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Estudo de caso Esportes e Religiosidade

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Estudo de caso – Esportes e Religiosidade
A construção do ser humano é produto de suas relações sociais, sua formação através da cultura recebe influências, estas, que por sua vez, formam o caráter individual e social do ser. A religião constitui-se como um dos aspectos de formação desse sujeito, ela se insere na sociedade como um universo de reflexão para o indivíduo, a esperança e o sentido da vida são elementos cruciais para o desenvolvimento do ser humano, além de motivar atitudes e comportamentos coletivos referentes ao sagrado.
Tendo em vista inúmeros conceitos vistos sob a ótica das religiões, temos a corporeidade como alvo de discussões e divergência de opiniões no mundo inteiro. O que para algumas pessoas é apenas um corpo, para outras pode ser um templo sagrado. Ao longo dos séculos a humanidade pôde presenciar o corpo humano sendo diretamente ligado à religião e suas práticas por muitas civilizações e suas gerações, são inúmeras as maneiras em que se pode observar tal relação. O corpo trás grande expressão de fé em religiões como dos povos indígenas, através de rituais onde corpos são pintados para reverenciar seus deuses em sacrifícios, muitas vezes dolorosos, inclusive mudando a sua forma original e até mesmo praticando mutilação. Existem religiões em que o corpo não deve ser mostrado em partes, e outras mais extremas em que somente os olhos são tidos à mostra. O sexo de maneira casual como é visto hoje em dia por muitos como algo normal, para outros é uma imoralidade abominável contra o corpo, tornando-o impuro. No cristianismo, por exemplo, acredita-se que o nosso corpo seja o templo do próprio Espírito Santo, e algumas práticas como tatuagem e piercing são proibidas, podendo custar a salvação da alma. Enquanto em outras religiões, símbolos, desenhos e pinturas corporais são consideradas testemunho da fé, demonstrando o enorme contraste entre as culturas.
A relação do corpo com a religiosidade se apresenta de forma bem evidente também no esporte. Essa ligação pode ser vista numa atleta usando um véu para esconder seu cabelo durante uma prática esportiva ou até mesmo em orações feitas pelos times antes de partidas de vôlei ou basquete. O sinal da cruz antes de uma prova de atletismo, tatuagens e comemorações de gol dos jogadores de futebol apontando para o céu, são mais alguns dos muitos exemplos da presença de atletas que confiam a Deus ou a outras religiões o seu desempenho esportivo.
Mas nem sempre essa relação é tão amigável quanto deveria, levando em consideração que já houve casos em que federações esportivas vedaram de suas competições qualquer prática de cunho religioso, ou por outro lado as religiões que não permitem determinados esportes por serem considerados violentos demais. Mesmo com as discrepâncias mencionadas, hoje, o esporte está intimamente ligado a algumas instituições religiosas, dispostas a trazer as pessoas para mais perto da palavra de maneira não impositiva, usando o desporto como intermédio. Para isso, igrejas oferecem aulas de diversas modalidades esportivas e atividades físicas para a comunidade. 
Em Itiúba, na Bahia, gestores da Igreja Nossa Senhora Da Conceição em parceria com a Prefeitura Municipal iniciaram um projeto social adotando o esporte como linguagem inclusiva e evangelizadora, disponibilizando aulas de futebol e capoeira para jovens e adultos participantes do grupo da igreja. O objetivo é trazer não só a juventude, mas a comunidade como um todo para perto da igreja, inclusive os habitantes de baixa classe social e poucas condições. Com essa pequena iniciativa é possível notar um maior interesse das pessoas voltado às práticas esportivas, bem como aos cultos religiosos. O resultado tem sido satisfatório e busca abraçar a todos de maneira prazerosa e educativa. Um trabalho voltado ao corpo mas direcionado também ao espiritual, unindo esporte e religião.

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