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Incompletude das Normas - LACUNAS

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 O PROBLEMA DAS LACUNAS 
 A inexistência de um suporte fático abstrato para incidir em um 
determinado caso concreto configura o que se chama de “ ”. lacuna
 Um ordenamento jurídico completo, dotado de completude, é aquele 
em que há inexistência de lacunas. 
 “Em outras palavras, um ordenamento é completo quando o juiz pode 
encontrar nele uma norma para regular qualquer caso que se apresente, 
ou melhor, não há caso que não possa ser regulado com uma norma 
tirada do sistema. Para uma definição mais técnica de completude, 
podemos dizer que um ordenamento é completo quando jamais se 
verifica o caso de que a ele não se podem demonstrar pertencentes 
nem uma certa norma nem a norma contraditória” (BOBBIO, 1995, p. 
115). 
 
 CONCEITO DE LACUNA 
 “Significa a ausência de uma regra determinada que seria de se esperar no 
contexto global daquele sistema jurídico” (Karl Larenz) 
 “Lacuna é uma imperfeição insatisfatória dentro da totalidade jurídica, 
representa uma falha ou uma deficiência do sistema jurídico” (Maria 
Helena Diniz). 
 O tema das lacunas no Direito é controvertido, apresentando diversas 
opiniões e posicionamentos doutrinários, dentre os quais aqueles que 
negam a sua existência e, ainda, outros que a admitem. 
 
 EXISTINDO UMA LACUNA, O JUIZ PODE DEIXAR DE JULGAR? 
NÃO 
 Art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – quando a lei 
for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e 
os princípios gerais de direito. 
 Art. 140, CPC. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou 
obscuridade do ordenamento jurídico. 
1) o juiz é obrigado a julgar todas as controvérsias que se apresentarem a 
seu exame; 
2) deve julgá-las preferencialmente com base em uma norma pertencente 
ao sistema. 
 LACUNAS NAS NORMAS JURÍDICAS 
Maria Helena Diniz classifica essa omissão em 3 espécies (p. 95) 
ausência de lei para o caso em concreto Exemplo: Art. 153, 1) Normativa: 
VII, CF/88 – Imposto sobre grande fortunas 
a lei existe, mas ela não corresponde à finalidade social. A 2) Ontológica: 
norma está desatualizada. 
• Exemplo: Art. 1514 do CC (casamento) e Art. 1723 do CC (união estável) 
existe um preceito normativo, mas, se for aplicado a sua 3) Axiológica: 
solução será insatisfatória ou injusta. • Exemplo: 769 da CLT: a regra, 
mesmo que existente, revela-se injusta ou insatisfatória numa comparação 
entre o jurisdicionado na justiça do trabalho ante ao jurisdicionado da 
justiça comum, que, dadas as recentes inovações e regramentos que 
impõem maior celeridade na prestação jurisdicional, estaria em evidente 
situação de vantagem com relação àquele. 
 Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte 
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for 
incompatível com as normas deste Título. 
 
 A SOLUÇÃO ÀS LACUNAS 
Bobbio ensina que se pode encontrar basicamente duas soluções para o 
problema das lacunas: 
 “Para completar um ordenamento jurídico pode-se recorrer a dois métodos 
diferentes que podemos chamar, segundo a terminologia de Carnelutti, de 
heterointegração e de auto-integração” (BOBBIO, 1995, p. 146) 
 
 HETEROINTEGRAÇÃO 
É um método que consiste na integração das normas jurídicas 
através de recursos: 
• ordenamentos jurídicos diversos; 
• fontes diversas daquela que é dominante (a lei). 
• O prefixo “hetero-” significa “outro” em grego. 
• Heterointegração, então, significa buscar a solução, a 
integração, o preenchimento da lacuna em outro conjunto de 
normas. 
“O preenchimento de normas pode ser buscado em um outro conjunto de 
normas, que pode ser até mesmo uma outra ordem jurídica, pode ser o 
direito de um outro país, pode ser o direito internacional ou pode ser uma 
ordem não jurídica. Essa solução pode ser buscada na moral ou nos 
costumes, por exemplo”. 
– Art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
 
 COSTUMES 
 Espécies de fontes formais (não Estatal). 
 O costume é a prática reiterada de determinados 
comportamentos por certos povos em uma determinada 
época. Ela não é escrita e é a mais antiga fonte do direito. 
 São procedimentos constantes e uniformes adotados por 
um grupo social e tidos por este mesmo grupo como 
obrigatórios. 
 É a prática de determinados REITERADA e CONSTANTE 
atos que acaba por gerar a mentalização de que tais atos 
sejam essenciais para o bem da coletividade  Os 
costumes se estabelecem no meio social em face da 
observância repetida e pacifista de certos usos. 
 Inicialmente nós temos o hábito que é o modo 
individualizado de agir, depois temos o uso que é o modo 
de agir de diversos membros da sociedade. No momento 
em que o hábito se transforma em uso surge a consciência 
de que a prática desses atos é necessária a toda sociedade. 
 Requisito: USO  uniforme + constante + público + geral. 
 
 AUTO-INTEGRAÇÃO 
“Consiste na integração cumprida através do mesmo ordenamento, no 
âmbito da mesma fonte dominante, sem recorrência a outros ordenamentos 
e com o mínimo de recurso a fontes diversas da dominante” (BOBBIO, 1995, p. 
147). 
“Você busca a solução para aquela lacuna na própria ordem jurídica, mas 
em uma regra que trata de uma outra situação. Só que como aquela situação 
é parecida com a situação de fato que você tem que resolver, então você 
aplica aquela regra prevista na mesma ordem jurídica, mas por analogia, 
porque as situações são parecidas” 
 Apoia-se em dois procedimentos: 
. Analogia e os princípios gerais do direito
 
A (IN)COMPLETUDE DO ORDENAMENTO JURÍDICO: 
Lacunas e antinomias e a integração da norma

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