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Ensino Religioso na Educação Fundamental

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e 
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Impresso no Brasil
As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram 
modificações com o novo Acordo Ortográfico.
Religião em diálogo
7o ano do Ensino Fundamental 
Lucas Vieira
Editor
Lécio Cordeiro
Revisão de texto
Departamento Editorial
Capa e projeto gráfico 
 Adriana Ribeiro e Nathália Sacchelli
Diagramação
Adriana Ribeiro
Ilustrações
Lourdes Saraiva
Direção de arte
Elto Koltz
Coordenação editorial
Multi Marcas Editoriais Ltda.
Rua Neto Campelo Júnior, 37 – Mustardinha – Recife/PE
Tel.: (81) 3447.1178
CNPJ: 00.726.498/0001-74 – IE: 0214538-37
Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos 
dos textos contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve al-
guma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer 
créditos faltantes.
Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam, sempre que 
oportuno e sem prejudicar seu sentido original, uma nova pontuação.
O conteúdo deste livro está adequado à proposta 
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de 
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.
Manual do Educador – Fundamentação
III
Ao longo da história da educação brasileira, o 
Ensino Religioso assumiu diferentes perspectivas 
teórico-metodológicas, geralmente de viés confessio-
nal ou interconfessional. A partir da década de 1980, 
as transformações socioculturais que provocaram 
mudanças paradigmáticas no campo educacional 
também impactaram no Ensino Religioso. Em função 
dos promulgados ideais de democracia, inclusão social 
e educação integral, vários setores da sociedade civil 
passaram a reivindicar a abordagem do conhecimento 
religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa 
no âmbito dos currículos escolares.
APRESENTAÇÃO
respeito a 
diversidade 
cultural 
religiosa
Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a LDB nº 
9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997)
A Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a 
LDB nº 9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 
9.475/1997) estabeleceram os princípios e os funda-
mentos que devem alicerçar epistemologias e peda-
gogias do Ensino Religioso, cuja função educacional, 
enquanto parte integrante da formação básica do 
cidadão, é assegurar o respeito à diversidade cultural 
religiosa, sem proselitismos. Mais tarde, a Resolução 
CNE/CEB nº 04/2010 e a Resolução CNE/CEB nº 07/2010 
reconheceram o Ensino Religioso como uma das cinco 
áreas de conhecimento do Ensino Fundamental de 
09 (nove) anos.
Manual do Educador – Fundamentação
IV
Ensino Religioso à luz da BNCC
Para o Ensino Religioso estabelecido como componente curricular de oferta obrigatória nas escolas públicas 
de Ensino Fundamental, com matrícula facultativa, em diferentes regiões do País, foram elaborados propostas 
curriculares, cursos de formação inicial e continuada e materiais didático-pedagógicos que contribuíram para a 
construção dessa área de ensino, cujas natureza e finalidades pedagógicas são distintas da confessionalidade. 
Considerando os marcos normativos e em conformidade com as competências gerais estabelecidas 
no âmbito da BNCC, o Ensino Religioso deve atender aos seguintes objetivos:
a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das mani-
festações religiosas percebidas na realidade dos educandos.
b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito 
de promoção dos direitos humanos.
c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas 
e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo 
com a Constituição Federal.
d) Contribuir para que os educandos construam seu sentido pessoal de vida a partir de valores, prin-
cípios éticos e da cidadania.
Nakigitsune-sama | Shutterstock.com
Manual do Educador – Fundamentação
V
O conhecimento religioso, objeto do Ensino Religioso, é produzido no âmbito das diferentes áreas do 
conhecimento científico das Ciências Humanas e Sociais, notadamente da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). 
Essas Ciências investigam a manifestação dos fenômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades 
enquanto um dos bens simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, 
da vida e da morte. De modo singular, complexo e diverso, esses fenômenos alicerçaram distintos sentidos 
e significados de vida e diversas ideias de divindade(s), em torno dos quais se organizaram cosmovisões, 
linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, 
práticas e princípios éticos e morais. Os fenômenos religiosos em suas múltiplas manifestações são parte 
integrante do substrato cultural da humanidade.
Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos religiosos a partir de pressupostos éticos e científicos, 
sem privilégio de nenhuma crença ou convicção. Isso implica abordar esses conhecimentos com base 
nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a existência de filosofias seculares de vida. 
No Ensino Fundamental, o Ensino Religioso adota a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores 
e articuladores dos processos de observação, identificação, análise, apropriação e ressignificação de 
saberes, visando ao desenvolvimento de competências específicas. Dessa maneira, busca problemati-
zar representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o intuito de combater a intolerância, a 
discriminação e a exclusão.
Manual do Educador – Fundamentação
VI
Por isso, a interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e pedagógicos 
do Ensino Religioso, porque favorecem o reconhecimento e respeito às histórias, memórias, crenças, 
convicções e valores de diferentes culturas, tradições religiosas e filosofias de vida.
O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias 
de vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, 
experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam ao acolhimento das identida-
des culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, dos direitos humanos e da cultura de 
paz. Tais finalidades se articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que 
fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em sociedade.
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da BNCC, a área de 
Ensino Religioso — e, por consequência, o componente curricular de Ensino Religioso — deve garantir 
aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.
DiálogoValores
Amor
Respeito
Paz
Compreensão
Manual do Educador – Fundamentação
VII
Competências específicas de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental
1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de 
vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências 
e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da 
saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e às práticas de intolerância, discrimina-
ção e violência de cunho religioso,de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da 
cidadania e da cultura de paz.
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Manual do Educador – Fundamentação
VIII
Ensino Religioso
O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado contexto 
histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e produção cultural. Nesse processo, o 
sujeito se constitui enquanto ser de imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (di-
mensão subjetiva, simbólica).
Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se relacionem entre si, com a natureza e com a(s) 
divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes.
A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, 
cujas relações dialógicas são mediadas por referenciais simbólicos (representações, saberes, crenças, 
convicções, valores) necessários à construção das identidades.
Tais elementos embasam a unidade temática Identidades e alteridades, a ser abordada ao longo de 
todo o Ensino Fundamental. Nessa unidade, pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e 
acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às seme-
lhanças e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos 
e significados e da relação entre imanência e transcendência.
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Manual do Educador – Fundamentação
IX
A dimensão da transcendência é matriz dos fenômenos e das experiências religiosas, uma vez que, 
em face da finitude, os sujeitos e as coletividades sentiram-se desafiados a atribuir sentidos e significados 
à vida e à morte. Na busca de respostas, o ser humano conferiu valor de sacralidade a objetos, animais, 
pessoas, forças da natureza ou seres sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta.
Essa dimensão transcendental é mediada por linguagens específicas, tais como o símbolo, o mito e o 
rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos e complementares. Por exemplo, objetivamente, 
uma flor é apenas uma flor. No entanto, é possível reconhecer nela outro significado: a flor pode despertar 
emoções e trazer lembranças. Assim, o símbolo é um elemento cotidiano ressignificado para representar 
algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer a mediação com outra realidade e, por isso, é uma 
das linguagens básicas da experiência religiosa.
Tal experiência é uma construção subjetiva alimentada por diferentes práticas espirituais ou ritualís-
ticas, que incluem a realização de cerimônias, celebrações, orações, festividades, peregrinações, entre 
outras. Enquanto linguagem gestual, os ritos narram, encenam, repetem e representam histórias e acon-
tecimentos religiosos. Dessa forma, se o símbolo é uma coisa que significa outra, o rito é um gesto que 
também aponta para outra realidade.
Manual do Educador – Fundamentação
X
Os rituais religiosos são geralmente realizados coletivamente em espaços e territórios considerados 
sagrados (montanhas, mares, rios, florestas, templos, santuários, caminhos, entre outros), que se dis-
tinguem dos demais por seu caráter simbólico. Esses espaços constituem-se em lócus de apropriação 
simbólico-cultural, onde os diferentes sujeitos se relacionam, constroem, desenvolvem e vivenciam suas 
identidades religiosas.
Nos territórios sagrados, frequentemente atuam pessoas incumbidas da prestação de serviços reli-
giosos. Sacerdotes, líderes, funcionários, guias ou especialistas, entre outras designações, desempenham 
funções específicas: difusão das crenças e doutrinas, organização dos ritos, interpretação de textos e 
narrativas, transmissão de práticas, princípios e valores, etc. Portanto, os líderes exercem uma função 
pública, e seus atos e orientações podem repercutir sobre outras esferas sociais, tais como economia, 
política, cultura, educação, saúde e meio ambiente.
Esse conjunto de elementos (símbolos, ritos, espaços, territórios e lideranças) integra a unidade temá-
tica Manifestações religiosas, em que se pretende proporcionar o conhecimento, a valorização e o respeito 
às distintas experiências e manifestações religiosas e a compreensão das relações estabelecidas entre 
as lideranças e denominações religiosas e as distintas esferas sociais.
Manual do Educador – Fundamentação
XI
Na unidade temática Crenças religiosas e filosofias de vida, são tratados aspectos estruturantes das diferen-
tes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, particularmente sobre mitos, ideia(s) de divindade(s), 
crenças e doutrinas religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imortalidade, princípios e valores éticos.
O mito é outro elemento estruturante das tradições religiosas. Ele representa a tentativa de explicar 
como e por que a vida, a natureza e o cosmos foram criados. Apresenta histórias dos deuses ou heróis 
divinos, relatando, por meio de uma linguagem rica em simbolismo, acontecimentos nos quais as divin-
dades agem ou se manifestam.
O mito é um texto que estabelece uma relação entre imanência (existência concreta) e transcendência 
(o caráter simbólico dos eventos). Ao relatar um acontecimento, o mito situa-se em um determinado tempo 
e lugar e, frequentemente, apresenta-se como uma história verdadeira, repleta de elementos imaginários.
No enredo mítico, a criação é uma obra de divindades, seres, entes ou energias que transcendem a 
materialidade do mundo. São representados de diversas maneiras, sob distintos nomes, formas, faces 
e sentidos, segundo cada grupo social ou tradição religiosa.
PRINCÍPIOS 
MOVIMENTOS 
RELIGIOSOS 
IDEIAS 
DE 
DIVINDADE
TRADIÇÕES 
ORAIS 
TRADIÇÕES 
ESCRITAS
VALORES 
ÉTICOS
FILOSOFIAS 
DE 
VIDA
Manual do Educador – Fundamentação
XII
O mito, o rito, o símbolo e as divindades alicerçam as crenças, entendidas como um conjunto de ideias, 
conceitos e representações estruturantes de determinada tradição religiosa. As crenças fornecem respostas 
teológicas aos enigmas da vida e da morte, que se manifestam nas práticas rituais e sociais sob a forma de 
orientações, leis e costumes.
Esse conjunto de elementos origina narrativas religiosas que, de modo mais ou menos organizado, são 
preservadas e passadas de geração em geração pela oralidade. Desse modo, ao longo do tempo, cosmovisões, 
crenças, ideia(s) de divindade(s), histórias, narrativas e mitos sagrados constituíram tradições específicas, ini-
cialmente orais. Em algumas culturas, o conteúdo dessa tradição foi registrado sob a forma de textos escritos.
No processo de sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam eles orais, sejam eles escritos, certos 
grupos sociais acabaram por definir um conjunto de princípios e valores que configuraram doutrinas religiosas. 
Estas reúnem afirmações, dogmas e verdades que procuram atribuir sentidos e finalidades à existência, bem 
como orientar as formas de relacionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza.
As doutrinas constituem a base do sistema religioso, sendo transmitidas e ensinadas aos seus adeptos de 
maneira sistemática, com o intuito de assegurar uma compreensão mais ou menos unitária e homogênea de 
seus conteúdos. 
Mito
Rito Símbolo
Divindade
CRENÇAS
Manual do Educador – Fundamentação
XIII
No conjunto das crenças e doutrinas religiosas, encontram-se ideias de imortalidade (ancestralidade, reencar-
nação, ressurreição, transmigração, entre outras), que são norteadoras do sentido da vida dos seus seguidores. 
Essas informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena quanto para o pós-morte, cuja 
finalidade é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral, 
definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores 
de comportamento, tanto nos ritos como na vida social.
Também as filosofias de vida se ancoram em princípios cujas fontes não advêmdo universo religioso. Pes-
soas sem religião adotam princípios éticos e morais cuja origem decorre de fundamentos racionais, filosóficos, 
científicos, entre outros. Esses princípios, geralmente, coincidem com o conjunto de valores seculares de mundo 
e de bem, tais como: o respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento igualitário das pessoas, a liberdade 
de consciência, crença e convicções e os direitos individuais e coletivos.
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos 
de conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas) expressam 
um arranjo possível (entre outros). Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo 
obrigatório para o desenho dos currículos.
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Manual do Educador – Fundamentação
XIV
A avaliação a serviço da aprendizagem
A aprendizagem e, consequente e simultaneamente, a avaliação devem ser orientadas e dirigidas pelo currí-
culo — como ideia global de princípios e marco conceitual de referência que concretiza em práticas específicas 
a educação como projeto social e político — e pelo ensino, o qual deve inspirar-se nele.
Partindo dos pressupostos construtivistas sobre o ensino e a aprendizagem, e levando-se em conta a teoria 
implícita que ilumina o currículo, devemos reconhecer que um bom ensino contribui positivamente para tornar 
boa a aprendizagem e que uma boa atividade de ensino e de aprendizagem torna boa a avaliação.
Do mesmo modo, devemos reconhecer que uma boa avaliação torna boa a atividade de ensino e boa a 
atividade de aprendizagem. Assim, estabelece-se uma relação simétrica e equilibrada entre cada um dos ele-
mentos que compõem o “currículo total”, considerado como meio ideal de aprendizagem e como tempo e lugar 
de intercâmbio no qual são construídas, cooperativa e solidariamente, as aprendizagens escolares.
O que fica claro é que, em nenhum caso, a preocupação com os exames — que podem ser, razoavelmente 
bem-utilizados, recursos aceitáveis, embora não únicos de avaliação — deve condicionar e dirigir a aprendizagem; 
tampouco, evidentemente, deve condicionar o currículo e o ensino. Não podemos perder de vista que os exa-
mes, qualquer que seja a forma que adotem, devem estar a serviço da aprendizagem, do ensino e do currículo 
e antes, é claro, do sujeito que aprende. Do contrário, serão os exames, e não o currículo proclamado nem o 
currículo praticado, os que determinarão o currículo real e o que ele representa.
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Manual do Educador – Fundamentação
XV
A partir de uma interpretação tradicional da avaliação, própria da função designada, o professor tem desem-
penhado um papel decisivo, além de decisório, de um modo unidirecional. O papel destinado a quem aprende 
é o de responder a quantas perguntas sejam-lhes formuladas. A mudança no enfoque e na concepção de todo 
o processo deve levar, necessariamente, a uma mudança no papel que as técnicas devem desempenhar na 
implementação da avaliação. 
A partir de concepções alternativas, e mais de acordo com os novos enfoques curriculares, orientados pela 
racionalidade prática e crítica, quem aprende tem muito o que dizer do que aprende e da forma como o faz, 
sem que sobre a sua palavra gravite constantemente o peso do olho avaliador que tudo vê e tudo julga. Por 
esse caminho, podemos chegar a descobrir a qualidade do aprendido e a qualidade do modo pelo qual o aluno 
aprende, as dificuldades que encontra e a natureza delas, a profundidade e a consistência do aprendizado, bem 
como a capacidade geradora para novas aprendizagens daquilo que hoje damos por aprendido apenas tendo 
ouvido e estudado em um texto. Essa é a avaliação que considera o valor agregado do ensino como indicador 
válido da qualidade da educação.
ÁLVAREZ MÉNDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 36-37.
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Manual do Educador – Fundamentação
XVI
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados
(EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memórias, acontecimen-
tos e ensinamentos religiosos.
(EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budis-
mo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros).
Ensinamentos da tradição escrita
(EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver.
(EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras 
diversas.
(EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adep-
tos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas.
Símbolos, ritos e mitos religiosos
(EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das 
diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos.
(EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferen-
tes tradições religiosas.
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Manifestações religiosas
Místicas e espiritualidades
(EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas 
manifestações e tradições religiosas.
(EF07ER02) Identificar práticas de espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas si-
tuações (acidentes, doenças, fenômenos climáticos).
Lideranças religiosas
(EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas.
(EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas contribuições à sociedade.
(EF07ER05) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa entre as religiões.
Crenças religiosas e filosofias de vida
Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, discutindo como podem influenciar condutas pessoais e práticas sociais.
Liderança e direitos humanos
(EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lideranças religiosas e seculares na defesa e pro-
moção dos direitos humanos.
(EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando 
concepções e práticas sociais que a violam.
ENSINO RELIGIOSO – 6º ANO
ENSINO RELIGIOSO – 7º ANO
Manual do Educador – Fundamentação
XVII
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados
(EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memórias, acontecimen-
tos e ensinamentos religiosos.
(EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budis-
mo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros).
Ensinamentos da tradição escrita
(EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver.
(EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras 
diversas.
(EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adep-
tos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas.
Símbolos, ritos e mitos religiosos
(EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das 
diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos.
(EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferen-
tes tradições religiosas.
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Manifestações religiosas
Místicas e espiritualidades
(EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas 
manifestações e tradições religiosas.
(EF07ER02) Identificar práticasde espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas si-
tuações (acidentes, doenças, fenômenos climáticos).
Lideranças religiosas
(EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas.
(EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas contribuições à sociedade.
(EF07ER05) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa entre as religiões.
Crenças religiosas e filosofias de vida
Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, discutindo como podem influenciar condutas pessoais e práticas sociais.
Liderança e direitos humanos
(EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lideranças religiosas e seculares na defesa e pro-
moção dos direitos humanos.
(EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando 
concepções e práticas sociais que a violam.
Manual do Educador – Fundamentação
XVIII
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Crenças, convicções e atitudes 
(EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais 
e coletivas.
(EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus prin-
cípios éticos.
Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte.
Crenças, filosofias de vida e esfera pública 
(EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar 
diferentes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia).
(EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas 
na esfera pública.
(EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da 
liberdade de pensamento, crenças e convicções.
Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferentes denominações religiosas.
ENSINO RELIGIOSO – 8º ANO
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Imanência e transcendência 
(EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas 
e filosofias de vida.
(EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análi-
se de matérias nas diferentes mídias.
Vida e morte 
(EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do es-
tudo de mitos fundantes.
(EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de 
vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres.
(EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances-
tralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição).
Princípios e valores éticos
(EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade 
humana.
(EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, religiosos e culturais) que possam alicerçar a cons-
trução de projetos de vida.
(EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em princípios e valores éticos.
ENSINO RELIGIOSO – 9º ANO
Manual do Educador – Fundamentação
XIX
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Crenças, convicções e atitudes 
(EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais 
e coletivas.
(EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus prin-
cípios éticos.
Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte.
Crenças, filosofias de vida e esfera pública 
(EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar 
diferentes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia).
(EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas 
na esfera pública.
(EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da 
liberdade de pensamento, crenças e convicções.
Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferentes denominações religiosas.
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Imanência e transcendência 
(EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas 
e filosofias de vida.
(EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análi-
se de matérias nas diferentes mídias.
Vida e morte 
(EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do es-
tudo de mitos fundantes.
(EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de 
vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres.
(EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances-
tralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição).
Princípios e valores éticos
(EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade 
humana.
(EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, religiosos e culturais) que possam alicerçar a cons-
trução de projetos de vida.
(EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em princípios e valores éticos.
Vamos dialogar ................................................................................................ 50
Liderança e direitos humanos.................................................................................. 55
Exercitando o que aprendemos ................................................................... 63 
Refletindo sobre o tema ................................................................................ 50
Vulnerabilidade religiosa e social ............................................................................ 55
Trabalhando o tema ....................................................................................... 63 
Agora é sua vez ............................................................................................... 50
10 Momento
20 Momento
30 Momento
40 Momento
Místicas e espiritualidades
Lideranças religiosas
Princípios éticos e valores religiosos
Liderança e direitos humanos
Vamos dialogar ................................................................................................. 6
Rezadeiras e benzedeiras .......................................................................................... 6
Exercitando o que aprendemos .................................................................... 9
Refletindo sobre o tema ................................................................................. 10
Comunico aquilo que sou .......................................................................................... 10
Trabalhando o tema ........................................................................................ 14
Agora é sua vez ................................................................................................ 17
Vamos dialogar ............................................................................................... 18
Jocum: Jovens Com Uma Missão ............................................................................ 18
Exercitando o que aprendemos ................................................................... 21
Refletindo sobre o tema ................................................................................ 23
Um líder nasce um líder? ..........................................................................................23
Trabalhando o tema ....................................................................................... 31
Agora é sua vez ............................................................................................... 34
Vamos dialogar ................................................................................................ 36
Diálogo entre religiões: um caminho possível e necessário ........................... 36
Exercitando o que aprendemos ................................................................... 39
Refletindo sobre o tema ........................................................................................... 42
Ética e a convivência pacífica entre credos ......................................................... 42
Trabalhando o tema ....................................................................................... 46 
Agora é sua vez ............................................................................................... 48
SUMÁRIO
CONHEÇA O MANUAL
Este Manual do Educador foi planejado para oferecer ao professor suporte didático para suas aulas. Levando em 
consideração que o trabalho em sala de aula é desenvolvido, em sua melhor forma, pela atenção dada pelo docente 
a detalhes que só ele conhece, como os diferentes níveis de aprendizado e interesse dos alunos. O que trazemos 
neste compêndio são sugestões bem elaboradas que esperamos ser úteis no processo de ensino e aprendizagem.
6 7
Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano
Professor, é muito importante 
perceber, durante as discussões, 
se não existe preconceito por 
parte dos alunos em relação às 
práticas de benzer feita pelas reza-
deiras. Dialogue com eles sobre a 
riqueza da cultura popular e sobre 
suas manifestações.
O texto a seguir foi retirado 
do artigo científico A arte de curar: 
saberes e práticas de rezadeiras e 
bezendeiras no cuidar da saúde, que 
traz uma breve análise sobre o fe-
nômeno das rezadeiras e benze-
deiras. Professor, recomendamos 
que você faça a leitura com a inten-
 Perceber as diversas formas de 
viver a espiritualidade dentro 
das manifestações religiosas.
 Compreender como o mundo 
virtual tem impactado o rela-
cionamento dos fiéis.
 Identificar na cultura popular 
os traços religiosos oriundos 
de diversos grupos étnicos. 
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
BNCC – HABILIDADES 
TRABALHADAS NO 
CAPÍTULO 
(EF07ER01) Reconhecer e 
respeitar as práticas de co-
municação com as divindades 
em distintas manifestações e 
tradições religiosas. 
(EF07ER02) Identificar prá-
ticas de espiritualidade uti-
lizadas pelas pessoas em 
determinadas situações (aci-
dentes, doenças, fenômenos 
climáticos).
ção de agregar mais conhecimento 
ao debate e, assim, poder realizar 
a mediação do conteúdo com os 
alunos:
“Benzer vem do latim bene di-
cere, que significa bem dizer, é dizer 
bem de alguém e fazer o bem. O 
termo rezadeira vem descrito na 
literatura como mulher que realiza 
6
Religião em diálogo – 70 ano
Místicas e espiritualidades
Rezadeiras e benzedeiras
Sem dúvida, o misticismo popular vem desde o Brasil pré-
-colonial, quando os povos indígenas se valiam das suas crenças 
e fórmulas naturais em busca de melhorias para enfermidades, 
diante dos recursos possíveis da região. Assim, de acordo com os 
costumes e levado pela inexistência da ciência oficial na época, o ser 
humano uniu — e ainda une — recursos da natureza à própria fé, 
dando início a uma variada farmacopeia composta de meizinhas, 
garrafadas, infusões, chás, amuletos e oferendas às divindades 
para tratamento médico. A essas crenças, misturaram-se os tra-
ços culturais e religiosos dos três grupos étnicos que formaram a 
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Vamos dialogar ................................................................................................ 50
Liderança e direitos humanos.................................................................................. 55
Exercitando o que aprendemos ................................................................... 63 
Refletindo sobre o tema ................................................................................ 50
Vulnerabilidade religiosa e social ............................................................................ 55
Trabalhando o tema ....................................................................................... 63 
Agora é sua vez ............................................................................................... 50
10 Momento
20 Momento
30 Momento
40 Momento
Místicas e espiritualidades
Lideranças religiosas
Princípios éticos e valores religiosos
Liderança e direitos humanos
Vamos dialogar ................................................................................................. 6
Rezadeiras e benzedeiras .......................................................................................... 6
Exercitando o que aprendemos .................................................................... 9
Refletindo sobre o tema ................................................................................. 10
Comunico aquilo que sou .......................................................................................... 10
Trabalhando o tema ........................................................................................ 14
Agora é sua vez ................................................................................................ 17
Vamos dialogar ............................................................................................... 18
Jocum: Jovens Com Uma Missão ............................................................................ 18
Exercitando o que aprendemos ................................................................... 21
Refletindo sobre o tema ................................................................................ 23
Um líder nasce um líder? .......................................................................................... 23
Trabalhando o tema ....................................................................................... 31
Agora é sua vez ............................................................................................... 34
Vamos dialogar ................................................................................................ 36
Diálogo entre religiões: um caminho possível e necessário ........................... 36
Exercitando o que aprendemos ................................................................... 39
Refletindo sobre o tema ........................................................................................... 42
Ética e a convivência pacífica entre credos ......................................................... 42
Trabalhando o tema ....................................................................................... 46 
Agora é sua vez ............................................................................................... 48
SUMÁRIO
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12 13
Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano
Comunidade e modernidade
Trata-se então de não apenas 
um corpo ou um objeto, mas tam-
bém de uma construção ideológica 
que se baseia na necessidade indi-
vidual da segurança, do conforto, 
da familiaridade e do sentimento 
de pertencimento, de que fazemos 
parte de algo maior que nossa in-
dividualidade, da delimitação do 
“Nós” (o familiar) e dos “outros” (o 
estranho). Nesse ponto, o autor 
Zygmunt Bauman nos esclarece: 
“pertencer a uma comunidade 
significa renegar parte de nossa 
individualidade em nome de uma 
estrutura montada para satisfa-
zer nossas necessidades de inti-
midade e da construção de uma 
‘identidade’ ”
A construção de uma fronteira 
entre o familiar, o “de dentro”, e o 
estranho, “o de fora”, é a essên-
cia que fundamenta uma comu-
nidade. Para tanto, deve existir 
um policiamento por parte dos 
integrantesdesta comunidade, 
para que ideias “estranhas” não 
entrem em seu meio e ameace a 
estrutura construída em torno das 
ideias familiares. 
Esse fenômeno é observável 
em alguns grupos religiosos secta-
ristas, que buscam se separar e se 
diferenciar ao perseguir um ideal 
de “pureza” que envolve o estabe-
lecimento de comportamentos e 
prática de atividades que estão 
relacionados diretamente às suas 
crenças religiosas. Dessa forma, a 
comunidade se estabelece dentro 
da vontade comum na busca de se 
diferenciar do que é considerado 
profano por sua crença, que se 
relaciona diretamente ao que é 
considerado sagrado. Desta forma, 
são construídas determinações 
quanto a valores e interpretações 
de fenômenos dos quais todos os 
seus integrantes compartilham e 
valorizam, em alguma medida, em 
detrimento dos ideais e caracterís-
ticas que são atribuídas ao com-
portamento dos que se encontram 
do lado de fora, que representam 
o impuro e o profano.
BAUMAN, Zygmunt. 1925- Comunidade: a busca 
por segurança no mundo atual / Zygmunt Bauman; 
tradução Plínio Dentzien. — Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar Ed., 2003.
12
Religião em diálogo – 70 ano
Budismo
 Por meio da meditação, os budistas entram em contato consigo 
mesmos e avaliam, refletem e buscam inspiração para determinadas 
situações de sua existência. Usando cânticos chamados de mantras, 
eles reverenciam os antepassados em busca de sabedoria e elevação 
espiritual, até atingir o nirvana, que consiste em um estado de espírito 
de paz e tranquilidade alcançado por meio do autoconhecimento. 
Cristianismo católico
Com seus rituais celebrativos, cheios de cores, ritos e símbolos, os 
cristãos católicos celebram seu ritual de maior importância, a missa. 
Eles acreditam que, durante o rito, Jesus doa-se em forma de pão e 
vinho para seus fiéis por meio da Eucaristia, o ritual central da Igreja 
Católica. Essa transformação chama-se transubstanciação, na qual o 
pão deixa de ser pão e torna-se o corpo do Messias; e o vinho, o seu 
sangue. Juntos, os católicos festejam Jesus Cristo com músicas e gestos.
Cristianismo protestante
Iniciado com Martinho Lutero, no século XVI, na Alemanha, o movimento protestante 
aconteceu como um grande evento de protesto às ações arbitrárias da Igreja Católica. 
Em todo o mundo, no decorrer dos anos, surgem novas denominações e formas dife-
rentes de prestação de culto ao divino. As igrejas protestantes históricas — luterana, 
anglicana, calvinista, metodista e batista — mantêm muitos dos costumes ritualísticos 
da Igreja Católica, mudando alguns detalhes, como a instituição do papa, a interpreta-
ção da Bíblia, etc. 
Nação: Conjunto de rituais que cada povo africano trazido como escravo para o Brasil 
trouxe consigo e que são determinantes dos diversos tipos de candomblés existentes.
Alabês: Palavra em iorubá que designa os homens responsáveis pelos toques ritualísticos 
e pela preservação dos instrumentos sagrados do candomblé. Por meio dos tambores, 
eles chamam os orixás, exaltam sua divindade e celebram a vida com os outros adeptos.
Transubstanciação:Doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana que defende e acre-
dita que, durante o rito da missa, acontece a mudança das substâncias usadas: o pão e 
o vinho em carne e sangue, respectivamente.
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46 47
Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano
Título: Sobre a Liberdade
Autor:  John Stuart Mill
Editora: Vide
Sinopse: “Os princípios declara-
dos nestas páginas devem ser ad-
mitidos de forma mais genérica 
como base para a discussão de 
pontos específicos antes que deles 
se faça uma aplicação, de manei-
ra proveitosa e consistente, como 
princípios para os vários departa-
mentos do governo ou mesmo na 
conduta moral. As poucas obser-
vações que apresentarei nestes 
detalhes ou pontos específicos 
têm mais o propósito de ilustrar 
aqueles princípios do que de se-
gui-los até suas consequências. 
Não ofereço uma aplicação, mas 
tipos de aplicação possíveis, que 
podem servir para clarear o signifi-
cado e os limites de duas máximas 
que, juntas, formam toda a dou-
trina contida neste ensaio; estes 
exemplos também nos ajudarão 
a compreender a necessidade de 
balanceá-las nos casos onde haja 
dúvida sobre qual das duas seria 
aplicável. As máximas são, em pri-
meiro lugar, que o indivíduo não 
deve ser responsabilizado pela so-
ciedade por seus atos, enquanto 
estes não disserem respeito aos 
interesses de outrem que não ele 
mesmo; e em segundo lugar, quan-
do tais ações forem prejudiciais 
ao interesse alheio, o indivíduo é 
responsável e pode estar sujei-
to a ambas as punições, sociais 
ou legais, conforme a opinião da 
sociedade sobre o que deve ser 
requerido para sua autoproteção”.
ANOTAÇÕES
47
Religião em diálogo – 70 ano
3. Sabemos que muitas leis e regras de regimento social mudam de acordo com o tem-
po. As leis são passiveis de alteração dependendo da necessidade da sociedade. Per-
gunte às pessoas mais velhas que moram com você se algumas situações do dia a 
dia eram tidas como corretas ou erradas em seu tempo de juventude e hoje não são 
mais. Procure saber também se isso causou algum impacto em seu modo de pensar. 
Responda nas linhas que seguem e compartilhe com sua turma.
Resposta pessoal.
4. Faça uma pesquisa e escreva a diferença entre ética e moral. Em seguida, converse 
com seus colegas e relacione os resultados aos problemas da sociedade atual.
Sugestão de resposta: A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores
 morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são 
costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
 Observe a tirinha a seguir para responder às questões 5 e 6.
5. Olhando de modo crítico a sociedade atual, você percebe a efetiva valorização do 
que se aprende em casa sendo praticado nas ruas ou em outros ambientes? Reflita 
sobre suas ações e aquilo que seus responsáveis te ensinam e responda nas linhas 
que seguem.
Resposta pessoal.
Disponível em: https://66.media.tumblr.com/a7e78d88d024d7c1a5ee5d216b925093/tumblr_np8pyzDqqf1u1iysqo1_1280.png. Acesso em: 23/10/2019.
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Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano
Título: História da Igreja no Brasil 
- Terceira Época - 1930 – 1964
Autores: Riolando Azzi e Klaus 
van der Grijp
Editora: Vozes
Sinopse: A seu dispor, o panora-
ma multifacetário de um espaço 
social, eclesial e teológico, em que, 
em linhas gerais, se manifestam 
permanências e rupturas, próprias 
do caminhar histórico também das 
igrejas. Os autores, Riolando Azzi 
e Klaus van der Grijp, abalizados 
e experimentados estudiosos, en-
saiam uma interpretação a res-
peito de quem fomos, de quem 
somos e projetam possibilidades 
de quem seremos.
ANOTAÇÕES
49
Religião em diálogo – 70 ano
Título: A monja e o professor: reflexões sobre ética, preceitos e valores
Autores: Monja Coen e Clóvis de Barros Filho
Editora: Best Seller 
Sinopse: Um diálogo entre dois renomados pensadores brasileiros de 
origens e abordagens muito distintas: Monja Coen, fundadora da Comuni-
dade Zen-Budista do Brasil, e Clóvis de Barros Filho, advogado, jornalista e 
professor. Em A monja e o professor, livro fruto de um diálogo gravado entre 
os dois autores, o leitor terá acesso a uma inspiradora conversa, tendo 
como base a ética e a felicidade, a importância de ser feliz no presente 
e a necessidade de um propósito. “Então, como é que você mede o que 
é adequado? Isso para mim é sabedoria, é capacidade de inteligência e adequação à realidade. E 
não adequação a um princípio que pode me travar. O princípio está por trás disso, mas ele não 
me limita, tanto que eu posso mudar de ideia e posso até ser infiel, algumas vezes, a algoque não 
estava sendo benéfico. Mas não sou infiel a mim.” (Monja Coen)
O Estado, como órgão de controle e regulamen-
tação máximo de uma nação, direciona leis para 
que as pessoas vivam e, acima de tudo, convivam 
em paz. Cabe às pessoas tomarem propriedade 
disso e, em união, abraçarem a paz coletiva sem 
divergir por conta de suas orientações religiosas. 
Certa vez, Sidarta Gautama, mais conhecido como 
Buda, disse: “O maior conflito não é entre o bem e 
o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”.
Com base nisso, pesquise em jornais, revistas 
e postagens em redes sociais sobre conflitos sociais 
que tiveram como foco a intolerância religiosa e, em 
grupo, respondam à seguinte pergunta: como a fal-
ta de dignidade e ética podem comprometer o diálogo 
inter-religioso?
Apresente aos seus amigos em forma de seminário e, se possível, fixe o trabalho feito em 
um lugar visível em sua escola. Não esquecendo que o conhecimento levantado e construído 
em nossas aulas não pode permanecer restrito ao contexto escolar, leve o que aprendemos 
e as nossas discussões à sua família, à sua rua, aos seus colegas que não estudam com você 
e desenvolva mais conhecimento. O conhecimento só se torna válido quando compartilhado. 
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20 21
Manual do Educador Religião em diálogo – 70 ano
Professor, dependendo da carga horária disponibilizada pela escola 
para suas aulas, e da organização que você fizer para suas classes, 
nós sugerimos uma visita a alguma base da Jocum, para que os alu-
nos vejam como é o dia a dia deste grupo de pessoas. Deixaremos, 
a seguir, o link do site da Jocum Brasil, para que, se oportuno, seja 
agendado um dia de visita e conhecimento extraclasse.
Título: Malala: A História da Ga-
rota que Defendeu o Direito à Edu-
cação e foi Nobel da Paz
Diretor: Davis Guggenheim
Sinopse: Em 2012, a história da 
adolescente paquistanesa Malala 
Yousafzai se tornou manchete ao 
redor do mundo. Ela tornou-se 
reconhecida por lutar pelo direito 
das meninas de seu país à educa-
ção. Essa história real fantástica é 
o tema do documentário Malala, 
lançado em 2015 pela empresa 
de streaming Netflix.
A jovem de 15 anos que dava 
entrevistas e defendia abertamen-
te o direito das meninas de fre-
quentarem a escola, foi baleada 
na cabeça por um membro do 
Talibã em um ônibus escolar. O 
que poderia ter sido o fim de sua 
jornada foi o começo de algo mui-
to maior. Malala sobreviveu, tor-
nou-se uma ativista com influência 
mundial e a vencedora mais jovem 
de um Prêmio Nobel da Paz.
No começo do filme, é des-
tacado outro ingrediente incrível 
da história: seu pai a batizou em 
homenagem a Malalai, corajosa 
guerreira afegã. O filme se propõe 
a fazer um retrato íntimo da garo-
ta que se tornou um símbolo na 
luta pela universalização da edu-
cação. As filmagens foram feitas 
http://www.jocum.org.br/
21
Religião em diálogo – 70 ano
1. Loren teve uma visão profética, fez sua epifania se tornar realidade e, ainda muito jovem, 
ajudou a transformar a vida de muitas outras pessoas. Na sua opinião, a religião professada 
por Loren interferiu na ajuda a outras pessoas? Por quê?
Espera-se que os alunos compreendam que, mesmo Loren sendo cristão protestante, ele 
não restringiu sua vontade de ajudar outras pessoas de outra denominação religiosa. 
Ele criou uma organização interdenominacional e, com isso, recebe pessoas de todas as
religiões, das mais diversas localidades, para ensinar a liderar outros jovens.
2. No infográfico sobre a Jocum, vimos algumas diretrizes que regem a sua organização. 
Na seção Como fazemos, há o seguinte valor seguido pelo grupo:
Malala Yousafzai é uma jovem paquistanesa que luta 
pelos direitos humanos das mulheres na sua região, 
onde o Talibã, grupo extremista, impede que meninas e 
mulheres frequentem instituições de ensino. 
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/atoms/ima-
ge/1_-_malala_yousafzai.jpg. Acesso em: 30/10/2019.
“Fazer primeiro para depois ensinar”
 Como você aplicaria essa máxima em sua vida? Exemplifique com algum fato do seu 
dia a dia e comente com seus colegas.
Espera-se que os alunos compreendam que, para mudar uma realidade, é necessário 
que o indivíduo mude primeiro a si mesmo e, com isso, possa cobrar dos demais. 
 Após a leitura do texto da seção Vamos dialogar, observe a imagem a seguir e respon-
da às questões 3 e 4.
“Uma criança, uma 
professora, uma 
caneta e um livro 
podem mudar o 
mundo.”
Malala Yousafzai, 17 anos
Nobel da Paz
Exercitando o que aprendemos
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SUMÁRIO DO LIVRO 
DO ALUNO
Neste momento, você pode acom-
panhar o sumário do livro do alu-
no para que ele possa nortear 
o seu trabalho ao longo do ano.
ABERTURA DE 
CAPÍTULO
Ao lado de cada abertura do ca-
pítulo, há boxes com os objetivos 
de aprendizagem e desenvolvi-
mento da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC).
PENSE +
Nesta seção, buscamos lembrar ao educador pontos importan-
tes no tratamento dos conteúdos; justificamos determinadas 
abordagens, argumentamos em prol de determinados pontos 
de vista em relação ao ensino, à língua e a algum tema; tudo 
para tentarmos caminhar de mãos dadas, ensaiando um diálogo 
constante, dividindo experiência e informações.
FAÇA +
Aqui, oferecemos dicas de como se trabalhar determinado con-
teúdo de modo que prenda a atenção do aluno ou ainda uma 
forma interessante de se desenvolver alguma atividade. Por 
vezes, também disponibilizamos modelos de sequência didáti-
ca, reproduzimos textos pedagógicos, indicamos obras e assim 
por diante.
LEIA +
Textos teóricos e guias de traba-
lho em sala de aula, bem como 
dicas de livros e endereços ele-
trônicos para pesquisa compõem 
esta seção. Esperamos que tudo 
isso possa aprimorar o trabalho 
do professor.
APRENDA +
A seção APRENDA + foi elabora-
da com o objetivo de colaborar 
com sua prática de ensino abor-
dando os conteúdos a partir de 
outras perspectivas. 
ANOTAÇÕES
Os manuais contam com áreas espe-
cíficas para você realizar suas anota-
ções de forma organizada, registran-
do todas as informações importantes 
referentes à aula realizada. Assim, 
ficará muito mais fácil localizá-las 
depois, inclusive nos anos seguintes.
VEJA +
Em um mundo marcado 
pela força das imagens e 
tecnologias, o uso de recur-
sos audiovisuais é funda-
mental para tratar os temas 
abordados no livro
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Manual do Educador
Professor, é muito importante 
perceber, durante as discussões, 
se não existe preconceito por 
parte dos alunos em relação às 
práticas de benzer feita pelas reza-
deiras. Dialogue com eles sobre a 
riqueza da cultura popular e sobre 
suas manifestações.
O texto a seguir foi retirado 
do artigo científico A arte de curar: 
saberes e práticas de rezadeiras e 
bezendeiras no cuidar da saúde, que 
traz uma breve análise sobre o fe-
nômeno das rezadeiras e benze-
deiras. Professor, recomendamos 
que você faça a leitura com a inten-
 Perceber as diversas formas de 
viver a espiritualidade dentro 
das manifestações religiosas.
 Compreender como o mundo 
virtual tem impactado o rela-
cionamento dos fiéis.
 Identificar na cultura popular 
os traços religiosos oriundos 
de diversos grupos étnicos. 
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
BNCC – HABILIDADES 
TRABALHADAS NO 
CAPÍTULO 
(EF07ER01) Reconhecer e 
respeitar as práticas de co-
municação com as divindades 
em distintas manifestações e 
tradições religiosas. 
(EF07ER02) Identificar prá-
ticas de espiritualidade uti-
lizadas pelas pessoas em 
determinadas situações (aci-
dentes, doenças, fenômenos 
climáticos).
ção de agregar mais conhecimento 
ao debate e, assim, poder realizar 
a mediação do conteúdo com os 
alunos:
“Benzer vem do latim bene di-
cere, que significa bem dizer, é dizer 
bem de alguém e fazer o bem. O 
termo rezadeira vem descrito na 
literaturacomo mulher que realiza 
6
Religião em diálogo – 70 ano
Místicas e espiritualidades
Rezadeiras e benzedeiras
Sem dúvida, o misticismo popular vem desde o Brasil pré-
-colonial, quando os povos indígenas se valiam das suas crenças 
e fórmulas naturais em busca de melhorias para enfermidades, 
diante dos recursos possíveis da região. Assim, de acordo com os 
costumes e levado pela inexistência da ciência oficial na época, o ser 
humano uniu — e ainda une — recursos da natureza à própria fé, 
dando início a uma variada farmacopeia composta de meizinhas, 
garrafadas, infusões, chás, amuletos e oferendas às divindades 
para tratamento médico. A essas crenças, misturaram-se os tra-
ços culturais e religiosos dos três grupos étnicos que formaram a 
1 MOMENT
O
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Religião em diálogo – 70 ano
a cura através de benzimentos. 
Calheiros, (2017) apud Cascudo 
(2001, p. 587) fala que a benzedei-
ra é uma ‘Mulher, geralmente ido-
sa, quem tem ‘poderes de cura’ por 
meio de benzimento’. As benzedei-
ras são consideradas como uma 
cientista popular a qual possui 
características próprias de curar, 
unindo o misticismo da religião jun-
to aos conhecimentos da medicina 
popular. O processo de cura não 
parte apenas na eliminação dos 
sintomas apresentados, mas de 
um conjunto de movimentos que 
buscam restabelecer o ser com o 
meio e com o universo. Para Ger-
ber (1997), o homem é composto 
por mente (noûs), corpo (sôma) e 
espírito (pnéuma), sendo assim a 
soma de um sistema de energias 
que se interagem. Para as bezen-
deiras, as enfermidades curadas 
são consideradas perturbações 
que atingem não só apenas o cor-
po, mas estão ligadas diretamente 
a questões sociais, psicológicas e/
ou espirituais que afetam o coti-
diano de cada pessoa. 
A reza é um dos principais ele-
mentos para a cura dos efêmeros 
para as benzedeiras, ou seja, é a for-
ça da palavra que ao ser pronuncia-
da, o mal se distancia naturalmente 
(CALHEIROS, 2017). As rezadeiras 
ou benzedeiras são consideradas 
como uma figura cultural familiar 
e religiosa, voltada para solucionar 
problemas cotidianos, e elas veem 
o seu ofício como um dom, no qual 
Deus é o responsável por curar, e 
elas, instrumentos intermediários 
para que a cura se revele (OLIVEIRA, 
2018 apud ALEXANDRE, 2006). As 
benzedeiras usam plantas para fazer 
a reza usando o ramo de qualquer 
tipo de planta para a realização da 
reza. Caso exista algum mal, este irá 
se direcionar para planta, que mur-
chará. Caso não esteja com o uso de 
um ramo, elas acreditam que esse 
mal virá para elas. Alguns outros ele-
mentos também podem ser utiliza-
dos na reza como vela, tesoura, faca, 
carvão, erva, água, ramos, sal, bíblia, 
rosários, fios de linha, entre outros. 
O uso de cada elemento depende 
do direcionamento da reza.”
DINIZ, Ericka. A arte de curar: saberes e práticas 
de rezadeiras e benzedeiras no cuidar da saúde. 
Conedu, UFPB, 2018. Adaptado.
7
Religião em diálogo – 70 ano
Místicas e espiritualidades
sociedade brasileira, resultando em receitas, habilidades e saberes 
que se perpetuaram oralmente, passando de geração em geração.
Ainda hoje, em qualquer parte do Brasil, é possível encontrar 
pessoas dispostas a aplicar esse tipo de conhecimento na assistência 
às aflições físicas, existenciais e espirituais. Essas pessoas carregam 
consigo uma aura misteriosa que inspira respeito e confiança aos 
que as procuram. Dependendo da maneira como são usados esses 
saberes, numa mistura de dom, solidariedade e ofício, é possível 
identificar tipos e denominações diferentes em relação às suas 
características de atuação. 
Rezadeiras e benzedeiras são denominações distintas para 
designar quase o mesmo ofício. Segundo o livro Rezas, benzeduras 
e simpatias, a diferença é que benzedeiras são em sua maioria 
mulheres, solicitadas em geral para prestação de serviços e, mui-
tas vezes, são as únicas parteiras da região. Por ser uma função 
exercida sobretudo por mulheres, é sempre referida no feminino. 
As rezadeiras e benzedeiras se diferenciam de outros indivíduos 
que promovem a cura das doenças e o afastamento do mal, pois 
fazem da oração a principal forma de assistência, embora muitas 
vezes a rezadeira faça uso de ramos de plantas durante a reza. 
Todo o trabalho da rezadeira, seus gestos, jaculatórias, palavras 
e expressão corporal preparam a atmosfera de espiritualidade do 
ambiente e acabam proporcionando um grande poder místico sobre 
os presentes. 
Ioleda, mais conhecida 
como Dona Dotana na 
cidade de Trajano de Mo-
rais, interior do Estado do 
Rio de Janeiro, nasceu em 
1946 e é rezadeira desde 
os 18 anos.
Re
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ão
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Manual do Educador
O grupo Encontro da Nova 
Consciência produziu um do-
cumentário chamado O Ramo a 
respeito das rezadeiras da cidade 
de Boa Vista, Paraíba. Neste do-
cumentário é possível perceber 
a rotina de vida dessas mulheres 
que dedicaram suas vidas a aju-
dar as pessoas nos mais diversos 
problemas de saúde e pessoais. 
Mãos santas: a fé inabalável 
das rezadeiras de Pernambuco
“Glória ao pai, glória ao filho 
e ao espírito santo, assim como 
era no princípio, agora e sempre, 
por todos séculos dos séculos. 
Amém”. Segurando um ramo de 
pinhão-roxo colhido no quintal de 
sua casa, a rezadeira Ciza Batista 
finaliza o ritual de sua bênção. Em 
suas mãos santas, ela mantém 
viva a tradição secular “capaz de 
curar males da mente e do corpo”.  
O Ramo-parte 1: https://
w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=Yc8tg3Bi7g8 
O Ramo-parte 2: https://
w w w . y o u t u b e . c o m /
watch?v=cVhgrcea-5E
Na busca pelo alívio de des-
confortos emocionais e espiri-
tuais, muitos recorrem ao apoio 
místico das rezadeiras. Na infân-
cia, familiares costumam levar os 
filhos com frequência para rece-
ber a bênção através da reza. 
Em Pernambuco, a tradição não 
desapareceu ao longo dos anos, 
mas tornou-se mais rara, princi-
palmente nos centros urbanos. 
Apesar disso, as senhoras da ora-
ção poderosa ainda resistem e 
fazem de suas preces um alento 
em meio ao sofrimento de quem 
busca na fé uma esperança.
No bairro de Paratibe, em 
Paulista, na Região Metropolita-
na do Recife, vive a rezadeira Ciza 
Batista, de 73 anos. A aposenta-
da tem mais de seis décadas de 
experiência e diz que sua missão 
8
Religião em diálogo – 70 ano
Nas rezas, são usadas formas modificadas das orações oficializadas pela Igreja Ca-
tólica, misturadas a palavras resmungadas e incompreensíveis de um latim corrompido. 
Essas rezas abrangem as mais variadas necessidades, podendo solucionar conflitos fami-
liares, chamar pessoas de volta à responsabilidade, acabar com o poder maléfico de um 
ambiente, e outros problemas que contribuem para a credibilidade da rezadeira, como 
a cura do mau-olhado, quebranto, espinhela caída, cobreiro, febre, tristeza, míngua, 
ar na cabeça, dores em geral e doenças que muitas vezes variam de nome de acordo 
com a cultura local.
Por serem consideradas portadoras de um dom divino especial, as rezadeiras não 
costumam cobrar por seus serviços, mesmo porque, em geral, os usuários desses ser-
viços são pessoas de baixa renda ou com renda mínima e com dificuldades de acesso 
a serviços formais de saúde. Mas, caso o paciente possa e queira pagar, elas aceitam 
a contribuição. 
No meio rural, as rezadeiras e benzedeiras comumente têm formação católica; já 
nos centros urbanos, seus rituais variam seguindo a diversidade religiosa local conforme 
preceitos que podem ser católicos, kardecistas, adventistas, umbandistas ou esotéricos. 
Entretanto, mesmo baseadas em cultos ou religiões diferentes, as rezadeiras e benze-
deiras seguem os mesmos princípios de humildade, solidariedade, justiça e contato 
diário com o divino. 
ANDRADE, Maria do Carmo. Rezadeiras e benzedeiras. Pesquisa Escolar. Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Adaptado. 
Farmacopeia: Coleção, catálogo ou repositório de receitas e fórmulas demedicamentos.
Meizinhas: Termo popularmente usado para referir-se a qualquer remédio caseiro.
Jaculatória: Oração breve, pronunciada ou rezada mentalmente, sempre numa única frase, 
em que o fiel invoca a Deus com humilde confiança.
Quebranto: Abatimento, enfraquecimento, prostração, fraqueza, morbidez.
Espinhela caída: Designação popular de uma doença causada por um esforço excessivo. 
Seus sintomas mais comuns são dor nas costas, no estômago, nas pernas e cansaço.
Cobreiro: Nome popular da doença chamada herpes-zóster, causada pela reativação do 
vírus da catapora. 
Míngua: Tristeza excessiva. 
Ar na cabeça: Também conhecido por pneumocéfalo, é uma condição em que o paciente 
tem ar na cavidade intracraniana. 
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Religião em diálogo – 70 ano
é rezar e ser uma porta-voz do 
conforto divino. Em seu quintal, 
ela colhe as plantas necessárias 
para realizar o ritual e diz que 
a procura das pessoas ainda é 
grande. “Já benzi gente de outros 
estados que vieram só para me 
encontrar”, conta.
A benzedeira Ciza explica 
que não “aprendeu” a rezar, mas 
ganhou esse dom das mulheres 
de sua família. A bisavó rezava os 
escravos e os donos de engenho, 
ainda no século XIX. A fé foi passa-
da para a avó, que era escrava e 
também adquiriu o dom. Aos sete 
anos, Ciza observava a sua avó e 
começou a reproduzir a prática 
em seus irmãos, de quem cuidou 
desde muito nova. “Mas não é a 
reza que cura, nem eu. É a fé no 
divino”, esclarece.
Para receber a reza não pre-
cisa marcar um horário e nem pa-
gar uma taxa. Longe disso. Ciza 
diz que benzer os necessitados 
é um ato de caridade e de eleva-
ção espiritual. “Quem chega na 
minha casa é sempre bem-vindo. 
O único pedido que faço é que 
ao procurar qualquer rezadeira, 
é preciso ter fé para que as pala-
vras tenham força. Não adianta 
receber a bênção sem acreditar 
na força divina”, pontua.
Os motivos de quem procura 
as rezadeiras são muitos. Falta 
de atendimento médico ou de-
sesperança no sistema de saúde, 
tradição familiar ou para cuidar 
de casos que, para a cultura po-
pular, pode ser tratado por uma 
benzedeira. Espinhela caída, vento 
virado, mau-olhado, erisipela e 
cobreiro, além de outros incômo-
dos físicos e emocionais. Crian-
ça, adulto ou idoso, não há idade 
estabelecida e qualquer pessoa 
pode ser benzida.
Com um rosário ou um ramo 
na mão, a rezadeira recita uma 
oração em cima da pessoa por 
alguns minutos. A planta pode 
ser vassourinha, arruda, pinhão, 
aroeira e outras. Em alguns casos, 
o malefício só é curado após um 
banho com erva-doce para limpar 
o corpo e a alma.
[...]
Disponível em: https://www.leiaja.com/cultu-
ra/2017/08/15/maos-santas-fe-inabalavel-das-re-
zadeiras-de-pernambuco/. Acesso em: 15/10/2019.
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Religião em diálogo – 70 ano
1. A cultura popular está muito atrelada à fé e à devoção. Dessa fé, surgem pessoas 
que agem como intermediadoras do humano com o divino. Nesse contexto, temos 
as rezadeiras e as benzedeiras, que, com orações, abençoam e curam pessoas por 
meio de sua fé. Você já tinha ouvido falar delas? Pergunte aos seus parentes se eles 
conhecem rezadeiras e benzedeiras, escreva seu relato a seguir e compartilhe com 
seus colegas de turma. 
Resposta pessoal.
2. Observe o trecho a seguir e responda ao que se pede.
“A essas crendices, misturaram-se os traços culturais e religiosos dos três grupos 
étnicos que formaram a sociedade brasileira, resultando em receitas, habilidades e 
saberes que se perpetuaram oralmente, passando de geração em geração.”
Maria do Carmo Andrade.
 No trecho lido, a autora fala que a base dos rituais das rezadeiras e benzedeiras se for-
mou a partir da mistura de crenças e costumes de três grupos. Quais grupos eram esses?
Espera-se que os alunos compreendam que as práticas religiosas dos negros, indígenas 
e europeus (que trouxeram consigo o cristianismo) culminaram na religiosidade prati-
cada pelas rezadeiras e benzedeiras.
3. A perpetuação das tradições culturais da população brasileira foi de suma impor-
tância para a fé que fundamenta a tradição das benzedeiras e rezadeiras. Pensando 
nisso, como acontece o processo de cura das pessoas que são atendidas pelas re-
zadeiras e benzedeiras? 
Espera-se que os alunos compreendam que as pessoas que rezam, fazem-no em nome 
de Deus e rogam pela cura. Por meio da experiência de vida e dos saberes populares,
as benzedeiras e rezadeiras ensinam como usar as plantas de forma correta e, mis-
turando as ervas, administram a cura de enfermidades. 
Exercitando o que aprendemos
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Manual do Educador
Professor, deixe claro aos alu-
nos que nossa discussão não tende 
a relativizar o culto ao sagrado nas 
diferentes manifestações religiosas, 
mas sim analisar esse fenômeno 
que é real e perceptível. A abran-
gência das manifestações religiosas 
na TV, no rádio e na Internet, a cada 
ano, tem se intensificado e tomado 
cada vez mais espaço. Esses textos, 
contidos no livro do aluno, servem 
para nos fazer refletir sobre a se-
guinte pergunta: as pessoas, por 
estarem cada vez mais conectadas 
às redes sociais, procuram materiais 
religiosos, ou as manifestações re-
ligiosas estão nos espaços virtuais 
porque as pessoas estão no mundo 
virtual?
Não existe uma resposta defi-
nitiva para esse levantamento, tam-
pouco deve ser feito juízo de valor. 
Lembre-se, professor: nosso papel 
aqui é instigar o aluno a refletir sobre 
o mundo em que ele vive e como ele 
age para modificá-lo positivamente. 
ANOTAÇÕES
10
Religião em diálogo – 70 ano
4. Quando a autora une a realidade da pobreza com a procura de métodos medicinais 
alternativos, ela está fazendo uma crítica à administração pública. Você consegue per-
ceber qual é?
Espera-se que os alunos compreendam que, pela precariedade do Sistema Único de
Saúde (SUS), as pessoas recorrem a procedimentos que, não usados nem aplicados 
pela ciência, ajudam a curá-las de enfermidades físicas e espirituais mediante o co-
nhecimento popular da utilização de ervas, orações e simpatias. 
“Quem não conhece o poder da oração, é porque não viveu as amarguras 
da vida!” Eça de Queirós
Comunico aquilo que sou
E a fé virou bits
Ao falarmos em comunicação, qual símbolo vem à sua mente? Poderia ser o 
smartphone, por exemplo. Esse aparelho tão popular que simplificou muito nosso 
cotidiano, trazendo facilidades e até benefícios para a qualidade de vida. Temos 
aplicativos que nos lembram de tomar água, outros que nos ajudam a ver melhor as 
estrelas e saber onde há eclipse, sem falar nos utilizados para entrega de comidas.
Esse moderno aparelho tornou ainda mais funcional aquilo que se desejava quando 
foi criado o sistema de correspondência: facilitar a troca de informações entre pessoas. 
Essa troca se tornou uma grande necessidade com o avanço da tecnologia, e hoje pode-
mos encontrar esse mecanismo em várias esferas da sociedade, inclusive no meio religioso.
A celebração ficou online 
As novas tecnologias de comunicação favoreceram os centros religiosos para que 
suas celebrações fossem transmitidas de forma ampla e para todo o Planeta. Assim, todos 
aqueles que estiverem conectados ao sistema internacional de comunicação — Internet 
— podem ter acesso ao culto sagrado. 
Muitas denominações religiosas, hoje, ofertam ao seu fiel o acesso remoto ao culto 
que celebram. Velas são acesas virtualmente, orações são enviadas pelo WhatsApp, áu-
dios com testemunhos são compartilhados, etc. Diversas manifestações religiosas podem 
ser encontradas nesse novo meio que surge, e, como forma de se manter, as religiões 
tradicionais buscam esse espaço também.
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Religião em diálogo – 70 ano
Quando a intolerância chega 
às redes
A grande popularização das re-
des sociais nos últimos anos proje-
tou mais evidência ao problema da 
intolerância. De acordo com dados 
da ONG Safernet, apenas entre os 
anos de 2010 e 2013,aumentou em 
mais de 200% o número de denún-
cias contra páginas que divulgaram 
conteúdos racistas, misóginos, ho-
mofóbicos, xenofóbicos, neonazis-
tas, de intolerância religiosa, entre 
outras formas de discriminação 
contra minorias em geral.
Números como esses provo-
cam a sensação de que a Internet 
deu origem a uma grande onda de 
intolerância. Porém, o que de fato 
ocorreu é que as redes sociais am-
plificaram os discursos de ódio já 
existentes no nosso dia a dia. Pen-
sando bem, como é possível sepa-
rar a manifestação de preconceitos 
ocorridos no ambiente virtual das 
práticas sociais do “mundo real”? 
No fundo, nas ruas ou nas redes, as 
pessoas são as mesmas. O ambiente 
em rede, no entanto, dada a possibi-
lidade de um pretenso anonimato e 
a confortável reclusão atrás da tela 
do computador, facilita que cada um 
solte seus demônios.
Quando uma pessoa posta ou 
compartilha algum discurso de ódio 
na Internet, ela está reforçando e 
reafirmando um preconceito que ela 
já tem, já existente. É uma reprodu-
ção no mundo virtual de algo que 
faz parte da realidade daquela pes-
soa, daquela sociedade. Chegamos 
à conclusão de que a intolerância 
nas redes é resultado direto das de-
sigualdades e preconceitos sociais 
em geral, e não uma “invenção da 
Internet”.
Fica claro que o mundo virtual 
se transformou em mais um meio 
disponível e muito acessível para 
que os intolerantes se manifestem, 
às vezes até mesmo incentivando a 
expressão desses preconceitos. Isso 
porque, se a Internet não criou a in-
tolerância, ela a reproduz, aumenta 
seu alcance e ajuda a naturalizar e a 
conservar discursos de ódio.
Disponível em: https://www.comunicaquemuda.
com.br/dossie/quando-intolerancia-chega-as-
-redes/. Acesso em: 15/10/2019. Adaptado.
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Religião em diálogo – 70 ano
O sagrado offline 
A partilha de informação e o contato com os outros membros, devido à Internet, 
podem ser feitos virtualmente; no entanto, como fica a relação com o sagrado mediante 
essas tecnologias? Como posso me conectar com a divindade a qual venero e presto 
culto? Quais impactos são possíveis perceber na vida das pessoas?
Para responder a essas perguntas, traremos o comentário de Moisés Sbardelotto, 
jornalista e doutor em comunicação. 
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Em sua grande maioria, as religiões utilizam a comunhão com outros 
fiéis para celebrar o sagrado, e nesses encontros o divino se manifesta. 
Como poderemos observar nas representações, a seguir, de 
algumas religiões, a unidade dos fiéis representa a força e a exis-
tência que cada divindade tem na vida dos indivíduos. 
Candomblé
No candomblé, o canto, o toque de tambor, a posição das mãos, 
cada mínimo detalhe representa a comunicação com o orixá cultuado. 
Os toques e cantos mudam dependendo da nação e do orixá. Para 
cada divindade, existe um toque especial; e os alabês devem conhe-
cer cada tipo de toque e canto que, por meio da tradição oral, são 
transmitidos desde as antigas nações africanas até os atuais terreiros.
“Mais do que um impacto, eu percebo pequenas ‘microalterações’ na religiosidade por 
meio dessas novas práticas religiosas midiatizadas, que mostram que as pessoas passam a 
encontrar uma oferta de experiência religiosa não apenas nas igrejas de pedra, nos padres 
de carne e osso e nos rituais palpáveis, mas também na religiosidade existente e disponível 
nos bits e pixels da Internet. Formam-se, assim, novas modalidades de percepção e de ex-
pressão do sagrado em novos ambientes de culto: novas formas de manifestação de Deus 
(teofania) e do sagrado (hierofania), agora midiatizadas: midioteofanias e midio-hierofanias 
que lançam a religião para novos patamares de existência.
Ou seja, as mídias não são mais apenas extensões dos seres humanos, mas também o 
ambiente no qual tudo se move, inclusive a religião: um novo ‘bios religioso’. O que pudemos 
perceber, a partir disso, é que a fé vivenciada, praticada e experienciada nos ambientes digitais 
aponta para uma mudança na experiência religiosa do fiel e da manifestação do religioso, por 
meio de novas temporalidades, novas espacialidades, novas materialidades, novas discursi-
vidades e novas ritualidades marcadas centralmente por lógicas midiáticas.”
Religião e Internet: microalterações e evoluções da fé, Moisés Sbardelotto.
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12
Manual do Educador
Comunidade e modernidade
Trata-se então de não apenas 
um corpo ou um objeto, mas tam-
bém de uma construção ideológica 
que se baseia na necessidade indi-
vidual da segurança, do conforto, 
da familiaridade e do sentimento 
de pertencimento, de que fazemos 
parte de algo maior que nossa in-
dividualidade, da delimitação do 
“Nós” (o familiar) e dos “outros” (o 
estranho). Nesse ponto, o autor 
Zygmunt Bauman nos esclarece: 
“pertencer a uma comunidade 
significa renegar parte de nossa 
individualidade em nome de uma 
estrutura montada para satisfa-
zer nossas necessidades de inti-
midade e da construção de uma 
‘identidade’ ”
A construção de uma fronteira 
entre o familiar, o “de dentro”, e o 
estranho, “o de fora”, é a essên-
cia que fundamenta uma comu-
nidade. Para tanto, deve existir 
um policiamento por parte dos 
integrantes desta comunidade, 
para que ideias “estranhas” não 
entrem em seu meio e ameace a 
estrutura construída em torno das 
ideias familiares. 
Esse fenômeno é observável 
em alguns grupos religiosos secta-
ristas, que buscam se separar e se 
diferenciar ao perseguir um ideal 
de “pureza” que envolve o estabe-
lecimento de comportamentos e 
prática de atividades que estão 
relacionados diretamente às suas 
crenças religiosas. Dessa forma, a 
comunidade se estabelece dentro 
da vontade comum na busca de se 
diferenciar do que é considerado 
profano por sua crença, que se 
relaciona diretamente ao que é 
considerado sagrado. Desta forma, 
são construídas determinações 
quanto a valores e interpretações 
de fenômenos dos quais todos os 
seus integrantes compartilham e 
valorizam, em alguma medida, em 
detrimento dos ideais e caracterís-
ticas que são atribuídas ao com-
portamento dos que se encontram 
do lado de fora, que representam 
o impuro e o profano.
BAUMAN, Zygmunt. 1925- Comunidade: a busca 
por segurança no mundo atual / Zygmunt Bauman; 
tradução Plínio Dentzien. — Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar Ed., 2003.
12
Religião em diálogo – 70 ano
Budismo
 Por meio da meditação, os budistas entram em contato consigo 
mesmos e avaliam, refletem e buscam inspiração para determinadas 
situações de sua existência. Usando cânticos chamados de mantras, 
eles reverenciam os antepassados em busca de sabedoria e elevação 
espiritual, até atingir o nirvana, que consiste em um estado de espírito 
de paz e tranquilidade alcançado por meio do autoconhecimento. 
Cristianismo católico
Com seus rituais celebrativos, cheios de cores, ritos e símbolos, os 
cristãos católicos celebram seu ritual de maior importância, a missa. 
Eles acreditam que, durante o rito, Jesus doa-se em forma de pão e 
vinho para seus fiéis por meio da Eucaristia, o ritual central da Igreja 
Católica. Essa transformação chama-se transubstanciação, na qual o 
pão deixa de ser pão e torna-se o corpo do Messias; e o vinho, o seu 
sangue. Juntos, os católicos festejam Jesus Cristo com músicas e gestos.
Cristianismo protestante
Iniciado com Martinho Lutero, no século XVI, na Alemanha, o movimento protestante 
aconteceu como um grande evento de protesto às ações arbitrárias da Igreja Católica. 
Em todo o mundo, no decorrer dos anos, surgem novas denominações e formas dife-
rentes de prestação de culto ao divino. As igrejas protestantes históricas — luterana, 
anglicana, calvinista, metodista e batista — mantêm muitos dos costumes ritualísticos 
da Igreja Católica, mudando alguns detalhes, como a instituição do papa, a interpreta-
ção da Bíblia, etc. 
Nação: Conjunto de rituais que cada povo africano trazido como escravo para o Brasil 
trouxe

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