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FACULDADE CASTRO ALVES CURSO DE PSICOLOGIA ELANE SANTOS ASSUNÇÃO FINEIAS DO NASCIMENTO PARIS JANDERSON DOS SANTOS MAGALHÃES JEVONI DE OLIVEIRA SILVA AMPUTAÇÃO: O OLHAR DA PSICOLOGIA SOBRE AS REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS EM PACIENTES AMPUTADOS SALVADOR 2013 ELANE SANTOS ASSUNÇÃO FINEIAS DO NASCIMENTO PARIS JANDERSON DOS SANTOS MAGALHÃES JEVONI DE OLIVEIRA SILVA AMPUTAÇÃO: O OLHAR DA PSICOLOGIA SOBRE AS REPERCUSSÕES PSICOSSOCIAIS EM PACIENTES AMPUTADOS SALVADOR 2013 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Castro Alves, como requisito parcial para aprovação no Curso de graduação de Psicologia com o objetivo de grau de Bacharel. Orientadora: Roberta Ferrari Marback Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel pela Psicologia da Faculdade Castro Alves. Orientador: ___________ ELANE SANTOS ASSUNÇÃO FINEIAS DO NASCIMENTO PARIS JANDERSON DOS SANTOS MAGALHÃES JEVONI DE OLIVEIRA SILVA AMPUTAÇÃO: O olhar da Psicologia sobre as repercussões psicossociais em pacientes amputados Banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisitado para obtenção do Grau de Bacharel em Psicologia pela Faculdade Castro Alves RESULTADO:__________________________________________ ORIENTADOR:_________________________________________ 1º AVALIADOR:_________________________________________ 2º AVALIADOR:_________________________________________ SALVADOR 2013 AGRADECIMENTOS À Deus toda a glória e louvor. Reconhecemos Sua boa mão sobre nós, em toda nossa vida, principalmente nestes cinco anos de curso e por isso rendemos a nossa gratidão; Aos nossos familiares pelo amor, carinho, compreensão, apoio e muita dedicação. Somos eternamente agradecidos a todos vocês; Aos mestres que compartilharam conosco seu conhecimento e experiências, além do carinho e amizade, recebam nossos agradecimentos; Aos amigos pela compreensão e incentivo em todas as horas. A amizade de vocês foi um bálsamo para não abandonar a caminhada; À nossa orientadora Professora, Doutora Roberta Marback. Sua paciência, orientação e sábios ensinamentos foram determinantes para a concretização do nosso sonho; À Faculdade Castro Alves, templo do saber, cujas portas se abriram para nos acolher, ávidos de novos conhecimentos. A todos nossa eterna gratidão. “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. (Carl Jung) RESUMO A cirurgia de amputação consiste na remoção de uma parte do corpo, geralmente um membro. É um procedimento realizado quando não existe possibilidade de salvar o membro comprometido e este representa risco de vida para o paciente. Dessa forma, a amputação visa minimizar os sintomas bem como preservar a vida do indivíduo. Neste contexto, este estudo apresenta como objetivo geral: Identificar as repercussões psicossociais relativas às consequências da amputação e objetivos específicos: compreender as implicações e alterações da autoimagem, avaliar os aspectos emocionais e sociais relacionado à perda do membro e identificar o papel do psicólogo para prevenir e/ou minimizar o sofrimento causado pela amputação. Foi realizada revisão de literatura, com a finalidade de comparar os estudos compilados com os que foram realizados, e contribuir com o crescimento de estudos acadêmicos relacionados ao tema apresentado. Foram observadas algumas repercussões psicossociais que geralmente são apresentadas pelas pessoas amputadas, necessitando de suporte, devido às questões emocionais oriundas da perda do membro. Sendo assim, o trabalho do psicólogo com pessoas amputadas torna-se importante no processo de reajustamento psíquico e funcional da pessoa amputada, e tem como objetivo levar o indivíduo que sofreu a amputação a desenvolver recursos de enfrentamento, e conscientizar de que é preciso dar continuidade à vida, apesar de todas as dificuldades. Palavras-chaves: Amputação; Autoimagem; Repercussões Psicossociais; Psicologia. ABSTRACT The amputation surgery concerns the remotion of parts of the body. It's a procedure accomplished when there is not possibility for save a member affected and represents a risk for the health of the patient. So, the amputation aims to decrease the effects as well as to preserve the life. In this context, this study presents as general object to sign the repercussions psychosocial in respect the impacts of the amputation and like specific objectives to know the implications and changes on the self-image, assess the emotional and social aspects associated with the lose of member and identify the role of the psychologist in the treatment of pain produced for the amputation. We made the literature review, aim to compare the past studies. We noted a few psychosocial repercussions that generally are presented in amputees that need of support why psycological questions because of amputation of their members. Thus, the work of the psycologist about amputees is important in the process of psychological and funcional readjustment of amputees, and have like aim provides for the person that was soffered amputation to develop risources of to face and aware that there must be continued for life, despite all the difficulties. keyworks: amputation; self-image; psychosocial repercussions; psycology SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9 2 PROCESSOS CIRÚRGICOS: CONCEITO DE AMPUTAÇÃO, CAUSAS, INCIDÊNCIAS E NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO .................................................... 11 2.1 Tipos de amputação ............................................................................. 15 2.2 Amputações Traumáticas de Membro Inferior ................................... 16 2.2.1 Amputações Transtibiais ................................................................. 17 3 A AUTOIMAGEM DO AMPUTADO .............................................................. 17 3.1 Reconstrução da imagem corporal ..................................................... 17 3.1.1 Distúrbios da autoimagem ............................................................. 20 3.1.2 A dor no membro fantasma ............................................................. 21 3.2 As repercussões emocionais e sociais .............................................. 22 3.2.1 Reações emocionais ....................................................................... 22 3.2.2 Estratégias de enfrentamento ......................................................... 25 3.2.3 Importância das Relações Sociais .................................................. 26 3.3 A Psicologia e o Amputado .................................................................. 30 3.3.1 A importância do papel do psicólogo .............................................. 30 4. DISCUSSÃO ................................................................................................ 33 5 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 37 9 1 INTRODUÇÃO Desde os tempos pregressos, as cirurgias fazem parte da medicina. Na antiguidade, sem os adventos tecnológicos, sobreviver aos procedimentos cirúrgicos era uma conquista imensurável, contudo, com o passar dos tempos, além dos avanços da medicina e das tecnologias biológicas,houve aprimoramentos de instrumentos cirúrgicos, preparo de profissionais e nas condições gerais dos centros cirúrgicos. Essas mudanças remeteram para uma visão mais ampla sobre o indivíduo e suas necessidades. Dentro desta perspectiva, ocorreram melhorias nos procedimentos cirúrgicos, que passaram a ser planejados de acordo com as demandas de cada paciente (GABARRA e CREPALDI, 2009). De acordo com Bartmann (2010), a cirurgia de amputação consiste na remoção de uma parte do corpo, geralmente um membro. É um procedimento realizado quando não existe possibilidade de salvar o membro comprometido e este representa risco de vida para o paciente. Dessa forma, a amputação visa minimizar os sintomas, bem como preservar a vida do indivíduo. A angústia e o medo estão presentes na maioria das pessoas submetidas a este procedimento, além de evidenciadas nos períodos pré e pós-operatórios. O desconhecimento das repercussões ligadas ao procedimento cirúrgico sustenta sentimentos de vulnerabilidade que estão associados aos diversos aspectos envolvidos, dentre eles: angústia, por conta da incapacidade, deformidade física, medo de morrer, questões sociais, perda da autonomia, entre outros (GABARRA e CREPALDI, 2009). De acordo com Gabarra e Crepaldi (2009), as causas mais comuns para a amputação são: insuficiência vascular periférica, em consequência do diabetes, aterosclerose, embolias, tromboses arteriais, traumatismos, tumores malignos e grandes traumas, em virtude de acidentes e além desses comprometimentos, outras afecções podem colocar o indivíduo em situação de risco de vida e posteriormente a uma cirurgia de amputação como alternativa para mantê-lo vivo. Há relativamente poucos estudos sobre o assunto que examinam o embasamento das intervenções e atuações adequadas às reais demandas nesta área, considerando apenas os aspectos psicológicos e o processo cirúrgico. Entretanto, é sabido que a cirurgia de amputação desenvolve repercussões que 10 necessitam de inferências psicológicas, com atuações profissionais de forma precisa, para evitar desencadeamento de maiores complicações psíquicas que reflitam, de modo geral, nas esferas biopsicossociais do indivíduo (GABARRA e CREPALDI, 2009). Quando o indivíduo já tem a sua imagem corporal bem definida e é submetido a uma cirurgia de amputação, a retirada de um membro, o mesmo precisa restabelecer sua autoimagem. Durante esse processo de elaboração, é comum ocorrer o fenômeno conhecido como dor fantasma. Esse fenômeno está diretamente ligado à elaboração do luto pelo membro perdido (OLIVEIRA, 2000). A escolha do tema desta pesquisa, partiu da vivência observada dos familiares que passaram pelo processo cirúrgico de amputação e apresentaram repercussões emocionais e sociais, despertando o interesse em compreender a atuação do psicólogo frente a esta demanda. Buscamos aprofundar em estudos que permeiam a cirurgia de amputação com o intuito de compreender as repercussões psicossociais causadas pela cirurgia e como a atuação do psicólogo pode contribuir para melhor enfrentamento e reabilitação do indivíduo que sofreu o processo cirúrgico de amputação. O estudo da atuação da Psicologia com pessoas amputadas torna-se uma demanda crescente em virtude das condições de saúde da população, o aumento da perspectiva de vida, o advento da modernização da medicina, da biotecnologia e das condições socio-históricas atuais, que contribuem para incidência de doenças crônicas e comorbidades que repercutem nas amputações (GABARRA e CREPALDI, 2009). O processo de retirada de um membro engloba uma complexidade de fenômenos psicológicos e de interações da tríade paciente-família-equipe. Diante dessa vertente, é indispensável a atuação do psicólogo nos períodos pré e pós- operatórios. Este trabalho teve como objetivo geral identificar as repercussões psicossociais após a amputação e como objetivos específicos: compreender as implicações e alterações na autoimagem; avaliar os aspectos emocionais e sociais relacionados à perda do membro; e, discutir a importância do papel do psicólogo para prevenir e/ou minimizar o sofrimento causado pela amputação. Para tal, se utilizou como metodologia a revisão de literatura, que segundo Creswell (2010), cumpre vários propósitos dentre eles os resultados de outros 11 estudos que estão intimamente relacionados àqueles que estão sendo realizados. O objetivo de se valer da revisão de literatura sucede em dar aporte teórico e que a pesquisa seja validada, a partir do suporte oferecido pela literatura. A literatura é usada para estruturar o problema, apresentar em seção separada, tornar-se base para comparar e contrastar os resultados dos estudos qualitativos, por meio da examinação e estudos apurados, com intuito de colaborar com o crescimento dos estudos acadêmicos (CREWELL, 2010). 2 PROCESSOS CIRÚRGICOS: CONCEITO DE AMPUTAÇÃO, CAUSAS, INCIDÊNCIAS E NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO O processo cirúrgico de amputação pode ser definido como a retirada de um órgão total ou parcial, localizado sempre nas extremidades corporais – língua, mama, intestino, reto, colo, útero, pênis e membros. Segundo Carvalho et al (2005), o termo amputação é originário do latim, que significa ambi, ao redor de/em volta de, e putatio, podar/ retirar. Historicamente1, as amputações, eram causadas por diversos motivos. Deformidades congênitas eram comuns, especialmente nos países árabes, nos quais casamentos entre primos de primeiro grau eram incentivados (MELLO, 2007). Durante as batalhas, nos momentos de capturas dos indivíduos ou de punição judicial, eram quando ocorriam as maiores incidências de amputações traumáticas. As amputações eram ainda causadas por doenças como gangrena, tuberculose e lepra. Sendo assim, tal procedimento acompanha o desenvolvimento da humanidade desde a sua época pregressa, revelando a sua importância até os dias atuais. De acordo com Mello (2007), a amputação pode ser compreendida pela perda de um membro inteiro ou a parte específica desse membro, levando o paciente a um estado de readaptação social e do reequilíbrio das suas funções vitais. Sendo assim, 1 As cirurgias eram realizadas com ou sem anestesias, analgésicos e instrumentos próprios, também se utilizava a técnica da guilhotina com machado e sem anestesia nas punições judiciais. Extratos de plantas como ópio, cânhamo, cicuta e álcool eram utilizados nos curativos cirúrgicos, como antissépticos usavam-se fumo, mel e vinagre, a cauterização era feita com óleo quente e as fibras de algodão e os fios de cabelo humano eram utilizados para a realização das ligaduras. Os instrumentos cirúrgicos eram feitos de materiais de bronze, machados de pedra e ossos animais (CARVALHO, 2005 p. 15). 12 é importante que o procedimento de amputação seja visto não como um fim de uma cadeia de processos, mas sim o início de uma nova e importante etapa. Para Mello (2007), recuperar um paciente é muito mais que a simples retirada de uma extremidade corporal. A cirurgia de amputação tem como objetivos primordiais duas premissas: a retirada do membro lesado e o ganho de perspectivas para o retorno da funcionalidade da região amputada, criando assim, um novo órgão de contato com o meio exterior, o coto de amputação, possibilitando a inclusão do indivíduo frente aos seus novos desafios de readaptação. Uma informação importante a citar é o cuidado na diferenciação entre amputação e desarticulação. São procedimentos distintos e que merecem um cuidado específico. Na análise de Carvalho et al (2005, p. 23), “[...] a amputação deve ser diferenciada de desarticulação, pois a amputação consiste na remoção da parte de um ou mais ossos, diferente de desarticulação que remove uma parte por meio de uma articulação”. Do ponto de vista médico e segundoo CENSO (IBGE 2000, apud CARVALHO et al, 2005), a amputação é um dos procedimentos cirúrgicos mais recorrentes no sistema de saúde. Estima-se que a incidência de amputações seja de 13,9 por 100000 habitantes/ano. Na literatura mundial há controvérsias quanto ao número de amputações, variando de 2,8 a 43,9 por 100000 habitantes/ano, sendo mais significante em pacientes patológicos vasculares. Mello (2007) se refere às implicações e necessidades desse procedimento na atualidade, as principais indicações de amputações, em ordem decrescente de frequência, são: traumática, tumoral, infecciosa, congênita e vascular. Segundo Gabarra e Crepaldi (2009), as condições mais frequentes que levam à amputação são infecção controlável, normalmente em situação de emergência; dores crônicas, acompanhadas de comorbidade vasculares, sem chances de outras intervenções terapêuticas; estrutura óssea destruída e de forma irrecuperável, procedente de doenças vasculares ou traumatismo; tumores malignos ou benignos; deformidades com implicações funcionais e estéticas, que podem melhorar com o uso de prótese. Para Krupski e Nehler (2003), a incidência de amputações no mundo é imprecisa, um dado estatístico difícil de se obter. Os registros carecem de informações mais contundentes sobre o procedimento, revelando, de certa forma, o descaso para com os dados hospitalares, assim como a grande ocorrência desse processo cirúrgico. Apenas no período de guerras havia registros mais precisos dos 13 hospitais militares. Visto como mais uma variável importante, a citar, o aumento da perspectiva de vida, a população tem desenvolvido mais doenças arteriais e diabetes mellitus2, sendo estas doenças as maiores responsáveis por potencializarem amputação de membros na vida de pessoas civis atualmente. Ainda no pensamento de Krupski e Nehler (2003, p. 21), [...] a amputação pode ocorrer em diferentes níveis, como por exemplo: dedos, acima ou abaixo do joelho, nível da perna. O nível é determinado pela avaliação do potencial de cicatrização do membro associado com o potencial funcional para o paciente. Nos dias atuais, a maioria dessas cirurgias são reconstrutivas, pois tem como principal objetivo restaurar o membro do paciente, de forma que o sucesso do procedimento esteja relacionado à revitalização das funções orgânicas, isto é, que o coto se transforme em um membro ou parte útil, para posterior reabilitação (LUCCIA, 2003). Não obstante, Carvalho et al (2005) revelam que o perfil das amputações teve uma mudança considerável nos últimos anos. Isso se deve ao advento dos modernos medicamentos, ao processo de quimioterapia e radioterapia, cada vez mais avançado, à utilização de fixadores externos, como também de câmeras hiperbáricas e às novas técnicas de revestimento cutâneo. Com todo esse progresso/evolução do campo médico, as amputações oriundas de doenças vasculares ainda são as mais frequentes. Existe uma considerável diversidade de motivos que levam ao procedimento de amputação. Apesar do avanço de tratamentos e intervenções, como já citados, algumas situações necessitam desse tipo de processo cirúrgico. Como aponta Krupski e Nehler (2003), outras indicações para amputação incluem uma lesão traumática, como queimadura grave ou acidente, ou um tumor canceroso em um membro. Além do mais, tal procedimento também pode ser realizado no combate às infecções agudas ou crônicas, que não respondem a antibióticos ou desbridamento cirúrgico (remoção do tecido morto ou danificado). Em alguns casos, um 2 A amputação de membros inferiores é uma das principais consequências do diabetes mellitus e das ulcerações nos pés. Os doentes diabéticos têm um risco 15 vezes maior de serem submetidos a amputações de membros inferiores do que os que não têm a doença; 1,7% de todas as internações relacionadas com o diabetes podem ser atribuídas a esse procedimento, e aproximadamente 10% dos custos com os cuidados de saúde dos pacientes diabéticos estão associados às amputações (NUNES et al, 2006, p. 124). 14 procedimento de amputação pode ser realizado devido ao neuroma (um espessamento do tecido nervoso que pode se desenvolver em várias partes do corpo), congelamento ou bloqueio arterial. Segundo Fitzpatrick (1999, p. 23): Prioritariamente as amputações ocorrem por três razões: doenças crônicas, como diabetes e doenças vasculares; tumores benignos e malignos; acidentes traumáticos relacionados a veículos automobilísticos, acidentes de trabalho e assaltos. As amputações decorrentes de doenças vasculares e diabetes atingem mais a população com idade superior a 60 anos, enquanto os jovens passam por esta perda em virtude de tumores e acidentes. Sendo assim, de acordo com O’Sullivan e Schmitz (2004), a causa mais frequente de amputações é por doença vascular periférica3, associada ou não com diabetes, tanto no sexo feminino quanto no masculino, ocorrendo em indivíduos mais velhos, predominantemente acima de 60 anos. Isso porque a falta de circulação é causada pelo estreitamento ou danos às artérias (também conhecida como doença arterial periférica). A doença arterial periférica (DAP) ocorre mais frequentemente em pessoas entre as idades de 50 a 75 anos, geralmente resulta de diabetes ou aterosclerose (acúmulo de placas no interior da parede da artéria). Quando os vasos sanguíneos danificados e o fluxo sanguíneo são prejudicados para as extremidades, o tecido começa a morrer e pode se infectar. Isso mostra que se deve ter uma maior atenção no indivíduo com idade mais elevada, pois as implicações são mais sérias, exigindo um cuidado mais específico no diagnóstico das doenças causadoras desse quadro. Como salienta Carvalho et al (2005), fatores de risco, como tabagismo, diabetes, hipertensão, lipoproteinemia, influenciam o aparecimento e desenvolvimento de doenças vasculares. As amputações de membros inferiores causadas por doenças vasculares periféricas atingem principalmente pacientes com faixa etária mais avançada, os quais estão mais suscetíveis a doenças degenerativas, como a arteriosclerose, resultando, assim, na necessidade de intervenção do procedimento de amputação. 3 O cirurgião vascular desempenha papel fundamental no universo que envolve as amputações nos membros inferiores, pois entre 70 a 80% destas, são realizadas em pacientes com doença vascular periférica e/ou diabetes, exatamente a população tratada por estes especialistas (LUCCIA; SILVA, 2003, p. 1). 15 2.1 Tipos de amputação Existem, segundo Mello (2007), numerosos procedimentos de amputação. A depender do local da intervenção, pode-se ter uma gama de variedade, porém os tipos mais frequentes nas amputações são: Quadro 1 – Tipos mais Frequentes nas Amputações TIPOS DESCRIÇÃO VASCULARES Ocorrem em pacientes com uma faixa etária mais avançada, pois tem maior incidência nas amputações de membros inferiores causadas por doenças vasculares periféricas, os quais estão mais suscetíveis a doenças degenerativas como a arteriosclerose. Durante as atividades as dores aumentam devido a maior necessidade de oxigênio nos músculos. Dentre as patologias vasculares, podemos citar as doenças arteriais, venosas ou linfáticas. NEUROPÁTICOS Inúmeras doenças podem levar à neuropatia periférica, dentre elas estão relacionadas às doenças sistêmicas (diabetes mellitus), distúrbio nutricional (alcoolismo), doenças infecciosas (Hansen e a Pólio) e alterações medulares (trauma medular). TRAUMÁTICOS Acometem principalmente em pacientes adolescentes e adultos jovens, os quais estão mais expostos aos acidentes de trabalho e acidentes por meio de transporte, frutos da tecnologia moderna. Em alguns países ainda há ocorrência de amputações por batalhas e minas perdidas.Podem ser também por armas de fogo, queimaduras severas e descarga elétrica. TUMORAIS Afetam principalmente crianças e adolescentes. Devido aos bons resultados obtidos com diagnóstico precoce, radioterapia, quimioterapia, utilização de endoprótese, enxertos e outras cirurgias conservadoras, o índice de amputações tumorais tem diminuído. INFECCIOSOS Em vista dos grandes avanços laboratoriais e do desenvolvimento de medicamentos mais específicos, a ocorrência da mesma tem sido menos frequente. As infecções estão relacionadas a processos traumáticos e vasculares e também a meningite meningococcica, caracterizada por lesões cutâneas importantes que podem causar necroses das extremidades. CONGÊNITOS Apresentam deformidades importantes que podem impossibilitar a proteção ou dificultar a função do membro residual. Para que haja uma maior aceitação por parte do paciente e uma melhor reabilitação, este tipo de amputação deve ser realizado nos primeiros anos de vida. LATROGÊNICOS Estão associadas a complicações adquiridas pelo paciente durante o curso do tratamento. Fonte: MELLO, 2007, p. 17 16 AMPUTAÇÃO TRANSFEMORAL Pode ser dividida em três níveis, ou seja, amputação transfemoral em terço proximal, médio e distal. Podem ser causadas por patologias vasculares, processos traumáticos, infecciosos e neoplásicos ou anomalias congênitas. O coto tende a apresentar uma deformidade em flexão e abdução do quadril. Os pacientes apresentam durante a marcha um gasto energético 65% maior que cidadãos não- amputados. Fonte: MELLO, 2007, p. 19 – 21 2.2 Amputações Traumáticas de Membro Inferior Apesar de todos esses níveis, existe uma incidência muito grande desse processo cirúrgico em uma parte do corpo do paciente. Como sinaliza Carvalho et al (2005), quase 85% das cirurgias de amputações são realizadas no membro inferior4. As amputações decorrentes de problemas de doenças crônico-degenerativas ocorrem, em sua maioria, em idosos, e as por lesões traumáticas5 acometem o sexo masculino, com idade inferior a 50 anos, jovens e crianças, significativamente. Por isso que a grande quantidade dos trabalhos acadêmicos existentes que versam sobre amputação está relacionada aos membros inferiores. O principal objetivo do procedimento de amputação, ou mais especificamente a cirurgia, é a retirada do membro lesionado para que o paciente recupere a funcionalidade dos seus processos orgânicos vitais, na região afetada. Segundo Mello (2007), a tática cirúrgica deve ser planejada prevendo assim, um determinado processo de reabilitação. Após a amputação do segmento corporal do paciente, cria- se um novo órgão de contato com o meio exterior, o coto de amputação, proporcionando um processo de readaptação corporal e motora. Isso só será possível com o exame clínico, o qual definirá o nível de amputação, através da medida da temperatura e avaliação da cor da pele, 4 Nos últimos anos, o pé diabético vem sendo discutido por muitas organizações e instituições no mundo inteiro, com atenção especial para alterações na abordagem e tratamento, a fim de conseguir uma redução de 50% no número de amputações, meta acordada na Declaração de São Vicente sobre o cuidado do diabetes na Europa. Essa declaração estabelece objetivos para controlar a doença, reduzindo suas principais complicações, dentre elas o pé diabético, e procura diminuir o impacto previsto da doença mediante a promoção da saúde, a medicina preventiva e uma atenção de melhor qualidade (NUNES et al, 2006, p. 124). 5 São caracterizadas amputações traumáticas as que ocorrem em decorrência do comprometimento vascular e as que impedem a reconstrução do membro ou o restabelecimento adequado da função (MELLO, 2007, p. 22). 17 distribuição dos pelos, presença ou ausência de pulso periférico, presença ou ausência de perfusão distal (sinal de compressão), extensão da necrose superficial nas áreas ulcerosas, presença de áreas com alterações sensitivas e o índice isquêmico nos membros superiores e inferiores (MELLO, 2007). 2.2.1 Amputações Transtibiais Como salienta Carvalho (2003 apud MELLO, 2007, p. 22-23): Este tipo de amputação tem como nível ideal a junção músculo- tendínea dos gastrocnêmios. A preservação da fíbula é importante para a prevenção da rotação da prótese. Quando o coto tibial é mais curto, pode ser necessária para dar melhor forma ao coto e evitar áreas de ulceração, a ressecção da cabeça da fíbula e a reinserção dos ligamentos colateral e das estruturas anexas na tíbia. Portanto, diferentemente de outras amputações, nas amputações transtibiais eletivas é utilizada a técnica osteoperiostoplastia, que consiste na formação de um túnel periostal unindo a tíbia à fíbula, esta permite o apoio distal completo, melhorando a distribuição de carga no coto, facilitando a propriocepção, impedindo, a migração da fíbula para trás da tíbia e, também melhorando a circulação local (MELLO, 2007). 3 A AUTOIMAGEM DO AMPUTADO 3.1 Reconstrução da imagem corporal O corpo é a representação da identidade corporal, o que chamamos imagem corporal (TAVARES, 2003): O corpo registra e assimila vivencia, bem como sofre marcas do tempo. Muitas vezes a representação interna de nosso corpo, nossa imagem corporal e a imagem fornecida pelo espelho não coincidem, bem como a imagem nossa falada pelo outro. O corpo pode ser objeto de prazer, prazer de ver (schaulust), mas também de sofrimento, de angústia de satisfação autoerótica, ou de vergonha (CAMPOS, 2007). 18 De acordo com Dalgallarondo (2008), “define-se imagem corporal ou esquema corporal como a representação que cada indivíduo faz de seu próprio corpo”. A imagem inconsciente do corpo, substrato do psíquico inconsciente [...]. Ultrapassa o real do corpo e começa a marcar-se por traços, através de percepções sutis, constituindo os primeiros significantes. Trata-se de um traço estrutural da história emocional de cada ser humano, gravado a partir de suas percepções sutis com os outros, que são significativas para cada um. É uma expressão inconsciente, a partir do qual é elaborada toda expressão do sujeito (CABRAL, 2001 apud LIMA e LEÃO, 2004). Do ponto de vista psicanalítico, a imagem corporal é construída através da interação entre o ego e o id, em interjogo contínuo das tendências egoicas com as tendências libidinais (FREUD, 1927/1997). Freud (1927/1997) destaca a importância da conexão do indivíduo com seu corpo, relatando que para que o corpo se apresente como imagem em nossa mente, é preciso que ele exista para nós como objeto concreto e significativo. Existe uma profunda relação entre imagem corporal, corpo, representações mentais, identidade corporal, cultura, estímulo e outros. A imagem corporal se desenvolve através da síntese de sensações que derivam dos inúmeros contatos físicos entre a criança e os pais. No início da vida, a identidade que possuímos é basicamente corporal, sendo determinante para a formação de uma imagem corporal adequada à qualidade do contato físico estabelecido entre mãe e filho. Esse contato físico determinará o sentimento da criança em relação ao seu corpo e suas respostas em relação à vida (LOWEN, 1979). Segundo Schilder (1940), para desenvolver a imagem corporal são necessárias referências sobre o próprio corpo: vivenciar as sensações corporais e torná-las concretas. Essa integração pode permitir ampliar o contato interno e facilitar a adaptação ao mundo externo. As sensações corporais asseguram a construção da imagem corporal. Do ponto de vista de Marleau-Ponty (1994), o “corpo próprio” ou o corpo vivido” é aquele que, através do sensível, exerce a comunicação vital com o mundo, sendo esse aquilo que se vive e não o que se pensa. 19 Boemer e Chini (2007) relatam que em uma pessoa amputadaessa relação do corpo com o mundo é alterada, pois é interrogada no corpo, uma parte que não mais existe e que silencia. Como afirma Boccolini (2000), a imagem corporal é uma entidade que depende de autoconstrução, pois acompanha o indivíduo desde o desenvolvimento motor e a estruturação da personalidade, advindo daí a dificuldade do indivíduo enfrentar a si mesmo e aos outros, diante dessa autodestruição, a amputação, necessitando ter uma capacidade de luta interior grande para se obter a reformulação desejada. Corroborando com a ideia do autor supracitado, Tavares (2003) afirma que o desenvolvimento da imagem corporal depende do processo de desenvolvimento da própria identidade corporal do indivíduo, sendo ambos os processos totalmente dependentes da singularidade da estrutura orgânica e do espaço de relações de cada indivíduo. Esse mesmo autor destaca a importância da conexão do indivíduo com seu corpo, relatando que para que o corpo se apresente como imagem em nossa mente, é preciso que ele exista para nós como objeto concreto e significativo. Existe uma profunda relação entre imagem corporal, corpo, representações mentais, identidade corporal, cultura e estímulos. Segundo Barros (2005), a imagem corporal é uma experiência que vivenciamos a todo momento e nunca é verdadeiramente unilateral, busca a diversidade em seus aspectos e se confunde com as imagens alheias, transformando as relações externas com o mudo e sendo transformada por elas. O nível elevado de ansiedade contribui para o aparecimento de distúrbios de autoimagem corporal, “como percepção distorcida e negativa sobre aparência física” (FITZPATRICK, 1999; HORGAN e MACLACHLAN, 2004; WALD e ÁLVARO, 2004 apud GABARRA e CREPALDI 2009). Um estudo realizado por Gallargher e Maclchlan (2001 apud GABARRA e CREPALDI 2009) demonstra que a imagem corporal do amputado causa um desconforto social, pois os pacientes entrevistados relatam que as pessoas direcionam o olhar para o membro faltante para depois olharem em seus rostos. Sentimentos como vergonha, constrangimento e aversão ao próprio corpo, se apresentam em sujeitos submetidos ao procedimento cirúrgico de remoção de um membro (GABARRA e CREPALDI, 2009). 20 De acordo com BENEDETTO et al (2002), a reconstrução de uma nova imagem corporal pode ocorrer de várias formas. A dor fantasma mesmo não sendo a mais eficaz, é uma dessas. Pela sensação de dor o indivíduo nega a amputação e revive a experiência de ter o corpo íntegro. 3.1.1 Distúrbios da autoimagem De acordo com Luccia (2001), marcadas pela falta de um membro ou segmento corporal, as pessoas amputadas trazem inscritas em seus corpos sinais que as identificam como sendo diferentes, não raras vezes, sendo identificados também seres imperfeitos. Para Paiva e Goellner (2008), a amputação revela a morte real de uma parte de um corpo, bem como a morte simbólica de um estilo de vida, de uma forma de ser e de uma identidade. Seus corpos passam a ser desconhecidos, escapam do enquadramento é implícita a diferença. Um aspecto que é muito importante de todo o processo que envolve o indivíduo que pode determinar sua autoimagem e autoestima é o atributo negativo criado pelo paciente, pela sociedade e família. Sendo assim, o paciente pode se sentir fracassado e passar a se ver como as outras pessoas o veem, isso ocorre devido à nossa vida cotidiana, que é demarcada pela vida em grupo. Para entender melhor a identidade, não podemos deixar de lado o estigma que se refere às marcas do indivíduo, além de se referir à sociedade, que tem dificuldade de lidar com o que é diferente (BOCK, 1999). Os relatos extraídos do estudo realizado por Paiva e Goellner (2008), evidenciam que após a amputação os pacientes veem seus corpos de forma desconcertante ou irreconhecíveis, pois o corpo que se apresenta já não corresponde aos padrões tidos como normais e diferenciam da configuração corporal, outrora existente. Como afirma Boccolini (2000), o medo da não aceitação por parte dos outros é um receio sempre presente, que quando verificada sua realidade, deprime e frustra poderosamente o amputado. 21 3.1.2 A dor no membro fantasma A dor é um fenômeno de múltiplas dimensões, rodeada de sofrimento que influencia mudanças comportamentais (SAKATA et al, 2003). A dor do membro fantasma é assim denominada porque se refere a uma dor com localização, por parte dos doentes, em partes do corpo que já não existem (um membro neste caso). Em alguns pacientes, a amputação é uma terapêutica utilizada para alívio da dor, ou seja, o membro afetado e que está causando sofrimento e sensação de dor, não havendo outra medida a ser adotada, a ablação do mesmo, através de procedimento cirúrgico funcionará como alívio e possibilitará uma melhora na qualidade de vida deste indivíduo. Porém, em alguns estudos realizados, muitos pacientes amputados apresentam dor no membro amputado, essa sensação é denominada de dor fantasma. A consciência de dor no membro amputado pode ser amenizada, quando os pacientes são encorajados a expressar o sofrimento causado pela perda, pois tal ação potencializa a elaboração desse acontecimento (FISCHER, 1998; TEIXEIRA et al, 1999). Segundo Quadros (2010), é importante diferenciarmos, dor fantasma, sensação fantasma e dor no coto, para entendermos com exatidão o problema e sabermos quais condutas devem ser adotadas, podendo ser totalmente diferentes umas das outras. São caracterizadas por Quadros, (2010) como: 1) Dor do membro fantasma (DMF) é qualquer sensação dolorosa referida ao membro ausente; 2) Sensação fantasma (SF) é qualquer sensação no membro ausente, exceto dor; 3) Dor do coto é a dor localizada no coto de amputação (também conhecida por dor residual do membro); A dificuldade em aceitar a mutilação, o sonho e o desejo em manter a conformação do corpo incorruptível, são aspectos que contribuem para a sensação fantasma. Desta forma, essa sensação também pode ser entendida como uma tentativa de reintegração corporal Teixeira (1999 apud BENEDETTO, FORGIONE e ALVES, 2002). Boemer e Chini (2007) destacam que o membro fantasma apresenta-se como forma de manter a expressão e fala do corpo. Esse membro ausente torna-se 22 um componente importante, pois é como se os pacientes estivessem corporalmente íntegros. O estudo realizado por Quadros (2010) demonstrou que entre os entrevistados, 73,1% tiveram sensação de dor no membro retirado, porém a prevalência diminui com o tempo. Verificou-se também que a dor no membro fantasma é similar à da pré-amputação. Para Demidoff et al (2007), apesar de não saber ao certo a origem da sensação do membro fantasma, sabe-se que esta é baseada em fatores psíquicos e fatores fisiológicos. É possível inferir que ainda não existe um tratamento específico para tal fenômeno. Entretanto, existem terapias e medicamentos que são utilizados para redução da dor, contudo, têm se mostrado eficazes para cura da dor fantasma e de suas sensações. Desse modo, como não existe ainda uma cura para este fascinante fenômeno, muitos indivíduos precisam se adaptar a essa situação. A dor fantasma, por ser um fenômeno físico, social e psíquico, nos sugere um tratamento multidisciplinar, a equipe deve trabalhar de forma conjunta para reorganização e reabilitação com a participação ativa do paciente (BENEDETTO, FORGIONE e ALVES, 2002). 3.2 As repercussões emocionais e sociais 3.2.1 Reações emocionais Segundo Gomes (2011), a emoção é um estado afetivo intenso, uma reação mental e física, sob a influência de estímulos internos ou externos, sendo tais emoções capazes de nos elevar, nos destruir ou nos paralisar. Boccolini (2000) ressalta que é difícil condensar e separar, didaticamente, as reações que o amputado apresenta frente aos diversos aspectos de seu defeito físico e dos fatoresconcomitantes. De acordo com Carvalho (2003), o ato operatório da amputação é sempre visto de forma negativa pelo paciente, pelos familiares e pela própria equipe de saúde. As repercussões emocionais presentes em procedimentos cirúrgicos são, em sua maioria, angústia, medo e ansiedade. Tratando-se de cirurgia para retirada 23 de um membro, tais emoções se apresentam associadas às possíveis repercussões sociais para o indivíduo (RAMOS, 2012). O processo de amputação causa desorganização na vida do sujeito e várias modificações na sua subjetividade, como eventos traumáticos devido à brusca mudança corporal. Dependendo da idade e do estado de saúde do paciente, este vivencia o medo da morte com a perda do membro e afloram os problemas psicológicos e emocionais, como depressão, ansiedade, estresse, os distúrbios da autoimagem corporal, isolamento social, causados pelo desconforto de como são olhados. Comportamentos como choro fácil, perda de apetite e isolamento, são frequentes em pacientes amputados (RAMOS, 2012). Após a ablação de um membro, o indivíduo submetido a tal procedimento, pode não se reconhecer fisicamente e emocionalmente, sendo tomado por extrema angústia, reverberando em seus projetos futuros e atuais, devido às incertezas quanto às suas capacidades e medo de morrer (MILIOLI et al, 2012). Os casos de depressão no período pós-operatório são frequentes, isto porque a amputação é diretamente associada ao sentimento de perda, “do ponto de vista psicológico, as síndromes depressivas têm uma relação fundamental com as experiências de perda” (HOFER, 1996; DELPINO, 2003 apud DALGALARONDO, 2008). Devemos considerar a amputação não como fim de alguma coisa, mas sim o princípio de uma fase que, se de um lado mutilou a imagem corporal, de outro eliminou o perigo de perder a vida, ou do alívio do sofrimento intolerável, como a dor (BOCCOLINI, 2000). O importante é informar aos pacientes que as amputações, muitas vezes, propiciam uma qualidade de vida relativamente melhor sem dor e sem sofrimento, antes presentes (CARVALHO, 2003). O que foi tirado não deve ser lamentado, mas dar importância ao que restou, vendo a amputação como uma etapa do tratamento, que houve a mutilação de um membro, mas por trás deste membro existe um sujeito vivo, porque a amputação se insere dentro do campo das reações, comuns a todas as perdas, fenômenos que possuem um valor adaptativo, descrito como reação de luto, acarreta ao indivíduo amputado à aceitação e adaptação a morte de uma parte de si e, por consequência, da sua própria identidade individual e social (OLIVEIRA, 2000). 24 O paciente amputado pode utilizar-se de diversas estratégias para se adaptar à realidade e neutralizar sua ansiedade diante do novo estado de seu corpo, pode reagir agressivamente contra tudo e contra todos, pode ficar muito passivo e fugir do contato com os outros, isolando-se cada vez mais, porém, a forma mais sadia de adaptação é procurar meios que satisfaçam às necessidades internas e às exigências externas dos pacientes amputados, reformulando formas de adaptação coerentes com a sua limitação física (BENEDETTO, FORGIONE e ALVES, 2002). Para tanto, a etapa inicial de reintegração corporal e a aceitação do seu novo estado corporal é da necessidade de ajuda externa (RAMOS, 2012). Boccolini (2000) afirma que para os pacientes a amputação constitui-se em uma monstruosidade que aleija e aniquila, destruindo tudo, como se fora uma avalanche que, inexoravelmente, desaba sobre ele. Especialmente para os pacientes jovens, com um futuro ainda não gozado, a ideia de limitação em suas atividades, além da vaidade ferida pela mutilação em sua imagem corporal, são as consequências que tal procedimento desencadeia em sua personalidade, de forma agravante e marcante que altera profundamente suas reações psicológicas para com o meio em que vivem e, especialmente para consigo mesmo. Conforme Kuhn (1997) é logo após a amputação que o indivíduo enfrenta a sua primeira barreira, devido à falta de um acompanhamento psicológico que mostre que é possível ter uma vida normal. Esta barreira é insegurança de não poder voltar a realizar as atividades que outrora realizava, tais como: andar, trabalhar, praticar esportes e entre outras. A segunda barreira é a mais frequente, está relacionada à estética, pois para o amputado seu corpo não se apresenta de forma completa. Como cita Pinheiro e Mattos (2003), algumas destas cirurgias ocorrem de maneira emergencial, sem que o paciente tenha sido preparado para o fato e o ato cirúrgico, como se percebe nas vítimas de trânsito, que de maneira repentina defronta-se com a ausência de um ou mais membros. Quando a amputação de um membro é necessária, a primeira preocupação é com a sua sobrevivência, mas não pode se pode esquecer de associar este fato às emoções, que são extremamente importantes para a sua futura reabilitação (KUHN, 1997). Basta que se saiba avaliar, aproveitar e usar o que restou, ou seja, a capacidade restante, para que as perdas físicas passe para um plano de menor importância (BOCCOLINI, 2000). 25 3.2.2 Estratégias de enfrentamento Não existe uma tradução na língua portuguesa para o termo Coping, porém para muitos autores o termo mais apropriado seria o enfrentamento (LISBOA et al 2002). O Coping é caracterizado por tomar medidas ativas para remover ou contornar determinado problema e seus efeitos (RAMOS, 2012). Este conceito está em evidência nos estudos realizados, pois está relacionado ao ajustamento social e saúde (LISBOA et al 2002). Folkman et al (1986) definiram enfretamento como um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais, utilizado pelos indivíduos, com o objetivo de lidar com demandas específicas, internas ou externas, que surgem em situações de estresse e são avaliadas como sobrecarga ou excesso de seus recursos pessoais. Ainda numa perspectiva cognitivista, Folkman et al (1986) propõem um modelo que divide o enfrentamento em duas categorias funcionais: enfrentamento centrado no problema e o enfrentamento centrado na emoção, sendo que o primeiro visa minimizar o desconforto emocional sentido pelo indivíduo, se este adequar a resposta emocional à situação problema. Já o segundo, visa operar mudanças no ambiente se o indivíduo se controlar ou alterar a situação problema. Para Savoia et al (1996), tanto o enfretamento centrado na emoção, quanto aquele centrado no problema ocorrem em situações estressantes. Sendo assim, Cohen e Lazarus (1979 apud PINHEIRO, 2003) sugeriram que as estratégias de enfrentamento podem reduzir as condições ambientais desfavoráveis e aumentar as possibilidades de recuperação, possibilitando ao sujeito a tolerância e/ou adaptação a eventos negativos. As estratégias de enfrentamento podem ainda conservar uma autoimagem positiva diante da adversidade, mantendo o equilíbrio emocional e um relacionamento satisfatório com as pessoas. As estratégias de enfrentamento têm como objetivo manter o bem-estar, buscando amenizar os efeitos de situações estressantes que, segundo Lima (2005), alguns estudos sugerem a prática religiosa como benéfica na presença de doenças mentais e orgânicas, de forma a facilitar o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e auxiliar no processo de recuperação de doenças. De acordo com Boemer e Chini (2007), quando vivenciada, a amputação implica numa experiência marcada por alterações biopsicossociais, espirituais, 26 repleta de estigmas, decorrentes da deficiência instalada e de sentimentos diversos, convergentes e divergentes, que se entrelaçam e se unem, formando um todo. Conforme Benedetto, Forgione e Alves (2002), aceitar a deficiência física e, consequentemente, a reintegração corporal implica também num movimento psíquico de integração dos aspectos sombrios da personalidade. Porém, este é um processolento, que exige elaboração do luto pela perda do membro amputado; e, a possibilidade deste indivíduo voltar a se amar e a aceitar-se com o corpo agora mutilado, convivendo, assim, com suas limitações e aspectos da personalidade, inaceitáveis até então pelo ego. Para Boccolini (2000), o ser humano, desde a primeira infância, procura sempre executar atividades físicas sem que isto seja solicitado ou a isso seja obrigado. Esta aspiração se manifesta pelo engatinhar, sentar, pegar objetos. Mais tarde, na adolescência, corre, brinca, pratica esportes. Além dessas atividades, existem outras que não são tão essenciais como: segurar um copo de bebida em uma festa, dançar, subir em lugares difíceis. Todas essas atividades produzem e dão resultado, prazeres e satisfações de necessidades psicológicas. Com amputação estas atividades estarão limitadas conforme a extensão. Desta forma, não haverá atividade física completa e satisfação psicológica resultante dela. Benedetto, Forgione e Alves (2002) afirmam que a etapa inicial de reintegração corporal e aceitação do seu novo estado necessita de ajuda externa. Carvalho (2000) relata que o sucesso do processo de reabilitação não depende apenas da equipe multidisciplinar, mas também da aceitação do sujeito quanto ao seu estado, colaborando com a reabilitação. De acordo com Leitão A. e Leitão V. (1995), o paciente deve ser informado acerca da amputação para que o mesmo possa avaliar suas perspectivas futuras e possibilidades de enfrentar as dificuldades, bem como compreender os pontos positivos da cirurgia. Boccolini (2000) assegura que é necessário respeitar e ter habilidades para fazer o paciente compreender que ainda há, para ele, uma melhora significativa em sua vida e não é o fim de tudo. 3.2.3 Importância das Relações Sociais Para Nogueira (2001), a necessidade e a importância das relações sociais podem ser observadas ao longo de todo o ciclo vital. Partindo desse pressuposto, as 27 pessoas buscam relacionamentos sociais que confirmem suas autopercepções. No caso específico das pessoas que passam por amputação de membros, o apoio social pode tornar-se mais significativo, uma vez que o indivíduo se sente mais amado e estimulado com sensação de controle sobre sua própria vida. Paiva e Goellner (2002) relatam que para o paciente amputado falar sobre o corpo amputado é uma tarefa difícil e nomeá-lo deixam aparentemente mais visíveis as diferenças e imperfeições. Os indivíduos precisam aprender a dominar seu corpo, renunciando a gratificação imediata a seus desejos mais simples, como ficar em pé sem as muletas. Esse controle sobre seus corpos não se dá sem uma série de sentimentos ambíguos: amor e ódio, desejo e repulsão, cuidado e descuido com o corpo. Boemer e Chini (2007) descreveram a amputação como boa e ruim alegre e triste, feliz e infeliz, fácil e difícil, pois existe a perda de parte do corpo, mas existe o retorno a vida. De acordo com Neri (2004), a satisfação com a vida é uma das medidas de bem-estar subjetivo, que reflete avaliação pessoal do indivíduo sobre determinadas domínios. Um aspecto essencial do bem-estar é a capacidade de acomodação as perdas e de assimilação de informações positivas sobre o self (um sistema composto por estruturas de conhecimento sobre si mesmo e conjunto de funções cognitivas que integram ativamente essas estruturas ao longo do tempo e ao longo de varias áreas funcionais). Para Amiralian (1986), a nossa percepção de como somos vistos e avaliados pelos outros se constitui num fator preponderante do autoconceito e do comportamento. Assim, a forma como a sociedade vê e reage, frente aos deficientes, levam pessoas com deficiência a terem comportamentos e reações emocionais desfavoráveis, e isso dificulta no processo das relações sociais e na reestruturação da autoimagem. Segundo Resende et al (2007), o apoio social que as redes proporcionam ajuda mútua, no tratamento de doenças, bem como em qualquer situação, potencialmente a rede social é forte e integrada. Referir-se ao apoio social, fornecido pelas redes, é ressaltar os aspectos positivos das relações sociais, como o compartilhar informações, o auxílio em momentos de crise e a presença em eventos sociais. 28 A perda de um membro resulta em alterações na vida diária, no trabalho, na interação social e no atendimento das necessidades pessoais, as pessoas amputadas não reassumem um estilo de vida completamente normal, o que promove graus de dependência tanto da família quanto dos profissionais de saúde envolvidos no processo (DIOGO, 1997). A vida pode ser satisfatória, com qualidade e bem-estar especialmente quando há disposição para enfrentar desafios da vida. Esse intento fica mais fácil quando a pessoa conta com uma rede de suporte social (FREIRE, 2000). Valla (1999) relata que quando o apoio social diminui, o sistema de defesa é afetado, tornando a pessoa mais suscetível à doença. Em épocas de estresse, como no caso do momento em que as pessoas sofrem amputação de um membro, o apoio social contribui para manter sua saúde, desempenhando função mediadora. Desta forma, permite ao indivíduo contornar a possibilidade de adoecer como resultado deste acontecimento. Por outro lado, o apoio social auxilia no sentido de aumentar a capacidade da pessoa em lidarem com o estresse, contribuindo para a sensação de coerência e senso de controle sobre a própria vida. Estes aspectos apontam para a importância do papel deste apoio na manutenção da saúde, na prevenção de doenças e como forma de facilitar o processo de recuperação do bem-estar e do ajustamento. As limitações impostas pela imobilização influenciam na habilidade com a qual o paciente interage com o ambiente. Assim, a perda de uma parte do corpo pode transformar o indivíduo de independente para dependente, requerendo um processo de avaliação de cada situação, ou seja, do que é capaz ou não de realizar sozinho (DIOGO, 1997. p. 60). Para Resende et al (2007), a amputação de um membro coloca o indivíduo frente a uma multiplicidade de desafios físicos e psicossociais, podendo trazer prejuízos no funcionamento físico, uso de prótese, dor, mudança de emprego ou na ocupação, nas relações sociais, com bem como alterações na imagem corporal e no autoconceito. De acordo com Oliveira (2000), a situação de incapacidade adquirida pode desafiar alguns dos pressupostos básicos sobre o próprio sujeito e demanda uma série de adaptações. De modo geral, os aspectos psicológicos envolvidos podem ser 29 múltiplos, capazes no seu extremo de desencadear reações emocionais que dificulta o processo de resignificação do self. A perda de um membro enquadra-se no campo das reações comuns a todas as perdas, fenômenos que possuem um valor adaptativo, descrito como reação de luto. Trata-se, para o indivíduo amputado, de se adaptar à morte de uma parte de si, e por inerência, da sua própria identidade individual e social. Esse luto tem inúmeros significados, principalmente, no que diz respeito à relação com o outro, pois a sociedade valoriza a imagem corporal e perda da autonomia de suas habilidades, que são ressignificadas a partir daquelas que são possíveis ser exercidas pelo amputado (RESENDE et al, 2007). A necessidade e a importância das relações sociais podem ser observadas ao longo de todo o ciclo vital. Partindo desse pressuposto, a pessoa busca relacionamentos sociais que confirmem sua autopercepção e no momento de sofrimento e angústia como amputação, o indivíduo, mantém como maior enfrentamento, ao encontrar suporte das redes de apoio e sociais (OLIVEIRA, 2000). Segundo Diogo (1997), soma-se às dificuldades a problemática causada pela amputação, além da grande mudança no seu estilo de vida, o amputado enfrenta as incertezas quanto às suas capacidadese às atividades de familiares e amigos, que ficam alteradas. Para Resende et al (2007), fatos como os citados acima desafiam o indivíduo a manter o bem-estar emocional e podem gerar reações inadequadas e conduzi-lo a desajustes psicossocial. Porém, é preciso considerar que as mudanças que são causadas pela amputação, para melhor qualidade de vida e, principalmente, nos aspectos psicossociais e aprendizado de que as pessoas necessitam umas das outras. O suporte social e a rede de relações sociais favorecem o bem-estar de pessoas, com ou sem deficiência, os relacionamentos são particularmente benéficos para a manutenção da saúde mental, pois atendem as necessidades afetivas e emocionais dos envolvidos. É um fator que contribui na perspectiva de um futuro próspero, pois a partir do apoio recebido seja de amigos, familiares e outros grupos de apoio, as pessoas têm a possibilidade de contornarem as situações estressantes (RESENDE, 2007. p.174). 30 Embora os sujeitos amputados enfrentem uma doença física, as questões emocionais e sociais são complexas e mais diferenciadas para cada indivíduo. Por essa razão, se pode constatar que, atualmente, apesar de certas dificuldades, uma porcentagem de pessoas que adquiriram deficiência consegue de forma considerável e satisfatoriamente, resolver as questões de deficiência e incapacidades físicas, desenvolvendo habilidades motoras e sociais que facilitem no reajustamento da vida e melhor enfrentamento (OLIVEIRA, 2000). 3.3 A Psicologia e o Amputado 3.3.1 A importância do papel do psicólogo É sabido que a importância do papel do psicólogo se dá pelo trabalho diferenciado, pelas ferramentas utilizadas, que são atípicas às outras profissões, devido à especificidade nas tarefas realizadas pelo psicólogo, em desenvolvimento de atividades interacionais do indivíduo com si mesmo e com os outros, e aprofunda-se em entender o significado dado às demandas trazidas pelas pessoas e as influências recebidas pelo meio (BECKER et al, 1997). Em diversas áreas de atuação, o psicólogo se depara com pessoas com deficiência, podendo ser visual, auditiva, motora ou mental o que remete na necessidade de um conhecimento amplo sobre as intervenções psicológicas, teorias e técnicas, bem como o saber sobre as deficiências e suas vicissitudes para que possa desenvolver trabalhos com resultados significativos (BECKER et al, 1997). A psicologia pode proporcionar às pessoas amputadas conforto, diminuição da angústia, da ansiedade, do medo, do sofrimento psíquico diante da deformidade aparente. De acordo com Freitas e Cosmos (2010), a maneira como o paciente enfrenta sua própria enfermidade pode dificultar o tratamento, a comunicação e, como consequência, os comportamentos que beneficiem na melhoria da doença e/ou alívio do sofrimento. No paciente amputado, o enfrentamento perpassa a doença, pois existe no contexto a perda do membro. Segundo Fedidá (1984 apud BECKER et al, 1997), a deficiência, de modo geral, é negada, tanto pelo portador, quanto pelas pessoas que convivem, o que leva a reflexões das suas limitações e próprias deficiências de caráter. Baseando-se no fato de que as deficiências são inaceitáveis e as lembranças fazem ressurgir 31 angústias de castração, destruição e desmoronamento, a pessoa deficiente se sente sobrevivente de uma catástrofe e, nesse momento, a psicologia pode propiciar o caminho de reestruturação do indivíduo, por meio da escuta diferenciada e do trabalho com os conteúdos trazidos pelo paciente. Quando um paciente é acometido pela amputação, o psicólogo precisa desenvolver audição e visão dilatadas para ir além dos aspectos físicos, sociais e mentais do indivíduo, para que possa perceber as repercussões psicossociais causadas pela amputação com base no tipo de amputação, sua intensidade, extensão, época de incidência, estratégias de enfrentamento e ajustamento (BECKER et al, 1997). O culto do corpo perfeito, tão em voga na sociedade atual, é um dos fatores invocados para o impacto negativo que a amputação provoca na segurança pessoal e na autoestima dos doentes, complexificando todo o sistema relacional dos sujeitos (OLIVEIRA, 2000, p. 443). Na cultura ocidental existe um culto ao corpo muito forte, qualquer mancha repercute na vida do indivíduo de forma negativa, por conta da representação e valorização da imagem corporal. Assim, o paciente amputado apresenta uma desestruturação no modelo do corpo, recorrente de um procedimento cirúrgico por uma necessidade extrema (LIMA e LEÃO, 2004). De acordo com Trucharte (2010), quando o indivíduo é acometido por alguma patologia e/ou procedimento clínico-hospitalar, o mesmo perde tudo aquilo que marca sua singularidade, para ser examinado ou tratado. Sabe-se que a intenção da equipe de saúde, geralmente, é fazer o melhor pelo paciente, porém as medidas realizadas, os procedimentos, são invasivos, levam os pacientes a ficarem vulneráveis, causando desconforto. Trucharte (2010) destaca ainda que por mais que um procedimento cirúrgico seja simples, houve corte de pele, causa sofrimento e existe perda real, pois em qualquer cirurgia sempre há perda da integridade do corpo. A pele é cortada e nunca será a mesma, o que leva alguns pacientes a agirem desfavoravelmente, dependendo do significado específico que a pessoa atribui à parte afetada. Diante da complexidade da amputação, o psicólogo necessita compreender as vivências, medos, angústias, ansiedades, contexto de vida e a percepção que o 32 paciente tem de si mesmo e da doença, para que o trabalho tenha êxito e os pacientes sejam beneficiados (FREITAS e COSMOS, 2010). O psicólogo precisa estar atento a essas nuanças, pois os procedimentos, principalmente cirúrgicos, causam desagregações em todas as áreas da vida do indivíduo, e no que se refere ao psíquico, uma sobrecarga, por conta dos medos, das ansiedades e angústias que giram em torno da situação. É importante ter um suporte psicológico para estruturar os pensamentos, as crenças, com o intuito de diminuir o sofrimento (OLIVEIRA, 2000). Segundo Freitas e Cosmos (2010), o indivíduo se constrói através das interações com o meio, ao longo de sua vida. A partir desse pressuposto, podemos afirmar que os padrões de comportamento são formados como respostas às situações, na tentativa de se proteger ou se esconder dos sentimentos e emoções, mecanismo de defesa, de forma consciente ou inconsciente, que quando deixa de ser compensatório, leva a graus de ansiedades e depressão. De acordo com Gazzoni (2009), para aceitação da perda física por parte do paciente é necessário que este passe por vários estágios que compõem o processo elaborativo do luto que se divide em: negação, raiva, barganha, depressão, e aceitação. Os pacientes utilizam como mecanismos de defesa alguns fatores, como citados por Kübler-Ross (2000): A negação tende a ser uma defesa temporária, mas diante do equilíbrio psíquico do paciente, mostra-se estritamente necessária. Este primeiro estágio será logo substituído por uma aceitação parcial da nova realidade. A raiva, por sua vez, substituirá a negação, dando vez aos sentimentos de revolta, inveja e de ressentimento, tendo a pergunta “Por que eu?”, como principal fonte de sua amargura. Depois deste período, o paciente tentará barganhar dentro da sua atual situação, adiar o que já não tem volta. A depressão surgirá quando já não há mais nada o que fazer, onde a perda é inevitável, perceber esta realidade, nua e crua, traz sofrimento e dor psíquica ao paciente. Por fim, a aceitação, que não pode ser confundida com um estágio de felicidade, mas sim, como mais uma etapa do processo de reconstrução da identidade, onde já não há mais o desespero e nem a negação da realidade. 33 De acordo com Freitas e Cosmos (2010), é importante que o psicólogo estejasensível diante de tais reações e defesas, das quais talvez os pacientes não tenham consciência e que estão relacionadas ao sentimento de grande perda. Já para Trucharte (2010), o psicólogo, com pacientes amputados, deve ficar mais atento aos mecanismos de defesa, que pode ser um processo de negação ou de compensação do sentimento, a partir da construção psíquica do paciente ao longo de sua história de vida. A preocupação básica do serviço de psicologia é buscar o aprimoramento da qualidade de vida dos pacientes. Compete ao psicólogo possibilitar ao paciente, interagir com objetos internos e externos, atuando como um facilitador das dificuldades e das necessidades psicológicas e emocionais do paciente que padece com o parecer favorável à amputação do membro. A psicoterapia deve auxiliá-lo a adaptar-se do trauma emocional, possibilitando uma melhor recuperação e integração sócio familiar (LIMA e LEÃO, 2004. p.22). Para dinamizar a funcionalidade da psicologia nas pessoas amputadas, é importante compreender as limitações, bem como, a compreensão das condições afetivo-emocionais, ocasionadas pela amputação, a partir do pressuposto de que existe uma perda orgânica, que por diferentes razões esses indivíduos vieram adquirir uma deficiência. Existe uma perda irreparável, com uma série de significados e subjetivações (BECKER et al, 1997). 4. DISCUSSÃO Com esta pesquisa, chegamos à conclusão que a autoimagem do amputado e as repercussões psicossociais, bem como o papel da Psicologia, tomaram outra dimensão e o entendimento sobre estas questões se ampliou de forma significativa. Avaliando a percepção dos principais autores citados neste trabalho, ficou evidente a relação entre a amputação e a elaboração da perda de um membro, suas repercussões emocionais e sociais, enfrentamento, a nova autoimagem e a importância da equipe de saúde, principalmente do psicólogo no processo terapêutico de cura. A escolha desse tema pra a pesquisa teve como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o assunto, a fim de que pudéssemos entender que a 34 amputação transcende à perda física de um membro do corpo. Envolve fatores emocionais e sociais que devem ser considerados na avaliação. A amputação significa retirada, geralmente cirúrgica, total ou parcial de um membro do corpo (CARVALHO, 2000). A palavra “amputação” infunde temor. A mutilação, via de regra, apavora o paciente e produz uma sensação de derrota. (BOCCOLINI, 2000). A crise que a mutilação instala no paciente pode vir acompanhada por uma sensação de um futuro sombrio ou até mesmo inexistente. A amputação causa desorganização na vida do sujeito e várias transformações em sua subjetividade. Quando há um diagnóstico de amputação, as primeiras reações são de desespero, temor – “vou ser amputado, vou morrer”. A vida se fragiliza, neste momento, se torna mais real a possibilidade de culminar com a morte. A amputação, mesmo sendo necessária para salvar a vida do paciente, é de difícil aceitação. De acordo com Novaes (1975), qualquer deficiência física pode afetar a imagem corporal do sujeito. No caso dos pacientes submetidos à cirurgia de amputação, esta imagem é afetada em decorrência da mutilação sofrida, de modo que esses pacientes podem sofrer uma alteração brusca em sua imagem. Muitas vezes, o sujeito se mantém fixado à sua imagem antes da doença e não consegue ajustar-se ao seu novo estado físico, manifestando dificuldade em reconstruir sua imagem corporal. O impacto ao receber o diagnóstico representa o início da crise emocional. A não aceitação da ideia de amputação e a preocupação com a nova imagem corporal, angustia profundamente o paciente. É evidente que é através do corpo que o indivíduo se estabelece no mundo e a imagem corporal está ligada ao sujeito e à sua história de vida. A readaptação física e social pode acontecer, a despeito das dificuldades emocionais, que segundo Gabarra e Crepaldi (2009), é um processo doloroso, acompanhado de tristeza, que pode levar à depressão, com sentimentos de angústia, medo e desesperança quanto ao futuro. Estas diferentes reações psicológicas diante da alteração física devem ser tratadas pelo psicólogo de maneira diferenciada, pois cada sujeito manifesta reações psicológicas e comportamentais, de acordo com sua maturidade emocional e histórico de vida. 35 Segundo Kubler-Ross (2000), para a aceitação da perda física por parte do paciente, é necessário que este passe por vários estágios que compõem o processo de elaboração do luto que se divide em negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Para a aceitação da perda física e elaboração da nova imagem corporal é preciso que o sujeito inicie seu processo de luto. Entrando em contato com sua subjetividade e a sua nova realidade, é possível elaborar sua perda física. É necessária esta elaboração para refazer psiquicamente sua autoimagem. Conforme Oliveira (2000), o processo de luto estará finalizado quando o paciente amputado for capaz de aceitar a sua diferença e de obter exultação pessoal, dentro dos limites impostos pela sua deficiência. Conforme salienta Campos (1995), é necessário que o psicólogo estimule o paciente a conhecer sua potencialidade e perceber a relação com suas atitudes e suas próprias experiências, sua doença e suas reações no seu contexto de vida, fortalecendo suas possibilidades pessoais de enfrentar e lidar com as situações de crise, buscando evitar ou aliviar o sofrimento psicológico que causam. É neste momento que o psicólogo vai identificar, por trás da amputação, um indivíduo em sofrimento e procurar entendê-lo diante de suas vivências, medo do futuro, ansiedade, seu contexto de vida, a percepção de si mesmo e da doença, questionando o sujeito na sua formar de pensar antes e depois da amputação. Questões como: quais os seus desejos e projeto de vida? É necessário levar o indivíduo a tomar consciência de seus conteúdos, para que ele mesmo encontre os recursos de que precisa para o enfrentamento. Estimular a autoimagem, autoestima e o autoconceito do amputado são tarefas preponderantes do psicólogo. O paciente deve se conscientizar de que, apesar da amputação, ele continua vivo. O paciente não deve, em momento algum, ser iludido quanto aos resultados no processo de reabilitação. O paciente precisa vivenciar este momento de mudanças e buscar novas possibilidades para superar as dificuldades física, social, psicológica e profissional, para a que a recuperação seja significativa e haja reajuste funcional e participação ativa da pessoa amputada no processo de reabilitação. Campos (1995) ressalta que o psicólogo deve buscar aliviar o sofrimento do paciente, propiciando o falar de si, da doença, da família, de seus medos e fantasias, esclarecendo suas dúvidas. 36 A equipe de saúde, de modo geral, deve estar atenta aos sinais e sintomas de crise psicológica, sabendo que a amputação causa desconforto, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade e insegurança. É necessário ter muita sensibilidade para poder minimizar tais sofrimentos do paciente. Durante esta fase, é importante também encorajar o paciente a encontrar suporte emocional na família e nos amigos. O trabalho do psicólogo torna-se de grande valor para família e principalmente para o paciente amputado, que tem a oportunidade de expressar as suas angústias, medos e incertezas quanto ao futuro. Percebemos que a literatura nesta área é escassa. Há poucos estudos publicados e disponíveis, entretanto, o material encontrado foi suficiente para lançar luz sobre o tema e nos proporcionar uma visão ampla e realista da problemática que envolve o amputado e seus familiares, nos capacitando para atuar, com conhecimento de causa, como membro imprescindível da equipe de saúde na reabilitação do amputado. 37 5 REFERÊNCIAS AMIRALIAN, M. L. T. M.Psicologia de Excepcional. São Paulo: EPU, 1986. BARROS, D. D. Imagem Corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciências, Saúde, v.12, n. 2. p. 547-549, 2005. BARTMANN, M. Enfermagem cirúrgica. Senac, 2010. BECKER, E; et al, Deficiência: alternativas de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. BENEDETTO, K. M; FORGIONE, M. C. R., ALVES, V. L. R. Reintegração, corporal em pacientes, amputados e a dor-fantasma. Acta Fisiátrica, v. 9, n. 2, p. 85 - 89, 2002. BOCCOLINI, F. Reabilitação: amputados, amputações, próteses. 2 ed. São Paulo: Robe, 2000. BOCK, A. M. B; FURTADO O; TEXEIRA, M. L. 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