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Módulo 1-Política Nacional para a População em Situação de Rua - PNPR

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Promoção dos direitos 
da população em 
situação de rua
Política Nacional para a 
População em Situação de 
Rua – PNPR1
M
ód
ul
o
2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Enap, 2019
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente 
Diogo Godinho Ramos Costa
Diretor de Educação Continuada
Paulo Marques
Coordenador-Geral de Educação a Distância 
Carlos Eduardo dos Santos
Conteudista/s 
Gustavo Clayton Alves Santana
Curso produzido em Brasília 2019.
3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
1. Apresentação ............................................................................... 5
2. Justificativa e objetivos ................................................................. 5
3. História da luta da/na rua. ............................................................ 6
4. Perfil atual da população em situação de rua no Brasil.................. 9
5. Política Nacional de população em situação de rua no Brasil ....... 13
6. Guarde na memória! .................................................................. 16
7. Referências Bibliográficas ........................................................... 17
Sumário
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
1. Apresentação
Boas-vindas ao curso “Promoção dos Direitos da População em Situação de Rua”. Este curso tem 
como objetivo promover formação sobre a Política Nacional para População em Situação de Rua 
(PNPR) no âmbito do Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos Humanos (PNEC_
DH) e será conduzido em acordo com as diretrizes do Plano Nacional de Educação em Direitos 
Humanos (PNEDH). Portanto, este é um curso de capacitação cujas temáticas estão organizadas 
de modo a fortalecer os princípios da democracia, da cidadania e da justiça social, por meio 
da construção de uma cultura de direitos humanos, em que o exercício da solidariedade e do 
respeito às diversidades da população em situação de rua estejam em primeiro plano.
2. Justificativa e objetivos
Neste módulo, após conhecer o contexto histórico de 
organização política e o perfil da população em situação de 
rua no Brasil, você aprenderá a respeito do Decreto nº 7.053, 
de 23 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional 
para a População em Situação de Rua (PNPSR) e o Comitê 
Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento (CIAMP 
Rua). 
Ao concluir o módulo, você terá aptidão para: 
• Conhecer a história e as origens das populações em 
situação de rua no Brasil e dos movimentos sociais 
destinados a promoção de seus direitos.
 
• Identificar o perfil social das pessoas que compõem a população em situação de rua no 
Brasil.
 
• Compreender a importância da Política Nacional para a População em Situação de Rua 
para a promoção e defesa dos direitos dessas pessoas.
M
ód
ul
o Política Nacional para a 
População em Situação de 
Rua – PNPR1
Fonte: https://www.freepik.com/
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
3. História da luta da/na rua.
Fonte: Site da prefeitura de Embu das Artes, autor desconhecido.
Em um país desigual como o Brasil, é de se imaginar que a presença da população em situação 
de rua seja tão antiga quanto a existência das cidades. Vistos como uma classe de pessoas 
desocupadas e perigosas, a população em situação de rua brasileira permanece até hoje 
recebendo um tratamento violento e preconceituoso.
Até o ano de 1888, a circulação nas cidades e o controle sobre a população pobre e negra no 
Brasil era exercido pela escravidão – forma de organização social e econômica da sociedade na 
qual os senhores de escravos tinham poder sobre o corpo e sobre o que era produzido pelos 
escravizados. Após o fim da escravidão, milhares de ex-escravos, agora trabalhadores livres e 
sem local certo de moradia e trabalho, foram lançados nas ruas das cidades.
Percebidos como um grupo de sujeitos perigosos, estes “sem lugar” começaram a despertar 
as preocupações das elites e dos legisladores, o que significou a consolidação de um 
tratamento desumano. Uma lei em vigor no Rio de Janeiro à época proibia o trânsito e recolhia 
compulsoriamente à cadeia pessoas que estivessem dormindo nas ruas, descalças ou que não 
estivessem vestidas adequadamente.
Estes preconceitos, discursos e atos se mantém vivos até hoje e são parte de uma batalha 
importante a ser travada para a mudança de pensamento da sociedade brasileira e da maneira 
como se lida com o combate aos males da pobreza. É a partir dessa compreensão que o 
movimento social da população em situação de rua vem sendo organizado ao longo dos anos. 
Não há uma história oficial sobre a organização da população em situação de rua e do movimento 
pela garantia dos seus direitos. É sabido, pela fala dos militantes mais antigos, que, desde a 
década de 1960, já aconteciam ações em algumas cidades brasileiras e que, por volta do final 
dos anos de 1970, a Pastoral do Povo da Rua, integrante da Igreja Católica, começou a implantar 
casas de assistência para as pessoas em situação de rua, estimular a organização de movimentos 
populares de catadores de materiais recicláveis e realizar eventos sociais nas cidades de São 
Paulo e Belo Horizonte.
7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Este era o momento em que o Brasil saía de uma ditadura civil-militar e, com a redemocratização, 
surgiam o que os sociólogos passaram a chamar de novos movimentos sociais, dos quais as 
atividades de organização da população em situação de rua se tornaram parte, mobilizando por 
transformações individuais e coletivas, políticas e sociais desta população em contraste com as 
práticas mais assistencialistas que haviam até então.
Saiba mais 
Os novos movimentos sociais, como ficaram conhecidas as lutas surgidas do 
final dos anos 1970 do século XX em diante, se articulam através de redes 
para apresentar pautas reivindicatórias coletivas. Estes movimentos têm na 
transformação cultural grande parte dos meios e fins de sua ação reunindo 
interesses, organizando ações conjuntas e buscando visibilidade social para 
seus membros.
A partir dessas iniciativas, começam a surgir ações que vêm buscando associar os órgãos do 
Estado (secretarias de governo) com instituições da sociedade civil (igrejas, ONGs, movimentos 
sociais, etc.), em uma rede que, levando em consideração toda a diversidade da população em 
situação de rua brasileira, garanta o acesso destas pessoas a uma vida digna e com seus direitos 
respeitados.
Passeata de movimentos sociais por direitos nos anos de 1980. Fonte:autor desconhecido.
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Nos anos de 1990, o protagonismo da população em situação de rua na luta por seus direitos se 
intensificou e conquistou avanços importantes em algumas cidades, como São Paulo, Fortaleza, 
Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador. Este foi o fator que possivelmente influenciou órgãos 
púbicos, como a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Belo Horizonte, por exemplo, 
a criar, em 1993, seu Programa de População em Situação de Rua e promover um Fórum da 
População em Situação de Rua.
Outra realização também muito importante para a luta das pessoas em situação de rua foi o Grito 
dos Excluídos, promovido em 7 de setembro de 1995 pela Pastoral Social da Igreja Católica com 
outras Igrejas participantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, e que chamou a atenção de 
toda a sociedade civil para as privações vividas por aqueles que têm a rua como ambiente de 
sobrevivência, reivindicando seus direitos.
Saiba mais 
O Grito dos Excluídos surgiu da intenção de denunciar a exclusão e valorizar 
os sujeitos sociais das Pastorais Sociais Cristãs. O primeiro aconteceu em 
setembro de 1995 com o tema: “A fraternidade e os excluídos”. Desde então, 
o Grito dos Excluídos acontecesempre durante as comemorações do dia 7 de 
setembro, na semana da Pátria.
Ao longo destes anos, muitos fóruns de 
discussões, encontros de militantes, debates, 
atos políticos e atividades governamentais 
vêm acontecendo. Temas como a violência e 
o preconceito que a população em situação 
de rua sofre diariamente, os entraves para 
a melhor eficiência das políticas públicas 
oferecidas e a construção de autonomia para 
esta população, são as discussões que mais se 
repetem e em torno das quais ainda se debate 
muito.
A crueldade das agressões ocorridas em São 
Paulo entre os dias 19 e 22 agosto de 2004, no 
episódio conhecido como Massacre da Sé - quando pessoas que estavam no entorno da igreja 
foram violentamente assassinadas com golpes na cabeça enquanto dormiam -, gerou repercussão 
nacional e internacional, e marcou a história da luta da população em situação de rua com dor, 
mas também impulsionou os diversos militantes de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, 
Bahia e Cuiabá, entre outros estados que já discutiam as questões da população em situação de 
rua nos fóruns locais, a organizar um Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), lançado 
durante o 4º. Festival do Lixo e Cidadania e realizado pela Associação dos Catadores de Materiais 
Recicláveis (Asmare), em Belo Horizonte, em 2005.
Reunião do MNPR em Goiânia.
 Fonte: Altair Alves, 2017
9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Dica 
Sobre as motivações para o surgimento do MNPR, veja o depoimento de 
Maria Lucia Santos Pereira da Silva, uma das fundadoras e coordenadora do 
movimento, falecida em abril de 2018: 
Link do video disponivel na plataforma de ensino do curso: https://youtu.be/
JtTZRE7hfj8
Como foi visto na fala de Maria Lucia, os militantes do MNPR lutam pela inclusão das pessoas em 
situação de rua, para acabar com a invisibilidade à qual estas pessoas são submetidas e para que 
a sociedade e o Estado brasileiro reconheçam a dívida histórica que possuem com a população 
em situação de rua.
Uma das maneiras de alcançar estes objetivos do MNPR e de todo o conjunto de pessoas que, em 
outras organizações, ou mesmo individualmente, lutam pelos direitos das pessoas em situação 
de rua, é conhecer melhor quem é essa população, quais suas características econômicas e 
sociais, sua identidade e desejos. 
Dica 
Para saber mais sobre a história da organização do Movimento Nacional da 
População de Rua e das lutas para a implementação adequada da Política 
Nacional em situação de rua, veja o documentário “Nós da Rua - MNPR – 
2011”:
Link do video disponivel na plataforma de ensino do curso: https://youtu.
be/8YT35mABNWo
4. Perfil atual da população em situação de rua no Brasil
A pouca produção de dados oficiais, 
em âmbito nacional, sobre as pessoas 
em situação de rua é um problema que 
aumenta sua invisibilidade e dificulta o 
desenvolvimento de políticas públicas. 
Ainda hoje, mesmo com toda a organização 
dos movimentos sociais, que lutam para 
a melhoria das condições de vida e pela 
maior atuação dos órgãos públicos nesse 
sentido, é grande a dificuldade de acesso 
ou quase inexistência de dados sobre as 
características desta população, sobre quem Fonte: Pastoral Nacional do Povo da Rua 
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
são e os motivos que as levaram a estar nas ruas. Isto contribui para que permaneçam como 
invisíveis diante da sociedade e atrapalha o acesso aos serviços e direitos sociais. 
Para tentar solucionar o problema da ausência de informação em âmbito nacional sobre a 
população que está nas ruas, alguns trabalhos foram feitos, os primeiros deles aconteceram entre 
os anos de 2007/2008, pelo então existente Ministério do Desenvolvimento Social e Combate 
à Fome - MDS (atualmente o antigo MDS se chama Ministério da Cidadania). Estes trabalhos 
originaram a publicação “Rua: aprendendo a contar: pesquisa nacional sobre a população de 
rua”, que está disponível no sítio eletrônico do MDS e pode ser consultada mais detalhadamente. 
Nesta pesquisa, foi apresentada pela primeira vez, em âmbito nacional, um panorama oficial da 
população em situação de rua no país. A pesquisa identificou a existência de 31.922 adultos em 
situação de rua nos 71 municípios que foram pesquisados (sendo 48 municípios com mais de 300 
mil habitantes e 23 capitais, independentemente do tamanho da população habitante). A este 
número foram somados os dados das cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre 
e São Leopoldo, que já haviam realizado pesquisas próprias. A partir deste somatório chegou-
se a um total de, aproximadamente, 50.000 pessoas em situação de rua na época da pesquisa 
nacional. 
Das pessoas em situação de rua identificadas na pesquisa do antigo Ministério da Cidadania/
Secretaria Especial do Desenvolvimento Social, percebeu-se uma predominância da presença de 
homens (82%) em relação às mulheres na mesma situação. Esta população, segundo a pesquisa, 
é, em sua maioria, jovem e está em idade economicamente ativa. 
Em relação à questão racial, a pesquisa identificou que, entre os entrevistados, 39,1% se 
autoidentificaram como pardos, 29,5% como brancos e 27,9% como pretos.
Sobre o tempo de permanência nas ruas, quase metade dos sujeitos entrevistados (48,4%) 
declarou que dormia nas ruas ou em algum albergue há mais de 2 anos e cerca de 30% há mais 
de 5 anos. Há também as pessoas em situação de rua desde seu nascimento, os filhos das famílias 
que estão há muito tempo nesta condição somavam, em 2007, cerca de 1,3% dos entrevistados. 
Alguns anos depois, em 2016, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apresentou um 
relatório (TD 2246 - Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil), em que estimou a 
existência de 101.854 pessoas em situação de rua. Este número deve ser atualizado quando for 
divulgada uma nova versão dessa estimativa.
Saiba mais 
Para conhecer as informações levantadas na pesquisa “Rua: aprendendo a 
contar: pesquisa nacional sobre a população de rua”, realizada em 2007/2008 
pelo então MDS, acesse: Rua: aprendendo a contar. Segue o link: http://
www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/Rua_
aprendendo_a_contar.pdf
11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Estas duas pesquisas foram importantes porque contribuíram para conhecer um pouco 
melhor a população em situação de rua e desconstruir alguns preconceitos relacionados a 
ela. A publicação do antigo MDS, por exemplo, apontou que a população em situação de rua 
brasileira é muito pobre e composta, em sua grande parte, por homens negros que, mesmo 
estando em idade economicamente ativa, não conseguem ocupar postos formais de trabalho. 
Estes trabalhadores, apesar da precariedade de sua formação, ainda conseguem, no dia-a-dia, 
exercer algumas atividades que lhe garantem uma renda mínima diária. As pesquisas citadas 
também demonstraram que, nas capitais do país, há a presença de uma quantidade considerável 
de pessoas com formação universitária em situação de rua.
Saiba mais 
Para ler o relatório do IPEA “TD 2246 - Estimativa da População em Situação 
de Rua no Brasil”, acesse: Estimativa da População em Situação de Rua no 
Brasil. Segue o link: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/
TDs/26102016td_2246.pdf
O levantamento do IPEA de 2016, por sua vez, foi organizado com uma compilação dos dados 
gerados pelo Cadastro Único Para Programas Sociais (CadÚnico), junto com outros dados 
presentes no sistema de assistência social, além de censos realizados por algumas cidades 
que aderiram à política nacional para a população em situação de rua, instituída pelo Decreto 
Federal nº 7.053/2009. A principal lacuna deste levantamento do IPEA é o fato de não trazer 
um detalhamento das características predominantes dessas pessoas, como foi feito nos 
levantamentos do MDS.
Saiba mais 
O CadÚnico é um instrumento de coleta de dados do Governo Federal 
que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, paraque o governo 
possa conhecer a realidade socioeconômica dessa população e incluí-la em 
programas de assistência social e redistribuição de renda. Segundo dados 
no site Relatórios de Informações Sociais do Ministério do Desenvolvimento 
Social, em setembro de 2018 haviam cerca de 107.576 famílias em situação de 
rua cadastradas no CadÚnico. Para a população em situação de rua, há uma 
guia de cadastramento que está disponível na aba material complementar 
deste módulo.
É importante saber que, além dessas iniciativas do Governo Federal, pesquisas locais já foram 
realizadas e ajudam a conhecer mais sobre o perfil das pessoas e situação de rua. A cidade de São 
Paulo foi a primeira a realizar estes levantamentos ainda no ano de 1991, quando fez seu primeiro 
censo em parceria com uma entidade da sociedade civil organizada. Neste censo, estimou-se a 
existência de aproximadamente 5.000 pessoas em situação de rua na capital paulistana. Depois, 
em 1997, com a aprovação de uma lei municipal (Lei Municipal nº 12.316/1997, regulamentada 
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
pelo Decreto Municipal nº 40.232/2001), estabeleceram-se alguns direitos da população de rua 
em São Paulo e o governo da cidade ficou obrigado a realizar o censo da população em situação 
de rua.
No ano de 2016, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) de São Paulo 
publicou o relatório final, sistematizando os dados da Pesquisa Social Participativa que realizou 
naquela cidade entre os anos de 2015 e 2016. Esta pesquisa contou, de maneira pioneira, com a 
participação de pesquisadores que haviam sido ou ainda estavam em situação de rua.
Saiba mais 
Para mais informações sobre o CadÚnico acesse: Guia Cadastramento 
de Pessoas em Situação de Rua. Segue o link: https://www.mds.gov.br/
webarquivos/arquivo/cadastro_unico/_Guia_Cadastramento_de_Pessoas_
em_Situacao_de_Rua.pdf
As informações trazidas, tanto por esta pesquisa participativa da SMDHC/SP, quanto pelas 
anteriores do Governo Federal, possibilitam elaborar um perfil mais real sobre quem é a população 
em situação de rua brasileira. Vê-se que esta é uma população diversa e que permanece se 
transformando com o passar do tempo e com as influências dos momentos econômicos e 
políticos vividos pelo Brasil.
Em todos os levantamentos, verifica-se a existência de um número grande de homens em 
situação de rua, mas também se percebe uma quantidade grande de pessoas que fazem parte da 
população LGBT, que é vítima constante de violações e violências físicas por sua dupla condição 
de estar nas ruas e ser homossexual. O aumento da presença de mulheres em situação de rua 
é outra questão apontada por todos os levantamentos. Crianças e adolescentes, imigrantes e 
refugiados também compõem a população em situação de rua encontrada.
Dica 
Como parte do Programa Nacional de Educação Continuada em Direitos 
Humanos (PNEC_DH), há disponível um curso, como este que você está 
participando, que fala a respeito da vivência de pessoas LGBT, para construir 
a compreensão dos principais desafios colocados à garantia de seus direitos. 
O curso pode ser acessado pelo link: https://www.escolavirtual.gov.br/
curso/128
Outra informação que chama atenção é o envelhecimento da população que está nas ruas. A 
quantidade crescente de pessoas idosas em situação de rua causa preocupação. Os principais 
serviços oferecidos a essas pessoas são mais precários que os ofertados para o público geral, já 
que existem pouquíssimo centros de acolhida especializados para idosos.
13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
As pesquisas ajudam, mais uma vez, a combater os 
preconceitos existentes sobre esta população quando 
verificam que grande parte dessas pessoas possui formação 
escolar, mesmo que deficitária.
Segundo a pesquisa nacional do MDS citada acima, cerca 
de 58,7% cursou integral ou parcialmente o primeiro grau, 
cerca de 7% cursou parte ou terminou o segundo grau e 
aproximadamente 1,4% das pessoas entrevistadas possuíam 
ensino superior incompleto ou completo.
As pesquisas também demostram que a população em 
situação de rua, ao contrário do estereótipo preconceituoso 
que a trata como mendigos e pedintes, consegue garantir seu 
sustento nas ruas graças a trabalhos informais que executam.
No dia a dia das ruas, as pessoas exercem atividades como 
catadores de materiais recicláveis 27,5%, 14,1% como 
guardadores de carro, 6,3% atuam em atividades de limpeza 
e 3,1% como carregadores.
A organização constante de informações oficiais, quando feita de maneira comprometida e em 
parceria com os movimentos sociais de defesa dos direitos da população em situação de rua, é 
algo muito importante, pois ajuda a apontar melhores procedimentos para as políticas públicas, 
a modificar os estereótipos e a maneira como a sociedade entende esta população. Por isso, uma 
das grandes discussões do momento atual é sobre a inclusão da população em situação de rua 
no censo promovido pelo IBGE, solicitação feita pelo Comitê Intersetorial de Acompanhamento 
e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP-Rua), mas 
que tem encontrado entraves para a sua execução.
5. Política Nacional de população em situação de rua no 
Brasil
A compilação de dados sobre a população em situação de rua por parte dos órgãos do governo 
e a atuação em conjunto com os movimentos sociais trouxe efeitos positivos para as ações de 
garantia de direitos desta população. O somatório de ações intensificou o esforço para que 
pudessem ser elaboradas políticas de inclusão para este segmento da população. Os debates 
sobre o fenômeno social das pessoas em situação de rua, a partir desse diálogo, vêm sendo 
tratados de forma inédita pelo Governo Federal, que passou a promover diversas iniciativas 
que possibilitaram a participação da sociedade civil na discussão e na formulação de políticas 
públicas destinadas a essa população.
Fonte: Pastoral Nacional do Povo da Rua 
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Dentro dessas iniciativas de interlocução, no ano de 2006, o Presidente da República instituiu um 
grupo de trabalho interministerial (Decreto s/n), que tinha como tarefa fazer estudos e propor 
políticas públicas sobre a população em situação de rua. Esse grupo de trabalho, contando com 
a participação de vários ministérios, incorporou os debates sobre saúde, educação, moradia, 
esportes, trabalho, cultura e direitos humanos e contribuiu para a compreensão de que as 
políticas para esta população devem se basear na ideia da intersetorialidade, indo além da 
simples assistência e promovendo a integralidade dos sujeitos humanos.
Os trabalhos desse GT foram concluídos no ano de 2009 e apresentados no 2º. Encontro Nacional 
da População em Situação de Rua. Nesse mesmo ano, as propostas apresentadas pelo GT e 
pelos movimentos sociais foram consolidadas no texto da Política Nacional para a População 
em Situação de Rua, constituída pelo decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009. O referido 
decreto estabeleceu a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR) e também 
instituiu o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento (CIAMP-Rua).
Saiba mais 
Conheça o texto integral do Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009, 
acessando:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/
decreto/d7053.htm
O Decreto consolida a compreensão oficial utilizada pelo Estado para a população em situação 
de rua já no seu primeiro artigo:
Parágrafo único. Para fins deste Decreto, considera-se população 
em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que 
possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares 
interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia 
convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e 
as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, 
de forma temporária ou permanente, bem como as unidades 
de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia 
provisória.(BRASIL, 2009).
Da maneira como é apresentado, o objetivo da PNPSR é ser um instrumento governamental que 
garanta acesso amplo, simples e seguro da população em situação de rua aos serviços, políticas 
públicas e programas oferecidos pelos ministérios que fazem parte dela.
15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Destaque h, h, h, h, 
Pontos importantes defendidos pela PNPSR são a garantia da participação e 
controle social da população em situação de rua, vistos como sujeitos políticos. 
Além da defesa da igualdade e equidade, o respeito à dignidade da pessoa 
humana; o direito à convivência familiar e comunitária; a valorização e respeito 
à vida e à cidadania; o atendimento humanizado e universalizado; e o respeito 
às condições sociais e diferenças de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, 
orientação sexual e religiosa e atenção às pessoas com deficiência.
Reunião do CIAMP Rua na sede do Ministério dos Direitos Humanos em agosto de 2018.
Fonte:
http://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2018/agosto/reuniao-ordinaria-do-ciamp-rua-e realizada-no-mdh
O Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para 
a População em Situação (CIAMP-Rua) faz parte da PNPSR como a instância de discussão 
e deliberação sobre as políticas públicas para a População em Situação de Rua no país. É 
coordenado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e fazem parte dele: 
os ministérios que compõem a política nacional, os comitês gestores locais; as representações 
da sociedade civil, como o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), os representantes 
dos fóruns estaduais da população em situação de rua e da Pastoral Nacional do Povo da Rua, da 
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e as redes de atendimento das várias políticas 
ofertadas pelos ministérios que compõem o CIAMP-Rua. O CIAMP-Rua também tem como tarefa 
de atuação o monitoramento e acompanhamento da implementação da PNPSR.
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Importante 
Em seu segundo artigo, o Decreto nº 7.053/2009 indica a necessidade de a 
PNPSR ser implementada de modo descentralizado e articulado entre o 
Poder Executivo e os demais entes da federação que assinarem seu Termo 
de Adesão. Este termo define as atribuições e as responsabilidades que 
serão compartilhadas e indica a criação de comitês gestores intersetoriais, 
do qual devem fazer parte representantes de todas as áreas relacionadas ao 
atendimento da população em situação de rua, com a participação de fóruns, 
movimentos e entidades representativas dessa população.
Outra iniciativa que busca estabelecer o diálogo entre poder público e movimentos sociais 
para a promoção e defesa de direitos das pessoas em situação de rua e catadores de materiais 
recicláveis é o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de 
Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH), previsto no Decreto nº 7.053, de 23 de 
dezembro de 2009, em seus artigos 7º e 15. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos 
Humanos é o responsável por sua implantação e pelo apoio na criação de Centros Estaduais.
Pensado em conjunto com as propostas aprovadas na 12ª Conferência Nacional dos Direitos 
Humanos de 2016, o CNDDH constrói um diálogo constante com a população em situação de 
rua e com os catadores de materiais recicláveis onde atua. O CNDDH funciona na cidade de Belo 
Horizonte (MG), com núcleos em funcionamento nas cidades de Salvador (BA), Fortaleza (CE), 
Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Brasília (DF).
6. Guarde na memória!
• Nesse módulo, você aprendeu sobre a história da organização da população em situação 
de rua e do movimento pela garantia dos seus direitos. Viu que, ao longo dos anos, o 
protagonismo da população em situação de rua na luta por seus direitos se intensificou 
e conquistou avanços importantes e que os militantes do MNPR lutam pela inclusão das 
pessoas em situação de rua, para acabar com a invisibilidade à qual são submetidos e 
para que a sociedade e o Estado brasileiro reconheçam a dívida histórica que possuem 
com a população em situação de rua.
• Você aprendeu, também, sobre o perfil atual da população em situação de rua no Brasil 
e sobre a importância do conhecimento das características desta população para 
desconstruir alguns preconceitos e para a melhor formulação de políticas públicas que 
levem em consideração toda a diversidade das pessoas que estão em situação de rua.
• Por fim, você conheceu pontos importantes e objetivos da Política Nacional para a 
População em Situação de Rua, constituída pelo decreto nº 7.053, de 23 de dezembro 
de 2009, que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR) 
e também o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento (CIAMP-Rua).
17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
7. Referências Bibliográficas
BRASIL. Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional para a População 
em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá 
outras providências. Diário Oficial, Brasília, DF, 23 dez. 2009.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Secretaria de Avaliação e Gestão 
da Informação. Rua Aprendendo a Contar: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de 
Rua. Brasília: MDS: 2009.
BOVE, Figueiredo. População em Situação de Rua. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República - SDH/PR, 2015.
PINTO, R. M. P.; GONDIM, A. B. C. Trabalho e População em Situação de Rua: uma análise 
à luz da questão social. VII Jornada Internacional de Políticas Públicas, São Luis, Ago. 
2017. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2017/pdfs/eixo1/
trabalhoepopulacaoemsituacaoderuaumaanalisealuzdaquestaosocial.pdf.>

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