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No filme As Armações do Amor

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Vida - Sentido da Vida
 
Pensar para viver bem
É sabido que viver pressupõe experienciar diversos momentos e sensações diferentes ao longo da passagem por este mundo. Não é à toa que caiu no uso popular a expressão “valer a pena”. Pode-se pensar, inclusive, que a expressão poderia ser (se é que já não foi) “valer as penas”, visto que muitas são as dores, tristezas e dificuldades pelas quais passamos ao longo dos anos.
No entanto, foi justamente esta reflexão que trouxe a alguns teóricos uma visão relativamente positiva sobre a trajetória humana na terra. Sócrates, por exemplo, defendia a ideia de que a vida que vale a pena é a vida que compensa todas essas misérias e tristezas humanas. Mas você deve estar se perguntando: como se daria isso? O que fazer para que as coisas boas se sobressaiam às ruins?
Portanto, o ponto central da discussão nesta aula está em refletir sobre aquilo que, na vida, se pusermos na balança equilibra as penas, as dificuldades, as dores, as tristezas.
Sócrates é considerado o pai da maneira ocidental de pensar, por isso influencia até hoje a estrutura de pensamento de todos nós. Ele dizia que a existência humana seria uma experiência mais agradável tanto quanto mais se pense as ações no dia a dia. Ou seja, quanto mais na hora de viver você pensar (sobre o que está acontecendo, sobre o que está fazendo…) tanto mais a vida que está vivendo será melhor.
No cenário atual do início do século XXI, esta é uma reflexão ainda mais oportuna, uma vez que temos sido marcados pela pressa, muito provavelmente em decorrência de sermos, talvez, a sociedade mais atarefada que já existiu. A agilidade se torna necessária para a sobrevivência, embora cada vez mais não prestemos atenção àquilo que estamos fazendo. Passamos pelas atividades rotineiras, por relacionamentos, estudos, hobbies e tantas outras experiências sem qualidade, sem satisfação. Sócrates diria que nunca antes a humanidade passou tão desatenta pela vida, sem aproveitá-la da forma como deveria.
 
“O ritmo frenético em que estamos vivendo tem nos impedido de fazer algo essencial: pensar na vida. Pensar na vida é muito mais do que pensar nos problemas e nas dificuldades que a vida nos traz, é mais do que pensar no sustento da casa, no cuidado dos filhos, é mais do que se preocupar com o trabalho ou o status social. O “pensar na vida” que proponho, ou melhor, que Sócrates propõe, tem relação com o que dá sentido a todas essas coisas; o “pensar na vida” a que me refiro é pensarmos no propósito que nos leva a fazer todas essas coisas, refletirmos sobre os “porquês” de fazermos o que fazemos.
O filósofo grego Sócrates, ao chegar ao final de sua defesa contra as acusações de corromper a juventude ateniense, disse que não se arrependia de ter vivido a vida examinando as coisas e as pessoas ao seu redor e, principalmente, examinando a si mesmo, afirmando que o maior bem do homem é se aplicar em conhecer essas coisas e buscar conhecer e discorrer sobre a virtude. Sócrates acrescenta que: “Uma vida sem esse exame não é digna de um ser humano” ou: “A vida sem investigação não é digna de ser vivida”. Sócrates tinha total consciência da importância de pensarmos e examinarmos a nós mesmos e enfatiza que a vida sem essa reflexão não vale a pena.”¹
 
 
Plenitude da alma
As ideias socráticas se associam diretamente com a teorização feita por um outro grande filósofo, o aclamado Aristóteles. Ele falava em plenitude da alma, conceito muito similar ao que hoje conhecemos como mindfulness (plenitude da mente). Este termo ganhou o gosto popular, principalmente no ambiente empresarial, trazendo através do estrangeirismo, um nome moderno, que, no final, possui significado muito próximo ao conceito aristotélico.
Em resumo, estamos falando que, independentemente das circunstâncias da vida, que ora podem ser melhores ora piores, nós podemos e devemos vivê-la inteiramente. Se fazendo presente de corpo e mente (alma), porque, de fato, a vida é o que acontece agora. Toda divisão significa fragilidade, portanto, se existe uma certa força em você, se existe alguma chance de você performar com muita qualidade, certamente será onde você está, com todos os seus recursos disponíveis neste momento.
Assim, entendemos que mindfulness é estar com a mente completamente preenchida pela atividade realizada pelo corpo, ter a mente focada naquilo que se está fazendo no presente, consciente do que acontece em si e ao redor no agora.
 
“Mindfulness ou atenção plena é um estado de consciência que ocorre quando intencionalmente colocamos nossa atenção no momento presente, sem julgamentos. Essa é uma das definições da palavra mindfulness, que muitas vezes é traduzida para o português como atenção plena, mas cuja tradução é complexa, já que o termo em inglês é bastante abrangente e é usado tanto para o conceito geral quanto para a técnica de meditação mindfulness.”²
 
 
Depende de nós
Em Epicteto ganhamos reforço na discussão sobre a vida plena. Ele foi um filósofo grego, estoico e escravizado, que refletiu sobre como viver uma vida plena, uma vida feliz, e também sobre como ser uma pessoa com boas qualidades morais. Ele se dedicou a tentar responder a estas duas perguntas fundamentais, exercendo enorme influência sobre as ideias dos principais pensadores da arte de viver.
Para Epiteto, uma vida feliz e uma vida virtuosa são sinônimos. Felicidade e realização pessoal são consequências naturais de atitudes corretas. Pensamento que é a base do estoicismo, doutrina que prega a resistência persistente às dificuldades como forma de se adquirir virtudes. Ou seja, as ações humanas devem ser focadas incansavelmente em administrar aquilo que se pode controlar. É o que modernamente chamamos de resiliência.
Em resumo, dedique sua atenção e seus esforços àquilo que depende de você até alcançar resultados, sucesso. Segundo os estoicos, cabe a nós “ignorar” a parte da vida sob a qual não temos ingerência (catástrofes, incidentes, etc) e nos dedicarmos ao que nos é permitido alterar, e assim, fazer acontecer o que se deseja.
 
 
¹site:https://tribunademinas.com.br/opiniao/tribuna-livre/13-08-2019/a-vida-irrefletida-nao-vale-a-pena-ser-vivida.html.
²https://www.ecycle.com.br/7930-mindfulness.html
 
 
 
 
Atividade extra
Nome da atividade: Faça a vida acontecer do seu jeito
Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=7SzF4pMHaNc
 
Referência Bibliográfica
BARROS FILHO, Clóvis. A Felicidade é Inútil. Ed. Citadel. São Paulo. 2019.
BARROS FILHO, Clóvis. CALABREZ, Pedro. Em Busca de Nós Mesmos. Ed. Citadel. São Paulo. 2017.
BARROS FILHO, Clóvis. KARNAL, Leandro. Felicidade ou Morte - Col. Papirus Debates. Ed. Papirus 7 Mares. São Paulo. 2016.
BARROS FILHO, Clóvis. MEUCCI, Arthur. A Vida que vale a pena ser vivida. Ed. Vozes. São Paulo. 2014.
BARROS FILHO, Clóvis. PONDÉ, Luiz Felipe. O Que Move As Paixões. Ed. Papirus 7 Mares. São Paulo. 2017.

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