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PAULO FREIRE- PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
O que diz o livro Pedagogia da Autonomia?
Em Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire discorre sobre como os professores devem ensinar os alunos a serem Seres Mais, criando uma ação transformadora. Para isso, explica sobre a ética crítica, a competência científica e a amorosidade autêntica, com base em engajamento político. Depois de ler o livro, você saberá sobre como deve ser a formação de um educador e como uma boa relação com o educando é importante.
Freire acreditava que se os alunos forem orientados por meio de um diálogo político-pedagógico, há uma possibilidade de aproximação crítica do conhecimento e sua recreação.
O livro é divido em três partes. São elas:
♦ Prática docente: primeira reflexão
♦ Ensinar não é transferir conhecimento
♦ Ensinar é uma especificidade humana
Pedagogia da Autonomia: Prática Docente: primeira reflexão
Em “Prática Docente: primeira reflexão”, Paulo Freire fala sobre os desdobramentos necessários para a formação de um docente, em perspectiva progressista. São nove capítulos. Descubra o que é falado em cada um deles:
1. Ensinar exige rigorosidade metódica
O escritor enfatiza que o professor não deve somente ensinar os conteúdos exigidos, mas também mostrar como pensar certo. Os educandos vão se transformando ao lado dos educadores, a partir de um pensamento crítico apresentado em sala de aula.
2. Ensinar exige pesquisa
Não existe ensino sem pesquisa ou pesquisa sem ensino. Por isso, um educador deve ter curiosidade para se aprofundar em assuntos diferentes, de forma que não eduque somente outras pessoas, mas também a si mesmo.
3. Ensinar exige respeito aos saberes dos educadores
Neste capítulo, é recomendado que o professor e a escola respeitem os sabores e os conhecimentos do educandos, principalmente, de classes populares. É possível aproveitar a experiência de quem vive em áreas descuidadas pelo poder público para discutir os problemas enfrentados por lá.
Para Freire, os assuntos abordados em sala não podem ser somente os saberes curriculares fundamentais, como também a experiência individual de cada aluno.
4. Ensinar exige criticidade
O autor acredita que entre a ingenuidade e a criticidade há uma superação. Por meio do exercício crítico da capacidade de aprender, a curiosidade para de ser ingênua e passa a ser epistemológica.
5. Ensinar exige estética e ética
A promoção da ingenuidade é necessária, mas não deve ser feita sem uma rigorosa formação ética e estética. Sendo assim, a estética da aprendizagem não pode ser deixada de lado e os educadores devem conhecer os recursos para estimular a criticidade e a curiosidade dos estudantes.
6. Ensinar exige a corporificação das palavras pelo exemplo
Sabe aquela frase “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”? Deixe-a de lado. Um educador precisa não só pensar certo, mas também fazer certo. Alunos não têm boa impressão de quem uma hora fala uma coisa e na outra, faz o oposto.
7. Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de descriminalização
O que é novo não pode ser discriminado apenas por ser novo. Deve ser rejeitado qualquer tipo de prática preconceituosa, seja com raça, gênero, classe ou qualquer outra que negue a democracia. Isso deve ser ensinado em sala de aula e praticado diariamente.
8. Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática
A prática crítica envolve o movimento dinâmico e dialético entre o fazer e pensar sobre o que fazer. Portanto, deve haver uma reflexão sobre a prática e curiosidade ingênua, para se entender e assim, se tornar crítica.
9. Ensinar exige o reconhecimento e a assunção de identidade cultural
Os educadores devem se assumir como seres sociais e históricos, comunicadores, transformadores e criadores, porém sem excluir ninguém. A dimensão individual e de classe dos educandos, com a questão de identidade cultural, devem ser respeitadas.
Pedagogia da Autonomia: Ensinar não é Transferir conhecimento
Na segunda parte do livro, chamada “Ensinar não é transferir conhecimento”, o objetivo é mostrar que um docente não transfere seus conhecimentos aos alunos. Na verdade, o docente abre novas possibilidades para a construção própria e a do indivíduo. Sendo assim, deve estar aberto a indagações, perguntas e críticas.
É importante que um professor não explique somente a matéria, mas também dar exemplos práticos e fazer o possível para envolver os alunos. Caso isso não seja seguido, o ensino perde a eficácia, porque os alunos passam a não acreditar no que o docente diz.
Veja agora o resumo do capítulo 2 de Pedagogia da Autonomia
Ensinar não é transferir conhecimento
Conheça agora os principais pontos abordados em cada capítulo da segunda parte de Pedagogia da Autonomia, neste resumo do livro de Paulo Freire.
1. Ensinar exige consciência do inacabamento
Um profissional precisa entender que o ser humano não é completo, é inacabado. Mas o inacabamento de um ser é próprio da experiência vital.
De acordo com Freire, a invenção da existência a partir dos materiais que a vida oferecia levou as pessoas a criarem um espaço onde se prender afetivamente para resistir, chamado de suporte. E esse suporte faz os seres se tornarem conscientes, transformadores e não um “espaço vazio a ser preenchido por conteúdos”.
2. Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado
O autor explica que somos condicionados, mas nossa consciência sobre o inacabamento nos faz ir além. A construção de quem somos é feita a partir de genética, dos meios em que estamos inseridos e da história.
3. Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando
O respeito a autonomia e dignidade do outro é obrigatório. Quando acontece este tipo de desvio ético, há transgressão. Alguns exemplos disso são:
Quando um professor ironiza um aluno mandando que ele “se ponha em seu lugar”
Quando o professor desrespeita a curiosidade do aluno
Quando o professor não aceita o gosto estético ou linguagem
Um professor autoritário acaba com a liberdade de um aluno, porque ele não pode ser curioso para aprender. E isso, quando acontece, não pode ser visto como uma virtude, mas como ruptura de decência.
4. Ensinar exige bom senso
É preciso ter bom senso e ética a todo o momento. E isso deve ser levado em conta, principalmente, durante uma tomada de decisão, já que é preciso sempre respeitar a autonomia, dignidade e identidade do outro.
Um exemplo usado foi em momento de apresentação de dissertação de mestrado ou tese de doutoramento. Caso algo seja criticado, a postura ética que deve ser tomada pelo orientador do trabalho é solidarizar-se com o acontecido e se responsabilizar-se pelo erro igualmente.
5. Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores
Um professor precisa aprender a lidar com as diferenças, desenvolver amorosidade aos educandos e cultivar a humildade e a tolerância. Além disso, deve entender que a luta pelos seus direitos é um momento importante enquanto a prática ética. Não é algo de fora, é algo que faz parte. Não pode aceitar o discurso cansado de “não há o que fazer”. É preciso lutar por respeito e por salários mais justos.
6. Ensinar exige apreensão da realidade
Mulheres e homens são os únicos seres capazes de aprender. E isso os permite construir, reconstruir, constatar para mudar. A capacidade de aprender pode transformar a realidade.
Segundo autor, toda a prática educativa demanda a existência de sujeitos, um que, ensinando, aprende outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a existência de conteúdos a serem ensinados, envolve o uso de métodos e técnicas; implica objetivos, sonhos, utopias, ideia. A politicidade não pode ser neutra. Por isso, o professor precisa ter uma competência geral, de sua natureza e saberes especiais, ligados à atividade como docente.
7. Ensinar exige alegria e esperança
A esperança de que professores e alunos podem aprender, ensinar, produzir juntos e resistir de tudo que tente tirar a alegria. A esperança faz parte da natureza humana, é um condimento indispensável para a experiência histórica.Ou seja, sem ela não haveria história, porque seria puro determinismo.
8. Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível
O mundo não é, ele está sendo. Sendo assim, as pessoas não mais só constatam o que ocorre, elas também intervém como sujeito de ocorrências. Por exemplo, o conhecimento sobre os terremotos não foi o suficiente para “acabar com ele”, mas ajuda a amenizar as consequências. Somos capazes de intervir na realidade.
9. Ensinar exige curiosidade
Sem a curiosidade, um educador não pode aprender e nem ensinar. Por isso, é preciso estimular a pergunta, a reflexão crítica, pensar o que se pretende fazendo aquela pergunta, quais perguntas e respostas ainda não foram feitas. Os alunos e professores devem ter uma postura aberta, curiosa, indagadora e não apassivada.
Pedagogia da Autonomia: Ensinar é uma especificidade humana
 
1. Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade
A segurança de um docente se funda na sua competência profissional. Um professor que não se leva a sério, que não estuda e se esforça para estar a altura da tarefa que desempenha, não tem força moral para coordenar as atividades exigidas em sala de aula. Incompetência profissional desqualifica a autoridade.
O educador também não deve agir com mesquinhez, porque isso inferioriza a tarefa formadora de autoridade. Portanto, deve dar liberdade para os educandos, já que isso constrói o real clima de disciplina e estimula a curiosidade e o aprendizado.
2. Ensinar exige comprometimento
Não é possível exercer a atividade do magistério como se fosse algo sem importância. O professor precisa se por na frente dos alunos e revelar sua maneira de ser e como se posiciona politicamente. Isso criará nos alunos a afeição, o que é muito importante no desempenho profissional.
A aproximação entre educador e educando deve ser uma das preocupações centrais, porém o docente não deve perguntar diretamente o que pensam de si, deve fazer uma leitura das atividades apresentadas em sala.
3. Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo
A educação é uma forma de intervenção no mundo, porque além de educador o aluno, seja bem ou mal, também se esforça para a reprodução da ideologia dominante e do desmascaramento.Porém acreditar que a educação é uma tarefa apenas reprodutora de ideologia dominante é errado, assim como defini-la como uma força de desocultação da realidade. Ter uma visão errada pode implicar diretamente nas visões defeituosas da História e da sua consciência.
4. Ensinar exige liberdade e autoridade
Há uma linha muito tênue que separa a liberdade saudável e a que viola a autoridade. Por isso, é preciso estabelecer um limite. Quanto mais criticamente a liberdade assuma o limite necessário, mais autoridade tem ela. Ou seja, a partir do momento que você tem uma convivência boa com seus alunos, dando liberdade para que eles opinem e se abram com você, desde que sem causar desconforto ou desrespeito, mais autoridade você terá.
5. Ensinar exige tomada consciente de decisões
Como dito anteriormente, a educação é um ato de intervenção no mundo. Essa intervenção é usada sem nenhuma restrição semântica. Por isso, deve ser vista como fator que propõe mudanças radicais na sociedade, na economia, nas relações humanas e de propriedade, do direito, do trabalho.
A educação é política e quem pensa que isso acontece por causa de um ou outro educador, não pode esconder a forma depreciativa como vê a política.
A única maneira da educação ser neutra é se parasse de haver discordância entre as pessoas com relação aos modos de vida social e individual, com relação ao estilo político a ser posto em prática, aos valores a serem encarnados. Portanto, o que deve-se exigir do educador não é a neutralidade, mas o respeito.
6. Ensinar exige saber escutar
Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele. Mesmo que, em certas condições, precise falar a ele. É preciso aprender a escutar para falar. O educador que escuta transforma seu discurso.
7. Ensinar exige reconhecer que a educação é uma ideologia
A ideologia tem que ver com a ocultação da verdade dos faros, com uso da linguagem para penumbrar ou “opacizar” a realidade, ao mesmo tempo que nos torna míopes. Essa miopia faz muitas pessoas aceitarem discursos cinicamente fatalistas neoliberais que proclama ser o desemprego no mundo um desgraça do fim do século.
A ideologia pode nos fazer acreditar que a globalização da economia é uma invenção dela mesma ou de um destino que não pode ser evitado. Se a globalização implica a superação de fronteiras, a abertura sem restrições ao livre comércio, não seria realmente possível resistir. Não será indagado que antigamente, as sociedades eram radiciais quanto a abertura e hoje, veem como algo indispensável.
8. Ensinar exige disponibilidade para diálogo
Um professor não deve deixar de lado a oportunidade de testemunhar aos alunos a segurança com que se comporta ao discutir um tema, ao analisar um fato, ao expor a posição em face de uma decisão governamental. Testemunhar a abertura aos outros, a disponibilidade curiosa à vida, a seus desafios, são saberes necessários a prática educativa.
9. Ensinar exige querer bem aos educandos
É importante entender que querer bem aos educandos não significa gostar igualmente de todos. Na verdade, só quer dizer que um educando precisa estar aberto a afetividade. Entretanto, é preciso tomar cuidado para que esse carinho com os alunos não afete o cumprimento ético do saber.
Mesmo agindo amorosamente, o professor deve continuar lutando politicamente para o respeito da dignidade das tarefas e pelos direitos, assim como ter zelo pelo espaço pedagógico em que atua com os alunos.

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