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Os Lusíadas – canto VI Eu-lírico: A maior parte do canto é narrado pelo poeta narrador. Em determinado ponto, o narrador empresta sua voz à Fernão Veloso, que começa a contar histórias para passar o tempo. Além disso, ao final, quem fala é o poeta lírico. Referências: Durante toda a epopeia há inúmeras referências à mitologia greco-latina. No canto sexto, se faz muito presente com a interversão dos deuses marinhos e de Baco na expedição de Vasco da Gama. Também se faz quando Vênus auxilia a frota contra a tempestade de Baco. Faz mensão também à vontade dos deuses em fazer de Lisboa uma nova Roma, que pode confirmar a memória afetiva de Vênus ao lembrar de sua “casa” ao ver os portugueses falando a língua neolatina. Há ainda uma outra que se relaciona com o episódio de os “doze de inglaterra” que é uma historia medieval portuguêsa. Enredo: Neste canto, conclui-se a narrativa de Vasco da Gama acerca da história e dos feitos portugueses. Após festejar com os estrangeiros, esquadra do Gama sai de Melinde guiada por um piloto melindano que mostrará o caminho correto até Calecut, que é o destino que almejam. (plano de viagem). 5. Outras palavras tais lhe respondia O Capitão, e logo, as velas dando, Para as terras da Aurora se partia, Que tanto tempo ha já que vai buscando. No piloto que leva não havia Falsidade, mas antes vai mostrando A navegação certa; e assim caminha Já mais seguro do que dantes vinha. Baco, ao ver que os portugueses estão prestes a alcançar seu objetivo, recorre a Netuno, que, junto com Tritão, convoca o segundo concílio dos deuses, desta vez, marinhos. Neste concílio, fica decidido que os deuses do mar irão apoiar Baco e soltarão ventos tão fortes para derrubar e afundar as caravelas de Vasco da Gama. (plano mitológico). 7. Via estar todo o Céu determinado De fazer de Lisboa nova Roma; Não no pode estorvar, que destinado Está doutro Poder que tudo doma. Do Olimpo desce, enfim, desesperado, Novo remédio em terra busca e toma: Entra no úmido Reino e vai-se à corte Daquele a quem o Mar caiu em sorte. Nesse período de aparente calmaria, os marinheiros ocupam seu tempo despreocupadamente ouvindo algumas histórias sendo contada por Fernão Veloso, entre elas, a famosa e romantica lenda de “Os Doze de Inglaterra”. (plano de viagem) 42. Consentem nisto todos, e encomendam A Veloso que conte isto que aprova. __ “ Contarei __ disse __, sem que me reprendam De contar cousa fabulosa ou nova; E por que os que me ouvirem daqui aprendam A fazer feitos grandes de alta prova, Dos nascidos direi da nossa terra, E estes sejam os Doze de Inglaterra. É durante esse fato que se concretiza a vontade de Baco em forma de uma terrível tempestade. (A vontade de baco é refletida em forma de tempestade no plano de viagem) 70. “Mas neste passo, assim prontos estando, Eis o mestre, que olhando os ares anda, O apito toca: acordam, desespertando, Os marinheiros duma e doutra banda; E, porque o vento vinha refrescando, Os traquetes das gáveas tomar manda: __ “Alerta __ disse __ estai, que o vento cresce Daquela nuvem negra que aparece!” Gama vê-se em extremo perigo e resolve suplicar ajuda à Divina Guarda, contudo, quem o ajuda é a deusa Vênus, que manda suas ninfas seduzirem os ventos para que cessem. (plano mítico) 85. Mas já a amorosa Estrela cintilava Diante do Sol claro no horizonte, Mensageira do dia, e visitava A terra e o largo mar com leda fronte; A Deusa, que nos céus governava, De quem foge o ensífero Orionte, Tanto que o mar e a cara armada vira, Tocada junto foi de medo e de ira. Assim que toda a tormenta acaba, a Armada de Gama avista um pedaço de terra de corresponde à Calecut. ( plano de viagem) 92. Já a manhã clara dava nos outeiros Por onde o Ganges murmurando soa, Quando da celsa gávea os marinheiros Enxergaram terra alta pela proa. Já fora de tormenta e dos primeiros Mares, o temor vão do peito voa. Disse alegre o piloto melindano: __”Terra é de Calecu, se não me engano. Vasco agradece devotamente à Deus, mesmo assim, quem ouve todas as preces dele é Vênus, por conta de uma memória afetiva que o povo português lhe remete. Ao final do canto, o poeta faz seu excurso lírico com considerações sobre o valor, a glória e a honra. Enquanto o poeta narrador apresenta todos as vitórias portuguesas de forma heroica, o poeta lírico afirma que esta heroicidade não depende somente de seus antecessores, mas sim, do proprio sujeito. (plano Ficcional) 95. Por meio destes hórridos perigos, Destes trabalhos graves e temores, Alcançam os que são de fama amigos As honras imortais e graus maiores; Não encostados sempre nos antigos Troncos nobres de seus antecessores; Não nos leitos dourados, entre os finos Animais de Moscóvia zibelinos; Outras leituras: nesta oitava, pode-se relacionar com a roda da fortuna, que mesmo girando, não atrapalhará os portugueses em sua missão, pois são um povo assinalado e protegido pelos deuses. 96. Não cos manjares novos e esquisitos, Não cos passeios moles e ouciosos, Não cos vários deleites e infinitos, Que afeminam os peitos generosos; Não cos nunca vencidos apetitos, Que a Fortuna tem sempre tão mimosos, Que não sofre a nenhum que o passo mude Pera algũa obra heróica de virtude;
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