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ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO DANIELLY CRISTINA ALVES DE LIMA ANÁLISE DOS RISCOS À SAÚDE DOS COLABORADORES NO SETOR DE COPROCESSAMENTO EM CIMENTEIRAS: uso de ferramentas gerenciais e proposta interventiva JOÃO PESSOA – PB 2018 DANIELLY CRISTINA ALVES DE LIMA ANÁLISE DOS RISCOS À SAÚDE DOS COLABORADORES NO SETOR DE COPROCESSAMENTO EM CIMENTEIRAS: uso de ferramentas gerenciais e proposta interventiva Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão da Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, realizada sob orientação da Profª. Ms. Eng. Denise Dantas Muniz. JOÃO PESSOA – PB 2018 L732a Lima, Danielly Cristina Alves de. ANÁLISE DOS RISCOS À SAÚDE DOS COLABORADORES NO SETOR DE COPROCESSAMENTO EM CIMENTEIRAS: uso de ferramentas gerenciais e proposta interventiva / Danielly Cristina Alves de Lima. - João Pessoa, 2018. 183f. Orientadora: Me. Denise Dantas Muniz. Artigo Científico (Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 1. Coprocessamento. 2. Riscos. 3. APR 4. Matriz GUT. CDU - 614 DANIELLY CRISTINA ALVES DE LIMA ANÁLISE DOS RISCOS À SAÚDE DOS COLABORADORES NO SETOR DE COPROCESSAMENTO EM CIMENTEIRAS: uso de ferramentas gerenciais e proposta interventiva Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário de João Pessoa – PB, como requisito para obtenção do título de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. APROVADO EM: ____/____/2018 NOTA: ____________ BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Profa. Ms. Eng. Denise Dantas Muniz ORIENTADORA – UNIPÊ ___________________________________ Prof. Ms. Edvaldo Nunes da Silva Filho EXAMINADOR INTERNO – UNIPÊ ___________________________________ Profa. Esp. Renata Dantas Muniz de Queiroz EXAMINADOR EXTERNO – IESP João Pessoa – PB 10 de Julho de 2018 RESUMO O coprocessamento é um método de aproveitamento de resíduos que visa menor custo econômico para as empresas e a sua utilização vem em uma crescente no decorrer dos anos, seja para a produção de subprodutos para fins secundários ou como fonte combustível para a queima em fornos siderúrgicos e/ou em cimenteiras, dos quais as empresas hoje tendem a maximizar o aproveitamento dos insumos consumidos através da reinserção dos rejeitos dentro do processo produtivo. Com base nesse contexto, foi aplicada a matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) para identificar os pontos críticos de trabalho em relação à atividade exercida e comparar com a Análise Preliminar de Risco – APR – desenvolvido na empresa estudada. Os resultados principais implicam que existe uma convergência parcial das prioridades analisadas por ambas as ferramentas no que se refere ao perigo no setor dos equipamentos de queima dos resíduos, enquanto apresentam divergência principalmente quanto à prioridade da área de prensagem dos resíduos para serem levados aos fornos do clínquer. Palavras-chave: coprocessamento, riscos, APR, matriz GUT. ABSTRACT The coprocessing is a waste exploitation method that goals an optimized economic cost for the enterprises and its usage comes in a crescent over the last years, as for the sub-product manufacturing for secondary destinies or as a fuel source for the cement plants and/or steel ovens, which the enterprises run to maximize the consumed inputs exploitation by the waste reinsertion into the productive process. Based on this context, the GUT matrix (Severity, Urgency and Trend) was apllied to identify the work critical points in relation to the performed activity and compare with the enterprise’s developed Risk Preliminary Analysis – RPA. The main results imply that there is a partial convergence on the analyzed priorities by both tools about the waste burner devices’ sector perish, while present a main divergence about the priority in the waste pressing area directed to the clinker’s ovens. Keywords: co-processing, risks, RPA, GUT matrix. 6 1 INTRODUÇÃO Devido ao crescimento econômico, populacional e aos avanços tecnológicos, há um aumento na geração de resíduos e, consequentemente, a busca por alternativas adequadas para a sua gestão. Com os avanços tecnológicos somados a uma política de consumo acelerado, muitos produtos são descartados antes mesmo do fim de sua vida útil. Além disso, a produção agrícola, industrial e de serviços dos diferentes setores econômicos também tem gerado uma quantidade elevada de resíduos no Brasil e no mundo. A lei 12.305/2010 que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) tem feito com que as empresas assumam responsabilidades sobre os danos ambientais que seus processos gerem. Tais responsabilidades incluem o impacto ambiental provocado pelos resíduos gerados no processo produtivo. Levando em conta o constante crescimento populacional e o acelerado desenvolvimento dos setores industriais, torna-se necessário buscar soluções e inovações para o manejo e destinação final adequada dos resíduos sólidos gerados. A opção de se reutilizar resíduos como matéria-prima para outras indústrias pode ser uma possibilidade interessante, podendo estar reduzindo gastos financeiros e de impactos ambientais. Na atualidade, são crescentes as discussões que englobam o papel das empresas na sociedade, bem como são crescentes as sucessivas pressões por formas mais transparentes, humanas e éticas de conduzir os negócios (VAN MARREWIJK, 2003). Com base nesse pensamento as grandes indústrias têm procurado se firmar com uma imagem que as caracterize responsáveis e sustentáveis. A partir da abordagem realizada, o presente artigo tem como objetivo Identificar os riscos que o coprocessamento pode trazer para a saúde do colaborador, quando utilizado o método de coprocessamento em fornos de clínquer de cimenteiras no Estado da Paraíba, onde foram implantados vários polos cimenteiros, proporcionando um aumento considerável do nível de desenvolvimento econômico. Visando as inovações tecnológicas e o processo sustentável se adequando a utilização de resíduos diversos, como os originados da indústria calçadista, da indústria do plástico e do descarte de pneus inservíveis, conforme portaria da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) 08/2000 e legislação subsequente, como 7 parte do processo trazendo impactos significativos na área estudada. Com base na legislação verificando se os processos estão de acordo com os padrões aceitos pela norma, bem como propor soluções que minimizem a exposição do colaborador diante deste processo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 COPROCESSAMENTO De acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 264/1999, que dispõe sobre os procedimentos e os critérios específicos do coprocessamento, que é definido como sendo uma técnica de utilização de resíduos sólidos industriais a partir do processamento desses, com o objetivo de substituição parcial da matéria-prima e/ou de combustível, como por exemplo, no sistema de fornos de produção de clínquer, no asfalto de rodoviase ferrovias, quadras esportivas, indústria calçadista, Autopeças. O termo "coprocessamento" em estudo estabelece a junção de dois processos: a queima de resíduos sólidos industriais que seriam descartados em aterros sanitários e a fabricação de determinados produtos que requerem altas temperaturas em seus processos produtivos. Isso ocorre principalmente com as indústrias de cimento. Segundo a Resolução CONAMA nº 316/2002, o coprocessamento de resíduos industriais é a reutilização de material ou substância inservível ou não passível de outro aproveitamento econômico, resultante de atividades industriais, urbanas, agrícolas, etc., em processos de tratamento térmico cuja operação seja realizada acima de 800°C. A Resolução CONAMA nº 264/1999, Cap I, art 5º enfatiza que no coprocessamento de resíduos em fornos de produção de clínquer deverá ser feito de modo a garantir a manutenção da qualidade ambiental, evitar danos e riscos à saúde e atender aos padrões de emissão fixados. O monitoramento é um ponto levado em consideração em todo o processo. É importante destacar que para a queima de resíduos em fornos de clínquer, a fábrica de cimento deverá apresentar todas as condições técnicas e ambientais para atender aos padrões de emissões exigidos. Nesse sentido, deverá possuir: linha de produção moderna; processo de fabricação estável, regulado e otimizado; dispositivos altamente eficientes de retenção de material particulado e de lavagem 8 de gases gerados na combustão; e queimadores especialmente projetados para os diversos tipos de combustíveis (BRASIL, 2005). Em termos legais, as principais normas federais para controle de emissões dos fornos de cimento são a Resolução Conama nº 264/99, e a Resolução Conama nº 316/02, que dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos. Outra lei relevante para a prática do coprocessamento é a Resolução Conama nº 258/99, que dispõe sobre o manejo adequado de pneus e estipula a responsabilidade compartilhada entre os fabricantes e importadores desses materiais, bem como os distribuidores, os revendedores, os reformadores e os consumidores finais, para coletar e dar destinação final correta. Os resíduos industriais possuem natureza diversificada e correspondem, por exemplo, a pneus inservíveis como citado anteriormente, solos contaminados, refilas de couro, poeira de jateamento, aparas de calçados, tiras de borracha, blends e resíduo de areia. Esses detritos, após serem incinerados, substituem as matérias- primas não renováveis que participam da fabricação do cimento, tais como argila e calcário, preservando, assim, as jazidas dos recursos naturais (VOTORANTIM CIMENTOS, 2015). Acerca da produção mundial de cimento, observou-se um grande destaque para o papel da China e da Índia, que juntas representam cerca de 50% da produção mundial, valor justificado pelo crescimento dessas duas economias nos últimos anos. Vale ainda ressaltar que o Brasil aparece entre os 15 maiores produtores mundiais de cimento. (TOSTA et al; 2007). Segundo os autores, o coprocessamento de resíduos é cada vez mais utilizado, uma vez que essa prática atende a dois aspectos bem atuais, que são o apelo energético e o ambiental. 2.2 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO A segurança no trabalho pode ser estendida como sendo uma ciência que estuda formas, tecnologias e meios de desenvolve trabalhos com segurança. Devendo ter uma utilidade na corporação só assim, será encarada com prioridade por todos os colaboradores (DUPONT, 2010). Zocchio (2002), explica que a segurança do trabalho, é um molde amplo de prevenção que une duas situações de concordância das ações e medidas preventivas: os acidentes do trabalho e as doenças ocupacionais. Complementando 9 o que traz Zocchio, Lago et. al (2004), no momento em que o pensamento de prevenção de acidente do trabalho é comentado, é necessário que seja considerado também a prevenção de doenças ocupacionais, dois prejuízos com algumas marcas em comum que atentam com igualdade por seus fatores humanitários, sociais e econômicos. Assim, a segurança do trabalho é um agrupado de precauções e atitudes utilizadas na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais nas atividades desenvolvidas na empresa. As ações são essenciais para uma boa conduta do colaborador, a empresa deve fazer sua parte proporcionando um ambiente satisfatório, enfatizando a importância da saúde e segurança do trabalho. Cardella (1999) comenta que a visão simplicista do homem deve ser substituída por uma visão abrangente, onde o acidente de trabalho é visto como um fenômeno de natureza eclética e multicausal, decorrente de interações complexas entre vários fatores. O progresso alcançado pela segurança nos dias atuais é fonte de muita luta e mudanças de paradigma, hoje veem uma mudança de comportamento de ambos os lados empresa x colaborador, identificando comportamentos e condições de riscos para intervindo, corrigi-los. 2.3 RISCOS E PERIGOS O risco é incerto, mas esperado, que ameaça de dano a pessoa ou coisa. O perigo é a situação que profere um mal para alguém ou para alguma coisa (FISCHER et al, 2002). Em síntese o perigo esta relacionado ao ambiente do indivíduo e os meios que ele usa para desenvolver suas atividades. Já o risco remete a probabilidade de que essas fontes de perigo saiam do controle e venham causar o mal. Nos dias atuais, as empresas têm se preocupado não só com benefícios relacionados ao processo de produção e à comercialização do produto, mas principalmente com a cadeia que faz acontecer todo o processo que é a mão de obra direta, o colaborador. Segundo Silva (2012), as empresas devem atuar de forma ampla no mercado, enxergando os impactos que as suas atividades geram na saúde e segurança de seus trabalhadores, no mercado consumidor, e no meio ambiente. A história da industrialização está diretamente associada à história da mecanização, com a evolução das ferramentas para produção. De forma sucessiva, 10 as atividades exercidas pelo homem com o auxílio de máquina foram sendo substituídas por mecanismos, como aparelhos mecânicos ou eletrônicos, ou genericamente por sistemas automatizados (SERRA et al, 2005). Com essa descrição desenvolvida pelo autor é possível apontar que o processo é acelerado e requer menos mão de obra, menos esforços e consequentemente menos exposição dos colaboradores. O resíduo utilizado no coprocessamento passa por fases de desagregação do material e embalagem, nessas fases estão presentes o perigo que caracteriza-se quanto ao ambiente a que o colaborador esta inserido, podendo causar algum dano físico ou até mesmo a propriedade, segundo Morais (2011). E também nessa etapa existem os riscos que por sua vez, estão presentes e podem ocasionar danos indesejados á sua integridade física, no qual Santos et al (2001) descrevem como contaminação do ar, do solo, fatores ergonômicos e é levado em conta, a depender do resíduo, a ocorrência de contaminação do colaborador. Deste modo, podendo ocorrer doenças profissionais que são entendidas por serem desencadeadas pelo exercício do trabalho e/ou acidente de trabalho que conforme a lei nº 8213/91, em seu art.19, dispõe que, "é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho, provocando lesão corporal, perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho". Como as etapas da atividade ocorrem próximo ao forno, algumas doenças podem ser provocadas através do processo de queima dos resíduos. Para Ciocci (2004), a alta temperatura e umidade do ar reduzem a capacidade do corpo humano de manter sua temperatura interna correta. Exposições a esse tipo de ambiente podem causar cãibras, desidratação, esgotamento,fadiga e até danos ao cérebro, podendo chegar à morte. 2.4 FERRAMENTAS GERENCIAIS DE RISCO 2.4.1 APR A APR é uma analise inicial qualitativa, durante a fase de concepção de um novo sistema, processo ou produto, com o objetivo de se eliminar os riscos que poderão aparecer durante a fase operacional. Esta ferramenta é utilizada na identificação de fontes de perigo, no levantamento de suas consequências e para propor medidas corretivas. Sua técnica tem aplicação simples, sem muito 11 aprofundamento técnico, o que acaba resultando em tabelas de fácil leitura (MATTOS et al. 2011). Segundo Moraes (2010), a APR é uma técnica estruturada voltada para a identificação dos perigos presentes em uma Organização, com efeitos indesejáveis e pode ser aplicada em instalações na fase inicial de obra, nas etapas de projeto ou mesmo em unidades em operação. Devendo os resultados ser acompanhados com registro em planilha de fácil compreensão, como mostra o modelo do quadro 1. Quadro 1: Modelo de APR. Fonte: BENITE (2004) CATAI (2014) sugere os seguintes questionamentos ao preencher uma APR: • O que pode acontecer de errado? • Com que frequência isto pode acontecer? • Quais as suas consequências? • Precisamos reduzir riscos e de que modo isto pode ser feito? Essas perguntas devem ser respondidas colocando-as na planilha, com base nas escalas de riscos (probabilidade e gravidade). E assim classificar o grau de risco que a atividade esta oferecendo para o colaborador reforçando as medidas cabíveis para eliminação ou atenuação a exposição. O quadro 2 mostra como classificar a escala de riscos. Quadro 2: Escala de Riscos. 12 Fonte: Adaptado de BENITE (2004) Através da ferramenta podemos verificar o que é mais prioritário diante do exposto na APR, já no quadro 3 temos a possibilidade de verificar através dos resultados se está como tolerável, moderado e crítico e fazer um plano de ação. Quadro 3: Avaliação de riscos Fonte: Adaptado BENITE 2004 2.4.2 MATRIZ GUT Segundo Leal et al. (2013, p. 2) a Matriz GUT é uma ferramenta de simples aplicação, pois consiste em separar e priorizar os problemas para fins de análise e posterior solução onde, G= Gravidade a qual consiste em avaliar as consequências negativas que o problema pode trazer aos clientes. U= Urgência consiste em avaliar o tempo necessário ou disponível para corrigir o problema, T= Tendência avalia o comportamento evolutivo da situação atual. É uma ferramenta para tomada de decisões estratégica, podendo ser utilizadas em diversos setores para a tomada de decisões importantes para o processo, no qual “a grande vantagem em se utilizar a Matriz GUT é que ela auxilia o gestor a avaliar de forma quantitativa os problemas da empresa, tornando possível priorizar as ações corretivas e preventivas para o extermínio total ou parcial do problema”. PERIARD (2011). 13 Quadro 4: Modelo Matriz GUT Fonte própria adaptada Após a avaliação faz-se necessário o plano de ação para resolver os problemas informados de acordo com a criticidade. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA A figura 1 apresenta a localização geográfica do objeto de pesquisa, que foi realizada na cidade de Caaporã, situada na região metropolitana de João Pessoa no estado da Paraíba. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população estimada em 2017 foi de 21.872 habitantes, distribuídos em 150 km² de área. O estudo ocorreu na fábrica de cimento como indicado na figura 2. A cimenteira está localizada na Fazenda Catolé, um parque industrial que ocupa uma área de 743 ha. Figura 1: Mapa do Município de Caaporã Fonte: Google Earth 2018 14 Figura 2: Fábrica de Cimentos - Unidade Caaporã Fonte: Google Earth 2018 3.2 PROCESSO REALIZADO A presente pesquisa foi desenvolvida utilizando-se o método qualitativo, valendo-se de observações durante o processo da queima de resíduos no forno de clínquer, como também entrevistas. A pesquisa foi realizada com 04 colaboradores. Esse método foi utilizado para entender de forma acertada as opiniões e motivações por parte dos executantes. A Figura 3 exibe a torre de ciclones e o forno de clínquer, que foram as áreas estudadas, onde ocorre o coprocessamento e os resíduos coletados das indústrias vizinhas são utilizados como combustível para aquecimento dos fornos. Figura 3: Fábrica de Cimentos – Unidade Caaporã TORRE DE CICLONES FORNO 15 Fonte: Google. O resíduo utilizado durante o coprocessamento é entregue por uma empresa terceirizada do ramo de sandálias emborrachadas, tendo em seu processo sobras (tiras de borrachas) conforme figura 4, que são enviadas para a fábrica, sendo utilizado “bags” para facilitar o descarregamento e mantendo a organização no local. A responsabilidade do descarregamento do resíduo é da fábrica. Acontecendo no mínimo duas vezes por semana, a depender da demanda de produção da empresa que envia o resíduo. O colaborador, utilizando uma empilhadeira, faz o descarregamento. Figura 4: Tiras de borracha Fonte: Arquivo Pessoal (2018) O local de armazenamento do resíduo é dotado de área murada, conforme figura 5, com piso de cimento, local identificado, com suporte de combate a incêndio, pois mesmo ficando em área afastada trata-se de material inflamável e requer cuidados quanto a faíscas e áreas quentes. Os colaboradores que adentram nesta área, devem portar os EPI´s indicados nas placas de sinalização. Para executar a atividade de coprocessamento, todos os envolvidos passam por treinamento específico tanto para conhecer o processo, como também conhecer o tipo de resíduo utilizado. 16 Figura 5: Armazenamento dos resíduos Fonte: Arquivo Pessoal (2018) A comunicação é feita através de rádio com frequência destinada apenas para a atividade de coprocessamento, sendo assim, o colaborador responsável pela empilhadeira faz o transporte dos “bags” para o elevador, que fica localizado na torre de ciclones, um por vez. De acordo com a NR 11, o operador de empilhadeira deverá portar crachá com identificação e foto, comprovando que o mesmo está qualificado para exercer a função. Figura 6: Elevador de Cargas Fonte: Arquivo Pessoal (2018) Nesta área da torre de ciclones, os colaboradores que necessitem entrar para executar qualquer tipo de atividade, deverão assinar um livro constando o horário que entrou e quando terminar também deverá colocar a saída e assinar, por se tratar de uma área restrita. Essa medida decorre da precaução de ter curiosos ou pessoas não treinadas neste ambiente. 17 A vestimenta é caracterizada como roupa específica para áreas quentes e todos devem utilizar. Não há medida coletiva para atenuar a temperatura elevada, apenas a indicação é o EPI (Equipamento de Proteção Individual). O colaborador da Figura 7 está utilizando a vestimenta, calça e blusa para áreas quentes, bota de segurança, capacete com jugular, protetor auricular tipo concha, balaclava, luva de proteção, óculos de proteção, respirador. Figura 7: Vestimenta para áreas quentes Fonte: Arquivo Pessoal (2018) A atividade necessita de dois colaboradores por turno, um permanece operando a talha elétrica chamarei de colaborador 1 e o outro ficará nas operações manuais o qual se chamará colaborador 2. Os dois tem a mesma função ajudante. Chegando o resíduo no elevador através da empilhadeira, o colaborador 2 manuseia o elevador para o resíduo subir, ao chegar ele prende o bag na talha elétrica, avisa através de radio para o colaborador 1, este transporta o bag até a entrada do forno, o colaborador 2 ao ver que a posição esta correta abre o bag e o material cai dentrodo forno para a queima. O colaborador 2 deverá esta fazendo o uso de todos os EPI’s obrigatórios para esta atividade, pois a exposição dele é bem maior do que o colaborador 1. O operador de talha elétrica deverá ter o treinamento específico e estar qualificado para exercer esta atividade. 18 Figura 8: Local onde ocorre a chegada do resíduo Fonte: Arquivo Pessoal (2018) 3.3 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS Existem diferentes maneiras que podem ser aplicadas a avaliação de riscos de segurança e saúde ocupacional e meio ambiente das atividades desenvolvidas na organização, valendo-se dessas técnicas o ambiente tende a se tornar mais seguros e eficientes, sendo um fator importante para a empresa. Na cimenteira em estudo, diariamente antes do início das atividades os colaboradores junto com um encarregado ou líder de equipe, fazem o preenchimento da Análise Preliminar da Tarefa – APT, nesse contexto são analisados os riscos presentes no cenário do dia, a prevenção e medidas coletivas para evitar acidentes e melhorar o local de trabalho. Sendo liberada a atividade apenas quando o supervisor da área assina o documento. Segundo Kheyrkhaha at al (2012), a avaliação de riscos é uma minuciosa averiguação do que poderia causar danos no trabalho, logo se deve considerar se foram vistos todos os cuidados e prevenções a esses eventuais danos. Trabalhadores têm o direito de ser protegidos de danos causados por falhas mediante adoção de medidas de controle razoáveis. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO CHEGADA DO RESÍDUO TALHA ELÉTRICA RESÍDUO 19 De acordo com as informações reunidas durante a pesquisa, através das observações e simultaneamente com as entrevistas realizadas com 04 colaboradores que exercem atividade no setor de coprocessamento, obteve-se uma identificação da percepção dos colaboradores em relação a pontos relevantes como grau de escolaridade, função, o uso de EPI, treinamentos, riscos de acidentes, avaliação do ambiente de trabalho e por fim a monotonia das atividades. Por se tratar de uma fábrica antiga, existem problemas com fugas de poeira e todos os colaboradores ficam expostos durante sua jornada de trabalho, podendo vir a desenvolver casos de pneumoconioses, dermatites de contato e irritações diversas das vias aéreas superiores (Ribeiro et al. 2002, p. 1247). Conforme dados coletados a escolaridade dos colaboradores está divide-se da seguinte forma: 01 com fundamental completo, 02 ensino médio completo e 01 superior incompleto. Isso demonstra que na indústria a mão de obra tem um alto nível cultural. Pois quanto maior o grau de escolaridade, maior o nível de entendimento e consciência. A função desempenhada pelos entrevistados são 02 serventes e 02 operadores de empilhadeira. Ambos com até 12 meses na empresa. Quanto ao uso de EPI´s houve divergências na entrevista entre os colaboradores, mesmo que, durante as observações os mesmos estiveram a todo o momento fazendo uso dos Equipamentos de Proteção Individual, 25% acreditam que causam desconforto, incômodo e 75% acreditam que seja de grande importância para evitar acidentes. Para Ramos (2009), os EPI’s são destinados a proteger a integridade física e preservar a saúde do trabalhador. Tendo em vista que todos os colaboradores recebem dos seus empregadores gratuitamente os EPI´s necessários para sua atividade ou quando estão desgastados e necessitam de serem substituídos conforme a Norma Regulamentadora nº06. Quadro 5: Matriz GUT 20 Fonte: própria adaptada Quadro 6: APR do coprocessamento Fonte: própria 2018 Comparando os dados de APR e GUT trabalhados, conforme quadros 5 e 6, é possível observar que o ponto comum referente às prioridades a serem analisadas é em relação às áreas de alta concentração de energia térmica, onde se localizam os principais riscos inerentes à saúde do trabalhador. Destaca-se que a postura inadequada foi considerada dentro da matriz GUT e da APR como baixa prioridade e que a posição na área de pensamento obteve resultados divergentes, já que a matriz GUT considerou de alto grau de risco, enquanto a APR considera como risco médio. Nas funções pesquisadas, verificou-se que existem repetições contínuas, posturas inadequadas, maquinários em condições precárias, cumprir metas entre outras. Podendo desenvolver doenças ocupacionais ou profissionais como lombalgia, Lesões por Esforço Repetitivo/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, LER/DORT, stress. 21 Dentro desta dinâmica, todos que participaram das entrevistas receberam um treinamento de integração, que se trata de um treinamento realizado antes do colaborador iniciar em suas funções. Orientado pela norma interna da empresa, é estabelecida uma carga horária mínima de 06 (seis) horas e deve ser ministrado em horário de trabalho, constando informações sobre os riscos da função, as condições do meio ambiente de trabalho, informações sobre EPC e uso adequado dos EPIs. Os certificados são emitidos somente com a devida constatação do conhecimento dos colaboradores nas normas de segurança e do comprometimento da empresa em orientar os seus funcionários para as questões básicas de segurança. Considerando os riscos de acidentes no ambiente de trabalho, desde os de proporções leves, como escoriações nas mãos, nos pés, perfurações por elementos pontiagudos e projeções de fragmentos diversos, até os acidentes de proporções maiores, como queda por desnível, queda de altura e escadas, atropelamentos. Os entrevistados relatam nunca ter sofrido algum acidente, o que indica a eficácia dos treinamentos e palestras oferecidas pelo empregador vem surtindo um bom resultado e o próprio colaborador já tem consciência disso. Em relação ao trabalho monótono na opinião dos entrevistados se torna exaustivo e enfatizam sobre o desgaste da atividade, tanto os operadores de empilhadeira quanto para os colaboradores que fazem o manuseio do resíduo pela talha elétrica. Os principais sintomas da monotonia são sensação de fadiga, sonolência, lentidão e uma diminuição da atenção. Kroemer e Grandjean (2005) citam que trabalhos monótonos promovem o aumento do absenteísmo e da dificuldade de encontrar colaboradores para o cargo. Experiências mostram que as atividades prolongadas e repetitivas de baixa dificuldade levam a monotonia. De acordo com Lida (2002) há certas condições agravantes da monotonia: a curta duração do ciclo de trabalho, períodos curtos de aprendizagem e restrição dos movimentos corporais. Além de locais mal iluminados, muito quentes, ruidosos e com isolamento social. Como resultado em termos operacionais há a diminuição da atenção, existe o desconforto pelo tempo que permanece em pé, como também pelo fato do mesmo movimento durante a atividade. Pode-se citar como resultado dessas discussões, a NR 17 em seu item 17.1 que visa estabelecer: “parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente” (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2008). 22 5 CONCLUSÃO Considerando o estudo de caso com os questionamentos e as observações durante a atividade de coprocessamento de resíduos em forno de clínquer, conclui- se que os colaboradores, ainda que orientados a participarem ativamente de palestras e treinamentos, com assuntos abordados pertinentes a atividade desenvolvida, ainda existe uma resistência com relação à NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual, mostrando-se na prática de como existe a necessidade de estar lembrando e relembrando da importância desta ferramenta, mesmo que o fundamento do EPI seja exclusivamente para a segurança. De acordo com a entrevista realizada, percebe-se que os colaboradores tem oentendimento que a percepção pode ajudar para que o ambiente de trabalho reduza o nível de insalubridade de acordo com suas próprias ações para um bem estar coletivo do setor, trazendo ideias e melhorias. A empresa dispõe de alguns incentivos como reconhecimentos por melhorias no setor ou até mesmo uma criação de algum dispositivo que possa melhorar o processo, fazendo com que o colaborador que esteja diretamente ligado à atividade perceba o que uma mudança pode minimizar uma exposição ou até mesmo que evite um incidente. Em relação à ergonomia, ao lado da entrada do resíduo tem uma cadeira de apoio, para quando possível o colaborador ficar sentado, trazendo com isso um menor desconforto e não necessariamente ficando de pé todas as horas trabalhadas. E existe também o revezamento entre o operador da talha e o que abre o resíduo quando recebe. Mesmo diante de vários utensílios que servem de apoio para o colaborador, este ainda está passível a situações de riscos, pois existe a falha humana, os fatores emocionais externos, a fadiga, entre outras situações que fogem do controle da empresa. Recomenda-se uma supervisão interna preventiva, promovendo orientações, bem como capacitação periódica para os colaboradores embasada a luz da Análise Preliminar de Riscos aplicada na empresa, aliada a matriz GUT, identificando as prioridades de intervenção do setor de Segurança na prevenção de acidentes de trabalho e evitar danos à integridade física e mental dos colaboradores em situação de risco. 6 REFERÊNCIAS 23 ALVEAR-GALINDO, M.-G.; MENDEZ-RAMIREZ, I.; VILLEGAS-RODRIGUEZ, J.-A.; CHAPELA-MENDOZA, R.; ESLAVA-CAMPOS, C.-A.; LAURELL, A.-C. Risk indicator of dust exposure and health effects in cement plant workers. Journal of occupational and environmental medicine, v. 41, n. 8, p. 654-661, 1999. BENITE, A. G. 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