Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A sede pelo espetáculo O real virou banal. A vida, parada. O cotidiano, chato. E a solução? A espetacularização da tediosa rotina através dos meios de comunicação. Por assim dizer, o público alienado - e cada vez mais insensível - procura, na mídia, preencher as necessidades de drama, catástrofes, intrigas, beleza e comédia que sua vida por si só não satisfaz. Consequentemente, aqueles que vivem do mundo televisivo procuram encaixar suas performances nos altos e exagerados padrões dos telespectadores, perdendo sua identidade e tornando-se mais um escravo do mundo virtual. À vista disso, visando ao lucro e sucesso, o mundo das notícias não é nada diferente. Infelizmente, os jornais da televisão brasileira romantizam e espetacularizam tragédias e catástrofes em busca da atenção e gosto do público, o qual busca entretenimento através do sofrimento e infortúnio do outro. Por exemplo, em fevereiro de 2020, um repórter da TV Record anunciou a uma mãe, desumanamente e ao vivo, que sua filha grávida havia sido assassinada pelo namorado - ela logo desmaiou em rede nacional. Desse modo, percebe-se que, nos dias de hoje, tanto apresentadores quanto telespectadores perderam suas noções de limites, não sabendo mais distinguir o real do fictício, sem nem mesmo refletir sobre o que está sendo apresentado. Além dos noticiários, existem, também, os famosos reality shows - as melhores exemplificações da busca humana pelo espetacular. Dessarte, baseando-se na vida cotidiana, esse tipo de programa (deveria) retrata(r) a rotina de pessoas reais - podendo elas já serem celebridades ou não. Dessa forma, as personagens dos reality shows, objetivando agradar o público, vendem sua imagem e a adapta aos gostos da massa, perdendo sua singularidade e, na maioria das vezes, resumindo sua vida a aparições vulgares, idealizações corporais, conflitos fúteis e discussões desnecessárias - basicamente o que têm sido visto em programas como o Big Brother Brasil e Keeping Up with the Kardashians nos últimos anos. Em síntese, o espetáculo, como forma de mostrar o que não se pode ser feito na realidade, leva à desumanização e objetificação da sociedade e suas histórias, que não passam de nada mais que narrativas para entreter a massa que não se satisfaz com sua vida sem graça por si só. Dessa maneira, falta às instituições públicas - como escolas -, por meio de campanhas de conscientização ou palestras, levar à população uma reflexão sobre se o que tem assistido na televisão é moralmente correto, se é realmente necessário e, acima de tudo, se está levando-a para frente ou, na verdade, estagnando-a.
Compartilhar