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OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Espermatogênese • A espermatogênese é o processo no qual as espermatogônias (células germinativas primordiais, precursoras de todas as outras células germinativas) são transformadas em espermatozóides maduros • Durante a formação do embrião, as CGP migram para os testículos e se tornam espermatogônias, ainda imaturas → ficam ali em repouso, ate a puberdade, quando passam por divisões mitóticas, se proliferando e diferenciando para formar o esperma • A transformação ocorre nos túbulos seminíferos, durante a vida sexual ativa → resultado da estimulação pelos hormônios gonadotróficos da hipófise anterior o Começa em media aos 13 anos e continua pela maior parte do restante da vida, reduzindo na velhice • Todo o período de espermatogênese, da espermatogônia ao espermatozoide, dura, aproximadamente, 64 dias • A cada 16 dias um novo grupo de espermatogônias entra no processo de espermatogênese, dividido em 3 fases: o Fase proliferativa ou mitótica → as espermatogônias passam por divisões mitóticas, formando novas células-tronco ou formando células que originarão os espermatócitos o Fase meiótica → espermatócitos passam por 2 divisões consecutivas produzindo as espermátides (células haploides) o Espermiogênese → espermátides diferenciam-se em espermatozoides • Para manter o suprimento de espermatozoides maduros durante toda a vida do homem, as espermatogônias devem realizar: o Diferenciação em espermatozoide, autorrenovação por mitose e formação de novas células-tronco, e controle da relação entre as células germinativas e as células de Sertoli, por apoptose. • Elas podem ser divididas em (com base nos seus conteúdos de heterocromatina): o Espermatogônia do tipo A escura Ad → capazes de realizar divisões mitóticas, gerando espermatogônias “de reserva” o Espermatogônia tipo A pálida Ap → precursoras das espermatogônias tipo B com capacidade de formar o espermatócito. ❖ No primeiro estágio, as espermatogônias, presentes na membrana basal dos túbulos seminíferos, migram entre as células de Sertoli em direção ao lúmen central o As células de Sertoli são grandes, com envoltório citoplasmático exuberante que envolve a espermatogônia • Inicialmente as espermatogônias (2n) migradas sofrem divisões mitóticas para aumentar a quantidade → em seguida, algumas param a divisão e sofrem uma maturação, aumentando o tamanho e se transformando em grandes espermatócitos primários o Cada espermatócito primário sofre uma divisão reducional (primeira divisão da meiose), formando 2 espermatócitos secundários haplóides (n) ▪ Dias depois, eles sofrem a segunda divisão meiótica, formando 4 espermátides haplóides, que gradualmente são transformadas em espermatozóides maduros através do processo de espermiogênese ❖ Durante as transformações de espermatócitos a espermátides, os 46 cromossomos (23 pares) do espermatócito se dividem → 23 cromossomos vão para uma espermátide e os outros 23 para a outra o Os genes cromossômicos também se dividem → somente metade das características genéticas do possível feto é fornecida pelo pai, e a outra metade provém do oócito fornecido pela mãe • Em cada espermatogônia, um dos 23 pares carrega a informação genética que determina o sexo do possível concepto → o par é composto por um cromossomo X (cromossomo feminino) e um cromossomo Y (masculino) o Na divisão meiótica, o cromossomo Y vai para uma espermátide que se torna esperma masculino, e o cromossomo X feminino vai para a outra, que passa a ser esperma feminino ▪ O sexo do concepto eventual é determinado pelo tipo de esperma, entre os dois descritos, que fertiliza o ovo ❖ Os andrógenos apresentam papel fundamental na iniciação e manutenção da espermatogênese → sua ligação aos receptores de andrógenos (RA) regulam o término da meiose e a transição dos espermatócitos para as espermátides • A localização dos RA no tecido epididimário é importante para a produção de um ambiente que permita a maturação espermática o A ação androgênica é mediada pela aromatase, que catalisa a conversão dos andrógenos em estrógenos. Espermiogênese • Período no qual a célula germinativa passa por uma metamorfose, adquirindo diversas organelas e estruturas acessórias, como o acrossomo e o flagelo → extensas mudanças ocorrem no citoplasma e núcleo das espermátides ❖ Fase Golgi → fase inicial onde as espermátides começam a desenvolver uma polaridade e perdem o formato celular esférico OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • A vesícula acrossômica começa a ser formada pela fusão de grânulos produzidos pelo complexo de Golgi → enquanto isso, os centríolos se posicionam no polo oposto ao da formação do acrossoma o O acrossomo é constituído principalmente de enzimas hidrolíticas que serão posteriormente secretadas para auxiliar a passagem do espermatozoide pelas barreiras do ovócito II ❖ Fase do Capuz → a vesícula acrossômica se torna mais densa e se expande, cobrindo a metade anterior do núcleo e formando uma espécie de capuz sobre ele → inicia-se a projeção do flagelo no polo oposto ao acrossoma. ❖ Fase do Acrossoma → reorientação do acrossoma terminado, que passa a cobrir cerca de ⅔ do núcleo, enquanto o complexo de Golgi passa a migrar livremente pelo citoplasma. ❖ Fase de Maturação → ocorre condensação do núcleo, ao mesmo tempo em que as porções desnecessárias do citoplasma, com organelas desnecessárias, são descartadas p exterior do espermatozóide e fagocitados pelas células de sertoli o Nesse processo ocorre redução do volume celular às custas da redução do volume citoplasmático o As mitocôndrias se reorganizam e se posicionam na base do flagelo, garantindo a energia necessária p movimentação ▪ Os microtúbulos formam a estrutura do flagelo • Espermatozoide é o produto final da espermatogênese, possuindo comprimento de aproximadamente 60 µm → com sua estrutura final incluindo as regiões da cabeça, peça média e cauda (flagelo) o Ao final da espermiogênese, eles migram para a luz dos túbulos seminíferos onde serão nutridos pelas células de Sertoli até serem transportados passivamente para o epidídimo ▪ Ali são armazenados e tornam-se funcionalmente maduros até a ejaculação, onde são encaminhados através do ducto deferente para a uretra. Regulação da Espermatogênese • Ela depende do adequado funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, regulado pela liberação do GnRH • Neurônios hipotalâmicos secretam GnRH de forma pulsátil (90-120min), que é transportado até a hipófise anterior, e se ligará a receptores específicos das células gonadotróficas → para modular a síntese e secreção do FSH e LH • Estas são secretadas na circulação sistêmica e agirão nos testículos → o FSH age via receptores localizados nas células de Sertoli, enquanto o LH estimula as células de Leydig a produzirem testosterona ▪ Pré-requisito essencial para fertilidade masculina e manutenção da espermatogênese • O FSH ativa a proliferação das células de Sertoli na vida fetal e neonatal → após a puberdade, induz a atividade mitótica das espermatogônias e a diferenciação celular, por divisões meióticas, até o estágio de espermátide redonda o Também é importante pois sua ligação às células de Sertoli estimula a produção do líquido testicular e a síntese de proteínas intracelulares receptores de andrógenos • Os esteroides e peptídeos gonadais são posteriormente secretados na circulação sistêmica e modularão a secreção hormonal hipotalâmica e hipofisária • O hormônio do crescimento tambem atua na regulação, sendo necessário para controlar funções metabólicas basais dos testículos o Promove a divisão precoce das espermatogônias → em sua ausência a espermatogênese é deficiente ou ausente, causandoinfertilidade. ❖ A secreção de GnRH é regulada por fatores autócrinos, parácrinos e endócrinos → ele é capaz de controlar a própria liberação por mecanismo de feedback por alça ultracurta, resultado de sua interação ao receptor de GnRH do hipotálamo. • Os neurônios produtores de GnRH podem ativar e suprimir sua própria atividade usando o próprio GnRH como um sinal o Os neurônios também modulam sua secreção por intermédio da síntese de outros fatores, como por exemplo, os endocanabinoides → podem reduzir a concentração espermática, diminuir níveis de testosterona e suprimir LH sérico. • A regulação parácrina é controlada por outros três elementos o Um segundo subtipo de GnRH, concentrado na área pré-óptica e basal hipotalâmica o Pelo IGF-1 (insulin-like growth factor 1), que regula as atividades neuronais de GnRH e tem importante papel na regulação do desenvolvimento puberal, pela ação direta em neurônios hipotalâmicos o Kisspeptina, amino-peptídeo que pode ter papel na regulação da secreção de GnRH • A regulação endócrina é realizada pela testosterona e estrógeno → feedback negativo é causado pela testosterona e seus metabólitos→ a testosterona atua por meio de receptores androgênicos hipotalâmicos, e pela aromatização em estrógeno • A inibina B (hormônio secretado pelas células de Sertoli), reduz seletivamente a secreção de FSH pela inibição de transcrição o As ativinas (proteínas secretadas pelas células de Sertoli) estimulam a transcrição da subunidade β do FSH e são reguladas negativamente pelas folistatinas (proteínas ligadoras) OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Estocagem de Espermatozóides • Por conta da grande produção de espermatozóides, ocorre estocagem das células no epidídimo, porém a maioria dos espermatozoides acaba ficando estocado no canal deferente. • Quando armazenados, eles podem manter sua fertilidade por cerca de 1 mês, sendo em um estado inativo por substâncias inibidoras secretadas pelas células do epidídimo e dos canais deferentes. ❖ Os dois testículos do adulto formam até 120 milhões de espermatozoides por dia • Situam-se habitualmente fora da cavidade abdominal, na bolsa testicular → faz com que a temperatura testicular seja aproximadamente 2 a 3oC mais baixa do que a temperatura corporal o O arranjo vascular do plexo testicular facilita a troca de calor e de pequenas moléculas entre artérias e veias • As células germinativas masculinas são termossensíveis, sendo a localização fundamental p manutenção da espermatogênese → alterações nesse mecanismo do controle de temperatura podem levar a infertilidade, como em casos de varicocele e criptorquidia. • Dentro da cápsula testicular, o testículo é dividido em 300 lóbulos por septos fibrosos → em cada lóbulo existem alças de túbulos seminíferos, e cada alça termina na rete testis o Essa rede se conecta com os dutos eferentes para levarem o espermatozoide para a região da cabeça do epidídimo ❖ Os túbulos seminíferos proporcionam o ambiente p produção das células germinativas, por meio de seus elementos germinativos (células espermáticas em diversos estágios de desenvolvimento) e “células de suporte” (de sertoli e da membrana basal) o Cada túbulo seminífero consiste de uma membrana basal recoberta pelas células de Sertoli intercalada com as células germinativas em vários estágios de maturação. Células de Sertoli • São as verdadeiras células epiteliais do epitélio seminífero, proporcionam suporte estrutural ao epitélio e circundam as células espermáticas → responsáveis pela manutenção da barreira hematotesticular e pelo desenvolvimento das células germinativas • Apresentam também funções relacionadas à secreção e produção de hormônios (antimulleriano e inibina) e à fagocitose o Produz fluido que proporciona meio apropriado p manutenção do espermatozoide e auxilia na movimentação ao epidídimo • Na puberdade as células de Sertoli passam por um período de proliferação, sendo o FSH um importante regulador dessa fase • Entre as células existem junções que dividem o epitélio seminífero em um compartimento basal e apical → base física para a barreira hematotesticular. • As células de Sertoli expressam receptores androgênicos e de FSH permitindo que a espermatogênese seja sustentada indiretamente pelo estímulo funcional delas o Expressam a enzima aromatase, e produzem a proteína de ligação ao andrógeno o Produzem o hormônio antimulleriano e a inibina → inibina, estimulada pelo FSH, é responsável pela própria regulação do FSH por meio feedback negativo sobre os gonadotrópos ❖ A barreira hematotesticular • Divide o epitélio seminífero basal e apical → meiose I e II, espermiogênese e espermiação ocorrem no compartimento apical, enquanto a renovação das espermatogônias e estágios inicias da espermatogênese ocorrem no compartimento basal. • Ela bloqueia a passagem de substâncias do sangue para as células germinativas masculinas → permite que as células de Sertoli controlem o aporte de nutrientes p células germinativas e crie ambiente imunologicamente seguro para a espermatogênese o É a única barreira imunológica em humanos na qual as tight junctions e as adherent junctions estão localizadas contiguamente e funcionam em conjunto. Células de Leydig • Situam-se no espaço intersticial do testículo e apresentam como atividade primordial a produção de testosterona • A ligação do LH aos seus receptores nas células de Leydig ativam o AMP cíclico e uma cascata de eventos intracelulares que levam a produção de testosterona. o A ligação leva a hidrólise dos ésteres de colesterol, aumento na expressão dos genes para enzimas esteroidogênicas e a expressão de receptores para LDL e HDL o Apresenta também um efeito trófico, que promove o crescimento e proliferação das células de Leydig. ▪ A falta de estímulo pelo LH resulta em diminuição da atividade enzimática esteroidogênica e, como consequência, leva à atrofia celular ❖ A testosterona é o principal produto secretado pelo testículo, com uma taxa de produção diária de 5-7 mg nos homens. • Níveis intratesticulares de testosterona reduzidos podem resultar em baixa atividade de espermatogênese, levando à oligospermia ou até mesmo à azoospermia. Próstata E Vesículas Seminais • Considerando-se um volume seminal de 3-3,5 mL, a contribuição prostática é em média de 0,5 mL. o A secreção das vesículas seminais correspondendo a aproximadamente 50-65% do volume total • A secreção prostática é rica em citrato, zinco, poliaminas, colesterol, fosfatase ácida, prostaglandinas e diversas proteases importantes para a liquefação seminal OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Os produtos mais importantes da vesícula seminal são a frutose, prostaglandinas e proteínas coagulantes o A frutose é o principal substrato energético p metabolismo espermático e manutenção da motilidade o As prostaglandinas E são responsáveis pela contração muscular, mudanças no muco cervical e transporte espermático o Proteínas tem papel na formação do coágulo viscoso evidente após a ejaculação que depois será liquefeito pelas proteases • As glândulas bulbouretrais são responsáveis pela secreção que forma a primeira parte do ejaculado e serve como lubrificação do trato reprodutivo que precede o transporte espermático o As glândulas de Littré são pequenas glândulas na região da uretra peniana com pequena atividade secretória O Envelhecimento E A Fisiologia Da Reprodução • Com o avançar da idade masculina, os níveis séricos de testosterona declinam. o Esse declínio está associado a relevantes consequências à saúde como diminuição na função sexual, energia, função muscular, densidade óssea e comprometimento da função cognitiva. • Os níveis de testosterona intratesticular são25-125x superiores aos níveis séricos • Apesar dos níveis séricos de LH não se alterarem significativamente com a idade, ocorrem mudanças na amplitude e frequência dos pulsos de LH → essas variações podem afetar a produção de testosterona pelas células de Leydig o Associado a isso, a capacidade esteroidogênica das células de Leydig também declinam com a idade, com potenciais efeitos sobre os níveis hormonais e consequentemente sobre a fertilidade em homens acima dos 40 anos de idade. LITERATURA: - Tratado de Fisiologia Médica – Guyton e Hall, 13 Ed. - Urologia Brasil – SBU 2013
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