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8 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE RELATÓRIO DO PLANO DE TRABALHO DO COORDENADOR: IMPLANTAÇÃO DA AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EDITAL FAPEMA Nº 017/2019 – MED SAÚDE CAXIAS – MA 2020 SUMÁRIO 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 4 1.1 PROPONENTE 4 1.2 EQUIPE EXECUTORA 4 1.3 EIXO TEMÁTICO 5 2. INTRODUÇÃO 6 2.1 UMA BREVE VISÃO HISTÓRICA DA GERIATRIA NO MUNDO E NO BRASIL 6 2.2 INSTRUMENTOS PARA TRIAGEM E AVALIAÇÃO DA SAÚDE EM IDOSOS 7 2.3 REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA A PESSOA IDOSA 12 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO 15 4. OBJETIVOS 16 4.1 OBJETIVO GERAL 16 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16 5. METODOLOGIA 17 5.1 TIPO DE ESTUDO 17 5.2 LOCAL DO ESTUDO 17 5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 20 5.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS 20 5.5 CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMARIA Á SAÚDE 22 5.6 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS 22 5.7 ASPECTOS ÉTICOS LEGAIS 22 6. INFRAESTRUTURA DISPONÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 23 7. RESULTADOS 23 8. DISCUSSÃO 34 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44 REFERÊNCIAS 46 APÊNDICE A - DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA PANDEMIA EM CAXIAS, MARANHÃO 54 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 56 ANEXO A – FICHA ESPELHO DA CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA 59 ANEXO B - ÍNDICE DE VULNERABILIDADE CLÍNICO-FUNCIONAL-20 61 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1.1 PROPONENTE Nome: Leonidas Reis Pinheiro Moura CPF: 734.176.883-53 E-mail: leoreimo@hotmail.com Instituição de Vínculo: Universidade Estadual do Maranhão Instituição executora: Centro de Estudos Superiores de Caxias Endereço institucional: Rua Quininha Pires, 746, Centro. CEP: 65600-000. Caxias-MA. Titulação: Mestre 1.2 EQUIPE EXECUTORA NOME TITULAÇÃO FUNÇÃO ÁREA DE ATUAÇÃO NO PROJETO INSTITUIÇÃO VÍNCULO Leônidas Reis Pinheiro Moura Mestre em Saúde da Família Supervisor Enfermagem Professor Assistente do Curso de Enfermagem do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA Graciara Letícia Bezerra Lima Especialista em Saúde da Família Coordenadora Enfermagem Enfermeira da Atenção Primária da Prefeitura Caxias Maranhão Bruno Guilherme da Silva Lima Especialista em Saúde da Família Coordenador Medicina Médico da Atenção Primária (UBS Pirajá) da Prefeitura Caxias Maranhão Thyago Carvalho Resende Especialista em Cirurgia Geral Coordenador Medicina Médico do Hospital Regional de Caxias Dr. Everaldo Aragão Marisa Araújo Costa Especialista em Saúde da Família Coordenadora Enfermagem Enfermeira da Atenção Primária (UBS Baixinha), da Prefeitura Caxias Maranhão Rytchelle Silva Machado Acadêmica de Enfermagem Monitora Enfermagem Acadêmica do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA Marília Ramalho Oliveira Acadêmica de Enfermagem Monitora Enfermagem Acadêmica do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA Maria das Dores Nascimento Sousa Acadêmica de Enfermagem Monitora Enfermagem Acadêmica do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA Juliana Barbosa Costa Acadêmica de Medicina Monitora Medicina Acadêmica do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA José Ivanildo Frota de Paula Pessoa Acadêmica de Medicina Monitor Medicina Acadêmico do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA Joseneide Teixeira Câmara Doutora em Medicina Tropical e Saúde Publica Colaboradora Enfermagem Professora Adjunta do Curso de Enfermagem do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA Beatriz Mourão Pereira Mestre em Biodiversidade, Ambiente e Saúde Colaboradora Enfermagem Professora substituta Curso de enfermagem do Centro de Estudos Superiores de Caxias- CESC/UEMA 1.3 EIXO TEMÁTICO Saúde do adulto e idoso 2. INTRODUÇÃO 2.1 UMA BREVE VISÃO HISTÓRICA DA GERIATRIA NO MUNDO E NO BRASIL Segundo Pereira et al. (2009), a preocupação com a longevidade e a imortalidade sempre esteve presente na história da humanidade, sendo identificada na mitologia grega, em papiros do antigo Egito e também em escritos bíblicos. Médicos e filósofos da antiguidade fizeram observações sobre o envelhecimento, relacionando a perda do calor intrínseco à senectude. De acordo com Gaylord e Williams (1994), no século XIII, Roger Bacon propôs um programa de investigação epidemiológica da longevidade de indivíduos vivendo em diferentes locais e sob condições diversas. Para Bacon, seria possível proteger-se do envelhecimento através da adoção de uma dieta controlada, exercícios, repouso e estilo de vida moderados, além de inalações frequentes da respiração de uma jovem virgem. Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos, propôs, em 1909, a criação de uma nova especialidade médica, a Geriatria, destinada a tratar das doenças dos idosos e da velhice. Esse estudioso, que estimulou pesquisas sobre o envelhecimento, é considerado o pai da Geriatria (PAPALÉO NETTO, 2007). Em 1930, a médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios considerados primordiais na prática da Geriatria moderna, sendo considerada a mãe da Geriatria. Uma de suas contribuições foi a sistematização da avaliação de pacientes idosos, um embrião da Avaliação Multidimensional do Idoso (BARTON; MULLEY, 2003) Em 1942, foi criada a American Society of Geriatrics, sendo publicado o periódico Geriatrics em 1946. No Reino Unido, foi fundada a Medical Society for the Care of the Elderly em 1947, passando a ser denominada British Geriatric Society em 1959 (MORLEY, 2004). A International Association of Gerontology (IAG) foi fundada em 1950, na Bélgica, sendo que, em 2004, passou a se denominar International Association of Gerontology and Geriatrics (IAGG), congregando sociedades científicas de todo o mundo, atuando na promoção e no desenvolvimento da geriatria e da gerontologia como ciências[footnoteRef:1]. [1: http://iagg.info ] No Brasil, o estudo da geriatria e da gerontologia foi deflagrado a partir do Projeto de Lei nº. 8, do Senado Federal, de autoria de Attílio Vivacqua, que criava o Serviço Nacional de Assistência à Velhice[footnoteRef:2]. Mesmo sem a aprovação do referido projeto, um grupo de profissionais no Rio de Janeiro organizou-se, em 1961, para criar a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), com a finalidade de congregar profissionais envolvidos na assistência aos indivíduos com idade maior que 60 anos. [2: http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod-mate=23971 ] 2.2 INSTRUMENTOS PARA TRIAGEM E AVALIAÇÃO DA SAÚDE EM IDOSOS O conhecimento da condição funcional do idoso na sua comunidade é de primordial importância para uma triagem eficiente e para o adequado encaminhamento de linhas de ação que conduzam a uma abordagem multidisciplinar específica às necessidades do indivíduo. Para Veras (2012), construir uma base de dados sobre os doentes crônicos deve ser um dos objetivos das estratégias de prevenção de doenças, de monitoramento das condições de saúde de uma população, bem como da identificação dos fatores associados a essas condições. O autor sugere que, para os idosos, deve-se trabalhar em níveis preventivos, com graus distintos de intervenção. Ainda segundo o autor, o indivíduo idoso com capacidade funcional preservada, independente para todas as atividades de vida diária e portador de condições clínicas mais simples, definido como robusto por Moraes (2014), deve ser atendido e acompanhado pela atenção primária, por médicos clínicos ou generalistas não geriatras, desde que treinados e qualificados. Aqueles pacientes vulneráveis ou em risco de fragilização e também os idosos frágeis, devem ser acompanhados pela atenção secundária, ou seja, por profissionais de saúde especializados no cuidado ao idoso. Segundo Boult e Wieland (2010), evidências recentes mostram que a atenção à saúde dos idosos, com qualidade, resolutividade e custo-benefício favorável deve ser associada a quatro condições essenciais,que superam o simples diagnóstico e tratamento das doenças individuais: a) Avaliação multidimensional ou abrangente, capaz de reconhecer as mais diversas demandas biopsicossociais do paciente, seus valores, crenças, sentimentos e preferências para o cuidado; b) Elaboração, implementação e monitoramento de um plano de cuidados, composto por todas as intervenções preventivas, curativas, paliativas e reabilitadoras, definidas de forma compartilhada; c) Comunicação e coordenação com todos os profissionais e serviços necessários para a implementação do plano de cuidados, enfatizando os eventos de transição do cuidado; e d) Promoção do engajamento ativo do paciente e sua família no cuidado com sua saúde. A consolidação dessas condições essenciais, entretanto, não é uma tarefa fácil, tendo em vista as características de saúde que são peculiares à população idosa. Diferentemente do processo evolutivo das crianças e adolescentes, que pode ser caracterizado pela consistência nas fases de desenvolvimento físico e mental, o processo de envelhecimento não segue um padrão homogêneo (MINAYO; COIMBRA JUNIOR, 2002), sendo possível que idosos com a mesma faixa etária apresentem condições clínico-funcionais completamente diferentes. Essa característica do envelhecimento traz consigo dificuldades relacionadas ao planejamento e à gestão dos processos de prevenção e tratamento das enfermidades típicas dessa etapa da vida (MORAES, 2012). Para se compreender claramente a distinção entre um idoso saudável e outro que necessita de acompanhamento especializado, torna-se pertinente explicitar o conceito de saúde, que, segundo a World Health Organization – WHO (1946), é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doenças. Nos indivíduos idosos, esse conceito é plenamente aplicável, uma vez que a maioria deles apresenta disfunções orgânicas ou doenças que, em muitos casos, não estão associadas à limitação de suas atividades ou restrição social. De acordo com Moraes (2008), o aspecto primordial da saúde de um indivíduo idoso é sua funcionalidade global, ou seja, sua capacidade de gerir sua própria vida de forma autônoma, ou de cuidar de si próprio de maneira independente. A portaria que instituiu a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa considera que “o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência do que pela presença ou ausência de doença orgânica” (BRASIL, 2006). A vulnerabilidade é um processo que se desenvolve ao longo da vida como resultado pessoal das agressões sofridas pelo indivíduo, tanto no plano biológico quanto no plano material e, também, no plano social. A maneira como o indivíduo responde a essas agressões depende dos mecanismos de resposta desenvolvidos a partir das experiências vividas (SCHRÖDER-BUTTERFILL; MARIANTI, 2006). Para os propósitos deste trabalho, vulnerabilidade é considerada como a situação de um indivíduo idoso que apresenta maior probabilidade de desenvolver desfechos clínicos adversos, capazes de comprometer sua autonomia e independência, tais como o declínio funcional e a institucionalização, podendo, na ausência de uma abordagem adequada, tornar-se um idoso frágil. A maior parte das concepções sobre fragilidade tem como foco principal problemas físicos que acometem os idosos, o que poderia, potencialmente, levar à fragmentação do cuidado ao idoso (GOBBENS et al., 2010). Clegg et al. (2013) consideram fragilidade como a presença de condições crônicas resultantes do declínio funcional, que podem levar à necessidade de institucionalização e até mesmo à possibilidade de óbito. Idosos frágeis tem um risco de até 4,46 vezes maior de apresentarem um ou mais desses problemas (FRIED, 2001). A American Medical Association estima que 40% dos idosos com idade igual ou superior a 80 anos são frágeis e apresentam comorbidades, havendo uma tendência de aumento dessa proporção (METZELTHIN et al., 2010). Fried (2001), conceituou fragilidade como sendo uma síndrome geriátrica, de caráter multifatorial, caracterizada pelo declínio cumulativo dos sistemas fisiológicos associado ao envelhecimento ou a doenças subclínicas, resultando em diminuição das reservas de energia e redução da resistência do indivíduo a fatores estressores. A partir desse conceito, foi criado o “fenótipo da fragilidade”, caracterizado pela presença de três ou mais dos seguintes critérios: · Perda de peso não intencional; · Redução da força muscular exemplificada por fraqueza; · Fadiga; · Ingesta alimentar diminuída; · Anormalidades do equilíbrio e da marcha; e · Baixo nível de atividade física. Embora sejam descritos na literatura vários instrumentos para triagem rápida de vulnerabilidade em idosos, aqueles que poderiam ser utilizados na atenção básica têm sua validação para uso prático ainda incipiente (HOOGENDIJK et al., 2013). A aplicação dos questionários pode ser feita de forma universal ou oportunista. Nesta última, o instrumento é aplicado quando o indivíduo entra em contato com o sistema de saúde. A desvantagem é que sempre existirá um número considerável de idosos que não tem acesso ao sistema de saúde e que, portanto, não serão avaliados. Na aplicação universal, todos os idosos residentes em determinada localidade são entrevistados, garantindo a triagem para um número maior de pacientes idosos (HÉBERT et al., 1996). Além disso, os instrumentos podem ser de autoaplicação ou baseados na observação direta do desempenho do paciente, sendo os últimos mais merecedores de crédito. Contudo, apresentam maior custo e, também, maior dificuldade de aplicação em grandes populações (METZELTHIN, 2010). Segundo Moraes (2014), os instrumentos para triagem rápida de vulnerabilidade em idosos deveriam ter caráter multidimensional, sendo de fácil aplicação e não exigindo uso de instrumental específico, ser validado para a população brasileira e evidenciar, de forma simples, o risco de mortalidade e declínio funcional, além do fenótipo da fragilidade. Metzelthin et al. (2010) compararam as propriedades psicométricas de três instrumentos de rastreamento de fragilidade em idosos que podem ser aplicados por via postal: o GFI, o SPQ e o TFI. A taxa de resposta foi de 77% e a prevalência de fragilidade variou entre 40% e 60%. O GFI e o TGI mostraram maior consistência interna e validade, em comparação ao SPQ. Hoogendijk et al. (2013) compararam cinco instrumentos utilizados para a identificação de fragilidade no idoso com dois instrumentos considerados padrão-ouro, o “fenótipo da fragilidade” descrito por Fried (2001) e a AMI feita pela equipe multidisciplinar. Os instrumentos avaliados foram o julgamento clínico do médico generalista, a presença de polifarmácia, a autopercepção da saúde, o PRISMA-7 e o GFI. Dentre eles, o PRISMA-7 mostrou melhor acurácia e maior concordância entre os instrumentos avaliados. Os autores sugerem que a utilização de um instrumento de triagem deve ser o primeiro passo, a partir do qual o idoso será avaliado de forma multidimensional, com o objetivo de definir as intervenções necessárias para a modificação da história natural do processo de fragilização e/ou prevenir desfechos adversos. Assim, podemos considerar a Avaliação Multidimensional do Idoso (AMI) como um procedimento diagnóstico de alto custo, que necessita ser, portanto, bem indicada. Torna-se, portanto, fundamental a utilização de instrumentos de triagem rápida, aplicados por profissionais de nível médio, como os agentes comunitários de saúde e/ou técnicos de enfermagem, capazes de reconhecer o idoso de risco de declínio funcional. Embora sejam descritos na literatura vários instrumentos para triagem rápida de vulnerabilidade em idosos, aqueles que poderiam ser utilizados na atenção básica têm sua validação para uso prático ainda incipiente (HOOGENDIJK et al., 2013). Apesar dos inúmeros instrumentos de rastreamento de vulnerabilidade em idosos identificados na literatura, não foram encontrados trabalhos que avaliassem a inserção desses instrumentos no processo deplanejamento do cuidado desses indivíduos, em longo prazo, tanto pela atenção primária quanto pela atenção secundária, permitindo, assim, a consolidação de uma estrutura em rede, priorizando os idosos mais fragilizados, num contexto de sistema de saúde, quer seja público ou privado. Quadro 1 – Classificação Clínico-Funcional do Idoso CLASSIFICAÇÃO CLÍNICO-FUNCIONAL DO IDOSO IDOSOS ROBUSTOS Estrato 1: são idosos que se encontram no grau máximo de vitalidade. Apresentam independência para todas as AVD avançadas, instrumentais e básicas e ausência de doenças ou fatores de risco, exceto a própria idade. São indivíduos que envelheceram livres de doenças e não apresentam nenhuma outra condição de saúde preditora de desfechos adversos. Estrato 2: São idosos independentes para todas as AVD, mas que apresentam condições de saúde de baixa complexidade clínica, como a hipertensão arterial não complicada e/ou presença de fatores de risco como tabagismo, dislipidemia, osteopenia, dentre outros Estrato 3: São idosos independentes para todas as AVD, mas que apresentam doenças crônico-degenerativas bem estabelecidas e de maior complexidade clínica, como hipertensão arterial complicada, diabetes mellitus, história de ataque isquêmico transitório, acidente vascular cerebral sem sequelas, doença renal crônica, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, osteoartrite, doença arterial coronariana com ou sem infarto agudo do miocárdio, doença arterial periférica e câncer, osteoporose, fibrilação atrial, dentre outros. Nestes idosos, tais doenças não estão associadas à limitação funcional e, geralmente, apresentam-se de forma isolada. Neste grupo estão também incluídos também os idosos que apresentam um ou dois critérios do “fenótipo de fragilidade”. IDOSOS EM RISCO DE FRAGILIZAÇÃO OU FRÁGEIS Estrato 4: São idosos que apresentam evidências de sarcopenia-síndrome, comprometimento cognitivo leve e/ou comorbidades múltiplas (polipatologia, polifarmácia ou internação recente), mas continuam independentes para todas as atividades de vida diária, incluindo as avançadas, definidas como as atividades relacionadas à integração social, atividades produtivas, recreativas e/ ou sociais. Estrato 5: São idosos que apresentam evidências de sarcopenia-síndrome, comprometimento cognitivo leve e/ou comorbidades múltiplas e que já começam a apresentar declínio funcional em AVD avançadas. Estes idosos ainda são independentes para as AVD instrumentais e básicas. Estrato 6: São os idosos que apresentam declínio funcional parcial nas atividades instrumentais de vida diária e são independentes para as AVD básicas. Estrato 7: São os idosos que apresentam declínio funcional em todas as atividades instrumentais de vida diária, mas ainda são independentes para as atividades básicas de vida diária. Estrato 8: São os idosos que apresentam dependência completa nas AVD instrumentais associada à semidependência nas AVD básicas: comprometimento de uma das funções influenciadas pela cultura e aprendizado (banhar-se e/ou vestir-se e/ou uso do banheiro) Estrato 9: São os idosos que apresentam dependência completa nas AVD instrumentais associada à dependência incompleta nas AVD básicas: comprometimento de uma das funções vegetativas simples (transferência e/ou continência), além de, obviamente, ser dependente para banhar-se, vestir-se e usar o banheiro. A presença isolada de incontinência urinária não deve ser considerada, pois é uma função e não uma atividade. Estrato 10: São os idosos que se encontram no grau máximo de fragilidade e, consequentemente, apresentam o máximo de dependência funcional, necessitando de ajuda, inclusive, para alimentar-se. No índice de Katz são classificados no estágio G (DUARTE et al., 2007) Fonte: MORAES, 2014. 2.3 REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA A PESSOA IDOSA O Sistema Único de Saúde (SUS) adotou a organização em Redes de Atenção à Saúde como estratégia para responder aos problemas vivenciados na gestão do sistema, como a fragmentação do sistema de saúde, a concorrência entre os serviços, o uso inadequado de recursos com elevação dos custos, a falta de seguimento horizontal dos usuários, o aumento da prevalência das doenças crônicas e a necessidade de monitoramento e avaliação. Nesse contexto, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos formados por ações e serviços de saúde, com diferentes configurações tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma complementar, de base territorial, tendo como atributos: a atenção básica como primeiro ponto de atenção e principal porta de entrada do sistema, constituída por equipe multidisciplinar que cubra toda a população, integrando e coordenando o cuidado para atender às necessidades de saúde, conforme apregoa a Portaria 4.279/2010, que estabelece diretrizes para a organização da RAS. (MENDES, 2011). A utilização dos pontos de atenção das RAS, a partir da orientação e organização do cuidado proposto pelo modelo de atenção à saúde da pessoa idosa, teve como motivações (BRAIL, 2011): • Estreitar e aperfeiçoar a articulação entre as equipes da atenção básica e as equipes dos demais componentes da RAS, para garantir maior resolutividade dos cuidados prestados à população idosa nos territórios e acompanhamento sistemáticos dos casos mais complexos. • Buscar melhores resultados sanitários nas condições crônicas, diminuição das referências para especialistas e hospitais, aumento da eficiência dos sistemas de saúde, produção de serviços mais custo-efetivos e melhorias na satisfação dos usuários em relação aos serviços de saúde. • Ampliar e qualificar o acesso da pessoa idosa ao SUS, a partir das suas especificidades. A Atenção Básica de Saúde, primeiro nível de atenção, deve atuar como porta de entrada do sistema, com ampla cobertura populacional e equipe multidisciplinar, devendo cumprir o papel de ordenadora da atenção, integrando e coordenando o cuidado, atendendo às necessidades de saúde no âmbito de sua atuação e garantindo o acesso qualificado aos demais serviços de saúde. O modelo de atenção considera, além dos pontos de atenção da Atenção Básica, os da Atenção Especializada Ambulatorial e Atenção Especializada Hospitalar e os sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico (MALTA, 2010). Esses pontos de atenção, a partir de suas densidades tecnológicas, prestam serviços de promoção, prevenção, apoio diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliativos, devendo atuar de forma articulada e integrada. O modelo requer pensar, portanto, em novos arranjos intra e intersetoriais, visando responder aos novos desafios que o acelerado processo de envelhecimento da população brasileira nos impõe (MENDES, 2011). A Atenção Básica (AB) desempenha um importante papel na estruturação da atenção à saúde no SUS como ordenadora e coordenadora do cuidado, visando garantir a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado, além de contribuir para a organização dos pontos de atenção, com ampliação do acesso e qualificação do cuidado. A Atenção Básica é a porta de entrada prioritária dos usuários do SUS (BRASIL, 2011). A pessoa idosa sempre estará vinculada à atenção básica, independentemente de ser assistida em outro ponto de atenção, sendo a AB responsável pelo acompanhamento do caso, de forma articulada e integrada aos outros pontos de atenção. As UBS, compostas por equipes multiprofissionais, são responsáveis por ações de saúde individual e coletivas. No elenco de atividades e prioridades das equipes das UBS, encontram-se a identificação e o registro das condições de saúde da população idosa, com destaque para a população idosa frágil ou em processo de fragilização, no território (ROCHA, 2013). O cuidado da pessoa idosa inicia-se com a corresponsabilidade entre profissionais da atenção básica e dos profissionais que atuam nos demais pontos de atenção dos diferentes componentes, possibilitando as articulações necessárias para potencializar as ações desenvolvidas pela Redede Atenção à Saúde (MENDES, 2011). No elenco de ofertas, destaca-se a importância de ações e serviços de promoção, prevenção, proteção, diagnóstico e reabilitação da saúde, por meio da ampliação da cobertura vacinal, orientações sobre alimentação e nutrição, práticas de atividades físicas, orientação sobre prevenção e acompanhamento de vítimas de violência, prevenção de quedas, higiene e saúde bucal, autocuidado, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, orientação e acompanhamento das doenças crônicas, do sofrimento mental, decorrentes ou não do uso de álcool e outras drogas, dirigidas não só a pessoa idosa, mas também aos seus familiares e cuidadores, e fundamentalmente na assistência às condições clínicas mais comuns que adoecem o idoso (BRASIL, 2006). O Ministério da Saúde apresenta algumas estratégias, dirigidas aos profissionais de saúde; e em especial aos da atenção básica, como a implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa, a ampla divulgação e distribuição do Caderno de Atenção Básica sobre envelhecimento e saúde da pessoa idosa e o investimento em diferentes formas de capacitação que objetivam instrumentalizar as equipes para ampliar e qualificar o acesso da pessoa idosa na atenção básica. Além disso, uma função fundamental nessa ampliação e qualificação do acesso é a identificação das pessoas idosas no território, mapeando os idosos mais vulneráveis, de forma a atender suas necessidades de saúde, além de acompanhar a evolução das condições de saúde com ênfase na funcionalidade e monitorar o seguimento na rede (ROCHA, 2013). A atuação integrada, desenvolvida pelas equipes multiprofissionais, que constituem os NASFs, com as equipes de Saúde da Família (ESF), com as equipes de atenção básica para populações específicas e com o programa Academia da Saúde, além das equipes dos demais níveis de atenção, permite realizar discussões de casos clínicos, atendimento compartilhado entre profissionais tanto na Unidade de Saúde como nas visitas domiciliares, construção conjunta de projetos terapêuticos de forma a ampliar e qualificar as intervenções no território. Essas ações de saúde também podem ser intersetoriais, com foco prioritário nas ações de prevenção e promoção da saúde (OPAS). 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO A Secretaria Municipal de Saúde de Caxias, há três anos iniciou em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Maranhão (COSEMS-MA) e a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a Planificação da Atenção à Saúde (PAS), que tem o objetivo de fortalecer a APS por meio da organização e educação permanente das Equipes de Saúde da Família (eSF) com a qualificação da atenção à saúde da população e organização dos processos de trabalho dos profissionais de saúde, estabelecendo a APS como a ordenadora do cuidado do cuidado no sistema de saúde. Dentre os objetivos no processo de trabalho da eSF na APS, estão: validar a estratificação de risco das condições crônicas abordadas – gestação, criança menor que um ano, hipertensão, diabetes, idosos e doença renal crônica; e elaborar um plano de implantação das estratificações através de cursos rápidos para os profissionais das equipes de saúde da família (OPAS, 2013). Neste contexto, o rápido envelhecimento da população brasileira, aliado ao aumento da longevidade dos idosos traz profundas consequências na estruturação das redes de atenção à saúde, com maior carga de doenças crônicas e incapacidades funcionais. Consequentemente, constata-se o surgimento de novas demandas e o uso mais intensivo dos serviços de saúde. Todavia, ainda que as doenças sejam mais frequentes nesta faixa etária, nem sempre estão associadas a dependência funcional. O conceito de saúde deve estar claro no idoso. Não se deve confundir presença de doenças ou idade avançada com ausência de saúde. Define-se saúde como uma medida da capacidade individual de realização de aspirações e da satisfação das necessidades, independentemente da idade ou da presença de doenças (MORAES; LANNA, 2014). O idoso apresenta características peculiares quanto à apresentação, instalação e desfecho dos agravos em saúde, traduzidas pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando de intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado, é fundamental identificar condicionantes e determinantes do processo saúde/doença, em particular no que tange à capacidade funcional. A perda da funcionalidade contribui significativamente para o comprometimento da qualidade de vida da pessoa idosa, de seus familiares e cuidadores. Tanto que representa o condicionante mais importante de desfechos desfavoráveis na pessoa idosa, como hospitalização, institucionalização e morte, com grande impacto social e econômico. Em 2014, o documento Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS, publicado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), definiu como estratégia principal a assistência à população idosa do SUS a partir do Modelo de Atenção Integral. Esse documento também aborda a importância e o potencial do trabalho em rede, definindo como estratégia a integração com os diferentes pontos de atenção do SUS, visando à produção do cuidado integral à pessoa idosa, adequado as suas necessidades A pessoa idosa apresenta profundas particularidades biopsicossociais que a diferenciam da população adulta, até mesmo dentro da faixa etária há heterogeneidade no processo de envelhecimento. Nesse sentido, destaca-se a importância da estratificação de risco, requisito fundamental para a estruturação de uma rede por meio da implantação da avaliação multidimensional do idoso na APS. 4. OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO GERAL · Implantar a avaliação multidimensional do idoso em atenção primária à saúde direcionada a estratificação de risco para a detecção dos problemas de saúde que mais frequentemente afetam a qualidade de vida do idoso. 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Identificar a prevalência dos problemas de saúde incluídos na avaliação multidimensional proposta nos pacientes com mais de 60 anos no ambiente da atenção primária à saúde. · Classificar os indicadores de vulnerabilidade clínico-funcional da população idosa na Atenção Primaria à Saúde. · Avaliar a saúde de forma global do Idoso para identificação de problemas e dos riscos na Atenção Primaria à Saúde. · Determinar a eficácia do instrumento de avaliação multidimensional do idoso na identificação de problemas de saúde através da sua comparação com a prática do atendimento clínico dispensado aos idosos em ambulatórios na Atenção Primaria à Saúde. · Verificar a efetividade do instrumento de avaliação multidimensional do idoso para uso sistemático em atenção primária à saúde. · Subsidiar o planejamento e a organização de serviços de atenção primária à saúde de forma a desenvolver ações específicas na modificação de situações de risco e na resolutividade de problemas · Capacitar a equipe de saúde para a utilização e manejo da Caderneta do Idoso. · Capacitar a equipe de saúde para a estratificação de risco inicial e o grau de fragilidade da saúde do idoso aplicando o VES-13 · Capacitar os profissionais de nível superior para utilização do Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20). · Capacitar os profissionais de nível superior para a aplicação da Avaliação Multidimensional do Idoso na Atenção Básica. 5. METODOLOGIA 5.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de pesquisa-ação, que se define como a construção cooperativa de conhecimentos com base na realidade vivida (TRIPP, 2010), desenvolvida com dados coletados em observações dos participantes nas atividades cotidianas da eSF. 5.2 LOCAL DO ESTUDO Caxias é um município no estado do Maranhão, no Meio-Norte, no Brasil. É a quinta mais populosa cidade do estado, com uma população segundo o último censo de 2010 de 155.129 habitantes e a estimativa da população de 2018 é de 164.224 habitantes. Sua área é de 5.150,667 quilômetros quadrados, o que a torna a terceira maior cidade do Maranhão. Possui Índice deDesenvolvimento Humano (IDH) de 0,624 abaixo da média nacional que corresponde a 0,755. Apresenta densidade demográfica, de acordo com o censo de 2010 feito pelo Instituto de Geografia e Estatística, de 30,12 hab./km². Tem por municípios limítrofes Timon, São João do Sóter, Teresina Codó e Coelho Neto. (IBGE, 2019). Ressalta-se que as principais atividades econômicas do município de Caxias são: agricultura, pecuária e indústria. E isso faz com que Caxias se encontre na terceira posição em relação às categorias quantitativas de população, economia e estruturação social no Maranhão (IBGE, 2016). As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são definida como ações que incidam sobre os prestadores (públicos ou privados) de modo a contribuir na melhoria do acesso, da integralidade, da qualidade, da resolubilidade e na humanização destas ações e tem como uma das principais características o cuidado integral e multiprofissional bem como o compromisso com resultados sanitários (BRASIL,2014). É importante destacar que o município de Caxias apresenta a seguinte capacidade instalada da RAS: Unidades Assistenciais Quantidade Unidades Básicas de Saúde (UBS) 36 Maternidade Carmosina Coutinho 01 Centro de Referência Materno Infantil (CEAMI), Rede cegonha 01 Hospital Geral de Caxias Gentil Filho 01 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência/ Transporte sanitário 01 Hospital Regional Dr. Everaldo Aragão 01 Centro de Orientação e Aconselhamento de Caxias 01 Serviço de Atendimento Médico Especializado 01 CAPS III 01 CAPS AD 01 CAPS IJ 01 Policlínica Municipal de Especialidades 01 Laboratório Municipal de Analise Clinicas 01 Unidades de Pronto-atendimento (UPA) 01 Vigilância Epidemiológica 01 Vigilância Sanitária 01 Unidade de Controle de Zoonoses 01 O estudo seria realizado nas áreas adscritas das UBS Baixinha e UBS Pirajá, mas por conta da pandemia do Coronavírus (Diagnóstico situacional da pandemia em Caxias, Maranhão consta no Apêndice A), as atividades foram interrompidas em meados março de 2020. A UBS Baixinha está localizada no bairro Baixinha no município de Caxias/MA. Trata-se de uma unidade de atendimento à saúde do tipo Centro de Saúde, Unidade Básica, a equipe é composta por um médico, uma enfermeira e uma odontóloga, três técnicas de enfermagem, uma auxiliar de saúde bucal, uma recepcionista, três vigias, uma auxiliar de serviços diversos e nove agentes comunitários de saúde. A equipe conta com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), composta por oito profissionais de diferentes categorias e seis residentes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), sendo duas enfermeiras, duas fisioterapeutas, uma nutricionista e uma farmacêutica. Além disso, a UBS Baixinha tem cadastrados em seu território adscrito uma população de 3240 pessoas, sendo 1112 famílias. Atualmente a eSF é cuidadora de algumas subpopulações estratificadas e com o manejo adequado aos diferentes estratos de riscos identificados: 100% de gestantes, 100% de crianças de até 2 anos de idade, 100% de hipertensos e diabéticos estratificados e com uma subpopulação de 397 idosos. A UBS Pirajá está localizada no bairro Pirajá do município de Caxias/MA. Trata-se de uma unidade de atendimento à saúde do tipo Unidade Básica, a equipe é composta por um médico, enfermeira e odontóloga, três técnicas de enfermagem, uma auxiliar de saúde bucal, uma recepcionista, três vigias, uma auxiliar de serviços diversos e oito agentes comunitários de saúde. A equipe conta com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), composta por oito profissionais de diferentes categorias. A UBS Pirajá tem cadastrados em seu território adscrito uma população de 1820 pessoas, sendo 867 famílias. Atualmente a eSF é cuidadora de algumas subpopulações estratificadas e com o manejo adequado aos diferentes estratos de riscos identificados: 100% de gestantes, 100% de crianças de até 2 anos de idade, 40% de hipertensos e diabéticos estratificados e com uma subpopulação de 174 idosos. 5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA A população/amostra foi composta por pessoas com 60 anos ou mais que residem na área adscrita das UBSs Baixinha e Pirajá, ou seja, seria um total 397 idosos e 174 idosos, respectivamente. Ainda fizeram parte da população/amostra os profissionais de saúde das duas UBS, sendo 31 profissionais da UBS Baixinha e 24 profissionais da UBS Pirajá, assim, serão 571 idosos e 55 profissionais de saúde. Devido a pandemia do Coronavírus as coletas foram suspensas em meados de março de 2020, sendo assim, foi realizada a coleta em três microáreas da UBS Baixinha, a ficha espelho da caderneta do idoso com IVCF-20 foi aplicada no total de 120 idosos. 5.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS As avaliações foram pautadas na “Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa”, presente nas Orientações técnicas para a implementação de Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema Único de Saúde – SUS (BRASIL, 2018) e a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa SUS (BRASIL, 2017) do Ministério da Saúde. Para fazer a estratificação inicial foi aplicada a ficha espelho da caderneta de saúde da pessoa idosa que consta dados pessoais, logradouro, informações pessoais como situação familiar e pessoa de referência, data de entrega da caderneta do idoso, se possui alguma deficiência, além de dados relacionados as condições/situações de saúde. Foi aplicado simultaneamente a ficha espelho, o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF20). O IVCF-20 é um questionário que contempla aspectos multidimensionais da condição de saúde do idoso, sendo constituído por 20 questões distribuídas em oito seções: idade (1 questão), auto-percepção da saúde (1 questão), incapacidades funcionais (4 questões), cognição (3 questões), humor (2 questões), mobilidade (6 questões), comunicação (2 questões) e comorbidades múltiplas (1 questão). Cada seção tem pontuação específica que perfazem um valor máximo de 40 pontos. Quanto mais alto o valor obtido, maior é o risco de vulnerabilidade clínico-funcional do idoso, entre 0-6 pontos é a ausência de declínio funciona, de 7-14 pontos pode haver um possível declínio, e idosos com a pontuação ≥ 15 pontos, significa a presença de declinio funcional. (MORAES et al., 2016; MORAES et al., 2019). No campo de alterações visuais, seria utilizado o cartão de Snellen em vez do cartão Jaeger, por ser o mesmo passível de aplicação em indivíduos sem escolaridade, será considerada alterada a não visibilidade acima de 20/40. Seria testado cada olho separadamente e, após, os dois olhos juntos, devendo a pessoa estar utilizando suas lentes corretivas, caso fizesse uso (BRASIL, 2017). Para avaliação auditiva, seria utilizado o Teste do Sussurro. O examinador, a 30 cm de cada ouvido da pessoa idosa, sussurra uma pergunta simples. O teste é considerado alterado quando o idoso não responde à pergunta. Para avaliação do humor e depressão, seria utilizada a Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens (Geriatric Depression Score – GDS-15), sendo considerada positiva com pontuação igual ou superior a seis pontos (BRASIL, 2018). Nos campos de cognição e memória, seria utilizado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), juntamente com o “Teste do Relógio”, instrumento complementar para o rastreio de alterações das funções cognitivas, sendo que sua associação ao MEEM pode melhorar sua acurácia como teste de rastreio (BRASIL, 2018). No campo da função dos membros superiores, seria avaliada a capacidade do idoso em tocar a nuca com ambas as mãos e apanhar um lápis sobre a mesa com ambas as mãos e devolvê-lo. No caso de incapacidade, o teste seria considerado alterado (BRASIL, 2018). Para avaliação da função dos membros inferiores, seria aplicada diretamente a Escala de Avaliação do Equilíbrio e da Marcha de Tinneti, sendo o ponto de corte considerado de 19 ou menos (BRASIL, 2018). Para avaliação de atividades de vida diárias, seria aplicado o Formulário de Avaliação das AtividadesBásicas de Vida Diária (Katz). Será considerada alterada a pontuação menor que 48 (BRASIL, 2017). No quesito quedas, se avaliaria o risco perguntando-se se o idoso havia caído nos últimos meses e analisando-se fatores de risco no domicílio, como escadas, tapetes soltos e ausência de corrimãos (BRASIL, 2017). Foi analisado também os perfis de “vacinação”, “medicação em uso” e “encaminhamentos”, para completar os dados e fornecer as informações essenciais as equipes das UBSs Baixinha e Pirajá. Foram considerados “em dia” com a imunização pacientes vacinados oportunamente contra febre amarela (FA), dT (difteria e tétano) e influenza. Foram considerados sob polifarmácia aqueles que utilizavam cinco ou mais medicamentos (GRIMMSMANN; HIMMEL, 2009). Foi realizado um treinamento com os monitores, coordenadores do projeto e com os profissionais das eSF da Baixinha e Pirajá por professores do Departamento de Ciências da Saúde do Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão e também pela enfermeira da UBS Baixinha com conhecimentos sobre saúde do idoso e “Avaliação global da pessoa idosa”. 5.5 CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMARIA Á SAÚDE A capacitação para os profissionais da UBS Baixinha e da UBS Pirajá foi realizada utilizando uma adaptação do Caderno de Formação – Ação para Capacitação dos Profissionais da Atenção Básica sobre a Saúde da Pessoa Idosa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017), com carga horária de 30 horas, dividida em cinco módulos: · Módulo 1: Introdução à Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; · Módulo 2: Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa; · Módulo 3: Identificação da Pessoa Idosa Vulnerável; · Módulo 4: Temas Importantes no Cuidado à Pessoa Idosa; · Módulo 5: Aplicação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Em dezembro de 2019 se deu inicio à capacitação com abordagem dos módulos 1, 2, 3 e 4. O módulo 5 foi realizado nos turnos da manhã e tarde entre os dias 27/01 e 31/01/2020, com a equipe em campo, onde essa semana foi exclusiva para treinamento da aplicação dos instrumentos e identificação de possíveis dúvidas. Este curso foi realizado com o intuito de, a curto prazo, capacitar todos os envolvidos no projeto para a correta condução da pesquisa, e, a longo prazo, para que os profissionais de saúde da Atenção Primária possam oferecer um acompanhamento diferenciado à população idosa. 5.6 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS Os dados dos questionários foram digitados no programa Epi-Info Versão 13.2, em estrutura preparada durante o trabalho de campo, imediatamente após sua codificação, feita pelos próprios pesquisadores. Todos os questionários foram revisados com crítica automática de dados. Os dados foram digitados novamente em uma segunda etapa, após as devidas correções. Para preparar o arquivo, foram verificadas a amplitude e consistência dos dados, bem como será feito o cruzamento das variáveis, visando à limpeza dos bancos de dados. Para obter as frequências, foram listadas e verificadas as distribuições das variáveis. 5.7 ASPECTOS ÉTICOS LEGAIS Todos os participantes foram convidados livremente em participar, assinando pessoalmente, quando alfabetizados, ou por meio de um responsável legal, quando analfabetos ou impossibilitados funcionalmente de assinar, um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice B), concordando em participar das atividades propostas e com a divulgação dos dados em conjunto, sendo garantido o anonimato de acordo com a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, sobre pesquisa com seres humanos. Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual do Maranhão, tendo parecer de número 3.724.722. 6. INFRAESTRUTURA DISPONÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para o desenvolvimento deste projeto, se dispôs da infraestrutura física, equipamentos, matérias, insumos e impressos disponibilizados pelas UBS Baixinha e UBS Pirajá para ser realizado as atividades de campo e coleta de dados. As salas de aulas, laboratório de ensino e pesquisa do Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão estava à disposição do projeto. 7. RESULTADOS Segundo a pesquisa realizada através de questionários com uma amostra de 397 idosos, os dados coletados demonstram que houve prevalência do sexo feminino, com predomínio de 61,21 % (243) dos casos no ano de 2020. Quanto a faixa etária a predominância se deu entre 60 a 74 com 66,25% (263) dos eventos, considerando a mínima de 60 e máxima de maior ou igual a 85 anos. Para a raça 69,52% (276), referem-se a cor parda, seguida da cor preta com 16,88% (67). No que tange à situação familiar verificou que 87,41% (347) dos idosos moram com parentes e 12,09% (48) moram sozinhos (Tabela 1). TABELA 1 - Distribuição geral dos dados sociodemográficos de todos os idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. VARIÁVEIS (n=397) n % Sexo Masculino 154 38,79% Feminino 243 61,21% Faixa etária 60 a 74 anos 263 66,25% 75 a 84 anos 90 22,67% ≥ 85 anos 44 11,08% Raça/cor Branca 52 13,10% Preta 67 16,88% Parda 276 69,52% Amarela 2 0,50% Situação familiar Mora só 48 12,09% Com parentes 347 87,41% Outros 2 0,50% Total 397 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. Mediante dados obtidos na coleta de dados, no que se refere aos tipos de deficiência, sendo estas: física, visual, auditiva, intelectual/cognitiva, 84,63% (336), referiram não ter nenhuma incapacidade. Contudo, aos que relataram algum desses condicionamentos, a forma física apresentou-se prevalência de 7,30% (29), seguida de um percentual de 3,78% (15) para a visual. Já em relação à auditiva, apresentou-se 3,27% (13), na sequência a intelectual/cognitiva com 1,51% (6) dos casos (Tabela 2). Ao considerar o idoso como acamado e/ou domiciliado, a primazia deu-se com 97,98% (389), dos casos para os anciões não acamados, seguido de 79,09% (314), para não domiciliado (Tabela 2). Quanto as comorbidades, tais como: hipertensão, diabetes, os dados apontam predomínio da hipertensão arterial com 46,85% (186) dos elementos analisados, seguido de 30,23% (120) dos casos que não possuem nenhuma doença crônica. Além disso, hipertensão + diabetes apresentaram 14,86% (59) dos quadros. Ademais a diabetes, como premissa única, denotou uma taxa de 5,79% (23) das condições informadas. Para mais, outras patologias relatadas, obteve um percentual de 2,27% (9) (Tabela 2). TABELA 2 - Distribuição geral dos dados sobre as condições de saúde de todos os idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=397) n % Tem alguma deficiência? Sim 61 15,37% Não 336 84,63% Auditiva Não 384 96,73% Sim 13 3,27% Visual Não 382 96,22% Sim 15 3,78% Física Não 368 92,70% Sim 29 7,30% Cognitiva/intelectual Não 391 98,49% Sim 6 1,51% Está acamado Sim 8 2,02% Não 389 97,98% Está domiciliado Sim 83 20,91% Não 314 79,09% Possui alguma dessas doenças crônicas? Hipertensão 186 46,85% Diabetes 23 5,79% Hipertensão + diabetes 59 14,86% Não possui nenhuma doença crônica 120 30,23% Outras 9 2,27% TOTAL 397 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. A aplicação do questionário Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20), foi realizado em 120 idosos, demonstrou que houve prevalência do sexo feminino, com predomínio de 62,51 % (75) dos casos. Quanto a faixa etária a predominância se deu entre 60 a 74 anos com 56,67% (68) dos eventos, considerando a mínima de 60 e máxima de maior ou igual a 85 anos. Para a raça 74,17% (89), referem-se a cor parda, seguida da cor preta com 17,50% (21). No que tange à situação familiar verificou que 90.83% (109) dos idosos moram com parentes e 7,50% (9) moram sozinhos (Tabela 3). TABELA 3 - Distribuição dos dados sociodemográficos dos idosos que foram entrevistados, Caxias, Maranhão, Brasil.2020. VARIÁVEIS (n=120) n % Sexo Masculino 45 37,50% Feminino 75 62,50% Faixa etária 60 a 74 anos 68 56,67% 75 a 84 anos 40 33,33% ≥ 85 anos 12 10,00% Raça/cor Branca 8 6,6% Preta 21 17,50% Parda 89 74,17% Amarela 2 1,67% Situação familiar Mora só 9 7,50% Com parentes 109 90,83% Outros 2 1,67% Total 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. Em relação a possuir algum tipo de deficiência seja física, auditiva, intelectual\cognitiva, visual, esses dados se encontram na tabela 4. Apontando que 30 dos 120 entrevistados relataram possuir algum tipo de deficiência, representando 25%. Desses, 12,50% (15) tinham deficiência física, cerca de 7,50% (9) deficiência visual, 5% (6) deficiência auditiva e 2,50 % (3) alguma deficiência intelectual\cognitiva. Na amostra pesquisada, mais de 30% (38) se encontravam domiciliados e 2,50% (3) acamados (Tabela 4). Quanto as patologias existentes, sendo elas: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, houve relevância da hipertensão, com percentual de 48,33% (58) dos elementos analisados, seguida de 26,67% (32) que não possuem nenhuma das doenças anteriormente citadas, assim como, não relataram a presença de outros diagnósticos (Tabela 4). TABELA 4 - Distribuição dos dados sobre a presença de deficiência nos idosos atendidos na Unidade Básica De Saúde Da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Tem alguma deficiência? Sim 30 25,00% Não 90 75,00% Auditiva Não 114 95,00% Sim 6 5,00% Visual Não 111 92,50% Sim 9 7,50% Física Não 105 87,50% Sim 15 12,50% Cognitiva/intelectual Não 117 97,50% Sim 3 2,50% Está acamado Sim 3 2,50% Não 117 97,50% Está domiciliado Sim 38 31,67% Não 82 68,33% Possui alguma dessas doenças crônicas? Hipertensão 58 48,33% Diabetes 5 4,17% Hipertensão + diabetes 18 15,00% Não possui nenhuma doença crônica 32 26,67% Outras 7 5,83% TOTAL 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. Em relação à ocorrência de diagnósticos, internações e quedas, 59,17% (71) não referiram nenhuma ocorrência, enquanto 40,83% (49) relataram algum episódio, sendo destes, 14,29% (7) corresponderam a quedas sem fratura, 10,20% (5) à hipertensão + diabetes, 8,16% (4) à hipertensão, 4,08% (2) a Alzheimer, 4,08% (2) a quedas com fraturas, 4,08% (2) a COVID-19, 4,08% (2) à pneumonia, 4,08% (2) à diabetes, 2,04% à hérnia de disco, 2,04% (1) à internação por desorientação, 2,04% (1) à internação por desinteria, 2,04% (1) à mastectomia (+12 anos), 2,04% (1) à mioma + glaucoma + AVC, 2,04% (1) à cardiopatia + pneumonia (2019) + queda (2020) e 2,04% (1) à tireoidectomia (Tabela 5). TABELA 5 - Distribuição dos dados sobre as condições de saúde dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Teve algum diagnóstico, internações e quedas? Sim 49 40,83% Não 71 59,17% Total 120 100,00% Se sim, qual (is)? Quedas sem fraturas 7 14,29% Quedas com fratura 2 4,08% Has + dm 5 10,20% Has 4 8,16% Alzheimer 2 4,08% Covid-19 2 4,08% Dm 2 4,08% Pneumonia 2 4,08% Queda + artrose + hipertensão 1 2,04% Alzheimer + cardiopatia e queda 1 2,04% Anemia congênita + artrose + hipertensão 1 2,04% Artrose + hipertensão 1 2,04% Avc e cirurgia de períneo 1 2,04% Bursite + avc + lesão no pé 1 2,04% Dengue (2014) 1 2,04% Desbridamento (pé diabético) 1 2,04% Diabetes + depressão 1 2,04% Diabetes + alzheimer 1 2,04% Fratura (fêmur) + hipertensão + avc 1 2,04% Artrose + hipertensão 1 2,04% Artrose + hipertensão + hérnia de disco 1 2,04% Hipertensão + avc 1 2,04% Hipertensão + hérnia de disco 1 2,04% Hipertensão + osteoporose 1 2,04% Hérnia de disco 1 2,04% Internação por desorientação 1 2,04% Internação por desinteria 1 2,04% Mastectomia (+12 anos) 1 2,04% Mioma + glaucoma + avc 1 2,04% Cardiopatia + pneumonia (2019) + queda (2020) 1 2,04% Tireoidectomia 1 2,04% Total 49 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. No que se refere a questões neuropsicológicas, 60% (72) dos idosos apresentaram cognição normal e 40% (48) cognição alterada, assim como 59,17% (71) demonstraram humor normal e 40,83% (49) humor alterado (Tabela 6). No quesito dos hábitos de vida, 90% (108) negaram uso de álcool e 10% (12) afirmaram consumo. Já em relação ao tabagismo, 93,33% (112) dos idosos são não-fumantes e 6,67% (8) são fumantes. Quanto à prática de atividades físicas, 23,33% (28) relataram praticar, enquanto 76,67% (92) são sedentários (Tabela 6). Sobre a presença de dor com duração igual ou superior a 3 meses, 58,33% (70) relataram a ocorrência e 41,67% (50) negaram. Dos casos positivos, em relação à intensidade dessa dor, 22,86% (16) descreveram como leve, 47,14% (33) como moderada e 30% (21). Ainda em relação às respostas positivas, quanto a localização, 21,43% (15) referiram dor na coluna, 17,14% (12) no joelho, 12,86% (9) nas articulações, 10% (7) nos membros inferiores, 5,71% (4) nas costas, 5,71% (4) nos membros superiores (braços) (Tabela 6). TABELA 6 - Distribuição dos dados sobre informações complementares das situações de saúde dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Cognição Normal 72 60,00% Alterada 48 40,00% Total 120 100,00% Humor Normal 71 59,17% Alterado 49 40,83% Total 120 100,00% Uso de álcool Sim 12 10,00% Não 108 90,00% Total 120 100,00% Fumante Sim 8 6,67% Não 112 93,33% Total 120 100,00% Atividade física Sim 28 23,33% Não 92 76,67% Total 120 100,00% Presença de dor com duração igual ou superior a 3 meses? Sim 70 58,33% Não 50 41,67% Total 120 100,00% Se sim, qual a intensidade? Leve 16 22,86% Moderada 33 47,14% Intensa 21 30,00% Total 70 100,00% Se sim, qual a localização? Coluna 15 21,43% Joelho 12 17,14% Articulações 9 12,86% Membros inferiores 7 10,00% Costas 4 5,71% Membros superiores (braços) 4 5,71% Lombar 3 4,29% Pés 3 4,29% Barriga 1 1,43% Cabeça 1 1,43% Cervical e joelho 1 1,43% Dores musculares 1 1,43% Mãos, joelho e pernas 1 1,43% Ombro 1 1,43% Pés e costas 1 1,43% Pulmão 1 1,43% Quadril 1 1,43% TOTAL 70 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. Quanto ao uso de medicação para comorbidades preexistentes, pode-se perceber que de um quantitativo de 120 indivíduos entrevistados, 35 fazem uso de duas medicações diárias, o que corresponde a 29, 17% dos casos. Contudo, 26.67% (32) não utilizam nenhum fármaco atualmente (Tabela 7). TABELA 7 - Distribuição dos dados sobre o uso de medicamentos dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Atualmente faz uso de quantos medicamentos? 1 23 19,17% 2 35 29,17% 3 11 9,17% 4 9 7,50% 5 ou mais 10 8,33% Nenhum 32 26,67% Total 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 De acordo com os dados coletados dos questionários do IVCF-20 com amostra de 120 pessoas idosas que são atendidas na Unidade Básica de Saúde da Baixinha de Caxias – MA, foi encontrado que a faixa etária de 60 a 74 anos foi a mais prevalente com 56,67% (68), seguido da de 75 a 84 anos com 33,33% (40) e o restante com idade igual ou superior a 85 anos (Tabela 8). No quesito de autopercepção de saúde, a maior parte dos idosos, 60% (72), consideram que, em comparação a outros idosos de mesma idade, sua saúde está regular ou ruim. O restante, 40% (48), relata saúde excelente, muito boa ou boa nessa mesma comparação (Tabela 8). Outro ponto abordado no IVCF-20 diz respeito à possibilidade da execução deatividades rotineiras, tais como fazer compras, administrar seu dinheiro, realizar trabalhos domésticos – como lavar louças, arrumar a casa – e tomar banho. Quanto a fazer compras, 72,50% (87) relataram não deixarem de fazer compras em razão do envelhecimento. No que tange a administração da renda, 72,50% (87) falaram que não deixaram de controlar seu dinheiro, gastos ou pagar suas contas por conta da sua velhice. Em relação à execução de pequenos serviços domésticos, 75,83% (91) relataram que o processo de envelhecimento não o impediu de realizar esses trabalhos diários e o restante, 24,17% (29), deixaram de realizar essa atividade. E, relacionado a tomar banho, a maior parte dos idosos, 92,50% (111) referiram não deixar de tomar banho sozinho (Tabela 8). TABELA 8 - Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre a faixa etária e a auto percepção de saúde de idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Faixa etária 60 – 74 anos 68 56,67% 75 – 84 anos 40 33,33% ≥ 85 anos 12 10% Em geral, comparando com outras pessoas de sua idade, você diria que sua saúde é: Excelente, muito boa ou boa 48 40,00% Regular ou ruim 72 60,00% Você deixou de fazer compras? Não 87 72,50% Sim 33 27,50% Você deixou de controlar seu dinheiro, gastos ou pagar as contas de sua casa? Não 87 72,50% Sim 13 27,50% Você deixou realizar pequenos trabalhos domésticos, como lavar louça, arrumar casa ou limpeza leva? Não 91 75,83% Sim 15 24,17% Você deixou de tomar banho sozinho? Não 111 92,50% Sim 9 7,50% Total 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 No que tange às variáveis relacionadas à cognição presentes no IVCF-20, os dados coletados sobre o declínio da memória – ou esquecimento – denotaram que a maior parte da amostra, 53,33% (64), não relataram que parentes notabilizam sinais de esquecimento e o restante, 46,67% (56), relatam que seus familiares percebem sinais de declínio cognitivo. Destes que existe uma percepção do esquecimento, 50% (28) – 23,33% do total – declaram que esse esquecimento está piorando nos últimos meses e 37,93% (22) – 18,33% do total – que isso o impede de realizar as atividades do cotidiano (Tabela 9). Na análise do humor, percebeu-se que a maior parte, 54,17% (65) não referiram apresentar sinais de tristeza, desânimo ou desesperança e 67,50% (81) relataram não ter perdido o interesse na realização de práticas prazerosas (Tabela 9). TABELA 9 - Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre as condições cognitivas e humorais de idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Algum familiar ou amigo falou que você está ficando esquecido? Não 64 53,33% Sim 56 46,67% Este esquecimento está piorando nos últimos meses? Não 92 76,67% Sim 28 23,33% Este esquecimento está impedindo a realização de alguma atividade do cotidiano? Não 98 81,67% Sim 22 18,33% No último mês, você ficou com desânimo, tristeza ou desesperança? Não 65 54,17% Sim 55 45,83% No último mês, você perdeu o interesse ou prazer em atividades anteriormente prazerosas? Não 81 67,50% Sim 39 32,50% TOTAL 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 Quanto aos questionamentos diante da mobilidade senil a qual consta no IVCF-20, buscou-se avaliar o alcance, a preensão e pinça, a capacidade aeróbica/muscular, a marcha e a continência esfincteriana. Diante dos dados coletados dessa amostra, 89,17% (107) da amostra não eram incapazes de elevar os braços acima da linha dos ombros e 89,17 (107) não foram incapazes de manusear ou segurar pequenos objetos (Tabela 10). Constatou-se que 44,17% da amostra possuía pelo menos um dos fatores que denotam limitações na capacidade aeróbica e/ou muscular, sendo o fator mais prevalente a incapacidade da realização da marcha de 4m em menos de 5s com 30% (36) da amostra, seguido da circunferência da panturrilha inferior a 31cm com 15,83% (19), da perda de peso não intencional de 4,5kg ou 5% do peso corpóreo com 4,17% (5) e, por fim, do IMC menor que 22kg/m² com 2,5% (3) (Tabela 10). Em relação a marcha de forma geral, foi analisado que 78,33% (94) não possuem dificuldades para caminhar que os impossibilitem a prática de alguma atividade do cotidiano. Também foi encontrado que 89,17% (107) da população idosa da amostra não tiveram duas ou mais quedas no último ano. Concluindo as variáveis que se referem à mobilidade, 80,83% da amostra não referiu perder urina ou fezes de maneira involuntária em algum momento (Tabela 10). Os dados coletados também avaliaram questões referentes à comunicação do idosos da amostra no que tange a sua capacidade de enxergar e escutar. Os resultados revelaram que há mais idosos com problemas de visão capazes de impedir a realização de atividades rotineiras, com 32,50% (39) do que problemas de audição 14,17% (17) (Tabela 10). TABELA 10 - Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre a mobilidade e counicação de idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Você é incapaz de elevar os braços acima do nível dos ombros? Não 107 89,17% Sim 13 10,83% Você é incapaz de manusear ou segurar pequenos objetos? Não 107 89,17% Sim 13 10,83% Você tem alguma das quatro condições abaixo relacionadas (Perda de peso, IMC, circunferência da panturrilha e tempo de marcha)? Não 67 55,83% Sim 53 44,17% Perda de peso não intencional de 4,5kg ou 5% do peso corporal Não 115 95,83% Sim 5 4,17% IMC < que 22kg/m² Não 81 67,50% Sim 39 32,50% Circunferência da panturrilha a <31cm Não 19 15,83% Sim 101 84,17% Tempo gasto no teste de velocidade da marcha (4m) >5s Não 36 30,00% Sim 84 70,00% Você tem dificuldade para caminhar capaz de impedir a realização de alguma atividade do cotidiano? Não 94 78,33% Sim 26 21,67% Você teve 2 ou + quedas no último ano? Não 107 89,17% Sim 13 10,83% Você perde urina ou fezes, sem querer, em algum momento? Não 97 80,83% Sim 23 19,17% Você tem problemas de visão capazes de impedir a realização de alguma atividade no cotidiano? Não 81 67,50% Sim 39 32,50% Você tem problemas de audição capazes de impedir a realização de alguma atividade no cotidiano? Não 103 85,83% Sim 17 14,17% TOTAL 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 Em conformidade com a Tabela 11, 2,50% (3) dos idosos participantes da pesquisa, apresentavam 5 ou mais doenças crônicas, a pesquisa demostrou que mais de 5% (7) da amostra, faz uso regular de 5 ou mais medicamentos diferentes por dia, além de que um pouco mais 5% (7) relataram internação nos últimos 6 meses. TABELA 11- Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre comorbidades múltiplas e pontuação final dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. Variáveis (n=120) n % Você tem alguma das 3 condições abaixo relacionadas? Não 102 85,00% Sim 18 15,00% 5 ou + doenças crônicas Não 117 97,50% Sim 3 2,50% Uso regular de 5 ou + medicamentos Não 113 94,17% Sim 7 5,83% Internação recente, nos últimos 6 meses Não 113 94,17% Sim 7 5,83% Total 120 100,00% Pontuação final (score): ≥ 15 pontos 30 25,00% 0 - 6 pontos 54 45,00% 7 - 14 pontos 36 30,00% Total 120 100,00% Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 8. DISCUSSÃO O envelhecimento está intimamente associado ao processo de fragilização. Contudo, a idade, por si só, é um preditor de fragilidade inadequado, uma vez que o processo de envelhecimento segue padrão heterogêneo. A idade cronológica é apenas uma aproximação precária da idade biológica (FRIED, 2016). Dessa forma, saúde no idoso podeser compreendida como a capacidade individual de satisfação das necessidades biopsicossociais, independentemente da idade ou da presença de doenças (MORAIS, et al., 2016). De acordo com os dados obtidos na coleta realizada entre os meses de janeiro a novembro de 2020, com idosos na idade maior ou igual a 60 anos, atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, município de Caxias-MA, utilizando como ferramenta, um questionários sociodemográfico juntamente com o questionário do Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-20), o qual é um instrumento totalmente brasileiro e extremamente eficiente na avaliação dos principais determinantes clínico-funcional da saúde do idoso. A atual investigação demonstrou que houve prevalência do sexo feminino sob o sexo masculino. Assim como, a faixa etária, apresentando predominância da idade entre 60 a 74 com 66,25% (263) dos eventos coletados, considerando a mínima de 60 e máxima de maior ou igual a 85 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2019, em 1940, de cada mil pessoas que atingiam os 65 anos de idade, 259 chegariam aos 80 anos ou mais. Em 2018, de cada mil idosos com 65 anos, 637 completariam 80 anos. As expectativas de vida ao atingir 80 anos, em 2018, foram de 10,4 anos para mulheres e 8,6 para homens. Em 1940, esses valores eram de 4,5 anos para as mulheres e 4,0 anos para os homens. A aplicação do questionário Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional 20 (IVCF-20), foi realizado em 120 idosos, a maioria do sexo feminino, representando 62,50%, demostrado na tabela 3. O resultado encontrado corrobora, com o achado por outros autores, como os de Neri et al. (2013) e Busato et al. (2014), nos quais, a taxa de mulheres participantes foi maior, quando comparada ao sexo masculino. Isso se deve, entre outras causas a feminilização do envelhecimento, uma vez que a expetativa de vida para o sexo feminino, em média é de 8 anos a mais que o sexo masculino, representação que justifica a prevalência no brasil de mulheres idosas, outro ponto a ser considerado é a busca maior das mulheres por serviços de saúde, contribuindo para a preservação da saúde e aumento da expectativa de vida (BUSATO et al.,2014). No que se refere à raça concluiu-se que a maior taxa consiste na população autodeclarada de cor parda com 69,52% (276), seguida da cor preta com 16,88% (67), e da cor branca 13,10% (52), demonstrando a disparidade entre negros e brancos, a raça apesar de não ser um fator de determinância para idade apresenta predominância no substrato da população. Atualmente, de acordo com pesquisas recentes, eles são maioria na faixa dos 60 aos 64 anos, representando 42,3% do total, enquanto os brancos são 28,2% e os pretos 26,7%. No entanto, esse percentual vai decaindo absurdamente nas demais faixas. Os pardos são 27% dos entrevistados com idade entre 65 e 69 anos; 13,6% entre 70 e 74 anos; e 6,6% na casa dos 74 a 79 anos; reduções que não se verificam na mesma equivalência entre brancos e negros. Segundo Malta (2014), as disparidades entre negros e brancos também são evidenciadas nas taxas de tabagismo, no uso de bebidas alcoólicas e na prática de atividade físicas. Em contrapartida, Lobo (2017) em sua análise encontrou maiores prevalências de comorbidades como hipertensão arterial nos indivíduos de cor da pele preta, nos índios e nas pessoas de coloração amarela. Ao se tratar da faixa etária a literatura demostra que a idade em si não é um fator determinante para a institucionalização ou fragilização, mas sim as condições de saúde associadas, que contribuem para o aparecimento de agravos a saúde, sendo a diminuição e/ou perda da capacidade funcional, um deles (GÜTHS et al.,2017). No Brasil, estima-se que exista, atualmente, cerca de mais de 4 milhões de idosos quem vivem sozinhos no Brasil. Um retrato do crescimento da população idosa brasileira em um período de 50 anos. No Brasil, 15,7% das pessoas com 60 anos ou mais de idade moram sozinhas, com maiores percentuais nas regiões Sul (15,9%) e Sudeste (15,7%) (IBGE, 2020). Diante disso, idosos que moram sozinhos podem ser considerados mais vulneráveis e desprovidos de apoio social diante de dificuldades de saúde. (TAVARES, et al., 2020). O presente estudo denotou com um percentual de 87,41% (347), que idosos residentes de Caxias-MA, moram com parentes, entre eles: filhos e netos, esposo (a). Corroborado pelos estudos de Del Duca et al. (2012), a maioria dos cuidadores eram entes da própria família: filho (a) – 40,7% e esposo(a) – 37,0% foram as respostas mais relatadas pelos entrevistados e apenas 4,3% dos idosos disseram ter cuidador formal contratado. Logo, diverge dos dados nacionais, os quais demostram uma prevalência de idosos morando sozinhos. Contudo, países como África do Sul, existe aumento na proporção de domicílios com três gerações co-residindo. Isto é, foi constatado que mais de um terço dos homens jovens residem em domicílios com três gerações. Esta proporção é ainda maior se se considera apenas a população negra (vide Bertrand, Miller e Mullainathan, 2000). Comumente, os homens mantem-se como provedor da família até o fim da vida, enquanto as mulheres diante da morte do marido, ou ao se separar, tendem a morar com os filhos, o abandono do idoso e a não manutenção da rede de relacionamentos, favorecem a piora das condições de saúde, uma vez que, os que chegam a senescência e residem sozinhos, recebem pouco auxilio na manutenção da saúde e nas atividades do cotidiano (BERTUZZI et al., 2012);Parte superior do formulário (GÜTHS et al.,2017); (SILVA et al., 2018). O trabalho vigente, no que corresponde as deficiências, nomeadamente como: física, auditiva, visual, intelectual/cognitiva, das informações coletadas não predomínio de nenhuma inabilidade. Entretanto, aos que relataram algum desses condicionamentos, a forma física apresentou-se prevalência de 7,30% (29), seguida de um percentual de 3,78% (15) para a visual. Já em relação à auditiva, apresentou-se 3,27% (13), na sequência a intelectual/cognitiva com 1,51% (6) dos casos. As alterações provocadas pelo processo de envelhecimento do ser humano, que envolve aspectos fisiológicos, biológicos e neurológicos, podem levar a perda natural e gradativa das funções dos sistemas, entre eles o auditivo, visual , assim como a perda da capacidade funcional, demostrando a complexidade e a importância do acompanhamento do envelhecimento, para que o mesmo ocorra de forma sustentável e prezando pela promoção da saúde e a prevenção de agravos e morbidades aos indivíduos (VALENCA, et al., 2017). O envelhecimento predispõe ao risco de déficit cognitivo, classificado como a falta de precisão na linguagem, memoria, funções de planejamento e execução de tarefas, atenção e percepção. A deficiência cognitiva em idosos possa provocar retardo de respostas motoras, devido a lentidão no processamento e integração das informações sensórias no Sistema Nervoso Central, resultante do envelhecimento (ANDRADE, et al.,2020). A deficiência auditiva geralmente se desenvolve de forma progressiva, especifica, de forma individual no idoso, sendo denominado na gerontologia de presbiacusia, seu aparecimento pode desencadear sérias consequências a saúde psicológica e a vida social do idoso, coo isolamento social, frustação e depressão (CRUZ, et al. 2012). O trabalho de Souza (2015), apresenta dados sobre idosos acima de 60 anos e suas respectivas deficiências, sendo que o número de idosos que possuem algum tipo de deficiência é de 20.588.871, número este que está distribuído em quatro deficiências pesquisadas: a primeira é a deficiência visual que corresponde a 47.72% do total de idosos com deficiência; em segundo lugar, a deficiência física com um total de 33%; em terceiro lugar, a deficiência auditiva com 21,59%; e, por último, a deficiência mental/intelectual com 2,61%. Outros estudos apontam que a maioria dos idosos era do sexo feminino, na faixa etária entre 80 e 89 anos, também apresentava deficiência visual. (FILHO, et al., 2014). A prevalência de deficiênciaem idosos é alta. Entretanto, a falta de estudos de base populacional em âmbito nacional, pode explicar o fato de a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência fazer referência à literatura internacional, ao citar a presbiacusia como principal causa de deficiência auditiva em idosos, com incidência de aproximadamente 30% na população com mais de 65 anos (BRASIL, 2002). Atualmente, pode-se verificar que a condição de incapacidade e de deficiência tem relevância no âmbito da saúde pública, embora a assistência a essa população se insira marginalmente no sistema de saúde. A situação da assistência à pessoa com deficiência no Brasil ainda apresenta um perfil de fragilidade, desarticulação e descontinuidade de ações na esfera pública e privada (GIROND, 2011). Ao considerar o idoso como acamado e/ou domiciliado, a primazia deu-se com 97,98% (389), dos casos para os anciões acamados, seguido de 79,09% (314), para domiciliado. Del Duca et al. (2012), identificaram que a prevalência do cuidado domiciliar foi de 25,4%, sendo que a maioria dos cuidadores eram entes da própria família, filho (a) 40,7% e esposo (a) 37%, sem grandes informações sobre o cuidado cotidiano do idoso. O envelhecimento acarreta alterações fisiológicas que limitam a capacidade de desempenhar atividades diárias, resultando na diminuição da autonomia funcional e consequentemente tornando-o frágil e dependente (MARTINS, 2018). Essas alterações propiciam o aumento do risco de acidentes, como as quedas, que podem levar o idoso a ficar restrito ao leito e trazer repercussões como o aparecimento de úlceras por pressão, infecções respiratórias e urinárias, dentre outras (MORAES, 2012). No presente estudo, em relação à ocorrência de quedas, predominaram as quedas sem fratura correspondendo à 14,29% (7) dessas ocorrências, enquanto o percentual das quedas com fratura foi de 4,08% (2). Índices menores do que encontrado em estudos semelhantes como LINO et al. (2016), onde a presença de quedas foi identificada em 23% da população. As quedas na população idosa são consideradas de enorme atenção na saúde pública, uma vez que pode resultar em consideráveis prejuízos à saúde, como fraturas, hospitalização, imobilidade, institucionalização e em casos mais extremos, o óbito, os individuas que possuem problemas no controle postural, são mais suscetíveis a quedas (ANDRADE et al., 2020). No presente estudo, em relação à ocorrência de quedas, predominaram as quedas sem fratura correspondendo à 14,29% (7) dessas ocorrências, enquanto o percentual das quedas com fratura foi de 4,08% (2). Índices menores do que encontrado em estudos semelhantes como LINO et al. (2016), onde a presença de quedas foi identificada em 23% da população. Outra variável de suma importância trata-se das comorbidades, que afetam, na sua grande maioria, os idosos, tais como: hipertensão arterial e diabetes mellitus. As quais demonstraram para os elementos analisados a hipertensão arterial com 46,85% (186) seguido de 30,23% (120) dos casos que não possuem nenhuma doença crônica, hipertensão + diabetes apresentaram 14,86% (59) dos quadros e diabetes, como premissa única, denotou uma taxa de 5,79% (23) das condições informadas. Para mais, outras patologias relatadas, obteve um percentual de 2,27% (9). Além disso, a maior parte das ocorrências de internações e diagnósticos esteve ligada a essas duas patologias: hipertensão + diabetes corresponderam à 10,20% (5) dos casos, hipertensão à 8,16% (4), diabetes à 4,08% (2). Dessa maneira, os resultados obtidos demonstram que grande parte dessa população apresentaram a maior prevalência para hipertensão arterial em Caxias-MA. Conforme Mendes (2014), que em seu trabalho, verificou que a prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) foi acima de 55,0% na população idosa em todas as regiões geográficas do país. Outra pesquisa revela que, dentre os fatores de risco para HAS, a idade tem relação direta e linear, ultrapassando a prevalência de 60,0% em maiores de 65 anos (NUNES, 2015). Confirmado pelo estudo de Martins (2018), o qual demonstrou uma alta frequência de doenças crônicas nos idosos, principalmente hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) (97,8% e 24,4%, respectivamente). Dentre os cinco principais riscos globais para a mortalidade no mundo, se encontram a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus, reconhecidos fatores de risco para as doenças cardiovasculares e causas de óbito na população idosa (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010). Quando associadas, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus são relevantes causas de morbidade e mortalidade, com maior risco de doença renal, doença cardíaca coronariana, acidente vascular encefálico e insuficiência cardíaca. Também se associam com comorbidades como a dislipidemia, estado pró-trombótico e disfunção autonômica cardíaca. Estudos mostram que a prevalência de hipertensão é aproximadamente o dobro entre os diabéticos em comparação com os não diabéticos, e o risco de doença cardiovascular é cerca de quatro vezes maior em pacientes com ambas as doenças (FRANCISCO, 2018). Pesquisas clínicas denotam que 70% dos diabéticos apresentam hipertensão e a coexistência das duas condições eleva significativamente as comorbidades. Além da diabetes já retratada outras doenças concomitantes estão intimamente ligadas a HAS e afetam significativamente os indivíduos portadores, como o acidente vascular encefálico e a dislipidemia com a ocorrência de 16% (5 casos) em ambas (ZANGIROLANI et al., 2018). Ao final da aplicação do questionário IVCF-20 , é atribuída uma pontuação que classifica o risco de vulnerabilidade para o idoso, no estudo foi detectado que 45 % dos idosos pesquisados não apresentam vulnerabilidade, uma vez que, pontuaram entre 0-6 pontos, classificados como idosos robustos, entretanto foram identificados que 30% da amostra pesquisada, se enquadram como potencialmente frágil, por pontuarem de 7-14 pontos, e 25% dos idosos apresentaram pontuação ≥ 15 pontos, significando segundo o instrumento IVCF-20, a condição de idoso frágil. Partindo deste princípio Neri et al. (2013), analisando essa temática relacionada a fragilidade no idosos, aponta que devido a elevada frequência de idosos frágeis e pré frágeis um em cada cinco indicadores de fragilidade considera-se comparável à encontrada em estudos de âmbito internacional, o que sugere uma maior estatística de idosos com baixa qualidade na sua senescência, o que remete a uma maior resulta numa fragilização das populações idosas. Diante desse cenário, se aponta uma real e indiscutível necessidade de levantamentos de diagnóstico e intervenções de maneira precoce no que diz respeito a quadros patológicos que agravam o envelhecimento, visto que este é um problema de saúde pública. Dessa forma, nota-se que este público alvo está exposto a diversos graus de fragilidades e riscos, é tanto que ao se analisar as relações existentes entre pré-fragilidade, fragilidade e variáveis sociodemográficas nota-se que elas estão intimamente interligadas, visto que quando se analisa os contextos de pobreza e de baixa escolaridade, são grandes os desafios impostos às atuais e futuras gerações de idosos brasileiros, entretanto estes podem ser superados através deles mesmo, do apoio de suas famílias e suas redes mais próximas podem auxiliar a favor de um envelhecimento digno e saudável (NERI et al.2013). Como se pode perceber há uma enorme gama de peculiaridades a serem consideradas, ao se tratar do processo de envelhecimento, vulnerabilidade e dependência das pessoas idosas. Deve ser levado em conta que de maneira proporcional ao aumento dos idosos, cresce o número de sujeitos com fragilidades, com novas demandas, que, por conseguinte por necessitam de assistência especifica e qualificada (GIRONDI et al., 2011). Nessa perspectiva, a identificação de tais fatores deve ocorrer de maneira precoce afim de reduzir a prevalência da fragilidade nesse grupo, com isso impulsionar o desenvolvimento de políticas voltados
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