todo objeto ou instrumento concebido e destinado com finalidade específica para o ataque e para a defesa do homem. Certos objetos são feitos pelo homem, com a finalidade de serem usados como armas. São denominados ARMAS PRÓPRIAS, como por exemplo, revólver, pistola, fuzil etc. Outros instrumentos podem, eventualmente, ser utilizados para matar ou ferir,como martelo, foice, machado. Esses não são produzidos, objetivando aumentar o ataque ou defesa do homem, mas podem ser usados para tal, por isso são denominados de ARMAS IMPRÓPRIAS. CONCEITO DE ARMAS DE FOGO São peças construídas com um ou dois canos, abertos numa das extremidades, parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projetil o qual é lançado à distância através da força expansiva dos gases pela combustão de determinada quantidade de pólvora. CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO A) Quanto às suas dimensões Portáteis Ex. revólver, pistola, garrucha, espingarda, carabina etc. Não portáteis Ex. canhão B) Quanto ao modo de carregar antecarga – o carregamento é feito pela extremidade anterior do cano (boca); Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 29 retrocarga – o carregamento é feito pela extremidade posterior do cano. Atualmente, a maioria das armas de fogo são deste tipo, por exemplo, pistola, revólver, carabina etc. C) Quanto à alma do cano – o cano das armas de fogo é confeccionado a partir de um cilindro de aço perfurado, longitudinalmente, em sua região mediana, por uma broca. Por isso, as armas podem ser: De alma lisa: são aquelas cuja superfície interna do cano é lisa e, totalmente ou parcialmente cilíndrica. Temos como exemplo as espingardas. De alma raiada: são aquelas cujo cano foi provido, internamente, de estriamento, o qual está constituído por um número equivalente de sulcos (as raias) e de cristas (os cheios) de forma helicoidal, alternada e paralelamente dispostos com regularidade, e se destina a imprimir aos projéteis, por forçamento, um movimento de rotação transversal à trajetória. Há armas com 04 (quatro) 05(cinco) ou 06 (seis) raias, algumas com orientação dextrogira (para a direita) outras sinistrogira (para a esquerda). Como por exemplo, os revólveres, as pistola, as submetralhadoras, os fuzis etc. D) Quanto ao Sistema de Inflamação Por mecha. Por atrito. Essas duas acima estão definitivamente relegadas à condição de meras curiosidades, como peças de museus e colecionadores. Por Percussão Extrínseca: as primeiras armas deste tipo foram os do sistema Lefaucheux (pino lateral). Neste a cápsula contendo a carga de ignição é uma peça isolada a qual se adapta a um pequeno tubo saliente, em comunicação com o interior da câmara por um conduto, ou ouvido (a chaminé) sendo deflagrada por um percutor cuja extremidade é conformada, de sorte a cobrir perfeitamente a cápsula e comprimi-la contra os bordos da chaminé, detonando-a e, ao mesmo tempo, forçando os gases incandescentes da deflagração para o interior da câmara. Por Percussão Intrínseca a cápsula de fulminante é parte integrante do cartucho, estando engastada neste e detonando no interior do mesmo, ao sofrer o impacto do pino percutor. Este tipo de percussão ainda são divididos em: Central e Radial, conforme o modo de impacto do pino percutor. Se o pino percutor imprimir marca periférica, radial ou circular teremos a percussão intrínseca radial, que também pode ser direta ou indireta, caso o percutor esteja no cão ou no mecanismo, respectivamente. Ex. Pistola .22LR, Revólver .22 LR, Garrucha .22LR, Carabina .22 LR. Se o pino percutor imprimir marca central, então teremos uma percussão central, que também poderá ser direta ou indireta. Por exemplo, revólver, pistola, carabina,fuzil. Conforme a orientação, as raias podem ser: DEXTROGIRA, a direção das raias é para direita; SINISTRÓGIRA, a direção das raias é para a esquerda. É importante informar que as raias são observadas posicionando o cano para a frente do examinador. E) Quanto ao Funcionamento De Tiro Unitário: são aquelas que comportam carga para um único tiro, devendo, assim, ser substituída esta carga, isto é, renovada parfa cada novo disparo, pelo atirador, manualmente. Em outras palavras: são armas cujo carregamento não é mecânico, porém manual. Armas de Repetição: são aquelas cujo carregamento se faz mecanicamente isto é, armas que comportam carga para vários tiros, podendo efetuar outros tantos disparos antes de ser necessário alimentá-las novamente. Podem ser: Não Automática (revólver); Semiautomática (pistola) e; Automática (fuzil). É importante esclarecer que arma alimentada é quando no seu carregador, foi colocada toda munição que ela comporta; e estará carregada quando contiver, na câmara de combustão, o projétil e a carga de projeção diretamente alinhados com o cano, em condições de serem imediatamente ativados pelo disparo. Assim, numa arma de tiro unitário, a alimentação e o carregamento coincidem e são, necessariamente, realizados por uma só e a mesma operação, executada pelo atirador: nas armas de repetição não existe esta coincidência, podendo conservar-se a arma, perfeitamente, alimentada e não carregada. F) Quanto à Mobilidade e ao Uso Fixas: quando o suporte no qual estão montadas não podem ser deslocadas de sua posição, mas apenas comportando movimentos angulares nos planos horizontal e vertical, como é o caso dos canhões. Móveis: quando são montadas sobre bases providas de rodas ou esteiras. Semiportáteis: quando podem ser desmontadas em duas partes (arma ou suporte) e, assim, conduzidas sem demasiado esforço por dois homens. Por exemplo, as metralhadoras pesadas. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 30 * TOCCHETTO, Domingos. Balística Forense, aspectos técnicos e jurídicos. 7 ed. – São Paulo: Millennium, 2013, p. 201 e 202. Concurseiro Mossoroense. Com você antes, durante e depois do edital. (84) 9.9862-1117 31 MUNIÇÃO Munição é o projétil a ser disparado de uma arma de fogo, incluindo o cartucho, que é um tubo oco, geralmente de metal, com um propelente no seu interior; na sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o elemento de iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras partes do cartucho, tem formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas diversas operações, como carregamento e disparo. O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada à frente quando da detonação da espoleta e consequente queima do propelente. É a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o alvo.
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