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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ
SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.
##Atenção: Atualizações em 09/08/2021 (as últimas atualizações na cor VERDE): 
· Questões de concurso.
· Atualização na explicação da Súmula 84 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 08/08/21)
· Inclusão de explicação da Súmula 477 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 06/07/21)
· Inclusão de explicação da Súmula 642 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 30/07/21)
· Atualização na explicação das Súmulas 415 e 455 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 30/07/21)
· Atualização na explicação das Súmulas 212, 213 e 460 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 27/07/21)
· Atualização na explicação da Súmula 533 do STJ – SUPERADA, em parte (Fonte: Buscador DOD: 17/07/21)
· Atualização na explicação da Súmula 330 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 10/07/21)
· Inclusão de explicação na Súmula 507 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 01/07/21)
· Atualização na explicação da Súmula 528 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 16/06/21)
· Atualização na explicação da Súmula 315 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 15/06/21)
· Inclusão de explicação na Súmula 195 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 04/06/21)
· Inclusão de explicação nas Súmula 132 e 336 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 25/05/21)
· Inclusão de explicação na Súmula 641 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 23/05/21)
· Outras Súmulas superadas: nº 06, 11, 30, 75, 90, 119, 172, 212, 244, 294, 472, 510, 521 e 533 do STJ. 
· Cancelamento das Súmulas 61, 68, 94, 343, 408 e 469 do STJ.
	Orientações:
Súmulas válidas: Em verde (Ex: Súmula nº “x”) 
Súmulas com pouca relevância: Em cinza (Ex: Súmula nº “y”)
Súmulas canceladas: Em vermelho (Ex: Súmula nº “z”)
Súmulas superadas: Em roxo, ao final da súmula. Ex: (SUPERADA)
Fontes: Site Buscador do Dizer o Direito e Site do DOD; questões de concurso; julgados do STJ e STF.
Súmula 649: Não incide ICMS sobre o serviço de transporte interestadual de mercadorias destinadas ao exterior.
Súmula 648: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.
Súmula 647: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
Súmula 646: É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição ao FGTS, visto que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, parágrafo 9º, da Lei 8.212/1991), em rol taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no artigo 15, parágrafo 6º, da Lei 8.036/1990.
Súmula 645: O crime de fraude à licitação é formal, e sua consumação prescinde da comprovação do prejuízo ou da obtenção de vantagem.
Súmula 644: O núcleo de prática jurídica deve apresentar o instrumento de mandato quando constituído pelo réu hipossuficiente, salvo nas hipóteses em que é nomeado pelo juízo.
Súmula 643: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da condenação.
Súmula 642: O direito à indenização por danos morais transmite com o falecimento do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir na ação indenizatória. (Proc.-TC/DF-2021)
	OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação: Francisco foi diagnosticado com tumor cerebral maligno. O plano de saúde recusou-se a custear o tratamento, mesmo estando coberto pelo contrato. Diante disso, Francisco ajuizou ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais. O juiz concedeu a tutela provisória de urgência determinando que o plano de saúde custeasse a cirurgia. Logo após o procedimento, Francisco veio a falecer. Os herdeiros de Francisco pediram para serem admitidos no processo como sucessores do falecido. O plano de saúde se insurgiu contra isso afirmando que os danos morais se constituem em direitos da personalidade e, portanto, não podem ser transmitidos.
Os herdeiros poderão ser admitidos e prosseguir com a ação indenizatória? SIM. É justamente o que prevê a súmula. O fundamento para essa conclusão é o art. 943 do Código Civil:
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Enunciado 454-CJF: Art. 943. O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943 do Código Civil abrange inclusive os danos morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima.
Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito. Logo, os herdeiros possuem legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. Caso a ação já tenha sido ajuizada pela vítima em vida, os herdeiros detêm a legitimidade para prosseguir com ela figurando no polo ativo.
Vale ressaltar, mais uma vez, que não é o direito de personalidade da pessoa morta que é transmitido com a herança. O direito da personalidade extingue-se com a morte do titular. O que se transmite, nesse caso, é apenas o direito patrimonial de requerer a indenização.
O direito à indenização por danos morais é transmissível aos sucessores do falecido por ter caráter patrimonial.
Aprofundando: a súmula falou em herdeiros. O espólio possui legitimidade nesses casos? Vamos entender com calma.
· Herança: é o conjunto de bens deixado pela pessoa falecida. Caracteriza-se, por força de lei, como sendo bem imóvel, universal e indivisível.
· Espólio: é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. O espólio não tem personalidade jurídica. Mesmo assim, o espólio tem capacidade para praticar certos atos jurídicos (ex: celebrar contratos, no interesse da herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo ou passivo da relação processual). O espólio - universalidade de bens deixada pelo de cujus - assume, por expressa determinação legal, a legitimidade ad causam para demandar e ser demandado em todas as ações em que o de cujus integraria o polo ativo ou passivo se vivo fosse.
Quem representa o espólio em juízo (quem age em nome do espólio)?
• Se já houve inventário: o espólio é representado em juízo pelo inventariante.
• Se ainda não foi aberto inventário: o espólio é representado pelo administrador provisório (art. 613 do CPC).
A doutrina ensina que, enquanto não há partilha, é do espólio a legitimidade ativa ad causam para pleitear bem jurídico pertencente ao de cujus. Transitada em julgado a sentença que homologa a partilha, cessa o condomínio hereditário e os sucessores passam a exercer, exclusiva e plenamente, a propriedade dos bens e direitos que compõem o seu quinhão. Com a sentença que homologa a partilha, não há mais que se falar em espólio, sequer em representação em juízo pelo inventariante, de tal forma que a ação deve ser proposta ou continuada por aqueles que participaram da partilha, na condição de herdeiros.
O STJ, em todos os julgados que embasaram a edição da súmula, afirmou que o direito à indenização por danos morais “transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio ou os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus” (STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1446353/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 16/09/2019).
Nesse sentido, veja alguns exemplos:
A posição atual e dominante que vigora nesta c. Corte é no sentido de embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio ou os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 978651 SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/12/2010.
Embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenizaçãotransmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio e os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. STJ. 3ª Turma. REsp 1040529/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/06/2011.
O espólio e os herdeiros possuem legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1567104/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 29/06/2020.
Essa é a redação também de uma das teses do STJ:
Jurisprudência em Teses do STJ (Ed. 125)
Tese 5: Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos do falecido, o espólio e os herdeiros têm legitimidade ativa ad causam para pleitear a reparação dos danos morais suportados pelo de cujus.
O STJ, contudo, sem que o tema tenha sido debatido com profundidade em algum precedente posterior aos julgados acima transcritos, decidiu excluir da redação da súmula a legitimidade do “espólio”, deixando apenas a dos “herdeiros”.
Diante disso, a solução mais “segura”, por enquanto, é considerar tão somente os herdeiros como legitimados. No entanto, será necessário aguardar os novos julgados a serem proferidos após o enunciado para podermos ter certeza se o objetivo do STJ, ao mencionar apenas os herdeiros, foi realmente o de negar a possibilidade do espólio continuar ou ajuizar a ação.
Súmula 641: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados.
	OBS: 
Processo administrativo disciplinar (PAD): O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.
Fases do PAD: Segundo o art. 151 da Lei nº 8.112/90, o processo disciplinar possui três fases:
	FASES DO PAD
	1) INSTAURAÇÃO
	2) INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
	3) JULGAMENTO
	Ocorre com a publicação de um ato (portaria) indicando os membros da comissão processante.
	Nesta etapa ocorrerá:
• a instrução (oitiva de testemunhas, perícias etc.);
• o indiciamento;
• a apresentação de defesa e
• a elaboração de um relatório pela comissão processante.
	A autoridade julgadora, no prazo de 20 dias após receber o processo (com o relatório), irá proferir a sua decisão.
	Obs: na portaria de instauração do processo administrativo disciplinar não precisa constar a a exposição detalhada dos fatos a serem apurados.
	Obs: relatório é o documento no qual a comissão expõe as suas conclusões sobre as provas produzidas e a defesa apresentada pelo acusado.
O relatório deve ser motivado e conclusivo, ou seja, precisa apontar se a comissão recomenda a absolvição do servidor ou a sua condenação, sugerindo a punição aplicável.
Esse relatório será encaminhado à autoridade competente para o julgamento, segundo a estrutura hierárquica do órgão.
	Obs: o PAD se encerra com o julgamento do feito pela autoridade competente, que poderá absolver ou condenar o servidor.
A autoridade poderá acolher ou não as conclusões expostas no relatório da comissão.
• Se decidir acolher: não precisará motivar essa decisão, podendo encampar a fundamentação exposta no relatório.
• Se decidir não acolher: nesse caso, é indispensável a motivação, demonstrando que o relatório contraria as provas dos autos.
 
Veja a redação literal do art. 151 da Lei nº 8.112/90:
Art. 151.  O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;
III - julgamento.
 
Instauração. Como é instaurado o processo administrativo disciplinar? O PAD é instaurado por meio de uma portaria. Nesta portaria constarão os nomes de três servidores estáveis que irão formar a comissão que conduzirá os trabalhos do processo disciplinar. Veja o que diz a doutrina sobre o conteúdo da portaria: 
“O ato publicado deve indicar os membros da comissão, e já então seu presidente. Esse ato deverá também indicar sucintamente dados essenciais ao processo, como o seu número, eventualmente o servidor envolvido, a acusação que se lhe faz e o seu enquadramento legal, o nome da repartição, a data e a assinatura da autoridade responsável.” (RIGOLIN, Ivan Barbosa. Comentários ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 379)
Na portaria de instauração do PAD, é necessário que seja feita uma exposição detalhada dos fatos que serão apurados? NÃO.
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.
Por quê? O objetivo principal da portaria de instauração, prevista no art. 151, I, da Lei) é dar publicidade à constituição da comissão processante, ou seja, informar quem serão os servidores responsáveis pela instrução do feito. Somente após a instrução probatória é que a Comissão Processante terá condições de fazer um relato circunstanciado das condutas supostamente praticadas pelo servidor indiciado, capitulando as infrações porventura cometidas. Desse modo, a descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando o servidor for indiciado (etapa de indiciamento), não sendo imprescindível que conste da portaria de instauração. 
Jurisprudência em Teses do STJ (ed. 05)
Tese 3: A portaria de instauração do processo disciplinar prescinde de minuciosa descrição dos fatos imputados, sendo certo que a exposição pormenorizada dos acontecimentos se mostra necessária somente quando do indiciamento do servidor.
++ (Juiz TJDFT 2016 CESPE) A portaria de instauração de processo administrativo disciplinar dispensa a descrição minuciosa da imputação contra o servidor público, exigida na fase de indiciamento. (CERTO)
E quando ocorre esse “indiciamento”? Após a instrução, ou seja, depois da produção das provas. Depois de terem sido produzidas as provas, a comissão processante irá tipificar a infração disciplinar, ou seja, especificar os fatos imputados ao servidor e as respectivas provas. É nesse momento, portanto, que será feita a descrição minuciosa dos fatos (e não na portaria de instauração).
Depois desse indiciamento, será dada oportunidade de o servidor apresentar sua defesa. Veja o que diz o art. 161 da Lei nº 8.112/90:
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.
Súmula 640: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização ou reexportação para o estrangeiro.
	OBS: 
Zona Franca de Manaus (ZFM): A Amazônia é uma região de enorme relevância para o Brasil e o mundo em razão de sua biodiversidade. Em razão disso, existe uma grande pressão interna e até estrangeira para que essa área seja preservada. O Governo Federal chegou à conclusão de que precisava tomar medidas para evitar que a Floresta Amazônica fosse devastada. No entanto, ao mesmo tempo, seria necessário garantir que a população que vive na região tivesse uma alternativa econômica, ou seja, pudesse trabalhar e ter renda sem precisar desmatar. Diante desse cenário, decidiu-se que seria interessantecriar um polo industrial em Manaus, capital do Amazonas, a fim de permitir que as pessoas tivessem emprego e não precisassem explorar, de forma desordenada, os recursos naturais existentes principalmente no interior no Estado. Ocorre que Manaus é distante dos grandes centros consumidores do Brasil (exs: SP, RJ, MG), de sorte que não havia motivos econômicos que justificassem uma indústria decidir se instalar no Amazonas. Para o setor industrial, seria muito mais vantajoso se manter nos Estados do centro-sul do país. Nesse contexto, o Governo Federal percebeu que seria indispensável fomentar a instalação das indústrias no Amazonas. Para fazer isso, mostrou-se imprescindível conceder incentivos fiscais, ou seja, a isenção ou redução drástica de impostos. Assim, quando uma indústria estivesse decidindo onde ficaria a sua unidade produtiva, poderia escolher se instalar em Manaus, já que, estando lá, pagaria menos impostos. Desse modo, em 1957, foi editada a Lei nº 3.273/57 criando uma zona franca na cidade de Manaus. Os incentivos, contudo, ainda eram muito restritos e não surtiram tanto efeito prático. Dez anos mais tarde, o Governo Federal publicou o Decreto-Lei nº 288/1967 ampliando bastante o modelo e estabelecendo que a Zona Franca de Manaus seria uma área de livre comércio. Veja o art. 1º:
Art. 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos.
As indústrias que se instalam na Zona Franca de Manaus gozam de incentivos fiscais, como a isenção total ou parcial de alguns impostos e contribuições federais, como é o caso do IPI, do imposto de importação, do imposto de renda e do PIS/PASEP. Conforme já expliquei, essa Zona Franca foi criada com o objetivo de levar o desenvolvimento para a Amazônia, fomentando a formação de um centro industrial e comercial na região. Com isso, os habitantes da localidade possuem alternativas econômicas para não precisarem utilizar, de forma devastadora, os recursos ambientais.
A Zona Franca de Manaus é constitucional ou viola o princípio da uniformidade geográfica ou uniformidade tributária prevista no art. 151, I, da CF/88? Segundo o princípio da uniformidade geográfica, também chamado de princípio da não-discriminação tributária ou da defesa da identidade de alíquotas, os tributos federais deverão ser uniformes em todo o território nacional. Trata-se de previsão expressa do art. 151, I, da CF/88:
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
A Zona Franca de Manaus não viola esse princípio porque se enquadra na parte final do inciso I do art. 151, ou seja, a concessão dos incentivos tem por objetivo desenvolver uma região do País que precisa de um tratamento diferenciado em razão de suas peculiaridades geográficas. Além disso, quando a CF/88 foi editada, a Zona Franca de Manaus (que já existia desde 1957) foi incluída no art. 40 do ADCT:
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus.
 
O legislador constituinte optou por essa medida para que não houvesse dúvidas de que ela está de acordo com o princípio da uniformidade geográfica ou uniformidade tributária. Assim, a Zona Franca de Manaus é CONSTITUCIONAL porque foi mantida pela própria CF/88 (art. 40 do ADCT) e também porque se enquadra na parte final do art. 151, I, acima destacado.
Prazo de duração da ZFM: A ZFM é temporária. A ideia é a de que, com o tempo, a região se desenvolva, encontre outras matrizes econômicas e não precise mais dos incentivos fiscais. Infelizmente, contudo, essa alternativa econômica ainda não aconteceu. Em virtude disso, recentemente, o prazo de duração da ZFM foi prorrogado por mais 50 anos pela EC 83/2014. Assim, pelo texto constitucional, a ZFM irá durar até o ano de 2073.
REINTEGRA: Reintegra é a sigla de “Regime especial de reintegração de valores tributários para empresas exportadoras”. Trata-se um programa econômico instituído pelo governo federal com o objetivo de incentivar as exportações. Veja o que diz o art. 21 da Lei nº 13.043/2014:
Art. 21. Fica reinstituído o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras - REINTEGRA, que tem por objetivo devolver parcial ou integralmente o resíduo tributário remanescente na cadeia de produção de bens exportados.
Este programa prevê que a empresa que exporte bens terá direito a créditos. Esses créditos serão apurados mediante a aplicação de um percentual sobre a receita auferida com a exportação. Esse percentual poderia variar entre 0,1% e 3%:
Art. 22. No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica que exporte os bens de que trata o art. 23 poderá apurar crédito, mediante a aplicação de percentual estabelecido pelo Poder Executivo, sobre a receita auferida com a exportação desses bens para o exterior.
§ 1º O percentual referido no caput poderá variar entre 0,1% (um décimo por cento) e 3% (três por cento), admitindo-se diferenciação por bem. (...)
Assim, o art. 22, § 1º, da Lei nº 13.043/2014 determina que o Poder Executivo estabeleça o fator percentual de cálculo do valor do crédito, o qual pode variar entre 0,1% e 3%. 
As empresas nacionais que vendem mercadorias para a Zona Franca de Manaus são beneficiadas com o benefício fiscal do REINTEGRA? SIM. É o teor da Súmula 640 do STJ.
Por quê? O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/1967, recepcionado expressamente pelo art. 40 do ADCT, e o art. 506 do Decreto nº 6.759/2009 dizem que se uma mercadoria é vendida para a Zona Franca de Manaus isso é como se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o exterior. Confira:
DL 288/1967 (regula a ZFM)
Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.
Decreto nº 6.759/2009 (regulamenta a administração das atividades aduaneiras)
Art. 506. A remessa de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou posterior exportação, será, para efeitos fiscais, equivalente a uma exportação brasileira para o exterior (Decreto-Lei nº 288, de 1967, art. 4º).
Assim, a venda de mercadorias para empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale, para efeitos fiscais, à exportação de produto brasileiro para o exterior, de modo que o contribuinte enquadrado nessas condições faz jus ao benefício fiscal instituído pelo REINTEGRA. 
Súmula 639: Não fere o contraditório e o devido processo legal a decisão que, sem ouvida prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento federal.
	OBS: Importante.
Presídios federais: A quase totalidade dos presídios existentes no Brasil é estadual. Com isso, mesmo as pessoas presas por conta de processos que tramitam na Justiça Federal, em regra, ficam custodiadas em presídios estaduais. Na atualidade, existem cinco presídios federais: i) Penitenciária Federal de Catanduvas (PR); ii) Penitenciária Federal de Campo Grande (MS); iii) Penitenciária Federal de Porto Velho (RO); iv) PenitenciáriaFederal de Mossoró (RN); e v) Penitenciária Federal de Brasília (DF). Cada penitenciária dessas possui um juiz federal corregedor, responsável pela unidade e com competências previstas em lei.
 
Base legal: A transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais federais são reguladas pela Lei 11.671/08. Além disso, podem ser citados outros instrumentos infralegais importantes: i) Decreto nº 6.877/2009; ii) Decreto nº 6.049/2007; e iii) Resolução nº 557-CJF.
 
Segurança máxima: Os estabelecimentos penais federais são considerados, pela lei, como de segurança máxima.
 
Quem pode ser recolhido em presídio federal? Poderão ser recolhidos em presídio federal: i) presos provisórios ou condenados; e ii) presos estaduais ou federais.
 
Preso por “crime federal” ou “crime estadual”: O presídio federal pode receber tanto presos acusados e condenados por crimes de competência da Justiça Federal como da Justiça Estadual. Desse modo, o critério para abrigar presos em estabelecimentos prisionais federais não é a competência para julgamento dos fatos por eles praticados, mas sim a necessidade de uma custódia de segurança máxima por razões ligadas à segurança pública ou do próprio preso.
 
Motivos que autorizam o recolhimento do preso em presídio federal: A lei é muito vaga quanto a isso (art. 3º), afirmando que serão recolhidos em presídios federais aqueles cuja medida se justifique por conta do interesse: i) da segurança pública; ou ii) do próprio preso.
 
Segundo o art. 3º do Decreto nº 6.877/2009, para a inclusão ou transferência, o preso deverá possuir, ao menos, uma das seguintes características:
• ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização criminosa;
• ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional de origem;
• estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado — RDD;
• ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou grave ameaça;
• ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua integridade física no ambiente prisional de origem; ou
• estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional de origem.
 
Quem tem legitimidade para pedir a inclusão do preso no Sistema Penitenciário Federal? i) Autoridade administrativa (exs.: delegado de polícia, secretário de segurança pública, secretário de justiça etc.); ii) Ministério Público; e iii) o próprio preso.
 
A quem é endereçado o pedido de transferência para o presídio federal? O requerimento de transferência deve ser endereçado ao juízo responsável pelo preso (juízo federal ou juízo estadual, a depender do caso), e nunca diretamente ao juiz federal corregedor da penitenciária federal. A competência para decidir se haverá a transferência, conforme veremos mais abaixo, é uma decisão tanto do juízo de origem como do juízo federal corregedor do presídio.
 
Oitiva prévia: Após o requerimento ser recebido, é formado um processo de transferência. O juiz deverá determinar, de imediato, que sejam ouvidas, no prazo de 5 (cinco) dias cada:
• a autoridade administrativa;
• o MP;
• a defesa; e
• o Departamento Penitenciário Nacional — DEPEN (a quem é facultado indicar o estabelecimento penal federal mais adequado).
 
Na hipótese de imprescindibilidade de diligências complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo de 5 (cinco) dias, o MPF e a defesa e, em seguida, decidirá acerca da transferência no mesmo prazo.
 
É possível a transferência ou manutenção do preso em presídio federal mesmo sem a oitiva da defesa? SIM. A Lei 11.671/08 prevê que, havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá autorizar a imediata transferência do preso e, após o preso estar incluído no sistema penitenciário federal, ouvir as partes interessadas e decidir pela manutenção ou revogação da medida adotada. Desse modo, em caso de situações emergenciais, o contraditório será diferido.
 
Nesse sentido já decidiu o STF:
A transferência de preso para presídio federal de segurança máxima sem a sua prévia oitiva, desde que fundamentada em fatos caracterizadores de situação emergencial, não configura ofensa aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da individualização da pena e da dignidade da pessoa humana. STF. 1ª T. HC 115539/RO, Rel. Min. Luiz Fux, j. 3/9/13 (Info 718).
 
É também a posição do STJ:
A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de não haver malferimento ao contraditório e à ampla defesa pela não oitiva prévia da defesa da decisão que determina tanto a transferência quanto a permanência do custodiado em estabelecimento penitenciário federal. Precedentes. STJ. 5ª T. RHC 46.786/MS, Rel. Min. Felix Fischer, j. 03/02/15.
 
No Decreto Federal nº 6.877/09, outrossim, não há previsão de oitiva prévia da defesa, quando a transferência do preso, entre as unidades integrantes do sistema penitenciário federal, for requerida pela autoridade administrativa ou pelo Ministério Público. Na ausência de previsão legal específica, não é de se impor a oitiva prévia da defesa, como requisito para a transferência do apenado entre estabelecimentos penais federais, sendo sempre possível que o apenado, em momento posterior e valendo-se dos meios cabíveis, insurja-se contra qualquer ilegalidade praticada pela administração da justiça, no caso concreto. STJ. 5ª T. AgRg no RHC 73261/SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 18/04/17.
 
O Decreto nº 6.877/09 prevê que a transferência poderá ocorrer mediante requerimento da autoridade administrativa ou do Ministério Público dirigido ao juiz federal corregedor, sem exigir previa oitiva da defesa, bastando que o pleito seja instruído com os fatos motivadores. STJ. 6ª T. AgRg no RHC 49.440/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 14/11/17.
 
De quem é a competência para decidir se um preso deve ou não ser incluído no Sistema Penitenciário Federal? Inicialmente, o juízo de origem (federal ou estadual), isto é, o juízo responsável pelo preso, faz um juízo de admissibilidade sobre o requerimento de transferência.
• Se nesse juízo de admissibilidade, o pedido for indeferido: encerra-se o processo de transferência. Há possibilidade de recurso.
• Se houver concordância com o pedido: o próprio juízo de origem formulará requerimento ao juízo federal competente pelo presídio federal, encaminhando os autos do processo de transferência.
 
O juiz federal corregedor do presídio federal irá, então, decidir, de forma fundamentada, se aceita ou não o preso. Desse modo, a inclusão dependerá de duas decisões:
• do juízo de origem (estadual ou federal, a depender do caso);
• do juízo federal corregedor do presídio.
 
O que o juízo federal corregedor do presídio analisa para decidir se haverá ou não a inclusão do preso? Apenas a regularidade formal da solicitação. Segundo entende o STJ:
Ao Juízo Federal não compete realizar juízo de valor sobre as razões de fato emanadas pelo Juízo solicitante, sendo-lhe atribuído pelo art. 4.º da Lei n.º 11.671/2008, tão somente, o exame da regularidade formal da solicitação. STJ. 3ª S. CC 168.595/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 11/03/20.
 
Prevalece, no STJ, o entendimento no sentido de que, acaso devidamente motivado pelo Juízo estadual o pedido de manutenção do preso em presídio federal, não cabe ao Magistrado Federal exercer juízo de valor sobre a fundamentação apresentada, mas apenas aferir a legalidade da medida. STJ. 3ª S. AgRg no CC 169.736/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 12/02/20.
 
Não cabe ao Juízo Federal discutir as razões do Juízo Estadual, quando solicita a transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, assim quando pede a renovação do prazo de permanência, porquanto este é o único habilitado a declarar a excepcionalidade da medida. STJ. 3ª S. AgRg no CC 160.401/PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j. 10/04/19.
 
O que acontece se o juízo federal corregedor do presídio não admitir a transferência do preso? Rejeitada a transferência, o juízo de origem poderá suscitar oconflito de competência perante o tribunal competente, que o apreciará em caráter prioritário. Enquanto não decidido o conflito de competência e sendo caso de renovação, o preso permanecerá no estabelecimento penal federal. No julgamento dos conflitos de competência, a lei afirma que o tribunal competente (no caso, o STJ) deverá negar a transferência em caso de o presídio federal já estar com lotação máxima.
 
Qual é a natureza jurídica desse conflito de competência? A Lei fala expressamente que se trata de conflito de competência (posição que deve ser adotada nas provas, especialmente em testes objetivos). No entanto, em uma prova discursiva ou oral, você pode ser indagado ou, então, pode acrescentar a informação extra de que existem julgados que criticam essa nomenclatura, afirmando que teria havido um erro do legislador ao falar em conflito. Veja esse precedente do TRF da 1ª Região:
PROCESSUAL PENAL. INCLUSÃO DE PRESO EM ESTABELECIMENTO PENAL FEDERAL DE SEGURANÇA MÁXIMA. INDEFERIMENTO DE PRORROGAÇÃO. LEI 11.671/08 (ART. 10, § 5º). CONFLITO IMPRÓPRIO DE COMPETÊNCIA (RECURSO DE OFÍCIO). 1. Rejeitada a renovação da permanência de preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima, o juízo de origem poderá suscitar conflito de competência, que o tribunal apreciará em caráter prioritário (Lei 11.671/08 — art. 10, § 5º). 2. Não há (firmada a situação), na realidade, nenhum conflito de competência, somente existente quando "duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso", ou "quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos" (art. 114, I e II — CPP). Regência semelhante contém o Código de Processo Civil (art. 115). 3. O erro técnico do legislador, numa situação apenas de divergência de entendimento, sem disputa de competência, expressa a sua intenção em dispor que, rejeitada a renovação, o juízo de origem mandará o processo para o Tribunal, numa espécie de recurso de oficio, chamado pelo texto de "conflito" — na verdade, divergência de entendimento na solução de um caso concreto — para que reveja (ou não) a decisão do juiz federal corregedor do presídio. 4. No impasse, e em face da necessidade de solucionar a questão, é de se conhecer da manifestação do juízo de origem como um “conflito impróprio de competência", entendido, em essência, como um recurso de oficio. 5. Remessa conhecida como "conflito impróprio de competência" (recurso de ofício). Determinação para que o preso permaneça no Presídio Federal de Porto Velho/RO por mais 360 dias, até o final do prazo anterior. (CC 0058415-54.2013.4.01.0000 / AM, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO RIBEIRO, Rel. Acor. DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO HERCULANO DE MENEZES, SEGUNDA SEÇÃO, e-DJF1 p.25 de 11/12/2013)
 
Quem julga esse conflito de competência?
	Se o juízo de origem for
	Quem julgará
 o conflito?
	Juiz estadual
	STJ
	Juiz federal vinculado a um TRF diferente do juiz federal corregedor do presídio.
Ex.: quem solicitou foi o juiz federal do Rio de Janeiro (TRF2) e quem rejeitou foi o juiz federal de Porto Velho (TRF1).
	STJ
	Juiz federal vinculado ao mesmo TRF do juiz federal Corregedor do presídio.
Ex.: quem solicitou foi o juiz federal de Manaus (TRF1) e quem rejeitou foi o juiz federal de Porto Velho (TRF1).
	TRF respectivo
(no exemplo dado será o TRF1)
 
Colaborou com a atualização do post: Ruidiney Nunes.
 
NOVIDADE LEGISLATIVA (2019): LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME): ALTERAÇÃO NA LEI DOS PRESÍDIOS FEDERAIS (LEI 11.671/2008): A Lei 13.964/19 promoveu algumas alterações na Lei nº 11.671/2008.
 
Quem é o responsável pela execução penal no presídio federal? O juiz federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o presídio federal. É o que prevê o art. 2º da Lei nº 11.671/2008:
Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal nos estabelecimentos penais federais será desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver localizado o estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o preso.
 
A Lei nº 13.964/2019 acrescenta um parágrafo único neste art. 2º com a seguinte redação:
Art. 2º (...) Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente para as ações de natureza penal que tenham por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução da pena ou infrações penais ocorridas no estabelecimento penal federal.
 
Assim, imagine que um detento que está em um presídio federal cometa um crime lá dentro. Essa infração penal será julgada pelo juízo federal responsável pelo presídio.
 
Inclusão no presidio federal: 
Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima aqueles para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio preso, condenado ou provisório. (Redação dada Lei nº 13.964/2019)
 
Características do cumprimento de pena no estabelecimento penal federal:
Art. 3º (...) § 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no atendimento do interesse da segurança pública, será em regime fechado de segurança máxima, com as seguintes características:
I - recolhimento em cela individual;
II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e de amigos somente em dias determinados, por meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) pessoas por vez, além de eventuais crianças, separados por vidro e comunicação por meio de interfone, com filmagem e gravações;
III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e
IV - monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de correspondência escrita.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 13.964/2019)
 
Monitoramento de áudio e vídeo no parlatório: 
Art. 3º (...) § 2º Os estabelecimentos penais federais de segurança máxima deverão dispor de monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns, para fins de preservação da ordem interna e da segurança pública, vedado seu uso nas celas e no atendimento advocatício, salvo expressa autorização judicial em contrário. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
 
Configura o crime do art. 325 do Código Penal (violação de sigilo funcional), a violação ao disposto neste § 2º acima transcrito.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
 
Gravações só poderão ser utilizadas como meio de prova de infrações penais praticadas após o ingresso do preso no estabelecimento prisional: 
Art. 3º (...) § 3º As gravações das visitas não poderão ser utilizadas como meio de prova de infrações penais pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
 
Assim, por exemplo, mesmo que o preso confesse para sua visita que matou uma pessoa antes de entrar no presídio e que essa confissão fique gravada, ela não poderá ser utilizada como meio de prova.
 
Suspensão ou restrição do direito de visitas: 
Art. 3º (...) § 4º Os diretores dos estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou o Diretor do Sistema Penitenciário Federal poderão suspender e restringir o direito de visitas previsto no inciso II do § 1º deste artigo por meio de ato fundamentado. (Incluído pela Lei 13.964/2019)
 
Prazo máximo de permanência no presídio federal:
• Antes: era de 360 dias.
• Agora: é de 3 anos.
 
	LEI DE TRANSFERÊNCIA E INCLUSÃO DE PRESOS EM ESTABELECIMENTOS PENAIS FEDERAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA
	Antes da Lei 13.964/2019
	ATUALMENTE
	Art. 10.  (...)
§ 1º O período de permanência não poderá ser superior a 360 (trezentos e sessenta) dias, renovável, excepcionalmente, quando solicitado motivadamente pelo juízo de origem, observados os requisitos da transferência.
	Art. 10.  (...)
§ 1º O período de permanência será de até 3 (três) anos, renovável por iguais períodos, quando solicitado motivadamente pelo juízo de origem, observados os requisitos da transferência, e se persistirem osmotivos que a determinaram.
 
Decisões relacionadas com o presídio federal poderão ser colegiadas: Muitas vezes a decisão sobre a transferência ou prorrogação da permanência de um preso no presídio federal é algo extremamente arriscado considerando que contraria os interesses de organizações criminosas perigosas. Pensando nisso, o legislador incluiu o art. 11-A dizendo que essa decisão poderá ser tomada por um colegiado:
Art. 11-A. As decisões relativas à transferência ou à prorrogação da permanência do preso em estabelecimento penal federal de segurança máxima, à concessão ou à denegação de benefícios prisionais ou à imposição de sanções ao preso federal poderão ser tomadas por órgão colegiado de juízes, na forma das normas de organização interna dos tribunais.
 
Presídios e segurança máxima estaduais:
Art. 11-B. Os Estados e o Distrito Federal poderão construir estabelecimentos penais de segurança máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será aplicável, no que couber, o disposto nesta Lei.
Súmula 638: É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil.
	OBS: Importante.
Penhor civil: Penhor é o direito real pelo qual o devedor ou terceiro transfere ao credor, em garantia do débito, a posse de uma coisa móvel. A coisa dada em penhor é “empenhada” ou “apenhada”. Não se pode confundir penhor (garantia real) com penhora (ato do processo de execução).
Penhor de joias: A Caixa Econômica Federal oferece uma forma de conferir empréstimo de modo mais ágil e sem burocracia. Trata-se do empréstimo com penhor. A pessoa interessada em obter um empréstimo procura a CEF e obtém o empréstimo, oferecendo, como garantia, joias, pedras preciosas, canetas, relógios etc. Quando a pessoa paga o empréstimo, recebe de volta o bem empenhado. Se o mutuário não quitar o empréstimo, a coisa apenhada é leiloada.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Pedro, precisando de dinheiro, resolve tomar um empréstimo na CEF e, como garantia, entrega o seu anel de formatura. No contrato assinado, havia uma cláusula que dizia que, em caso de roubo, furto ou extravio da joia empenhada, a CEF deveria pagar ao mutuário, a título de danos materiais e morais, o valor máximo de 1,5 vezes da quantia pela qual foi avaliado o bem. Ex: se o bem tivesse sido avaliado em R$ 10 mil, a CEF pagaria, no máximo, R$ 15 mil de indenização. Uma semana após Pedro dar o bem em garantia, houve um furto na agência da CEF e levaram o anel, que estava guardado em um cofre.
A CEF deverá indenizar Pedro por esse furto? SIM. O furto ocorrido deve ser entendido como fortuito interno, inerente à atividade explorada pelo banco. Assim, a instituição financeira é responsável por furtos ou mesmo roubos em seus cofres (STJ. 4ª T. REsp 1.250.997/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 5/2/13).
Essa cláusula que limita o valor da indenização é válida? NÃO. O CDC prevê, em seu art. 51, I:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
No contrato de penhor celebrado com a Caixa, é notória a hipossuficiência do consumidor, pois este, necessitando de empréstimo, apenas adere a um contrato cujas cláusulas são inegociáveis, submetendo-se, inclusive, à avaliação unilateral realizada pela instituição financeira. Vale ressaltar que, comumente, a avaliação é inferior ao preço cobrado do consumidor no mercado varejista de joias. Ao aceitar dar em penhor sua joia pessoal, o consumidor demonstra não estar interessado em vender esse bem empenhado, preferindo transferir apenas a posse temporária dela à instituição financeira, em garantia de um empréstimo. Pago o empréstimo, ele tem plena expectativa de ter de volta seu bem. Isso revela que, em regra, o mutuário possui uma relação afetiva com a coisa apenhada.
O que fazer, então, no caso concreto? O juiz deverá reconhecer que a cláusula é nula de pleno direito, nos termos do art. 51, I, do CDC, devendo condenar à CEF a pagar um valor justo de indenização, que atenda estritamente aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Deve-se salientar que, além dos danos materiais, a CEF deverá ser condenada a pagar também danos morais, uma vez que o consumidor que decide pelo penhor assim o faz pretendendo receber o bem de volta, e, para tanto, confia que o mutuante o guardará pelo prazo ajustado. Se a coisa empenhada fosse para o proprietário um bem qualquer, sem nenhum valor sentimental, provavelmente o consumidor optaria pela venda da joia, e, certamente, obteria um valor maior.
Qual é o prazo prescricional para o ajuizamento dessa ação de indenização? 5 anos, nos termos do art. 27 do CDC:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
##Atenção: ##TJRS-2018: ##VUNESP: ##TJBA-2019: ##CESPE: O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, devendo incidir o prazo prescricional de 5 anos para a ação de indenização, conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª T. REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 24/10/17 (Info 616).
· (TJBA-2019-CESPE): No que se refere a responsabilidade por vício do serviço, legitimidade ativa para a propositura de ações coletivas, cláusulas abusivas, prescrição e decadência, assinale a opção correta, com base no CDC e na jurisprudência do STJ: O furto de joias que sejam objetos de penhor constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, e não mero inadimplemento contratual, devendo incidir o prazo prescricional de cinco anos para o ajuizamento das competentes ações de indenização, conforme previsto no CDC. BL: Info 616, STJ.
· (TJRS-2018-VUNESP): Joias utilizadas como garantia de mútuo em contrato de penhor subscrito com instituição financeira foram furtadas. A contraprestação devida nos contratos de mútuo garantido por penhor é o pagamento do valor acordado para o empréstimo. Nesse caso, a prescrição para que o proprietário das joias, que pagou sua dívida, seja ressarcido pelo valor das mesmas é de cincos anos, por se tratar de reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço. BL: art. 27, CDC e Info 616, STJ.
Súmula 637: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for o caso, o domínio.
	OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de reintegração de posse contra Pedro alegando que o réu invadiu o seu sítio. Foi, então, que o INCRA (autarquia federal) apresentou oposição alegando que nenhum dos dois (nem autor nem réu) tinha direito. Isso porque o terreno em discussão pertenceria a ele (INCRA), de forma que os particulares em questão não teriam a posse sobre o bem. O juiz não admitiu a intervenção do INCRA no processo alegando que, em ação possessória não se admite oposição, mesmo que se trate de bem público, porque nesse tipo de demanda discute-se a posse do imóvel, de forma que o INCRA não poderia intervir discutindo o domínio (propriedade). O magistrado invocou, como fundamento legal, o art. 557 do CPC/2015:
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
O argumento utilizado pelo magistrado é aceito pela jurisprudência atual do STJ? NÃO. Em ação possessóriaentre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21/03/2018 (Info 623).
Acesso à justiça: O STJ afirmou que, neste caso, não se deve aplicar o art. 557 do CPC/15, sob pena de o Poder Público ficar sem ter como defender sua propriedade, o que violaria a garantia constitucional de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF). Não se poderia conceber que o Poder Público, sendo titular do bem público, possa ser impedido de postular em juízo a observância do seu direito simplesmente pelo fato de que particulares se anteciparam e estão discutindo entre eles a posse.
Oposição discute também posse e, apenas incidentalmente, o domínio do bem público: Quando se trata de bens públicos, não se pode exigir da Administração Pública que demonstre o poder físico sobre o imóvel, para que se caracterize a posse sobre o bem. Esse procedimento é incompatível com a amplitude das terras públicas, notadamente quando se refere a bens de uso comum e dominicais. A posse do Estado sobre seus bens deve ser considerada permanente, independendo de atos materiais de ocupação, sob pena de tornar inviável conferir aos bens do Estado a proteção possessória. Disso decorre que a ocupação dos bens públicos por particulares não significa apenas um ato contrário à propriedade do Estado, mas também um verdadeiro ato de esbulho contra a posse da Administração Pública sobre esses bens. Desse modo, se dois particulares estão discutindo a posse de um bem público e há a oposição do Poder Público, este também estará discutindo a posse do Estado sobre a área.
Não significa que o proprietário irá vencer: Não se está a afirmar que o proprietário haverá de se sagrar sempre vencedor da demanda possessória. Tanto assim que o parágrafo único do art. 557 do CPC/15 veio a dispor que “Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa”. Com efeito, a tutela possessória há de ser concedida àquele que tenha melhor posse, que poderá ser não o proprietário, mas o arrendatário, o cessionário, o locatário, o depositário etc. 
Súmula 636: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
	OBS: Importante.
Critério trifásico: A dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
· 1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
· 2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
· 3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado pela jurisprudência pátria (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 19/03/2013).
 
Maus antecedentes: Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são as seguintes: a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) personalidade do agente, e) motivos do crime, f) circunstâncias do crime, g) consequências do crime, h) comportamento da vítima.
Antecedentes são as anotações negativas que o réu possua em matéria criminal. Se o juiz entender que o réu possui maus antecedentes, ele irá aumentar a pena-base imposta ao condenado. Trata-se, portanto, de uma circunstância analisada na 1ª fase da dosimetria. O STJ afirma que, em face do princípio da presunção de não culpabilidade, os inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser considerados maus antecedentes.
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
 
Esse é também o entendimento do STF:
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. STF. Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 17/12/14 (repercussão geral) (Info 772).
 
Exemplo de maus antecedentes: Em 5/5/12, Pedro cometeu um roubo. Em 6/6/13, ele foi condenado pelo roubo, mas recorreu contra a sentença. Em 7/7/13, Pedro praticou um furto, iniciando outro processo penal. Em 8/8/13, a condenação pelo roubo transitou em julgado. Em 9/9/13, Pedro é condenado pelo furto. Na sentença condenatória pelo furto, o juiz não poderá considerar Pedro reincidente (art. 61, I, do CP). Isso porque quando praticou o segundo crime (furto), a condenação pelo delito anterior (roubo) ainda não havia transitado em julgado. Logo, não se enquadra na definição de reincidência. Por outro lado, na sentença condenatória pelo furto, o juiz poderá considerar a condenação pelo roubo, já transitada em julgado, como circunstância judicial negativa. Vejamos os seguintes julgados:
A condenação por fato anterior ao delito que se julga, mas com trânsito em julgado posterior, pode ser utilizada como circunstância judicial negativa, a título de antecedente criminal. STJ. 5ª T. HC n. 210.787/RJ, Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/9/2013.
 
Uma vez existente condenação transitada em julgado por fato anterior ao cometimento do delito sub examine, mostra-se correta a conclusão pela existência de maus antecedentes. STJ. 6ª T. HC 399.029/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018.
 
Reincidência: A definição de reincidência, para o Direito Penal brasileiro, é encontrada a partir da conjugação do art. 63 do CP com o art. 7º da Lei de Contravenções Penais. Com base nesses dois dispositivos, podemos encontrar as hipóteses em que alguém é considerado reincidente para o Direito Penal (inspirado no quadro contido no livro de CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 401):
 
	Se a pessoa é condenada definitivamente por
	E depois da condenação definitiva pratica novo(a)
	Qual será a consequência?
	CRIME
(no Brasil ou exterior)
	CRIME
	REINCIDÊNCIA
	CRIME
(no Brasil ou exterior)
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	REINCIDÊNCIA
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	REINCIDÊNCIA
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	CRIME
	NÃO HÁ reincidência.
Foi uma falha da lei.
Mas gera maus antecedentes.
	CONTRAVENÇÃO
(no estrangeiro)
	CRIME ou CONTRAVENÇÃO
	NÃO HÁ reincidência.
Contravenção no estrangeiro não influi aqui.
 
A reincidência é uma agravante da pena: Se o réu for reincidente, sofrerá diversos efeitos negativos no processo penal. O principal deles é que, no momento da dosimetria da pena em relação ao segundo delito, a reincidência será considerada como uma agravante genérica (art. 61, I do CP), fazendo com que a pena imposta seja maior do que seria devida caso ele fosse primário.
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I — a reincidência;
 
Outras consequências da reincidência: Além de ser uma agravante, a reincidência produz inúmeras outras consequências negativas para o réu. Vejamos as principais:
a) torna mais gravoso o regime inicial de cumprimento de pena (art. 33, § 2º, CP);
b) o reincidente em crime doloso não tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44, II);
c) o reincidente em crime doloso não tem direito à suspensão condicional da pena – sursis (art. 77, I), salvo se condenado apenas a pena de multa (§ 1º do art. 77);
d) o réu reincidente não poderá ser beneficiado com o privilégio no furto (art. 155, § 2º), na apropriação indébita (art. 170), no estelionato (art. 171, § 1º) e na receptação (art. 180, § 5º, do CP);
e) a reincidência impede a concessão da transação penal e da suspensão condicional do processo (arts. 76, § 2º, I e 89, caput da Lei nº 9.099/95);
f) no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência (art. 67 do CP);
g) influencia no tempo necessário para a concessãodo livramento condicional (art. 83);
h) o prazo da prescrição executória aumenta em 1/3 se o condenado é reincidente (art. 110) (obs.: não influencia na prescrição da pretensão punitiva);
i) é causa de interrupção da prescrição executória (art. 117, VI);
j) é causa de revogação do sursis (art. 81, I e § 1º), do livramento condicional (art. 86, I e II, e art. 87) e da reabilitação, se a condenação for a pena que não seja de multa (art. 95). 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Na sentença condenatória, o juiz, no momento da dosimetria da pena, majorou a pena-base, assim fundamentando sua decisão: “O réu ostenta maus antecedentes, conforme demonstrado pela folha de antecedentes criminais juntada aos autos pelo Ministério Público às fls. 111-112, razão pela qual majoro a pena-base, fixando-a em...” A defesa apelou alegando que os “maus antecedentes” e a “reincidência” somente podem ser comprovados mediante certidão cartorária, não sendo suficiente a mera juntada de folha de antecedentes considerando que esta poderia conter erros, não sendo confiável.
 
A tese da defesa é acolhida pelo STJ? A comprovação dos maus antecedentes e da reincidência precisa ser feita, obrigatoriamente, por meio de certidão cartorária? NÃO. Para o STJ, a comprovação dos maus antecedentes ou a comprovação da reincidência pode ser feita com a juntada da mera folha de antecedentes criminais do réu.
(...) a folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente à comprovação da existência de maus antecedentes e reincidência, não sendo, pois, imprescindível a apresentação de certidão cartorária. (...) STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1716998 RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/05/2018.
 
O registro de condenação transitada em julgado em folha de antecedentes criminais é suficiente para a caracterização da reincidência, não sendo obrigatória a apresentação de certidão cartorária. STJ. 6ª T. HC 212789 SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 07/10/2014.
 
Assim, a folha de antecedentes criminais é documento hábil à comprovação tanto dos maus antecedentes como da reincidência.
 
Por que? Porque a folha de antecedentes criminais já possui fé pública e valor probante para o reconhecimento das informações nela certificadas. (STJ. 6ª Turma. HC 272899 SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 18/9/14). A folha de antecedentes criminais expedida contém a identificação do réu, o crime que o condenou e a data do trânsito em julgado da condenação. Essas informações já são suficientes para o reconhecimento da circunstância judicial dos “maus antecedentes” ou para a agravante da “reincidência”, não sendo necessário, portanto, nenhum documento a mais (STJ. 5ª Turma. REsp 285750/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 7/10/03).
 
Esta súmula trata apenas sobre aspectos formais: Vale ressaltar que a Súmula 636 do STJ versa unicamente sobre a forma de comprovação dos registros criminais que existem contra o réu, ou seja, ele trata apenas de aspectos formais. Este enunciado não dispõe sobre os registros que se enquadram ou não juridicamente como “maus antecedentes” ou como “reincidência”. Em outras palavras, ela não discute o conteúdo do conceito desses institutos. Logo, a Súmula 444 do STJ não foi afetada e continua sendo plenamente aplicável: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”. A Súmula 636 do STJ diz apenas o seguinte: os registros criminais do réu podem ser comprovados pela “folha de antecedentes”. Os registros que estão, portanto, na folha de antecedentes são presumivelmente verdadeiros e produzem efeitos para o processo. A partir daí, se tais registros serão, ou não, considerados como maus antecedentes ou reincidência não é assunto tratado pela Súmula 636.
 
Ex: imaginemos que o MP junta, no processo criminal, a folha de antecedentes do réu e que nela consta a existência de um inquérito instaurado contra ele. Esse documento (folha de antecedentes) é válido e eficaz para o processo. No entanto, apesar desse registro ser verídico – a folha de antecedentes comprovou validamente que existe um inquérito contra o réu – isso não servirá para aumentar a pena-base.
 
Presunção relativa: Vale ressaltar que a folha de antecedentes faz presunção relativa de veracidade. Assim, a defesa poderá provar, por exemplo, que alguma informação que ali consta está incorreta.
	(TJAL-2019-FCC): Na aplicação da pena, a folha de antecedentes constitui documento suficiente para a comprovação de reincidência, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação. BL: S. 636, STJ e art. 64, I, CP.
##Atenção: Vide art. 64, I do CP: “Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;”
Súmula 635: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
	OBS: Importante.
Processo administrativo disciplinar: Esta súmula trata sobre processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais. O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.
 
Processo administrativo disciplinar em sentido amplo: O processo administrativo disciplinar (em sentido amplo) divide-se em:
• sindicância;
• processo administrativo disciplinar propriamente dito (PAD).
 
Espécies de sindicância: Existem duas espécies de sindicância:
a) sindicância investigatória (preparatória): instaurada para servir como uma espécie de investigação prévia do fato. Nela não há contraditório e ampla defesa.
b) sindicância de caráter punitivo (contraditória, acusatória): ocorre quando é instaurada para julgar o fato, conferindo contraditório e podendo, ao final, aplicar penalidade de advertência ou suspensão de até 30 dias.
 
Prescrição da infração administrativa: As infrações disciplinares, assim como as infrações penais, também estão sujeitas à prescrição. Logo, se a Administração Pública demorar muito tempo para apurar uma falta cometida pelo servidor, ela perderá o direito de punir. A prescrição da pretensão punitiva é um direito fundamental do ser humano e está baseado na segurança jurídica. Somente a CF/1988 pode declarar que determinada infração (penal ou administrativa) é imprescritível (exs.: art. 5º, XLII, XLIV; art. 37, § 5º).
 
Quais os prazos prescricionais aplicáveis às sanções administrativas? O art. 142 da Lei 8.112/90 prevê os prazos de prescrição disciplinar:
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I — em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II — em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III — em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. (...)
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime.
Veja, de forma mais didática, o tema nesta tabela abaixo:
	Tipo de infração
	Prazo prescricional
	Se a sanção prevista para essa infração administrativa for DEMISSÃO, CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA ou DISPONIBILIDADE e DESTITUIÇÃO de cargo em comissão.
	5 anos
	Se a sanção for SUSPENSÃO.
	2 anos
	Se a sanção for ADVERTÊNCIA.
	180 dias
	Se a infração administrativa praticada for também CRIME.
	Será o mesmo prazo da prescrição penal (art. 109, CP)
 
Qual é o termo inicial dos prazos de prescriçãodas infrações administrativas? Em outras palavras, quando se iniciam os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei 8.112/90? Na data em que o fato se tornou conhecido. É o que diz expressamente o § 1º do art. 142:
Art. 142 (...)
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.
 
Para que o prazo prescricional tenha início, é necessário que a irregularidade praticada pelo servidor chegue ao conhecimento da autoridade competente para instaurar o PAD ou o prazo já se inicia caso outras autoridades do serviço público saibam do fato? O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar e não a ciência de qualquer autoridade da Administração Pública:
O art. 142, § 1º da Lei 8.112/90 prevê que o prazo prescricional da ação disciplinar “começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido”. O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer autoridade da Administração Pública. STJ. 1ª S. MS 20.615/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 8/3/17.
 
Um exemplo para você entender melhor: No dia 02/02, é protocolizado um ofício no Ministério do Trabalho narrando supostas irregularidades que teriam sido praticadas contra o servidor do órgão. Ocorre que, por uma falha do protocolo, esse ofício somente é encaminhado ao setor competente (corregedoria) seis meses depois, ou seja, em 02/08. Neste caso, o termo inicial do prazo prescricional será 02/08 (e não 02/02). Vejamos: 
O mero recebimento de ofício no protocolo do Ministério do Trabalho não pode ser considerado como conhecimento da autoridade competente para a instauração do Processo Administrativo Disciplinar. O prazo prescricional somente se inicia no dia em que a Corregedoria do Ministério do Trabalho recebe a “denúncia” contra o servidor, considerando que esta é a autoridade competente para instauração do PAD. STJ. 1ª T. AgInt nos EDcl no AgInt nos EDcl no MS 23.582/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 22/5/19.
 
Em suma, a 1ª parte da súmula diz o seguinte: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato.
 
A fluência desse prazo prescricional sofre alguma interrupção? SIM. A fluência do prazo prescricional é interrompida com o primeiro ato de instauração válido:
• instauração de sindicância de caráter punitivo (porque aqui tem contraditório); ou
• instauração de processo administrativo disciplinar propriamente dito.
Essa é a redação do § 3º do art. 142:
Art. 142 (...)
§ 3º A abertura de sindicância (obs: de caráter punitivo) ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.
 
Eis, portanto a 2ª parte da súmula: “(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)”.
 
O que significa essa “interrupção”? Essa interrupção aqui, na verdade, significa que o prazo é “zerado” e fica sem correr. Ex: o corregedor do órgão foi informado em 02/02 de que determinado servidor cometeu uma infração administrativa cuja lei prevê “advertência” como punição; o prazo prescricional é de 180 dias; no 170º dia, o corregedor instaura uma sindicância de caráter punitivo; isso significa que o prazo prescricional foi interrompido (“zerado”).
 
Depois de ser interrompido (“zerado”), o prazo prescricional pode voltar a correr em algum momento? SIM. Essa interrupção não é definitiva, considerando que, se passarem 140 dias sem que a sindicância ou o PAD sejam julgados, o prazo prescricional recomeça a correr por inteiro: STJ. 1ª So. MS 21.669/DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 23/08/2017.
Essa é a 3ª parte da súmula: “(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.”
 
Por que 140 dias? De onde vem esse prazo? A lei não prevê expressamente esse prazo para a retomada do prazo prescricional. Trata-se de uma “construção” do STJ. Na verdade, 140 dias é o prazo máximo fixado pela lei para conclusão e julgamento do PAD a partir de sua instauração (art. 152 c/c art. 167):
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
 
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
 
• Prazo para conclusão do PAD: 60 dias prorrogável por mais 60 dias, totalizando 120 dias (art. 152).
• Prazo para decisão: 20 dias.
• Prazo máximo para conclusão e julgamento do PAD: 120 + 20 = 140 dias.
 
Desse modo, o STJ construiu o seguinte raciocínio:
- a instauração a sindicância de caráter punitivo ou a instauração do processo administrativo disciplinar interrompem o prazo prescricional. Isso porque demonstram que o Poder Público não está mais inerte e tomou as providências necessárias.
- ocorre que a lei prevê prazos para que esse procedimento seja concluído.
- se esses prazos são ultrapassados, significa dizer que o Poder Público voltou a ficar inerte e, então, neste caso, deve o prazo prescricional deve recomeçar por inteiro.
 
Súmula dividida em três partes:
	PARTES
	FUNDAMENTO
	Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato (...)
	Art. 142, § 1º
	(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)
	Art. 142, § 3º
	(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
	Art. 142, § 4º c/c arts. 152 e 167.
 
Súmula 634: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na lei de improbidade administrativa para os agentes públicos. (MPGO-2019) (MPCE-2020)
	OBS: Importante.
Para entender bem a súmula o Dizer o Direito dividiu o estudo em duas partes. Primeiramente, iremos verificar quem é o “particular” na prática do ato de improbidade administrativa e, em seguida, vamos analisar os aspectos da prescrição nas ações de improbidade.
 
	QUEM RESPONDE PELO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA?
	SUJEITO ATIVO
Sujeito ativo do ato é...
- a pessoa física ou 
- a pessoa jurídica que
- pratica o ato de improbidade administrativa; 
- concorre para a sua prática; 
- ou dele se beneficia.
 
Pode ser de duas espécies:
1) agentes públicos;
2) terceiros.
	1) AGENTES PÚBLICOS (art. 2º da Lei)
Conceito amplo que abrange todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
	
	2) TERCEIROS (art. 3º)
Terceiro é... 
- a pessoa física ou jurídica que, 
- mesmo não sendo agente público, 
- induziu ou concorreu para a prática do ato de improbidade 
- ou dele se beneficiou direta ou indiretamente.
Terceiro, portanto, é o particular que participa do ato de improbidade administrativa juntamente com o agente público.
 
Desse modo, quando a súmula fala em “particular”, ela está se referindo ao “terceiro” acima explicado.
 
Prescrição: Se um direito é violado, o titular deste direito passa a ter a pretensão de buscar judicialmente a reparação do dano (de forma específica ou pelo equivalente em dinheiro). Essa pretensão, contudo, deve ser exercida dentro de um prazo previsto na lei. Esgotado esse prazo, extingue-se a pretensão. A extinção dessa pretensão pelo decurso do prazo é chamada de prescrição. Isso está previsto no art. 189 do Código Civil, valendo, como regra geral: 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
 
A prescrição tem como fundamentos a pacificação social e a segurança jurídica. Se não existisse prazo para o titular do direito exercer a sua pretensão, todas as relações jurídicas seriam sempre marcadas pela incerteza e instabilidade, considerando que um fato ocorrido há anos ou mesmo décadas poderia ser questionado. A prescrição está presente nos diversos ramos do Direito, inclusive no Direito Administrativo. 
 
Prescrição e atos de improbidade administrativa: Os atos de improbidade administrativa, assim como ocorre com as infrações penais, também estão sujeitos a prazos prescricionais. Logo, caso os legitimados ativos demorem muito tempo para ajuizar a ação de improbidade administrativa contra o responsável pelo ato ímprobo, haverá a prescrição e a consequente perda da pretensão punitiva.
 
Qual é o prazo prescricional para a propositura de ações de improbidade administrativa? Como regra, 5 anos. Isso está previsto no art. 23 da Lei 8.429/92. Confira o texto legal:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.
 
Para facilitar o entendimento do texto legal, veja esta tabela com as principais regras sobre o termo inicial da prescrição nos atos de improbidade administrativa:
	PRESCRIÇÃO NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
	Se o ato de improbidade for imputado contra...
	O prazo para ajuizar a ação contra esse sujeito será de...
	O início da contagem desse prazo será...
	Agente público com vínculo TEMPORÁRIO 
(mandato, cargo em comissão  ou de função de confiança)
	Até 5 anos
	O primeiro dia após o fim do vínculo.
	Agente público com vínculo PERMANENTE 
(cargo efetivo ou 
emprego público)
	O prazo e o início da contagem serão os mesmos que são previstos no estatuto do servidor para prescrição de faltas disciplinares puníveis com demissão.
Ex.: na Lei 8.112/90, em regra, o prazo prescricional é de 5 anos, contado da data em que o fato se tornou conhecido (salvo se a infração for também crime).
Lei estaduais e municipais podem trazer regra diferente.
Em caso de atos de improbidade praticados contra o patrimônio das entidades referidas no parágrafo único do art. 1º da LIA, o prazo prescricional será de 5 anos, contado de sua prestação de contas final à Administração Pública.
 
E no caso dos terceiros (particulares)? Qual é o prazo prescricional das ações de improbidade com relação aos particulares (chamados pela lei de “terceiros”)? O art. 23 da Lei 8.429/92 falhou ao não prever expressamente regras de prescrição para o terceiro (particular) que participa do ato de improbidade administrativa em conjunto com o agente público. Diante disso, a doutrina majoritária defende que o prazo deverá ser o mesmo previsto para o agente público que praticou, em conjunto, o ato de improbidade administrativa. Assim, as regras de prescrição em improbidade administrativa aplicáveis aos particulares que participam do ato ímprobo são as mesmas do agente público também envolvido. É a posição, por exemplo, de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves. Foi também o entendimento acolhido pelo STJ:
(...) II - A teor do art. 3º da LIA, “As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. Portanto, as regras da Lei de Improbidade, por força do preceituado nos seus arts. 2º e 3º, alcançam também os particulares que, de qualquer forma, tenham concorrido para o ato acoimado de ímprobo. III - Logo, não têm os particulares que concorreram, “em tese”, para a prática do ato ímprobo o direito à contagem individualizada dos prazos prescricionais, aplicando-se a eles os prazos e termos iniciais previstos na LIA. (...) STJ. 2ª T. REsp 1789492/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 16/05/2019.
 
Aplica-se aos particulares, réus em ação de improbidade, a mesma sistemática cabível aos agentes públicos, prevista no art. 23, I e II, da Lei 8.429/92, para fins de fixação do termo inicial da prescrição. STJ. 2ª T. AgRg no REsp 1159035 MG, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 21/11/13.
 
Depois de vários julgados no mesmo sentido, o STJ editou a súmula 634 espelhando esse entendimento.
 
Hipótese de imprescritibilidade: ressarcimento ao erário em casos de atos de improbidade praticados dolosamente: A Lei 8.429/92 prevê, em seu art. 12, uma lista de sanções que podem ser aplicadas às pessoas condenadas por ato de improbidade administrativa. São elas:
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente;
• perda da função pública;
• suspensão dos direitos políticos;
• multa civil; e
• proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios;
• ressarcimento integral do dano.
 
Uma das sanções acima é imprescritível: o ressarcimento integral do dano. O fundamento para isso está na parte final do § 5º do art. 37 da CF/88:
Art. 37 (...)
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
 
Vale ressaltar, no entanto, que o STF fez uma “exigência” a mais que não está explícita no art. 37, § 5º da CF/88. O STF afirmou que somente são imprescritíveis as ações de ressarcimento envolvendo atos de improbidade administrativa praticados DOLOSAMENTE. Assim, se o ato de improbidade administrativa causou prejuízo ao erário, mas foi praticado com CULPA, então, neste caso, a ação de ressarcimento será prescritível e deverá ser proposta no prazo do art. 23 da LIA. A tese fixada pelo STF foi a seguinte:
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, j. 08/08/2018 (Info 910).
	(MPGO-2019): Em se tratando de prescrição nas ações de responsabilidade por ato de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), assinale a alternativa correta: As disposições da Lei 8.429/92 são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta, destinando-se, ao particular, a mesma sistemática cabível aos agentes públicos, para fins de prescrição. BL: art. 3º, LIA e S. 634, STJ.
Súmula 633: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos administrativos, no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local e específica regulando a matéria. (PF-2021)
	OBS: Importante.
A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais? SIM. Trata-se do princípio da autotutela (ou poder de autotutela), segundo o qual a Administração tem o poder-dever de controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular aqueles que forem ilegais e revogar os que se mostrarem inconvenientes ou inoportunos, sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Existem duas súmulas do STF que preveem esse princípio:
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios

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