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O Evangelho em dez palavras_ Paul Ellins

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O Evangelho Em Dez Palavras
ISBN: 978-0-99462221-1
Todos os direitos reservados © 2012 por Paul Ellis
Publicado pela KingPress, Nova Zelândia
Visite www.kingspress.org para mais informações
Tradução: Sandra Atkins
Revisão: Isabela e Beth Bretas
Esse título também é encontrado em versão impressa. Visite www.realmofgrace.com para mais
informações.
Todos os direitos reservados pela Lei Internacional de Direitos Autorais. O conteúdo dessa publicação
não poderá ser reproduzido em todo ou em parte sob qualquer forma ou meio sem a autorização prévia
por escrito da editora. Uma exceção é feita para pequenas citações em revisões. O uso de passagens
curtas ou cópia de páginas ocasionais para estudo pessoal ou em grupo é também permitido e
encorajado.
Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Sagrada
Almeida Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, © Copyright 1993.
Citações bíblicas seguidas da indicação “NKJ” foram tiradas da Bíblia New King James. Copyright ©
1982 by Thomas Nelson, Inc.
Citações bíblicas The Message. Copyright © by Eugene H. Peterson 1993, 1994, 1995, 1996, 2000,
2001, 2002. Usadas com a permissão da NavPress Publishing Group.
Todos os itálicos nas citações bíblicas são ênfases adicionadas pelo autor.
Os pronomes referentes ao Pai, Filho e Espírito Santo começam com letra maiúscula.
Quaisquer endereços eletrônicos encontrados neste livro são oferecidos como recursos. Eles não são, de
forma alguma, endossados pelo KingPress, portanto, o KingPress não garante a veracidade dos
conteúdos desses sites durante a existência desse livro.
Versão: 1 (2016)
Dedicado a todos!
http://www.kingspress.org
http://www.realmofgrace.com
 
RECONHECIMENTO
“Alguma vez, você já teve medo de a que a graça de Deus fosse muito boa
para ser verdade? Eu conheço o Paul há mais de 20 anos. Ele é um homem de
imensa integridade e humildade. Ele realmente acredita no que escreve!
Muitos estão à procura da verdade em que podem confiar. No Evangelho em
Dez Palavras, Paul entrega as Boas Novas com grandeza. Leia e fique
impressionado com o quão bom Deus é!”
— ROB RUFUS
 Pastor Sênior, City Church International, Hong Kong
 
“Paul Ellis escreveu um livro completo sobre o Evangelho! O Evangelho em
Dez Palavras é um dos melhores livros que eu já li sobre o assunto. Quando
terminei de lê-lo, imediatamente o li de novo, é simplesmente maravilhoso!
Este é um livro que você lerá, relerá e voltará nele como referência de novo e
de novo. É um livro que você desejará compartilhar com todos os seus
amigos e com estranhos também. Eu recomendaria que você comprasse uma
caixa cheia deles.”
 — ED ELLIOTT, aka The Vagabond Evangelist
 Presidente da World of Life Outreach
 
“O livro de Paul Ellis, O Evangelho em Dez Palavras, é libertador! Ele
simplifica o Evangelho de Jesus Cristo e revela o seu poder transformador.”
 — PETER M. KAIRUZ
 CEO da CBN Ásia e Apresentador do 700 Club Ásia
 
 “Se a sua caminhada com Deus tornou-se um penoso rastejamento, então o
livro do Paul, O Evangelho em Dez Palavras, é exatamente o que você
precisa. Cada capítulo é uma emocionante visão do Evangelho de Jesus – eu
não estou brincando – os leitores ficarão surpresos ao ler. Da mesma forma
que um excursionista fica deslumbrado com um imprevisível campo aberto
diante de si, nós descobrimos que a batalha acabou e que tudo o que nos resta
é maravilhar-nos e respirar. Essa é a infindável visão que Paul Ellis oferece –
as deslumbrantes Boas Novas que Deus planejou para todos nós. Este é o
livro que eu escolheria para qualquer pessoa, considerando uma caminhada
com Deus quer seja no início, ou não.”
 — RALPH HARRIS
 Autor do livro God´s Astounding Opinion of You
 
“Um dos melhores livros que já li. A luz do glorioso Evangelho de Cristo
encheu meu coração enquanto eu lia este livro. Ele é todo centrado em Jesus
Cristo e no Seu trabalho consumado na cruz. Agora tenho um entendimento
mais claro de quem eu sou e o que eu possuo por causa do que Jesus Cristo
fez por mim.”
— JUN YU
Pastor Sênior de Jesus Faith Christian Fellowship, the Philippines
 
 “Este livro é simplesmente cativante. É como olhar o Evangelho da graça em
um panorama de 360 graus. Escrito com maravilhosa clareza e praticidade, O
Evangelho em Dez Palavras transborda boas novas em todas as páginas.”
— CORNEL MARAIS
Autor do livro So You Think Your Mind is Renewed?
 
“Eu amo O Evangelho em Dez Palavras. Esta é a revelação que virá como
uma maravilhosa surpresa para o novo cristão, e também para todos os que
achavam que entendiam o Evangelho, mas estavam presos em pensamentos
baseados em tradições. Com graça e alegre poder, Paul sistematicamente
substitui equívocos pelas realidades do alicerce das Boas Novas que Deus
deu a todos os povos. Eu recomendo este livro para todos!”
— JACK STRADWICK
Pastor Sênior, Fusion Church, New Zealand
 
“Paul Ellis é uma das poucas pessoas que conheço que consegue apresentar o
Evangelho da graça de uma forma não somente simples de entender, mas
também capacitando os que creem a abraçar o poder sobrenatural de Deus.
Leia este livro, quer você ache que já entende o Evangelho ou não. Esta
leitura irá transformá-lo.”
 — RYAN RHOADES
 Fundador do RevivalOrRiots.org
 
“Eu tenho lido os escritos de Paul já por alguns anos e, frequentemente, tenho
sido encorajado e fortalecido pela sua revelação do Evangelho. O Evangelho
em Dez Palavras irá fortalecê-lo nas Boas Notícias de um Deus que nos ama
mais do que sabemos e que nos deu mais do que nós usamos. Este livro vai
ajudá-lo a descobrir o amor de Deus e a completa provisão em Cristo.”
 — WAYNE DUNCAN
Pastor Sênior, Coastlands Christian Church, South Africa
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE
 
DEIXANDO A SELVA
AMADOS
PERDOADOS
SALVOS
UNIDOS
ACEITOS
SANTOS
JUSTOS
MORTOS
NOVOS
REAIS
TESTE O SEU EVANGELHO
NOTAS
ÍNDICES DE ESCRITURAS
PERGUNTAS FREQUENTES
RECONHECIMENTO
 
 
 
Prefácio
DEIXANDO A SELVA
 
Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, foi um tempo de grande alegria e
celebração. Espadas foram transformadas em arados, prisioneiros foram
libertos, e milhões de soldados voltaram para suas casas e famílias. Mas um
homem, o Segundo Tenente Hiroo Onoda que pertencia à tropa imperial
japonesa, escolheu não acreditar nos anúncios do final da guerra. Nos
próximos 29 anos, o Tenente Onoda escondeu-se na selva das Filipinas,
recusando-se a voltar para casa.
Sabendo que ele ainda estava lá, as autoridades tentaram alcançá-lo com
as notícias. Entretanto, Onoda rasgou os folhetos contendo as boas novas
achando que eram propaganda do inimigo. Ele considerou as cartas, fotos de
família, e jornais jogados pelos aviões como nada mais que truques ardilosos.
Em 1974 um estudante japonês decidiu achar o Tenente isolado e fez disto
o seu desafio de vida. Depois de procurá-lo na selva, o estudante achou o
velho soldado e tornou-se seu amigo, mas ainda assim não conseguiu
convencê-lo a render-se.
Um tempo depois, o Governo Japonês enviou o Comandante oficial de
Onoda à selva com ordens para que ele se rendesse. Sentindo-se dispensado
da sua obrigação, Onoda esvaziou sua espingarda e colocou sua arma no
chão. Para ele a guerra finalmente havia chegado ao fim. Ele retornou para
sua casa e foi recebido como um herói.1
Por três décadas, o Tenente Onoda estava envolvido em uma guerra que
existia somente em sua mente, contra um inimigo imaginário que ele temia. E
é dessa forma que algumas pessoas se relacionam com Deus. Elas se
opuseram a Deus em suas mentes e pensam que estão em Sua mira por causa
dos seus pecados. Elas nunca ouviram que a hostilidade cessou, a guerra foi
ganha e o Príncipe da Paz agora está assentado no trono.Ignorantes às Boas
Notícias e com medo de Deus, elas estão escondidas nas selvas da religião ou
no autoengano do ateísmo. Deus os odeia - é o que elas pensam. Sua ira está
aumentando. Elas não sabem ao certo o que Deus está fazendo agora, mas a
expectativa é de que Ele aparecerá um dia, e quando isso acontecer, as
dívidas terão que ser pagas.
 
Porque eu escrevi este livro
Eu escrevi este livro por uma simples razão: a grande parte das pessoas nunca
ouviu o Evangelho. Como eu sei disso? Porque elas estão incertas sobre
quem Deus é, e sobre o que Ele pensa sobre elas. Talvez tenham ouvido as
Boas Notícias, mas não acreditam, não se encaixa em suas mentes. Então,
vivem debaixo de uma mentira recusando-se a voltar para a casa.
Infelizmente, isso é verdade tanto para os incrédulos, quanto para os
cristãos.
Em dez anos de pastoreio e quarenta anos de igreja, pude conhecer
milhares de cristãos de diferentes partes do mundo. Cada um deles irá falar
que acredita no Evangelho. Mas o fruto de suas vidas revela uma história
diferente. Ao invés de colher do Evangelho da paz, eles estão capinando o
duro solo da religião do Faça Você Mesmo. Ao invés de extrair alegria das
fontes de salvação, eles estão fazendo tijolos no abismo do cristianismo
baseado em desempenho.
Por que eu estou convencido de que a maioria das pessoas não conhece o
Evangelho? Porque elas não têm alegria. As suas bocas não estão cheias de
riso e as suas línguas não cantam das grandes coisas que Deus tem feito por
elas. Citando Shakespeare, a alegria é a prova.
 
"E o anjo lhes disse: Não temais. Eu vos trago Boas Novas de grande
alegria, que o será para todo o povo." (Lucas 2:10)
 
O anjo falou que o Evangelho traria grande alegria para todo o povo.
Aqueles que recebem o Evangelho haverão de ser as pessoas mais felizes e
alegres do mundo. Ainda assim, muitos cristãos estão longe de serem alegres.
Talvez estejam sorrindo por fora, mas por dentro estão ansiosos, inseguros, e
lutando com culpa e condenação. Temerosos em aborrecer a um Deus severo,
estão tentando fazer a coisa certa para serem agradáveis ao Senhor. Mas
como nunca estão certos se estão fazendo o bastante, eles não têm paz.
Outros estão correndo atrás do favor de Deus, mas nunca sentem que
chegaram lá. Estudam as escrituras, jejuam e oram, e fazem tudo o que lhes
foi ensinado, mas as prometidas bênçãos da vida cristã - o perdão, a
aceitação, a provisão de Deus, etc... - sempre parecem fora de alcance. Eles
estão suando no moinho de serviços cristãos só para irem a lugar nenhum.
Pressionados entre as demandas de um Deus Santo que espera nada menos
que perfeição e o comportamento defeituoso de suas vidas quebradas;
cristãos podem estar dentre as pessoas mais neuróticas do planeta. Como
ioiôs, estão de pé um dia e prostrados no outro; dando testemunho no
domingo e confessando na segunda. Cada vez que tropeçam, prometem a
Jesus que tentarão fazer melhor da próxima vez, mas isso nunca acontece.
 Sentem-se como fraudes e temem o que lhes acontecerá quando seus
fracassos forem finalmente expostos.
Uma fonte amarga
A tragédia é que as muitas pessoas que se encontram nessa situação sabem
que alguma coisa está errada, e creem que o erro está nelas. Até porque, estão
constantemente ouvindo que não fazem o bastante. Elas ouvem que devem
orar mais, dar mais, jejuar mais, frutificar mais, e enquanto fazem tudo isso,
que tal mostrar mais entusiasmo com o nosso novo programa? Alguns
cristãos estão perto de suar sangue por Jesus, e tudo isso só os fazem
cansados e doentes.
Se esse é você, o problema não está no seu esforço ou desejo, mas sim no
seu evangelho. Está contaminado. Você está bebendo de um poço
contaminado e isso está lhe fazendo adoecer.
O Evangelho é: Boas Notícias. Isto é o que a palavra Evangelho
literalmente significa: Boas Notícias. Definindo melhor, qualquer evangelho
que o leva a ter medo de um Deus irado e severo não é o Evangelho. Não são
Boas Notícias. Qualquer evangelho que o deixa inseguro e incerto, sempre
questionando: Eu sou aceito? Eu sou perdoado? não são Boas Notícias.
Qualquer evangelho que demanda de você uma vida inteira de santificação
progressiva, mas ao mesmo tempo não lhe oferece nenhuma garantia de que
você chegará lá, não são as Boas Novas. Qualquer evangelho que força
pessoas mancas a pularem pelas argolas do desempenho religioso não é o
Evangelho.
A razão principal pela qual muitos cristãos andam tristes e cansados é
porque nunca ouviram o Evangelho. Eu sei que é difícil de acreditar, mas é
verdade - o Evangelho quase nunca é pregado. Visite qualquer igreja ou ligue
o canal cristão na TV e provavelmente você ouvirá qualquer outra coisa que
não seja o puro Evangelho do Reino. Não culpe os pregadores. Muitos deles
estão fazendo o melhor que podem, mas eles não podem dar o que não têm e
pregar o que nunca ouviram.
Eu sei disso por experiência. Liderei uma congregação por muitos anos, e
em cada Páscoa, Natal e domingos especiais eu pregava o Evangelho sem
nem saber o que era. Ou melhor, eu pregava o que eu achava que era o
Evangelho, mas na verdade era uma imitação inferior. Minhas intenções eram
puras e eu tinha um desejo genuíno de salvar os perdidos, mas estava sempre
questionando porque as poucas pessoas que foram salvas pela minha
pregação não estavam pulando de alegria. Eles eram desejosos (como eu),
mas não estavam cheios de alegria. Talvez o anjo estivesse errado nesse
ponto.
 Hoje sei que estava vendendo uma versão diluída do Evangelho. Eu era
como um advogado entregando as fortunas de uma herança e depois pedindo
o dinheiro de volta em juros e impostos. Eu “vendia” a graça de Deus como
num cartão de crédito. "Compre agora, pague mais tarde. Inscreva-se hoje, o
primeiro mês é de graça. Mas depois desse tempo, nós precisamos conversar
sobre sua responsabilidade, discipulado, e o verdadeiro custo de ser um
seguidor de Jesus." Eu tinha o jargão correto, mas a teologia errada. Era amor
com gancho e graça com preço.
Que loucura eu pregava!
 
O que o Evangelho não é
O que é o Evangelho? Quando essa pergunta é feita, as pessoas normalmente
respondem com uma variedade de respostas. "O Evangelho é a Palavra de
Deus - são as escrituras." "É a história do Salvador contada por Mateus,
Marcos, Lucas e João." "São as falas de Jesus escritas em vermelho." "É a lei
santa de Deus." "É o convite de deixar o pecado e escapar do inferno." "É o
que você deve acreditar aconteça o que acontecer." Embora essas sejam
respostas comuns, nenhuma delas é o Evangelho.
As escrituras são a verdade do Evangelho, mas elas não são O Evangelho.
A Bíblia contém as Boas Novas, mas também contem muito do que não são
as Boas Novas. Se você não souber discernir a diferença, ficará confuso
quando ler sua Bíblia.
Os relatos de Mateus, Marcos, Lucas e João são chamados de evangelhos,
mas eles não são O Evangelho. Coletivamente, esses quatro livros contêm
mais de 60.000 palavras, mas como nós veremos, o Evangelho pode ser
resumido em uma única sentença, até mesmo em uma palavra.
As falas de Jesus em vermelho não são o Evangelho. Tudo o que Jesus
disse foi bom, mas nem tudo que Ele falou eram boas notícias. E nem tudo
que Ele falou foi direcionado para você. Jesus pregou a lei para aqueles que
viviam debaixo da lei antes da cruz. Nós não estamos debaixo da lei
(Romanos 6:14). Nós vivemos debaixo de uma aliança completamente
diferente da que os judeus viviam nos dias de Jesus. Palavras direcionadas a
eles, não necessariamente são direcionadas a você.
A lei não é o Evangelho. A lei é boa e tem os seus propósitos, mas ela traz
más noticias e não as Boas Novas. O propósito da lei é revelar o pecado e
condenar a justiça-própria. As más notícias da lei silenciam a todos e revelam
a nossa necessidade de um Salvador. A lei diagnostica o problema, mas não
faz nada para tratá-lo.
A exortação para "deixar o pecado" não é as Boas Novas. Não é nem
nova. É uma antiga mensagem baseada em obras que o deixará focado no
pecado e introspectivo. É a mensagem de Moisés e JoãoBatista. É a
mensagem da maioria do Velho Testamento. Não é o Evangelho da graça que
nós achamos nas cartas do Novo.
As Boas Novas também não podem ser definidas como a ausência de más
notícias. Alguns evangelistas acham que amedrontar pessoas é uma boa
forma de ganhar discípulos para Jesus, mas medo é uma base terrível para
qualquer relacionamento. Jesus não está interessado em casamentos forçados.
Paulo, o maior apóstolo da Bíblia, pregou o Evangelho sem nunca mencionar
a palavra inferno.
Finalmente, o Evangelho não é um artigo de fé. Não é algo que
magicamente toma vida se você acreditar de verdade. Não é o fruto de
pensamentos positivos. Também não é profecia. E não é algo que somente
será real no futuro.
As Boas Notícias não são o bom livro, a boa lei ou as boas palavras do
bom Mestre. Também não são bons conselhos, boas instruções ou boas
vibrações. As Boas Notícias são notícias - é o anúncio das Boas Novas de um
Deus feliz. O Evangelho é a notícia de hoje, e é inquestionavelmente boa.
E agora as Boas Novas
O Evangelho é a alegre e feliz notícia de que Deus é bom, Ele te ama, e de
bom grado, deu tudo o que Ele tem para que Ele tenha você. Ao contrário da
crença popular, Deus não está zangado com você. Ele também não está de
mau humor. As Boas Novas declaram que Deus é feliz, Ele é por você, e quer
dividir a vida dEle com você para sempre.2
Jesus é a prova disso. A veracidade do Evangelho é evidenciada em Sua
morte e ressurreição. Na cruz Jesus mostrou que nos amava enquanto éramos
pecadores e Ele morreu para que pudesse viver conosco. E através da
ressurreição, Ele provou que nada – nem mesmo a morte – pode nos separar
do amor de Deus que é nosso em Cristo Jesus.
Através de Jesus, o nosso Representante, nosso Pai Celestial uniu-Se a
nós, prometendo nunca nos deixar ou nos abandonar. Nós estamos seguros,
não em nossas fracas promessas a Ele, mas em suas incondicionais e
inabaláveis promessas feitas a nós.
É isto: Deus o ama e quer estar com você. É simples, mas é a maior
verdade do universo. Nós gastaremos a eternidade para descobrir os bilhões
de facetas das expressões ilimitadas do Seu eterno amor. Na verdade, para
isto nós fomos criados – para receber e responder ao Seu divino amor. Essa é
a lei fundamental da nossa existência e a razão do nosso ser. Essa é a melhor
notícia que você jamais poderia ouvir.
 
O presente de amor 
O Evangelho é tão simples que as nossas mentes adultas têm dificuldade em
assimilar. “Não pode ser tão bom.” “Tem que ter um senão.” Antes de
entender a simplicidade do Evangelho, minha mente era como um monte de
cinzas – cheia de “mas”. Deus o ama, mas... Jesus morreu por você, mas...
Para mim, os dons de Deus sempre vinham com uma etiqueta de preço. Só
que isso era uma mentira. Eles não podem ter preço. Você percebe? Graça
precisa ser de graça, ou então, não é graça. Não deixe ninguém lhe cobrar
pelo que Deus lhe deu gratuitamente.
O Evangelho que Jesus pregou começa assim: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu...” O Evangelho é primeiramente e
principalmente uma declaração de amor comprovada por um presente. É o
anúncio de um presente de amor e esse presente é Jesus. Aqui é que muitos se
enganam. Eles pegam o maior presente do universo, colocam dentro de uma
caixinha chamada “minha salvação”, e depois colocam essa caixa no armário
dos seus passados.
“O Evangelho? Ahhh, isso é para os pecadores. Eu já ouvi. Eu sou salvo.
Não tenho mais que usá-lo.”
O anjo discordaria de você. Ele disse que o Evangelho é para todo o povo,
incluindo santos e pecadores. Salvação é um dos muitos benefícios do
Evangelho, mas tem muito mais nesse presente do que a salvação. Jesus não é
somente o Salvador, mas Ele é Deus conosco. As nossas mentes podem
apenas tentar entender o significado dessa revelação. Deus conosco. Ele não
está longe, Ele está perto. Ele não é contra nós, mas por nós. Se Ele já nos
deu o Seu Filho, o que Ele nos negaria? Wow! Isso é teologia Grand Canyon.
Esse é o Evangelho que tira o fôlego te deixando sem palavras em adoração.
Ele nunca nos deixará ou nos abandonará. Que alívio! Que paz! Isso são
pastos verdes em águas tranquilas. Isso é lar. Isso é descanso.
O Evangelho é maior e melhor do que pensamos. A bondade das Boas
Novas é diretamente proporcional à bondade de Deus; e a novidade das Boas
Novas é proporcional ao nível de revelação que temos dEle. E porque Deus é
infinitamente bom e infinitamente grande, e porque há sempre mais para
descobrirmos sobre Ele, tem sempre mais nas Boas Novas do que podemos
pensar ou imaginar. O Evangelho é simples, mas fica maior e melhor quando
o examinamos de perto. E ao o examinarmos, ficamos cheios de gratidão pelo
amor e gentileza de um Deus que é bom.
 
O Prego de Spurgeon
O que é o Evangelho? É a revelação do amor de Deus através de Jesus Cristo.
Seja qual for sua necessidade, sua resposta será achada em Cristo somente.
Ele é o Amor que nos ama e a Graça que nos ajuda em nosso momento de
fraqueza. Se você é um pecador precisando de redenção, vá para Jesus. Se
você é um santo lutando contra o pecado, vá para Jesus. Se você está
oprimido pela pobreza, você não precisa de um sermão sobre os sete passos
para a prosperidade – você precisa de uma revelação de Jesus, o qual se fez
pobre por nossa causa para que possamos ser ricos (II Coríntios 8:9). Se você
está em meio a uma tempestade e não sabe como seguir em frente, você
precisa de uma revelação dAquele que silenciou a tempestade com uma
palavra. Se estiver em busca de uma solução para um dos muitos problemas
do mundo, Jesus a tem. Desde que Jesus é o Autor da Vida, Ele é a primeira e
última palavra em todo e qualquer assunto.
Quando comecei como pastor, eu via necessidades em todos os lugares, e
moldava minha pregação para que ela servisse de solução. Quando tínhamos
problemas com pecados, eu pregava sobre arrependimento e como obtê-lo.
Depois pregava sobre santidade e como obtê-la. Eu era um pregador versátil.
Sempre que um problema aparecia, eu iria resolvê-lo com a minha Bíblia.
Inocentemente, eu achava que minhas habilidades em pregar, combinadas
com meu profundo conhecimento bíblico, resolveriam os problemas de todos.
Na verdade, isso foi uma receita para pregações sem poder, cristianismo
carnal e reuniões monótonas. (Se você estava lá, me perdoe).
Então eu descobri uma profunda verdade. Você pode saber a Bíblia de
capa a capa e ainda assim não conhecer o Evangelho. Leia a palavra escrita
através de lentes que não sejam a Palavra Viva, que você acabará com uma
imitação do Evangelho e com uma religião sem vida. Quando as escamas
caíram dos meus olhos, minha primeira reação foi choque – Como eu não
percebi? – seguida de uma alegria desmedida – Deus, o Senhor é ainda
melhor do que eu achava! Eu comecei a ver Jesus em cada página da minha
Bíblia. É tudo sobre Ele! Eu queimei todos os meus sermões e comecei de
novo. Eu comecei a pregar Jesus e nada mais. Eu fiquei como Spurgeon que
disse em 1891:
 
“Às vezes me maravilho pelo fato de vocês não se cansarem da minha
pregação, porque não faço nada mais do que martelar nesse mesmo
prego. Eu bato em sua cabeça, depois vou para o lado para firmá-lo
mais, mas sempre permaneço nele. Comigo é só isso, ano após ano,
“Nada além de Jesus! Nada além de Jesus!” Oh, vocês grandes santos,
se já tiverem ultrapassado a necessidade de confiança de um pecador
no Senhor Jesus, vocês ultrapassaram os seus pecados, mas vocês
também ultrapassaram a graça, e a sua santidade os arruinou.”3
 
Eu fui salvo trinta e quatro anos antes de começar a ver o Evangelho em
toda a sua glória libertadora. Eu estava no caminho para virar um santo
arruinado, enjaulado pelas expectativas minhas e dos outros. Mas as janelas
da minha alma foram abertas, e eu respirei de novo o ar fresco do céu. Nunca
mais voltarei para aquela jaula.
 
Liberdade para todos
O Evangelho é Boas Novas para o prisioneiro, tanto salvo quanto não salvo.
Se você está sentindo o peso mortal do fardo do pecado ou a exaustão da
devoção, o Evangelho o libertará.Simples assim. O Evangelho tem mais
poder do que você possa imaginar. Já vi jugos de décadas e feridas antigas
serem quebradas em um momento. Vi pecadores mortos nascerem para uma
nova vida e santos mancos ganharem pernas novas. É como se o Espírito
Santo estivesse esperando falarmos “Sim” para a graça e quando o fazemos,
Uau! – a liberdade chega e somos transformados.
Em contraste com a religião morta dos homens, o Evangelho vivo da graça
é totalmente sobrenatural.
Mas aqui você encontra uma parte importante. A única coisa que pode
impedi-lo de andar no amor e graça de Deus é sua mente duvidosa e a
incredulidade. Eu não estou falando sobre ateísmo; incredulidade vem em
sombras discretas. Na igreja, incredulidade é manifestada na linguagem sem
fé de dívida e obrigação. É pedindo a Deus para fazer o que Ele já fez. É
tentando personificar Jesus. É trazendo sacrifícios e ofertas que Ele não
pediu.
Essa não é a forma correta de recebermos um presente.
O Evangelho é verdadeiro quer você creia ou não, mas não lhe fará bem
algum a não ser que você creia nele. Ninguém irá forçá-lo a deixar a selva. A
condição única para receber o dom da graça de Deus é que você precisa
querê-lo. O pecador precisa baixar as armas e o santo precisa colocar as suas
ofertas no chão, para que ambos possam vir com mãos vazias e corações
cheios de fé para a mesa das bênçãos.
A única coisa que pode fazer com que as excessivas riquezas da graça de
Deus sejam inoperantes é a incredulidade. A incredulidade ora: “Deus, por
favor, faça isso, e aquilo, e aquilo outro”, mas a fé contempla o trabalho
completo da cruz e fala: “Senhor, está tudo feito.” A incredulidade dá:
“Senhor, olhe o que eu fiz, construí e trouxe para o Senhor.” – mas a fé
recebe: “Olha o que o Senhor tem feito por nós.” A incredulidade se esforça e
nada conquista; a fé entende que tudo vem a nós pela graça. A incredulidade
tenta, mas a fé confia.
 
A história de Jake
Enquanto eu escrevia este prefácio, recebi uma mensagem de um jovem que
chamarei de Jake. Jake me escreveu para falar que amava a Deus e queria ter
um relacionamento com Ele, mas não sabia o que fazer ou como ser salvo.
Ele disse que ouviu de alguns religiosos que Deus espera que vivamos uma
vida sem pecado e que Ele não aprovaria se saíssemos para dançar com
amigos.
Nesse ponto você talvez esteja pensando: “Que informação enganosa,
dançar não é pecado.” Eu sei, é engraçado. Mas não ignore o problema maior.
Cristianismo não é uma lista de pode e não pode. Cristianismo é Cristo. O
ponto aqui não é se dançar está na sua lista do pode ou do não pode; o ponto
é se você tem essa lista. Pessoas focadas em regras estão preocupadas em
fazer o bem e evitar o mal, mas isso é religião carnal. É comer da árvore
errada. Cristianismo não é teste, é descanso.
Então aqui está Jake ouvindo as más notícias da religião que dizem que
Deus não o aceitará a não ser que, primeiro, ele resolva os seus problemas e
mude seu comportamento. Eu espero que você consiga perceber que isso não
são Boas Novas. De fato, cobrar que pecadores paguem ingresso para se
achegar ao trono da graça é uma prática diabólica.
Mas o que realmente me impressionou foi o fato de que Jake falou que
essas más notícias foram “o que ele ouviu a sua vida inteira”. Parece que Jake
já havia frequentado congregações e que amava o Senhor, mas ninguém
nunca o informou sobre as Boas Novas.
Você não acha impressionante o fato de que mesmo com todas as igrejas
no mundo e canais cristãos de TV; ainda existem milhões, senão bilhões de
pessoas como o Jake que nunca ouviram o Evangelho? Eu ouço de pessoas
nessa situação todos os dias.
E como ninguém nunca transmitiu as Boas Novas para o Jake, o privilégio
de proclamar essa feliz mensagem caiu sobre mim. Em poucas frases eu lhe
contei que Deus o ama e que não há nada que ele possa fazer para que Deus o
ame mais. Eu expliquei que ir à igreja e evitar pecados não o salvaria e que a
única coisa que agrada a Deus é a fé em Seu Filho Jesus. “Para ser salvo,
você precisa confiar que Jesus é quem Ele disse que é, que Ele o ama, morreu
por você e agora vive por você.” Eu encorajei Jake a falar com Deus e pedir
para que Ele lhe revelasse o Seu amor. Uma hora depois recebi a resposta
abaixo:
 
Uau! Isso com certeza são Boas Novas. Quer dizer, isso são grandes
notícias! Muito obrigado. Eu não tinha ideia do que Jesus realmente
significava.
 
Dois dias depois, Jake me escreveu de novo para dizer que ele havia sido
salvo, que estava tendo comunhão com Deus e que Deus o estava ajudando
muito. Isso é o que eu chamo de evangelismo sem esforço. Eu simplesmente
passei as Boas Notícias para frente, o Espírito Santo trouxe revelação e Jake
foi liberto.
E nenhum esforço foi requerido.
 
O doce e curto Evangelho
Os grandes pregadores da história sempre proclamaram um Evangelho
simples com poucas palavras e muito poder.
Paulo trouxe o reino celestial para a cidade pagã de Coríntios com nada
mais que um Evangelho de cinco palavras – “Jesus Cristo e este crucificado.”
– comprovadas pelo poder do Espírito Santo.
Pedro precisou somente de doze palavras para declarar aos seus
companheiros judeus as Boas Novas: “a este Jesus, que vós crucificaste, Deus
o fez Senhor e Cristo.”
E Jesus precisou de nove palavras para Se revelar como a solução para a
nossa busca: “Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida.”4
Como você vê, existem muitas maneiras diferentes de se falar a mesma
coisa. Enquanto você estiver revelando o amor de Deus personificado em
Jesus – quem Ele é, o que Ele fez e o porquê – você estará pregando o
Evangelho.
As Boas Novas não devem ser complicadas. O Evangelho é simples o
bastante para uma criança entender. Você não precisa saber grego para
assimilar. Também não precisa ir para o seminário ou para uma escola bíblica
para compreendê-lo.
Um dos meus favoritos resumos do Evangelho é a pérola de vinte e uma
palavras falada por Calvino: “O Filho de Deus se tornou o Filho do homem
para os que filhos dos homens se tornassem filhos de Deus.” Curto e doce.
Ou que tal este resumo ainda mais curto feito por Anna Bartlett Warner:
“Jesus me ama, isso eu sei, pois a Bíblia assim me diz.”5 Esse é o Evangelho
que o meu filho de três anos conhece.
Aqui está o Evangelho que cantamos no Natal:
 
Veio em carne, salve a divindade encarnada
Agradou-Se em habitar conosco, Jesus o nosso Emanuel...
Desfez-Se da sua glória, nascido para que o homem não morra mais
Nasceu para levantar os filhos terrestres, nasceu para dar-lhes
renascimento
 
Esse verso vem do hino “Salve! Os anjos cantam”, caso você não conheça.
Este antigo hino de Charles Wesley que foi composto há 270 anos é uma
prova de que os evangelhos simples permanecem. Eles ficam em nossos
corações, pois falam ao mais profundo das nossas carências e nos remetem à
nossa verdadeira casa.
Mas claro que você não precisa ser um compositor ou escritor para
descrever o Evangelho de forma simples. Há algum tempo atrás eu desafiei
os leitores do meu blog, (Escape to Reality), a proclamar as Boas Novas em
poucas palavras.6
Steve, que mora em Sydney, escreveu: “Receba Jesus e você será limpo
como Ele é, livre como Ele é, e estará perto do Pai como Ele está”.
Phil, que mora no Alabama, nos deu este evangelho em dez palavras:
“Jesus te ama e Deus não está irado com você”.
Daniel, que mora em Massachussetts, nos proveu um evangelho de nove
palavras: “Venha! A barreira do pecado caiu. Eu te amo”.
E Miriam, que mora em Nebraska, nos deu essa maravilhosa afirmação:
“Na família de Deus para sempre, por Seu trabalho e poder”.
Alguns dizem que um tsunami de graça está varrendo o mundo. Se isso for
verdade, então um dos sinais desse despertamento para a graça será um
aumento da ênfase no curto e simples Evangelho que Jesus revelou e que os
escritores do Novo Testamento proclamaram.
O Evangelho da graça é completamente diferente da religião baseada em
regras à qual muitos de nós estamos familiarizados. Religião é complicada,
mas graça é simples. Religião é vaga, mas graça é clara comoum cristal.
Religião expõe erros e não faz nada para ajudar, mas a graça de Deus lhe
impulsiona triunfantemente durante os desafios mais difíceis da vida.
Religião lhe dará dores de cabeça e irá deixá-lo doente e cansado, mas graça
dá força aos cansados e vida aos mortos. Religião tenta frear o livre, mas
graça liberta o prisioneiro e o opresso.
É a minha firme convicção de que quanto mais pessoas começarem a
apreciar a beleza e riqueza da graça pura do Evangelho, sermões sobre outros
assuntos vão desaparecer como notícias passadas. O poder de Deus é
revelado somente no Evangelho e nós fomos chamados para pregar nada
menos que isso.
 
Quadros em uma exposição
Se o Evangelho é curto, então por que eu escrevi um livro inteiro sobre ele?
Pela mesma razão que mineiros cavam profundos buracos ao redor das
montanhas – há tesouros lá dentro. O Evangelho revela não somente uma
porta para o domínio do Rei, mas também o castelo, as decorações e o seu
inteiro esplendor.
As bênçãos do Evangelho são muitas, mas neste livro iremos estudar
somente dez delas. Essas dez bênçãos não devem ser interpretadas como
níveis ou degraus ou nada desse tipo. Ao invés disso, pense nelas como
pérolas em um colar ou quadros em uma exposição. Elas são variantes do
mesmo tema que é Jesus. Elas são dez revelações da graça que descrevem a
vida de cada cristão, sem exceção. Em união com Cristo você é amado,
perdoado, salvo, aceito, santo, justo, morto para o pecado, novo e real.
Quando acabei de escrever este livro, um amigo me perguntou sobre o
título: “Você sabia que “as dez palavras” é um tipo de nome para os Dez
Mandamentos?” Eu não sabia e a pergunta dele causou um momento de
pânico. Ah não! As pessoas vão pensar que este livro é baseado na lei. Isso é
um péssimo título para um livro sobre a graça.
Eu comecei a pensar que tinha me enganado sobre o título, mas o meu
amigo discordou: “Isso é bom e não é uma coincidência.” Ele estava certo.
Deus sabe que eu amo listas e eu estou certo de que foi Ele quem me deu a
ideia do livro e do seu título. Então, decidi não mudar o título.
O livro é O Evangelho em Dez Palavras – não nove, nem onze, mas dez.
Você já ouviu as dez palavras da lei de Deus; agora você pode receber as dez
palavras da Sua graça.
Mas, por outro lado o título deste livro pode ser enganoso. Você não
precisa de dez palavras para entender o Evangelho, você somente precisa de
uma, e esta palavra é Jesus. O Evangelho não é Jesus-mais-você ou Jesus-
mais-as doutrinas da moda. É Jesus somente. Ele é o único nome pelo qual
podemos receber o perdão e a aceitação e a santidade e todas as outras
manifestações da graça sobre as quais eu escrevo neste livro. Não se esqueça
disso.
Antes de você entrar na galeria da Sua graça, vamos dar mais uma menção
ao Tenente Onoda do Exército Japonês. Depois de finalmente ser convencido
de que a guerra do Pacífico havia findado, ele virou um novo homem. Parou
de aterrorizar os fazendeiros das Filipinas e abriu um generoso investimento
para a educação dos filhos dos filipinos; depois voltou às Filipinas para
agradecer ao povo pela assistência em mantê-lo vivo durante o seu auto
imposto isolamento.7
Da mesma forma que o Tenente Onoda transformou-se em um homem
diferente depois que aceitou as boas notícias de que a guerra havia chegado
ao fim, eu creio que você será uma pessoa diferente quando terminar de ler
este livro. O Evangelho nos transforma. Ele nos liberta de quem nós somos e
nos dá poder para sermos quem fomos criados para ser. Ele não faz isso
dando-nos instruções sobre o que fazer, mas revelando-nos a verdadeira
natureza de Deus. Eu garanto que, quando você ver o Deus que está por trás
do Evangelho, você nunca mais será o mesmo.
A minha oração é que, enquanto você ler este livro, o Espírito Santo
gentilmente lhe guie para a saída de qualquer selva que você possa estar, e
que você comece a dançar livremente nos espaços abertos da maravilhosa
graça de Deus. Quer seja um jovem pecador ou um velho santo, minha
esperança é que quando se encontrar com a graça de Deus nestas páginas,
você se verá face a face com Jesus.
Jesus é as Boas Novas!
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho...”
(João 3:16)
AMADOS
 
 “Então, o que você aprendeu na escola dominical, filhinha?” Nós estávamos
voltando para casa depois do culto e minha pergunta foi direcionada para
minha filha de seis anos.
“Nós aprendemos sobre os Dez Mandamentos.”
“Mesmo? Agora me responda uma pergunta: – Deus irá amá-la mais se
você guardar os Dez Mandamentos?”
Longo silêncio no banco de trás do carro. Minha filha sentiu o cheiro da
armadilha e respondeu hesitante: “Humm, sim?”
“Não”, eu respondi. “Deus a ama quando você é obediente e quando você
é teimosa. Ele a ama o tempo todo. Igual ao papai”, eu respondi com um
sorriso.
Como a maioria dos pais, eu amo os meus filhos independentemente de
seus comportamentos. Se minha filha crescesse e quebrasse todos os Dez
Mandamentos, ainda assim, ela seria a minha menina querida e eu a amaria
profundamente. Contudo, muitos acreditam que Deus não é tão amoroso
como nós. Eles aprenderam que o amor de Deus é filtrado por um problema
de gerenciamento de ira. “Claro, Deus o ama, mas Ele também está irado com
você. Então, fique atento.” Da mesma forma que é raro ouvirmos sermões
sobre o puro Evangelho, raramente ouvimos o amor de Deus sendo pregado
sem ganchos e qualificações. É amor incondicional – (com condições).
Como podemos pensar que nós amamos nossos filhos mais do que Deus
nos ama?
 
Amor mais alto que as montanhas
Deus não está irado com você. Ele o ama com amor eterno. “Porque os
montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia
não se apartará de ti e a aliança da minha paz não será removida, diz o
SENHOR, que se compadece de ti.” (Isaías 54:10)
Você talvez pergunte, “Mas e os versos sobre a ira de Deus?”
Você está se referindo aos que falam que Sua ira é momentânea, mas o
Seu amor é eterno?1 Eu amo esses versos. Eles são um grande conforto para
mim.
Deus estava irado com o seu pecado, da mesma forma que eu fico irado
com as doenças que afligem os meus filhos, mas Ele lidou com o seu pecado
de uma vez por todas há mais de 2.000 anos atrás. Na cruz, Aquele que não
conhecia pecado, se fez pecado em seu lugar para que o pecado fosse
condenado nEle (Romanos 8:3). Carregando o pecado do mundo em Seu
corpo, Jesus bebeu do cálice da ira de Deus e Ele bebeu todo o cálice. A
graça dEle é maior do que o seu pecado.
A cruz é uma figura de ira derramada e amor furioso. A cruz é Deus
gritando, “Deixe os meus filhos irem!” Mal podemos compreender isto. Não
fizemos nada para merecer o favor dEle. Desde o início, rejeitamos os Seus
chamados e vendemos o nosso amor para o escravizador. E quando Ele veio
nos resgatar, nós O matamos. Mas na cruz, o Verdadeiro Amor pagou nosso
resgaste e nos libertou:
 
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por
nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)
 
Deus nos mostrou Seu grande amor enquanto nós éramos pecadores. Ele
não esperou que nos limpássemos primeiro, ou nos arrependêssemos ou
começássemos a viver uma vida correta. Enquanto estávamos na sujeira do
nosso pecado e justiça-própria, Ele veio e nos abraçou.
Como você pode qualificar um amor tão implacável? Como pode dizer,
“Deus me ama, mas...”? Não existe “mas”. O amor de Deus não se submete à
palavra “mas”. Ele é sem medida e tão inexplicavelmente vasto que nossas
mentes não conseguem captá-lo. Não conseguimos compreendê-lo porque o
amor humano é diferente do amor divino.
Amor terreno e humano é uma resposta ao impulso do que é amável, mas
o amor divino é espontâneo, nasce nEle e dEle mesmo. Deus não nos ama
porque somos amáveis, mas porque Ele é amor. É a natureza dEle nos amar.
Como Deus sempre age de acordo com Sua natureza, Sua ira, juntamente
com tudo o mais que Ele faz, devem ser vistos como uma expressão do Seu
amor. Por que Deus age assim? Porque Ele é amor e nos ama. Amor é o
motivo deDeus para tudo.
 
Amor perfeito
O amor humano carrega as marcas da queda, mas o amor de Deus é
imaculado, perfeito e incondicional. Através do profeta Jeremias, Ele nos
afirmou:
 
“Porquanto com amor eterno te amei, por isso, com benignidade te
atraí.” (Jeremias 31:3b)
 
Diferentemente do frágil amor humano, o amor de Deus “tudo suporta,
tudo crê, tudo espera, tudo sofre” (I Coríntios 13:7). Seu amor nunca se
desgastará ou morrerá. O amor humano é volúvel, mas o amor de Deus é
constante. É o alicerce do universo e a razão para estarmos aqui. Não é
exagero dizer que Deus o ama com a intensidade de calor de mil sóis juntos.
Olhe para o céu à noite. Ele colocou as estrelas lá para lhe impressionar com
a astronômica extravagância do Seu amor. Deus o amou formando-o e Ele o
amou enquanto você era um pecador. O desejo do coração dEle é que você
conheça e desfrute deste amor por toda a eternidade.
Essas palavras o movem? Quando você reflete sobre o amor de Deus, sua
alma fica iluminada? Muitas pessoas entendem, mas somente um pouquinho.
Em suas mentes, o amor de Deus é como o clima do Alfa Centauro. “Sim, eu
tenho certeza que é maravilhoso, mas não estou consciente dele.” Para essas
pessoas, o amor de Deus é como o amor de um Rei aos seus súditos – formal,
distante, e inatingível. Como Jó, eles são ignorantes quanto ao amor de Deus:
 
“Oh, Jó, você não vê como Deus está livrando-o das mandíbulas do
perigo? Como está atraindo-o para lugares espaçosos - convidando-o a
se fartar em sua mesa cheia de bênçãos?” (Jó 36:16 – A mensagem)
 
Jó era um homem piedoso, mas acreditava em karma. Ele tinha o hábito de
comprar seguro espiritual através de seus frequentes sacrifícios e ofertas na
esperança de que sua boa conduta neutralizasse qualquer mau comportamento
de sua família. Quando tudo estava bem, Jó levava o crédito. “Minhas boas
obras estão valendo a pena.” Mas quando as coisas começaram a ir de mal a
pior, ele ficou perdido e perplexo. “O que eu fiz para merecer isso?”
Jó estava tão focado em si mesmo e em seus méritos que não conseguia
enxergar o amor de Deus. Se Jó e seus sacrifícios são uma figura de religião
supersticiosa, então seu amigo Eliú é o pregador do Evangelho: “Pare o que
você está fazendo e considere as maravilhas de Deus.” (veja Jó 37:14) Olhe
as estrelas. Ouça o trovão. Ande pelas montanhas e veja a vista lá de cima. O
universo declara que Deus é bom e que Ele se importa com você.
Para nós que estamos do lado de cá do Calvário, não existe maior mistério
do que a cruz. Os sacrifícios e ofertas de Jó dizem que precisamos fazer isso
ou aquilo para merecer o amor de Deus, mas a cruz demoliu este grande
absurdo de uma só vez. A cruz declara que Deus é bom e que Ele se importa
conosco. A cruz é a cura para qualquer dúvida que você tenha sobre o amor
de Deus.
O Eliú de hoje iria nos falar:
 
Pare e considere a maravilha da cruz. Você não vê como Deus está lhe
resgatando da tribulação para a segurança? Da miserável fome da sua
alma para Seu rico banquete? Isso não é uma recompensa pelos seus
sacrifícios e ofertas; isso são as Boas Novas da Sua graça e favor.
 
Amor que se inclina
Os religiosos geralmente ficam tensos sempre que o Evangelho da graça é
pregado. Eles se preocupam se esse “novo modismo”, essa “nova doutrina”,
vai levar as pessoas a lugares perigosos. Bom, se o amor de Deus é um lugar
perigoso, então não existe melhor lugar para se estar, porque o amor de Deus
é exatamente para onde a graça irá levá-lo.
Deus é amor e o amor que se inclina chama-se graça. O Evangelho da
Graça é, em realidade, o Evangelho do Seu Amor. Graça é como o amor de
Deus se apresenta a nós. Graça é o amor que desceu do alto.
Uma ilustração para nos ajudar a compreender: eu amo os meus filhos
com todo o meu coração, mas eu vivo num mundo diferente do deles. As
coisas que eu gosto de fazer são além de seus entendimentos. Então, para eles
conhecerem o meu amor, uma das duas coisas precisa acontecer: ou eles
precisam se elevar, ou eu preciso me inclinar. E porque eu sou o pai, eu tomo
a iniciativa. Eu desço. Escolho me relacionar com eles no seu nível; assento
no chão e brinco; leio histórias que eu nunca escolheria ler para mim; faço
cosquinhas, empurro suas bicicletas até ficar exausto. Esse é o amor em ação
que todo pai conhece.
É exatamente assim que Deus nos ama. Ele não nos ama como um Rei,
mas como um Pai. Essa é a suprema revelação de Jesus que é a Graça
personificada. Deus desceu para que possamos subir. Jesus se fez como nós,
para que possamos ser como Ele – perfeito, saudável, abençoado, e
completamente seguro no amor do Seu Pai.
Na parábola mais famosa de todos os tempos, Jesus revela que Deus é
como um pai esperando o nosso retorno, que corre quando nos vê, e que nos
enche de abraços e beijos. Você talvez chegue com o seu discurso pronto,
suas boas intenções, e o desejo de servi-Lo, mas Ele não está interessado em
nada disso. Ele quer somente você.
Amor se parece com graça. Quando você recebe a Graça, você recebe o
Amor. Não há diferença. Isto significa que se você não tem tempo para a
graça, talvez você esteja ocupado tentando agradar a Deus com os seus
sacrifícios e ofertas, então você não tem tempo para o Seu Amor. Rejeite a
graça de Deus e você rejeitará o Seu amor.
Aprender a andar no amor de Deus significa aprender a andar na Sua
graça. É seguir a Jesus ao invés de Jó. É não mais tentar impressionar a Deus
com os seus sacrifícios, mas se impressionar com o sacrifício dEle.
Deus nunca vai lhe fazer pular obstáculos para que você ganhe o Seu
amor. Ele não o amará mais se você triunfar e não o amará menos se você
falhar. Se ganhar milhões para Cristo ou não ganhar ninguém, Ele o amará
com a mesma intensidade. Deus o amou quando você estava morto em seus
pecados e Ele não parou de amá-lo quando você foi salvo. O Seu amor dura
para sempre.2
O Evangelho da Graça não é uma nova doutrina e também não é modismo.
É tão antigo quanto o eterno amor de Deus.
 
A lei não te ama
Falamos tanto em Jó; e Moisés? Debaixo da velha aliança, você amava a
Deus porque tinha que amá-Lo; era o que ditava a lei. Mas amor não funciona
em termos legais. Amor não pode ser legislado; e este era o ponto do
mandamento. A lei não foi dada para produzir amor entre os que não amam,
mas para revelar a nossa necessidade dAquele que nos ama.
Desde o início, Deus desejava ter um relacionamento conosco, mas nós
preferimos as regras. Deus falou para os israelitas que Ele queria fazer deles
um povo guardado, mas eles não estavam interessados. A atitude deles foi:
“Somente nos fale o que fazer e nós obedeceremos tudo.”
A razão pela qual alguns preferem as regras claras da religião à confusa
liberdade de um relacionamento é porque não sabem que são filhos
profundamente amados por Deus. Eles estão temerosos e, nas regras,
encontram uma sensação de segurança e identidade que tanto precisam. O
espírito da religião reforça esse medo dizendo, “Faça isso e não faça aquilo e,
depois, talvez Deus fique satisfeito com você.” Essa mensagem é
normalmente vendida como: “Quatro chaves para agradar a Deus” ou “Sete
passos para a intimidade”, mas na verdade, isso é abuso de crianças. É
colocar uma etiqueta de preço na afeição que já é sua, como filho, por direito.
A preferência por regras é um sinal claro de que não estamos firmes e
seguros no amor de Deus. Considere os fariseus; eram treinados em regras.
Eles pregavam obrigação e responsabilidade religiosa e eram tão zelosos que
poderiam viajar longas distâncias para ganhar somente um convertido.
Mesmo assim, Jesus lhes disse: “Vocês não tem o amor de Deus em seus
corações” (João 5:24). E é por isso que nunca devemos acreditar nas mentiras
que a religião nos ensina sobre o amor. Religião não pode lhe dar o que ela
não tem.
A preferência que os israelitas tiveram pelas regras é uma das grandes
tragédias da história. Ainda assim, suas escolhas são repetidas diariamente
por pessoas sinceras que acham que devem guardar os mandamentos para
serem amadas, salvas ou abençoadas.Embora a velha aliança tenha acabado a
mais de 2.000 anos atrás, elas não receberam o memorando. Estão tentando
amar a Deus porque acham que devem. Ao invés de se fartarem na luz do
amor divino, estão tentando produzir luz por esforço próprio. O problema é
que não conseguem. Elas são como uma lua tentando ser o sol.
 
Amor em Éfeso
Lembro-me frequentemente dos efésios que deixaram o seu primeiro amor.
Os cristãos em Éfeso tinham fé e tinham obras; se você perguntasse, tenho
certeza que confiantemente declarariam o Seu amor por Cristo. Mesmo
assim, Paulo orou para que eles conhecessem o amor de Cristo (Efésios 3:14-
19). Viu a diferença? O nosso amor sobe, mas, mais importante é o Amor que
desce. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro, e Ele nos amou porque
Ele é amor. Amor é um substantivo antes de ser um verbo.
Quando você conhece o amor de Deus e começa a entender Quem o ama e
o tanto que Ele está empenhado para que você triunfe, você anda em
confiança. Sua fé é fortalecida e você começará a liberar o amor dEle para os
que estão à sua volta. A vida se transforma em uma aventura sobrenatural.
Mas perca o foco em Seu amor e sua fé diminuirá. Você se transformará no
que Paulo descreve como um “homem carnal” (I Coríntios 3:3). Quando isso
acontece, tudo aquilo que requer amor – casamento, paternidade, trabalho
com pessoas – se transforma em obrigação.
Isso aconteceu com a igreja em Éfeso. Eles estavam tão ocupados com o
trabalho cristão que deixaram o primeiro amor. E Jesus veio para corrigi-los
(Apocalipse 2:1-7). Quem é o nosso primeiro amor? É Ele! Ele é a luz. Ele é
a fonte. Ele é o sol que está acima de todas as sombras.
Os efésios eram famosos por suas obras, contudo Jesus disse a eles,
“Parem o que vocês estão fazendo. Lembrem-se de onde caíram e voltem a
fazer o que fizeram no início.” O que eles faziam no início? Provavelmente
não muito. Eu liderei uma congregação por dez anos e no início nós não
fazíamos muito. Não tínhamos programas que nos ocupavam, equipes para
gerenciar, líderes para treinar, batalhas para lutar, site para atualizar, visão
para implementar... O que fazíamos com o nosso tempo livre? Nós vivíamos
amados, amávamos a Deus, amávamos uns aos outros, e amávamos a
comunidade ao nosso redor. Meu entendimento da graça de Deus ainda era
bem misturado, mas sabíamos como nos assentar aos pés de Jesus e receber o
Seu amor. Mais tarde, quando a congregação começou a crescer, nós ficamos
tão ocupados a ponto de nos distrair. Mas no início, éramos mais como Maria
do que Marta.
A escolha de Maria é a chave para uma vida bem sucedida.
Diferentemente da ocupada Marta, Maria escolheu a única coisa necessária:
receber de Jesus o amor que veio em forma de graça.
A maioria de nós conhece a história de Maria e Marta contada em Lucas
10, mas não sabemos o que aconteceu depois. Eu gosto de pensar que Maria
fez grandes coisas. Da mesma forma que crianças que crescem em lares
cheios de amor tendem a ser adultos bem sucedidos, eu apostaria que Maria
realizou grandes façanhas. Talvez ela tenha educado seus filhos ou tenha
implantado uma congregação ou tenha sido uma conselheira na comunidade.
Eu não sei ao certo. Mas as chances para o sucesso eram grandes. Deus
entrou em sua sala de estar, olhou em seus olhos e a amou. Como ela poderia
falhar?
 
“Sejam, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.” (Efésios 5:1)
 
O apóstolo Paulo, como Maria, conheceu o amor de Deus. Ele entendeu
que não existe sucesso fora do Seu amor. “Se eu remover montanhas, mas
não tiver amor, sou como nada” (veja I Coríntios 13:2). Sim, existe trabalho a
ser feito e colheita a ser colhida. Mas nós não fazemos nada disso com o
objetivo de ganharmos a afeição ou a aprovação de Deus. Trabalhamos
porque somos os Seus filhos amados e queremos nos envolver nos negócios
do nosso Pai.
 
Melhor que a vida
 
Enquanto morava na Ásia, eu tinha muitos amigos que eram missionários e
pobres. Muitos deles que eventualmente obtiveram sucesso em suas missões,
tinham histórias parecidas com esta:
 
Eu cheguei ao final dos meus recursos, minha inteligência se esgotou e
eu não sabia o que fazer. Implorei a provisão de Deus. Ao invés disso,
Ele encheu minha alma da vasta afeição do Seu amor. Eu O ouvi falar:
“Eu te amo”, e num instante tudo mudou. De repente, nada mais me
importava. As contas sem pagar ficaram sem importância. Os
problemas que estavam pendurados em minha mente como bigornas
viraram triviais. Eu fui livre por uma profunda revelação. Meu Pai
Celestial me ama! Como posso fracassar? Quer viva ou morra não me
importo, pois agora eu sei que o meu Pai é por mim.
 
Você já experimentou o amor de Deus em meio a uma crise? Não tem
nada comparável a isso. Ele faz você dançar sobre as ondas da incerteza e rir
da tempestade das suas circunstâncias.
Você já experimentou o amor de Deus em meio a uma decisão? Ele o faz
sorrir como um vencedor na certeza de que independente do que você
escolher, irá vencer, mesmo que sua decisão seja fatal. Eu sei que no âmbito
natural isto não faz sentido. Mas quem quer viver no âmbito natural? Eu
prefiro viver na realidade superior do Seu amor.
Como Deus nos livra das mandíbulas do stress? Fazendo-nos beber dos
oceanos do Seu amor, atraindo-nos para os campos ensolarados da Sua graça,
e preparando-nos uma mesa com bênçãos na presença dos nossos inimigos.
Deus invariavelmente lida com os nossos problemas dando-nos uma maior
revelação dEle mesmo e do Seu amor. Nossa parte é escolher se iremos andar
na inferior realidade dos nossos problemas ou na superior realidade do Seu
amor. Essa escolha dita a diferença entre sucesso e fracasso.
A escolha de Maria, a escolha de Paulo e a escolha de qualquer filho ou
filha de Deus bem sucedido é a escolha de viver amado. É dizer: “Mundo,
você não pode me pressionar. Suas recompensas e punições não significam
nada para mim. Eu me movo pelo amor de Deus, e quando sinto o Seu prazer,
aí sim, eu sou incansável!”
A revelação da abundância do Amor de Deus é transformadora. Irá
ressuscitar um casamento morto, curar uma família ferida, e levar o seu
ministério para a trajetória de quem-sabe-aonde-irei-mas-não-importa-
porque-esse-é-o-negócio-do-Papai-e-só-o-fato-de-estar-participando-me-
deixa-feliz.
Amor não é só o primeiro capítulo de um livro sobre o Evangelho; amor é
vida. Na verdade, o amor de Deus é melhor do que a vida. Se eu tivesse que
escolher entre a minha vida e o amor dEle, eu escolheria o Seu amor vez após
vez, pois somente em Seu amor é que nós verdadeiramente vivemos.
 
A Sua Grande Verdade e a Sabedoria do Paulama
Ultimamente tenho perguntado a mim mesmo: “Qual é a única e suprema
lição que eu quero que meus filhos aprendam de mim?” Em outras palavras,
qual é a minha Grande Verdade? Sua Grande Verdade é sua resposta para
essa pergunta: Qual a lição mais importante que eu já aprendi na vida? Sua
Grande Verdade é a verdade que você agarra quando tudo o mais é perdido. É
o alicerce que te ajuda a ficar de pé e o trilho que te mantém no caminho
correto. É o brilho na sua imaginação, a gasolina no seu motor, e a paz no seu
sono.
Talvez você nunca tenha pensado sobre isso antes. Então considere
Brejeiro, o Paulama. Brejeiro é um dos meus personagens favoritos do livro
As Crônicas de Nárnia. Ele é desagradável, sombrio, e pessimista, mas é
persistente em tempestades. Se você leu a Cadeira de Prata escrita por C.S.
Lewis, você sabe do que estou falando.
Quase no final da história, Brejeiro e seus amigos, Jill e Eustáquio,
encontram-se presos no escuro e subterrâneo Submundo. Uma feiticeira má
tenta convencê-los de que o mundo que estão procurando não existe. Com o
auxílio de incenso e música, ela constrói uma teia de mentiras inventando que
Nárnia não é nada mais que um mundo imaginário, e o seu rei, Aslam, um
tolo sonhador. Jill e Eustáquio começam a cair debaixo da influência
maligna, mas o firme Paulama quebra o feitiço com uma declaração ousada:
 
Vamos supor que nós sonhamos, ou inventamos, aquilo tudo – árvores,
relva, sol, lua,estrelas e até Aslam... Vamos supor então que esta fossa,
este seu reino, seja o único reino existente. Pois, para mim, o seu
mundo não basta. E vale muito pouco... Por isso é que prefiro o mundo
de brinquedo. Estou do lado de Aslam, mesmo que não haja Aslam.
Quero viver como um narniano, mesmo que Nárnia não exista.3
 
A Grande Verdade de Paulama era que Aslam e Nárnia eram mais reais
que o mundo que ele conseguia ver com os seus olhos. Agindo movido pelas
suas convicções, ele desprezou as mentiras da bruxa, pisou em seu fedorento
incenso, e salvou a todos.
Como Paulama tão brilhantemente nos mostra, a sua Grande Verdade é
uma inapagável luz em meio a um mundo escuro. É uma inquebrável ponte
entre onde ele estava e onde ele precisava ir. Se ele não estivesse convencido
desta Grande Verdade, tudo estaria perdido. É improvável que ele e seus
amigos tivessem escapado da realidade do Submundo.
Então, qual é a sua Grande Verdade? Qual é a sua fé central?
Em minhas viagens, tenho encontrado muitas crenças que as pessoas
adotam como as suas Grandes Verdades. Alguns dizem que é obediência: “A
coisa mais importante é obedecer a Deus aconteça o que acontecer.” Outros
dizem que é atitude: “O principal é que nos esforcemos; Deus conhece o
nosso coração.” Ainda outros dizem que é sacrifício: “Dê a Deus o seu
melhor; Ele já lhe deu tanto.” – ou fruto: “Prove a si mesmo como discípulo
de Cristo.”
A dificuldade que tenho com crenças como essas é que elas dependem de
mim – minha obediência, minha atitude, meu sacrifício, meu frutificar – e eu
simplesmente não tenho tanta fé em mim mesmo. Da mesma forma que
Paulama, a minha fé está em Outro. O meu alicerce vem de Outra Pessoa.
Então, qual é minha Grande Verdade? É esta: Deus nos ama com um amor
infalível. Isso é simplesmente estonteante para mim. Todas as formas de
amor que você e eu experimentamos nesse mundo são formas de amor
passageiro – se quebram, se machucam, desapontam e finalmente morrem.
Mas o amor de Deus nunca, nunca falhará. Nunca mesmo. Nem mesmo a
morte pode parar o Seu amor. Por que eu acredito na ressurreição? Porque
Deus diz que Ele nos ama com amor eterno.4 Eterno significa eterno. Ou
Deus irá ressuscitá-lo dos mortos para continuar lhe amando ou Ele é
mentiroso. Mas Deus não é mentiroso. O amor dEle por você nunca se
desgastará ou morrerá. Câncer não pode separá-lo do Seu amor. Nem
depressão, AIDs ou alcoolismo. O diabo e seus demônios não podem separá-
lo do Seu amor. Nem a morte ou a vida podem. A única coisa que pode estar
entre você e o amor dEle é sua recusa em recebê-lo. A única coisa que pode
separá-lo do amor de Deus é você mesmo.
 
Conhecendo o Amor do Pai
 
Pense sobre o filho pródigo. Seu pai o amava da mesma forma, tanto no
começo da história como no fim. O amor do pai não tinha sombra nem
variação. Mas o filho pródigo não conhecia o amor de seu pai até o dia em
que ele foi abraçado. Estou certo de que o pai gostaria de abraçar seu filho
todos os dias, mas o filho não estava interessado – não no início. O irmão
mais velho também não conhecia o amor de seu pai. A sua Grande Verdade
era baseada em sua obediência: “Por todos esses anos eu estive te servindo e
nunca desobedeci às suas ordens.” Se o irmão mais novo era um rebelde,
então o mais velho era um correto e religioso homem. Mas nenhum dos dois
conhecia o amor de seu pai. Nenhum dos dois tinha permitido que o pai os
abraçasse forte com amor desenfreado.
O amor de Deus é transformador, mas não irá mudá-lo a não ser que você
O conheça em seu coração. A verdade não o liberta, é conhecer a verdade e
ser convencido dela que o libertará. Precisamos deixar que Deus nos ame da
forma como Ele quer nos amar. Precisamos permitir que Ele caia em nós da
mesma forma que veio no dia de Pentecostes. Pentecostes não foi
primeiramente um encontro com o poder de Deus; foi um encontro com o
Seu poderoso e transformador Amor. Os apóstolos ficaram cheios do Espírito
Santo que é o Espírito de amor.5
O amor de Deus nos muda. Transforma pecadores em santos, e odiosos em
amorosos. Olhe para Paulo. Quando ele conheceu o Amor Personificado,
tornou-se um novo homem. Como o discípulo “a quem Jesus amava”, Paulo
experimentou um amor tão pessoal e íntimo, que o fez escrever sobre Aquele
“que me ama e se deu por mim” (Gálatas 2:20).
E você? Consegue dizer, como Paulo disse, que “Deus me ama”? Você
conhece o Seu amor? Quando você pensa em Deus você o vê como um Rei
distante ou um Pai amoroso? Quando considera a Sua face olhando para
você, ela está sorrindo ou está franzida?
Eu prometi a mim mesmo quando comecei a escrever este livro que iria
me ater ao Evangelho – simplesmente proclamá-lo e pronto. Mas preciso
pausar por um momento, e, como um pregador, perguntar-lhe uma importante
pergunta: Você sabe que Deus o ama? Está convencido de que Ele o ama
quando você obedece e quando você desobedece, quando você está de pé e
quando você cai, quando você triunfa e quando você falha? Você acredita que
Ele o ama na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, e até que a morte
nunca os separe?
Talvez você esteja seguindo a Jó, o apresentador de sacrifícios; ou Moisés,
o guardador da lei, numa fútil tentativa de merecer o amor e o favor de Deus.
Se esse for o seu caso, ouça as palavras de Eliú e Jesus: “Pare o que você está
fazendo.” Pare de confiar em seus sacrifícios e boas obras, e considere as
maravilhas de Deus reveladas em Cristo e em Sua obra. Olhe para a cruz e
veja o forte e furioso amor de Deus em ação. Nunca duvide que Ele o ama –
sim você! – com um Amor Eterno. O amor dEle por você é mais forte do que
o amor de uma mãe que está amamentando o seu bebê (Isaías 49:15). Você é
seu filho profundamente amado. Então pare de lutar e se conforte em seus
braços de amor. Faça dEle o seu lugar de repouso e permaneça em Seu amor.
 
O Evangelho de Amor
 
O Evangelho da Graça declara que o Amor de Deus é maior do que o seu
pecado e não tem nada que você possa fazer para merecê-lo. A única coisa
que pode fazer é recebê-lo pela fé.
Religião carnal irá fazê-lo acreditar que Deus está com os braços cruzados,
mas a graça declara que os Seus braços estão sempre abertos. Religião diz
que Deus está irado e talvez o odeie, mas a graça declara que Ele é feliz e o
Seu favor está sobre você. Religião diz que você tem que se resolver e se
limpar antes que possa se achegar, mas a graça clama, “Venha agora, como
estás!”
Há somente um lugar onde encontramos o amor incondicional de que tanto
precisamos, e esse lugar é revelado nas Boas Novas. O Evangelho não é uma
solicitação para que você impressione a Deus com o seu amor, e sim a
apaixonada declaração do Amor imortal do Seu Pai por você. Tudo no
Evangelho – Seu perdão, aceitação e justiça – é bom e verdade porque Seu
Pai Celestial o ama. Ele sempre o amou e sempre o amará. Deus nunca muda.
“Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por
amor do Seu nome.” (I João 2:12)
PERDOADOS
 
As pessoas me perguntam mais sobre perdão do que sobre qualquer outro
assunto. “Eu sou mesmo perdoado? E se eu pecar e não me arrepender? E se
eu me desviar?” Perdão parece ser um ponto cego para muitas pessoas. Nós
simplesmente não conseguimos entender que Deus nos perdoou
completamente e para sempre. “Isso parece muito bom pra ser verdade. Nada
vem de graça. Deve haver um preço a ser pago.” Houve – e Jesus o pagou.
A graça de Deus tem muitas expressões, mas perdão é uma das maiores.
Não entenda o perdão e você não entenderá a graça. Uma das maneiras de
colocar a graça de lado, é tratar o perdão como qualquer coisa diferente de
um presente. Infelizmente, muitos fazem isso. Eles pensam dessa maneira por
causa de uma coisa que Jesus falou e de outra que João falou.
 
Más notícias vendidas como boas notícias
 
Jesus disse: “Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas”(Mateus 6:15). Isso não são
Boas Notícias. Isso são más notícias que deveriam nos fazer tremer, pois
vinculam o perdão de Deus ao nosso.Não é graça, é lei. É olho por olho e
dente por dente. É alguma coisa que você tem que dar para receber.
Por que o Senhor da graça pregou a lei? Porque algumas pessoas nunca
valorizarão o presente da graça até que a lei faça o seu trabalho de
condenação. Algumas pessoas precisam ouvir as más notícias antes de
apreciarem as Boas Notícias.
Jesus disse que Ele veio para cumprir a lei e na cruz Ele fez exatamente
isso. No ato de pagamento pelos pecados do mundo, Ele perdoou aqueles que
pecaram contra Ele. Viu a relação? Essa mesma condição para o perdão que
Jesus pregou no monte, Ele mesmo a satisfez na cruz. Agora Cristo é o fim da
lei para todos os que nEle creem (Romanos 10:4).
Talvez você tenha ouvido que “Deus não irá perdoá-lo caso você esteja
abrigando falta de perdão em seu coração.” Debaixo da lei que Jesus pregou,
isso era verdade. Mas a aliança da lei foi cumprida na cruz. Aqueles que
mantêm a posição de que devemos perdoar para sermos perdoados estão
confusos quanto à obra consumada no Calvário. Eles chamarão a sua atenção
para os versos que falam que perdão é condicional, enquanto ignoram os
versos que falam que não é.
Nós precisamos ter uma teologia que seja coerente com toda a Bíblia, mas
isso não significa “leia tudo indiscriminadamente e torça para que dê certo”.
Isso seria a mesma coisa que abrir o armário de remédios e engolir todos os
comprimidos que acharmos lá. Uma teologia coerente com toda a Bíblia
significa que você lê a palavra escrita através das lentes da Palavra Viva.
Significa que você filtra tudo através de Cristo e do Seu trabalho consumado
na cruz.
Olhe a figura abaixo e você verá um padrão consistente de perdão
condicional antes da cruz e incondicional depois da cruz. Antes da cruz, Jesus
pregou o perdão como uma lei para ser obedecida; depois da cruz Ele disse
que era um presente para ser recebido (Atos 26:18). A cruz realmente muda
tudo.
 
Perdão Incondicional
O que a Bíblia diz...
 
Substantivos da Nova
Aliança
 
No dia em que Jesus ressuscitou dos mortos, imediatamente começou a
pregar uma mensagem diferente da mensagem baseada na lei que pregou
antes da cruz. Lembre-se de que antes da cruz, Jesus pregou perdão
condicional; perdoe para ser perdoado. Mas depois da cruz Ele pregou isto:
“E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo
padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em Seu
nome se pregasse o arrependimento e o perdão de pecados, em todas
as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas 24:46-47)
Agora, pare um minuto e confira essa passagem em sua própria Bíblia. O
que está escrito? Está escrito “arrependimento para perdão” ou
“arrependimento e perdão”? A diferença é enorme. Arrependimento para
perdão era o que João Batista pregava. É um perdão condicionado a você
deixar o pecado. É um verbo para outro verbo.
Mas isso não é o que Jesus está falando aqui. Ele não usa verbos para
arrependimento e perdão, mas usa substantivos.1 Ele está falando, “De agora
em diante, perdão não é algo que Deus faz, é algo que Ele já fez.”
Isso fica claro quando lemos esse verso na tradução da Bíblia Thompson:
 
“E em seu nome se pregasse arrependimento e remissão de pecados,
em todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas 24:47)
 
Perdão que já foi consumado é chamado de remissão. Quando os nossos
pecados foram remidos? Na cruz. Durante a última ceia, o Cordeiro de Deus
disse que Ele tiraria os pecados do mundo quando Ele morresse:
 
“Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é
derramado por muitos, para a remissão dos pecados.” (Mateus 26:28)
 
Quando foi que o sangue do Senhor foi derramado? Na cruz. Aonde todos
os nossos pecados foram perdoados? Na cruz.
A coisa e a outra Coisa
Perdão na Nova Aliança é um substantivo e não um verbo; é um presente e
não um trabalho. É algo que Deus dá, e não algo que Ele faz. (Ele já fez.) Isso
pode ser difícil para entendermos, pois não é assim que o mundo funciona.
Quando você peca contra alguém, seu relacionamento com essa pessoa fica
sob pressão. Existe essa Coisa que fica entre vocês dois. Para se reconciliar,
você precisa resolver essa Coisa. Jesus disse que se você estiver trazendo sua
oferta para o altar e se lembrar de que o seu irmão tem alguma Coisa contra
você, vá lá e resolva essa Coisa (veja Mateus 5:23). Se o seu irmão peca
contra você sete vezes em um dia e sete vezes falar, “Eu me arrependo”,
perdoe-o. “Mande essa Coisa embora” (veja Lucas 17:4).
Tudo isso nós sabemos e entendemos. Mas ouça uma coisa: Deus não é
como você e eu. Ele não espera para que você aja, antes dEle fazer a coisa
dEle com a sua Coisa. Aquela Coisa que estava entre você e Ele – o seu
pecado – foi resolvida na cruz. E como Deus não é limitado por tempo e
espaço, Ele não precisou esperar que você começasse a pecar para perdoar o
seu pecado. Ele já o perdoou. Ele o perdoou antes que você confessasse,
antes que você se arrependesse, até mesmo antes que você nascesse.
Perdoar significa literalmente remover ou mandar embora. O seu pecado
não foi simplesmente coberto; ele foi removido de você tanto quanto o leste
está distante do oeste. Se você fosse procurar pelos seus pecados, você não os
encontraria. Eles foram embora.
 
“Mas agora na consumação dos séculos, uma vez por todas se
manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.”
(Hebreus 9:26b)
 
Na cruz, os pecados do mundo foram removidos. E esta é a razão pela qual
o Senhor ressuscitado disse para proclamarmos o perdão como algo
consumado, e não como um favor a ser conquistado.
Sem dúvida, os discípulos ficaram surpresos ao ouvirem isso.
Primeiramente, Jesus estava entre eles quando Ele deveria estar morto.
Segundo, o que estava pregando parecia completamente estranho em relação
ao que disse antes no Sermão do Monte.
Com a velha aliança cumprida e a nova chegando, Jesus preparou os seus
discípulos rapidamente. E Ele fez isso quando abriu as mentes deles para que
pudessem entender as escrituras (Lucas 24:44-45). Ele explicou como a lei de
Moisés, os Profetas, e os Salmos tiveram os seus cumprimentos nEle.
Depois desse encontro com o Senhor ressurreto, os discípulos começaram
a ver a Velha Aliança com novos olhos. Eles perceberam que sacrificar
animais e guardar a lei nunca poderia tirar pecados. Também começaram a
entender como os anseios proféticos de Isaías e Jeremias, junto com os
radicais salmos da graça que Davi, Asafe e os filhos de Corá compuseram,
anunciavam um dia que agora raiava, chamado, a Nova Era da Graça.2
Na cruz a lei foi cumprida, a graça foi revelada, e verbos se tornaram
substantivos. Perdão não é mais condicional em você fazer A, B ou C. Perdão
tornou-se um presente de graça pago pelo sangue do Cordeiro. Quão
adequado, que, as primeiras pessoas que ouviram essa nova mensagem de
perdão incondicional foram os homens do Sinédrio, os mesmos que
condenaram Jesus a derramar o sangue que pagaria pelos pecados deles:
 
“Deus com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a
Israel o arrependimento e a remissão de pecados.” (Atos 5:31)
 
Em outras palavras, Arrependimento é uma dádiva! Perdão é uma dádiva!
Quando eles ouviram essas palavras, os homens do Sinédrio ficaram
furiosos. Eles não tinham lugar para perdão incondicional e Salvador
ressuscitado em suas teologias. A religião deles era baseada em fazer para
Deus e não em Deus fazer para eles. Para a mente religiosa, graça é
escândalo. Graça parece blasfêmia.3
Os homens açoitaram os apóstolos e os ordenaram que parassem de pregar
a Jesus. Claro que os apóstolos ignoraram a ordem e anos depois, quando
Paulo se juntou a eles, também começou a pregar a nova mensagem de
perdão incondicional:
 
“Seja-vos, pois, notório, irmãos, que por este se vos anuncia a remissão
dos pecados.” (Atos 13:38)
 
Sem qualificações, sem condições, sem “deixem os seus pecados, raça de
víboras.” Somente Boas Notícias, entregues de forma pura e direta.
 
E o que falar de João?
 
Tudo isso nos traz ao João que disse:
 
“Se confessarmos osnossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar
todos os pecados, e nos purificar de qualquer injustiça.” (I João 1:9,
KJV)
 
Isso soa como perdão condicional, como se nós tivéssemos que revisar e
tomar a responsabilidade pelos nossos pecados para então sermos perdoados
– e isso foi escrito depois da cruz. É como se um pedaço do Velho
Testamento acidentalmente tivesse sido colocado no Novo. O que João estava
pensando? Ele estava dormindo quando o Senhor ressuscitado proclamou o
perdão como algo consumado? Como conciliamos João e Jesus?
A maneira usual de ler João é colocar um pequeno preço no impagável
dom da graça. “Se você somente fizer essa coisinha (confessar os seus
pecados), um bom e gracioso Deus fará essa grande coisa (perdoar os seus
pecados).” Parece um bom negócio, mas não é. De fato, levando-se em conta
o fenomenal preço que Cristo pagou pelo seu perdão, é na verdade obsceno.
Deixe-me ilustrar.
Se eu lhe desse uma mansão, livre e incondicionalmente, e você me
respondesse com: “Deixe-me lhe pagar com um pouco da penugem do meu
umbigo – agora – nós temos um problema.” Eu ficaria ofendido. Mas se você
saísse falando com as pessoas, “Dê ao Paul um pouco da penugem do seu
umbigo e ele lhe dará uma mansão”, eu ficaria abismado. Nesse caso eu teria
que trancar as minhas portas para a imensa fila de pessoas com mãos cheias
de penugens.
É realmente ridículo pensar que podemos pagar a Deus para que Ele nos
perdoe. No entanto, muitos cristãos sinceros estão examinando os seus
umbigos à procura de pecados não confessados, pois pensam que Deus é um
colecionador que troca favores por pecados. Consegue ouvir o som das
palmas? Este é o som de centenas de milhões de anjos colocando as mãos nos
rostos em desapontamento!
O Criador não é uma marionete que você pode manipular através de
mérito e dinheiro. Ele é o Todo Poderoso, o Ancião de Dias, que se assenta
no trono acima de todos. Em Sua sabedoria e misericórdia, Ele lidou com o
seu pecado de uma vez por todas na cruz.
João fala, “Ele é fiel e justo para perdoar todos os pecados.” Da
perspectiva celeste, isso parece uma coisa estranha de dizer. Deus não irá
perdoá-lo porque Ele já o perdoou. Deus não julga o mesmo pecado duas
vezes, e, na cruz, Ele julgou todos os pecados. Consequentemente, Ele não
está mais imputando os pecados dos homens contra eles. Estava João confuso
sobre a graça? De forma alguma, pois ele continua nos explicando que nós
somos perdoados por amor do Seu nome (I João 2:12). Perdão é baseado no
trabalho dEle, e não no nosso.
Então, por que João disse que Deus irá perdoar os nossos pecados como se
fosse alguma coisa que Ele ainda não tenha feito? Por que parece que João
está citando o Velho Testamento? Porque ele está citando o Velho
Testamento. João está parafraseando uma escritura do Velho Testamento para
iluminar um conceito do Novo. Veja as similaridades nas passagens abaixo:
 
Dizia eu: “Confessarei ao Senhor as minhas
transgressões; e Tu perdoaste a maldade do meu
pecado”. (Salmo 32:5b)
Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo
para nos perdoar todos os pecados, e nos purificar
de qualquer injustiça. (I João 1:9, KJV)
 
 
Confissão na Nova Aliança
 
João não está pregando uma velha lei (confesse para ser perdoado), ele está
usando uma antiga e familiar linguagem para descrever algo que era novo e
estranho para os seus leitores do I Século. A este respeito, ele é como Paulo
que cita o mesmo Salmo em Romanos 4:7-8. Paulo cita o Salmo 32 para
mostrar que nós somos abençoados através da fé e não das obras; João cita o
Salmo 32 para mostrar que não seremos abençoados exceto pela fé. Pois isso
é o que João quer dizer quando ele fala que devemos confessar. A palavra
“confessar” no grego não significa revisar o seu pecado da mesma forma que
faziam na Velha Aliança; significa concordar com, ou dizer a mesma coisa
que outro.4 Significa concordar com o que Deus disse, o que é a essência da
fé.
Deus já lidou com os seus pecados quer você creia ou não, mas se você
não crer, então o Seu perdão não lhe trará benefício nenhum. E você não
acreditará caso esteja ouvindo sermões, semana após semana, sobre o quão
pecador você é e como os seus pecados estão se amontoando. Se você está
constantemente sendo instruído a examinar seu coração em busca de pecado,
amargura, e falta de perdão, então terá dificuldade em acreditar que você foi
totalmente perdoado em nome de Jesus. Você estará susceptível a todo o tipo
de pregação baseada em obras e egocentrismo, que fala que precisa
reconhecer suas faltas e perdoar para ser perdoado.
Da perspectiva Divina, perdão é algo já consumado. Não existem mais
sacrifícios por pecados. Mas da nossa perspectiva, o pecado realmente pode
ser um problema sério. Então por que precisamos receber o dom do perdão se
já fomos perdoados? Pela mesma razão que precisamos receber a graça de
Deus que se manifestou a todos os homens – isso nos transformará. Libertara-
nos da culpa, da condenação e da escravidão do pecado.
Uma ilustração para esclarecer: vamos imaginar que eu lhe faça alguma
coisa bem perversa. Talvez eu maltratasse o seu gato ou espalhasse mentiras
maliciosas a seu respeito. A despeito disso, por causa da bondade do seu
coração, você decidiu me perdoar. Tamanha graça! Eu não mereço isso. Seu
ato de perdão é totalmente baseado em seu caráter gracioso. Agora, se eu
continuar a agir perversamente contra você, então o seu perdão não teve
efeito nenhum na minha vida. Do seu lado não tem nenhuma ofensa – tudo
está perdoado – mas do meu lado nada mudou; eu sou o mesmo pecador,
matador de gatos, fofoqueiro e mentiroso que sempre fui.
Ou talvez, eu tenha me sentido mal pelo que fiz, mas não consigo me
perdoar por agir dessa forma. Eu fiz coisas tão terríveis! Qual é a solução?
Não é lhe pedir para me perdoar – você já fez isso. É receber a graça que
você já colocou sobre a mesa. Do seu lado eu sou perdoado, mas do meu
lado, ou não quero o seu perdão, ou não sei que já o tenho. Então o perdão
me deixou sem mudanças, pois não o recebi.
Você vê? A graça de Deus tem que ser recebida para ter efeito em nossas
vidas. Se você não acredita que Jesus o salvou, então lhe faltará um Salvador.
Se você não acredita que os pecados do mundo foram totalmente resolvidos
na cruz, então você terá dificuldade em experimentar o perdão de Deus aqui e
agora.
Na nossa perspectiva, as palavras de João – concorde com Deus e você
será perdoado – fazem sentido perfeito. No momento em que você coloca sua
confiança em Cristo e em Sua obra consumada, o perdão, que estava lá todo
esse tempo, se faz real para você. Nele nós temos o perdão dos pecados e
remissão das ofensas (Efésios 1:7). Da mesma forma que você não pode estar
no oceano sem estar molhado; você não pode estar em Cristo sem estar
perdoado.
 
Como conseguimos confundir isso?
Há duas formas de confundirmos essa verdade: Primeiro, fale com as pessoas
que elas precisam fazer algo antes de Deus perdoá-las – isso se chama lei e é
um matador de graça. Ou segundo, fale com os pecadores que, porque estão
perdoados, eles também estão salvos – isso se chama universalismo e é um
matador de fé. Infelizmente, alguns correm de um erro só para mergulhar de
cabeça no outro. Vamos ser claros; perdão não equivale à salvação. Embora
Cristo tenha carregado os pecados do mundo na cruz, nem todos são salvos.
Perdão é uma manifestação da graça, e a graça foi dada. A graça está na
mesa. Mas nem todos a recebem. Salvação não é ausência de pecados;
salvação é a aceitação da graça de Deus.5
Alguns já me perguntaram: “Se pregarmos o perdão como parte da obra
consumada na cruz, não temos um perigo de criarmos apatia e indiferença
entre os perdidos?” Sim, mas temos um perigo bem maior se não pregarmos
perdão.
O oposto de perdão ou remissão é retenção de pecados (João 20:23).
Apesar dos pecados do mundo terem sido removidos na cruz, muitas pessoas
continuam algemadas ao pecado através de feridas e amarguras. Elas não
conseguem se livrar dos pecados daqueles que as feriram.

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