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1 ESTUDOS TÉCNICOS REFERENTES À NOTIFICAÇÃO 2015.001.002864/NOT-005 NOTIFICAÇÃO 2016.001.003483/NOT-003 ESTUDO HIDROGEOLÓGICO CALCÁRIO RIO PRETO LTDA FAZENDA RIO PRETO PALMEIRAS - BAHIA Luis Humberto S. T. Pedreira Geólogo – CREA-8.324-D PIATÃ-BA – 20/11/2017 2 TODOS SABEM QUE A TERRA POR SER UM PLANETA FECHADO, DESDE A SUA ORIGEM MANTÉM O MESMO VOLUME DE ÁGUA NOS SEUS DIVERSOS ESTADOS. TODAVIA AS AÇÕES DO HOMEM EM BUSCA DAS “RIQUEZAS” O TORNA IRRACIONAL E INCAPAZ DE AVALIAR QUE O SEU EGOISMO ASSOCIADO À SUA GANÂNCIA TEM MODIFICADO A DISTRIBUIÇÃO DESSE PRECIOSO LÍQUIDO E TRANSFORMADO GRANDES MANANCIAIS IMPRÓPRIOS PARA A SUA UTILIZAÇÃO. COMO CONSEQUÊNCIA MODIFICAM-SE OS CLIMAS, TRANSFEREM-SE VEGETAÇÕES, MIGRAM-SE HOMENS E ANIMAIS E AS PERDAS AVOLUMAM-SE. A SOLUÇÃO PARA OS IMPACTOS ATÉ ENTÃO GERADOS NÃO É O DINHEIRO DO MUNDO, MAS SIM A EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA DOS HOMENS. ATÉ QUANDO SEREMOS OS “SENHORES RACIONAIS” DO PLANETA? i SUMÁRIO ii 1 APRESENTAÇÃO O presente estudo hidrológico ora apresentado vem atender uma solicitação do órgão ambiental através de notificação do INEMA número 2015.001.002864/not-003, emitida no decorrer da análise da Licença de Alteração/Ampliação da empresa Calcário Rio Preto Ltda. É importante salientar que esta notificação foi gerada a partir da visita do órgão ambiental representada pela técnica responsável pela avaliação da Licença e a Gestora da APA Marimbus-Iraquara na qual o empreendimento está inserido. Entre outras exigências a solicitação do estudo hidrogeológico/hidrológico ocorreu devido a presença da existência de água em grande volume no fundo de parte da lavra e o mesmo tem como principal objetivo avaliar as origens das águas, traçar as linhas equipotenciais que dominam o fluxo da água circulante, determinando-se os parâmetros fundamentais da hidrologia ou seja: permeabilidade, transmissibilidade, níveis estáticos e dinâmicos dos mananciais subterrâneos encontrados. Para a execução deste trabalho utilizou-se as seguintes normas: NBR 12.212 de 1992; NBR 12.244 ABR de 1992; NBR 13.784 de 2006; NBR 15.492 de 2007; NBR 15.495-1 de 2007; DIN 4925 partes I e II; 2 API 5 B; ASTM A 120. Graças a forte compreensão das causas ambientais e o entendimento quanto à importância dos estudos que compõem este trabalho, sem medir esforços, a Calcário Rio Preto Ltda, através dos seus sócios, permitiu o desenvolvimento deste trabalho que certamente, passará a ser referência para a região da Chapada Diamantina, não somente pela sua qualidade técnica como também pela sua abrangência quanto a variação interdisciplinar utilizada para a sua avaliação. 3 RESUMO O presente trabalho realizado na Fazenda Rio Preto, está limitado a uma área contendo os sedimentos aluviais do rio Preto e áreas de calcário que margeia estes terraços. Inicialmente é apresentada a caracterização da área com a indicação da sua localização, seguida da descrição dos solos, vegetação, geomorfologia com a indicação dos principais relevos e caracterização e a Geologia não somente de caráter regional como também local, tendo nesta última as descrições de fácies definidas nos trabalhos de Misi, Pedreira e Torquato, conforme veremos adiante. Não podemos desprezar, por se tratar de estudo hidrológico, a avaliação estrutural com seus processos deformacionais plásticos e frágeis, responsáveis pelas definições das estruturas dobradas e as fraturas, ambas de grande importância para os fluxos d’água subterrânea. Além desta caracterização bastante detalhada, considerando a importância dos sedimentos aluviais que caracterizam o lençol freático local, não poderia faltar uma avaliação hidrológica da bacia do rio Preto e suas influências sobre os sedimentos ribeirinhos, de grande importância econômica como fornecedor de água e maior ainda como responsável pelas recargas nos períodos de estiagem. No que diz respeito ao estudo hidrológico, achou-se necessário a compartimentação da bacia do rio Preto em sub-bacias, dando origem a estudos hidrológicos segmentados, justificado pela inomogeneidade da distribuição das chuvas na região, principalmente nos tempos escassos de chuva. Como complementação aos estudos efetuou-se preliminarmente a planialtimetria da área, seguida da execução de diversos perfis geofísicos de eletrorresistividade/perfilagem executados por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN e alunos de mestrado e doutorado, que colaboraram na definição da localização dos poços a serem perfurados. A execução de 11 poços com profundidades variando de 35 a 45 m, atravessando os sedimentos aluviais e parte das rochas 4 calcárias. Durante a execução dos poços, foram coletadas amostras a profundidades de 0,50 x 0,50 m, sofrendo variações de 1,0 x 1,0 m e outras profundidades, de acordo com as intercorrências existentes e variações das características dos sedimentos. Todas as amostras coletadas foram submetidas a ensaios de peneiramento e sedimentação, sendo este último através do método de pipetagem, que deram origem ao capítulo específico de sedimentação com gráficos e outros. Ainda com base nestes ensaios, foi possível efetuar o perfil de cada poço de forma detalhada, conforme é apresentado no capítulo da sondagem. Na sequência é apresentado o capítulo sobre hidrogeologia com a apresentação (nos anexos) o teste de vazão e a definição dos parâmetros de relevância como transmissividade, porosidade, permeabilidade, Nível dinâmico e estático e variações sofridas com as interferências das chuvas ocasionais entre outubro e janeiro. Com relação à qualidade das águas, foram feitas coletas de água de 8 localidades, sendo que em 6 poços (p04, p06, p07, p08, p10, p11) e em duas amostras em pontos de minação do paredão calcário dentro da área de lavra e direcionadas para análises químicas, que definem bem a existência de pelo menos dois mananciais. No que se refere à parte ambiental são tecidos comentários sobre os efeitos destas águas no relevo cárstico e aspectos sobre a qualidade das águas encontradas. 5 1 INTRODUÇÃO L H S T P – Consultoria Técnica e Projetos Ltda 6 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS O presente trabalho visa fornecer conhecimento sobre origem dos mananciais que contribuem para o enchimento de depressão existente na cava da mina pertencente à empresa Calcário Rio Preto, potencialidades e características hidrogeológicas e hidroquímicas desses aquíferos. Como resultado deste trabalho espera-se favorecer a permissão da utilização desses mananciais para outorga d’água favorecendo a introdução de fruticultura irrigada na Fazenda Rio Preto. Os estudos a serem apresentados permitirão o conhecimento aprofundado não somente dos aquíferos existentes como também dos aspectos geológicos e sedimentares dos substratos portadores desses mananciais além de uma avaliação de parte dos ciclos de cheias e secas, registrados cronologicamente nos terraços aluvionares do rio Preto naquela área. Com referência aos aspectos ambientais, considerando que parte do manancial se encontra ao longo dos depósitos aluvionares registrados nos terraços do rio Preto, e sob os calcários da Formação Salitre, uma avaliação e caracterização da bacia daquele rio no que diz respeito à degradação da sua margem, aspectos referentes ao seuassoreamento e uso e ocupação do solo naquela bacia, permitirá uma melhor compreensão dos aspectos que afligem diretamente os impactos ambientais acolá ocorridos. 7 Considerando que a área alvo principal desse estudo se encontra entre os rios Preto e Cochó, antes do encontro desses rios para formação do rio Santo Antônio, não poderia ficar de fora uma avaliação hidrológica dos mananciais que os compõem, embora com os estudos concentrados 90% na bacia do rio Preto, uma vez que são fundamentais para uma definição mais precisa dos aquíferos subterrâneos existentes nas Fazenda e Mineração rio Preto. Sendo assim todos os estudos que fazem parte deste trabalho permitirão informações concisas e fundamentais para uma conclusão técnica e lógica da área. 1.2 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA A área do estudo está localizada na Fazenda Rio Preto e terras da Mineração Calcário Rio Preto Ltda, no município de Palmeiras-Bahia, ao longo do Km 362 da BR-242 e abrangendo uma área com aproximadamente 30,0 hectares. Como acesso à área, partindo-se do distrito sede, utiliza- se a BA-349 que dá acesso à BR-242 por 8,0 Km e no entroncamento desta rodovia com a BR citada segue à direita no sentido Salvador por 300 m, chegando-se aos portões de entrada da propriedade (Fazenda Rio Preto) – Veja Figuras 01 e 02. Figura 01 – Imagem obtida do Google Earth indicando a Faz. Rio Preto e a cidade de Palmeiras. Observa-se o rio Preto cortando a área de Sul para Norte na parte central da área e o rio Cochó a norte da área no sentido Oeste para Leste. 8 Figura 02 – Imagem obtida do Google Earth indicando a Mina pertencente à Calcário Rio Preto, alvo principal do estudo. Evidencia-se bem o rio Preto sendo cruzado pela BR-242. 1.3 METODOLOGIA Para o desenvolvimento do trabalho e consequente cumprimento da notificação, foram realizados alguns serviços/estudos considerados fundamentais para o cumprimento das exigências, conforme veremos a seguir. Topografia Toda a topografia foi realizada através de GPS geodésico L1/L2 com sistema RTK (Kinematic Real Time), sendo elaborada a planialtimetria com curvas de nível com precisão de metro em toda a área (fazenda e mineração) além de serem realizadas seções com marcação de 5 em 5 metros com pontos cotados de acordo com a indicação dos profissionais responsáveis pela realização da geofísica na área. Como resultado é apresentado a Planta planialtimétrica da área e as seções definidas pela geofísica, ambos em escala compatível. 9 Geomorfologia Os aspectos geomorfológicos associados com aqueles deformacionais e influencias dos agentes externos/climáticos, são responsáveis pela formação dos relevos e por isso, a sua avaliação, é de grande importância nos estudos hidrológicos, já que as formas de relevo existentes são responsáveis pela facilitação ou retardamento no escoamento superficial e infiltração nos períodos de chuva. Daí a importância de serem realizadas seções de alguns rios tentando mostrar alguns aspectos da evolução dos seus vales a partir da relação clima solo e vegetação e consequente influência sobre os aquíferos freáticos. Daí a importância da apresentação da Fisiografia onde os aspectos climáticos, solos e vegetação são caracterizados. Recursos Hídricos A avaliação dos recursos hídricos da região, ajudam a melhor entender a distribuição da malha fluvial, suas relações com o clima, solo geologia e formas de relevo. Neste estudo foi elaborado um mapa de recursos hídricos do município com foco principal para a bacia do rio Preto, uma vez que a área em estudo está inserida na mesma. Por ser considerado relevante, achou-se melhor subdividir esta bacia em outras (conforme veremos mais adiante) e apresentar uma pequena avaliação hidromorfológica comparativa entre a bacia do rio Preto e suas sub-bacias. Mapeamento geológico Para a avaliação geológica foi elaborada um mapa de caráter regional e de influência à área de estudo, a partir de elaboração de seções com descrição específica dos litótipos presentes e definição da estratigrafia regional. Visando melhor detalhamento, foi feito o mapeamento da área alvo de interesse, cuja área é de aproximadamente 90 ha, com pormenorização da geologia com a definição mais precisa da estratigrafia, além do desenvolvimento específico da geologia estrutural voltada para a definição das estruturas presentes, medição de fraturas, eixos de dobras e os cronoeventos geoestruturais que resultaram em deformações plásticas, dúcteis e rúpteis. Nesta etapa ou seja, dos estudos geoestruturais, a finalidade maior foi a sua definição e 10 interpretação com foco direto na sua influência no campo da hidrogeologia, visando contribuir no comportamento dos aquíferos presentes. Geofísica A geofísica como ferramenta de investigação indireta é considerada fundamental para o tipo de estudo realizado. Inicialmente foram discutidos quais dos métodos a serem aplicados, sendo definido o de eletrorresistividade (ERT). A partir daí, com base nos estudos geológicos, definiu-se as linhas de investigação, sendo que ao todo foram realizadas 10 linhas distribuídas segundo uma malha regular, sendo quatro (4) linhas com direção NW-SE e seis (6) linhas na direção E-W. Teve um caráter investigativo, com o objetivo de se efetuar uma avaliação primária da geologia e dos aquíferos e contribuir para o direcionamento e execução das sondagens a serem realizadas. Sondagens Para a realização das sondagens foi utilizado inicialmente o sistema SPT, com coleta de amostras de 0,5 em 0,5 metro até a profundidade permitida nos limites da impenetrabilidade definida no caso pela presença de rochas maciças. A partir daí foi realizado o aprofundamento da investigação através de sondagem utilizando um equipamento de “rock”, com coleta de amostras de metro a metro. As profundidades de avaliação variaram de 18 a 40 metros. Ao longo das perfurações foram anotadas observações sobre as variações lito-sedimentares e elaborados os perfis dos poços com a marcação da profundidade do lençol freático contribuindo de forma bastante positiva para a definição da geologia da área principalmente da baixada formada pelas aluviões dos terraços do rio Preto. Sedimentologia Com os sedimentos coletados através das sondagens, foi elaborado o perfil de cada furo e realizado o estudo sedimentológico de cada amostra num total de 284, sendo realizados os seguintes trabalhos: ensaios de peneiramento, sedimentação; morfometria e mineralogia. O objetivo deste trabalho foi permitir a distribuição espacial das aluviões nas 11 suas diversas frações e o comportamento do lençol freático nestas áreas. Por sua vez a morfometria contribui para entender a origem e o regime de transporte, enquanto que à mineralogia se responsabilizaria pela qualidade das águas ali residentes. Estudo hidrológico O estudo hidrológico foi realizado apenas para a bacia do rio Preto com o objetivo de se verificar o comportamento das cheias e correlacioná-las com as variações do lençol freático na área de estudo. Apesar de se supor a influência do rio Cochó sobre a área estudada, mesmo que de forma muito ínfima, não foi elaborado o estudo hidrogeológico daquela bacia por se entender que a influência das suas cheias, se realmente existir, estaria limitada apenas sobre os aquíferos kársticos de maior profundidade. Para o estudo hidrológico utilizou-se a metodologia desenvolvida por Molle e Cadier. Estudo hidrogeológico Para a hidrogeologia, foram executadas 14 sondagens onde se determinou os níveis estáticos e dinâmicos de cada poço, através de bombeamento contínuo por 24 horas, permitindo avaliar não somente o rebaixamento como as influências para cada poço. Neste procedimento foram avaliadas aslinhas de fluxo e equipotenciais, a permeabilidade do meio e a transmissibilidade. Embora não tenham sido realizadas análises químicas das águas de cada poço perfurado, foram selecionados pontos de influência que permitiram definir os tipos de água que contribuem para a alimentação do nível da cava da mineração considerando apenas aspectos químicos através de análises de quarenta e sete (47) parâmetros considerados importantes para a avaliação da parte hidroquímica, efetuando- se a comparação dos resultados entre as análises. Integração dos dados A integração dos dados foi fundamental para se chegar às conclusões sobre os aquíferos subsuperficiais existentes, onde as contribuições investigativas forneceram subsídios importantes. No procedimento de integração dos dados foram associados os aspectos geoestruturais/reológicos com as 12 percolações dos fluxos de água tanto em rocha como através dos sedimentos. As sondagens permitiram definir os níveis estáticos do lençol freático e artesiano assim como permitir a execução do bombeamento dos aquíferos permitindo definir os coeficientes de permeabilidade e transmissibilidade da área avaliada. 13 2 FISIOGRAFIA L H S T P – Consultoria Técnica e Projetos Ltda 14 2 FISIOGRAFIA 2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Os aspectos fisiográficos fornecem informações sobre os agentes externos que influenciam na composição de uma determinada área. No caso específico é apresentado de forma resumida os diversos componentes que compõe esta caracterização, os quais são: clima, solos, vegetação, relevo e hidrografia. Considerando que a Calcário Rio Preto está inserida no município de Palmeiras-Ba, todos os aspectos acima mencionados, a serem considerados, tomam como base a sua localização. 2.2 CLIMA Considerando que a Calcário Rio Preto está inserida no município de Palmeiras-Ba, todos os dados inerentes à parte climática referem-se àquela localidade, conforme veremos. Com base na publicação da SEI – Atributos Climáticos do Estado da Bahia (1998), a tipologia climática de Köppen para aquele município é do tipo BSwh ou seja: clima quente de caatinga com chuvas de verão e período seco bem definido de inverno; temperatura média superior a 18ºC e ausência de excedente hídrico. Já segundo a tipologia de Thornthwaite & Matther é do tipo C1dB’ ou seja: subúmido a seco com pequeno a nenhum excedente hídrico, mesotérmico com evapotranspiração potencial maior que 1.140 mm e chuvas de primavera/verão com índice hídrico entre 0 a -20%. Ainda no município podem-se presenciar pequenas diferenciações climáticas tendo como base o distrito sede com altitude de 736 m e a localidade de Caeté-Açu (também 15 conhecido como Capão) com altitude de 926 m, com média de temperaturas variando de 2ºC (vide figuras 03, 04, 05 e 06). Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Temperatura média (°C) 23.1 23.1 22.8 22.2 21 20 19.8 20.7 22.1 23.5 23.1 22.4 Temperatura mínima (°C) 17.4 17.4 17.4 16.8 15.5 14.1 13.8 14.2 15.6 17.1 17.3 16.9 Temperatura máxima(°C) 28.8 28.8 28.3 27.7 26.6 26 25.9 27.2 28.7 29.9 28.9 28 Temperatura média (°F) 73.6 73.6 73.0 72.0 69.8 68.0 67.6 69.3 71.8 74.3 73.6 72.3 Temperatura mínima (°F) 63.3 63.3 63.3 62.2 59.9 57.4 56.8 57.6 60.1 62.8 63.1 62.4 Temperatura máxima(°F) 83.8 83.8 82.9 81.9 79.9 78.8 78.6 81.0 83.7 85.8 84.0 82.4 Chuva (mm) 120 103 114 83 35 29 24 11 20 56 143 150 Figura 03 – Tabela apresentando dados de temperatura em graus Celsius e Fahrenheit e média de precipitação mês a mês para o distrito sede (Fonte Clima tempo). Figura 04 – Gráfico de barras para a cidade de Palmeiras a partir dos dados da Figura 03, evidenciando a temperatura (ºC e ºF) e a precipitação em mm de chuva. A linha vermelha, no gráfico acima, representa a variação de temperatura durante o ano, enquanto que as barras em azul representam as precipitações médias mensais onde: 01 representa o mês de janeiro, 02 fevereiro e assim sucessivamente até dezembro. 16 Figura 05 – Tabela apresentando dados de temperatura em graus Celsius e Fahrenheit e média de precipitação mês a mês para a localidade de Caeté-Açu (Fonte Clima tempo). Figura 06 – Gráfico de barras para a localidade de Caeté-Açú, evidenciando a temperatura (ºC e ºF) e a precipitação em mm de chuva. A linha vermelha, no gráfico representa a variação de temperatura durante o ano, enquanto que as barras em azul representam as precipitações médias mensais onde: 01 representa o mês de janeiro, 02 fevereiro e assim sucessivamente até dezembro. Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Temperatura média (°C) 21.8 21.8 21.6 21.1 20 18.8 18.6 19.3 20.8 22.1 21.8 21.4 Temperatura mínima (°C) 16.2 16.1 16.2 15.7 14.4 12.9 12.6 12.9 14.3 15.7 16.1 15.9 Temperatura máxima (°C) 27.4 27.5 27.1 26.6 25.6 24.8 24.6 25.7 27.4 28.6 27.6 27 Temperatura média (°F) 71.2 71.2 70.9 70.0 68.0 65.8 65.5 66.7 69.4 71.8 71.2 70.5 Temperatura mínima (°F) 61.2 61.0 61.2 60.3 57.9 55.2 54.7 55.2 57.7 60.3 61.0 60.6 Temperatura máxima (°F) 81.3 81.5 80.8 79.9 78.1 76.6 76.3 78.3 81.3 83.5 81.7 80.6 Chuva (mm) 98 96 107 75 34 28 24 13 19 54 128 142 17 2.3 SOLOS 2.3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS No município em questão podem-se identificar vários tipos de solos. Todavia para o presente trabalho deteve-se apenas àqueles principais, sem descartar, no entanto, as considerações pedogeoquímicas relevantes e responsáveis muitas vezes pela qualidade química das águas dos lençóis freáticos e artesianos. Inicialmente são apresentadas breves características de cada um dos solos observados, para em seguida tecer comentários sobre os aspectos pedogeoquímicos dos solos. 2.3.2 OS SOLOS PREDOMINANTES 2.3.2.1 LATOSSOLOS A ordem dos Latossolos, forma um horizonte mineral subsuperficial, cujos constituintes evidenciam avançado estágio de intemperização com alteração completa dos minerais primários menos resistentes ao intemperismo e/ou minerais de argila 2:1, seguida de intensa dessilificação. Na composição do horizonte B não deve restar mais que 4% de minerais primários alteráveis ou 6% de muscovita determinada na fração areia, que deve ser recalculada em relação à fração terra fina. Sua espessura mínima deve ser de 0,50 m, e texturas franco-arenosa ou franco-siltosa e diferenciação muito pouco nítida entre os seus suborizontes, com transição de um modo geral difusa. A consistência do material quando sevo varia de macia a muito dura e de friável a muito friável. O horizonte B pode apresentar cerosidade pouco a fraca e conter mais argila que o horizonte sobrejacente, porém o incremento da fração argila com o aumento da profundidade é pequeno, de maneira que comparações feitas a intervalos de 0,30 m ou menos entre os horizontes A e B apresentam diferenças menores que aquelas necessárias para caracterizar um horizonte B textural. 18 2.3.2.1.1 LATOSSOLO VERMELHO Estes solos pertencem a subordem vermelho, costumam posicionar-se sobre as rochas carbonáticas da Formação Salitre e possuem como características serem eutróficos, com horizontes A antrópico ou Moderado, profundidade média a alta, horizonte B, Bt e C bem definidos, textura argilosa a franco- argilosa permeabilidade moderada a alta, podendo chegar a ter uma velocidade de infiltração básica (VIB) de até 530 mm/hora. Ocupam parte das porções norte e noroeste do município de Palmeiras (vide figura 07). Figura 07 – Aspecto de Latossolo Vermelho, observado ao longo da BR-242próximo à entrada de Palmeiras na Chapada Diamantina. 2.3.2.2 LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Esta subordem ocupa áreas onde existe uma transição das rochas carbonáticas para as rochas da Formação Bebedouro tanto sobre os diamictitos como os arenitos e siltitos daquela formação. Geralmente sobre estes solos são observados murundus com área de ocupação variando entre 12 e 15 m² e altura muitas vezes atingindo 2,0 metros (vide figura 08). Ocupam parte central das áreas entre os Latossolos Vermelho e Latossolo Amarelo. 19 Possuem horizonte A antrópico ou fraco, espessura media a profunda, VIB moderada a alta, B, Bt e C bem definidos e textura argilosa do município. Figura 08 – Aspecto de Latossolo Vermelho-Amarelo em zona de transição, podendo ser observado a existência de murundus. 2.3.2.3 LATOSSOLOS AMARELOS Esta subordem normalmente posiciona-se sobre as rochas da Formação Bebedouro tanto sobre os diamictitos como os arenitos e siltitos daquela formação. Geralmente sobre estes solos são observados murundus com área de ocupação variando entre 12 e 15 m² e altura muitas vezes atingindo 2,0 metros (vide figura 09). Com relação aos Latossolos Vermelho-Amarelo possuem uma densidade de murundus por unidade de área (ha) bem superior àqueles observados nos demais solos (vide figura 09). Na área do perfil tem-se um Horizonte A antrópico, seguido de horizontes com estruturas glomerulosa denominado C/A e horizonte B do tipo Bt (relevante acumulação de argila). 20 Figura 09 – Aspecto de perfil típico de Latossolo Amarelo na região, evidenciando a sua espessura e aspectos texturais (glomerulosidade em B/A). Esta foto foi obtida na estrada vicinal Palmeiras gruta Bolo de Noiva. 2.3.2.3 NEOSSOLOS A classe dos Neossolos caracteriza-se pela presença de material mineral ou material orgânico pouco espesso sem apresentar qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. São encontrados nas subordens, Litólicos e Quartzarênicos. O Neossolos quartzarênicos ocupam grande parte do município e estão normalmente superpostos aos arenitos das formações Morro do Chapéu, Tombador, Caboclo e outros. Os Neossolos Litólicos são os mais comuns na área, caracterizados por apresentarem-se com textura normalmente arenosa, pouco profundos, baixa fertilidade e constituído por minerais primários de baixa resistência intempérica e quase sempre com afloramentos rochosos. Apresentam horizontes A antrópico ou Fraco, algumas vezes húmico. Como perfil comum, apresentam os horizontes A, C e R (vide figura 10). 21 Figura 10 – Aspecto de perfil típico de Neossolo Litólico ao longo da BR- 242. A espessura deste solo não excedo 0,35 m, apresentando um A com 5 cm. Como substrato rochoso tem-se arenitos da Formação Bebedouro, Já os solos Neossolos quartzarênicos são encontrados nas zonas de gerais e nos depósitos aluvionares recentes formando terraços (vide figura 11), são medianamente profundos a rasos e apresentam-se com horizonte A antrópico, arenoso e C arenoso. Figura 11 – Aspecto de perfil típico de Neossolo quartzarênico compondo terraços aluviais no rio Preto 22 2.3.2.4 ARGISSOLOS Os solos desta ordem têm como característica marcante um aumento de argila do horizonte superficial A para o superficial B que é do tipo textural (Bt), geralmente acompanhado de boa diferenciação também de cores e outras características. Sua profundidade varia de profundo a pouco profundo a rasos (semiárido). Como característica principal, estes solos apresentam-se bem desenvolvidos com gradiente de textura em profundidade, decorrente do acúmulo de argilas dos horizontes superiores. Apresentam horizonte B textural e argilas de baixa atividade, que garantem normalmente um horizonte A fraco ou médio (vide figura 12). No que se refere ao horizonte B textural presente nesta ordem de solos, apresenta textura franco-arenosa ou mais fina com incremento de argila orientada ou não. A natureza coloidal da argila a torna suscetível de mobilidade com água no solo se a percolação for relevante. A cerosidade considerada na identificação do B textural é constituída por películas de colóides minerais que, se bem desenvolvidos, são facilmente perceptíveis pelo aspecto lustroso e brilho graxo. Nos solos sem macro agregados, apresentando grãos simples ou maciços, a argila iluvial apresenta-se sob a forma de revestimento nos grãos individuais de areia. Na região estudada esta ordem está presente nas subordens vermelho, vermelho-amarelo e amarelo podem ser do grande grupo distrófico, eutroférrico (somente no vermelho), eutrocoeso (somente no amarelo) e eutrófico (vide figura 12). 23 Figura 12 – Aspecto de perfil comumente encontrado na região de Argissolo Vermelho-amarelo, com horizontes A fraco, Bt e C. 2.3.2.5 PLINTOSSOLOS Trata-se de ordem de solos comuns na região, caracterizados pela expressiva plintização, ocorrendo na região nas subordens pétrico e argilúvico. Os plintossolos argilúvicos apresentam drenagem restrita e têm como característica diagnóstica a presença do horizonte plíntico identificado pelas cores mosqueadas ou variegadas (vide figura 13). Já os horizontes concrecionários possuem presença excessiva de petroplintita, sendo constituído por 50% ou mais por material grosseiro com predomínio de petroplintita do tipo concreções ou nódulos de ferro ou ferro e alumínio, numa matriz terrosa de textura variada ou matriz de material mais grosseiro identificado como horizonte Ac, Ec, Bc ou Cc (vide figura 14). Estes materiais são bastante utilizados na construção de estradas como revestimentos soltos. 24 Figura 13 – Nesta foto pode ser observado aspecto característico de plintossolo argilúvico com ocorrência na BR-242 Km 320 entrando à direita no sentido Palmeiras povoado do São João. Figura 14 – Aspecto de Plintossolos da subordem concrecionário, com características distintas sendo: à esquerda um de textura mais fina e à direita com textura mais grosseira (até 6,0 cm de diâmetro). 2.3.3 ASPECTOS PEDOGEOQUÍMICOS DA ÁREA No município de Palmeiras temos, em escala regional, duas nítidas divisões pedogeoquímicas cujas características são apresentadas a seguir. A primeira e de maior abrangência definida como pertencente a domínios sem evolução pedogeoquímica e que ocorre sobre afloramentos rochosos e Neossolos litólicos distróficos ou eutróficos apresentando grau de alteração nulo ou incipiente. Nesta situação ao se fazer uma associação entre 25 clima e relevo temos para as associações de clima semiárido com relevos plano, suave ondulado e ondulado e sobre rochas areníticas, uma saturação de base menor que 30% e uma associação mineralógica representada pela illita e gibsita compondo o grupo da caolinita. A segunda divisão, de menor abrangência, representa domínios caracterizados por uma evolução pedogeoquímica bem definida as associações de clima semiárido com relevos plano, suave ondulado e ondulado e sobre rochas areníticas em relevo plano apresenta saturação menor que 30% com a presença da illita para o grupo da caolinita e quando em relevo suave ondulado e ondulado a saturação de base cai para menos que 30% e a associação mineral entre illita e gibsita representam o grupo da caolinita. Ainda se tratando de clima semiárido e rochas carbonáticas em relevo plano a saturação de base é superior aos 50% (normalmente 60%) e a associação mineralógica illita/clorita/vermiculita representa o grupo da esmectita. Ressalva-se que nesta região não existe esta associação de rochas calcárias em relevos suave-ondulados mas apenas em relevos planos. É importante salientar que, tratando-se de solos aluviais, solos hidromórficos, plintossolos e solos orgânicos, os mesmosnão formam um domínio pedogeoquímico por não terem uma evolução definida. Outros aspectos importantes e que não podem deixar de ser mencionado é que a evolução climática de árido para semiárido, de semiárido para seco-subúmido e deste último para úmido- subúmido apresenta o crescimento gradual nos seguintes aspectos: • Diminuição do pH e da capacidade da troca de cátions (T), relação SiO2/Al2O3 e relação silte/argila; • Incremento na participação de Fe2O3 e Al2O3; • Incremento na participação da matéria orgânica no solo; e • Diminuição do conteúdo médio de MnO. 26 2.4 VEGETAÇÃO 2.4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Considerando que a vegetação é fruto do solo e do clima de uma região temos para a região estudada aspectos interessantes sobre a mesma levando-se em conta principalmente a sua no semiárido nordestino. Embora no semiárido o fato de estarmos numa região serrana onde contrafortes servem de apara para os ventos oriundos da massa atlântica associados às altitudes típicas de áreas serranas, o município de Palmeiras tem o privilégio de estar inserido na Chapada Diamantina e desfrutar de clima, embora quente, não o suficiente para propiciar flagelos típicos e constantes de outras regiões do semiárido. O fato de estar situado na Chapada Diamantina o município dispõe de recursos hídricos superficiais privilegiados da bacia do rio Paraguaçu, contam com sub-bacias importantes que banham espaços territoriais daquele município tais como os rios Preto, Santo Antônio e Cochó. A presença desses rios, todos eles de nascentes serranas elevadas, juntamente com a altitude das serras ajudam a compor amenidades climáticas que ajudam a formar vegetação variada das quais passamos a descrever a seguir. 2.4.2 TIPOS DE VEGETAÇÃO 2.4.2.1 CAMPOS RUPESTRES Trata-se da vegetação de maior abrangência na área, ocorrendo nas áreas elevadas, normalmente acima dos 1000 metros de altitude, podemos ocorrer em alguns casos em altitudes de 700 metros. Esta vegetação é caracterizada por apresentar um conjunto de comunidades predominantementes herbáceo-arbustiva ricamente variada, mas fisionomicamente distinta, em função da topografia, do solo, natureza do substrato e microclima local. Geralmente nos cumes e encostas dos morros, onde predominam afloramentos rochosos a diversificação da flora e os múltiplos microambientes atingem o ápice, segundo Pinto et al (1990), com a presença de 27 Velloziáceae, Bromeliáceae, Orchidaceae e Eriocaulaceae (vide figura 15). Figura 15 – Aspecto de vegetação de campos rupestres na proximidade do Morro do Pai Inácio 2.4.2.2 SAVANA PARQUE Trata-se de terrenos planos a suave ondulados, caracterizados pela presença de extensa cobertura graminosa formada por panicus (vide figura 16), localmente denominado de gerais, onde são encontrados espécimes arbóreo/arbustivos típicos representados por vegetais retorcidos. São comuns a presença da Velloziae sp, Barbatimão (Dirmorphandra mollis), Cascudo (Melastomataceace), Murici (Byrsonima correifolia), Candeia (Eremanthus incanus), Açoita cavalo (Luehea paniculata Mart. & Zucc), Unha d´anta (Bauhinia forficata) e outras (vide figura 16). Figura 16 – Aspecto de vegetação de campos gerais nas proximidades do Morrão (foto da esquerda) e do Pai Inácio (foto da direita) Vegetação de Gerais 28 2.4.2.3 SAVANA ARBÓREA ABERTA A vegetação de savana presente na região é representada pelo tipo savana arbórea aberta e recobre relevos aplainados, na região pelo ciclo de pediplanização Velhas, apresentando dois estratos: um graminoso, composto predominantemente pelo capim-agreste que ocorre em tufos e outro arbóreo, onde se nota a presença de indivíduos lenhosos, baixos e tortuosos com altura variando de 2 a 4 metros, compostos por kilmeyera tomentosa (pau-santo), coccolobiforlia (muricis), curatella americana (lixeira), stryphnodendron barbadetiman (barbatimão) e outras (Vide figura 17) Figura 17 – Aspecto de vegetação de Savana arbórea aberta típica da região. 2.4.2.4 ESTEPE (Caatinga) Esta vegetação ocorre nas áreas com altitude até 700 metros, sendo que na região, esta predomina sobre os terrenos de idade Proterozóica superior, em especial sobre os solos Latossólicos das formações Salitre e Bebedouro, pertencentes a subformação Estepe Arbórea Densa. Nessas áreas com solos mais profundos, com razoável capacidade de retenção hídrica, possui uma vegetação densa, onde a composição florística apresenta diversas variações em função do uso da terra. Nas áreas de pastagens temos um parque antrópico com ocorrência de palmeiras, principalmente a Syagrus coronata (licuri) e Syagru vagans (licurioba). Nas áreas de regeneração a vegetação tem composição arbustiva com porte uniforme com a presença de Mimosa hostilis (jurema preta), mimosa sp. (calumbi) e o Croton sp. (velame). Já nas 29 áreas onde a interferência humana é menos intensa, a vegetação é densa e com várias espécies. Entre os de maior porte destacam-se Schinopsis brasiliensis (braúna), Spondias tuberosas (umbú), Bursera leptophloeos (umburana-de-cambão), Poecylanthe ulei (carrancudo) e outras (Vide figura 18). Figura 18 – Aspecto de vegetação Estepe arbórea densa pouco antropizada. 2.5 GEOMORFOLOGIA 2.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Apesar de existir um mapa Gemorfológico do Estado da Bahia elaborado pela Secretaria de Minas e Energia através da Coordenação da Produção Mineral em 1982, a sua escala (1:1.000.000), embora seja de fundamental importância para a avaliação regional pela definição da compartimentação apresentada, não permite uma avaliação de maior detalhe na região em apreço. Neste caso, a importância do estudo do relevo em escala maior, é fundamental para a eficiência dos resultados no estudo hidrogeológico da área em questão pelo fato de avaliarem não somente aspectos sobre os tipos e as formas de relevo existentes como também por apresentar uma avaliação detalhada sobre a geomorfologia fluvial local, que certamente conduzirão a resultados que interferem diretamente no lençol freático e artesiano da região como também da área alvo principal, objeto direto do nosso estudo. Não obstante dizer, que os agentes responsáveis pela dinâmica geomorfológica ocorrem no planeta desde a sua origem e entre eles podemos citar os tectonismos existentes nos seus diversos ciclos, que consolidam e dá oportunidade a formação de bacias deposicionais e ao mesmo tempo permitem a exposição 30 de sequências aos processos exógenos e endógenos sejam eles de caráter climático, erosional além dos diversos tipos de intemperismo. Geologicamente as provas fundamentais da existência dos processos evolutivos geomórficos pelos quais já passou a Chapada Diamantina estão registradas nas rochas sedimentares das diversas unidades como por exemplo: Grupo Paraguaçu – formado por rochas sedimentares de ambientes que vão desde origem eólica (definidas pela presença de grandes estratificações cruzadas), ambientes de planície de maré (presença de marcas de ondulação, gretas de contração), ambientes deltaicos, ambientes fluviais (caracterizados por estratificações cruzadas acanaladas), ambientes intermarés. Grupo Chapada Diamantina – com definição de importante sistema fluvial, com sedimentos de origem eólica (depósitos de dunas e lençol de areia). Há mudança dos arenitos da Formação Tombador para a Formação Caboclo com sedimentos depositados em plataforma marinha rasa e presença de carbonatos na forma de bioermas de estromatólitos, presença de tapetes algais silicificados típicos de planície de maré. Corpos areníticos alongados de geometria lenticular caracterizando episódios de exposição subaérea e interpretados como de origem fluvial, preenchendo vales escavados durante períodosde mar baixo. Abaixamento do nível do mar favorecendo a deposição da Formação Morro do Chapéu com arranjos tipicamente de ambientes fluviais com passagem gradual de conglomerados para arenitos e presença de lamitos com acamadamento ondulado típico de ambientes estuarinos. Formação Bebedouro – este conjunto de rochas, constituídas por diamictitos de pequena espessura, depósitos de planície outwash e pelitos laminados com seixos pingados, define um período glacial distinto com a presença de paleovales profundos. Com o final da glaciação, ocorre uma subida no mar responsável pela acumulação do Grupo Bambuí e a Formação Salitre, sugerindo que os carbonatos da bacia de Irecê ocorreram em ambiente extremamente raso com ação de ondas. A dominância de fácies acumuladas em ambiente raso, e a inexistência de fácies de talude ou mais profundas apontam a acumulação destes carbonatos em uma rampa sem quebra de talude 31 e sem declives pronunciados. A presença de estruturas do tipo coarse grained ripple, as quais se orientam, via de regra, paralelas à linha de costa, sugere a paleolinha com direção aproximada N-S. Todo esse conjunto de informações demonstra a existência pretérita de um modelado de relevo sequenciado à região da Chapada Diamantina com idades que antecedem a 2,6 Ga (modelado do embasamento), passando para os modelados responsáveis pelos processos por que passaram os diversos sedimentos da Chapada que vão desde 1,6 Ga, 1,14 Ga, 1,0 Ga (período da glaciação) e 0,8 Ga para os calcários da região. A continuidade dos eventos se mantivera através do tempo geológico e, mesmo na atualidade, os processos evolutivos de caráter geodinâmicos mantêm-se vivos e a atuar diuturnamente garantindo a evolução do modelado atual. Neste momento geológico além dos processos naturais responsáveis pelas mudanças do relevo a atuação do homem para garantir a sobrevivência e o crescente aumento de suas necessidades, inclusive materiais, exerce um delta x que propicia a aceleração dos eventos modificadores do relevo. Entre as diversas ações do homem podemos citar algumas delas responsáveis pelas modificações exógenas e pelos processos dinâmicos de transformação do relevo: ➢ Desmatamento de áreas silvestres com a substituição da vegetação natural por campos de pastagens para a criação de animais e o desenvolvimento de culturas; ➢ Construção de barragens seja para a geração de energia ou para abastecimento de água para os diversos consumos (industrial, irrigação, dessedentação humana e animal, etc.); ➢ Perfuração de poços artesianos de forma desordenada comprometendo os mananciais subterrâneos; ➢ Extração de minérios para abastecimento da indústria de transformação; ➢ Crescimento urbano com ocupação do solo mal planejada e consequente geração de resíduos sólidos de diversas naturezas; 32 ➢ Incremento da produção de petróleo para alimentar refinarias e consequentemente o uso de combustíveis com o incremento da poluição atmosférica e consequente geração de gases responsáveis pelo aumento do efeito estufa; ➢ Construção de termoelétricas para geração de energia com geração de gases que contribuem para o efeito estufa. Todo esse conjunto de ações humanas resulta nas mudanças climáticas que atuam catastroficamente sobre as diversas áreas do planeta gerando diversas interferências tais como: ➢ Tempestades de chuvas responsáveis por cheias destruidoras que provocam deslizamentos do tipo solifluxão carreando, prematuramente, excedentes de materiais terrígenos para áreas ainda não preparadas pela natureza para recebê-los; ➢ Rebaixamento e acomodação de terrenos pelo mau uso dos lençóis subterrâneos; ➢ Seca de rios perenes pela ação de supressão vegetal indevida; ➢ Instabilidades climáticas com potencial redução de áreas agrícolas antes produtivas sem a necessidade de irrigação; ➢ Contaminação do lençol freático pelo uso de produtos químicos nocivos e/ou utilizados sem critérios ou ainda por contaminação de lixões tecnicamente incorretos; ➢ Intensificação de eventos dos tipos furacão e ciclones, capazes de conduzirem grandes massas de ar e água altamente destruidoras. ➢ Redução das camadas de ozônio que funcionam como filtro dos raios solares acarretando em migrações climáticas fortes além de diminuição da calota de gelo pelo aumento da temperatura etc. ➢ Elevação do nível do mar inundando áreas mais baixas do planeta; 33 ➢ Mudança do sentido de marés acarretando em assoreamento das costas marinhas com invasão de águas sobre áreas nunca antes inundadas. ➢ Aumento de áreas desertificadas pela redução das chuvas acarretando na geração de déficit hídrico e risco de secas em áreas de chuvas regulares, etc. Todos os efeitos acima são provocadores de modificações do relevo atual e nos estudos geomorfológicos aqui apresentados, os mesmos são indicados, assim como o seu grau de comprometimento nos lençóis subterrâneos nas suas diversas existências. Na nova visão da geomorfologia esta não pode se dissociada do meio ambiente. 2.5.2 GEOMORFOLOGIA DO MUNICÍPIO DE PALMEIRAS Assim como em toda a Chapada Diamantina, o município de Palmeiras tem suas formas de relevo condicionadas pela litologia e estrutura combinada, remanescentes dos eventos tectônicos e os ciclos de denudação que agiram sobre a região oriental do Brasil entre o Cretáceo Inferior e o Terciário médio. Especificamente neste município e arredores é perceptível e definível a atuação destes ciclos, conforme veremos adiante. Por outro lado, considerando as formações geológicas existentes, podemos claramente definir as zonas de morfologia definidas por vales/vertentes e aquelas definidas pela existência de relevo cárstico com suas formas especiais. 2.5.2.1 OS CICLOS DE DENUDAÇÃO MARCADOS NO MUNICÍPIO Indiscutivelmente a atuação dos ciclos de denudação foram fundamentais para a evolução do relevo em toda a América do Sul. Na região da Chapada Diamantina a percepção da existência desses ciclos é bem expressiva e dentro do município de Palmeiras todos os três ciclos, Post-Gondwana (Cretáceo superior), Sul-Americano (Terciário) e Velhas (Terciário Superior), estão visivelmente marcados conforme descreveremos a seguir. 34 2.5.2.1.1 SUPERFÍCIE POST-GONDWANA Esta superfície está bem representada no município de Palmeiras formando as partes mais elevadas das serras com até 1.700 m e compondo principalmente a dobra anticlinal da serra do Sincorá, parcialmente flanqueda a oeste para uma sinclinal, formada por arenitos e conglomerados da Formação Morro do Chapéu. As ondulações do eixo do anticlinal estão representadas por janelas erosivas que fazem aflorar metassedimentos da Formação Guiné (topo do Grupo Paraguaçu) visíveis no vale do Pati e no morro do Pai Inácio ao longo da BR-242 (vide figura 19). Os altos do Morro do Pai Inácio, Morrão, serra do Sobradinho, Serra do Mucugezinho, Serra da Larguinha, serra do Candombá, serra do Rio Preto, serra da Passaginha formam a linha de denudação daquela superfície. ➢ Do alto do Pai Inácio pode ser observado a linha dos picos mais elevados da Chapada Diamantina e em especial a serra do Sincorá, que representam o ciclo de denudação Post-Gondwana. Figura 19 – Aspecto da linha de denudação Post-Gondwana nitidamente perceptível do Morro do Pai Inácio. Linha de superfície Post-Gondwana 35 2.5.2.1.2 SUPERFÍCIE SUL-AMERICANA Esta superfície de denudação, segundo King (1956), foi o elemento fundamental para a formação do cenário da região oriental do Brasil. Esta região foi aplainada entre o final do Cretáceo e o início do Mioceno, atualmente formando chapadas que se elevam sobre sistemas de vales e planícies onduladas. Na área de interesse ao nossoestudo ela está representada por áreas planas com coberturas arenosas que sustentam uma vegetação do tipo cerrado denominadas localmente como “gerais”. Os principais representantes no município são os “gerais” que compões as partes baixas entre as serras do morro do Pai Inácio (vide figura 20), Serra da Bacia, Serra do Brejo, serra do Mucugezinho, serra do Morrão e serra do Sobradinho, cujas altitudes oscilam entre 800 e 1000 m. ➢ De pé nos gerais de Mucugê e nas partes mais elevadas da estrada vicinal para quem vai de Palmeiras para a localidade de Guiné e nos baixos planos de vegetação de savana (gerais), podemos dizer que estamos assentados sobre a superfície de denudação Sul-Americana. Figura 20 – Aspecto da linha de denudação da superfície Sul-Americana nas proximidades do Morrão (linha na cor vermelha) assim como a linha da superfície Post-Gondwana (linha na cor preta). 36 2.5.2.1.3 SUPERFÍCIE VELHAS Segundo King (1956) esta superfície de denudação de idade Terciária superior, não chega a definir a fase de aplainamento generalizada. Na nossa área de estudo está definida unicamente pelo domínio das “Bacias Carbonáticas” apresentando um relevo plano a suave ondulado e altitude entre 600 e 700 m (vide figura 21). Como consequência da maior precipitação atmosférica, concentrada em períodos curtos, a circulação da água subterrânea nessas bacias é comum nelas, gerando o desenvolvimento de um relevo cárstico formando inúmeras grutas e dolinas e outras formas típicas daquele relevo. As áreas planas mais elevadas da Fazenda Rio Preto, certamente foram definidas por esta superfície de denudação. ➢ Do alto da serra descendo na BR-224 em direção à ponte sobre o Rio Preto, olhando à direita pode ser observado o planalto correspondente à sinclinal de Irecê podendo ser inferido a linha de denudação do Ciclo Velhas que acompanha todo o planalto calcário da região. Figura 21 – Aspecto da linha da superfície de pediplanização Sul-Americana (linha vermelha da foto) formando nítida separação da região kárstica com vegetação de Estepe (Caatinga). 37 2.5.2.2 OS RELEVOS DE VALES Os relevos de vales existentes na região estão diretamente associados às estruturas geológicas principalmente dobramentos de caráter regional, falhamentos e fraturas. Com isso a evolução do relevo passa a ter características associadas basicamente ao desenvolvimento de vales através dos princípios básicos da geomorfologia, conforme veremos. Basicamente os relevos de vales locais apresentam controle estrutural, cujas formas são associadas a dobramentos. Um forte exemplo dessa situação pode ser observado o desenvolvimento dos vales situados entre as serras da Bacia e Morrão e as serras do Mucugezinho, Lapão e Sobradinho, condicionados nitidamente ao anticlinal do Pai Inácio (vide figura 22). Figura 22 – Aspecto do vale do rio Mucugezinho totalmente encaixado seguindo o eixo do anticlinal do Pai Inácio, onde o lado esquerdo da foto representa as serras do Lajedinho, Lapão e Mucugezinho, vendo-se ao fundo o Morrão e à esquerda a serra da Bacia. Nesta área as nascentes e córregos nascem ao pé ou em semi-encosta das serras, totalmente encaixados em fraturas variadas (extensional, alívio ou cisalhante) associadas aos 38 processos tectônicos responsáveis pelo dobramento formando vales retos e em V que gradativamente vão evoluindo para vale em U. Em especial na figura 23 apresentada a seguir, pode ser observado nitidamente que aquele afluente está inicialmente encaixado em vales apertados que vão abrindo em vales em V de montante para jusante. Na figura 24 com a junção de outros afluentes percebe-se nitidamente o alargamento do vale com tendências de formação de vale em U. Os relevos acolá localizados são tipicamente esculpidos em rochas quartzíticas dobradas, exumadas pela denudação (Ciclo Sul-Americano), gerando cristas alinhadas e paralelizadas nas serras adjacentes aos vales, formando um típico relevo Apalachiano. Nesse conjunto como as cristas aflorantes formam ângulos superiores a 30º formam os denominados “hogbacks”. Figura 23 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, pode ser observado na cor vermelha uma seta indicativa do fluxo de escoamento de montante para jusante de afluentes do rio Mucugezinho, evidenciando nitidamente o alargamento gradual daquele vale com o seu início totalmente encaixado em vales extremamente apertados alargando-se para Jusante A seguir será apresentado o vale do rio Mucugezinho (vide figura 24), mostrando linhas brancas que representam os locais onde foram realizadas seções com o intuito de mostrar o processo evolutivo dos vales acolá existentes, seguido de imagens de cada uma das seções (figuras 25, 26, 27, 28 e 29), sequenciada de montante para jusante. 39 Figura 24 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, podem ser observadas seções transversais aos vales em linhas brancas, onde cada uma delas é identificada em vermelho (P01, P02, ... etc.). Figura 25 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, pode ser observada a seção transversal do vale em P01 da figura 24. P01 P02 P03 P04 P05 40 Figura 26 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, pode ser observada a seção transversal do vale em P02 da figura 24. Figura 27 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, pode ser observada a seção transversal do vale em P03 da figura 24. Nesta figura pode ser observada a maior abertura do vale (já bem mais evoluído). 41 Figura 28 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, pode ser observada a seção transversal do vale em P04 da figura 24. Aqui o vale está bem mais alargado e as encostas menos íngremes com forma de vale em U já melhor definida. Situação similar, com o mesmo tipo de relevo e evolução de vales sob controle de dobramentos, pode ser observado no vale do Capão e Caeté-Açu (vide figura 29) na bacia do rio Preto. Figura 29 – Na imagem acima, obtida através do Google Earth-Pro, pode ser observada a seção transversal do vale na região de Caeté-Açu, também conhecida como Capão. 42 Tanto na bacia do rio Mucugezinho como no vale do Capão, estamos numa situação de continuidade dos mesmos substratos rochosos dobrados. Estruturalmente verifica-se uma modificação da vergência e modificação do eixo do dobramento regional. 2.5.2.3 OS RELEVOS CÁSTICOS Os relevos kársticos existentes ocorrem nas áreas sob domínio das rochas calcárias e pertencentes as zonas de denudação do ciclo Velhas. Podem ser observadas na região além de grutas, vales encaixados em rochas calcárias, lagos formados por abatimento do teto de grutas, hoje totalmente erodidas, formando escarpas de falhas ou escarpas compósitas, presente na região da pecuária – o chamado poço Major Cândido - e a escarpa da Fazenda Rio Preto, cujo recuo foi proporcionado por processos erosivos do próprio rio Preto. Não podemos deixar de comentar a existência de dolinas, lapies (inclusive algumas existentes na fazenda Rio Preto). O denominado poço Major Cândido pode perfeitamente ser definido como um lago a partir de existência de um ponor, onde o lençol freático existente atingiu a superfície (dando a sua origem). Na situação atual o lago citado está bastante assoreado devido, principalmente, à falta de controle de erosão dos solos nas áreas desprotegidas face ao desenvolvimento das atividades agropecuárias. Nestas áreas é bem definido o chamado fluviocárstico com várias origens, onde existem caudais de origem autóctone e caudais de origem alóctone. No município do nosso estudo, os caudais citados estão presentes e alimentam principalmente, embora com limitações o trechodo rio Cochó e parte do rio Preto antes da junção para formação do rio Santo Antônio. Na fazenda Rio Preto, embora subterraneamente e localizada através de sondagens no estudo hidrogeológico, há contribuição fluviocárstica que alimenta o lençol freático da baixada situada entre a mina e o próprio rio Preto. 43 2.6 RECURSOS HÍDRICOS 2.6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A avaliação dos recursos hídricos no presente trabalho teve sua concentração de estudos firmada na avaliação dos rios e riachos que compões a bacia do rio Preto que, por questões técnicas fora dividida em várias sub-bacias, de modo a permitir a sua caracterização hidromorfológica. Com relação à bacia do rio Cochó, apenas algumas observações e comentários foram tecidos uma vez que este passa a cerca de 2,5 Km a oeste e norte da área principal de estudo. 2.6.2 CARACTERIZAÇÃO HIDROMORFOLÓGICA DA BACIA DO RIO PRETO E SUAS SUB-BACIAS Pesquisas acerca de medidas em bacia hidrológicas vem sendo elaboradas há quase um século. Historicamente os primeiros parâmetros foram definidos por Zernitz (1932) e Horton (1946) apud Christofoletti (1980). Com base nesses autores os estudos morfométrico da bacia do rio Preto tem a finalidade de avaliar o comportamento hídrico superficial e sua influência sobre os lençóis freáticos, em especial aqueles ocorridos na Fazenda rio Preto onde está instalada a Calcário Rio Preto. Uma vez que a Calcário rio Preto/Fazenda Rio Preto tem suas terras funcionando como parte do divisor de águas entre as bacias do rio Cochó e o rio Preto, entendemos que a contribuição de recargas para os lençóis freáticos e artesianos sofrem influência direta dessas duas bacias apesar de entendermos que 90% da influência direta, se dá através do rio Preto, alvo principal do nosso estudo. Para uma melhor compreensão é apresentado em anexo um mapa dos recursos hídricos do município de Palmeiras, onde pode ser identificado a bacia de contribuição de influência direta do rio Preto, cuja área possui aproximadamente 32.838,2 há, em relação à Calcário rio Preto. Com a ajuda do mapa elaborado, efetuou-se a demarcação da bacia do rio Preto bem como a sua subdivisão em sub-bacias permitindo assim a elaboração dos estudos hidromorfológicos e morfométricos daquela bacia. A 44 seguir veremos um descritivo dos principais contribuintes com suas respectivas sub-bacias e área de influência. Com relação ao escoamento global da bacia do rio Preto, podemos dizer que a mesma faz parte da bacia do rio Paraguaçu, considerada como uma bacia exorréica pelo fato de escoar diretamente no mar. Como parte de um todo, podemos dizer que a bacia do rio Preto também pode ser classificada como exorréica. No que se refere ao sentido de escoamento, os rios que compõem a bacia do rio Preto podem ser classificados como consequentes, subsequentes e resseqüentes. Tais classificações devem-se a presença de rios que obedecem a declividade da superfície dos terrenos, outros controlados por estruturas geológicas acompanhando sempre as zonas de fraqueza e por fim aqueles que fluem na mesma direção dos rios consequentes embora nasçam em níveis mais baixos, em geral no reverso das escarpas. Tratando-se do padrão de drenagem podemos afirmar que toda a rede de drenagem da bacia se enquadra como paralela a subparalela, cujo comportamento deve-se fundamentalmente aos aspectos estruturais da área sejam por fraturas, eixos de dobras e acamamentos das rochas. No que se refere à subdivisão da bacia do rio Preto, achou-se importante a sua realização, uma vez que controles pluviométricos futuros podem ser direcionados para cada uma delas, permitindo um melhor e mais preciso comportamento dos recursos hídrico de superfície. Tais relações poderão no futuro fundamentar a construção de barramentos em locais apropriados com o intuito de regularizar o regime fluvial daqueles rios, principalmente pela sazonalidade dos fluxos atuais onde rios antes perenes tornaram-se intermitentes pela redução do regime fluvial no que diz respeito a sua frequência e intensidade. Deste modo com a divisão em sub-bacias foi permitida a apresentação dos estudos hidrométricos de forma individualizada conforme veremos a seguir. 45 No processo de subdivisão da bacia do rio Preto, houve momentaneamente uma dúvida quanto à subdivisão da bacia no que diz respeito à separação da sub-bacia denominada Alto Rio Preto em duas. Todavia aspectos relativos à degradação daquela sub-bacia, distribuição da drenagem e posicionamento geográfico estratégico fez com que as dúvidas momentâneas deixassem de existir e se efetivasse a subdivisão da sub-bacia Alto Rio Preto em duas ou seja: Sub-bacia Alto Rio Preto e sub-bacia Rio Grande. Para a descrição das Sub-bacias as mesmas foram ordenadas pelo seu tamanho, da maior para a menor iniciando-se com a Sub-bacia 1 até a Sub-bacia 6, sendo finalizada pela sub-bacia 7 (Sub-bacia da Foz). Esta última (Sub-bacia 7) rompe com o critério de ordenação pré- estabelecido e embora maior que a sub-bacia 6, foi ordenada como a Sub-bacia 7, por ser ela a caixa de recebimento das águas das demais sub-bacias. SUB-BACIA 1 – Sub-bacia Alto Rio Preto - tem seus contribuintes nascendo entre as serras da Garapa e Larguinha, Morro Branco, Morro da Moitinha, Serra do Esbarrancado, Serra da Passaginha e Serra do Rio Preto. Possui uma área com 90,5404 Km² ou 9.054,04 ha. SUB-BACIA 2 - Sub-bacia do rio Lajedinho - formada pelo riacho homônimo e mais afluente da sua margem direita. Seus contribuintes nascem na Serra Pelada, Serra do Matão, Serra Negra (próxima à localidade do Taquari), Morro do Preá (vertente norte) e Serra do Piauí. Possui uma bacia de contribuição com área de 80,0203 Km² ou 8.002,03 ha. SUB-BACIA 3 – Sub-bacia da Conceição dos Gatos – assim denominada por ter seus contribuintes próximos àquela localidade e com uma bacia de contribuição com aproximadamente 44,2361 Km² ou 4.423,61 ha. SUB-BACIA 4 - Sub-bacia do Rio Grande - foi assim denominada por ter a maioria dos seus contribuintes com origem próximas àquela localidade. Possui uma área de contribuição com 42,6063 Km² ou 4.260,63 ha. 46 SUB-BACIA 5 - Sub-bacia do riacho da Lavrinha - possui seus contribuintes nascidos entre a Serra da Passaginha (vertentes oeste) e serra do Rio Preto (também vertentes oeste) e o Morro do Preá. Possui uma área com 31,5888 Km² ou 3.158,88 ha. SUB-BACIA 6 - Já a Sub-bacia do riacho Bom Jardim - ocupa toda a porção norte da bacia do rio Preto e é a de menor abrangência territorial com uma área de contribuição com 13,9817 Km² ou 1.398,17 ha. SUB-BACIA 7 – A Sub-bacia da Foz - ocupa toda a extensão linear desde a foz do Rio Grande e Lajedinho até a foz do rio Preto no seu encontro com os rios Cochó/Santo Antônio, sendo assim denominada por ser a caixa de recebimento das demais sub-bacias que compõem a “Bacia do Rio Preto”. Possui uma área de 36,0030 Km² ou 3.600,30 ha. Com base em Strahler (1952), a ordem de hierarquia das sub-bacias presentes foi assim definida: Sub-bacia 1 – 33.230 m de cursos de 1ª ordem, 24.723 m de cursos de 2ª ordem, 5.648 m de cursos com 3ª ordem e 7.467 m de cursos de 4ª ordem. Comprimento total de cursos indiscriminados = 71.158 m. Sub-bacia 2 – 40.722 m de cursos de 1ª ordem, 16.123 m de cursos de 2ª ordem, 4.642 m de cursos de 3ª ordem e 252 m de cursos de 4ª ordem. Comprimento total de cursos indiscriminados = 61.739 m. Sub-bacia 3 – 17.549 m de cursos de 1ª ordem, 6.383 m de cursos de 2ª ordem e 8.338 m de cursos de 3ª ordem. Comprimento total de cursos indiscriminados = 32.270 m. 47 Sub-bacia 4 – 19.626 m de cursos de 1ª ordem, 4.806 m de cursos de 2ª ordem e 4.192 m de cursos de 3ª ordem. Comprimento total de cursos indiscriminados= 28.624 m. Sub-bacia 5 – 12.806 m de cursos de 1ª ordem e 11.733 m de cursos de 2ª ordem. Comprimento total de cursos indiscriminados = 24.539 m. Sub-bacia 6 – 6.394 m de cursos de 1ª ordem, 1.052 m de cursos de 2ª ordem e 4.239 m de cursos de 3ª ordem. Comprimento total de cursos indiscriminados = 11.685 m. Sub-bacia 7 – Com rios com extensão de 14.766,01 m, todo ele de 5ª ordem Resumindo podemos afirmar que a bacia do rio Preto é de 5ª ordem e as sub-bacias ali internadas foram assim definidas: 2 bacias de 4ª ordem; 3 bacias de 3ª ordem e 1 bacia de 2ª ordem. Se considerarmos a totalidade da bacia do rio Preto com as respectivas sub-bacias teremos: 130.329 m de cursos de 1ª ordem, 64.822 m de cursos de 2ª ordem, 28.668 m de cursos de 3ª ordem, 11.643 m de cursos de 4ª ordem e 14.766,01 m de cursos de 5ª ordem no total tem-se 250.228,01 m de canais de escoamento (rios, riachos e córregos). No que se refere as relações de bifurcação definida por Horton (1945), este autor definiu uma das leis de composição da drenagem assim anunciada: “em uma bacia determinada, a soma dos números de canais de cada ordem forma uma série geométrica inversa, cujo primeiro termo é a unidade da primeira ordem e a razão é a relação de bifurcação”. Matematicamente esta razão é definida pela seguinte fórmula: Nu Rb = Nu+1 48 Rb = Razão de bifurcação Nu = número de segmento de determinada ordem Nu+1 = número de segmento da ordem imediatamente superior Sub-bacia 1 – Rb1 = 1,77; Rb2 = 4,33; Rb3 = 0,60 Sub-bacia 2 – Rb1 = 1,36; Rb2 = 5,50; Rb3 = 2 Sub-bacia 3 – Rb1 = 1,14; Rb2 = 7 Sub-bacia 4 – Rb1 = 3,00; Rb2 = 1 Sub-bacia 5 – Rb1 = 1,17 Sub-bacia 6 – Rb1 = 3; Rb2 = 1 Sub-bacia 7 – Rb4 =2 Norton nos seus estudos determinou uma lei básica da composição da drenagem, assim anunciada: “em uma bacia determinada, os comprimentos médios dos canais de cada ordem ordenam-se segundo uma série geométrica direta, cujo primeiro termo é o comprimento médio dos canais de primeira ordem, e a razão é a relação entre os comprimentos médios”. Com a lei estabelecida este autor elaborou duas fórmulas, sendo que a primeira para determinação do comprimento médio dos segmentos fluviais (Lm) e uma segunda para determinação a relação entre os comprimentos médios (RLm): Lu Lm = Nu 49 Lm = Comprimento médio dos segmentos de uma respectiva ordem Lu = Soma do comprimento dos canais de cada ordem Nu = Número de segmentos encontrados na mesma ordem Lmu RLm = Lmu-1 RLm = Relação entre os comprimentos médios dos canais Lmu = Comprimento médio dos canais de uma respectiva ordem Lmu-1 = Comprimento médio dos canais da ordem imediatamente inferior Sendo assim para cada sub-bacia teremos: Sub-bacia 1 – Lm = 1.444,80; RLm = 0,76 Sub-bacia 2 – Lm = 2.714,81; RLm = 1,85 Sub-bacia 3 – Lm = 2.193,72; RLm = 2,41 Sub-bacia 4 – Lm = 1.635,35; RLm = 1,36 Sub-bacia 5 – Lm = 1.829,43; RLm = 0,936 Sub-bacia 6 – Lm = 1.065,80; RLm = 2,03 Sub-bacia 7 – Lm = 14.766,01; RLm = 1,0 Bacia do rio Preto – Lm = 1.835,36; RLm = 1,22 50 Com relação a densidade de rios e de drenagem adotou-se os estudos de Horton (1945) onde a densidade de rios (Dr) é definida pela razão entre o número total de cursos d’água (N) e a área da bacia considerada (A). Já a densidade de drenagem (Dd) é a razão entre o comprimento total dos canais (Lt) e a área da bacia considerada (A). Já o coeficiente de manutenção (Cm) segundo Schumm (1956) é a área mínima necessária em Km², para manter 1,0 metro de canal de escoamento determinado pela razão entre a unidade (1) e a densidade de drenagem (Dd). Sendo assim teremos: N Dr = A Lt Dd = A 1 Cm = x 1.000 Dd Considerando as sub-bacias definidas na bacia do Rio Preto teremos: Sub-Bacia 1 – Dr = 0,50; Dd = 805,10 e Cm = 1,24 Km² Sub-Bacia 2 – Dr = 0,36; Dd = 771,52 e Cm = 1,30 Km² Sub-Bacia 3 – Dr = 0,36; Dd – 729,51 e Cm = 1,37 Km² Sub-Bacia 5 – Dr = 0,43; Dd = 812,01 e Cm = 1,23 Km² Sub-Bacia 6 – Dr = 0,72; Dd = 835,82 e Cm = 1,20 Km² 51 Sub-bacia 7 – Dr = 0,05; Dd = 410,132 e Cm = 2,438 Km² Bacia do rio Preto – Dr = 0,40; Dd = 747,80 e Cm = 1,34 Km² 52 3 GEOLOGIA L H S T P – Consultoria Técnica e Projetos Ltda 3 GEOLOGIA 3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS A empresa Calcário Rio Preto Ltda está situada sobre os metassedimentos do Grupo Chapada Diamantina mas detém todo o 53 processo de explotação sobre os Calcários da Formação Salitre. Para o trabalho ora apresentado, regionalmente fez-se uma seção ao longo da BR-242, iniciando-se no entroncamento desta BR com a estrada para Iraquara e daí, no sentido à Salvador, findou-se o perfil na entrada para o povoado de São João (à esquerda da BR-242). Este segmento avaliado, foi assim limitado por ser considerado que naquele trecho a geologia presente conteria as unidades e litótipos de interesse ao escopo do trabalho, definindo assim os aspectos geológicos de interesse. Deste modo, a seguir veremos alguns aspectos sobre a geologia regional, considerados importantes ao estudo. 3.2 TRABALHOS ANTERIORES No que se refere aos trabalhos anteriores apresentados neste trabalho, limitou-se a citar aqueles mais importantes e que de fato contribuem de forma direta na área alvo desse estudo, não podendo deixar de lado aqueles estudiosos que foram os precursores nos estudos da ciência geológica na Chapada Diamantina. Os primeiros estudos sobre a Chapada Diamantina, segundo Hartt (1941) foram realizados por Maximilian Von Neuwied, em 1817. Derby (1905) em sua publicação pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia apresenta os primeiros descritos superficiais sobre a geologia da Chapada Diamantina. Derby (1906) publicou os resultados do seu estudo sobre o sistema orográfico do Espinhaço. Branner (1910b) realizando uma seção entre Jacobina e Caatinga do Moura, descreveu uma sequência de arenitos e folhelhos que denominou de Tombador e Caboclo respectivamente. Quanto aos arenitos e conglomerados diamantíferos superpostos ao Caboclo, ele associou à Série Lavras de DERBY (1905). Ainda neste trabalho o autor apresentou estudos referentes aos quartzitos, filitos e itabiritos da serra da Jacobina, chamando-os de Série Jacobina. Branner (1919) em estudos na Chapada Diamantina denominou os calcários sobrepostos à sequência clástica da Chapada Diamantina de Calcários Salitre. 54 Kegel (1959) executou algumas sequências na zona central da Bahia mantendo à sequência da Chapada Diamantina as denominações de DERBY (1906), a Série Lavras em Superior, Médio e Inferior, ao mesmo tempo em que colocou o Tombador sobre os calcários que recobrem os metassedimentos. Barbosa (1965) mapeando as quadrículas de Remanso e Sento Sé, descreveu o embasamento norte da Chapada Diamantina como pertencente ao Grupo Caraíbas, sobreposto por rochas metamórficas dos grupos Colomi e Jacobina e, finalmente, identificou na borda norte da Chapada o Arenito Tombador, e o Folhelho Caboclo, definindo ainda a Formação (ou Membro) São Pedro. Brito Neves (1967) mapeando as folhas de Upamirim e Morro do Chapéu, trouxe novos conhecimentos à parte setentrional da Chapada Diamantina, cuja sequência mapeada foi reunida com o nome de Grupo Chapada Diamantina. Montes (1977), interpretou a Formação Salitre como sendo de origem glacial, embora os seus sedimentos tenham sido depositados em diversos ambientes, como marinho ou deltaico. Inda & Barbosa (1978) dividiram o SupergrupoSão Francisco nos grupos Bambuí e Una. Misi (1979) estudando o Grupo Bambuí caracterizou bem a sequência carbonático-pelítica da região centro-norte do Estado da Bahia, dividindo-o em seis unidades (A2, A1, A, B1, B e C). Pedreira & Torquato (1983) em estudos na Serra da Babilônia e Rio Jacaré caracterizam a Formação Morro do Chapéu como a unidade superior do Grupo Chapada Diamantina dividindo- a em duas fácies distintas a Fácies Serra da Babilônia e a Fácies Guariba de SCHOBBENHAUS e KAUL (1971) sobreposta à anterior. Com relação ao Supergrupo São Francisco, este está 55 presente na área através da Formação Bebedouro e o Grupo Bambuí. A Formação Bebedouro foi dividida em dois membros: um inferior formado por uma sequência conglomerática com variações laterais para metassiltitos e metagrauvaca (tilitos); e um superior composto por quartzitos arcoseanos. Já o Grupo Bambuí naquela região foi confirmado a presença das unidades A1, B, B1 e C definidas por MISI (1979) como pertencentes à Formação Salitre. Ainda neste trabalho os autores dividiram a unidade A1 em duas fácies e a unidade B em 10 fácies. Pedreira (1988) reconheceu, para a região da Chapada Diamantina, três sequências deposicionais cujos limites coincidem com os do Grupo Rio dos Remédios, Paraguaçu e Chapada Diamantina. O Grupo Rio dos Remédios neste trabalho é caracterizado como uma sequência de efusivas ácidas basais. Já o Grupo Paraguaçu é constituído por quartzitos feldspáticos, siltitos, folhelhos e camadas descontínuas de conglomerados. Já o Grupo Chapada Diamantina compreende as sequências deposicionais Tombador-Caboclo e Morro do Chapéu. Macedo e Bonhomme (1984), determinaram como possível idade de deposição da Formação Bebedouro, do Grupo Uma, 900 Ma. Otero et al. (1989) indicam que o início da deposição do Grupo Chapada Diamantina é caracterizado pelo aparecimento de importante sistema fluvial com paleocorrentes para oeste, opostas à direção de paleocorrentes nos sedimentos fluviais do Grupo Paraguaçu (direção sudeste). Ainda neste trabalho estes autores caracterizam a porção basal da Formação Tombador como arenitos finos a muito grossos, arcoseanos com estratos cruzados acanalados repousando sobre arenitos finos e pelitos interestratificados. Já a Formação Tombador na região de Lençóis, Palmeiras e Mucugê, apresenta níveis conglomeráticos diamantíferos. Rocha et al (1990) citam a inclusão de importantes carbonatos na base e no topo da Formação Caboclo sob a forma de bioermas de estromatólitos e depósitos de linha de costa lado a lado com sedimentos siliciclásticos. 56 Schobbenhaus (1993), afirma em seu trabalho que as formações: Tombador e Caboclo; representam sedimentos plataformais mesoproterozóico, enquanto que a Formação Morro do Chapéu equipara-se aos depósitos neoproterozóicos do Grupo Santo Onofre. Silva (2006) estudando os recursos hídricos subterrâneos da bacia do rio Salitre na Bahia, zoneia aquela região em: aquífero fissural; aquífero fissural-metassedimentar; e aquífero cárstico. Com os elementos determinados apresenta neste mesmo trabalho um modelo hidrogeológico para aquela bacia. Gonçalves (2014) em seu trabalho, traça diretrizes para a gestão das águas da bacia do rio Paraguaçu a partir de novos métodos de utilização dos dados hidrológicos. 3.3 ESTRATIGRAFIA REGIONAL A estratigrafia da região está representada por sedimentos do Super Grupo Espinhaço, em especial aqueles do Grupo Chapada Diamantina e os sedimentos do Super Grupo São Francisco nas Formações Bebedouro e Salitre, conforme veremos a seguir. 3.3.1 QUATERNÁRIO-HOLOCENO O Quaternário está representado pelos diversos sedimentos representados pelos depósitos aluviais. 3.3.1.1 QUATERNÁRIO - QHa Esta unidade está representada por sedimentos dominantemente arenosos, podendo ser observado nos leitos dos rios regionais além dos terraços aluvionares. Nos leitos são observados materiais predominantemente arenosos variando de grosseiros a médios além de depósitos localizados de grânulos e cascalhos, uma vez que se trata de rios juvenis com alta energia de transporte. As areias apresentam-se com coloração variadas desde o creme passando a rósea graças a processos de oxidação de ferro, normalmente representados pelos minerais limonita [FeOH)3nH2O] e goethita [FeO(OH)]. Texturalmente variam de areias muito grossa a média, raramente fina. Quando presente depósitos de grânulos e cascalhos, estão presentes 57 seixos de composição quartzítica/arenítica, calcários, etc., provenientes de rochas locais. 3.3.2 TÉRCIO-QUATERNÁRIO Os sedimentos Tércio-Quaternários são constituídos por coberturas terrígenas de caráter eluvial ou coluvial, sendo que os primeiros são originados in situ enquanto que os coluviais são originados de transporte de materiais diversos. Estes sedimentos têm como uma das principais características a presença de ferretes ou depósitos concrecionários. 3.3.2.1 COBERTURAS TERRÍGENAS – TQd 3.3.2.1.1 COBERTURAS TERRÍGENAS ELUVIAIS – TQd1 Estas coberturas estão presentes na área podendo ser encontrados depósitos de caráter eluvial representado por solos com textura argilo-arenosa ou franco-argilosa, com espessura variando de 1,5 a 3,0 metros. Apresentam coloração avermelhada (figura 30) a amarelada (figuras 31 e 32). Figura 30 – Nesta foto podemos observar coberturas eluviais constituindo os solos do tipo Latossolo vermelho-amarelo. Latossolo vermelho 58 Figura 31 – Aspecto de cobertura franco-argilosa formando solos do tipo Latossolo amarelo. Casualmente podem ser observados murundus com até 3,0 metros de altura (paleotermites). Latossolo Amarelo e paleotermites 59 Figura 32 – Aspecto de cobertura franco-argilosa formando solos do tipo Latossolo amarelo sobre Formação Bebedouro. 3.3.2.1.2 COBERTURAS TERRÍGENAS COLUVIAIS – TQd2 Estes sedimentos ocorrem de forma localizada e estão representados por sedimentos de coloração avermelhada a alaranjada e apresentam textura arenosa a conglomerática (figuras 33 e 34). Da base para o topo são observados conglomerados concrecionários lateríticos com seixos normalmente quartzosos ou areníticos com diâmetros variando de 0,5 cm a 5,0 cm, gradando em direção ao topo para arenitos grosseiros. Quanto ao grau de compactação variam de médio a baixo. Sua espessura varia de 2,5 a 5,0 m e são economicamente importantes por serem utilizados nas obras de terraplanagens por apresentarem características técnicas, em especial, um índice califórnia propício àquela utilização face à capacidade de compactação permitida além de baixíssima permeabilidade após compactado que garante a sua utilização na construção de barramentos. Figura 33 – Aspecto de materiais terrígenos formando depósitos de ferrocretes e concrecionários lateríticos. Em seção local chegam a ter uma espessura de 6,0 m. 60 Figura 34 – Aspecto dos depósitos do tipo concrecionários lateríticos podendo ser observada a trama dos seixos arredondados a subarredondados envoltos em matriz argilo-arenosa. O diâmetro dos seixos varia de 0,5 cm a 6,0 cm. 3.3.3 PROTEROZÓICO PS 3.3.3.1 PROTEROZÓICO SUPERIOR 3.3.3.1.1 SUPERGRUPO SÃO FRANCISCO 3.3.3.1.1.1 GRUPO BAMBUÍ Esta unidade está representada pelo Grupo Bambuí que, neste trabalho, foi subdividido em Formação Salitre e Formação Bebedouro, conforme veremos adiante. 3.3.3.1.1.1.1 FORMAÇÃO SALITRE – UNIDADE JUSSARA – PSsj Esta formação compreende calcarenitos finos a grossos, calcissiltitos e calcilutitos de coloração cinza-escuro a preta, que apresentam odor característicos de enxofre em fratura fresca. A coloração escura provavelmente reflete o elevado teor de matéria
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