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A CULTURA DO ALGODÃO 
Disciplina: Culturas Regionais 
Professor: Marcio Claro de Oliveira, Eng. Agr. 
Especialista em Saúde e Segurança do Trabalho. 
 
 
19 DE JULHO DE 2016 
CENTRO TERRITORIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DA BACIA DO RIO GRANDE - CETEP 
Barreiras – BA 
2 
 
1. A cultura do algodão (Gossipium hirsutum) 
- Sistema radicular: Axial ou pivotante; 
- Caule e ramificações: 
a) Ramos simpodiais ou frutíferos – a maioria dos ramos das variedades de hoje é simpodial; 
b) Ramos monopodial ou vegetativo; 
c) Com pêlos ou não – variabilidade genética; 
d) Resistentes à ramulose – glabras – Não têm pêlos; 
e) Com pêlos - Bicudo; 
f) Pontos negros – Gossipol - Substância tóxica produzida pelo algodão; 
 São armazéns de Gossipol - umas variedades têm mais que outras. 
- Folhas – 3 tipos: 
a) Cotiledonares, prófilos, folhas verdadeiras; 
b) Com nectários ou não; 
 - substância açucarada, tem a função de atração de insetos para realizar a fecundação da 
flor, quase toda polinização é feita por abelhas. 
- Flores: Surgimento de flores; 
Só cerca de 25% das flores produzidas vingam. 
- Fruto: 
a) Maçã – antes de abrir; 
b) Capulho – depois de abrir. 
- Semente: 
a) Rica em óleo; 
b) Com ou sem Gossipol 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Cultivares: 
a) Cultivar ideal: 
- Produtividade elevada; 
- Adaptação à colheita mecanizada; 
- Alta qualidade de fibra; 
- Resistência a pragas e doenças – principalmente ramulose; 
 Espaçamento e densidade: 
b)aFatores a considerar: 
- Cultivar; 
- Clima; 
- Fertilidade do solo (quanto mais fértil, mais produtivo); 
- Sistema de cultivo; 
1 
4 
8 1º Ramo frutífero 
 A abertura da 1º flor para a 2º demora 3,5 
dias, da 3º para a 4º entre 8 dias e assim por 
diante, 8 dias nas flores do mesmo ramo. 
2 
5 
9 
3 
7 
12 
6 
10 
11 
2º 
3º 
4º 
5º 
Os números representam as flores. 
3,5 dias 
. 
. 
. 
3 
 
- Sistema de colheita 
- 70 cm a 1,0 m, com 8 a 12 plantas/ metro (depende da altura da variedade); 
- População – 80 a 120 mil plantas / Ha. 
- altas populações – queda de botões florais, flores, frutos novos e apodrecimento de frutos 
(principalmente na região mais baixa que é responsável por 80% da produção). 
- Espaçamento pequeno – aumenta a altura da planta, diminuindo a produção dos ramos baixeiros; 
- Época de semeadura e zoneamento agrícola (outubro a dezembro). 
b) Muito sensível à temperatura – Ideal (18 a 30°C), Limites (14 e 40°C). 
 
 A partir da safra 97/98, para efeito de crédito e seguro agrícola, foi introduzido o 
“zoneamento agrícola” (racionalizar o uso dos recursos naturais e financeiros); 
 Baseia-se na definição das regiões e épocas de semeadura com menor risco de perdas por 
adversidades climáticas. 
- Reguladores de crescimento: (inibem as giberelinas) – são utilizados para facilitar os tratos 
culturais e a colheita mecanizada. 
a) São inibidores do alongamento celular; 
b) Existem fatores do meio que promovem excessivo crescimento vegetativo, que implicam em 
efeitos negativos sobre a produção. 
- DEPENDEM: 
1) População de plantas – altas populações se fazem aplicação; 
2) Cultivar altas deve fazer aplicação; 
3) Época de semeadura; 
4) Temperatura; 
5) Forma de aplicação; 
6) Época de aplicação; 
7) Dose; 
8) Adubação nitrogenada. 
- TOMADA DE DECISÃO: 
1) Fertilidade do solo; 
2) Condições climáticas (um dos principais fatores); 
3) Cultivar; 
4) População de plantas. 
 
- Recomendar em condições favoráveis ao crescimento; 
- Não se recomenda em casos de plantas estressadas; 
- Porque ela sozinha regula seu crescimento 
- PRODUTOS: 
A) Cloreto de Nepiquat (PIX) – 1 a 2 litros/ Ha = 300 a 400 ml/ aplicação; 
B) Cloreto de Chlormequat (TUVAL) – 1 litro / Ha; 
C) Cloreto de Clorocolina (CYCOCEL) – 0,5 litro/ Ha. 
- PARCELAMENTO: Depende das condições climáticas, principalmente das condições de chuva. Os 
intervalos de aplicação são bastante variados entre 8 a 30 dias, observando as condições de 
crescimento da planta. 
 
EXEMPLO: - Em 4 vezes – 10%, 20%, 30%, 40%; 
 - Em 3 vezes – 25%, 35%, 40%; 
 - Primeira aplicação entre 25 a 35 dias – 8º nó; 
 - Pode ser junto com a primeira aplicação de “N”. 
- DESFOLHANTES: Desfolhar é derrubar todas as folhas. 
 
Crescimento das plantas. 
4 
 
- DROPP: 
a) Não pode ter folhas no momento da colheita, porque diminui demais a qualidade da fibra; 
b) Aplica-se o desfolhante quando estiver 80% dos capulhos abertos; 
c) A Região é muito boa para produção de algodão com alta qualidade excelente para exportação. 
 
-DOENÇAS: 
- De plântulas: 
1) Antracnose (Colletotricum gossypii) – fungo 
- Lesões deprimidas pardo-avermelhadas; 
- Tratamento de sementes; 
- Utilização de sementes sadias (certificada e fiscalizada); 
2) Ramulose (Colletotricum gossypii chephlosporioides) – fungo 
- Transmitida pelas sementes; 
- Manchas e enrugamento nas folhas; 
- Acarreta perfurações; 
- Aparência de um envassouramento e porte reduzido; 
- Folhas coriáceas e quebradiças; 
- Rotação de culturas; 
- Sementes tratadas e sadias; 
- Variedades resistentes (fungicidas mais usados THIODAN e CAPTAN); 
- Ataca a planta em qualquer idade da planta; 
- A principal doença. 
3) Mancha de Fusarium (Fusarium oxysporium) 
- Cotilédones e folhas murcham, amarelecem e caem; 
- Sistema vascular descolorido. 
4) Tombamento (Rhizoctonia solani) 
 
- PRAGAS: 
1) Pulgão (Aphis gossypii) 
- Ataque em reboleiras, transmite viroses; 
- Produz substância “mela”, que provoca fumagina; 
- Folhas encarquilhadas, plantas com crescimento retardado (enfezamento); 
- Folhas com bordas curvadas. 
 
2) Curuquerê (Alabama argillacea) 
- Praga exclusiva, tipo mede palmo; 
- Reduz produção de maçãs; 
- Cai a qualidade da fibra. 
 
3) Lagarta-das-maçãs (Heliothis virecens) 
- Penetra nos botões florais; 
- Botões destruídos caem. 
 
4) Lagarta militar (Spodoptera frugiperda) 
- Danifica folhas, ramos, botões e flores. 
 
5) Lagarta rosada (Pectinophora gossypiella) 
- Destrói fibras e sementes; 
- Causa flor em roseta. 
 
5 
 
6) Bicudo (Anthonomus grandis) 
- Principal praga do algodão; 
- Ciclo de 2 a 3 semanas, e a longevidade do adulto é de 20 a 40 dias; 
- Capacidade de sobreviver de até 200 dias; 
- Ataca a flor e maçã; 
- Destrói internamente as maçãs; 
- As maçãs ficam deformadas (e não se abrem normalmente), podendo não formar a fibra; 
- Perda de até 70%; 
- O inseto tem alta capacidade de reprodução (principais danos são causados pelos adultos); 
 
- MIP – Manejo Integrado de Pragas: 
- Época de semeadura (até 20 de janeiro); 
- Plantas iscas; 
- Variedade; 
- Espaçamento e Densidade; 
- Catação de maçãs e botões florais caídos; 
- Controle químico; 
- Destruição das soqueiras; 
- Soqueira – isca. 
 
OBS: Ataques violentos de pragas causam abertura prematura dos capulhos. 
- INSETICIDAS: 
- TRACER – Curuquerê, tripés, lagarta-das-maçãs; 
- LORSBAN – Pulgão, curuquerê, broca, ácaro branco; 
- NOR-TRIN (piretróide) – Curuquerê, pulgão, bicudo, lagarta-das-maçãs e rosada. 
 
- COLHEITA: 
a) Manual: Pequeno produtor é demorado e tem custo alto. 
- 3 a 6@/ dia ±; 
- iniciar quando 60% dos capulhos abertos – inicia e depois faz o repasse; 
- Separar, se possível, o do “baixeiro” – em função da qualidade, porque os de baixo são mais sujos. 
b) Mecânica – Grande produtor. 
- 2 a 3 mil@/ dia; 
- Realizar nas horas mais quentes do dia 
- Em função da unidade nas plumas, diminui qualidade; 
- danifica a fibra, pode quebrar a fibra. 
-Destruição dos restos culturais – Prática obrigatória, devido à incidência do bicudo. 
 
IMPORTANTE: A colheita é feita quando as maiorias dos capulhos estão abertos, ou seja, após a 
aplicação dos maturadores e dos desfolhantes, ficando somente os capulhos (abertos e fechados), 
mas os que não abriram ainda, não compensam esperar sua abertura, porque se demorar muito 
para colher, isto porque, istoporque os capulhos abertos podem cair. 
 
- BENEFICIAMENTO: 
- Separação da fibra das sementes através de processos mecânicos (realizados em superfícies 
ásperas); 
a) Fases do beneficiamento: 1) Recepção; 
 2) Qualificação; 
 3) Armazenamento. 
 
6 
 
-Tecnologia da fibra: (A região tem toda a qualidade de clima para uma fibra de alta qualidade). 
1) Estrutura da fibra: 
- Cutícula externa (a) – Cera; 
- Parede primária (b) – Camada de celulose; 
- Parede secundária (c) 
- E no interior tem o lúmen. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2) Características das fibras: 
- Comprimento (depende da genética (variedade), condição ambiental, manejo da cultura do plantio 
até a colheita); 
- Uniformidade (Diferença entre o tamanho das fibras, ou seja, quanto menor a ≠, maior 
uniformidade); 
- Curta, média, longa, extra longa (28 mm, 29 – 32 mm, 32 – 34 mm, > 34 mm, respectivamente). 
 
3) Maturidade: 
- Espessura da parede (Principalmente a secundária, é ela que vai dar resistência ao fio); 
- Resistência do fio; 
- Fibras imaturas – “NEPS” (ponta de maior deposição de celulose) nos fios e os pontos fracos (não 
tem deposição de celulose). 
- Elongação (Elasticidade da fibra) 
 
4) Fatores do ambiente que influem: 
- Fase crítica = Auge do florescimento até a colheita; 
- Dias chuvosos e encobertos consecutivos (não dá uma boa maturação); 
- Temperatura < 20°C. 
 
5) Fertilidade do solo: 
- P – aumenta o comprimento da fibra; 
- K – melhora a uniformidade do comprimento e aumenta a deposição de celulose na fibra. 
 
2. ALGODÃO ADENSADO: 
A colheita representa um item importante nos custos de produção do algodoeiro. Visando à 
diminuição do custo com colheita (e consequentemente do custo total de produção), uma das 
opções pode ser a utilização do chamado cultivo adensado do algodoeiro, técnica que ainda não 
é amplamente conhecida no país. 
 O espaçamento convencional do algodoeiro gira entre 0,8 a 0,9 metros, podendo chegar até 
0,76 metros, espaçamento mínimo que permite a colheita mecânica da cultura com as atuais 
colhedoras. 
Esquema da fibra 
(a) 
(b) 
(c) 
Lúmen 
7 
 
 O espaçamento do algodão adensado é aquele que utiliza distância entre linhas inferior ao 
utilizado atualmente. Um espaçamento de cultivo que poderia ser facilmente introduzido é aquele 
utilizado para a cultura da soja, que é de 0,45 metros, podendo ser ainda mais reduzido. 
 Algumas diferenças agronômicas são verificadas com a utilização do algodão adensado, 
principalmente em relação ao crescimento vegetativo das plantas. Com uma maior competição 
entre as plantas e menores espaçamentos, há uma tendência de as plantas apresentarem um 
encurtamento de seu ciclo. 
 Além disso, o número de estruturas reprodutivas por planta (devido à maior quantidade de 
plantas por hectare) é menor, fazendo com que a lavoura ganhe em número de maçãs – capulho 
por área, e não por planta, proporcionando uma possível maior produtividade por área. Além disso, 
com um cultivo mais adensado, o controle de plantas daninhas pode ser facilitado, devido à menor 
entrada de raios solares que permitam o desenvolvimento de plantas daninhas. 
 O principal cuidado que deve ser tomado na hora de optar por um cultivo adensado deve ser 
verificar como será realizada a colheita da cultura, visto que as principais colhedoras existentes nas 
propriedades cotonicultoras apresentam limitações em relação ao espaçamento utilizado, não 
permitindo colher espaçamentos adensados. Outro aspecto bastante importante em relação à 
escolha do cultivo adensado é a cultivar a ser utilizada, devido ao fato de diferentes cultivares 
apresentarem hábitos de crescimento bastante diferenciados, variando de baixo a alto 
desenvolvimento vegetativo, o que pode influenciar na arquitetura das plantas. 
 Também deve ser acompanhada a incidência de doenças com este tipo de espaçamento, 
pois haverá uma menor entrada de raios solares na cultura, podendo modificar o microclima e 
consequentemente aumentar a chance de incidência de doenças. 
O algodão adensado é indicado em casos onde há a possibilidade de colheita adequada, 
quando há disponibilização de cultivares adaptadas fenologicamente a esta mudança de 
espaçamento e quando produtores buscam menores custos de colheita para diminuir seus custos 
produtivos finais, além de obter maiores produtividade. 
 Entre outras variáveis, há a necessidade de verificação da população de plantas utilizadas, 
se o número de plantas por área será o mesmo que o utilizado em maiores espaçamentos (levando 
a um menor número de plantas por metro) ou será mantido o mesmo número de plantas por metro 
(aumentando a população de plantas por área). 
 Além disso, o algodoeiro é uma cultura que requer utilização de reguladores de crescimento, 
sendo bastante influenciado pelo espaçamento, devendo ser levado em consideração este item no 
manejo da cultura. Devido ao maior “fechamento” da lavoura, pode ser verificada maior dificuldade 
de penetração de defensivos na hora do manejo de pragas e doenças, o que deve ser acompanhado 
com cuidado. 
 Com o cultivo do algodoeiro com menores espaçamentos, o principal reflexo deverá ser 
verificado na hora da colheita. O que deve ser respondido é se a qualidade da fibra produzida com 
este tipo de cultivo atingirá os mesmos níveis de qualidade obtidos com os espaçamentos 
tradicionais, devido à utilização de um tipo diferenciado de colhedora. Também se a redução de 
custo obtida com o manejo garantirá um aumento na receita líquida na hora da comercialização da 
fibra que garanta a introdução deste sistema. 
 Dessa forma, não basta apenas a introdução de uma nova tecnologia para os atuais moldes 
produtivos brasileiros, visando simplesmente à diminuição de custos produtivos, com técnicas 
utilizadas em outros países e apenas transferidas para os campos produtivos nacionais. Há 
necessidade de uma melhor verificação dos fatores inerentes à utilização de tal técnica, para 
somente assim ser utilizada em ampla escala. 
 Na atual crise, um bom manejo da cultura, a compra de defensivos em grande quantidade 
ou através de associação de produtores e cooperativas que diminuam o preço unitário e a utilização 
consciente de técnicas de cultivo da cultura e defensivos para o controle de pragas e doenças ainda 
8 
 
são as ferramentas mais adequadas. Porém. A introdução consciente de novas técnicas produtivas 
é sempre importante para garantir a sustentabilidade da cultura. 
 
FONTE: BALLAMINUT, C.; PEROZZI, M. Algodão adensado. 2009. Disponível em 
www.algodão.agr.br.; acesso em 19/10/2009. 
 
3. Época de plantio – Algodão. 
→ Variáveis intrínsecas: 
- Fatores climáticos (regime pluviométrico, etc.); 
- Ciclo da cultivar. 
Os principais problemas do plantio precoce são: Falta de umidade para a germinação 
ou sobrevivência das plântulas, maior incidência de broca da raiz e maior possibilidade de 
chuvas coincidentes com a colheita. No plantio tardio são: Maior incidência de pragas como 
o bicudo e lagarta rosada, baixas produtividades e dificuldade de abertura de maçãs sob 
baixas temperaturas. 
→ Semeadura: 
- Profundidade de plantio: 2,5 a 3,0cm; 
- Espaçamento: Com a colheita mecanizada o espaçamento deve ser condizente com a 
máquina, ou seja, 0,70 a 0,80m para colheitadeiras de 0,76m (5 linhas) ou 0,90 a 1,00m 
para as de 0,96m (4 linhas). 
→ Reguladores de crescimento em algodão: 
i. Cloreto de Mepiquat 5% (PIX): 
- Dose geral de aplicação: 1,0 l/ ha; 
- Época de aplicação: Ao contar de 6 a 8 flores/ 10m lineares ou dividir a aplicação em 3 ou 
4, aplicando ⅓ ou ¼ na fase de botão cabeça de fósforo, e as restantes em intervalos de 7 
a 14 dias; 
- Técnicas de aplicação: - Via terrestre: 200 l de calda/ ha; 
 - Via aérea: 40 a 50 l de calda/ ha. 
- Características: Redução de crescimento de ramos vegetativos em torno de 60% e de 
ramos laterais em 20%; aumento de produtividade em até 20% e antecipação da colheita 
de 8 a 15 dias. 
ii. Cloreto de Chlormequat (CYCOCEL):- Dose geral de aplicação: 0,5l/ ha; 
- Época de aplicação: Quando as plantas estiverem com 1,0 a 1,2m de altura ou entre 50 a 
70 dias após emergência; 
9 
 
- Características: Favorece a precocidade de colheita, podendo reduzir uma geração do 
Bicudo; permite o cultivo em altas densidades de plantio, com acréscimo de rendimento e 
propicia redução de altura em até 17%. 
iii. Cloreto de Clorocolina (TUVAL): 
- Dose geral de aplicação: 1,0l/ ha; 
- Época de aplicação: Quando as plantas estiverem com mais de 50cm de altura ou entre 
55 e 60 dias após emergência; 
- Características: Favorece a precocidade de colheita, podendo reduzir uma geração do 
Bicudo; permite o cultivo em altas densidades de plantio, com acréscimo de rendimento e 
propicia redução de altura em até 17%. 
OBS. Em ambos “TUVAL E CYCOCEL”, a porcentagem de pluma é reduzida se a dose for 
aplicada de uma só vez. Nenhum desses produtos deve ser aplicado em lavouras 
submetidas a qualquer tipo de estresse. 
→ Desfolhantes: 
 Propiciam aeração, seca rápida dos capulhos, redução de podridão de maçãs, 
redução de população de insetos (afídeos, mosca branca, bicudo, etc.) e melhora a 
qualidade do algodão colhido. 
- Produtos utilizados: 
a) Desfolhante específico: (DROPP – Thidiazuron “ureias”), São mais aconselháveis, pois 
após a absorção pelas folhas, agem na região de inserção provocando sua morte e queda. 
Dosagens: 0,125 – 0,2Kg/ ha; 60 a 80% das maçãs abertas. 
b) Herbicidas: (Glyphosate ou Paraquat), Secam as folhas que permanecem presas 
prejudicando o tipo do algodão. Dosagens: Glyphosate – 1,0 a 2,0l/ ha, e Paraquat – 1,0 a 
2,5l/ ha, 70 a 80% das maçãs abertas. 
 Após 7 a 15 dias da aplicação as folhas começam a cair, a depender das condições 
do clima. Condições essenciais para a ação dos desfolhantes: 
- T° C diurnas >27°C; 
- T° C noturnas >10°C; 
- Cobertura completa da folhagem; 
- Tempo seco; 
- Utilização de gotas grandes (bicos cônicos); 
- Umidade do solo moderada e pouco vento. 
 
 
10 
 
→ Principais pragas da cultura e seu manejo: 
1º) Tripes: Controle: Tratamento de sementes (previne ataques até 30 dias); controle 
químico (quando 70% das plantas tiverem mais de 6 insetos ou quando houver 
encarquilhamento de plantas). Produtos para tratamento de sementes: Disulfoton (Frumin), 
Acephate (Orthene), Furathiocarb (Promet), Imidacloprid (Gaucho), etc. Produtos para 
pulverização: Methamidophos (Tamaron), Carbosulfan (Marshall), etc. 
2º) Pulgões: Os pulgões atraem e são controlados por um grande número de inimigos 
naturais, como joaninhas (Cycloneda sanguinea) que alimentam-se de pulgões, lagartas, 
ovos e ácaros; Sirfídeos (larvas predadoras de pulgões); Crisopídeos (predadores de 
pulgões, ovos, lagartas, mosca branca e ácaros); Carabídeos (predadores de pulgões, 
lagartas e mosca branca); percevejos predadores de tripes, pulgões, ovos, lagartas, mosca 
branca e ácaros; microhimenópteros (parasitóides de ovos de lepidópteros); moscas 
parasitas, etc. 
 Assim, nos programas de manejo de pragas (MIP), a presença dos pulgões é de 
grande importância e amostra-se 20 pontos de 5 plantas, ou analisa-se visualmente os 
sintomas foliares. 
 Tratamento de sementes (eficiente até 25 dias após a germinação), Carbofuran 
(Furadan), Disulfoton (Frumin), Imidacloprid (Gaucho), etc. No sulco de plantio podem ser 
aplicados sistêmicos granulados, como Disulfoton (Solvirex), Carbofuran (Furadan) ou 
Aldicarb (Temik). 
 Pulverizações: No início do engruvilhamento de folhas em reboleiras. Endossulfan 
(Thiodan), Imidacloprid (Confidor), Carbosulfan (Marshall), Monocrotofós (Nuvacron), etc. 
3º) Broca da raiz: Controle: Preventivo com arranque e queima dos restos culturais da safra 
anterior e erradicação das malváceas hospedeiras. Plantio de linhas “armadilhas” é 
eficiente quando a infestação da cultura anterior tiver sido severa. Planta-se com 
antecedência de 30 dias, grupos de 5 linhas de 10m nas margens do campo. Aos 10 dias 
após emergência, e a cada 10 dias, aplica-se inseticida fosforado sistêmico. Arranca e 
queima as plantas na época da semeadura definitiva. O plantio muito precoce favorece a 
incidência. 
 Tratamento de sementes: Disulfoton (Frumin), Carbofuran (Furadan), etc., 
complementa-se com 1 a 3 pulverizações de Paration metílico (Folidol) ou Triazofós 
(Hostathion) entre 10 a 35 dias de idade. 
4º) Percevejo castanho (praga secundária e ocasional): Controle: Preventivo por meio do 
adequado preparo e correção do solo. Em locais de grande incidência, podem ser aplicados 
ao solo ou sulco de plantio inseticidas granulados ou em pó. 
5º) Curuquerê: Controle: Para o MIP (amostragem em 20 pontos de 5 plantas), o nível de 
controle (NC) é de 25% de desfolha ou 2 lagartas (>15mm) por planta, ou ainda 10% de 
desfolha no terço superior. A detecção de lagartas pequenas atacando em reboleiras 
possibilita economia e eficiência no controle via aplicação de inseticidas biológicos ou 
seletivos. 
11 
 
 Inseticidas biológicos: Dipel PM (Bacillus thuringienses); Inseticidas fisiológicos: 
Diflubenzuron (Dimilin), Teflubenzuron (Nomolt); Químicos: Carbamatos, fosforados ou 
piretróides a partir dos 80 dias. 
6º) Lagarta das maçãs: Controle: A amostragem é feita em 20 pontos de 5 plantas (no terço 
superior), ou contando os ovos nos ponteiros, ou ainda no monitoramento de populações 
em armadilhas. Os níveis de controle (NC) são: 20% dos ponteiros com ovos ou 10 a 15 
lagartas/ 100 plantas ou 10 adultos/ armadilha. 
 Produtos utilizados: Deltamethrine (Decis 25 CE), Betacyflutrin (Turbo), Dipel PM e 
Endossulfan (Thiodan), Profenofós (Curacron), Clorpirifós (Lorsban), Metomil (Lannate), 
Thiodicarb (Larvin). O feromônio para armadilhas (10 armadilhas/ ha) é o “Virelure”. 
OBS. O controle é mais eficiente quando as lagartas são pequenas (0,5 a 1cm). 
OBS. Piretróides devem ser aplicados somente a partir de 80 dias após emergência, devido 
ao fato de que os piretróides não serem seletivos, matando também os inimigos naturais, 
podendo acarretar em uma explosão de infestação de ácaros. 
7º) Lagarta do cartucho do milho: Controle: No início da eclosão com inseticida fisiológico; 
em lagartas desenvolvidas usar produtos como Triazophós (Hostation) ou similar 
adicionando-se ainda piretróides para infestações severas. 
8º) Lagarta rosada: É uma das principais pragas da cultura. Controle: É uma praga 
considerada de difícil controle. Alguns cuidados de ação preventiva, tais como evitar o 
plantio tardio, usar sementes selecionadas e tratadas e promover a destruição e queima 
dos restos culturais após a colheita, tem grande efeito no aparecimento e estabelecimento 
da praga. A amostragem é feita pela vistoria de maçãs com 14 a 21 dias (100 maçãs de 
cerca de 2,5cm), calculando-se a percentagem de infestação. O nível de controle é de 7% 
de maçãs atacadas (furos pequenos). Armadilhas de feromônio podem ser utilizadas para 
detecção, sendo uma para cada 15 a 20 ha, instaladas aos 60 dias (a 20cm acima das 
plantas). Entre 90 a 120 dias de idade da cultura, o NC é de 10 adultos/ armadilha/ dia. As 
armadilhas podem ser usadas para o controle (10 armadilhas/ ha). 
 Controle químico: Piretróides (até 80 dias após a emergência, aplicar 70% da dose 
recomendada associado a um juvenóide). Após 80 dias, aplicar a dosagem recomendada 
total. 
9º) Mosca branca: Controle: Os inseticidas normalmente usados para o controle de outras 
pragas são eficientes para manter seu nível de infestação sob controle. Desequilíbrios 
ocorrem pelo uso excessivo de um só tipo de inseticida (piretróides). 
10º) Ácaro branco: Controle: Devem ser controlados no início da infestação (em reboleiras), 
de preferência com produtos específicos. Controle químico: Triazophós (Hostation), 
Abamectin (Vertimec), Propargite (Omite) e Endossulfan (Thiodan). 
11º) Ácaro vermelho: Controle: O NC é de 10% de plantas atacadas. Controle químico: 
Abamectin (Vertimec), Propargite (Omite), entre outros. 
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12º) Ácaro rajado:Controle: Deve ser feito nas reboleiras. O NC é de 10% de plantas 
atacadas. Controle químico: Abamectin (Vertimec), Triazophós (Hostation), Propargite 
(Omite), etc. 
OBS. O uso de piretróides precocemente tem contribuído para o estabelecimento da praga. 
13º) Bicudo: Controle: A amostragem é feita pela coleta de botões florais do terço superior 
de 20 pontos em 5 plantas a partir dos 40 a 50 dias. O NC é de 10% dos botões atacados. 
Em regiões de alta infestações há necessidade de 3 períodos de aplicações de químicos: 
45 – 50 dias, 75 dias e 105 dias. Controle químico: Endossulfan (Thiodan), Methidathion 
(Supracid), Betacyflutrin (Bulldock), Deltamethrina (Decis SC), Zetacypermetrin (Fury), etc. 
Piretróides somente depois dos 80 DAE. 
 Para as armadilhas, na base de 1/ ha, usa-se o feromônio “Grandlure”. Também é 
recomendado fazer pulverizações nas margens da cultura (faixa de 20 a 30m) a intervalos 
de 5 dias após o aparecimento dos botões florais. O tubo mata bicudo (TMB) colocado nas 
bordas da lavoura é medida complementar de controle. 
 
→ Técnicas alternativas do MIP: 
- Destruição dos restos culturais; 
- Uso de “soqueiras iscas” após a colheita (grupos de 4 a 6 linhas a cada 200m pulverizadas 
com inseticidas a cada 3 – 5 dias por 15 dias consecutivos, com arranquio e queima). 
- Utilização de cultivares precoces; 
- Padronização da época de plantio por região; 
- Instalação de plantio isca nas proximidades de matas para atração e combate antecipado 
da praga (30 dias antes do plantio); 
- Catação das estruturas frutíferas sobre o solo entre 55 e 75 dias da emergência, 
especialmente nas bordaduras, aplicação de desfolhantes para uniformizar e acelerar a 
colheita; 
- Uso de reguladores de crescimento; 
- Efetuar colheitas rápidas e uniformes; 
- Monitoramento da chegada dos adultos com armadilhas de feromônio na periferia da 
cultura; 
- Rotação de culturas para uma diminuição populacional. 
14º) Percevejo rajado: Controle: A amostragem é feita pela manhã com rede entomológica 
ou pelo exame de botões. O NC é de 20% de botões com percevejos ou 10 insetos (ninfas 
e adultos/ 100 redadas). Controle químico: Betacyflutrin (Bulldock), Dimetoato (Dimetoato 
CE), Deltamethrine (Decis CE), etc. 
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15º) Percevejo manchador: Controle químico: Dimetoato (Dimetoato CE, Dimexion), etc. 
→ NÍVEL DE CONTROLE PARA AS PRINCIPAIS PRAGAS DO ALGODÃO: 
Praga Nível de controle (NC) 
Lagarta das maçãs 15% de plantas atacadas 
Pulgão 50% de plantas atacadas, ou, até 5 – 10% para variedades susceptíveis a “doença 
azul” 
Curuquerê 2 lagartas por planta ou 25% de desfolha 
Spodoptera 2 lagartas por planta ou 25% de desfolha 
Ácaro rajado 10% de plantas atacadas 
Ácaro branco 40% de plantas atacadas 
Percevejo rajado 20% de infestação 
Lagarta rosada 5% de maçãs atacadas ou 10 adultos por armadilha 
Bicudo Até 1ª flor – 5%; depois da 1ª flor – 10% 
Tripes 6 ninfas por folha 
 
FONTE: ARANTES, N. E., et al. Guia técnico de campo 01, Algodão e Soja, APSEMG, Belo 
Horizonte – MG, 174p. 1998. 
→ Controle de plantas daninhas em algodão: 
- Presença de ervas daninhas prejudica a produtividade e a qualidade das fibras do 
algodoeiro; 
- Dificulta a colheita; 
- Hospedam pragas e doenças; 
- É importante manter a cultura “no limpo” até os 50 dias após a germinação. 
a) Métodos de controle: 
1º) Método preventivo: Prevenir infestações futuras; 
2º) Método cultural: Plantio em época correta, bom preparo do solo, correção e adubação 
do solo, profundidade de plantio correta, espaçamento correto, etc.; 
3º) Métodos mecânicos: 
- Gradagem imediatamente antes da semeadura, eliminação de ervas daninhas em 
emergência ou invisíveis a inspeção. Melhora o desenvolvimento inicial da lavoura; 
- Cultivo de tração mecânica: Regulado para uma profundidade máxima de 3cm. O primeiro 
cultivo pode ser feito aos 7 dias após germinação. Geralmente são feitos 3 a 4 cultivos. 
Desvantagem: Não é eficiente para o controle de ervas daninhas de mais de 10cm de altura. 
14 
 
4º) Controle químico: Mais utilizado em lavouras com maior nível tecnológico e para 
atender às condições de colheita mecânica. 
→ Produtos classificados quanto à época de aplicação: 
a) Pré-semeadura incorporado: São incorporados antes do plantio, utilizando-se grade 
de discos à profundidade de 8 a 12cm. 
Vantagens: Eficiente no controle de gramíneas anuais e algumas ervas de folha larga 
(Amaranthus e Portulaca); São pouco dependentes das condições de umidade do solo, 
são seletivos, utilizam equipamentos de fácil manejo e são insolúveis em água, assim 
tem pouca perda sob chuvas, bastante disponíveis no mercado. 
Desvantagens: Exigem incorporação dentro de curto espaço de tempo, necessitam 
bom preparo do solo, favorecem processos erosivos, tem efeito residual cumulativo e 
podem sofrer perdas por foto-decomposição, volatilização e erosão. 
Princípios ativos: Trifluralin e Pendimethalin. 
b) Pré-emergência: Aplicados logo após a semeadura porém antes da germinação. 
Exigem solo úmido para máxima eficiência. 
Vantagens: Não necessitam de incorporação, são aplicados com equipamento 
acoplado à plantadeira, podem ser utilizados com plantio direto e são relativamente 
seguros para culturas subsequentes, relativamente baratos. 
Desvantagens: Necessitam de umidade e bom preparo do solo e em doses elevadas 
podem causar fito toxidade. 
Princípios ativos: Alachlor, cyanazine, diuron, linuron, pendimethalin, prometryne, etc. 
c) Pós-emergência, ou “jato dirigido”: São produtos não seletivos aplicados após a 
emergência da cultura e das ervas daninhas, quando os algodoeiros tiverem mais 
de 20cm de altura e as ervas daninhas de 5 a 15cm. 
Vantagens: Principal é a aplicação nas entre linhas (menor área). 
Desvantagens: Possibilidade de intoxicação do algodoeiro. 
Princípios ativos: Glufosinato de amônio, MSMA, prometryne, etc. 
d) Pós-emergência total: Produtos altamente seletivos, aplicados sobre a cultura para 
o controle de gramíneas. 
Vantagens: Não deixam resíduos cumulativos, penetram rapidamente nas ervas 
daninhas, são aplicados quando as máquinas são disponíveis e podem ser usados em 
plantio direto. 
Desvantagens: São caros. 
Princípios ativos: Fluazifop-butil, pyrithiobac-sodium, propaquizafop, sethoxydim, etc. 
 
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4. PROBLEMAS COM INSETICIDAS NA CULTURA ALGODOEIRA: 
1) Efeitos colaterais dos inseticidas: 
a) Ressurgência de pragas: 
O Controle biológico é definido como: “A ação de inimigos naturais (predadores, 
parasitóides e patógenos) sobre uma população de pragas, resultando numa posição geral 
de equilíbrio mais abaixo do que prevaleceria na ausência deste.” (DeBACH, et al. 1951). 
A posição geral de equilíbrio de uma população de praga, por sua vez, é entendida como 
sendo a densidade média em torno da qual ocorre a flutuação populacional da espécie, por 
um longo período de tempo desde que não sofra intervenção do homem para o seu controle. 
No entanto, esse controle natural pode ser afetado pela utilização de inseticidas de 
amplo espectro, os quais, após as aplicações para o controle de uma praga-chave, não 
eliminam apenas insetos fitófagos, mas também os inimigos naturais, provocando assim, 
um “vácuo biótico”, fazendo com que as frequências (intervalos) de aplicações para 
controlar aquelas pragas sejam aumentadas. 
b) Surtos de pragas secundárias: 
Devido à eliminação dos predadores benéficos via inseticidas e fungicidas, ocorre o 
segundo efeito colateral, que é a elevação de uma praga (“não alvo”) até então secundária, 
à condição de praga-chave. 
Isto ocorre porque os inseticidas e fungicidas podem atuar não somente contra os 
inimigos naturais da praga-chave, mas também contra outros organismos benéficos que 
mantinham outras espécies na condição de “não praga”, isto é, apenas coabitando o agro 
ecossistema algodoeiro, sem, porém, causar-lhe danos econômicos. 
Frequentemente são observados surtos de ácaro rajado (Tetranychus urticae, Koch) 
após aplicações depiretróides sintéticos. Sobre esta constatação, existem três teorias que 
tentam explicar tal efeito. 
- Eliminação de predadores benéficos; 
- Repelência dos piretróides aos aracnídeos; 
- Estímulos fisiológicos nas fêmeas provocado pelos piretróides. 
c) Resistência de pragas a inseticidas: 
Inquestionavelmente, esse é o pior dos efeitos colaterais provocados pela má utilização 
dos defensivos agrícolas, cujo processo de seleção para a resistência também difere dos 
outros casos já abordados. 
Para compreender a evolução do processo, basta partir do conhecimento de que 
variações individuais estão sempre presentes em uma população de uma mesma espécie, 
sendo muito pouco provável que um tratamento normal com um inseticida venha causar 
100% de mortalidade na população de insetos visada. A população residual é, 
frequentemente, composta por aqueles indivíduos que, em virtude de sua constituição 
genética, tem capacidade de tornar o produto químico atóxico, de reduzir seus efeitos 
deletérios ou, ainda, de exibir resistência comportamental. 
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Os mecanismos de resistência podem ser divididos em três grupos básicos: 
 1º) Mecanismos de resistência fisiológica: Menor penetração do produto químico 
tóxico, o armazenamento destes em estruturas insensíveis ou quimicamente inertes 
e a excreção do mesmo; 
 2º) Mecanismos bioquímicos: Elevação da capacidade de desintoxicação 
metabólica do composto, modificações no sítio de ação, reduzindo sua sensibilidade 
e alterações na enzima acetilcolinesterase, ou ambos; 
 3º) Mecanismos comportamentais. 
 
2) Estratégias e táticas para manejo da resistência dos insetos a inseticidas: 
O manejo integrado de pragas (MIP) é a estratégia mais eficaz para o manejo da 
resistência de insetos (MRI) a inseticidas em algodão, devido à: 
 Redução de inseticidas; 
 Minimiza a pressão seletiva dos insetos a inseticidas; 
 Prolonga a “vida útil” dos inseticidas; 
 Preserva os organismos benéficos que auxiliam no controle biológico natural das 
pragas; 
 Reduz a contaminação do meio ambiente; 
 Reduz o tempo de exposição dos aplicadores aos inseticidas. 
→ Principais estratégias e táticas para o MRI a inseticidas: 
a) Estratégia ecológica: Toda modificação dos “habitats” e nichos ecológicos dos 
insetos por meio de práticas de cultivo, de modo que as mesmas favoreçam as 
plantas hospedeiras e seus inimigos naturais e desfavoreçam os insetos pragas. 
Dentre as quais destacam-se: 
 A alternância dos sistemas de cultivo com espécies vegetais diferentes (rotação 
de culturas); 
 Plantio de variedades de maturação precoce, de modo que a fase reprodutiva 
não coincida com os altos picos populacionais dos fitófagos, esta tática é 
conhecida como “assincronia fenológica” ou evasão hospedeira; 
 Manejo dos resíduos da colheita. 
b) Estratégia biológica: Maximizar os mecanismos biológicos de regulação 
populacionais, está dividido em: 
 Utilização de variedades resistentes: Melhoramento genético de plantas para 
resistência a pragas e doenças; 
 Preservação e incrementação de inimigos naturais: Atrair inimigos naturais de 
pragas do algodoeiro através de plantios intercalados com sorgo (que atrai 
coccinelídeos, nabídeos, Geocoris sp., etc.), ou através da pulverização de 
solução de melaço a 1% em faixas, que servirá para atração de vários 
predadores; 
 Aplicação de agentes microbianos e de reguladores de crescimento de insetos: 
Ex. Bacillus thuringiensis e Beauveria bassiana, que são colonizadores de vários 
insetos. Produtos fisiológicos como teflubenzuron e diflubenzuron são usados 
para o controle de lagartas de lepidópteros, esses produtos são seletivos para 
17 
 
lagartas de lepidópteros e não matam outras ordens e famílias de insetos e 
ácaros benéficos. 
c) Estratégia química: 
 Uso combinado de inseticidas: Utilização de 2 ou mais inseticidas de diferentes 
mecanismos de ação e sem evidência de resistência múltipla ou cruzada é uma 
ferramenta eficiente para manejar a resistência 
Exemplo: Rotação de princípios ativos de piretróides com os carbamatos e 
organofosforados em misturas com produtos biológicos à base de Bacillus 
thuringiensis, ou com produtos fisiológicos, como o diflubenzuron, teflubenzuron, etc. 
 Aplicação de produtos sinérgicos: Sinergistas são compostos que, mesmo em 
doses sub-letais, aumentam a letalidade dos inseticidas. Ex. produtos sinérgicos: 
Butóxico de piperonila e trifenifosfato. 
 Dose e forma de aplicação: A utilização de dosagem recomendada de um 
inseticida único ou mistura é o principal fator para o controle de insetos e manejo 
da resistência. 
Figura: Fluxograma para adoção de estratégias de manejo visando retardar o 
desenvolvimento da resistência de insetos a inseticidas (TABASHNIK e CROFT, 1982). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS. O melhor caminho para evitar ou reduzir o problema da resistência é limitar a área de 
aplicação dos inseticidas, somente aos focos de infestação e usar inseticidas não 
persistentes. 
Estratégia de alta dosagem 
- Alta dosagem; 
- Momento crítico; 
- Limitar variações de dosagem; 
- Limitar áreas de aplicação; 
- Medidas químicas de controle. 
Estratégia de baixa dosagem 
- Baixa dosagem; 
- Aplicações infrequêntes; 
- Morte de poucos estádios de vida; 
- Inseticida não persistente; 
- Controle biológico. 
INÍCIO 
Maximizar o impacto de 
imigrantes susceptíveis 
Alta imigração? 
Imigrantes 
reproduzem-se? 
Gene resistente funciona 
como recessivo? 
Desenvolvimento de 
resistência está no início? 
Baixo potencial 
reprodutivo? 
Não 
Não 
Não 
Não 
Não 
Sim 
Sim 
Sim 
Sim 
Sim 
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OBS. Utilizar sub-dosagens de inseticidas piretróides ou organofosforados juntamente com 
produtos biológicos ou fisiológicos é uma ferramenta para se evitar a resistência de insetos 
a inseticidas. 
→ Momento de uso de inseticidas: As aplicações devem ser efetuadas apenas quando a 
infestação atingir o nível de controle e visar as fases da praga mais sensíveis ao composto 
químico. 
→ Táticas imprescindíveis para o manejo da resistência de insetos a inseticidas: 
- Uso restrito de piretróides sintéticos; 
- Utilização de novos produtos análogos não desintoxicados por linhagens de insetos; 
- Uso de inseticidas negativamente correlacionados. 
FONTE: SOARES, J. J.; Problemas com inseticidas na cultura algodoeira. Jaboticabal – 
SP. FUNESP, 1994. 25p.

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