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O Evangelho Em Dez Palavras ISBN: 978-0-99462221-1 Todos os direitos reservados © 2012 por Paul Ellis Publicado pela KingPress, Nova Zelândia Visite www.kingspress.org para mais informações Tradução: Sandra Atkins Revisão: Isabela e Beth Bretas Esse título também é encontrado em versão impressa. Visite www.realmofgrace.com para mais informações. Todos os direitos reservados pela Lei Internacional de Direitos Autorais. O conteúdo dessa publicação não poderá ser reproduzido em todo ou em parte sob qualquer forma ou meio sem a autorização prévia por escrito da editora. Uma exceção é feita para pequenas citações em revisões. O uso de passagens curtas ou cópia de páginas ocasionais para estudo pessoal ou em grupo é também permitido e encorajado. Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Sagrada Almeida Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, © Copyright 1993. Citações bíblicas seguidas da indicação “NKJ” foram tiradas da Bíblia New King James. Copyright © 1982 by Thomas Nelson, Inc. Citações bíblicas The Message. Copyright © by Eugene H. Peterson 1993, 1994, 1995, 1996, 2000, 2001, 2002. Usadas com a permissão da NavPress Publishing Group. Todos os itálicos nas citações bíblicas são ênfases adicionadas pelo autor. Os pronomes referentes ao Pai, Filho e Espírito Santo começam com letra maiúscula. Quaisquer endereços eletrônicos encontrados neste livro são oferecidos como recursos. Eles não são, de forma alguma, endossados pelo KingPress, portanto, o KingPress não garante a veracidade dos conteúdos desses sites durante a existência desse livro. Versão: 1 (2016) Dedicado a todos! http://www.kingspress.org http://www.realmofgrace.com RECONHECIMENTO “Alguma vez, você já teve medo de a que a graça de Deus fosse muito boa para ser verdade? Eu conheço o Paul há mais de 20 anos. Ele é um homem de imensa integridade e humildade. Ele realmente acredita no que escreve! Muitos estão à procura da verdade em que podem confiar. No Evangelho em Dez Palavras, Paul entrega as Boas Novas com grandeza. Leia e fique impressionado com o quão bom Deus é!” — ROB RUFUS Pastor Sênior, City Church International, Hong Kong “Paul Ellis escreveu um livro completo sobre o Evangelho! O Evangelho em Dez Palavras é um dos melhores livros que eu já li sobre o assunto. Quando terminei de lê-lo, imediatamente o li de novo, é simplesmente maravilhoso! Este é um livro que você lerá, relerá e voltará nele como referência de novo e de novo. É um livro que você desejará compartilhar com todos os seus amigos e com estranhos também. Eu recomendaria que você comprasse uma caixa cheia deles.” — ED ELLIOTT, aka The Vagabond Evangelist Presidente da World of Life Outreach “O livro de Paul Ellis, O Evangelho em Dez Palavras, é libertador! Ele simplifica o Evangelho de Jesus Cristo e revela o seu poder transformador.” — PETER M. KAIRUZ CEO da CBN Ásia e Apresentador do 700 Club Ásia “Se a sua caminhada com Deus tornou-se um penoso rastejamento, então o livro do Paul, O Evangelho em Dez Palavras, é exatamente o que você precisa. Cada capítulo é uma emocionante visão do Evangelho de Jesus – eu não estou brincando – os leitores ficarão surpresos ao ler. Da mesma forma que um excursionista fica deslumbrado com um imprevisível campo aberto diante de si, nós descobrimos que a batalha acabou e que tudo o que nos resta é maravilhar-nos e respirar. Essa é a infindável visão que Paul Ellis oferece – as deslumbrantes Boas Novas que Deus planejou para todos nós. Este é o livro que eu escolheria para qualquer pessoa, considerando uma caminhada com Deus quer seja no início, ou não.” — RALPH HARRIS Autor do livro God´s Astounding Opinion of You “Um dos melhores livros que já li. A luz do glorioso Evangelho de Cristo encheu meu coração enquanto eu lia este livro. Ele é todo centrado em Jesus Cristo e no Seu trabalho consumado na cruz. Agora tenho um entendimento mais claro de quem eu sou e o que eu possuo por causa do que Jesus Cristo fez por mim.” — JUN YU Pastor Sênior de Jesus Faith Christian Fellowship, the Philippines “Este livro é simplesmente cativante. É como olhar o Evangelho da graça em um panorama de 360 graus. Escrito com maravilhosa clareza e praticidade, O Evangelho em Dez Palavras transborda boas novas em todas as páginas.” — CORNEL MARAIS Autor do livro So You Think Your Mind is Renewed? “Eu amo O Evangelho em Dez Palavras. Esta é a revelação que virá como uma maravilhosa surpresa para o novo cristão, e também para todos os que achavam que entendiam o Evangelho, mas estavam presos em pensamentos baseados em tradições. Com graça e alegre poder, Paul sistematicamente substitui equívocos pelas realidades do alicerce das Boas Novas que Deus deu a todos os povos. Eu recomendo este livro para todos!” — JACK STRADWICK Pastor Sênior, Fusion Church, New Zealand “Paul Ellis é uma das poucas pessoas que conheço que consegue apresentar o Evangelho da graça de uma forma não somente simples de entender, mas também capacitando os que creem a abraçar o poder sobrenatural de Deus. Leia este livro, quer você ache que já entende o Evangelho ou não. Esta leitura irá transformá-lo.” — RYAN RHOADES Fundador do RevivalOrRiots.org “Eu tenho lido os escritos de Paul já por alguns anos e, frequentemente, tenho sido encorajado e fortalecido pela sua revelação do Evangelho. O Evangelho em Dez Palavras irá fortalecê-lo nas Boas Notícias de um Deus que nos ama mais do que sabemos e que nos deu mais do que nós usamos. Este livro vai ajudá-lo a descobrir o amor de Deus e a completa provisão em Cristo.” — WAYNE DUNCAN Pastor Sênior, Coastlands Christian Church, South Africa ÍNDICE DEIXANDO A SELVA AMADOS PERDOADOS SALVOS UNIDOS ACEITOS SANTOS JUSTOS MORTOS NOVOS REAIS TESTE O SEU EVANGELHO NOTAS ÍNDICES DE ESCRITURAS PERGUNTAS FREQUENTES RECONHECIMENTO Prefácio DEIXANDO A SELVA Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, foi um tempo de grande alegria e celebração. Espadas foram transformadas em arados, prisioneiros foram libertos, e milhões de soldados voltaram para suas casas e famílias. Mas um homem, o Segundo Tenente Hiroo Onoda que pertencia à tropa imperial japonesa, escolheu não acreditar nos anúncios do final da guerra. Nos próximos 29 anos, o Tenente Onoda escondeu-se na selva das Filipinas, recusando-se a voltar para casa. Sabendo que ele ainda estava lá, as autoridades tentaram alcançá-lo com as notícias. Entretanto, Onoda rasgou os folhetos contendo as boas novas achando que eram propaganda do inimigo. Ele considerou as cartas, fotos de família, e jornais jogados pelos aviões como nada mais que truques ardilosos. Em 1974 um estudante japonês decidiu achar o Tenente isolado e fez disto o seu desafio de vida. Depois de procurá-lo na selva, o estudante achou o velho soldado e tornou-se seu amigo, mas ainda assim não conseguiu convencê-lo a render-se. Um tempo depois, o Governo Japonês enviou o Comandante oficial de Onoda à selva com ordens para que ele se rendesse. Sentindo-se dispensado da sua obrigação, Onoda esvaziou sua espingarda e colocou sua arma no chão. Para ele a guerra finalmente havia chegado ao fim. Ele retornou para sua casa e foi recebido como um herói.1 Por três décadas, o Tenente Onoda estava envolvido em uma guerra que existia somente em sua mente, contra um inimigo imaginário que ele temia. E é dessa forma que algumas pessoas se relacionam com Deus. Elas se opuseram a Deus em suas mentes e pensam que estão em Sua mira por causa dos seus pecados. Elas nunca ouviram que a hostilidade cessou, a guerra foi ganha e o Príncipe da Paz agora está assentado no trono.Ignorantes às Boas Notícias e com medo de Deus, elas estão escondidas nas selvas da religião ou no autoengano do ateísmo. Deus os odeia - é o que elas pensam. Sua ira está aumentando. Elas não sabem ao certo o que Deus está fazendo agora, mas a expectativa é de que Ele aparecerá um dia, e quando isso acontecer, as dívidas terão que ser pagas. Porque eu escrevi este livro Eu escrevi este livro por uma simples razão: a grande parte das pessoas nunca ouviu o Evangelho. Como eu sei disso? Porque elas estão incertas sobre quem Deus é, e sobre o que Ele pensa sobre elas. Talvez tenham ouvido as Boas Notícias, mas não acreditam, não se encaixa em suas mentes. Então, vivem debaixo de uma mentira recusando-se a voltar para a casa. Infelizmente, isso é verdade tanto para os incrédulos, quanto para os cristãos. Em dez anos de pastoreio e quarenta anos de igreja, pude conhecer milhares de cristãos de diferentes partes do mundo. Cada um deles irá falar que acredita no Evangelho. Mas o fruto de suas vidas revela uma história diferente. Ao invés de colher do Evangelho da paz, eles estão capinando o duro solo da religião do Faça Você Mesmo. Ao invés de extrair alegria das fontes de salvação, eles estão fazendo tijolos no abismo do cristianismo baseado em desempenho. Por que eu estou convencido de que a maioria das pessoas não conhece o Evangelho? Porque elas não têm alegria. As suas bocas não estão cheias de riso e as suas línguas não cantam das grandes coisas que Deus tem feito por elas. Citando Shakespeare, a alegria é a prova. "E o anjo lhes disse: Não temais. Eu vos trago Boas Novas de grande alegria, que o será para todo o povo." (Lucas 2:10) O anjo falou que o Evangelho traria grande alegria para todo o povo. Aqueles que recebem o Evangelho haverão de ser as pessoas mais felizes e alegres do mundo. Ainda assim, muitos cristãos estão longe de serem alegres. Talvez estejam sorrindo por fora, mas por dentro estão ansiosos, inseguros, e lutando com culpa e condenação. Temerosos em aborrecer a um Deus severo, estão tentando fazer a coisa certa para serem agradáveis ao Senhor. Mas como nunca estão certos se estão fazendo o bastante, eles não têm paz. Outros estão correndo atrás do favor de Deus, mas nunca sentem que chegaram lá. Estudam as escrituras, jejuam e oram, e fazem tudo o que lhes foi ensinado, mas as prometidas bênçãos da vida cristã - o perdão, a aceitação, a provisão de Deus, etc... - sempre parecem fora de alcance. Eles estão suando no moinho de serviços cristãos só para irem a lugar nenhum. Pressionados entre as demandas de um Deus Santo que espera nada menos que perfeição e o comportamento defeituoso de suas vidas quebradas; cristãos podem estar dentre as pessoas mais neuróticas do planeta. Como ioiôs, estão de pé um dia e prostrados no outro; dando testemunho no domingo e confessando na segunda. Cada vez que tropeçam, prometem a Jesus que tentarão fazer melhor da próxima vez, mas isso nunca acontece. Sentem-se como fraudes e temem o que lhes acontecerá quando seus fracassos forem finalmente expostos. Uma fonte amarga A tragédia é que as muitas pessoas que se encontram nessa situação sabem que alguma coisa está errada, e creem que o erro está nelas. Até porque, estão constantemente ouvindo que não fazem o bastante. Elas ouvem que devem orar mais, dar mais, jejuar mais, frutificar mais, e enquanto fazem tudo isso, que tal mostrar mais entusiasmo com o nosso novo programa? Alguns cristãos estão perto de suar sangue por Jesus, e tudo isso só os fazem cansados e doentes. Se esse é você, o problema não está no seu esforço ou desejo, mas sim no seu evangelho. Está contaminado. Você está bebendo de um poço contaminado e isso está lhe fazendo adoecer. O Evangelho é: Boas Notícias. Isto é o que a palavra Evangelho literalmente significa: Boas Notícias. Definindo melhor, qualquer evangelho que o leva a ter medo de um Deus irado e severo não é o Evangelho. Não são Boas Notícias. Qualquer evangelho que o deixa inseguro e incerto, sempre questionando: Eu sou aceito? Eu sou perdoado? não são Boas Notícias. Qualquer evangelho que demanda de você uma vida inteira de santificação progressiva, mas ao mesmo tempo não lhe oferece nenhuma garantia de que você chegará lá, não são as Boas Novas. Qualquer evangelho que força pessoas mancas a pularem pelas argolas do desempenho religioso não é o Evangelho. A razão principal pela qual muitos cristãos andam tristes e cansados é porque nunca ouviram o Evangelho. Eu sei que é difícil de acreditar, mas é verdade - o Evangelho quase nunca é pregado. Visite qualquer igreja ou ligue o canal cristão na TV e provavelmente você ouvirá qualquer outra coisa que não seja o puro Evangelho do Reino. Não culpe os pregadores. Muitos deles estão fazendo o melhor que podem, mas eles não podem dar o que não têm e pregar o que nunca ouviram. Eu sei disso por experiência. Liderei uma congregação por muitos anos, e em cada Páscoa, Natal e domingos especiais eu pregava o Evangelho sem nem saber o que era. Ou melhor, eu pregava o que eu achava que era o Evangelho, mas na verdade era uma imitação inferior. Minhas intenções eram puras e eu tinha um desejo genuíno de salvar os perdidos, mas estava sempre questionando porque as poucas pessoas que foram salvas pela minha pregação não estavam pulando de alegria. Eles eram desejosos (como eu), mas não estavam cheios de alegria. Talvez o anjo estivesse errado nesse ponto. Hoje sei que estava vendendo uma versão diluída do Evangelho. Eu era como um advogado entregando as fortunas de uma herança e depois pedindo o dinheiro de volta em juros e impostos. Eu “vendia” a graça de Deus como num cartão de crédito. "Compre agora, pague mais tarde. Inscreva-se hoje, o primeiro mês é de graça. Mas depois desse tempo, nós precisamos conversar sobre sua responsabilidade, discipulado, e o verdadeiro custo de ser um seguidor de Jesus." Eu tinha o jargão correto, mas a teologia errada. Era amor com gancho e graça com preço. Que loucura eu pregava! O que o Evangelho não é O que é o Evangelho? Quando essa pergunta é feita, as pessoas normalmente respondem com uma variedade de respostas. "O Evangelho é a Palavra de Deus - são as escrituras." "É a história do Salvador contada por Mateus, Marcos, Lucas e João." "São as falas de Jesus escritas em vermelho." "É a lei santa de Deus." "É o convite de deixar o pecado e escapar do inferno." "É o que você deve acreditar aconteça o que acontecer." Embora essas sejam respostas comuns, nenhuma delas é o Evangelho. As escrituras são a verdade do Evangelho, mas elas não são O Evangelho. A Bíblia contém as Boas Novas, mas também contem muito do que não são as Boas Novas. Se você não souber discernir a diferença, ficará confuso quando ler sua Bíblia. Os relatos de Mateus, Marcos, Lucas e João são chamados de evangelhos, mas eles não são O Evangelho. Coletivamente, esses quatro livros contêm mais de 60.000 palavras, mas como nós veremos, o Evangelho pode ser resumido em uma única sentença, até mesmo em uma palavra. As falas de Jesus em vermelho não são o Evangelho. Tudo o que Jesus disse foi bom, mas nem tudo que Ele falou eram boas notícias. E nem tudo que Ele falou foi direcionado para você. Jesus pregou a lei para aqueles que viviam debaixo da lei antes da cruz. Nós não estamos debaixo da lei (Romanos 6:14). Nós vivemos debaixo de uma aliança completamente diferente da que os judeus viviam nos dias de Jesus. Palavras direcionadas a eles, não necessariamente são direcionadas a você. A lei não é o Evangelho. A lei é boa e tem os seus propósitos, mas ela traz más noticias e não as Boas Novas. O propósito da lei é revelar o pecado e condenar a justiça-própria. As más notícias da lei silenciam a todos e revelam a nossa necessidade de um Salvador. A lei diagnostica o problema, mas não faz nada para tratá-lo. A exortação para "deixar o pecado" não é as Boas Novas. Não é nem nova. É uma antiga mensagem baseada em obras que o deixará focado no pecado e introspectivo. É a mensagem de Moisés e JoãoBatista. É a mensagem da maioria do Velho Testamento. Não é o Evangelho da graça que nós achamos nas cartas do Novo. As Boas Novas também não podem ser definidas como a ausência de más notícias. Alguns evangelistas acham que amedrontar pessoas é uma boa forma de ganhar discípulos para Jesus, mas medo é uma base terrível para qualquer relacionamento. Jesus não está interessado em casamentos forçados. Paulo, o maior apóstolo da Bíblia, pregou o Evangelho sem nunca mencionar a palavra inferno. Finalmente, o Evangelho não é um artigo de fé. Não é algo que magicamente toma vida se você acreditar de verdade. Não é o fruto de pensamentos positivos. Também não é profecia. E não é algo que somente será real no futuro. As Boas Notícias não são o bom livro, a boa lei ou as boas palavras do bom Mestre. Também não são bons conselhos, boas instruções ou boas vibrações. As Boas Notícias são notícias - é o anúncio das Boas Novas de um Deus feliz. O Evangelho é a notícia de hoje, e é inquestionavelmente boa. E agora as Boas Novas O Evangelho é a alegre e feliz notícia de que Deus é bom, Ele te ama, e de bom grado, deu tudo o que Ele tem para que Ele tenha você. Ao contrário da crença popular, Deus não está zangado com você. Ele também não está de mau humor. As Boas Novas declaram que Deus é feliz, Ele é por você, e quer dividir a vida dEle com você para sempre.2 Jesus é a prova disso. A veracidade do Evangelho é evidenciada em Sua morte e ressurreição. Na cruz Jesus mostrou que nos amava enquanto éramos pecadores e Ele morreu para que pudesse viver conosco. E através da ressurreição, Ele provou que nada – nem mesmo a morte – pode nos separar do amor de Deus que é nosso em Cristo Jesus. Através de Jesus, o nosso Representante, nosso Pai Celestial uniu-Se a nós, prometendo nunca nos deixar ou nos abandonar. Nós estamos seguros, não em nossas fracas promessas a Ele, mas em suas incondicionais e inabaláveis promessas feitas a nós. É isto: Deus o ama e quer estar com você. É simples, mas é a maior verdade do universo. Nós gastaremos a eternidade para descobrir os bilhões de facetas das expressões ilimitadas do Seu eterno amor. Na verdade, para isto nós fomos criados – para receber e responder ao Seu divino amor. Essa é a lei fundamental da nossa existência e a razão do nosso ser. Essa é a melhor notícia que você jamais poderia ouvir. O presente de amor O Evangelho é tão simples que as nossas mentes adultas têm dificuldade em assimilar. “Não pode ser tão bom.” “Tem que ter um senão.” Antes de entender a simplicidade do Evangelho, minha mente era como um monte de cinzas – cheia de “mas”. Deus o ama, mas... Jesus morreu por você, mas... Para mim, os dons de Deus sempre vinham com uma etiqueta de preço. Só que isso era uma mentira. Eles não podem ter preço. Você percebe? Graça precisa ser de graça, ou então, não é graça. Não deixe ninguém lhe cobrar pelo que Deus lhe deu gratuitamente. O Evangelho que Jesus pregou começa assim: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu...” O Evangelho é primeiramente e principalmente uma declaração de amor comprovada por um presente. É o anúncio de um presente de amor e esse presente é Jesus. Aqui é que muitos se enganam. Eles pegam o maior presente do universo, colocam dentro de uma caixinha chamada “minha salvação”, e depois colocam essa caixa no armário dos seus passados. “O Evangelho? Ahhh, isso é para os pecadores. Eu já ouvi. Eu sou salvo. Não tenho mais que usá-lo.” O anjo discordaria de você. Ele disse que o Evangelho é para todo o povo, incluindo santos e pecadores. Salvação é um dos muitos benefícios do Evangelho, mas tem muito mais nesse presente do que a salvação. Jesus não é somente o Salvador, mas Ele é Deus conosco. As nossas mentes podem apenas tentar entender o significado dessa revelação. Deus conosco. Ele não está longe, Ele está perto. Ele não é contra nós, mas por nós. Se Ele já nos deu o Seu Filho, o que Ele nos negaria? Wow! Isso é teologia Grand Canyon. Esse é o Evangelho que tira o fôlego te deixando sem palavras em adoração. Ele nunca nos deixará ou nos abandonará. Que alívio! Que paz! Isso são pastos verdes em águas tranquilas. Isso é lar. Isso é descanso. O Evangelho é maior e melhor do que pensamos. A bondade das Boas Novas é diretamente proporcional à bondade de Deus; e a novidade das Boas Novas é proporcional ao nível de revelação que temos dEle. E porque Deus é infinitamente bom e infinitamente grande, e porque há sempre mais para descobrirmos sobre Ele, tem sempre mais nas Boas Novas do que podemos pensar ou imaginar. O Evangelho é simples, mas fica maior e melhor quando o examinamos de perto. E ao o examinarmos, ficamos cheios de gratidão pelo amor e gentileza de um Deus que é bom. O Prego de Spurgeon O que é o Evangelho? É a revelação do amor de Deus através de Jesus Cristo. Seja qual for sua necessidade, sua resposta será achada em Cristo somente. Ele é o Amor que nos ama e a Graça que nos ajuda em nosso momento de fraqueza. Se você é um pecador precisando de redenção, vá para Jesus. Se você é um santo lutando contra o pecado, vá para Jesus. Se você está oprimido pela pobreza, você não precisa de um sermão sobre os sete passos para a prosperidade – você precisa de uma revelação de Jesus, o qual se fez pobre por nossa causa para que possamos ser ricos (II Coríntios 8:9). Se você está em meio a uma tempestade e não sabe como seguir em frente, você precisa de uma revelação dAquele que silenciou a tempestade com uma palavra. Se estiver em busca de uma solução para um dos muitos problemas do mundo, Jesus a tem. Desde que Jesus é o Autor da Vida, Ele é a primeira e última palavra em todo e qualquer assunto. Quando comecei como pastor, eu via necessidades em todos os lugares, e moldava minha pregação para que ela servisse de solução. Quando tínhamos problemas com pecados, eu pregava sobre arrependimento e como obtê-lo. Depois pregava sobre santidade e como obtê-la. Eu era um pregador versátil. Sempre que um problema aparecia, eu iria resolvê-lo com a minha Bíblia. Inocentemente, eu achava que minhas habilidades em pregar, combinadas com meu profundo conhecimento bíblico, resolveriam os problemas de todos. Na verdade, isso foi uma receita para pregações sem poder, cristianismo carnal e reuniões monótonas. (Se você estava lá, me perdoe). Então eu descobri uma profunda verdade. Você pode saber a Bíblia de capa a capa e ainda assim não conhecer o Evangelho. Leia a palavra escrita através de lentes que não sejam a Palavra Viva, que você acabará com uma imitação do Evangelho e com uma religião sem vida. Quando as escamas caíram dos meus olhos, minha primeira reação foi choque – Como eu não percebi? – seguida de uma alegria desmedida – Deus, o Senhor é ainda melhor do que eu achava! Eu comecei a ver Jesus em cada página da minha Bíblia. É tudo sobre Ele! Eu queimei todos os meus sermões e comecei de novo. Eu comecei a pregar Jesus e nada mais. Eu fiquei como Spurgeon que disse em 1891: “Às vezes me maravilho pelo fato de vocês não se cansarem da minha pregação, porque não faço nada mais do que martelar nesse mesmo prego. Eu bato em sua cabeça, depois vou para o lado para firmá-lo mais, mas sempre permaneço nele. Comigo é só isso, ano após ano, “Nada além de Jesus! Nada além de Jesus!” Oh, vocês grandes santos, se já tiverem ultrapassado a necessidade de confiança de um pecador no Senhor Jesus, vocês ultrapassaram os seus pecados, mas vocês também ultrapassaram a graça, e a sua santidade os arruinou.”3 Eu fui salvo trinta e quatro anos antes de começar a ver o Evangelho em toda a sua glória libertadora. Eu estava no caminho para virar um santo arruinado, enjaulado pelas expectativas minhas e dos outros. Mas as janelas da minha alma foram abertas, e eu respirei de novo o ar fresco do céu. Nunca mais voltarei para aquela jaula. Liberdade para todos O Evangelho é Boas Novas para o prisioneiro, tanto salvo quanto não salvo. Se você está sentindo o peso mortal do fardo do pecado ou a exaustão da devoção, o Evangelho o libertará.Simples assim. O Evangelho tem mais poder do que você possa imaginar. Já vi jugos de décadas e feridas antigas serem quebradas em um momento. Vi pecadores mortos nascerem para uma nova vida e santos mancos ganharem pernas novas. É como se o Espírito Santo estivesse esperando falarmos “Sim” para a graça e quando o fazemos, Uau! – a liberdade chega e somos transformados. Em contraste com a religião morta dos homens, o Evangelho vivo da graça é totalmente sobrenatural. Mas aqui você encontra uma parte importante. A única coisa que pode impedi-lo de andar no amor e graça de Deus é sua mente duvidosa e a incredulidade. Eu não estou falando sobre ateísmo; incredulidade vem em sombras discretas. Na igreja, incredulidade é manifestada na linguagem sem fé de dívida e obrigação. É pedindo a Deus para fazer o que Ele já fez. É tentando personificar Jesus. É trazendo sacrifícios e ofertas que Ele não pediu. Essa não é a forma correta de recebermos um presente. O Evangelho é verdadeiro quer você creia ou não, mas não lhe fará bem algum a não ser que você creia nele. Ninguém irá forçá-lo a deixar a selva. A condição única para receber o dom da graça de Deus é que você precisa querê-lo. O pecador precisa baixar as armas e o santo precisa colocar as suas ofertas no chão, para que ambos possam vir com mãos vazias e corações cheios de fé para a mesa das bênçãos. A única coisa que pode fazer com que as excessivas riquezas da graça de Deus sejam inoperantes é a incredulidade. A incredulidade ora: “Deus, por favor, faça isso, e aquilo, e aquilo outro”, mas a fé contempla o trabalho completo da cruz e fala: “Senhor, está tudo feito.” A incredulidade dá: “Senhor, olhe o que eu fiz, construí e trouxe para o Senhor.” – mas a fé recebe: “Olha o que o Senhor tem feito por nós.” A incredulidade se esforça e nada conquista; a fé entende que tudo vem a nós pela graça. A incredulidade tenta, mas a fé confia. A história de Jake Enquanto eu escrevia este prefácio, recebi uma mensagem de um jovem que chamarei de Jake. Jake me escreveu para falar que amava a Deus e queria ter um relacionamento com Ele, mas não sabia o que fazer ou como ser salvo. Ele disse que ouviu de alguns religiosos que Deus espera que vivamos uma vida sem pecado e que Ele não aprovaria se saíssemos para dançar com amigos. Nesse ponto você talvez esteja pensando: “Que informação enganosa, dançar não é pecado.” Eu sei, é engraçado. Mas não ignore o problema maior. Cristianismo não é uma lista de pode e não pode. Cristianismo é Cristo. O ponto aqui não é se dançar está na sua lista do pode ou do não pode; o ponto é se você tem essa lista. Pessoas focadas em regras estão preocupadas em fazer o bem e evitar o mal, mas isso é religião carnal. É comer da árvore errada. Cristianismo não é teste, é descanso. Então aqui está Jake ouvindo as más notícias da religião que dizem que Deus não o aceitará a não ser que, primeiro, ele resolva os seus problemas e mude seu comportamento. Eu espero que você consiga perceber que isso não são Boas Novas. De fato, cobrar que pecadores paguem ingresso para se achegar ao trono da graça é uma prática diabólica. Mas o que realmente me impressionou foi o fato de que Jake falou que essas más notícias foram “o que ele ouviu a sua vida inteira”. Parece que Jake já havia frequentado congregações e que amava o Senhor, mas ninguém nunca o informou sobre as Boas Novas. Você não acha impressionante o fato de que mesmo com todas as igrejas no mundo e canais cristãos de TV; ainda existem milhões, senão bilhões de pessoas como o Jake que nunca ouviram o Evangelho? Eu ouço de pessoas nessa situação todos os dias. E como ninguém nunca transmitiu as Boas Novas para o Jake, o privilégio de proclamar essa feliz mensagem caiu sobre mim. Em poucas frases eu lhe contei que Deus o ama e que não há nada que ele possa fazer para que Deus o ame mais. Eu expliquei que ir à igreja e evitar pecados não o salvaria e que a única coisa que agrada a Deus é a fé em Seu Filho Jesus. “Para ser salvo, você precisa confiar que Jesus é quem Ele disse que é, que Ele o ama, morreu por você e agora vive por você.” Eu encorajei Jake a falar com Deus e pedir para que Ele lhe revelasse o Seu amor. Uma hora depois recebi a resposta abaixo: Uau! Isso com certeza são Boas Novas. Quer dizer, isso são grandes notícias! Muito obrigado. Eu não tinha ideia do que Jesus realmente significava. Dois dias depois, Jake me escreveu de novo para dizer que ele havia sido salvo, que estava tendo comunhão com Deus e que Deus o estava ajudando muito. Isso é o que eu chamo de evangelismo sem esforço. Eu simplesmente passei as Boas Notícias para frente, o Espírito Santo trouxe revelação e Jake foi liberto. E nenhum esforço foi requerido. O doce e curto Evangelho Os grandes pregadores da história sempre proclamaram um Evangelho simples com poucas palavras e muito poder. Paulo trouxe o reino celestial para a cidade pagã de Coríntios com nada mais que um Evangelho de cinco palavras – “Jesus Cristo e este crucificado.” – comprovadas pelo poder do Espírito Santo. Pedro precisou somente de doze palavras para declarar aos seus companheiros judeus as Boas Novas: “a este Jesus, que vós crucificaste, Deus o fez Senhor e Cristo.” E Jesus precisou de nove palavras para Se revelar como a solução para a nossa busca: “Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida.”4 Como você vê, existem muitas maneiras diferentes de se falar a mesma coisa. Enquanto você estiver revelando o amor de Deus personificado em Jesus – quem Ele é, o que Ele fez e o porquê – você estará pregando o Evangelho. As Boas Novas não devem ser complicadas. O Evangelho é simples o bastante para uma criança entender. Você não precisa saber grego para assimilar. Também não precisa ir para o seminário ou para uma escola bíblica para compreendê-lo. Um dos meus favoritos resumos do Evangelho é a pérola de vinte e uma palavras falada por Calvino: “O Filho de Deus se tornou o Filho do homem para os que filhos dos homens se tornassem filhos de Deus.” Curto e doce. Ou que tal este resumo ainda mais curto feito por Anna Bartlett Warner: “Jesus me ama, isso eu sei, pois a Bíblia assim me diz.”5 Esse é o Evangelho que o meu filho de três anos conhece. Aqui está o Evangelho que cantamos no Natal: Veio em carne, salve a divindade encarnada Agradou-Se em habitar conosco, Jesus o nosso Emanuel... Desfez-Se da sua glória, nascido para que o homem não morra mais Nasceu para levantar os filhos terrestres, nasceu para dar-lhes renascimento Esse verso vem do hino “Salve! Os anjos cantam”, caso você não conheça. Este antigo hino de Charles Wesley que foi composto há 270 anos é uma prova de que os evangelhos simples permanecem. Eles ficam em nossos corações, pois falam ao mais profundo das nossas carências e nos remetem à nossa verdadeira casa. Mas claro que você não precisa ser um compositor ou escritor para descrever o Evangelho de forma simples. Há algum tempo atrás eu desafiei os leitores do meu blog, (Escape to Reality), a proclamar as Boas Novas em poucas palavras.6 Steve, que mora em Sydney, escreveu: “Receba Jesus e você será limpo como Ele é, livre como Ele é, e estará perto do Pai como Ele está”. Phil, que mora no Alabama, nos deu este evangelho em dez palavras: “Jesus te ama e Deus não está irado com você”. Daniel, que mora em Massachussetts, nos proveu um evangelho de nove palavras: “Venha! A barreira do pecado caiu. Eu te amo”. E Miriam, que mora em Nebraska, nos deu essa maravilhosa afirmação: “Na família de Deus para sempre, por Seu trabalho e poder”. Alguns dizem que um tsunami de graça está varrendo o mundo. Se isso for verdade, então um dos sinais desse despertamento para a graça será um aumento da ênfase no curto e simples Evangelho que Jesus revelou e que os escritores do Novo Testamento proclamaram. O Evangelho da graça é completamente diferente da religião baseada em regras à qual muitos de nós estamos familiarizados. Religião é complicada, mas graça é simples. Religião é vaga, mas graça é clara comoum cristal. Religião expõe erros e não faz nada para ajudar, mas a graça de Deus lhe impulsiona triunfantemente durante os desafios mais difíceis da vida. Religião lhe dará dores de cabeça e irá deixá-lo doente e cansado, mas graça dá força aos cansados e vida aos mortos. Religião tenta frear o livre, mas graça liberta o prisioneiro e o opresso. É a minha firme convicção de que quanto mais pessoas começarem a apreciar a beleza e riqueza da graça pura do Evangelho, sermões sobre outros assuntos vão desaparecer como notícias passadas. O poder de Deus é revelado somente no Evangelho e nós fomos chamados para pregar nada menos que isso. Quadros em uma exposição Se o Evangelho é curto, então por que eu escrevi um livro inteiro sobre ele? Pela mesma razão que mineiros cavam profundos buracos ao redor das montanhas – há tesouros lá dentro. O Evangelho revela não somente uma porta para o domínio do Rei, mas também o castelo, as decorações e o seu inteiro esplendor. As bênçãos do Evangelho são muitas, mas neste livro iremos estudar somente dez delas. Essas dez bênçãos não devem ser interpretadas como níveis ou degraus ou nada desse tipo. Ao invés disso, pense nelas como pérolas em um colar ou quadros em uma exposição. Elas são variantes do mesmo tema que é Jesus. Elas são dez revelações da graça que descrevem a vida de cada cristão, sem exceção. Em união com Cristo você é amado, perdoado, salvo, aceito, santo, justo, morto para o pecado, novo e real. Quando acabei de escrever este livro, um amigo me perguntou sobre o título: “Você sabia que “as dez palavras” é um tipo de nome para os Dez Mandamentos?” Eu não sabia e a pergunta dele causou um momento de pânico. Ah não! As pessoas vão pensar que este livro é baseado na lei. Isso é um péssimo título para um livro sobre a graça. Eu comecei a pensar que tinha me enganado sobre o título, mas o meu amigo discordou: “Isso é bom e não é uma coincidência.” Ele estava certo. Deus sabe que eu amo listas e eu estou certo de que foi Ele quem me deu a ideia do livro e do seu título. Então, decidi não mudar o título. O livro é O Evangelho em Dez Palavras – não nove, nem onze, mas dez. Você já ouviu as dez palavras da lei de Deus; agora você pode receber as dez palavras da Sua graça. Mas, por outro lado o título deste livro pode ser enganoso. Você não precisa de dez palavras para entender o Evangelho, você somente precisa de uma, e esta palavra é Jesus. O Evangelho não é Jesus-mais-você ou Jesus- mais-as doutrinas da moda. É Jesus somente. Ele é o único nome pelo qual podemos receber o perdão e a aceitação e a santidade e todas as outras manifestações da graça sobre as quais eu escrevo neste livro. Não se esqueça disso. Antes de você entrar na galeria da Sua graça, vamos dar mais uma menção ao Tenente Onoda do Exército Japonês. Depois de finalmente ser convencido de que a guerra do Pacífico havia findado, ele virou um novo homem. Parou de aterrorizar os fazendeiros das Filipinas e abriu um generoso investimento para a educação dos filhos dos filipinos; depois voltou às Filipinas para agradecer ao povo pela assistência em mantê-lo vivo durante o seu auto imposto isolamento.7 Da mesma forma que o Tenente Onoda transformou-se em um homem diferente depois que aceitou as boas notícias de que a guerra havia chegado ao fim, eu creio que você será uma pessoa diferente quando terminar de ler este livro. O Evangelho nos transforma. Ele nos liberta de quem nós somos e nos dá poder para sermos quem fomos criados para ser. Ele não faz isso dando-nos instruções sobre o que fazer, mas revelando-nos a verdadeira natureza de Deus. Eu garanto que, quando você ver o Deus que está por trás do Evangelho, você nunca mais será o mesmo. A minha oração é que, enquanto você ler este livro, o Espírito Santo gentilmente lhe guie para a saída de qualquer selva que você possa estar, e que você comece a dançar livremente nos espaços abertos da maravilhosa graça de Deus. Quer seja um jovem pecador ou um velho santo, minha esperança é que quando se encontrar com a graça de Deus nestas páginas, você se verá face a face com Jesus. Jesus é as Boas Novas! “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho...” (João 3:16) AMADOS “Então, o que você aprendeu na escola dominical, filhinha?” Nós estávamos voltando para casa depois do culto e minha pergunta foi direcionada para minha filha de seis anos. “Nós aprendemos sobre os Dez Mandamentos.” “Mesmo? Agora me responda uma pergunta: – Deus irá amá-la mais se você guardar os Dez Mandamentos?” Longo silêncio no banco de trás do carro. Minha filha sentiu o cheiro da armadilha e respondeu hesitante: “Humm, sim?” “Não”, eu respondi. “Deus a ama quando você é obediente e quando você é teimosa. Ele a ama o tempo todo. Igual ao papai”, eu respondi com um sorriso. Como a maioria dos pais, eu amo os meus filhos independentemente de seus comportamentos. Se minha filha crescesse e quebrasse todos os Dez Mandamentos, ainda assim, ela seria a minha menina querida e eu a amaria profundamente. Contudo, muitos acreditam que Deus não é tão amoroso como nós. Eles aprenderam que o amor de Deus é filtrado por um problema de gerenciamento de ira. “Claro, Deus o ama, mas Ele também está irado com você. Então, fique atento.” Da mesma forma que é raro ouvirmos sermões sobre o puro Evangelho, raramente ouvimos o amor de Deus sendo pregado sem ganchos e qualificações. É amor incondicional – (com condições). Como podemos pensar que nós amamos nossos filhos mais do que Deus nos ama? Amor mais alto que as montanhas Deus não está irado com você. Ele o ama com amor eterno. “Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti e a aliança da minha paz não será removida, diz o SENHOR, que se compadece de ti.” (Isaías 54:10) Você talvez pergunte, “Mas e os versos sobre a ira de Deus?” Você está se referindo aos que falam que Sua ira é momentânea, mas o Seu amor é eterno?1 Eu amo esses versos. Eles são um grande conforto para mim. Deus estava irado com o seu pecado, da mesma forma que eu fico irado com as doenças que afligem os meus filhos, mas Ele lidou com o seu pecado de uma vez por todas há mais de 2.000 anos atrás. Na cruz, Aquele que não conhecia pecado, se fez pecado em seu lugar para que o pecado fosse condenado nEle (Romanos 8:3). Carregando o pecado do mundo em Seu corpo, Jesus bebeu do cálice da ira de Deus e Ele bebeu todo o cálice. A graça dEle é maior do que o seu pecado. A cruz é uma figura de ira derramada e amor furioso. A cruz é Deus gritando, “Deixe os meus filhos irem!” Mal podemos compreender isto. Não fizemos nada para merecer o favor dEle. Desde o início, rejeitamos os Seus chamados e vendemos o nosso amor para o escravizador. E quando Ele veio nos resgatar, nós O matamos. Mas na cruz, o Verdadeiro Amor pagou nosso resgaste e nos libertou: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8) Deus nos mostrou Seu grande amor enquanto nós éramos pecadores. Ele não esperou que nos limpássemos primeiro, ou nos arrependêssemos ou começássemos a viver uma vida correta. Enquanto estávamos na sujeira do nosso pecado e justiça-própria, Ele veio e nos abraçou. Como você pode qualificar um amor tão implacável? Como pode dizer, “Deus me ama, mas...”? Não existe “mas”. O amor de Deus não se submete à palavra “mas”. Ele é sem medida e tão inexplicavelmente vasto que nossas mentes não conseguem captá-lo. Não conseguimos compreendê-lo porque o amor humano é diferente do amor divino. Amor terreno e humano é uma resposta ao impulso do que é amável, mas o amor divino é espontâneo, nasce nEle e dEle mesmo. Deus não nos ama porque somos amáveis, mas porque Ele é amor. É a natureza dEle nos amar. Como Deus sempre age de acordo com Sua natureza, Sua ira, juntamente com tudo o mais que Ele faz, devem ser vistos como uma expressão do Seu amor. Por que Deus age assim? Porque Ele é amor e nos ama. Amor é o motivo deDeus para tudo. Amor perfeito O amor humano carrega as marcas da queda, mas o amor de Deus é imaculado, perfeito e incondicional. Através do profeta Jeremias, Ele nos afirmou: “Porquanto com amor eterno te amei, por isso, com benignidade te atraí.” (Jeremias 31:3b) Diferentemente do frágil amor humano, o amor de Deus “tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre” (I Coríntios 13:7). Seu amor nunca se desgastará ou morrerá. O amor humano é volúvel, mas o amor de Deus é constante. É o alicerce do universo e a razão para estarmos aqui. Não é exagero dizer que Deus o ama com a intensidade de calor de mil sóis juntos. Olhe para o céu à noite. Ele colocou as estrelas lá para lhe impressionar com a astronômica extravagância do Seu amor. Deus o amou formando-o e Ele o amou enquanto você era um pecador. O desejo do coração dEle é que você conheça e desfrute deste amor por toda a eternidade. Essas palavras o movem? Quando você reflete sobre o amor de Deus, sua alma fica iluminada? Muitas pessoas entendem, mas somente um pouquinho. Em suas mentes, o amor de Deus é como o clima do Alfa Centauro. “Sim, eu tenho certeza que é maravilhoso, mas não estou consciente dele.” Para essas pessoas, o amor de Deus é como o amor de um Rei aos seus súditos – formal, distante, e inatingível. Como Jó, eles são ignorantes quanto ao amor de Deus: “Oh, Jó, você não vê como Deus está livrando-o das mandíbulas do perigo? Como está atraindo-o para lugares espaçosos - convidando-o a se fartar em sua mesa cheia de bênçãos?” (Jó 36:16 – A mensagem) Jó era um homem piedoso, mas acreditava em karma. Ele tinha o hábito de comprar seguro espiritual através de seus frequentes sacrifícios e ofertas na esperança de que sua boa conduta neutralizasse qualquer mau comportamento de sua família. Quando tudo estava bem, Jó levava o crédito. “Minhas boas obras estão valendo a pena.” Mas quando as coisas começaram a ir de mal a pior, ele ficou perdido e perplexo. “O que eu fiz para merecer isso?” Jó estava tão focado em si mesmo e em seus méritos que não conseguia enxergar o amor de Deus. Se Jó e seus sacrifícios são uma figura de religião supersticiosa, então seu amigo Eliú é o pregador do Evangelho: “Pare o que você está fazendo e considere as maravilhas de Deus.” (veja Jó 37:14) Olhe as estrelas. Ouça o trovão. Ande pelas montanhas e veja a vista lá de cima. O universo declara que Deus é bom e que Ele se importa com você. Para nós que estamos do lado de cá do Calvário, não existe maior mistério do que a cruz. Os sacrifícios e ofertas de Jó dizem que precisamos fazer isso ou aquilo para merecer o amor de Deus, mas a cruz demoliu este grande absurdo de uma só vez. A cruz declara que Deus é bom e que Ele se importa conosco. A cruz é a cura para qualquer dúvida que você tenha sobre o amor de Deus. O Eliú de hoje iria nos falar: Pare e considere a maravilha da cruz. Você não vê como Deus está lhe resgatando da tribulação para a segurança? Da miserável fome da sua alma para Seu rico banquete? Isso não é uma recompensa pelos seus sacrifícios e ofertas; isso são as Boas Novas da Sua graça e favor. Amor que se inclina Os religiosos geralmente ficam tensos sempre que o Evangelho da graça é pregado. Eles se preocupam se esse “novo modismo”, essa “nova doutrina”, vai levar as pessoas a lugares perigosos. Bom, se o amor de Deus é um lugar perigoso, então não existe melhor lugar para se estar, porque o amor de Deus é exatamente para onde a graça irá levá-lo. Deus é amor e o amor que se inclina chama-se graça. O Evangelho da Graça é, em realidade, o Evangelho do Seu Amor. Graça é como o amor de Deus se apresenta a nós. Graça é o amor que desceu do alto. Uma ilustração para nos ajudar a compreender: eu amo os meus filhos com todo o meu coração, mas eu vivo num mundo diferente do deles. As coisas que eu gosto de fazer são além de seus entendimentos. Então, para eles conhecerem o meu amor, uma das duas coisas precisa acontecer: ou eles precisam se elevar, ou eu preciso me inclinar. E porque eu sou o pai, eu tomo a iniciativa. Eu desço. Escolho me relacionar com eles no seu nível; assento no chão e brinco; leio histórias que eu nunca escolheria ler para mim; faço cosquinhas, empurro suas bicicletas até ficar exausto. Esse é o amor em ação que todo pai conhece. É exatamente assim que Deus nos ama. Ele não nos ama como um Rei, mas como um Pai. Essa é a suprema revelação de Jesus que é a Graça personificada. Deus desceu para que possamos subir. Jesus se fez como nós, para que possamos ser como Ele – perfeito, saudável, abençoado, e completamente seguro no amor do Seu Pai. Na parábola mais famosa de todos os tempos, Jesus revela que Deus é como um pai esperando o nosso retorno, que corre quando nos vê, e que nos enche de abraços e beijos. Você talvez chegue com o seu discurso pronto, suas boas intenções, e o desejo de servi-Lo, mas Ele não está interessado em nada disso. Ele quer somente você. Amor se parece com graça. Quando você recebe a Graça, você recebe o Amor. Não há diferença. Isto significa que se você não tem tempo para a graça, talvez você esteja ocupado tentando agradar a Deus com os seus sacrifícios e ofertas, então você não tem tempo para o Seu Amor. Rejeite a graça de Deus e você rejeitará o Seu amor. Aprender a andar no amor de Deus significa aprender a andar na Sua graça. É seguir a Jesus ao invés de Jó. É não mais tentar impressionar a Deus com os seus sacrifícios, mas se impressionar com o sacrifício dEle. Deus nunca vai lhe fazer pular obstáculos para que você ganhe o Seu amor. Ele não o amará mais se você triunfar e não o amará menos se você falhar. Se ganhar milhões para Cristo ou não ganhar ninguém, Ele o amará com a mesma intensidade. Deus o amou quando você estava morto em seus pecados e Ele não parou de amá-lo quando você foi salvo. O Seu amor dura para sempre.2 O Evangelho da Graça não é uma nova doutrina e também não é modismo. É tão antigo quanto o eterno amor de Deus. A lei não te ama Falamos tanto em Jó; e Moisés? Debaixo da velha aliança, você amava a Deus porque tinha que amá-Lo; era o que ditava a lei. Mas amor não funciona em termos legais. Amor não pode ser legislado; e este era o ponto do mandamento. A lei não foi dada para produzir amor entre os que não amam, mas para revelar a nossa necessidade dAquele que nos ama. Desde o início, Deus desejava ter um relacionamento conosco, mas nós preferimos as regras. Deus falou para os israelitas que Ele queria fazer deles um povo guardado, mas eles não estavam interessados. A atitude deles foi: “Somente nos fale o que fazer e nós obedeceremos tudo.” A razão pela qual alguns preferem as regras claras da religião à confusa liberdade de um relacionamento é porque não sabem que são filhos profundamente amados por Deus. Eles estão temerosos e, nas regras, encontram uma sensação de segurança e identidade que tanto precisam. O espírito da religião reforça esse medo dizendo, “Faça isso e não faça aquilo e, depois, talvez Deus fique satisfeito com você.” Essa mensagem é normalmente vendida como: “Quatro chaves para agradar a Deus” ou “Sete passos para a intimidade”, mas na verdade, isso é abuso de crianças. É colocar uma etiqueta de preço na afeição que já é sua, como filho, por direito. A preferência por regras é um sinal claro de que não estamos firmes e seguros no amor de Deus. Considere os fariseus; eram treinados em regras. Eles pregavam obrigação e responsabilidade religiosa e eram tão zelosos que poderiam viajar longas distâncias para ganhar somente um convertido. Mesmo assim, Jesus lhes disse: “Vocês não tem o amor de Deus em seus corações” (João 5:24). E é por isso que nunca devemos acreditar nas mentiras que a religião nos ensina sobre o amor. Religião não pode lhe dar o que ela não tem. A preferência que os israelitas tiveram pelas regras é uma das grandes tragédias da história. Ainda assim, suas escolhas são repetidas diariamente por pessoas sinceras que acham que devem guardar os mandamentos para serem amadas, salvas ou abençoadas.Embora a velha aliança tenha acabado a mais de 2.000 anos atrás, elas não receberam o memorando. Estão tentando amar a Deus porque acham que devem. Ao invés de se fartarem na luz do amor divino, estão tentando produzir luz por esforço próprio. O problema é que não conseguem. Elas são como uma lua tentando ser o sol. Amor em Éfeso Lembro-me frequentemente dos efésios que deixaram o seu primeiro amor. Os cristãos em Éfeso tinham fé e tinham obras; se você perguntasse, tenho certeza que confiantemente declarariam o Seu amor por Cristo. Mesmo assim, Paulo orou para que eles conhecessem o amor de Cristo (Efésios 3:14- 19). Viu a diferença? O nosso amor sobe, mas, mais importante é o Amor que desce. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro, e Ele nos amou porque Ele é amor. Amor é um substantivo antes de ser um verbo. Quando você conhece o amor de Deus e começa a entender Quem o ama e o tanto que Ele está empenhado para que você triunfe, você anda em confiança. Sua fé é fortalecida e você começará a liberar o amor dEle para os que estão à sua volta. A vida se transforma em uma aventura sobrenatural. Mas perca o foco em Seu amor e sua fé diminuirá. Você se transformará no que Paulo descreve como um “homem carnal” (I Coríntios 3:3). Quando isso acontece, tudo aquilo que requer amor – casamento, paternidade, trabalho com pessoas – se transforma em obrigação. Isso aconteceu com a igreja em Éfeso. Eles estavam tão ocupados com o trabalho cristão que deixaram o primeiro amor. E Jesus veio para corrigi-los (Apocalipse 2:1-7). Quem é o nosso primeiro amor? É Ele! Ele é a luz. Ele é a fonte. Ele é o sol que está acima de todas as sombras. Os efésios eram famosos por suas obras, contudo Jesus disse a eles, “Parem o que vocês estão fazendo. Lembrem-se de onde caíram e voltem a fazer o que fizeram no início.” O que eles faziam no início? Provavelmente não muito. Eu liderei uma congregação por dez anos e no início nós não fazíamos muito. Não tínhamos programas que nos ocupavam, equipes para gerenciar, líderes para treinar, batalhas para lutar, site para atualizar, visão para implementar... O que fazíamos com o nosso tempo livre? Nós vivíamos amados, amávamos a Deus, amávamos uns aos outros, e amávamos a comunidade ao nosso redor. Meu entendimento da graça de Deus ainda era bem misturado, mas sabíamos como nos assentar aos pés de Jesus e receber o Seu amor. Mais tarde, quando a congregação começou a crescer, nós ficamos tão ocupados a ponto de nos distrair. Mas no início, éramos mais como Maria do que Marta. A escolha de Maria é a chave para uma vida bem sucedida. Diferentemente da ocupada Marta, Maria escolheu a única coisa necessária: receber de Jesus o amor que veio em forma de graça. A maioria de nós conhece a história de Maria e Marta contada em Lucas 10, mas não sabemos o que aconteceu depois. Eu gosto de pensar que Maria fez grandes coisas. Da mesma forma que crianças que crescem em lares cheios de amor tendem a ser adultos bem sucedidos, eu apostaria que Maria realizou grandes façanhas. Talvez ela tenha educado seus filhos ou tenha implantado uma congregação ou tenha sido uma conselheira na comunidade. Eu não sei ao certo. Mas as chances para o sucesso eram grandes. Deus entrou em sua sala de estar, olhou em seus olhos e a amou. Como ela poderia falhar? “Sejam, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.” (Efésios 5:1) O apóstolo Paulo, como Maria, conheceu o amor de Deus. Ele entendeu que não existe sucesso fora do Seu amor. “Se eu remover montanhas, mas não tiver amor, sou como nada” (veja I Coríntios 13:2). Sim, existe trabalho a ser feito e colheita a ser colhida. Mas nós não fazemos nada disso com o objetivo de ganharmos a afeição ou a aprovação de Deus. Trabalhamos porque somos os Seus filhos amados e queremos nos envolver nos negócios do nosso Pai. Melhor que a vida Enquanto morava na Ásia, eu tinha muitos amigos que eram missionários e pobres. Muitos deles que eventualmente obtiveram sucesso em suas missões, tinham histórias parecidas com esta: Eu cheguei ao final dos meus recursos, minha inteligência se esgotou e eu não sabia o que fazer. Implorei a provisão de Deus. Ao invés disso, Ele encheu minha alma da vasta afeição do Seu amor. Eu O ouvi falar: “Eu te amo”, e num instante tudo mudou. De repente, nada mais me importava. As contas sem pagar ficaram sem importância. Os problemas que estavam pendurados em minha mente como bigornas viraram triviais. Eu fui livre por uma profunda revelação. Meu Pai Celestial me ama! Como posso fracassar? Quer viva ou morra não me importo, pois agora eu sei que o meu Pai é por mim. Você já experimentou o amor de Deus em meio a uma crise? Não tem nada comparável a isso. Ele faz você dançar sobre as ondas da incerteza e rir da tempestade das suas circunstâncias. Você já experimentou o amor de Deus em meio a uma decisão? Ele o faz sorrir como um vencedor na certeza de que independente do que você escolher, irá vencer, mesmo que sua decisão seja fatal. Eu sei que no âmbito natural isto não faz sentido. Mas quem quer viver no âmbito natural? Eu prefiro viver na realidade superior do Seu amor. Como Deus nos livra das mandíbulas do stress? Fazendo-nos beber dos oceanos do Seu amor, atraindo-nos para os campos ensolarados da Sua graça, e preparando-nos uma mesa com bênçãos na presença dos nossos inimigos. Deus invariavelmente lida com os nossos problemas dando-nos uma maior revelação dEle mesmo e do Seu amor. Nossa parte é escolher se iremos andar na inferior realidade dos nossos problemas ou na superior realidade do Seu amor. Essa escolha dita a diferença entre sucesso e fracasso. A escolha de Maria, a escolha de Paulo e a escolha de qualquer filho ou filha de Deus bem sucedido é a escolha de viver amado. É dizer: “Mundo, você não pode me pressionar. Suas recompensas e punições não significam nada para mim. Eu me movo pelo amor de Deus, e quando sinto o Seu prazer, aí sim, eu sou incansável!” A revelação da abundância do Amor de Deus é transformadora. Irá ressuscitar um casamento morto, curar uma família ferida, e levar o seu ministério para a trajetória de quem-sabe-aonde-irei-mas-não-importa- porque-esse-é-o-negócio-do-Papai-e-só-o-fato-de-estar-participando-me- deixa-feliz. Amor não é só o primeiro capítulo de um livro sobre o Evangelho; amor é vida. Na verdade, o amor de Deus é melhor do que a vida. Se eu tivesse que escolher entre a minha vida e o amor dEle, eu escolheria o Seu amor vez após vez, pois somente em Seu amor é que nós verdadeiramente vivemos. A Sua Grande Verdade e a Sabedoria do Paulama Ultimamente tenho perguntado a mim mesmo: “Qual é a única e suprema lição que eu quero que meus filhos aprendam de mim?” Em outras palavras, qual é a minha Grande Verdade? Sua Grande Verdade é sua resposta para essa pergunta: Qual a lição mais importante que eu já aprendi na vida? Sua Grande Verdade é a verdade que você agarra quando tudo o mais é perdido. É o alicerce que te ajuda a ficar de pé e o trilho que te mantém no caminho correto. É o brilho na sua imaginação, a gasolina no seu motor, e a paz no seu sono. Talvez você nunca tenha pensado sobre isso antes. Então considere Brejeiro, o Paulama. Brejeiro é um dos meus personagens favoritos do livro As Crônicas de Nárnia. Ele é desagradável, sombrio, e pessimista, mas é persistente em tempestades. Se você leu a Cadeira de Prata escrita por C.S. Lewis, você sabe do que estou falando. Quase no final da história, Brejeiro e seus amigos, Jill e Eustáquio, encontram-se presos no escuro e subterrâneo Submundo. Uma feiticeira má tenta convencê-los de que o mundo que estão procurando não existe. Com o auxílio de incenso e música, ela constrói uma teia de mentiras inventando que Nárnia não é nada mais que um mundo imaginário, e o seu rei, Aslam, um tolo sonhador. Jill e Eustáquio começam a cair debaixo da influência maligna, mas o firme Paulama quebra o feitiço com uma declaração ousada: Vamos supor que nós sonhamos, ou inventamos, aquilo tudo – árvores, relva, sol, lua,estrelas e até Aslam... Vamos supor então que esta fossa, este seu reino, seja o único reino existente. Pois, para mim, o seu mundo não basta. E vale muito pouco... Por isso é que prefiro o mundo de brinquedo. Estou do lado de Aslam, mesmo que não haja Aslam. Quero viver como um narniano, mesmo que Nárnia não exista.3 A Grande Verdade de Paulama era que Aslam e Nárnia eram mais reais que o mundo que ele conseguia ver com os seus olhos. Agindo movido pelas suas convicções, ele desprezou as mentiras da bruxa, pisou em seu fedorento incenso, e salvou a todos. Como Paulama tão brilhantemente nos mostra, a sua Grande Verdade é uma inapagável luz em meio a um mundo escuro. É uma inquebrável ponte entre onde ele estava e onde ele precisava ir. Se ele não estivesse convencido desta Grande Verdade, tudo estaria perdido. É improvável que ele e seus amigos tivessem escapado da realidade do Submundo. Então, qual é a sua Grande Verdade? Qual é a sua fé central? Em minhas viagens, tenho encontrado muitas crenças que as pessoas adotam como as suas Grandes Verdades. Alguns dizem que é obediência: “A coisa mais importante é obedecer a Deus aconteça o que acontecer.” Outros dizem que é atitude: “O principal é que nos esforcemos; Deus conhece o nosso coração.” Ainda outros dizem que é sacrifício: “Dê a Deus o seu melhor; Ele já lhe deu tanto.” – ou fruto: “Prove a si mesmo como discípulo de Cristo.” A dificuldade que tenho com crenças como essas é que elas dependem de mim – minha obediência, minha atitude, meu sacrifício, meu frutificar – e eu simplesmente não tenho tanta fé em mim mesmo. Da mesma forma que Paulama, a minha fé está em Outro. O meu alicerce vem de Outra Pessoa. Então, qual é minha Grande Verdade? É esta: Deus nos ama com um amor infalível. Isso é simplesmente estonteante para mim. Todas as formas de amor que você e eu experimentamos nesse mundo são formas de amor passageiro – se quebram, se machucam, desapontam e finalmente morrem. Mas o amor de Deus nunca, nunca falhará. Nunca mesmo. Nem mesmo a morte pode parar o Seu amor. Por que eu acredito na ressurreição? Porque Deus diz que Ele nos ama com amor eterno.4 Eterno significa eterno. Ou Deus irá ressuscitá-lo dos mortos para continuar lhe amando ou Ele é mentiroso. Mas Deus não é mentiroso. O amor dEle por você nunca se desgastará ou morrerá. Câncer não pode separá-lo do Seu amor. Nem depressão, AIDs ou alcoolismo. O diabo e seus demônios não podem separá- lo do Seu amor. Nem a morte ou a vida podem. A única coisa que pode estar entre você e o amor dEle é sua recusa em recebê-lo. A única coisa que pode separá-lo do amor de Deus é você mesmo. Conhecendo o Amor do Pai Pense sobre o filho pródigo. Seu pai o amava da mesma forma, tanto no começo da história como no fim. O amor do pai não tinha sombra nem variação. Mas o filho pródigo não conhecia o amor de seu pai até o dia em que ele foi abraçado. Estou certo de que o pai gostaria de abraçar seu filho todos os dias, mas o filho não estava interessado – não no início. O irmão mais velho também não conhecia o amor de seu pai. A sua Grande Verdade era baseada em sua obediência: “Por todos esses anos eu estive te servindo e nunca desobedeci às suas ordens.” Se o irmão mais novo era um rebelde, então o mais velho era um correto e religioso homem. Mas nenhum dos dois conhecia o amor de seu pai. Nenhum dos dois tinha permitido que o pai os abraçasse forte com amor desenfreado. O amor de Deus é transformador, mas não irá mudá-lo a não ser que você O conheça em seu coração. A verdade não o liberta, é conhecer a verdade e ser convencido dela que o libertará. Precisamos deixar que Deus nos ame da forma como Ele quer nos amar. Precisamos permitir que Ele caia em nós da mesma forma que veio no dia de Pentecostes. Pentecostes não foi primeiramente um encontro com o poder de Deus; foi um encontro com o Seu poderoso e transformador Amor. Os apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo que é o Espírito de amor.5 O amor de Deus nos muda. Transforma pecadores em santos, e odiosos em amorosos. Olhe para Paulo. Quando ele conheceu o Amor Personificado, tornou-se um novo homem. Como o discípulo “a quem Jesus amava”, Paulo experimentou um amor tão pessoal e íntimo, que o fez escrever sobre Aquele “que me ama e se deu por mim” (Gálatas 2:20). E você? Consegue dizer, como Paulo disse, que “Deus me ama”? Você conhece o Seu amor? Quando você pensa em Deus você o vê como um Rei distante ou um Pai amoroso? Quando considera a Sua face olhando para você, ela está sorrindo ou está franzida? Eu prometi a mim mesmo quando comecei a escrever este livro que iria me ater ao Evangelho – simplesmente proclamá-lo e pronto. Mas preciso pausar por um momento, e, como um pregador, perguntar-lhe uma importante pergunta: Você sabe que Deus o ama? Está convencido de que Ele o ama quando você obedece e quando você desobedece, quando você está de pé e quando você cai, quando você triunfa e quando você falha? Você acredita que Ele o ama na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, e até que a morte nunca os separe? Talvez você esteja seguindo a Jó, o apresentador de sacrifícios; ou Moisés, o guardador da lei, numa fútil tentativa de merecer o amor e o favor de Deus. Se esse for o seu caso, ouça as palavras de Eliú e Jesus: “Pare o que você está fazendo.” Pare de confiar em seus sacrifícios e boas obras, e considere as maravilhas de Deus reveladas em Cristo e em Sua obra. Olhe para a cruz e veja o forte e furioso amor de Deus em ação. Nunca duvide que Ele o ama – sim você! – com um Amor Eterno. O amor dEle por você é mais forte do que o amor de uma mãe que está amamentando o seu bebê (Isaías 49:15). Você é seu filho profundamente amado. Então pare de lutar e se conforte em seus braços de amor. Faça dEle o seu lugar de repouso e permaneça em Seu amor. O Evangelho de Amor O Evangelho da Graça declara que o Amor de Deus é maior do que o seu pecado e não tem nada que você possa fazer para merecê-lo. A única coisa que pode fazer é recebê-lo pela fé. Religião carnal irá fazê-lo acreditar que Deus está com os braços cruzados, mas a graça declara que os Seus braços estão sempre abertos. Religião diz que Deus está irado e talvez o odeie, mas a graça declara que Ele é feliz e o Seu favor está sobre você. Religião diz que você tem que se resolver e se limpar antes que possa se achegar, mas a graça clama, “Venha agora, como estás!” Há somente um lugar onde encontramos o amor incondicional de que tanto precisamos, e esse lugar é revelado nas Boas Novas. O Evangelho não é uma solicitação para que você impressione a Deus com o seu amor, e sim a apaixonada declaração do Amor imortal do Seu Pai por você. Tudo no Evangelho – Seu perdão, aceitação e justiça – é bom e verdade porque Seu Pai Celestial o ama. Ele sempre o amou e sempre o amará. Deus nunca muda. “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do Seu nome.” (I João 2:12) PERDOADOS As pessoas me perguntam mais sobre perdão do que sobre qualquer outro assunto. “Eu sou mesmo perdoado? E se eu pecar e não me arrepender? E se eu me desviar?” Perdão parece ser um ponto cego para muitas pessoas. Nós simplesmente não conseguimos entender que Deus nos perdoou completamente e para sempre. “Isso parece muito bom pra ser verdade. Nada vem de graça. Deve haver um preço a ser pago.” Houve – e Jesus o pagou. A graça de Deus tem muitas expressões, mas perdão é uma das maiores. Não entenda o perdão e você não entenderá a graça. Uma das maneiras de colocar a graça de lado, é tratar o perdão como qualquer coisa diferente de um presente. Infelizmente, muitos fazem isso. Eles pensam dessa maneira por causa de uma coisa que Jesus falou e de outra que João falou. Más notícias vendidas como boas notícias Jesus disse: “Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas”(Mateus 6:15). Isso não são Boas Notícias. Isso são más notícias que deveriam nos fazer tremer, pois vinculam o perdão de Deus ao nosso.Não é graça, é lei. É olho por olho e dente por dente. É alguma coisa que você tem que dar para receber. Por que o Senhor da graça pregou a lei? Porque algumas pessoas nunca valorizarão o presente da graça até que a lei faça o seu trabalho de condenação. Algumas pessoas precisam ouvir as más notícias antes de apreciarem as Boas Notícias. Jesus disse que Ele veio para cumprir a lei e na cruz Ele fez exatamente isso. No ato de pagamento pelos pecados do mundo, Ele perdoou aqueles que pecaram contra Ele. Viu a relação? Essa mesma condição para o perdão que Jesus pregou no monte, Ele mesmo a satisfez na cruz. Agora Cristo é o fim da lei para todos os que nEle creem (Romanos 10:4). Talvez você tenha ouvido que “Deus não irá perdoá-lo caso você esteja abrigando falta de perdão em seu coração.” Debaixo da lei que Jesus pregou, isso era verdade. Mas a aliança da lei foi cumprida na cruz. Aqueles que mantêm a posição de que devemos perdoar para sermos perdoados estão confusos quanto à obra consumada no Calvário. Eles chamarão a sua atenção para os versos que falam que perdão é condicional, enquanto ignoram os versos que falam que não é. Nós precisamos ter uma teologia que seja coerente com toda a Bíblia, mas isso não significa “leia tudo indiscriminadamente e torça para que dê certo”. Isso seria a mesma coisa que abrir o armário de remédios e engolir todos os comprimidos que acharmos lá. Uma teologia coerente com toda a Bíblia significa que você lê a palavra escrita através das lentes da Palavra Viva. Significa que você filtra tudo através de Cristo e do Seu trabalho consumado na cruz. Olhe a figura abaixo e você verá um padrão consistente de perdão condicional antes da cruz e incondicional depois da cruz. Antes da cruz, Jesus pregou o perdão como uma lei para ser obedecida; depois da cruz Ele disse que era um presente para ser recebido (Atos 26:18). A cruz realmente muda tudo. Perdão Incondicional O que a Bíblia diz... Substantivos da Nova Aliança No dia em que Jesus ressuscitou dos mortos, imediatamente começou a pregar uma mensagem diferente da mensagem baseada na lei que pregou antes da cruz. Lembre-se de que antes da cruz, Jesus pregou perdão condicional; perdoe para ser perdoado. Mas depois da cruz Ele pregou isto: “E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em Seu nome se pregasse o arrependimento e o perdão de pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas 24:46-47) Agora, pare um minuto e confira essa passagem em sua própria Bíblia. O que está escrito? Está escrito “arrependimento para perdão” ou “arrependimento e perdão”? A diferença é enorme. Arrependimento para perdão era o que João Batista pregava. É um perdão condicionado a você deixar o pecado. É um verbo para outro verbo. Mas isso não é o que Jesus está falando aqui. Ele não usa verbos para arrependimento e perdão, mas usa substantivos.1 Ele está falando, “De agora em diante, perdão não é algo que Deus faz, é algo que Ele já fez.” Isso fica claro quando lemos esse verso na tradução da Bíblia Thompson: “E em seu nome se pregasse arrependimento e remissão de pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lucas 24:47) Perdão que já foi consumado é chamado de remissão. Quando os nossos pecados foram remidos? Na cruz. Durante a última ceia, o Cordeiro de Deus disse que Ele tiraria os pecados do mundo quando Ele morresse: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para a remissão dos pecados.” (Mateus 26:28) Quando foi que o sangue do Senhor foi derramado? Na cruz. Aonde todos os nossos pecados foram perdoados? Na cruz. A coisa e a outra Coisa Perdão na Nova Aliança é um substantivo e não um verbo; é um presente e não um trabalho. É algo que Deus dá, e não algo que Ele faz. (Ele já fez.) Isso pode ser difícil para entendermos, pois não é assim que o mundo funciona. Quando você peca contra alguém, seu relacionamento com essa pessoa fica sob pressão. Existe essa Coisa que fica entre vocês dois. Para se reconciliar, você precisa resolver essa Coisa. Jesus disse que se você estiver trazendo sua oferta para o altar e se lembrar de que o seu irmão tem alguma Coisa contra você, vá lá e resolva essa Coisa (veja Mateus 5:23). Se o seu irmão peca contra você sete vezes em um dia e sete vezes falar, “Eu me arrependo”, perdoe-o. “Mande essa Coisa embora” (veja Lucas 17:4). Tudo isso nós sabemos e entendemos. Mas ouça uma coisa: Deus não é como você e eu. Ele não espera para que você aja, antes dEle fazer a coisa dEle com a sua Coisa. Aquela Coisa que estava entre você e Ele – o seu pecado – foi resolvida na cruz. E como Deus não é limitado por tempo e espaço, Ele não precisou esperar que você começasse a pecar para perdoar o seu pecado. Ele já o perdoou. Ele o perdoou antes que você confessasse, antes que você se arrependesse, até mesmo antes que você nascesse. Perdoar significa literalmente remover ou mandar embora. O seu pecado não foi simplesmente coberto; ele foi removido de você tanto quanto o leste está distante do oeste. Se você fosse procurar pelos seus pecados, você não os encontraria. Eles foram embora. “Mas agora na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.” (Hebreus 9:26b) Na cruz, os pecados do mundo foram removidos. E esta é a razão pela qual o Senhor ressuscitado disse para proclamarmos o perdão como algo consumado, e não como um favor a ser conquistado. Sem dúvida, os discípulos ficaram surpresos ao ouvirem isso. Primeiramente, Jesus estava entre eles quando Ele deveria estar morto. Segundo, o que estava pregando parecia completamente estranho em relação ao que disse antes no Sermão do Monte. Com a velha aliança cumprida e a nova chegando, Jesus preparou os seus discípulos rapidamente. E Ele fez isso quando abriu as mentes deles para que pudessem entender as escrituras (Lucas 24:44-45). Ele explicou como a lei de Moisés, os Profetas, e os Salmos tiveram os seus cumprimentos nEle. Depois desse encontro com o Senhor ressurreto, os discípulos começaram a ver a Velha Aliança com novos olhos. Eles perceberam que sacrificar animais e guardar a lei nunca poderia tirar pecados. Também começaram a entender como os anseios proféticos de Isaías e Jeremias, junto com os radicais salmos da graça que Davi, Asafe e os filhos de Corá compuseram, anunciavam um dia que agora raiava, chamado, a Nova Era da Graça.2 Na cruz a lei foi cumprida, a graça foi revelada, e verbos se tornaram substantivos. Perdão não é mais condicional em você fazer A, B ou C. Perdão tornou-se um presente de graça pago pelo sangue do Cordeiro. Quão adequado, que, as primeiras pessoas que ouviram essa nova mensagem de perdão incondicional foram os homens do Sinédrio, os mesmos que condenaram Jesus a derramar o sangue que pagaria pelos pecados deles: “Deus com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão de pecados.” (Atos 5:31) Em outras palavras, Arrependimento é uma dádiva! Perdão é uma dádiva! Quando eles ouviram essas palavras, os homens do Sinédrio ficaram furiosos. Eles não tinham lugar para perdão incondicional e Salvador ressuscitado em suas teologias. A religião deles era baseada em fazer para Deus e não em Deus fazer para eles. Para a mente religiosa, graça é escândalo. Graça parece blasfêmia.3 Os homens açoitaram os apóstolos e os ordenaram que parassem de pregar a Jesus. Claro que os apóstolos ignoraram a ordem e anos depois, quando Paulo se juntou a eles, também começou a pregar a nova mensagem de perdão incondicional: “Seja-vos, pois, notório, irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.” (Atos 13:38) Sem qualificações, sem condições, sem “deixem os seus pecados, raça de víboras.” Somente Boas Notícias, entregues de forma pura e direta. E o que falar de João? Tudo isso nos traz ao João que disse: “Se confessarmos osnossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar todos os pecados, e nos purificar de qualquer injustiça.” (I João 1:9, KJV) Isso soa como perdão condicional, como se nós tivéssemos que revisar e tomar a responsabilidade pelos nossos pecados para então sermos perdoados – e isso foi escrito depois da cruz. É como se um pedaço do Velho Testamento acidentalmente tivesse sido colocado no Novo. O que João estava pensando? Ele estava dormindo quando o Senhor ressuscitado proclamou o perdão como algo consumado? Como conciliamos João e Jesus? A maneira usual de ler João é colocar um pequeno preço no impagável dom da graça. “Se você somente fizer essa coisinha (confessar os seus pecados), um bom e gracioso Deus fará essa grande coisa (perdoar os seus pecados).” Parece um bom negócio, mas não é. De fato, levando-se em conta o fenomenal preço que Cristo pagou pelo seu perdão, é na verdade obsceno. Deixe-me ilustrar. Se eu lhe desse uma mansão, livre e incondicionalmente, e você me respondesse com: “Deixe-me lhe pagar com um pouco da penugem do meu umbigo – agora – nós temos um problema.” Eu ficaria ofendido. Mas se você saísse falando com as pessoas, “Dê ao Paul um pouco da penugem do seu umbigo e ele lhe dará uma mansão”, eu ficaria abismado. Nesse caso eu teria que trancar as minhas portas para a imensa fila de pessoas com mãos cheias de penugens. É realmente ridículo pensar que podemos pagar a Deus para que Ele nos perdoe. No entanto, muitos cristãos sinceros estão examinando os seus umbigos à procura de pecados não confessados, pois pensam que Deus é um colecionador que troca favores por pecados. Consegue ouvir o som das palmas? Este é o som de centenas de milhões de anjos colocando as mãos nos rostos em desapontamento! O Criador não é uma marionete que você pode manipular através de mérito e dinheiro. Ele é o Todo Poderoso, o Ancião de Dias, que se assenta no trono acima de todos. Em Sua sabedoria e misericórdia, Ele lidou com o seu pecado de uma vez por todas na cruz. João fala, “Ele é fiel e justo para perdoar todos os pecados.” Da perspectiva celeste, isso parece uma coisa estranha de dizer. Deus não irá perdoá-lo porque Ele já o perdoou. Deus não julga o mesmo pecado duas vezes, e, na cruz, Ele julgou todos os pecados. Consequentemente, Ele não está mais imputando os pecados dos homens contra eles. Estava João confuso sobre a graça? De forma alguma, pois ele continua nos explicando que nós somos perdoados por amor do Seu nome (I João 2:12). Perdão é baseado no trabalho dEle, e não no nosso. Então, por que João disse que Deus irá perdoar os nossos pecados como se fosse alguma coisa que Ele ainda não tenha feito? Por que parece que João está citando o Velho Testamento? Porque ele está citando o Velho Testamento. João está parafraseando uma escritura do Velho Testamento para iluminar um conceito do Novo. Veja as similaridades nas passagens abaixo: Dizia eu: “Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e Tu perdoaste a maldade do meu pecado”. (Salmo 32:5b) Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar todos os pecados, e nos purificar de qualquer injustiça. (I João 1:9, KJV) Confissão na Nova Aliança João não está pregando uma velha lei (confesse para ser perdoado), ele está usando uma antiga e familiar linguagem para descrever algo que era novo e estranho para os seus leitores do I Século. A este respeito, ele é como Paulo que cita o mesmo Salmo em Romanos 4:7-8. Paulo cita o Salmo 32 para mostrar que nós somos abençoados através da fé e não das obras; João cita o Salmo 32 para mostrar que não seremos abençoados exceto pela fé. Pois isso é o que João quer dizer quando ele fala que devemos confessar. A palavra “confessar” no grego não significa revisar o seu pecado da mesma forma que faziam na Velha Aliança; significa concordar com, ou dizer a mesma coisa que outro.4 Significa concordar com o que Deus disse, o que é a essência da fé. Deus já lidou com os seus pecados quer você creia ou não, mas se você não crer, então o Seu perdão não lhe trará benefício nenhum. E você não acreditará caso esteja ouvindo sermões, semana após semana, sobre o quão pecador você é e como os seus pecados estão se amontoando. Se você está constantemente sendo instruído a examinar seu coração em busca de pecado, amargura, e falta de perdão, então terá dificuldade em acreditar que você foi totalmente perdoado em nome de Jesus. Você estará susceptível a todo o tipo de pregação baseada em obras e egocentrismo, que fala que precisa reconhecer suas faltas e perdoar para ser perdoado. Da perspectiva Divina, perdão é algo já consumado. Não existem mais sacrifícios por pecados. Mas da nossa perspectiva, o pecado realmente pode ser um problema sério. Então por que precisamos receber o dom do perdão se já fomos perdoados? Pela mesma razão que precisamos receber a graça de Deus que se manifestou a todos os homens – isso nos transformará. Libertara- nos da culpa, da condenação e da escravidão do pecado. Uma ilustração para esclarecer: vamos imaginar que eu lhe faça alguma coisa bem perversa. Talvez eu maltratasse o seu gato ou espalhasse mentiras maliciosas a seu respeito. A despeito disso, por causa da bondade do seu coração, você decidiu me perdoar. Tamanha graça! Eu não mereço isso. Seu ato de perdão é totalmente baseado em seu caráter gracioso. Agora, se eu continuar a agir perversamente contra você, então o seu perdão não teve efeito nenhum na minha vida. Do seu lado não tem nenhuma ofensa – tudo está perdoado – mas do meu lado nada mudou; eu sou o mesmo pecador, matador de gatos, fofoqueiro e mentiroso que sempre fui. Ou talvez, eu tenha me sentido mal pelo que fiz, mas não consigo me perdoar por agir dessa forma. Eu fiz coisas tão terríveis! Qual é a solução? Não é lhe pedir para me perdoar – você já fez isso. É receber a graça que você já colocou sobre a mesa. Do seu lado eu sou perdoado, mas do meu lado, ou não quero o seu perdão, ou não sei que já o tenho. Então o perdão me deixou sem mudanças, pois não o recebi. Você vê? A graça de Deus tem que ser recebida para ter efeito em nossas vidas. Se você não acredita que Jesus o salvou, então lhe faltará um Salvador. Se você não acredita que os pecados do mundo foram totalmente resolvidos na cruz, então você terá dificuldade em experimentar o perdão de Deus aqui e agora. Na nossa perspectiva, as palavras de João – concorde com Deus e você será perdoado – fazem sentido perfeito. No momento em que você coloca sua confiança em Cristo e em Sua obra consumada, o perdão, que estava lá todo esse tempo, se faz real para você. Nele nós temos o perdão dos pecados e remissão das ofensas (Efésios 1:7). Da mesma forma que você não pode estar no oceano sem estar molhado; você não pode estar em Cristo sem estar perdoado. Como conseguimos confundir isso? Há duas formas de confundirmos essa verdade: Primeiro, fale com as pessoas que elas precisam fazer algo antes de Deus perdoá-las – isso se chama lei e é um matador de graça. Ou segundo, fale com os pecadores que, porque estão perdoados, eles também estão salvos – isso se chama universalismo e é um matador de fé. Infelizmente, alguns correm de um erro só para mergulhar de cabeça no outro. Vamos ser claros; perdão não equivale à salvação. Embora Cristo tenha carregado os pecados do mundo na cruz, nem todos são salvos. Perdão é uma manifestação da graça, e a graça foi dada. A graça está na mesa. Mas nem todos a recebem. Salvação não é ausência de pecados; salvação é a aceitação da graça de Deus.5 Alguns já me perguntaram: “Se pregarmos o perdão como parte da obra consumada na cruz, não temos um perigo de criarmos apatia e indiferença entre os perdidos?” Sim, mas temos um perigo bem maior se não pregarmos perdão. O oposto de perdão ou remissão é retenção de pecados (João 20:23). Apesar dos pecados do mundo terem sido removidos na cruz, muitas pessoas continuam algemadas ao pecado através de feridas e amarguras. Elas não conseguem se livrar dos pecados daqueles que as feriram.
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