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Man ual do E duc ado r – For ma ção Con tinu ada An o7o E nsi no Fu nd am en tal He nri qu e H erc ula no Reli gião Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Impresso no Brasil As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram modificações com o novo Acordo Ortográfico. Religião em diálogo 7o ano do Ensino Fundamental Lucas Vieira Editor Lécio Cordeiro Revisão de texto Departamento Editorial Capa e projeto gráfico Adriana Ribeiro e Nathália Sacchelli Diagramação Adriana Ribeiro Ilustrações Lourdes Saraiva Direção de arte Elto Koltz Coordenação editorial Multi Marcas Editoriais Ltda. Rua Neto Campelo Júnior, 37 – Mustardinha – Recife/PE Tel.: (81) 3447.1178 CNPJ: 00.726.498/0001-74 – IE: 0214538-37 Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos dos textos contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve al- guma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes. Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam, sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original, uma nova pontuação. O conteúdo deste livro está adequado à proposta da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de dezembro de 2017, do Ministério da Educação. Manual do Educador – Fundamentação III Ao longo da história da educação brasileira, o Ensino Religioso assumiu diferentes perspectivas teórico-metodológicas, geralmente de viés confessio- nal ou interconfessional. A partir da década de 1980, as transformações socioculturais que provocaram mudanças paradigmáticas no campo educacional também impactaram no Ensino Religioso. Em função dos promulgados ideais de democracia, inclusão social e educação integral, vários setores da sociedade civil passaram a reivindicar a abordagem do conhecimento religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa no âmbito dos currículos escolares. APRESENTAÇÃO respeito a diversidade cultural religiosa Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a LDB nº 9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997) A Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a LDB nº 9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997) estabeleceram os princípios e os funda- mentos que devem alicerçar epistemologias e peda- gogias do Ensino Religioso, cuja função educacional, enquanto parte integrante da formação básica do cidadão, é assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, sem proselitismos. Mais tarde, a Resolução CNE/CEB nº 04/2010 e a Resolução CNE/CEB nº 07/2010 reconheceram o Ensino Religioso como uma das cinco áreas de conhecimento do Ensino Fundamental de 09 (nove) anos. Manual do Educador – Fundamentação IV Ensino Religioso à luz da BNCC Para o Ensino Religioso estabelecido como componente curricular de oferta obrigatória nas escolas públicas de Ensino Fundamental, com matrícula facultativa, em diferentes regiões do País, foram elaborados propostas curriculares, cursos de formação inicial e continuada e materiais didático-pedagógicos que contribuíram para a construção dessa área de ensino, cujas natureza e finalidades pedagógicas são distintas da confessionalidade. Considerando os marcos normativos e em conformidade com as competências gerais estabelecidas no âmbito da BNCC, o Ensino Religioso deve atender aos seguintes objetivos: a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das mani- festações religiosas percebidas na realidade dos educandos. b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito de promoção dos direitos humanos. c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal. d) Contribuir para que os educandos construam seu sentido pessoal de vida a partir de valores, prin- cípios éticos e da cidadania. Nakigitsune-sama | Shutterstock.com Manual do Educador – Fundamentação V O conhecimento religioso, objeto do Ensino Religioso, é produzido no âmbito das diferentes áreas do conhecimento científico das Ciências Humanas e Sociais, notadamente da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). Essas Ciências investigam a manifestação dos fenômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades enquanto um dos bens simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte. De modo singular, complexo e diverso, esses fenômenos alicerçaram distintos sentidos e significados de vida e diversas ideias de divindade(s), em torno dos quais se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais. Os fenômenos religiosos em suas múltiplas manifestações são parte integrante do substrato cultural da humanidade. Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos religiosos a partir de pressupostos éticos e científicos, sem privilégio de nenhuma crença ou convicção. Isso implica abordar esses conhecimentos com base nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a existência de filosofias seculares de vida. No Ensino Fundamental, o Ensino Religioso adota a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores e articuladores dos processos de observação, identificação, análise, apropriação e ressignificação de saberes, visando ao desenvolvimento de competências específicas. Dessa maneira, busca problemati- zar representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o intuito de combater a intolerância, a discriminação e a exclusão. Manual do Educador – Fundamentação VI Por isso, a interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e pedagógicos do Ensino Religioso, porque favorecem o reconhecimento e respeito às histórias, memórias, crenças, convicções e valores de diferentes culturas, tradições religiosas e filosofias de vida. O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam ao acolhimento das identida- des culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, dos direitos humanos e da cultura de paz. Tais finalidades se articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em sociedade. Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da BNCC, a área de Ensino Religioso — e, por consequência, o componente curricular de Ensino Religioso — deve garantir aos alunos o desenvolvimento de competências específicas. DiálogoValores Amor Respeito Paz Compreensão Manual do Educador – Fundamentação VII Competências específicas de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental 1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos. 2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios. 3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver. 5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente. 6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e às práticas de intolerância, discrimina- ção e violência de cunho religioso,de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz. Ra w pi xe l.c om | S hu tt er st oc k. co m Manual do Educador – Fundamentação VIII Ensino Religioso O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado contexto histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e produção cultural. Nesse processo, o sujeito se constitui enquanto ser de imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (di- mensão subjetiva, simbólica). Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se relacionem entre si, com a natureza e com a(s) divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes. A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, cujas relações dialógicas são mediadas por referenciais simbólicos (representações, saberes, crenças, convicções, valores) necessários à construção das identidades. Tais elementos embasam a unidade temática Identidades e alteridades, a ser abordada ao longo de todo o Ensino Fundamental. Nessa unidade, pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às seme- lhanças e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos e significados e da relação entre imanência e transcendência. ja kk w on g | Sh ut te rs to ck .c om Manual do Educador – Fundamentação IX A dimensão da transcendência é matriz dos fenômenos e das experiências religiosas, uma vez que, em face da finitude, os sujeitos e as coletividades sentiram-se desafiados a atribuir sentidos e significados à vida e à morte. Na busca de respostas, o ser humano conferiu valor de sacralidade a objetos, animais, pessoas, forças da natureza ou seres sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta. Essa dimensão transcendental é mediada por linguagens específicas, tais como o símbolo, o mito e o rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos e complementares. Por exemplo, objetivamente, uma flor é apenas uma flor. No entanto, é possível reconhecer nela outro significado: a flor pode despertar emoções e trazer lembranças. Assim, o símbolo é um elemento cotidiano ressignificado para representar algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer a mediação com outra realidade e, por isso, é uma das linguagens básicas da experiência religiosa. Tal experiência é uma construção subjetiva alimentada por diferentes práticas espirituais ou ritualís- ticas, que incluem a realização de cerimônias, celebrações, orações, festividades, peregrinações, entre outras. Enquanto linguagem gestual, os ritos narram, encenam, repetem e representam histórias e acon- tecimentos religiosos. Dessa forma, se o símbolo é uma coisa que significa outra, o rito é um gesto que também aponta para outra realidade. Manual do Educador – Fundamentação X Os rituais religiosos são geralmente realizados coletivamente em espaços e territórios considerados sagrados (montanhas, mares, rios, florestas, templos, santuários, caminhos, entre outros), que se dis- tinguem dos demais por seu caráter simbólico. Esses espaços constituem-se em lócus de apropriação simbólico-cultural, onde os diferentes sujeitos se relacionam, constroem, desenvolvem e vivenciam suas identidades religiosas. Nos territórios sagrados, frequentemente atuam pessoas incumbidas da prestação de serviços reli- giosos. Sacerdotes, líderes, funcionários, guias ou especialistas, entre outras designações, desempenham funções específicas: difusão das crenças e doutrinas, organização dos ritos, interpretação de textos e narrativas, transmissão de práticas, princípios e valores, etc. Portanto, os líderes exercem uma função pública, e seus atos e orientações podem repercutir sobre outras esferas sociais, tais como economia, política, cultura, educação, saúde e meio ambiente. Esse conjunto de elementos (símbolos, ritos, espaços, territórios e lideranças) integra a unidade temá- tica Manifestações religiosas, em que se pretende proporcionar o conhecimento, a valorização e o respeito às distintas experiências e manifestações religiosas e a compreensão das relações estabelecidas entre as lideranças e denominações religiosas e as distintas esferas sociais. Manual do Educador – Fundamentação XI Na unidade temática Crenças religiosas e filosofias de vida, são tratados aspectos estruturantes das diferen- tes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, particularmente sobre mitos, ideia(s) de divindade(s), crenças e doutrinas religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imortalidade, princípios e valores éticos. O mito é outro elemento estruturante das tradições religiosas. Ele representa a tentativa de explicar como e por que a vida, a natureza e o cosmos foram criados. Apresenta histórias dos deuses ou heróis divinos, relatando, por meio de uma linguagem rica em simbolismo, acontecimentos nos quais as divin- dades agem ou se manifestam. O mito é um texto que estabelece uma relação entre imanência (existência concreta) e transcendência (o caráter simbólico dos eventos). Ao relatar um acontecimento, o mito situa-se em um determinado tempo e lugar e, frequentemente, apresenta-se como uma história verdadeira, repleta de elementos imaginários. No enredo mítico, a criação é uma obra de divindades, seres, entes ou energias que transcendem a materialidade do mundo. São representados de diversas maneiras, sob distintos nomes, formas, faces e sentidos, segundo cada grupo social ou tradição religiosa. PRINCÍPIOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS IDEIAS DE DIVINDADE TRADIÇÕES ORAIS TRADIÇÕES ESCRITAS VALORES ÉTICOS FILOSOFIAS DE VIDA Manual do Educador – Fundamentação XII O mito, o rito, o símbolo e as divindades alicerçam as crenças, entendidas como um conjunto de ideias, conceitos e representações estruturantes de determinada tradição religiosa. As crenças fornecem respostas teológicas aos enigmas da vida e da morte, que se manifestam nas práticas rituais e sociais sob a forma de orientações, leis e costumes. Esse conjunto de elementos origina narrativas religiosas que, de modo mais ou menos organizado, são preservadas e passadas de geração em geração pela oralidade. Desse modo, ao longo do tempo, cosmovisões, crenças, ideia(s) de divindade(s), histórias, narrativas e mitos sagrados constituíram tradições específicas, ini- cialmente orais. Em algumas culturas, o conteúdo dessa tradição foi registrado sob a forma de textos escritos. No processo de sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam eles orais, sejam eles escritos, certos grupos sociais acabaram por definir um conjunto de princípios e valores que configuraram doutrinas religiosas. Estas reúnem afirmações, dogmas e verdades que procuram atribuir sentidos e finalidades à existência, bem como orientar as formas de relacionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza. As doutrinas constituem a base do sistema religioso, sendo transmitidas e ensinadas aos seus adeptos de maneira sistemática, com o intuito de assegurar uma compreensão mais ou menos unitária e homogênea de seus conteúdos. Mito Rito Símbolo Divindade CRENÇAS Manual do Educador – Fundamentação XIII No conjunto das crenças e doutrinas religiosas, encontram-se ideias de imortalidade (ancestralidade, reencar- nação, ressurreição, transmigração, entre outras), que são norteadoras do sentido da vida dos seus seguidores. Essas informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena quanto para o pós-morte, cuja finalidade é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral, definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores de comportamento, tanto nos ritos como na vida social. Também as filosofias de vida se ancoram em princípios cujas fontes não advêmdo universo religioso. Pes- soas sem religião adotam princípios éticos e morais cuja origem decorre de fundamentos racionais, filosóficos, científicos, entre outros. Esses princípios, geralmente, coincidem com o conjunto de valores seculares de mundo e de bem, tais como: o respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento igualitário das pessoas, a liberdade de consciência, crença e convicções e os direitos individuais e coletivos. Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas) expressam um arranjo possível (entre outros). Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currículos. Ra w pi xe l.c om | S hu tt er st oc k. co m Manual do Educador – Fundamentação XIV A avaliação a serviço da aprendizagem A aprendizagem e, consequente e simultaneamente, a avaliação devem ser orientadas e dirigidas pelo currí- culo — como ideia global de princípios e marco conceitual de referência que concretiza em práticas específicas a educação como projeto social e político — e pelo ensino, o qual deve inspirar-se nele. Partindo dos pressupostos construtivistas sobre o ensino e a aprendizagem, e levando-se em conta a teoria implícita que ilumina o currículo, devemos reconhecer que um bom ensino contribui positivamente para tornar boa a aprendizagem e que uma boa atividade de ensino e de aprendizagem torna boa a avaliação. Do mesmo modo, devemos reconhecer que uma boa avaliação torna boa a atividade de ensino e boa a atividade de aprendizagem. Assim, estabelece-se uma relação simétrica e equilibrada entre cada um dos ele- mentos que compõem o “currículo total”, considerado como meio ideal de aprendizagem e como tempo e lugar de intercâmbio no qual são construídas, cooperativa e solidariamente, as aprendizagens escolares. O que fica claro é que, em nenhum caso, a preocupação com os exames — que podem ser, razoavelmente bem-utilizados, recursos aceitáveis, embora não únicos de avaliação — deve condicionar e dirigir a aprendizagem; tampouco, evidentemente, deve condicionar o currículo e o ensino. Não podemos perder de vista que os exa- mes, qualquer que seja a forma que adotem, devem estar a serviço da aprendizagem, do ensino e do currículo e antes, é claro, do sujeito que aprende. Do contrário, serão os exames, e não o currículo proclamado nem o currículo praticado, os que determinarão o currículo real e o que ele representa. Li gh tF ie ld S tu di os | S hu tt er st oc k. co m Manual do Educador – Fundamentação XV A partir de uma interpretação tradicional da avaliação, própria da função designada, o professor tem desem- penhado um papel decisivo, além de decisório, de um modo unidirecional. O papel destinado a quem aprende é o de responder a quantas perguntas sejam-lhes formuladas. A mudança no enfoque e na concepção de todo o processo deve levar, necessariamente, a uma mudança no papel que as técnicas devem desempenhar na implementação da avaliação. A partir de concepções alternativas, e mais de acordo com os novos enfoques curriculares, orientados pela racionalidade prática e crítica, quem aprende tem muito o que dizer do que aprende e da forma como o faz, sem que sobre a sua palavra gravite constantemente o peso do olho avaliador que tudo vê e tudo julga. Por esse caminho, podemos chegar a descobrir a qualidade do aprendido e a qualidade do modo pelo qual o aluno aprende, as dificuldades que encontra e a natureza delas, a profundidade e a consistência do aprendizado, bem como a capacidade geradora para novas aprendizagens daquilo que hoje damos por aprendido apenas tendo ouvido e estudado em um texto. Essa é a avaliação que considera o valor agregado do ensino como indicador válido da qualidade da educação. ÁLVAREZ MÉNDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 36-37. D G Li m ag es | S hu tt er st oc k. co m Manual do Educador – Fundamentação XVI UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Crenças religiosas e filosofias de vida Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados (EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memórias, acontecimen- tos e ensinamentos religiosos. (EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budis- mo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros). Ensinamentos da tradição escrita (EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver. (EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras diversas. (EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adep- tos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas. Símbolos, ritos e mitos religiosos (EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos. (EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferen- tes tradições religiosas. UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Manifestações religiosas Místicas e espiritualidades (EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas manifestações e tradições religiosas. (EF07ER02) Identificar práticas de espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas si- tuações (acidentes, doenças, fenômenos climáticos). Lideranças religiosas (EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas. (EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas contribuições à sociedade. (EF07ER05) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa entre as religiões. Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, discutindo como podem influenciar condutas pessoais e práticas sociais. Liderança e direitos humanos (EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lideranças religiosas e seculares na defesa e pro- moção dos direitos humanos. (EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando concepções e práticas sociais que a violam. ENSINO RELIGIOSO – 6º ANO ENSINO RELIGIOSO – 7º ANO Manual do Educador – Fundamentação XVII UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Crenças religiosas e filosofias de vida Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados (EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memórias, acontecimen- tos e ensinamentos religiosos. (EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budis- mo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros). Ensinamentos da tradição escrita (EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver. (EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras diversas. (EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adep- tos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas. Símbolos, ritos e mitos religiosos (EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos. (EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferen- tes tradições religiosas. UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Manifestações religiosas Místicas e espiritualidades (EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas manifestações e tradições religiosas. (EF07ER02) Identificar práticasde espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas si- tuações (acidentes, doenças, fenômenos climáticos). Lideranças religiosas (EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas. (EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas contribuições à sociedade. (EF07ER05) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa entre as religiões. Crenças religiosas e filosofias de vida Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, discutindo como podem influenciar condutas pessoais e práticas sociais. Liderança e direitos humanos (EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lideranças religiosas e seculares na defesa e pro- moção dos direitos humanos. (EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando concepções e práticas sociais que a violam. Manual do Educador – Fundamentação XVIII UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, convicções e atitudes (EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais e coletivas. (EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus prin- cípios éticos. Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte. Crenças, filosofias de vida e esfera pública (EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar diferentes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia). (EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas na esfera pública. (EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da liberdade de pensamento, crenças e convicções. Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferentes denominações religiosas. ENSINO RELIGIOSO – 8º ANO UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Crenças religiosas e filosofias de vida Imanência e transcendência (EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas e filosofias de vida. (EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análi- se de matérias nas diferentes mídias. Vida e morte (EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do es- tudo de mitos fundantes. (EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres. (EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances- tralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição). Princípios e valores éticos (EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade humana. (EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, religiosos e culturais) que possam alicerçar a cons- trução de projetos de vida. (EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em princípios e valores éticos. ENSINO RELIGIOSO – 9º ANO Manual do Educador – Fundamentação XIX UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Crenças religiosas e filosofias de vida Crenças, convicções e atitudes (EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais e coletivas. (EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus prin- cípios éticos. Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte. Crenças, filosofias de vida e esfera pública (EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar diferentes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia). (EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas na esfera pública. (EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da liberdade de pensamento, crenças e convicções. Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferentes denominações religiosas. UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES Crenças religiosas e filosofias de vida Imanência e transcendência (EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas e filosofias de vida. (EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análi- se de matérias nas diferentes mídias. Vida e morte (EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do es- tudo de mitos fundantes. (EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres. (EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances- tralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição). Princípios e valores éticos (EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade humana. (EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, religiosos e culturais) que possam alicerçar a cons- trução de projetos de vida. (EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em princípios e valores éticos. Vamos dialogar ................................................................................................ 50 Liderança e direitos humanos.................................................................................. 55 Exercitando o que aprendemos ................................................................... 63 Refletindo sobre o tema ................................................................................ 50 Vulnerabilidade religiosa e social ............................................................................ 55 Trabalhando o tema ....................................................................................... 63 Agora é sua vez ............................................................................................... 50 10 Momento 20 Momento 30 Momento 40 Momento Místicas e espiritualidades Lideranças religiosas Princípios éticos e valores religiosos Liderança e direitos humanos Vamos dialogar ................................................................................................. 6 Rezadeiras e benzedeiras .......................................................................................... 6 Exercitando o que aprendemos .................................................................... 9 Refletindo sobre o tema ................................................................................. 10 Comunico aquilo que sou .......................................................................................... 10 Trabalhando o tema ........................................................................................ 14 Agora é sua vez ................................................................................................ 17 Vamos dialogar ............................................................................................... 18 Jocum: Jovens Com Uma Missão ............................................................................ 18 Exercitando o que aprendemos ................................................................... 21 Refletindo sobre o tema ................................................................................ 23 Um líder nasce um líder? ..........................................................................................23 Trabalhando o tema ....................................................................................... 31 Agora é sua vez ............................................................................................... 34 Vamos dialogar ................................................................................................ 36 Diálogo entre religiões: um caminho possível e necessário ........................... 36 Exercitando o que aprendemos ................................................................... 39 Refletindo sobre o tema ........................................................................................... 42 Ética e a convivência pacífica entre credos ......................................................... 42 Trabalhando o tema ....................................................................................... 46 Agora é sua vez ............................................................................................... 48 SUMÁRIO CONHEÇA O MANUAL Este Manual do Educador foi planejado para oferecer ao professor suporte didático para suas aulas. Levando em consideração que o trabalho em sala de aula é desenvolvido, em sua melhor forma, pela atenção dada pelo docente a detalhes que só ele conhece, como os diferentes níveis de aprendizado e interesse dos alunos. O que trazemos neste compêndio são sugestões bem elaboradas que esperamos ser úteis no processo de ensino e aprendizagem. 6 7 Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano Professor, é muito importante perceber, durante as discussões, se não existe preconceito por parte dos alunos em relação às práticas de benzer feita pelas reza- deiras. Dialogue com eles sobre a riqueza da cultura popular e sobre suas manifestações. O texto a seguir foi retirado do artigo científico A arte de curar: saberes e práticas de rezadeiras e bezendeiras no cuidar da saúde, que traz uma breve análise sobre o fe- nômeno das rezadeiras e benze- deiras. Professor, recomendamos que você faça a leitura com a inten- Perceber as diversas formas de viver a espiritualidade dentro das manifestações religiosas. Compreender como o mundo virtual tem impactado o rela- cionamento dos fiéis. Identificar na cultura popular os traços religiosos oriundos de diversos grupos étnicos. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS BNCC – HABILIDADES TRABALHADAS NO CAPÍTULO (EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de co- municação com as divindades em distintas manifestações e tradições religiosas. (EF07ER02) Identificar prá- ticas de espiritualidade uti- lizadas pelas pessoas em determinadas situações (aci- dentes, doenças, fenômenos climáticos). ção de agregar mais conhecimento ao debate e, assim, poder realizar a mediação do conteúdo com os alunos: “Benzer vem do latim bene di- cere, que significa bem dizer, é dizer bem de alguém e fazer o bem. O termo rezadeira vem descrito na literatura como mulher que realiza 6 Religião em diálogo – 70 ano Místicas e espiritualidades Rezadeiras e benzedeiras Sem dúvida, o misticismo popular vem desde o Brasil pré- -colonial, quando os povos indígenas se valiam das suas crenças e fórmulas naturais em busca de melhorias para enfermidades, diante dos recursos possíveis da região. Assim, de acordo com os costumes e levado pela inexistência da ciência oficial na época, o ser humano uniu — e ainda une — recursos da natureza à própria fé, dando início a uma variada farmacopeia composta de meizinhas, garrafadas, infusões, chás, amuletos e oferendas às divindades para tratamento médico. A essas crenças, misturaram-se os tra- ços culturais e religiosos dos três grupos étnicos que formaram a 1 MOMENT O Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 6 27/11/19 16:24 Religiao_em_Dialogo_ME_7A.indd 6 05/02/20 15:28 Vamos dialogar ................................................................................................ 50 Liderança e direitos humanos.................................................................................. 55 Exercitando o que aprendemos ................................................................... 63 Refletindo sobre o tema ................................................................................ 50 Vulnerabilidade religiosa e social ............................................................................ 55 Trabalhando o tema ....................................................................................... 63 Agora é sua vez ............................................................................................... 50 10 Momento 20 Momento 30 Momento 40 Momento Místicas e espiritualidades Lideranças religiosas Princípios éticos e valores religiosos Liderança e direitos humanos Vamos dialogar ................................................................................................. 6 Rezadeiras e benzedeiras .......................................................................................... 6 Exercitando o que aprendemos .................................................................... 9 Refletindo sobre o tema ................................................................................. 10 Comunico aquilo que sou .......................................................................................... 10 Trabalhando o tema ........................................................................................ 14 Agora é sua vez ................................................................................................ 17 Vamos dialogar ............................................................................................... 18 Jocum: Jovens Com Uma Missão ............................................................................ 18 Exercitando o que aprendemos ................................................................... 21 Refletindo sobre o tema ................................................................................ 23 Um líder nasce um líder? .......................................................................................... 23 Trabalhando o tema ....................................................................................... 31 Agora é sua vez ............................................................................................... 34 Vamos dialogar ................................................................................................ 36 Diálogo entre religiões: um caminho possível e necessário ........................... 36 Exercitando o que aprendemos ................................................................... 39 Refletindo sobre o tema ........................................................................................... 42 Ética e a convivência pacífica entre credos ......................................................... 42 Trabalhando o tema ....................................................................................... 46 Agora é sua vez ............................................................................................... 48 SUMÁRIO Religiao_em_Dialogo_ME_7A.indd 4 05/02/20 15:28 12 13 Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano Comunidade e modernidade Trata-se então de não apenas um corpo ou um objeto, mas tam- bém de uma construção ideológica que se baseia na necessidade indi- vidual da segurança, do conforto, da familiaridade e do sentimento de pertencimento, de que fazemos parte de algo maior que nossa in- dividualidade, da delimitação do “Nós” (o familiar) e dos “outros” (o estranho). Nesse ponto, o autor Zygmunt Bauman nos esclarece: “pertencer a uma comunidade significa renegar parte de nossa individualidade em nome de uma estrutura montada para satisfa- zer nossas necessidades de inti- midade e da construção de uma ‘identidade’ ” A construção de uma fronteira entre o familiar, o “de dentro”, e o estranho, “o de fora”, é a essên- cia que fundamenta uma comu- nidade. Para tanto, deve existir um policiamento por parte dos integrantesdesta comunidade, para que ideias “estranhas” não entrem em seu meio e ameace a estrutura construída em torno das ideias familiares. Esse fenômeno é observável em alguns grupos religiosos secta- ristas, que buscam se separar e se diferenciar ao perseguir um ideal de “pureza” que envolve o estabe- lecimento de comportamentos e prática de atividades que estão relacionados diretamente às suas crenças religiosas. Dessa forma, a comunidade se estabelece dentro da vontade comum na busca de se diferenciar do que é considerado profano por sua crença, que se relaciona diretamente ao que é considerado sagrado. Desta forma, são construídas determinações quanto a valores e interpretações de fenômenos dos quais todos os seus integrantes compartilham e valorizam, em alguma medida, em detrimento dos ideais e caracterís- ticas que são atribuídas ao com- portamento dos que se encontram do lado de fora, que representam o impuro e o profano. BAUMAN, Zygmunt. 1925- Comunidade: a busca por segurança no mundo atual / Zygmunt Bauman; tradução Plínio Dentzien. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. 12 Religião em diálogo – 70 ano Budismo Por meio da meditação, os budistas entram em contato consigo mesmos e avaliam, refletem e buscam inspiração para determinadas situações de sua existência. Usando cânticos chamados de mantras, eles reverenciam os antepassados em busca de sabedoria e elevação espiritual, até atingir o nirvana, que consiste em um estado de espírito de paz e tranquilidade alcançado por meio do autoconhecimento. Cristianismo católico Com seus rituais celebrativos, cheios de cores, ritos e símbolos, os cristãos católicos celebram seu ritual de maior importância, a missa. Eles acreditam que, durante o rito, Jesus doa-se em forma de pão e vinho para seus fiéis por meio da Eucaristia, o ritual central da Igreja Católica. Essa transformação chama-se transubstanciação, na qual o pão deixa de ser pão e torna-se o corpo do Messias; e o vinho, o seu sangue. Juntos, os católicos festejam Jesus Cristo com músicas e gestos. Cristianismo protestante Iniciado com Martinho Lutero, no século XVI, na Alemanha, o movimento protestante aconteceu como um grande evento de protesto às ações arbitrárias da Igreja Católica. Em todo o mundo, no decorrer dos anos, surgem novas denominações e formas dife- rentes de prestação de culto ao divino. As igrejas protestantes históricas — luterana, anglicana, calvinista, metodista e batista — mantêm muitos dos costumes ritualísticos da Igreja Católica, mudando alguns detalhes, como a instituição do papa, a interpreta- ção da Bíblia, etc. Nação: Conjunto de rituais que cada povo africano trazido como escravo para o Brasil trouxe consigo e que são determinantes dos diversos tipos de candomblés existentes. Alabês: Palavra em iorubá que designa os homens responsáveis pelos toques ritualísticos e pela preservação dos instrumentos sagrados do candomblé. Por meio dos tambores, eles chamam os orixás, exaltam sua divindade e celebram a vida com os outros adeptos. Transubstanciação:Doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana que defende e acre- dita que, durante o rito da missa, acontece a mudança das substâncias usadas: o pão e o vinho em carne e sangue, respectivamente. Si dn ey d e Al m ei da | s hu tt er st oc k. co m Sb kh kt | s hu tt er st oc k. co m Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 12 27/11/19 16:24 Religiao_em_Dialogo_ME_7A.indd 12 05/02/20 15:28 46 47 Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano Título: Sobre a Liberdade Autor: John Stuart Mill Editora: Vide Sinopse: “Os princípios declara- dos nestas páginas devem ser ad- mitidos de forma mais genérica como base para a discussão de pontos específicos antes que deles se faça uma aplicação, de manei- ra proveitosa e consistente, como princípios para os vários departa- mentos do governo ou mesmo na conduta moral. As poucas obser- vações que apresentarei nestes detalhes ou pontos específicos têm mais o propósito de ilustrar aqueles princípios do que de se- gui-los até suas consequências. Não ofereço uma aplicação, mas tipos de aplicação possíveis, que podem servir para clarear o signifi- cado e os limites de duas máximas que, juntas, formam toda a dou- trina contida neste ensaio; estes exemplos também nos ajudarão a compreender a necessidade de balanceá-las nos casos onde haja dúvida sobre qual das duas seria aplicável. As máximas são, em pri- meiro lugar, que o indivíduo não deve ser responsabilizado pela so- ciedade por seus atos, enquanto estes não disserem respeito aos interesses de outrem que não ele mesmo; e em segundo lugar, quan- do tais ações forem prejudiciais ao interesse alheio, o indivíduo é responsável e pode estar sujei- to a ambas as punições, sociais ou legais, conforme a opinião da sociedade sobre o que deve ser requerido para sua autoproteção”. ANOTAÇÕES 47 Religião em diálogo – 70 ano 3. Sabemos que muitas leis e regras de regimento social mudam de acordo com o tem- po. As leis são passiveis de alteração dependendo da necessidade da sociedade. Per- gunte às pessoas mais velhas que moram com você se algumas situações do dia a dia eram tidas como corretas ou erradas em seu tempo de juventude e hoje não são mais. Procure saber também se isso causou algum impacto em seu modo de pensar. Responda nas linhas que seguem e compartilhe com sua turma. Resposta pessoal. 4. Faça uma pesquisa e escreva a diferença entre ética e moral. Em seguida, converse com seus colegas e relacione os resultados aos problemas da sociedade atual. Sugestão de resposta: A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade. Observe a tirinha a seguir para responder às questões 5 e 6. 5. Olhando de modo crítico a sociedade atual, você percebe a efetiva valorização do que se aprende em casa sendo praticado nas ruas ou em outros ambientes? Reflita sobre suas ações e aquilo que seus responsáveis te ensinam e responda nas linhas que seguem. Resposta pessoal. Disponível em: https://66.media.tumblr.com/a7e78d88d024d7c1a5ee5d216b925093/tumblr_np8pyzDqqf1u1iysqo1_1280.png. Acesso em: 23/10/2019. Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 47 27/11/19 16:25 Religiao_em_Dialogo_ME_7A.indd 47 05/02/20 15:29 48 49 Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano Título: História da Igreja no Brasil - Terceira Época - 1930 – 1964 Autores: Riolando Azzi e Klaus van der Grijp Editora: Vozes Sinopse: A seu dispor, o panora- ma multifacetário de um espaço social, eclesial e teológico, em que, em linhas gerais, se manifestam permanências e rupturas, próprias do caminhar histórico também das igrejas. Os autores, Riolando Azzi e Klaus van der Grijp, abalizados e experimentados estudiosos, en- saiam uma interpretação a res- peito de quem fomos, de quem somos e projetam possibilidades de quem seremos. ANOTAÇÕES 49 Religião em diálogo – 70 ano Título: A monja e o professor: reflexões sobre ética, preceitos e valores Autores: Monja Coen e Clóvis de Barros Filho Editora: Best Seller Sinopse: Um diálogo entre dois renomados pensadores brasileiros de origens e abordagens muito distintas: Monja Coen, fundadora da Comuni- dade Zen-Budista do Brasil, e Clóvis de Barros Filho, advogado, jornalista e professor. Em A monja e o professor, livro fruto de um diálogo gravado entre os dois autores, o leitor terá acesso a uma inspiradora conversa, tendo como base a ética e a felicidade, a importância de ser feliz no presente e a necessidade de um propósito. “Então, como é que você mede o que é adequado? Isso para mim é sabedoria, é capacidade de inteligência e adequação à realidade. E não adequação a um princípio que pode me travar. O princípio está por trás disso, mas ele não me limita, tanto que eu posso mudar de ideia e posso até ser infiel, algumas vezes, a algoque não estava sendo benéfico. Mas não sou infiel a mim.” (Monja Coen) O Estado, como órgão de controle e regulamen- tação máximo de uma nação, direciona leis para que as pessoas vivam e, acima de tudo, convivam em paz. Cabe às pessoas tomarem propriedade disso e, em união, abraçarem a paz coletiva sem divergir por conta de suas orientações religiosas. Certa vez, Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda, disse: “O maior conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”. Com base nisso, pesquise em jornais, revistas e postagens em redes sociais sobre conflitos sociais que tiveram como foco a intolerância religiosa e, em grupo, respondam à seguinte pergunta: como a fal- ta de dignidade e ética podem comprometer o diálogo inter-religioso? Apresente aos seus amigos em forma de seminário e, se possível, fixe o trabalho feito em um lugar visível em sua escola. Não esquecendo que o conhecimento levantado e construído em nossas aulas não pode permanecer restrito ao contexto escolar, leve o que aprendemos e as nossas discussões à sua família, à sua rua, aos seus colegas que não estudam com você e desenvolva mais conhecimento. O conhecimento só se torna válido quando compartilhado. Re pr od uç ão Re pr od uç ão Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 49 27/11/19 16:25 Religiao_em_Dialogo_ME_7A.indd 49 05/02/20 15:29 20 21 Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano Professor, dependendo da carga horária disponibilizada pela escola para suas aulas, e da organização que você fizer para suas classes, nós sugerimos uma visita a alguma base da Jocum, para que os alu- nos vejam como é o dia a dia deste grupo de pessoas. Deixaremos, a seguir, o link do site da Jocum Brasil, para que, se oportuno, seja agendado um dia de visita e conhecimento extraclasse. Título: Malala: A História da Ga- rota que Defendeu o Direito à Edu- cação e foi Nobel da Paz Diretor: Davis Guggenheim Sinopse: Em 2012, a história da adolescente paquistanesa Malala Yousafzai se tornou manchete ao redor do mundo. Ela tornou-se reconhecida por lutar pelo direito das meninas de seu país à educa- ção. Essa história real fantástica é o tema do documentário Malala, lançado em 2015 pela empresa de streaming Netflix. A jovem de 15 anos que dava entrevistas e defendia abertamen- te o direito das meninas de fre- quentarem a escola, foi baleada na cabeça por um membro do Talibã em um ônibus escolar. O que poderia ter sido o fim de sua jornada foi o começo de algo mui- to maior. Malala sobreviveu, tor- nou-se uma ativista com influência mundial e a vencedora mais jovem de um Prêmio Nobel da Paz. No começo do filme, é des- tacado outro ingrediente incrível da história: seu pai a batizou em homenagem a Malalai, corajosa guerreira afegã. O filme se propõe a fazer um retrato íntimo da garo- ta que se tornou um símbolo na luta pela universalização da edu- cação. As filmagens foram feitas http://www.jocum.org.br/ 21 Religião em diálogo – 70 ano 1. Loren teve uma visão profética, fez sua epifania se tornar realidade e, ainda muito jovem, ajudou a transformar a vida de muitas outras pessoas. Na sua opinião, a religião professada por Loren interferiu na ajuda a outras pessoas? Por quê? Espera-se que os alunos compreendam que, mesmo Loren sendo cristão protestante, ele não restringiu sua vontade de ajudar outras pessoas de outra denominação religiosa. Ele criou uma organização interdenominacional e, com isso, recebe pessoas de todas as religiões, das mais diversas localidades, para ensinar a liderar outros jovens. 2. No infográfico sobre a Jocum, vimos algumas diretrizes que regem a sua organização. Na seção Como fazemos, há o seguinte valor seguido pelo grupo: Malala Yousafzai é uma jovem paquistanesa que luta pelos direitos humanos das mulheres na sua região, onde o Talibã, grupo extremista, impede que meninas e mulheres frequentem instituições de ensino. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/atoms/ima- ge/1_-_malala_yousafzai.jpg. Acesso em: 30/10/2019. “Fazer primeiro para depois ensinar” Como você aplicaria essa máxima em sua vida? Exemplifique com algum fato do seu dia a dia e comente com seus colegas. Espera-se que os alunos compreendam que, para mudar uma realidade, é necessário que o indivíduo mude primeiro a si mesmo e, com isso, possa cobrar dos demais. Após a leitura do texto da seção Vamos dialogar, observe a imagem a seguir e respon- da às questões 3 e 4. “Uma criança, uma professora, uma caneta e um livro podem mudar o mundo.” Malala Yousafzai, 17 anos Nobel da Paz Exercitando o que aprendemos Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 21 27/11/19 16:24 Religiao_em_Dialogo_ME_7A.indd 21 05/02/20 15:29 SUMÁRIO DO LIVRO DO ALUNO Neste momento, você pode acom- panhar o sumário do livro do alu- no para que ele possa nortear o seu trabalho ao longo do ano. ABERTURA DE CAPÍTULO Ao lado de cada abertura do ca- pítulo, há boxes com os objetivos de aprendizagem e desenvolvi- mento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). PENSE + Nesta seção, buscamos lembrar ao educador pontos importan- tes no tratamento dos conteúdos; justificamos determinadas abordagens, argumentamos em prol de determinados pontos de vista em relação ao ensino, à língua e a algum tema; tudo para tentarmos caminhar de mãos dadas, ensaiando um diálogo constante, dividindo experiência e informações. FAÇA + Aqui, oferecemos dicas de como se trabalhar determinado con- teúdo de modo que prenda a atenção do aluno ou ainda uma forma interessante de se desenvolver alguma atividade. Por vezes, também disponibilizamos modelos de sequência didáti- ca, reproduzimos textos pedagógicos, indicamos obras e assim por diante. LEIA + Textos teóricos e guias de traba- lho em sala de aula, bem como dicas de livros e endereços ele- trônicos para pesquisa compõem esta seção. Esperamos que tudo isso possa aprimorar o trabalho do professor. APRENDA + A seção APRENDA + foi elabora- da com o objetivo de colaborar com sua prática de ensino abor- dando os conteúdos a partir de outras perspectivas. ANOTAÇÕES Os manuais contam com áreas espe- cíficas para você realizar suas anota- ções de forma organizada, registran- do todas as informações importantes referentes à aula realizada. Assim, ficará muito mais fácil localizá-las depois, inclusive nos anos seguintes. VEJA + Em um mundo marcado pela força das imagens e tecnologias, o uso de recur- sos audiovisuais é funda- mental para tratar os temas abordados no livro 6 Manual do Educador Professor, é muito importante perceber, durante as discussões, se não existe preconceito por parte dos alunos em relação às práticas de benzer feita pelas reza- deiras. Dialogue com eles sobre a riqueza da cultura popular e sobre suas manifestações. O texto a seguir foi retirado do artigo científico A arte de curar: saberes e práticas de rezadeiras e bezendeiras no cuidar da saúde, que traz uma breve análise sobre o fe- nômeno das rezadeiras e benze- deiras. Professor, recomendamos que você faça a leitura com a inten- Perceber as diversas formas de viver a espiritualidade dentro das manifestações religiosas. Compreender como o mundo virtual tem impactado o rela- cionamento dos fiéis. Identificar na cultura popular os traços religiosos oriundos de diversos grupos étnicos. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS BNCC – HABILIDADES TRABALHADAS NO CAPÍTULO (EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de co- municação com as divindades em distintas manifestações e tradições religiosas. (EF07ER02) Identificar prá- ticas de espiritualidade uti- lizadas pelas pessoas em determinadas situações (aci- dentes, doenças, fenômenos climáticos). ção de agregar mais conhecimento ao debate e, assim, poder realizar a mediação do conteúdo com os alunos: “Benzer vem do latim bene di- cere, que significa bem dizer, é dizer bem de alguém e fazer o bem. O termo rezadeira vem descrito na literaturacomo mulher que realiza 6 Religião em diálogo – 70 ano Místicas e espiritualidades Rezadeiras e benzedeiras Sem dúvida, o misticismo popular vem desde o Brasil pré- -colonial, quando os povos indígenas se valiam das suas crenças e fórmulas naturais em busca de melhorias para enfermidades, diante dos recursos possíveis da região. Assim, de acordo com os costumes e levado pela inexistência da ciência oficial na época, o ser humano uniu — e ainda une — recursos da natureza à própria fé, dando início a uma variada farmacopeia composta de meizinhas, garrafadas, infusões, chás, amuletos e oferendas às divindades para tratamento médico. A essas crenças, misturaram-se os tra- ços culturais e religiosos dos três grupos étnicos que formaram a 1 MOMENT O Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 6 27/11/19 16:24 7 Religião em diálogo – 70 ano a cura através de benzimentos. Calheiros, (2017) apud Cascudo (2001, p. 587) fala que a benzedei- ra é uma ‘Mulher, geralmente ido- sa, quem tem ‘poderes de cura’ por meio de benzimento’. As benzedei- ras são consideradas como uma cientista popular a qual possui características próprias de curar, unindo o misticismo da religião jun- to aos conhecimentos da medicina popular. O processo de cura não parte apenas na eliminação dos sintomas apresentados, mas de um conjunto de movimentos que buscam restabelecer o ser com o meio e com o universo. Para Ger- ber (1997), o homem é composto por mente (noûs), corpo (sôma) e espírito (pnéuma), sendo assim a soma de um sistema de energias que se interagem. Para as bezen- deiras, as enfermidades curadas são consideradas perturbações que atingem não só apenas o cor- po, mas estão ligadas diretamente a questões sociais, psicológicas e/ ou espirituais que afetam o coti- diano de cada pessoa. A reza é um dos principais ele- mentos para a cura dos efêmeros para as benzedeiras, ou seja, é a for- ça da palavra que ao ser pronuncia- da, o mal se distancia naturalmente (CALHEIROS, 2017). As rezadeiras ou benzedeiras são consideradas como uma figura cultural familiar e religiosa, voltada para solucionar problemas cotidianos, e elas veem o seu ofício como um dom, no qual Deus é o responsável por curar, e elas, instrumentos intermediários para que a cura se revele (OLIVEIRA, 2018 apud ALEXANDRE, 2006). As benzedeiras usam plantas para fazer a reza usando o ramo de qualquer tipo de planta para a realização da reza. Caso exista algum mal, este irá se direcionar para planta, que mur- chará. Caso não esteja com o uso de um ramo, elas acreditam que esse mal virá para elas. Alguns outros ele- mentos também podem ser utiliza- dos na reza como vela, tesoura, faca, carvão, erva, água, ramos, sal, bíblia, rosários, fios de linha, entre outros. O uso de cada elemento depende do direcionamento da reza.” DINIZ, Ericka. A arte de curar: saberes e práticas de rezadeiras e benzedeiras no cuidar da saúde. Conedu, UFPB, 2018. Adaptado. 7 Religião em diálogo – 70 ano Místicas e espiritualidades sociedade brasileira, resultando em receitas, habilidades e saberes que se perpetuaram oralmente, passando de geração em geração. Ainda hoje, em qualquer parte do Brasil, é possível encontrar pessoas dispostas a aplicar esse tipo de conhecimento na assistência às aflições físicas, existenciais e espirituais. Essas pessoas carregam consigo uma aura misteriosa que inspira respeito e confiança aos que as procuram. Dependendo da maneira como são usados esses saberes, numa mistura de dom, solidariedade e ofício, é possível identificar tipos e denominações diferentes em relação às suas características de atuação. Rezadeiras e benzedeiras são denominações distintas para designar quase o mesmo ofício. Segundo o livro Rezas, benzeduras e simpatias, a diferença é que benzedeiras são em sua maioria mulheres, solicitadas em geral para prestação de serviços e, mui- tas vezes, são as únicas parteiras da região. Por ser uma função exercida sobretudo por mulheres, é sempre referida no feminino. As rezadeiras e benzedeiras se diferenciam de outros indivíduos que promovem a cura das doenças e o afastamento do mal, pois fazem da oração a principal forma de assistência, embora muitas vezes a rezadeira faça uso de ramos de plantas durante a reza. Todo o trabalho da rezadeira, seus gestos, jaculatórias, palavras e expressão corporal preparam a atmosfera de espiritualidade do ambiente e acabam proporcionando um grande poder místico sobre os presentes. Ioleda, mais conhecida como Dona Dotana na cidade de Trajano de Mo- rais, interior do Estado do Rio de Janeiro, nasceu em 1946 e é rezadeira desde os 18 anos. Re pr od uç ão . Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 7 27/11/19 16:24 8 Manual do Educador O grupo Encontro da Nova Consciência produziu um do- cumentário chamado O Ramo a respeito das rezadeiras da cidade de Boa Vista, Paraíba. Neste do- cumentário é possível perceber a rotina de vida dessas mulheres que dedicaram suas vidas a aju- dar as pessoas nos mais diversos problemas de saúde e pessoais. Mãos santas: a fé inabalável das rezadeiras de Pernambuco “Glória ao pai, glória ao filho e ao espírito santo, assim como era no princípio, agora e sempre, por todos séculos dos séculos. Amém”. Segurando um ramo de pinhão-roxo colhido no quintal de sua casa, a rezadeira Ciza Batista finaliza o ritual de sua bênção. Em suas mãos santas, ela mantém viva a tradição secular “capaz de curar males da mente e do corpo”. O Ramo-parte 1: https:// w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=Yc8tg3Bi7g8 O Ramo-parte 2: https:// w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=cVhgrcea-5E Na busca pelo alívio de des- confortos emocionais e espiri- tuais, muitos recorrem ao apoio místico das rezadeiras. Na infân- cia, familiares costumam levar os filhos com frequência para rece- ber a bênção através da reza. Em Pernambuco, a tradição não desapareceu ao longo dos anos, mas tornou-se mais rara, princi- palmente nos centros urbanos. Apesar disso, as senhoras da ora- ção poderosa ainda resistem e fazem de suas preces um alento em meio ao sofrimento de quem busca na fé uma esperança. No bairro de Paratibe, em Paulista, na Região Metropolita- na do Recife, vive a rezadeira Ciza Batista, de 73 anos. A aposenta- da tem mais de seis décadas de experiência e diz que sua missão 8 Religião em diálogo – 70 ano Nas rezas, são usadas formas modificadas das orações oficializadas pela Igreja Ca- tólica, misturadas a palavras resmungadas e incompreensíveis de um latim corrompido. Essas rezas abrangem as mais variadas necessidades, podendo solucionar conflitos fami- liares, chamar pessoas de volta à responsabilidade, acabar com o poder maléfico de um ambiente, e outros problemas que contribuem para a credibilidade da rezadeira, como a cura do mau-olhado, quebranto, espinhela caída, cobreiro, febre, tristeza, míngua, ar na cabeça, dores em geral e doenças que muitas vezes variam de nome de acordo com a cultura local. Por serem consideradas portadoras de um dom divino especial, as rezadeiras não costumam cobrar por seus serviços, mesmo porque, em geral, os usuários desses ser- viços são pessoas de baixa renda ou com renda mínima e com dificuldades de acesso a serviços formais de saúde. Mas, caso o paciente possa e queira pagar, elas aceitam a contribuição. No meio rural, as rezadeiras e benzedeiras comumente têm formação católica; já nos centros urbanos, seus rituais variam seguindo a diversidade religiosa local conforme preceitos que podem ser católicos, kardecistas, adventistas, umbandistas ou esotéricos. Entretanto, mesmo baseadas em cultos ou religiões diferentes, as rezadeiras e benze- deiras seguem os mesmos princípios de humildade, solidariedade, justiça e contato diário com o divino. ANDRADE, Maria do Carmo. Rezadeiras e benzedeiras. Pesquisa Escolar. Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Adaptado. Farmacopeia: Coleção, catálogo ou repositório de receitas e fórmulas demedicamentos. Meizinhas: Termo popularmente usado para referir-se a qualquer remédio caseiro. Jaculatória: Oração breve, pronunciada ou rezada mentalmente, sempre numa única frase, em que o fiel invoca a Deus com humilde confiança. Quebranto: Abatimento, enfraquecimento, prostração, fraqueza, morbidez. Espinhela caída: Designação popular de uma doença causada por um esforço excessivo. Seus sintomas mais comuns são dor nas costas, no estômago, nas pernas e cansaço. Cobreiro: Nome popular da doença chamada herpes-zóster, causada pela reativação do vírus da catapora. Míngua: Tristeza excessiva. Ar na cabeça: Também conhecido por pneumocéfalo, é uma condição em que o paciente tem ar na cavidade intracraniana. Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 8 27/11/19 16:24 9 Religião em diálogo – 70 ano é rezar e ser uma porta-voz do conforto divino. Em seu quintal, ela colhe as plantas necessárias para realizar o ritual e diz que a procura das pessoas ainda é grande. “Já benzi gente de outros estados que vieram só para me encontrar”, conta. A benzedeira Ciza explica que não “aprendeu” a rezar, mas ganhou esse dom das mulheres de sua família. A bisavó rezava os escravos e os donos de engenho, ainda no século XIX. A fé foi passa- da para a avó, que era escrava e também adquiriu o dom. Aos sete anos, Ciza observava a sua avó e começou a reproduzir a prática em seus irmãos, de quem cuidou desde muito nova. “Mas não é a reza que cura, nem eu. É a fé no divino”, esclarece. Para receber a reza não pre- cisa marcar um horário e nem pa- gar uma taxa. Longe disso. Ciza diz que benzer os necessitados é um ato de caridade e de eleva- ção espiritual. “Quem chega na minha casa é sempre bem-vindo. O único pedido que faço é que ao procurar qualquer rezadeira, é preciso ter fé para que as pala- vras tenham força. Não adianta receber a bênção sem acreditar na força divina”, pontua. Os motivos de quem procura as rezadeiras são muitos. Falta de atendimento médico ou de- sesperança no sistema de saúde, tradição familiar ou para cuidar de casos que, para a cultura po- pular, pode ser tratado por uma benzedeira. Espinhela caída, vento virado, mau-olhado, erisipela e cobreiro, além de outros incômo- dos físicos e emocionais. Crian- ça, adulto ou idoso, não há idade estabelecida e qualquer pessoa pode ser benzida. Com um rosário ou um ramo na mão, a rezadeira recita uma oração em cima da pessoa por alguns minutos. A planta pode ser vassourinha, arruda, pinhão, aroeira e outras. Em alguns casos, o malefício só é curado após um banho com erva-doce para limpar o corpo e a alma. [...] Disponível em: https://www.leiaja.com/cultu- ra/2017/08/15/maos-santas-fe-inabalavel-das-re- zadeiras-de-pernambuco/. Acesso em: 15/10/2019. 9 Religião em diálogo – 70 ano 1. A cultura popular está muito atrelada à fé e à devoção. Dessa fé, surgem pessoas que agem como intermediadoras do humano com o divino. Nesse contexto, temos as rezadeiras e as benzedeiras, que, com orações, abençoam e curam pessoas por meio de sua fé. Você já tinha ouvido falar delas? Pergunte aos seus parentes se eles conhecem rezadeiras e benzedeiras, escreva seu relato a seguir e compartilhe com seus colegas de turma. Resposta pessoal. 2. Observe o trecho a seguir e responda ao que se pede. “A essas crendices, misturaram-se os traços culturais e religiosos dos três grupos étnicos que formaram a sociedade brasileira, resultando em receitas, habilidades e saberes que se perpetuaram oralmente, passando de geração em geração.” Maria do Carmo Andrade. No trecho lido, a autora fala que a base dos rituais das rezadeiras e benzedeiras se for- mou a partir da mistura de crenças e costumes de três grupos. Quais grupos eram esses? Espera-se que os alunos compreendam que as práticas religiosas dos negros, indígenas e europeus (que trouxeram consigo o cristianismo) culminaram na religiosidade prati- cada pelas rezadeiras e benzedeiras. 3. A perpetuação das tradições culturais da população brasileira foi de suma impor- tância para a fé que fundamenta a tradição das benzedeiras e rezadeiras. Pensando nisso, como acontece o processo de cura das pessoas que são atendidas pelas re- zadeiras e benzedeiras? Espera-se que os alunos compreendam que as pessoas que rezam, fazem-no em nome de Deus e rogam pela cura. Por meio da experiência de vida e dos saberes populares, as benzedeiras e rezadeiras ensinam como usar as plantas de forma correta e, mis- turando as ervas, administram a cura de enfermidades. Exercitando o que aprendemos Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 9 27/11/19 16:24 10 Manual do Educador Professor, deixe claro aos alu- nos que nossa discussão não tende a relativizar o culto ao sagrado nas diferentes manifestações religiosas, mas sim analisar esse fenômeno que é real e perceptível. A abran- gência das manifestações religiosas na TV, no rádio e na Internet, a cada ano, tem se intensificado e tomado cada vez mais espaço. Esses textos, contidos no livro do aluno, servem para nos fazer refletir sobre a se- guinte pergunta: as pessoas, por estarem cada vez mais conectadas às redes sociais, procuram materiais religiosos, ou as manifestações re- ligiosas estão nos espaços virtuais porque as pessoas estão no mundo virtual? Não existe uma resposta defi- nitiva para esse levantamento, tam- pouco deve ser feito juízo de valor. Lembre-se, professor: nosso papel aqui é instigar o aluno a refletir sobre o mundo em que ele vive e como ele age para modificá-lo positivamente. ANOTAÇÕES 10 Religião em diálogo – 70 ano 4. Quando a autora une a realidade da pobreza com a procura de métodos medicinais alternativos, ela está fazendo uma crítica à administração pública. Você consegue per- ceber qual é? Espera-se que os alunos compreendam que, pela precariedade do Sistema Único de Saúde (SUS), as pessoas recorrem a procedimentos que, não usados nem aplicados pela ciência, ajudam a curá-las de enfermidades físicas e espirituais mediante o co- nhecimento popular da utilização de ervas, orações e simpatias. “Quem não conhece o poder da oração, é porque não viveu as amarguras da vida!” Eça de Queirós Comunico aquilo que sou E a fé virou bits Ao falarmos em comunicação, qual símbolo vem à sua mente? Poderia ser o smartphone, por exemplo. Esse aparelho tão popular que simplificou muito nosso cotidiano, trazendo facilidades e até benefícios para a qualidade de vida. Temos aplicativos que nos lembram de tomar água, outros que nos ajudam a ver melhor as estrelas e saber onde há eclipse, sem falar nos utilizados para entrega de comidas. Esse moderno aparelho tornou ainda mais funcional aquilo que se desejava quando foi criado o sistema de correspondência: facilitar a troca de informações entre pessoas. Essa troca se tornou uma grande necessidade com o avanço da tecnologia, e hoje pode- mos encontrar esse mecanismo em várias esferas da sociedade, inclusive no meio religioso. A celebração ficou online As novas tecnologias de comunicação favoreceram os centros religiosos para que suas celebrações fossem transmitidas de forma ampla e para todo o Planeta. Assim, todos aqueles que estiverem conectados ao sistema internacional de comunicação — Internet — podem ter acesso ao culto sagrado. Muitas denominações religiosas, hoje, ofertam ao seu fiel o acesso remoto ao culto que celebram. Velas são acesas virtualmente, orações são enviadas pelo WhatsApp, áu- dios com testemunhos são compartilhados, etc. Diversas manifestações religiosas podem ser encontradas nesse novo meio que surge, e, como forma de se manter, as religiões tradicionais buscam esse espaço também. Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 10 27/11/19 16:24 11 Religião em diálogo – 70 ano Quando a intolerância chega às redes A grande popularização das re- des sociais nos últimos anos proje- tou mais evidência ao problema da intolerância. De acordo com dados da ONG Safernet, apenas entre os anos de 2010 e 2013,aumentou em mais de 200% o número de denún- cias contra páginas que divulgaram conteúdos racistas, misóginos, ho- mofóbicos, xenofóbicos, neonazis- tas, de intolerância religiosa, entre outras formas de discriminação contra minorias em geral. Números como esses provo- cam a sensação de que a Internet deu origem a uma grande onda de intolerância. Porém, o que de fato ocorreu é que as redes sociais am- plificaram os discursos de ódio já existentes no nosso dia a dia. Pen- sando bem, como é possível sepa- rar a manifestação de preconceitos ocorridos no ambiente virtual das práticas sociais do “mundo real”? No fundo, nas ruas ou nas redes, as pessoas são as mesmas. O ambiente em rede, no entanto, dada a possibi- lidade de um pretenso anonimato e a confortável reclusão atrás da tela do computador, facilita que cada um solte seus demônios. Quando uma pessoa posta ou compartilha algum discurso de ódio na Internet, ela está reforçando e reafirmando um preconceito que ela já tem, já existente. É uma reprodu- ção no mundo virtual de algo que faz parte da realidade daquela pes- soa, daquela sociedade. Chegamos à conclusão de que a intolerância nas redes é resultado direto das de- sigualdades e preconceitos sociais em geral, e não uma “invenção da Internet”. Fica claro que o mundo virtual se transformou em mais um meio disponível e muito acessível para que os intolerantes se manifestem, às vezes até mesmo incentivando a expressão desses preconceitos. Isso porque, se a Internet não criou a in- tolerância, ela a reproduz, aumenta seu alcance e ajuda a naturalizar e a conservar discursos de ódio. Disponível em: https://www.comunicaquemuda. com.br/dossie/quando-intolerancia-chega-as- -redes/. Acesso em: 15/10/2019. Adaptado. 11 Religião em diálogo – 70 ano O sagrado offline A partilha de informação e o contato com os outros membros, devido à Internet, podem ser feitos virtualmente; no entanto, como fica a relação com o sagrado mediante essas tecnologias? Como posso me conectar com a divindade a qual venero e presto culto? Quais impactos são possíveis perceber na vida das pessoas? Para responder a essas perguntas, traremos o comentário de Moisés Sbardelotto, jornalista e doutor em comunicação. Er ic a Ca ta ri na P on te s | sh ut te rs to ck .c om Em sua grande maioria, as religiões utilizam a comunhão com outros fiéis para celebrar o sagrado, e nesses encontros o divino se manifesta. Como poderemos observar nas representações, a seguir, de algumas religiões, a unidade dos fiéis representa a força e a exis- tência que cada divindade tem na vida dos indivíduos. Candomblé No candomblé, o canto, o toque de tambor, a posição das mãos, cada mínimo detalhe representa a comunicação com o orixá cultuado. Os toques e cantos mudam dependendo da nação e do orixá. Para cada divindade, existe um toque especial; e os alabês devem conhe- cer cada tipo de toque e canto que, por meio da tradição oral, são transmitidos desde as antigas nações africanas até os atuais terreiros. “Mais do que um impacto, eu percebo pequenas ‘microalterações’ na religiosidade por meio dessas novas práticas religiosas midiatizadas, que mostram que as pessoas passam a encontrar uma oferta de experiência religiosa não apenas nas igrejas de pedra, nos padres de carne e osso e nos rituais palpáveis, mas também na religiosidade existente e disponível nos bits e pixels da Internet. Formam-se, assim, novas modalidades de percepção e de ex- pressão do sagrado em novos ambientes de culto: novas formas de manifestação de Deus (teofania) e do sagrado (hierofania), agora midiatizadas: midioteofanias e midio-hierofanias que lançam a religião para novos patamares de existência. Ou seja, as mídias não são mais apenas extensões dos seres humanos, mas também o ambiente no qual tudo se move, inclusive a religião: um novo ‘bios religioso’. O que pudemos perceber, a partir disso, é que a fé vivenciada, praticada e experienciada nos ambientes digitais aponta para uma mudança na experiência religiosa do fiel e da manifestação do religioso, por meio de novas temporalidades, novas espacialidades, novas materialidades, novas discursi- vidades e novas ritualidades marcadas centralmente por lógicas midiáticas.” Religião e Internet: microalterações e evoluções da fé, Moisés Sbardelotto. Religiao_em_Dialogo_7A_001a064.indd 11 27/11/19 16:24 12 Manual do Educador Comunidade e modernidade Trata-se então de não apenas um corpo ou um objeto, mas tam- bém de uma construção ideológica que se baseia na necessidade indi- vidual da segurança, do conforto, da familiaridade e do sentimento de pertencimento, de que fazemos parte de algo maior que nossa in- dividualidade, da delimitação do “Nós” (o familiar) e dos “outros” (o estranho). Nesse ponto, o autor Zygmunt Bauman nos esclarece: “pertencer a uma comunidade significa renegar parte de nossa individualidade em nome de uma estrutura montada para satisfa- zer nossas necessidades de inti- midade e da construção de uma ‘identidade’ ” A construção de uma fronteira entre o familiar, o “de dentro”, e o estranho, “o de fora”, é a essên- cia que fundamenta uma comu- nidade. Para tanto, deve existir um policiamento por parte dos integrantes desta comunidade, para que ideias “estranhas” não entrem em seu meio e ameace a estrutura construída em torno das ideias familiares. Esse fenômeno é observável em alguns grupos religiosos secta- ristas, que buscam se separar e se diferenciar ao perseguir um ideal de “pureza” que envolve o estabe- lecimento de comportamentos e prática de atividades que estão relacionados diretamente às suas crenças religiosas. Dessa forma, a comunidade se estabelece dentro da vontade comum na busca de se diferenciar do que é considerado profano por sua crença, que se relaciona diretamente ao que é considerado sagrado. Desta forma, são construídas determinações quanto a valores e interpretações de fenômenos dos quais todos os seus integrantes compartilham e valorizam, em alguma medida, em detrimento dos ideais e caracterís- ticas que são atribuídas ao com- portamento dos que se encontram do lado de fora, que representam o impuro e o profano. BAUMAN, Zygmunt. 1925- Comunidade: a busca por segurança no mundo atual / Zygmunt Bauman; tradução Plínio Dentzien. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. 12 Religião em diálogo – 70 ano Budismo Por meio da meditação, os budistas entram em contato consigo mesmos e avaliam, refletem e buscam inspiração para determinadas situações de sua existência. Usando cânticos chamados de mantras, eles reverenciam os antepassados em busca de sabedoria e elevação espiritual, até atingir o nirvana, que consiste em um estado de espírito de paz e tranquilidade alcançado por meio do autoconhecimento. Cristianismo católico Com seus rituais celebrativos, cheios de cores, ritos e símbolos, os cristãos católicos celebram seu ritual de maior importância, a missa. Eles acreditam que, durante o rito, Jesus doa-se em forma de pão e vinho para seus fiéis por meio da Eucaristia, o ritual central da Igreja Católica. Essa transformação chama-se transubstanciação, na qual o pão deixa de ser pão e torna-se o corpo do Messias; e o vinho, o seu sangue. Juntos, os católicos festejam Jesus Cristo com músicas e gestos. Cristianismo protestante Iniciado com Martinho Lutero, no século XVI, na Alemanha, o movimento protestante aconteceu como um grande evento de protesto às ações arbitrárias da Igreja Católica. Em todo o mundo, no decorrer dos anos, surgem novas denominações e formas dife- rentes de prestação de culto ao divino. As igrejas protestantes históricas — luterana, anglicana, calvinista, metodista e batista — mantêm muitos dos costumes ritualísticos da Igreja Católica, mudando alguns detalhes, como a instituição do papa, a interpreta- ção da Bíblia, etc. Nação: Conjunto de rituais que cada povo africano trazido como escravo para o Brasil trouxe
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