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Gestão ambiental

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GESTÃO AMBIENTAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UniAssElvi-PÓs
Autor: José Constantino sommer
CEnTRO UnivERsiTÁRiO lEOnARDO DA vinCi
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – inDAiAl/sC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves 
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof. Márcio Moisés Selhorst
 
 Revisão de Conteúdo: Prof. Luiz Hamilton Pospissil Garbossa 
 Revisão Gramatical: Profa. Márcia Junkes
 
 Diagramação e Capa: Carlinho Odorizzi
Copyright © Editora UniAssElvi 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri – UNIASSELVI – Indaial
363.7
s697g sommer, José Constantino
 Gestão ambiental / José Constantino Sommer.
 indaial : UniAssElvi, 2011.
 103 p. il. 
 Inclui bibliografia. 
 isBn 978-85-7830-378-5
 1. Gestão ambiental 2. Administração
 i. Centro Universitário leonardo da vinci
 ii. Núcleo de Ensino a Distância iii. Título
José Constantino sommer
Biólogo e mestre em Engenharia Ambiental. Educador 
Ambiental na Fundação Municipal do Meio Ambiente de 
Blumenau, SC. Professor de disciplinas de Meio Ambiente em 
cursos de graduação e pós-graduação. Co-autor das publicações 
Amiguinhos do Meio Ambiente (infantil), da Editora Todolivro e do livro 
Desenvolvimento e Meio Ambiente em Santa Catarina, da Editora Univille.
Sumário
APREsEnTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTUlO 1
meio Ambiente, SociedAde e deSenvolvimento ...............................9
CAPÍTUlO 2
economiA ecológicA ou AmbientAl .............................................31
CAPÍTUlO 3
SiStemAS de geStão AmbientAl ....................................................59
CAPÍTUlO 4
Marketing e reSponSAbilidAde AmbientAl ....................................85
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando (a)
Gostaria de apresentar-lhe o Caderno de Estudos da disciplina de Gestão 
Ambiental. Nele serão abordados temas que se relacionam à construção de 
conhecimentos específicos e gerais sobre essa temática. O caderno inicia, no 
capítulo 1, com uma visão histórica e conceitual sobre a relação do ser humano, 
como sociedade, com o meio ambiente. Trata do desenvolvimento e suas 
interfaces com a degradação e a poluição ambiental, indicando algumas possíveis 
soluções para melhorar essa relação. 
No capítulo 2, a questão econômica é mais aprofundada e faz-se um 
comparativo entre a economia tradicional, altamente usurpadora dos bens 
naturais e uma visão mais sistêmica e equilibrada, ou seja, a Economia Ecológica 
ou Ambiental, que é apresentada e levada à reflexão para você. Ainda, neste 
capítulo, são mostrados diversos exemplos de aplicação da Economia Ecológica, 
para que você possa refletir sobre a sua aplicabilidade. 
O capítulo 3 trata da Gestão Ambiental propriamente dita. Nele veremos 
como as empresas devem implantar seus sistemas, de acordo com a norma isO 
14.001; e, seguindo exemplos exitosos de outras organizações que decidiram 
implantar programas próprios. 
Por fim, o capítulo 4 apresenta os conceitos de Marketing e Responsabilidade 
Ambiental. São apresentados como necessidades, mas também, como 
potencialidades às organizações. Também são apresentados vários exemplos 
de instituições que atuam de forma responsável e que galgaram prêmios e 
reconhecimento por parte da sociedade, incorporando valor à imagem de suas 
corporações ou produtos. 
Então, quero convidar você a acompanhar e participar desse interessante 
estudo sobre como podemos, sendo sociedade ou sendo organização, mudar a 
nossa relação com o meio ambiente e construir um futuro melhor para nós e para 
as gerações que virão.
O autor.
8
 Gestão Ambiental
8
CAPÍTUlO 1
meio Ambiente, SociedAde e 
deSenvolvimento
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer o histórico da questão ambiental no mundo e no Brasil. 
 3 Analisar as percepções e visões sobre a temática ambiental. 
 3 Conhecer e analisar as diferentes concepções sobre a relação entre sociedade e 
meio ambiente. 
 3 Conhecer as diferentes concepções da relação entre desenvolvimento e 
sustentabilidade ambiental. 
 3 Investigar e propor soluções para a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento 
da sociedade, compatíveis com o processo produtivo. 
10
 Gestão Ambiental
10
11
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
11
 Capítulo 1 
contextuAlizAção
Já nos acostumamos a ver e ouvir notícias sobre os problemas 
relacionados à natureza com muita frequência. A todo o tempo somos 
perturbados por informações que dão conta de temas não agradáveis, 
como o aquecimento global e suas consequências mais terríveis, furacões 
e ciclones, maremotos, secas e inundações, perda de vidas e de produção 
agrícola, entre outros.
Além disso, outros problemas aparecem de forma recorrente para nós: 
destruições das florestas, matança e maus tratos aos animais, poluição do ar, 
da água e do solo, má destinação ao lixo e tantos outros.
Também é claro para todos nós que estes problemas são potencializados, 
se não causados, pelo próprio ser humano, na sua ânsia pelo consumo e 
dominação da natureza, como você poderá perceber ao longo deste capítulo.
Essa dominação, necessária para a produção de riquezas e qualidade de 
vida, segundo a economia tradicional, tem suas origens nas visões de mundo 
mais antigas da humanidade, que se aprofundaram na Idade Media, como 
veremos a seguir. 
Francis Bacon, filósofo que viveu no século XVI, foi o pai do método 
empírico da ciência, também conhecido como método experimental. Ele 
acreditava que o saber científico deveria ser medido em termos da capacidade 
de dominação da natureza. Essa capacidade era a de domar as forças naturais 
como as águas e as tempestades. vivemos, depois de Bacon, uma visão da 
modernidade, que fragmenta o mundo para compreendê-lo; mas, que não 
faz nenhum sentido, por exemplo, para muitos dos povos indígenas que 
pensam o Universo de forma mítica. Como também, não faria nenhum sentido 
na Grécia antiga, que não concebia a natureza em oposição aos humanos. 
Os gregos desse período tinham um nome muito especial para denominar a 
natureza e todo o Universo que não era pensado como um objeto, mas como 
totalidade: Physis. Ela designava a natureza de todas as coisas, que nascem e 
se desenvolvem sem a assistência dos humanos, isto é, que se desenvolvem 
por si mesmas, independentemente da vontade humana. 
A vida na Terra se entrelaça numa rede e todos dependemos da harmonia 
desse entrelaçamento. O ser humano e as relações que fazem parte do meio 
ambiente são objetos de estudo da área ambiental. Ao longo dos tempos, o 
ser humano transformou o meio ambiente, criou cultura, estabeleceu relações 
econômicas, desenvolveu modos de integração com a natureza e com outros 
seres humanos. Mas, raramente, ele assim promoveu a qualidade de vida e 
o equilíbrio ambiental. “Não são todas as atividades humanas que causam 
12
 Gestão Ambiental
12
impactos relevantes sobre a natureza, mas um determinado modo de produção 
que inclui não só as relações da sociedade com a natureza como também, as 
relações dos homens entre si”. (Brügger, 2004)
Nós sabemos que a vida se produz nas relações dos indivíduos com o 
meio físico, social e cultural. Falar de qualidade de vida é pensar na qualidade 
do ar que se respira, no uso consciente do solo e da água, no respeito a todas 
as formas de vida. Ela certamente não está no consumismo desenfreado, na 
miséria, na iniquidade social, na desnutrição e nas condições degradantes do 
meioonde se vive.
Neste capítulo, você poderá conhecer e aprofundar-se sobre as razões 
históricas e culturais que levaram a humanidade a estabelecer esta forma de 
relação com a natureza tão danosa e tão pouco ética. Também poderá perceber 
alguns caminhos que poderão e deverão ser trilhados pela humanidade para 
não só melhorar a relação com a natureza, como também garantir, a própria 
sobrevivência da vida humana na Terra. Na próxima seção iremos estudar 
a evolução da questão ambiental ao longo do tempo e as mudanças de 
percepção da humanidade sobre a sua relação com o meio ambiente.
evolução HiStóricA dA QueStão AmbientAl 
Você sabe e percebe nas mudanças tecnológicas e comportamentais 
que desde os primórdios da civilização humana até os tempos atuais, fomos 
impelidos pela vontade de melhorar a condição de vida humana e de poder 
enfrentar as adversidades, que naqueles tempos significava mesmo, manter 
a própria vida diante das dificuldades e agressões que a natureza nos 
impunha. Assim, fomos desenvolvendo técnicas e tecnologias, inicialmente 
muito rudimentares, como armas e utensílios de madeira e pedras, utilizando 
o fogo como meio para aquecer e afugentar animais, por exemplo. Depois, 
veio a sedentarização, com a agricultura e a pecuária substituindo a coleta e a 
caça, os agrupamentos primitivos, a urbanização e a sociedade moderna, com 
a explosão demográfica. Também cada técnica e tecnologia anteriormente 
utilizada foi aprimorada, ampliando gradativamente e largamente a capacidade 
de degradação e a poluição no ambiente.
Entre 1400 e 1900 ocorreram grandes modificações que deram origem à 
civilização industrial: criação dos estados modernos europeus, crescimento 
do mercantilismo, surgimento do sistema colonial (acumulação de capitais 
financeiros e comerciais), descobertas técnicas e científicas, formação 
de mão-de-obra (artesãos e camponeses nas primeiras manufaturas), 
concentração das populações nas cidades (mercados de consumo) e 
desenvolvimento cultural. Antes de 1500 os agrupamentos humanos mais 
importantes estavam organizados em civilizações agropastoris orientadas 
pelo capitalismo comercial. 
13
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
13
 Capítulo 1 
Somente a Revolução Industrial, no século XVIII, é que modificou o 
cenário de dominação pelo capitalismo comercial. surgiu assim, uma nova 
ordem capitalista, exercida pelos donos das fábricas sobre a população 
marginalizada e os camponeses.
Entre 1760 e 1830, aproximadamente, ocorreu a primeira revolução 
industrial, com o surgimento da máquina a vapor. Por volta de 1870 aconteceu 
a segunda revolução industrial, em função da descoberta e do domínio da 
eletricidade. A partir de então, a produção em série e o consumo tomaram um 
rumo de crescimento exponencial e irreversível.
no início do século seguinte, ocorreu a primeira grande guerra mundial, 
que deu impulso às novas tecnologias, porém, em meados do século, com a 
segunda guerra e os eventos que a sucederam, especialmente de reerguimento 
da Europa semidestruída, é que o desenvolvimento adquiriu o padrão hoje, 
observado e as conseqüências das dimensões planetárias.
Observe o histórico abaixo, que traz uma sequência 
comentada sobre os principais acontecimentos relacionados direta 
ou indiretamente à questão socioambiental.
1945: Primeira explosão da Bomba atômica no Novo México (julho) 
e em Hiroshima e Nagasaki, Japão (agosto), que pôs fim à 
segunda guerra mundial. O ser humano adquiria a capacida-
de de destruir a si e a toda a vida.
1963: Publicação do livro “Primavera Silenciosa”, de Raquel Carls-
son. Denunciava o uso de agrotóxicos na agricultura e os 
danos ecológicos.
1965: É publicado “Antes que a Natureza Morra”, de Jean Dorst. 
1965/70: Surgiramm as primeiras ONGs ambientais e aprofunda-
ram-se os movimentos sociais (pacifistas, antinucleares, 
estudantis e hippies).
1968: Foi lançada a obra “Bomba Populacional”, de Paul Ehrlich, 
que trata da questão do aumento exponencial da população 
humana e a relação com o consumo de recursos naturais. 
Reuniu-se o Clube de Roma, basicamente composto por em-
presários e que destacou o consumo de recursos naturais e 
o aumento da população (controle e consumo). Deu origem 
ao livro limites do Crescimento, ou relatório Meadows, que é 
Somente a Revolução 
Industrial, no 
século XVIII, é que 
modificou o cenário 
de dominação pelo 
capitalismo comercial. 
Surgiu assim, uma 
nova ordem capitalista, 
exercida pelos 
donos das fábricas 
sobre a população 
marginalizada e os 
camponeses.
14
 Gestão Ambiental
14
considerado, por muitos, alarmista demais. Pregava o cres-
cimento zero, no que foi criticado pelos países do Terceiro 
Mundo. Colocou a questão ambiental em nível planetário. 
1968/69: Viagens à lua, com a imagem da Terra. Conduziu à per-
cepção sobre a pequenez humana e da Terra no Universo.
1970: Crescimento exponencial dos ecologistas, irritando tanto a 
direita conservadora quanto a esquerda radical.
1972: Foi lançado o Manifesto pela Sobrevivência, em Londres, 
culpando o consumismo e o industrialismo pela degradação. 
Também ocorreu neste ano a Conferência de Estocolmo, 
Suécia, cujo tema central foi a poluição industrial. Em Esto-
colmo, Brasil e Índia defenderam que a poluição é o preço a 
pagar pelo desenvolvimento. 
1973: Crise do petróleo e energética. Percepção sobre a esgotabili-
dade dos recursos naturais, corrida à energia nuclear com de-
bates profundos. E.F. Schumacher produziu Small is Beautifull, 
que fala de tecnologias alternativas e novos modelos de desen-
volvimento. surgiu o Ecology Party, depois Green Party, primei-
ro partido identificado com o tema ecológico, na Inglaterra.
1975: Em Belgrado, atual capital da sérvia, ocorreu a i Reunião de 
Educação Ambiental, em âmbito mundial, onde se produz a 
Carta de Belgrado, com princípios e orientações para os pro-
gramas mundiais de Educação Ambiental.
1989: Foi produzido o documento Nosso Futuro Comum, sob a co-
ordenação de Gro Brundtland, então primeira ministra da no-
ruega. A partir da realização de várias reuniões, produziu-se 
um relatório que serviria de subsídios para a Conferência do 
Rio de Janeiro, enfatizando o Desenvolvimento Sustentável 
e a Educação Ambiental. 
1990: Herman Daly lançou For the Common Good, em que consi-
dera a sistematização de princípios de economia ecológica e 
faz uma profunda crítica à economia tradicional.
1992: Realiza-se a ECO-92, ou Conferência do Rio de Janeiro. Di-
feriu fundamentalmente de Estocolmo porque aquela tratou 
basicamente da relação homem e natureza e esta do desen-
volvimento econômico, com influência direta sobre a Educa-
15
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
15
 Capítulo 1 
ção Ambiental. Todos os países do mundo participaram. Teve 
como um dos produtos mais importantes a Agenda 21, em 
que países, cidades e outros territórios deveriam definir me-
tas socioambientais para o século XXI.
1995: Foi lançado o livro O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra. 
Nele há um profundo questionamento do modelo cartesiano, 
que se opõe à visão sistêmica.
1996: Criação do Programa Cidadania Ambiental Global, pela ONU. 
Compreensão e ação foram as questões centrais. Também 
deu força ao terceiro setor sobre as questões ambientais.
1997: Ocorreu a conferência Rio +5, em que se perceberam pou-
cos avanços sobre 1992. Neste ano produziu-se no Japão, o 
Protocolo de Quioto, depois Tratado, no qual se estabelece-
ram metas de redução da produção de gases do efeito estufa 
pelas nações.
2002: Realizou-se a Conferência de Cúpula de Joannesburgo, 
África do Sul, sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente. 
Fracasso anunciado pela ausência dos EUA.
2003: Ocorreram a 1ª Conferência Nacional das Cidades e 1ª Con-
ferência Nacional do Meio Ambiente em Brasília, no Brasil.
2004: Ocorreu a homologação do Tratado de Quioto, apesar da 
postura negativa dos EUA.
2004: Foi realizada a convenção de Estocolmo,Suécia, sobre Produ-
tos orgânicos Persistentes, que passou a vigorar mundialmente.
2009: Foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental, 
em Brasília, no Brasil, numa tentativa de aproximar essas 
duas áreas, tão próximas em termos de necessidades e tão 
distantes em termos de políticas.
2010: Vazamento de petróleo no Golfo do México (empresa British 
Petroleum), alterando drasticamente a paisagem, os ecossiste-
mas e a economia dos EUA.
Fonte: O autor.
16
 Gestão Ambiental
16
Figura 1 – Conferência do Desenvolvimento e Meio Ambiente
Fonte: Disponível em: <http://biodiversidadedasamericas.
blogspot.com/>. Acesso em: 10 mar. 2011.
A Conferência do Rio de Janeiro, sobre Desenvolvimento e Meio ambiente, 
realizada pela ONU, em 1992, é considerada ainda hoje, o grande evento 
mundial. Porém, poucos avanços ocorreram desde lá.
Figura 2 – Vazamento de petróleo 
Fonte: Disponível em: <http://www.jornal.us/article-4969.Governador-
da-Florida-declara-estado-deemergencia-apos-vazamento-de-
oleo-no-Golfo-do-Mxico.html>. Acesso em: 10 mar. 2011.
O vazamento de petróleo da empresa British Petroleum no Golfo do 
México, em 2010, é um exemplo da pouca preocupação mundial com o meio 
ambiente. O desastre contaminou e degradou grandes áreas naturais e afetou 
negativamente a economia da região.
17
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
17
 Capítulo 1 
Observe que as imagens, que destacam dois momentos importantes da 
história recente da humanidade, mostram que ela é feita de decisões acertadas 
ou erradas, cujas consequências afetam não somente o meio ambiente, mas a 
toda atividade humana e a sua qualidade de vida.
Você pode perceber nessa linha do tempo, que tivemos diversas 
contribuições literárias, e outros acontecimentos mundiais e em nosso país 
que acrescentaram conhecimento e debate sobre a questão ambiental. 
Porém, tudo isso e outros tantos acontecimentos, como veremos nos capítulos 
seguintes, pouco influenciaram a humanidade para que tivéssemos mudanças 
significativas na relação sociedade e meio ambiente.
Atividade de Estudos: 
1) Você poderá estabelecer um rol de problemas ambientais que 
percebe em seu cotidiano, na cidade em que você mora. Embora 
esses não tenham, geralmente, o alcance dos problemas 
globais, são um indicativo importante da cultura local. Também, 
no somatório, esses problemas contribuem significativamente 
para a poluição e a degradação mais gerais. Procure listar os 
10 principais descasos com o meio ambiente que você observa 
no seu dia a dia.
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
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 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
SociedAde e meio Ambiente
Na seção anterior, vimos como a humanidade foi criando, ao longo da 
história, o modelo de sociedade em que vivemos, com suas vantagens e 
desvantagens. Nesta seção iremos aprofundar o conhecimento sobre como 
a sociedade se relaciona com o meio ambiente e o que resulta dessa relação.
18
 Gestão Ambiental
18
A humanidade sempre teve e terá uma enorme dependência dos 
chamados recursos naturais. Absolutamente, todas as coisas materiais são 
produzidas a partir de produtos da natureza, por mais distantes que dela 
pareçam, como os componentes eletrônicos de diversos equipamentos, ou 
os plásticos e fibras industriais, por exemplo. Assim, transformá-las ou usá-
las diretamente são atividades inerentes à sociedade moderna. Produzir bens 
a partir dos recursos que a natureza proporciona é necessário para gerar 
riquezas e bem-estar social. Além disso, é o ambiente natural prestador 
de outros serviços essenciais, que são exercidos diretamente, em seu 
estado original, como o equilíbrio atmosférico, neutralizando os efeitos 
danosos dos gases de estufa, equilibrando o clima ou reciclando a matéria 
orgânica e permitindo o uso e contemplação da natureza para o lazer. Tudo 
isso demonstra a indissociabilidade entre humano e o natural. Aliás, como 
sabemos, dele fazemos parte.
As atividades humanas parecem ser as causas mais comuns 
e imediatas dos problemas que nos estão confrontando. Na 
esfera ecológica, por exemplo, a excessiva produção de 
madeira e de mineração e a expansão agrícola têm levado 
ao desflorestamento, à alteração de habitats e à perda da 
biodiversidade. Muitos desastres “naturais” são atualmente 
considerados como tendo sido induzidos pelo homem.
(CAvAlCAnTi, 2002, p.39) 
O crescimento desordenado e acelerado das atividades humanas, 
centrado em sociedades cada vez mais complexas e utilizando ferramentas 
mais impactantes, mais demandadoras de energia e geradoras de resíduos, 
associado ao crescimento populacional, como especialmente, visto nos países 
ditos periféricos, concentradores de pobreza e de dependência direta dos 
recursos do ambiente têm levado o planeta à exaustão. Assim, já consumimos 
mais recursos do que a capacidade de reposição da própria natureza.
Percebemos que o aumento do consumo desenfreado (consumismo) é 
outro fator de descompasso. O aumento do chamado consumo vegetativo, 
relacionado ao crescimento populacional, isoladamente, já gera aumento 
significativo do consumo de recursos, mas há um crescimento exponencial do 
consumo per capita, de energia, água, bens materiais e produção de lixo, por 
exemplo, colocando sério risco para a humanidade. 
A questão do lixo, como sabemos, é um dos principais problemas 
ambientais, especialmente no ambiente urbano. O adequado gerenciamento 
dos resíduos, especialmente os de origem doméstica, principalmente evitando 
a sua produção, são um desafio enorme para os gestores públicos e para a 
própria sociedade, como nos mostra a figura abaixo:
É o ambiente natural 
prestador de outros 
serviços essenciais, 
que são exercidos 
diretamente, em seu 
estado original, como o 
equilíbrio atmosférico, 
neutralizando os 
efeitos danosos dos 
gases de estufa, 
equilibrando o clima 
ou reciclando a 
matéria orgânica 
e permitindo o uso 
e contemplação da 
natureza para o lazer. 
19
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
19
 Capítulo 1 
Figura 3 – Aterro sanitário
Fonte: O autor. 
A produção excessiva de resíduos é um problema mundial que afeta 
indistintamente grandes e pequenas cidades. A produção per capita mundial 
triplicou nos últimos 50 anos.
Para Feldmann (2003, p. 155):
Cada vez se amplia mais o entendimento sobre a situação 
de risco em que a Humanindade se encontra, em função 
das alterações que ela mesma tem provocado no planeta. 
A urgência dos problemas está nitidamente colocada. 
Entretanto, nem sempre está claro para cada cidadão 
deste planeta o papel que exerce na sua condição de 
consumidor, ou seja, no poder político que lhe é conferido 
em relação às escolhas que faz. De certa maneira, 
o consumidor afluente encontra-se atordoado pelo 
gigantesco repertório de opções de consumo que possui, 
sem se dar conta das suas repercussões. 
Observe que o cerne da questão é a percepção. A forma como vemos 
ou deixamos de enxergar o quanto somos protagonistas no processo de 
degradação, nos torna algozes e vítimas ao mesmo tempo, do nosso destino.
Você pode perceber que a visão hegemônica na relação entre sociedade 
e meio ambiente é a do domínio da exploração, do consumo e do descarte. 
Observe que o 
cerne da questão 
é a percepção. A 
forma como vemos 
ou deixamos de 
enxergar o quanto 
somos protagonistas 
no processo de 
degradação, nos torna 
algozes e vítimas ao 
mesmo tempo, do 
nosso destino.
20
 Gestão Ambiental
20
O crescimento desenfreado do consumo, da economia e o desenvolvimentoa qualquer custo têm levado a uma situação de perigo para a humanidade. 
Ainda assim, a maioria das pessoas não consegue enxergar o caminho que 
estamos trilhando e toda a amplitude das consequências que virão.
Atividade de Estudos: 
1) Reflita sobre as razões que fazem com que o consumo per 
capita aumente considerando os principais bens de consumo 
e serviços que adquirimos. Produza um texto dissertativo, em 
torno de 15 linhas, sobre essa questão. 
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Compare as ferramentas abaixo e perceba a diferença entre a 
transformação gerada no solo pelos antigos arados já utilizados há milênios e 
as modernas máquinas capazes de mover toneladas de terra em poucos minutos. 
Figura 4 - Arado antigo
Disponível em: <www.egito.
fernandofelix.com.br/imagens/fig9.
jpeg>. Acesso em: 15 mar. 2011.
Figura 5 - Trator moderno
Fonte: Disponível em: <http://www.
connectionworld.org/wpcontent/
uploads>. Acesso em: 20 dez. 2010.
21
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
21
 Capítulo 1 
Observe também as profundas alterações nos agrupamentos humanos, 
desde os tempos mais primitivos às sociedades modernas.
Figura 6 - comunidade pré-histórica
Fonte: Disponível em: <http://www.comunidad.pedagogia.com.
mx/diseno/historia_1.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 7 - Sociedade Medieval
Fonte: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_lZgrrP1BjjI/SxfpEIUmaNI/
AAAAAAAAAX4/iKK2OuDTfsw/s400/sociedade.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 8 - Sociedade Moderna
 
Fonte: Disponível em: <http://www.eluniversal.com.co/v2/sites/default/
files/imagecache/foto_interior/CAOS.jpg>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Tanto o uso de técnicas ou tecnologias novas, quanto o crescimento 
populacional, especialmente o urbano, são transformações dramáticas na 
relação do homem com a natureza e consigo mesmo, como se pode ver nas 
imagens acima.
22
 Gestão Ambiental
22
A crescente urbanização contribui largamente para o aprofundamento da 
crise socioambiental. Não só as megalópoles ou as metrópoles caracterizam-
se pela degradação e poluição. Também cidades de porte médio, mundo 
afora, possuem em menor escala, problemas relacionadas ao lixo, esgoto 
não tratado, destruição da mata ciliar, poluição atmosférica, sonora, visual e 
dominação pelo automóvel.
nem a criação dos chamados distritos industriais nas metrópoles e 
cidades industriais brasileiras, já a partir da década de 1980, foram suficientes 
para estancar a degradação do ambiente urbano. Tornaram-se, os distritos 
industriais, na maioria das vezes, novas áreas de moradia dos trabalhadores, 
pela possibilidade de viverem próximas ao local de trabalho. Assim, a vizinha 
poluição industrial fez com que tivessem a sua qualidade de vida piorada. 
Muitas novas técnicas e tecnologias permitiram e até impuseram, por razões 
legais, às empresas a possibilidade de diminuírem o impacto por elas geradas, 
inclusive no que tange a sua relação com a saúde e com a qualidade ambiental 
das áreas que as circundam.
Esse acelerado ritmo de industrialização e concentração 
de contingentes populacionais em áreas urbanas, 
principalmente a partir de 1960, passou a provocar 
profundos impactos no meio ambiente, tanto físicos como 
econômicos e sociais, promovendo a atividade industrial 
a fator determinante nas transformações ocorridas 
(AnDRADE et al, 2006).
Como vimos nesta seção, o processo de industrialização, o crescimento 
populacional e todas as atividades humanas são decisivas para o estado 
do planeta e se revertem em uma piora significativa da qualidade de vida 
da população.
Uma excelente dica de leitura para entendermos a relação 
da sociedade com o meio ambiente é o livro: CAPRA, Fritjof. A 
Teia da Vida. São Paulo: editora Cultrix, 1996, no qual o autor nos 
conduz a uma visão de interligação ecológica de todos os eventos 
que ocorrem na Terra da qual fazemos parte. Aqui ele apresenta o 
conceito de Ecologia Profunda. 
A crescente 
urbanização contribui 
largamente para o 
aprofundamento da 
crise socioambiental.
23
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
23
 Capítulo 1 
deSenvolvimento e SuStentAbilidAde
Vimos na seção anterior sobre a fragilidade da nossa relação, como 
humanidade, com a natureza. Nessa seção, veremos que o desenvolvimento, 
num sentido amplo, é o elemento necessário a gerar a qualidade de vida nas 
sociedades ditas modernas, mas que também contribui de forma determinante 
para o agravamento dos problemas. Evidentemente, ele não faz sentido em 
sociedades que se mantém originais, como os nativos de várias partes do 
mundo que vivem diretamente da e na natureza. Eles têm qualidade de vida 
à sua maneira, de acordo com a sua cultura. Não são nem mais nem menos 
evoluídos do que nós. Estes povos mantém sustentáveis as suas relações 
com a natureza, pois dela extraem apenas o absolutamente necessário às 
suas atividades, majoritariamente endossomáticas.
Endossomática é a energia utilizada apenas para a 
manutenção das atividades corpóreas de um indivíduo. A energia 
exossomática inclui todas as necessidades energéticas que temos 
não relacionadas à manutenção da vida propriamente dita, mas 
que tem a ver com a inserção na sociedade e na economia. 
A vida moderna impõe vários usos de energia que vão além das 
necessidades básicas vitais. Nessa “conta” individual poderíamos destacar 
a energia elétrica e a queima de combustíveis, necessárias ao cumprimento 
das nossas atividades, mas também, o gasto para produzir a própria 
energia elétrica e os combustíveis, além do transporte desses produtos. 
Você pode perceber, então, que para essa “conta” pessoal convergem 
gastos energéticos (exossomáticos) de processos até mesmo bastante 
distantes de nós, como a energia necessária à produção de um bem, como 
uma roupa, em outro país, por exemplo.
Mas, temos muitas formas de diminuir o gasto energético per capita e 
devemos permanentemente ponderar sobre isso. Quando optamos por utilizar 
transporte urbano, ao invés do automóvel, todo o gasto relacionado ao ônibus, 
inclusive a sua produção, que é muitas vezes superior ao de um automóvel, 
deve ser dividido entre todos os passageiros, o que diminui significativamente 
o consumo individual.
O gasto endossomático é o natural, embora caminhando para uma 
população mundial de 7 bilhões de pessoas, ele se torne muito importante 
24
 Gestão Ambiental
24
também. Se a humanidade vivesse, ainda hoje, de forma muito primitiva, 
seríamos apenas alguns milhões de pessoas, com gasto energético 
endossomático imensamente inferior.
Outra curiosidade é que há gastos exossomáticos que parecem 
endossomáticos. O melhor exemplo pode ser o da atividade cerebral. 
Acompanhe o raciocínio. se um indígena, por exemplo, precisa pensar 
sobre a melhor forma de pegar um peixe para sua alimentação, o gasto é 
endossomático, mas você, que está estudando neste momento, usa energia 
exossomática para tal, porque esta é uma atividade não vital, do ponto de vista 
puramente biológico.
Mas, voltemos às sociedades modernas. O que temos é um 
desenvolvimento à custa de profunda alteração ambiental. Essa alteração 
e suas consequências mais dramáticas nos conduzem à percepção sobre a 
insustentabilidade deste modelo.
De uma forma geral, você pode perceber que o desenvolvimento e a 
economia não consideram os recursos naturais como bens finitos, apesar dos 
váriosindicadores da exaustão do suporte dos ecossistemas. não há uma 
preocupação, na economia tradicional, com o capital natural como fator que 
limita o próprio desenvolvimento da economia. se por um lado os recursos 
naturais são a fonte de matéria prima para a economia, são também os 
receptores dos resíduos e da poluição, o elemento de equilíbrio ecossistêmico 
e o espaço que permite o lazer e a produção de bem estar social, e como tal 
deve ser admitido pelo processo produtivo.
Na natureza a energia e a matéria estão em permanente fluxo, tanto no 
mundo vivo como no inerte. Para a economia, a energia latente do universo 
não tem valor, necessitando ser liberada pelos processos econômicos para ser 
utilizada. Porém, isso gera um aumento entrópico, que é representado pela 
energia que já realizou trabalho, segundo a física, e que significa desordem, 
observada no aumento da temperatura do planeta, nos resíduos e nos 
poluentes diversos. 
Sabemos que a sociedade humana foi criando, ao longo do desenvolvimento 
tecnológico, diversos instrumentos que retiram energia latente da natureza, 
muito além das suas necessidades biológicas, contribuindo para o aumento 
entrópico. O processo de produção fotossintética, que prende energia, não 
dá conta do equilíbrio ecossistêmico somado à energia livre produzida pela 
atividade humana.
O desenvolvimento socioeconômico precisa de energia, mas esta já 
aparece livre na natureza de várias formas, não havendo necessidade do 
O desenvolvimento 
socioeconômico 
precisa de energia, 
mas esta já aparece 
livre na natureza de 
várias formas, não 
havendo necessidade 
do uso de energia 
latente naturalmente 
aprisionada. 
25
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
25
 Capítulo 1 
uso de energia latente naturalmente aprisionada. Essa diferente concepção, 
associada a outras importantes mudanças, especialmente comportamentais, 
faz- se necessária para frear o aumento da energia entrópica no planeta, que 
desestabiliza a vida como um todo e só atende às necessidades econômicas 
de uma parcela da sociedade humana.
O modelo de desenvolvimento socioeconômico vigente tem se revelado 
como um sistema que não atende as necessidades humanas e ambientais, 
de uma forma geral. Os processos pertinentes a esse modelo são geradores 
de exclusão social, concentração de renda, poluição e degradação ambiental. 
Esses aspectos nos conduzem a uma percepção do esgotamento do sistema 
e da insustentabilidade do modelo.
Se este modelo socioeconômico se mostrou insustentável, faz-se urgente 
o estabelecimento de uma nova forma de desenvolvimento que contemple, 
portanto, as necessidades sociais e ambientais. Essa nova forma de 
desenvolvimento pode ser chamada de desenvolvimento sustentável ou de 
sociedade sustentável, num sentido mais amplo.
A partir destas observações, vários ideólogos, educadores e 
pesquisadores, comprometidos com a necessidade de mudanças, iniciaram 
um processo de tentar construir esse novo conceito, ao passo que tentativas 
isoladas em âmbito local e em alguns países têm produzido experiências 
neste sentido.
Um conceito aplicado em várias partes do mundo é o de 
Ecovilas, um modelo de assentamento baseado na sustentabilidade 
ambiental e harmonia entre as pessoas. Nelas todas as questões 
ambientais são pensadas, já na sua concepção e projeto, mas 
também nas práticas, para promover a autosustentabilidade. 
você poderá ver mais a respeito no site da institução Ecovilas, 
disponível em http://www.ecovilas.ecocentro.org.
26
 Gestão Ambiental
26
Basicamente, desenvolvimento sustentável pode ser conceituado como 
um sistema que gera qualidade de vida, atendimento das necessidades básicas 
e respeito ao meio ambiente. Outro elemento importante é a continuidade 
desse processo ao longo do tempo, razão pela qual também é conhecido com 
desenvolvimento durável. 
Sustentabilidade, do ponto de vista ambiental, apresenta-se como um 
conceito um tanto mais amplo que o de desenvolvimento sustentável. Envolve 
a construção de uma sociedade de equilíbrio que considera uma nova ética, 
que não é apenas social ou humana, mas também ambiental. Filosoficamente, 
apregoa um retorno a conceitos antigos, mas nunca ao mesmo tempo tão 
atuais, como uma visão mais holística da relação do homem com a natureza e 
consigo mesmo. Essa relação depende, em grande parte, de produzirmos uma 
economia também mais sustentável, em que a natureza não seja vista apenas 
como recurso, em que os bens ambientais sejam valorados economicamente, 
como veremos no próximo capítulo. isso permitirá o seu uso sustentável para 
as atuais e para as futuras gerações.
O termo sustentabilidade, numa dimensão socioambiental, pressupõe uma 
reflexão muito profunda de cada um, em que a sua relação com a natureza e 
com cada outra pessoa seja permanentemente revista.
Há alguns ótimos filmes que apresentam e discutem sobre 
questões relacionadas a desenvolvimento e meio ambiente. Muitos 
são símbolos da preocupação com os destinos da humanidade 
face às mudanças socioambientais. Eis algumas sugestões:
Uma Verdade Inconveniente. Albert Gore, ex-vice-presidente 
dos EUA, faz um alerta sobre as razões e consequências das 
mudanças climáticas e a própria sustentabilidade da vida humana, 
neste filme que é homônimo do livro. Disponível em http://www.
guba.com/watch/3000081561/049-Uma-verdade-inconveniente
A origem das coisas. O filme de 2006 faz uma análise e um 
alerta sobre o consumo desenfreado e suas consequências mundiais. 
Disponível em http://videolog.uol.com.br/video.php?id=353307
Desenvolvimento 
sustentável pode ser 
conceituado como 
um sistema que gera 
qualidade de vida, 
atendimento das 
necessidades básicas 
e respeito ao meio 
ambiente. 
O termo 
sustentabilidade, 
numa dimensão 
socioambiental, 
pressupõe uma 
reflexão muito 
profunda de cada um, 
em que a sua relação 
com a natureza e com 
cada outra pessoa 
seja permanentemente 
revista.
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Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
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 Capítulo 1 
sACHs, ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. 
São Paulo: Editora Garamond, 2006. Esta obra introduz as ideias 
do economista sobre a eco-sócio-economia, uma ciência que 
percebe as interfaces entre a ecologia política, a sociologia e a 
economia, propondo uma nova visão para o desenvolvimento.
Atividades de Estudos: 
Responda às questões abaixo, a partir de pesquisa, refletindo 
sobre os conceitos e informações vistos e pesquisando em fontes 
disponíveis.
1) Quais foram as diferenças fundamentais entre as Conferências 
de Estocolmo (1972) e a do Rio de Janeiro (1992), relativamente 
à participação das nações, produtos e resultados?
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2) O que diferencia essencialmente os conceitos de desenvolvimento 
sustentável, sociedade sustentável e sustentabilidade? 
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 Gestão Ambiental
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3) A globalização contribuiu para o aprofundamentoda 
crise ambiental. Que consequências estão ligadas a este 
processo? Dê exemplos de como a globalização pode e tem 
sido usada para ajudar os países na busca por economia e 
tecnologias sustentáveis.
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 ________________________________________________
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 ________________________________________________
 ________________________________________________
 ________________________________________________
AlgumAS conSiderAçõeS
Este capítulo faz, num primeiro momento, uma análise histórica e 
conceitual dos principais acontecimentos e eventos que contribuíram, positiva 
ou negativamente, para a questão ambiental. Associa a relação e as interfaces 
do ambiental e do humano, que devem ser considerados como parte do 
mesmo todo, tal é a indissociabilidade entre si.
Na sequência, apresenta de forma mais explícita, esta relação apontada, 
mostrando como a sociedade, através da sua complexificação e do uso dos 
recursos da natureza tem acelerado a degradação e a poluição do ambiente, 
tanto o natural como aquele pelo homem transformado.
Por fim, trata do desenvolvimento socioeconômico, da forma como é 
hegemonicamente colocado, em nível mundial, e de sua relação com os 
problemas ambientais. Também apresenta a ideia do desenvolvimento 
sustentável, em oposição ao desenvolvimento tradicional e as dificuldades 
para sua implantação.
No próximo capítulo, você terá contato com a visão da economia sobre 
os bens naturais, em que a inesgotabilidade dos recursos não é percebida 
pelo processo tradicional. Também serão apresentadas e analisadas as 
visões das chamadas economia ecológica e ambiental, que trazem luz 
à questão econômica, necessária ao desenvolvimento e à geração de 
qualidade de vida das sociedades.
29
Meio AMbiente, SociedAde e deSenvolviMento
29
 Capítulo 1 
referênciAS 
ANDRADE, Rui Otávio; TACHIZAWA, Takeshy; de CARVALHO, Ana Barreiros. 
Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento 
Sustentável. São Paulo: Editora MAKRON Books, 2006.
BRÜGGER, Paula. Educação ou Adestramento Ambiental. Chapecó e 
Florianópolis: Editoras Argos e letras Contemporâneas, 2004.
CAvAlCAnTi, Clóvis (org.). Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável 
e Políticas Públicas. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
FELDMANN, Fábio. In Meio Ambiente no Século 21. Rio de Janeiro: Editora 
sextante, 2003.
sACHs, ignacy. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. são 
Paulo:Editora Garamond, 2006.
 
30
 Gestão Ambiental
30
CAPÍTUlO 2
economiA ecológicA ou AmbientAl 
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer as diferenças conceituais e práticas entre a economia dominante e a 
ecológica ou ambiental. 
 3 Analisar e debater sobre as concepções entre as diferentes visões econômicas. 
 3 Propor cenários de compatibilidade entre a economia tradicionalmente concebida e 
as necessidades de preservação e conservação. 
32
 Gestão Ambiental
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33
econoMiA ecológicA ou AMbientAl
33
 Capítulo 2 
contextuAlizAção
no capítulo anterior, vimos como o desenvolvimento da sociedade, ao 
longo de toda a sua história, produziu alterações significativas no planeta, 
ao ponto de colocar em risco a própria existência da vida na Terra. Agora 
veremos como o desenvolvimento econômico aprofundou as alterações, 
levando a humanidade a utilizar exaustivamente os recursos da natureza, de 
tal forma que invadimos o que poderíamos chamar de “poupança ambiental”, 
os bens que podem garantir os processos econômicos, mas também a própria 
existência humana e das demais formas de vida no planeta.
A economia tradicionalmente concebida crê, ou pelo menos age, no 
sentido do crescimento ilimitado e vê a natureza como recurso a ser explorado, 
desconsiderando como regra, os demais serviços prestados por ela, como 
a neutralização dos produtos da economia (resíduos, gases e poluentes), o 
uso direto da natureza, como geradora de bem estar (lazer, contemplação 
e pesquisas) e o chamado valor intrínseco da natureza (o simples valor de 
existir). Este último baseia-se em um profundo senso ético, pois é o único não 
antropocêntrico, não se caracterizando como um uso, exatamente.
Dar valor à natureza com um sentido simbólico, para o necessário equilíbrio 
ambiental da Terra é necessário, mas, mais do que isso, valorar a natureza 
do ponto de vista econômico é absolutamente imperioso. Nesse sentido, 
surge a Economia Ecológica, cujos princípios remontam ao início do século 
XX. Evidentemente, tais ideias são contrárias ao modelo de expropriação dos 
bens naturais como ocorre no desenvolvimento tradicional. Nela, esses bens 
sempre foram tidos como livres, sem valor econômico.
Entretanto a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento 
com sustentabilidade socioambiental trouxe à tona essa preocupação, que 
passou a ser compartilhada por vários economistas dessa nova visão. Passou-
se a teorizar sobre a questão e literatura e pesquisas foram e estão sendo 
realizadas, para refletir e mensurar o valor que a natureza deve ter, do ponto 
de vista econômico, como veremos a seguir.
A economiA trAdicionAl e SuA interfAce com 
o AmbientAl
A necessária importância da inclusão da temática ambiental nos aspectos 
econômicos começa a acontecer verdadeiramente apenas no final dos anos 
1960, como você pode perceber no histórico (quadro abaixo): 
34
 Gestão Ambiental
34
Quadro 1 - EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO-ECOLÓGICO
•	Sergei	Podolinski: No final do século XIX trocou correspondência com Karl Marx, 
em que discutiam as relações entre a termodinâmica, a biologia e a economia.
•	Mahatma	Gandhi: No início do século 20 já mostrava preocupação com o desen-
volvimento e o crescimento econômico vigentes.
•	Arthur	Pigou: Autor de “The Ecomomics of Welfare”, em 1920, em que trata da 
questão das externalidades na economia.
•	Vladimir	Vernadsky: Escreveu duas obras que tornaram-se marcos da Economia 
Ecológica ou Ambiental, “La Géochimie”, e “La Biosphère”, entre 1924 e 1926, 
falando sobre recursos naturais e os limites dos ecossistemas.
•	Alfred	Lotka: Autor de “The Law of Evolution as a Maximal Principle”, em 1945, 
cuja obra trata sobre os mecanismos exosomáticos nos seres humanos.
•	John	Hicks: Escreve “Value and Capital”, em 1946, tratando de economia sus-
tentável.
•	Nicholas	Georgescu-Roegen: Um dos nomes mais importantes para a Econo-
mia Ecológica, o autor romeno produziu a obra “The Entropy Law and the Econo-
mic Process”, em 1971, em que trata do processo entrópico e sua relação com a 
economia.
•	E.F.	Schumacher: Autor de “Small is Beautiful“, de 1973, em que fala de tecnolo-
gias alternativas e novos modelos de desenvolvimento, ponderando sobre a tese 
de que pequenos negócios, pequenas cidades e pequenas ações são mais fáceis 
de administrar e geram menos impacto ambiental.
•	Herman	Daly: “For the Common Good”, 1990, em que considera a sistematiza-
ção de princípios de economia ecológica e faz uma profunda crítica a economia 
tradicional.
Fonte: O autor. 
Além dos autores e pensadores da questão econômico-ambiental, também 
o movimento ambientalista logo percebeu a necessidade de incorporar à sua 
luta a questão ecológica, que começava a ser fundamentada pelos trabalhos 
citados e que foi aprofundada pela crise do petróleo e a escassez de outros 
minerais, especialmente no início da década de 1970. 
35
econoMiA ecológicA ou AMbientAl
35
 Capítulo 2 
A chamada questão ambiental trouxe a crítica ao modelo de 
desenvolvimento socioeconômico, mostrando a incompatibilidade entre a 
preservação dos bens naturais e as necessidades do crescimento econômico. 
O esgotamento destes recursos significaria, assim, o próprio esgotamentodo crescimento econômico. A partir daí, a ciência econômica começou a 
dar atenção ao fato e vários estudos, debates e obras serem produzidos, 
relacionado ao tema.
Neste processo, é de grande destaque o impacto do Clube de Roma, com 
a publicação de “The Limits to Growth”, o Relatório Meadows, de 1972. Tal 
trabalho aponta para um cenário catastrófico de impossibilidade de perpetuação 
do crescimento econômico devido à exaustão dos recursos ambientais por ele 
acarretada, levantando assim à proposta de um crescimento econômico “zero”. 
O debate passa então, a polarizar-se entre esta posição de “crescimento zero”, 
conhecida por “neo-malthusiana” e posições desenvolvimentistas de “direito 
ao crescimento” (defendida pelos países do terceiro mundo), indo desaguar na 
Conferência da UNCED em Estocolmo em 1972. (Amazonas, 2008).
Ainda, segundo Amazonas (2008 p. 5) 
[...] a Economia Ecológica não partilha do ceticismo 
pessimista alarmista ecológico, que vê tais limites como 
iminentes e intransponíveis, pois ela reconhece que 
o progresso tecnológico constantemente promove a 
superação de limites naturais pelo aumento de eficiência 
e pela substituição de recursos exauríveis por renováveis. 
Tampouco a Economia Ecológica partilha do “otimismo 
tecnológico”, o qual entende as restrições naturais como um 
problema menor, pois estas sempre hão de ser superadas 
pela tecnologia, pois a Economia Ecológica reconhece que 
o progresso tecnológico de fato se dá, mas apenas dentro 
de certos limites fisicamente possíveis. Assim, a Economia 
Ecológica não adota nenhuma posição a priori quanto a 
existência ou não de limites ambientais ao crescimento 
econômico, adotando sim uma posição de “ceticismo 
prudente”, a qual busca justamente delimitar as escalas em 
que as restrições ambientais podem constituir limites efetivos 
às atividades econômicas.
Sabemos que a Conferência de Estocolmo, em 1972, foi o primeiro grande 
encontro mundial para tratar de desenvolvimento e meio ambiente. Nele 
produziu-se a tese do ecodesenvolvimento, na qual se rompe com a visão da 
incompatibilidade entre desenvolvimento e preservação. Segundo esta tese, 
na realidade há uma interdependência entre eles. inicia-se então, um período 
de teorização sobre como promover esta compatibilização, que vai culminar 
com o conceito de desenvolvimento sustentável, consolidado no relatório 
nosso Futuro Comum, ou Brundtland, 15 anos depois de Estocolmo.
A chamada questão 
ambiental trouxe a 
crítica ao modelo 
de desenvolvimento 
socioeconômico, 
mostrando a 
incompatibilidade 
entre a preservação 
dos bens naturais 
e as necessidades 
do crescimento 
econômico. 
36
 Gestão Ambiental
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Como vimos no Capítulo 1, os eventos posteriores à conferência de 
Estocolmo e à edição do relatório Brundtland, especialmente as Conferências 
do Rio de Janeiro, em 1992 e 1997, reafirmaram a relação entre economia, 
desenvolvimento e meio ambiente.
Pressupõe-se então, que o desenvolvimento precisa estar baseado 
em um tripé formado pela eficiência econômica, o equilíbrio ambiental e a 
equidade social. O Desenvolvimento Sustentável passou a ser o ponto de 
maior penetração da questão ambiental na Economia.
Figura 9 – Tripé do desenvolvimento
 
Fonte: Disponível em: <http://apuracao.wordpress.com/2010/11/05/
desenvolvimentosustentavel-ontem-e-hoje/.>. Acesso em: 11 mar. 2011.
A crítica ambiental que gerou a preocupação com o desenvolvimento e a 
economia tem sua origem no campo das ciências naturais, posteriormente nas 
sociais, para só então, tardiamente, penetrar o campo das ciências econômicas. 
Este fato atrasou a criação deste novo conceito de desenvolvimento 
econômico, na verdade, ainda hoje algo muito “etéreo” e, por muitos, 
considerado intangível. Ainda assim, surge uma nova abordagem mundial, 
a da “Bioeconomia”, que propõe uma nova visão, ou ciência econômica, 
denominada de Economia Ecológica.
Bioeconomia pode ser conceituado como um campo 
interdisciplinar das ciências que visa compatibilizar as evoluções 
da economia humana e do ambiente natural.
O Desenvolvimento 
Sustentável passou 
a ser o ponto de 
maior penetração da 
questão ambiental na 
Economia.
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econoMiA ecológicA ou AMbientAl
37
 Capítulo 2 
Você pode ver, então, que a sustentabilidade depende de uma nova visão 
econômica. Nem tão nova do ponto de vista conceitual, mas como ciência 
aplicada. Brügger (2004, p.22), acrescenta que
 
(...) as premissas da verdadeira sustentabilidade não podem 
ficar confinadas nem mesmo aos valores da economia 
ambiental, a qual não rompe de fato com os pressupostos 
da economia neoclássica que vê a natureza como uma 
grande fábrica.é necessário, portanto, que adotemos as 
premissas da economia ecológica a qual se situa, em termos 
paradigmáticos, mais próxima dos valores defendidos pelos 
teóricos críticos da Escola de Frankfurt.
 A Escola de Frankfurt é um agrupamento de cientistas sociais, do início da 
década de 1960, que debatia sobre como explicar o rápido desenvolvimento 
das economias mundiais, criticando tanto o capitalismo como o comunismo e 
apresentando uma alternativa para o desenvolvimento social.
A Economia Ecológica está fundada no princípio de que o funcionamento 
do sistema econômico precisa ser concebido tendo em vista as condições, 
ou limitações, do mundo biofísico, considerando que o sistema se estabelece 
sobre este e depende dele para a sua sustentação em termos de energia e 
matéria prima, mas também, para dar conta da entropia gerada pelo sistema. 
A Economia Ecológica pressupõe, ainda, que a integração dos dois sistemas, 
o econômico e o natural, deverá ocorrer em um sentido de funcionamento 
comum, harmônico e integrado. O problema principal é determinar a 
sustentabilidade desta interação, as condições de estabilidade. 
Além disso, esta sustentabilidade precisa ser estendida às gerações 
futuras, num sentido de equidade intergeracional. A exploração excessiva dos 
bens naturais, como aceita pela sociedade, adquire um caráter egoísta por 
parte das gerações atuais. Estamos extraindo mais recursos do que a natureza 
repõe a cada ano. Essa é uma conta que somos obrigados a refazer.
Você pode perceber, então, que não é suficiente pensarmos em 
sustentabilidade ambiental e social apenas para o presente, mas também, em 
uma solidariedade para com as futuras pessoas que habitarão a Terra. Essas 
serão nossos filhos e netos e terão direito a gerar qualidade de vida para si da 
mesma forma que queremos para nós.
Na economia tradicional, os bens naturais são considerados como 
gratuitos, não possuem valoração econômica, embora representem custos 
líquidos para o ambiente. Observe que segundo essa lógica, não tendo valor 
econômico, temos a sensação, como sociedade, que não necessitamos 
economizar os bens naturais. Há uma falsa impressão de abundância. É claro 
que essa percepção é variável. Em países em que os bens naturais tornaram-
 A Escola de Frankfurt 
é um agrupamento 
de cientistas sociais, 
do início da década 
de 1960, que 
debatia sobre como 
explicar o rápido 
desenvolvimento 
das economias 
mundiais, criticando 
tanto o capitalismo 
como o comunismo 
e apresentando uma 
alternativa para o 
desenvolvimento 
social.
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 Gestão Ambiental
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se escassos, um consumo e produção mais responsáveis ocorrem; mas, em 
países como o Brasil, de dimensões continentais, com relativa abundância, a 
sociedade tende a ser perdulária.
Interessantes contribuições à noção e ao estudo da Economia 
Ecológica você pode ver no site da sociedade Brasileira de 
Economia Ecológica, em www.ecoeco.org.br
Uma interessante e importante forma de valoração de um bem natural é o 
caso da cobrança pelo uso da água. Esse instrumento, que no Brasil ocorre a 
partir da ação dos comitês de bacia, busca ultrapassar um conceito arraigado 
entre os usuários de água, de que este bem é de uso livre e gratuito. Assim, os 
múltiplos usos são contemplados.
Você pode ver,então, que é imperioso darmos valor econômico a cada 
produto natural, como a água, os minerais e a madeira. Esses bens não serão 
infinitos e há a necessidade de recuperarmos a degradação causada pela sua 
extração ou pela poluição dos processos industriais e sociais. se não, alguém 
arcará com os custos no futuro.
Um exemplo de que a valoração econômica e o uso racional não podem 
ser negligenciados é o caso do uso da água, já citado anteriormente. Em muitas 
bacias hidrográficas brasileiras não é aplicado o princípio dos usos múltiplos, 
expresso na própria Política nacional dos Recursos Hídricos (lei Federal nº 
9.433, de 1997), ocorrendo escassez do bem. Vale lembrar que, de acordo 
com a lei, em casos de falta de água, os usos prioritários são a dessedentação 
de pessoas e animais, ou seja, o uso econômico fica relegado a segundo 
plano. A extração de minérios, como o carvão, no sul do Brasil, é um exemplo 
claro da má repartição dos custos com a recuperação das áreas degradadas, 
ocorridas desde há muitas décadas, e cujos maiores beneficiários à época 
auferiram enormes lucros e poucos participarão no custeio da recomposição 
do solo e da vegetação.
Os efeitos positivos ou negativos, de determinada atividade, como esses 
que acabamos de ver, são considerados como externalidades econômicas, pois 
não participam diretamente da contabilidade. Essa é a diferença fundamental 
entre a economia vigente e a ecológica.
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econoMiA ecológicA ou AMbientAl
39
 Capítulo 2 
Atividade de Estudos: 
1) Uma externalidade ocorre quando há custos ou benefícios 
sociais significativos advindos da produção ou do consumo 
que não são refletidos nos preços de mercado. Por exemplo, a 
poluição do ar pode ser considerada uma externalidade negativa 
e educação pode ser uma externalidade positiva. Produza uma 
lista com externalidades positivas e negativas originadas de 
alguma atividade econômica à sua escolha. Depois, pondere 
sobre o resultado.
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economiA e preServAção doS recurSoS 
AmbientAiS
Nesta seção trataremos sobre como os bens naturais exercem e garantem 
a manutenção e prestação de serviços à economia. Embora não possamos 
mais tratar esta questão de forma parcial e pouco profunda, a sociedade e a 
própria economia não parecem muito dispostos a fazê-lo. A realização de mais 
e novos estudos poderá trazer luz ao tema. A informação e o conhecimento 
gerados deverão nos conduzir a buscar o equilíbrio entre as necessidades de 
desenvolvimento e de preservação da natureza.
 Você já pensou sobre qual é o valor dos serviços prestados pela 
Natureza? Podemos dizer que a princípio é infinito? Pense sobre isso: a 
economia mundial entraria rapidamente em colapso sem a existência de 
solos férteis, água de boa qualidade e ar limpo. Porém, “infinito” muito 
rapidamente pode se transformar em “zero” nas equações utilizadas 
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 Gestão Ambiental
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por administradores públicos e em decisões políticas. Assim, valores 
mais consistentes e concretos são necessários para se evitar decisões 
econômicas não sustentáveis, que possam degradar os recursos naturais e 
os serviços que os ecossistemas geram.
Com esse objetivo, uma equipe de treze pesquisadores, tendo à frente 
o cientista Robert Costanza, da Universidade de Maryland, estimou o valor 
econômico de 17 serviços que o meio ambiente pode proporcionar (regulação 
hídrica, de gases, climática e de distúrbios físicos, abastecimento d’água, 
controle de erosão e retenção de sedimentos, formação de solos, ciclo de 
nutrientes, tratamento de detritos, polinização, controle biológico, refúgios 
de fauna, produção de alimentos, matéria-prima, recursos genéticos, 
recreação e cultura), em 16 biomas espalhados pelo mundo. Informações 
dispersas em mais de uma centena de estudos de valoração econômica 
de bens e serviços ambientais foram agrupadas e analisadas, e ao final 
o resultado encontrado para o valor médio dos serviços proporcionados 
pela Natureza, nos ecossistemas pesquisados, foi de US$ 33 trilhões ao 
ano. logicamente, a tentativa de se estimar o valor corrente total dos serviços 
ambientais em questão tem uma série de limitações, admitidas por Costanza e 
seus colaboradores. 
Vários biomas e diversas categorias de serviços ambientais ficaram de 
fora do trabalho, já que não são ainda adequadamente pesquisados e objeto 
de valoração econômica. O próprio Cerrado, cujos estudos de valoração 
econômica ainda são muito recentes, não foi considerado no estudo. Portanto, 
à medida que outros estudos ocorrerem e forem disponibilizados, o valor total 
dos bens e serviços irá aumentar. Em muitos casos os valores encontrados 
são baseados em levantamentos da “disposição a pagar” da sociedade 
por serviços ambientais, levantamentos esses nos quais se firmam alguns 
dos métodos de valoração econômica do meio ambiente Aqui, o perigo é 
que os cidadãos possam estar desinformados quanto à importância dos 
bens e serviços ambientais, e assim suas preferências não incorporarem 
adequadamente preocupações sociais, econômicas e ecológicas, entre outras, 
o que pode resultar em valores inconsistentes. 
Podemos perceber que a valoração econômica dos serviços prestados 
pela natureza sempre será, de certa forma, empírico, porque envolve 
percepções das pessoas sobre o que é importante e sobre que valor deve ter. 
Não há como eliminar totalmente essa subjetividade, portanto.
Pode-se questionar a tentativa de dar um valor à atmosfera, ou às 
rochas e ao solo no suporte aos ecossistemas, O valor, nesses casos, é 
incomensurável. Entretanto, como bem aponta o estudo, é de fundamental 
importância investigar como modificações na quantidade e qualidade dos 
Valores mais 
consistentes e 
concretos são 
necessários para 
se evitar decisões 
econômicas não 
sustentáveis, que 
possam degradar os 
recursos naturais e 
os serviços que os 
ecossistemas geram.
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 Capítulo 2 
vários tipos de capital natural e de serviços ambientais podem acarretar 
impactos no bem estar humano. 
Levanta-se a questão de que a valoração de bens e serviços ambientais 
é tampouco correta, já que não podemos dar valor a bens “intangíveis”, 
como a vida humana, paisagens, ou benefícios ecológicos de longo prazo. 
Porém, na verdade valoramos bens e serviços “intangíveis” todos os dias, ao 
estabelecermos, por exemplo, padrões para construção de estradas, pontes, e 
similares: nesse caso valoramos a vida humana, já que estamos gastando mais 
dinheiro em construções que salvarão vidas. A realidade é que a sociedade 
valora o meio ambiente todos os dias. Qualquer decisão quanto ao uso da 
terra envolve estimativas de valor, mesmo quando valores monetários não são 
utilizados. 
Para Alier (2005, p. 34), “Antes de atribuirmos valores econômicos aos 
recursos ou serviços ambientais, deve haver a percepção social de que estes 
recursos e serviços existem e são valiosos [...]”.
Argumenta-se que devemos preservar os ecossistemas por razões morais, 
não lhes cabendo atribuir nenhum tipo de valor econômico. A preservação 
seria uma questão relacionada aos direitos de todas as espécies, tendo a ver 
com as nossas obrigações morais para com as futuras gerações. Os bens e 
serviços ambientais seriam fins em si próprios, e não um instrumental para se 
obter determinado objetivo, no caso o desenvolvimento. 
Você podeconcluir que, se todos os bens naturais têm direito à existência, 
presume-se que não é possível optar por um em detrimento de outro, estando, 
assim, todas as perdas moralmente condenadas. Porém, a realidade é que a 
sociedade tem que fazer opções. Sendo assim, ciente de que nem tudo pode 
ser salvo e mantido intacto, é essencial optar entre formas de intervenção 
que tenham a melhor relação custo/benefício. Nesse ponto é que a valoração 
econômica de bens e serviços ambientais pode prestar um relevante papel. 
Observe que essas escolhas geralmente são feitas por outros e não por 
nós mesmos, mas há um outro sentido muito importante nessa questão das 
escolhas sobre o que devemos preservar. Trata-se das escolhas dirigidas pela 
ética e pela cidadania, que são geralmente individuais. Além disso, nossa 
consciência sobre isso deve influenciar outras pessoas, o que requer, também, 
uma pró-atividade de nossa parte.
“Antes de atribuirmos 
valores econômicos 
aos recursos ou 
serviços ambientais, 
deve haver a 
percepção social de 
que estes recursos e 
serviços existem e são 
valiosos [...]”.
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Atividade de Estudos: 
1) Procure definições para os termos Ética Ambiental (ou 
Ecológica) e Cidadania Ambiental (e Planetária). Disserte sobre 
isso e sobre como esses conceitos deveriam influenciar nossas 
decisões sobre desenvolvimento e economia. 
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Não costumamos refletir sobre as opções que devemos fazer todos 
os dias, ainda que indiretamente. Raramente percebemos que para gerar 
desenvolvimento econômico precisamos eliminar vidas, inclusive humanas. 
Isso pode ser entendido como as escolhas entre ações individuais ou coletivas 
que podem significar menos mortes humanas ou de animais, como os 
alimentos que consumimos, a participação e as escolhas políticas ou sociais 
que fazemos, as campanhas que apoiamos, entre outras tantas.
Sabemos que o desenvolvimento econômico está intimamente ligado 
a aumentos no nível de bem estar da sociedade, resultantes da produção e 
consumo de bens e serviços tradicionais. Porém, isso depende de diversas 
funções dos recursos naturais, como matérias primas, capacidade de suporte 
de ecossistemas, assimilação de resíduos e biodiversidade. O meio ambiente 
faz parte da função de produção de grande quantidade de bens econômicos, 
cuja obtenção seria impossível sem a sua existência. 
Cabe destacar que a economia de bens e serviços ambientais possui 
características diferentes da economia tradicional. O uso dos recursos 
ambientais, por exemplo, gera custos e benefícios que pouco são apreendidos 
em um sistema de mercado, muito embora os recursos tenham valor 
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 Capítulo 2 
econômico. Embora o valor econômico dos recursos ambientais não seja 
observável no mercado por meio de preços, o meio ambiente tem um valor. Na 
medida em que seu uso altera o nível de produção e consumo da sociedade, já 
que o bem estar das pessoas é medido tanto pelo consumo de bens e serviços 
tradicionais, como pelo consumo de bens de origem recreacional, política, 
cultural e ambiental.
Você também já deve ter observado que pelo fato de não serem 
quantificados e transacionados em mercados, os bens e serviços ambientais 
têm muito pouco peso nas decisões políticas. Isso não é diferente em quase parte 
nenhuma do mundo. A não ser, paradoxalmente, naquelas sociedades justamente 
por nós consideradas como mais primitivas. Esta negligência econômica e política 
pode ter como consequência o comprometimento da sustentabilidade da vida na 
Terra, já que os ativos ambientais não possuem substitutos. 
Apesar dos diversos problemas de ordem conceitual e empírica inerentes 
à produção de uma estimativa dessa ordem, o trabalho de Costanza pode 
ser importante para se estabelecer uma primeira aproximação da magnitude 
relativa dos ecossistemas globais, e para estimular debates e pesquisas em 
valoração de bens e serviços ambientais. Contudo, talvez o maior mérito do 
trabalho é a comparação que permitiu ser feita entre os valores existentes 
do Produto Interno Bruto global e o valor econômico médio dos serviços 
ambientais prestados pelos 16 biomas pesquisados: para o meio ambiente o 
resultado encontrado foi de US$ 33 trilhões anuais, enquanto que no mesmo 
ano o PIB global somava cerca de US$ 18 trilhões. Ou seja, o valor dos 
serviços ambientais era quase o dobro do encontrado para o PIB. 
A diferença entre o PIB Mundial e os serviços ambientais, ainda que 
subdimensionados, mostram que estes têm uma posição destacada na 
contribuição para o bem estar humano no nosso planeta. 
A economia não pode continuar a ser vista como um sistema fechado 
e isolado, no qual existem fontes inesgotáveis de matéria prima e energia 
para alimentar o sistema, onde o processo de produção converte todos 
os insumos em produtos sem deixar resíduos indesejáveis, e no consumo 
todos os produtos desaparecem como num passe de mágica, sem deixar 
vestígios. Ou seja, a economia não pode insistir em considerar o meio 
ambiente como mero coadjuvante. 
A diferença entre o PIB 
Mundial e os serviços 
ambientais, ainda que 
subdimensionados, 
mostram que estes 
têm uma posição 
destacada na 
contribuição para o 
bem estar humano no 
nosso planeta. 
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 Gestão Ambiental
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Uma interessante dica para entendermos os mecanismos da 
produção de preços é o filme a Origem das Coisas, disponível em 
http://video.portalcab.com/?play=historia-das-coisas. Nele, você 
poderá entender como as relações de produção e consumo são 
baseadas em motivações nada éticas.
Ekins (1992) já considerava a necessidade de entender a economia não 
apenas pelo capital produzido (ou manufaturado), mas através do conceito do 
que ele chama de quatro capitais: natural, humano, social-organizacional e o 
próprio manufaturado. Este modelo difere do tradicional de criação de riqueza, 
segundo Merico (2002), que demonstra uma relação simplificada entre terra, 
trabalho e capital.
Ainda, segundo Merico (2002, p. 20 e 21):
É importante reconhecer esta ampla conceituação de 
riqueza, que não se limita à noção exclusiva de dinheiro. 
E é igualmente importante produzir, sistematizar e 
desenvolver um arcabouço básico de análise econômica 
que consiga superar a análise exclusiva de fluxo monetário 
e que considere os fluxos de matéria e energia no ambiente, 
desencadeados pelo processo de produção econômica.
O processo produtivo não considera a internalização dos custos 
ambientais, que vem a ser o preço a ser pago para resolver a poluição e a 
degradação ambiental. Isto significa exatamente contabilizar os impactos e 
é ferramenta para melhorar a alocação de recursos econômicos. Para tal, é 
necessário identificar os impactos e sua correta valoração econômica. A base 
de cálculo da macroeconomia (e também da microeconomia), portanto, é falsa 
e impede a produção real da performance econômica de um determinado 
espaço geográfico e mesmo mundial. 
A microeconomia é parte de um sistema maior, a macroeconomia, e a ela 
está sujeita. Mas é importante lembrar que não há economia sem bens naturais. 
Assim, a macroeconomia é parte de um sistema maior, a própria Biosfera.
A microeconomia, também conhecida como teoria de preços, 
é quem determinavalores para bens e serviços, mas também para 
salários e aluguéis (fatores de produção), por exemplo.
 
A microeconomia 
é parte de um 
sistema maior, a 
macroeconomia, e a 
ela está sujeita. Mas é 
importante lembrar que 
não há economia sem 
bens naturais. Assim, 
a macroeconomia é 
parte de um sistema 
maior, a própria 
Biosfera.
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 Capítulo 2 
Você pode concluir que há sérias razões para preocupação sobre o futuro 
do planeta e da humanidade. A capacidade de suporte da Biosfera precisa ser 
mais bem conhecida, para evitarmos a sua exaustão.
Biosfera traduz-se como o conjunto de todos os ambientes 
(ecossistemas) que abrigam vida no planeta.
Veja que a performance econômica de um país, por exemplo, é medida 
apenas pela sua capacidade de gerar bens, serviços e riqueza, e não considera 
a diminuição dos bens naturais necessários para tal fim, o que significa um 
empobrecimento daquele país. 
O quadro abaixo nos mostra situações originadas pelo uso 
excessivo dos bens naturais:
Quadro 2 - indicadores da Exaustão do Planeta
Alguns indicadores da exaustão do planeta
•	A produção primária líquida (PPL), produzida pelos processos fotossintéti-
cos, já é apropriada em cerca de 40% (da PPL terrestre) pelos humanos. 
Se dobrasse inviabilizaria o equilíbrio ecossistêmico (carvão, petróleo, gás 
natural e madeira). 
•	Aquecimento global: os combustíveis fósseis produzem cerca de 7 bilhões 
de toneladas de CO2/ano. No período pré-industrial a concentração do gás 
na atmosfera era da ordem de 280 ppmv (partes por milhão de volume). 
Hoje é cerca de 380 ppmv, ou seja, mais de 35% de aumento. E não há 
processo natural significativo de incorporação de C02 nesse período que 
seja apenas de natureza antrópica. O aumento médio da temperatura glo-
bal é de cerca de 0,6°C desde 1866 (primeira medições com cientificida-
de). Pode chegar a 2,9°C no final do século. A elevação dos oceanos é 
de cerca de 1mm/ano em média. O aquecimento global já causa danos à 
agricultura, biodiversidade, doenças e clima.
•	Depleção do ozônio atmosférico: o CFC e o brometo de metila, usado em 
defensivos agrícolas, são os principais responsáveis pela destruição do 
ozônio na estratosfera. A “camada” de ozônio retém o excesso de raios 
ultra violeta B, que permitem a existência da vida. Serão necessários ainda 
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 Gestão Ambiental
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150 anos para retornarmos aos níveis de 1970. O Protocolo de Montreal, 
produzido em 1996, reduziu a 20% a produção atual de gases CFC em 
relação à década de 1980.
•	Extinção da biodiversidade: calcula-se em 5 a 150 mil o número de espé-
cies extintas por ano, principalmente pela destruição dos ecossistemas.
•	Escassez de água: calcula-se em 40% a diminuição da disponibilidade de 
água no planeta. Cerca de 1,5 bilhão de pessoas não tem água em qua-
lidade e quantidade. Há uma forte vinculação da saúde humana com a 
poluição da água. No Brasil, estima-se que 80% das internações no Sis-
tema Unico de Saúde (SUS) estejam relacionadas ao contato com água 
contaminada química ou biologicamente.
Fonte: O autor.
Atividade de Estudos: 
1) O Brasil é um dos países signatários da Convenção da 
Biodiversidade, um acordo mundial produzido em 1992, na 
Conferência do Rio de Janeiro, cuja finalidade é a preservação 
das espécies através, principalmente, da manutenção dos 
ecossistemas. A Convenção afirma que há uma profunda 
relação entre a preservação da biodiversidade e a manutenção 
da Economia e da qualidade de vida humana. Leia sobre o 
assunto e comente sobre o que é afirmado aqui. 
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 Capítulo 2 
no caso dos seres humanos, não podemos considerar a capacidade 
de suporte ecossistêmica apenas em termos de população, porque há que 
se considerar um consumo per capita, que não é permanente ao longo do 
tempo, como acontece com os outros animais. O problema está em criar 
um método operacional para medir os custos e benefícios da expansão da 
atividade humana.
Faça o teste da sua pegada ecológica no site do WWF (http://
www.wwf.org.br/wwf_brasil/pegada_ecologica/)
Os termos capital natural e recursos naturais são uma forma de 
reduzir a natureza ao antropocêntrico, como um fator de produção. Além 
das necessidades humanas, a natureza é também o abrigo de toda a vida, 
que, aliás, não pode ser entendida apenas para sua relação direta com a 
humanidade (processo econômico). Qualquer e todo ser vivo, por mais belo 
e impressionante, como as baleias, ou singelo como um fungo microscópico, 
deve ser respeitado pelo seu valor intrínseco, pelo direito de existir, mesmo que 
nunca haja qualquer vantagem ou descoberta a ele relacionada que favoreça 
a sociedade humana. Outro importante aspecto é a percepção da necessidade 
de preservarmos apenas os animais em extinção.
Segundo Brügger (2004, p. 42):
A matança de animais que não estão em extinção é emblemática 
nesse sentido: desprovidos de valor instrumental como bancos 
genéticos (para garantia da manutenção da biodiversidade 
cujo valor instrumental é inquestionável), tais animais são 
“obrigados” a servir a outros propósitos instrumentais (como 
fonte de proteína, ou pele, por exemplo) sem que jamais se 
considere o seu valor intrínseco. 
Normalmente enxergamos a natureza apenas por sua função utilitarista 
para o ser humano. Você deve lembrar-se de várias situações em que essa 
visão ocorre. Veja alguns exemplos: enxergamos a água apenas pela sua 
utilidade e não como componente de um ecossistema; a árvore como madeira, 
papel ou fruto e; o solo como fonte de minério ou sustentação para a agricultura 
(falamos até em solo improdutivo, quando não serve ao plantio).
Outra questão importante, que também se tornou cultural, é o uso dos 
adjetivos ecológico ou verde. Você também já deve ter percebido que a simples 
incorporação de qualquer tecnologia ambientalmente “melhor” por um produto 
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ou empresa, já o tornam ecológico ou verde. Para o imaginário social isto é 
péssimo, porque passa a ideia que aquele produto não agride o meio ambiente, 
o que é falso. Ele apenas “agride” menos que outros produtos similares. Esse 
conceito limita-se a apenas um pequeno avanço tecnológico, na maioria das 
vezes, como um motor de automóvel menos poluente, componentes com maior 
reciclabilidade em notebooks ou diminuição do uso de substâncias tóxicas na 
fabricação de uma linha de tintas de parede, por exemplo.
Verde, simbolicamente poderia representar uma empresa que tivesse 
implantado um SGA completo, eficaz e eficiente, com cuidados que vão desde 
a escolha dos insumos até o ciclo de vida dos produtos, passando por todo o 
processo industrial, o que é raro. Porém, ecológico, só pode ter sentido como 
aquilo que não altera minimamente o natural. Assim, não há atividade humana 
que não gere algum impacto, por menor que seja. Portanto, o termo ecológico 
não tem sentido num processo ou produto econômico de transformação. No 
máximo poderíamos chamar de ambientalmente melhor.
Atividade de Estudos: 
1) Depois de fazer o teste da Pegada Ecológica no site do WWF, 
reflita sobre o resultado por você obtido. Liste mudanças 
possíveis no seu estilo de vida e refaça o teste, como se as 
mudanças já tivessem ocorrido. Compare os resultados obtidos 
e pondere sobre isso. 
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