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Página 1 de 11 Lombalgia Epidemiologia: 80% dos adultos em algum momento da vida vão ter dor na regiao lombar e deste 2/3 terão recorrência. Entre as 10 principais causas de consulta clínica 5 a 10% dos trabalhadores se ausentam por mais de 7 dias ao ano Causa frequente de morbidade e incapacidade, superada apenas pela cefaleia nas doenças dolorosas. Etiologia e fisiopatologia: Causa não é bem definida (aguda: 80% - causa não identificada). Temos que entender que o centro de dor, a nivel do SNC, está relacionado ao sistema limbico, por isso que pacientes com transtornos de humor, de ansiedade, de depressão, de alterações de sono, tem maior sensibilidade a dor. Assim como pacientes com dor crônica, tem maior suscetibilidade a desenvolver transtornos de humor. Logo, ciclo vicioso entre alteração psiquiátrica e dor crônica. Principal causa de lombalgia aguda: muscular. Mas pode ser causada por pielonefrite, por aneusrima de aorta (são casos mais direcionados), diferente da muscular, que está mais relacionado a musculoesquelética e nervosa. Degeneração gordurosa muscular associada a dor crônica. Em exames de imagem é normal ver substituição da musculatura paravertebral por focos de gordura, sendo um sinal que o paciente ta com uma doença degenerativa de coluna. Tipos de dor: Disco intervertebral (inervação no ângulo fibroso / irritação pelo núcleo pulposo). Dor discogênica: paciente que tem uma hérnia de disco, ele sente dor porque está comprimindo um nervo? Não necessariamente! Por exemplo: paciente tem uma hérnia de disco estreitando o forame e comprimindo a raíz de L4 a direita, logo, esperamos que a dor dele seja no dermatomo de L4 a direita, percorrendo o trajeto de L4. Se for uma dor que está irradiando para L4, mas a hérnia está em L2, por exemplo, não é aquela hérnia que está causando a clínico, precisa-se investigar. Lembrar que não é necessariamente a compressão nervosa que causa a dor. Mas sim lesões nos discos que causam dor, pois o disco é inervado (por exemplo paciente tem uma discopatia abaulada com lesão no ângulo fibroso, tendo uma irritação pelo núcleo pulposo, a qual adentra as lesoes no ângulo e causa as lesões nervosas). Mais comum na 3ª e 4ª década, mais jovens. Quando se faz flexão de tronco, isso causa dor discogênica (+ em jovens), pois comprime o elemento anterior do disco. Articulações facetárias (destruição da cartilagem articular e hipertrofia facetária) Dor facetária + comum em idosos, porém são menos frequente. As facetas são as estruturas que articulam uma vertebra de baixo com uma vertebra de cima, ligando-as, sendo um processo articular. Se fizer extensão, e a dor piorar, ai é uma dor facetária, pois sobrecarrega os elementos posteriores, como a articulação posterior ou a articulação facetária. Anatomia: Página 2 de 11 Página 3 de 11 Temos uma cuvartura normal da coluna, onde a da cervical é ser mais lordótica, a da torácica é ser mais cifótica, a da lombar é ser mais lordótica e da sacral mais cifótica. Se ver no RX a perda das curvaturas normais, já vemos um desbalanço e sinal de doença degenerativa de coluna. Principais musculaturas acometidas na dor lombar. Página 4 de 11 Vemos nas vertebras, num corte lateral e sagital, o corpo vertebral, pediculo, processo transverso e em cima, com a vertebra de cima, as facetas, sendo a articular superior e a articular inferior. Clínica: Dor lombar: até 4 semanas é uma dor aguda. de 4 a 12 semanas é uma dor subaguda. acima disso é uma dor crônica. Ampla variedade de sintomas. Na prática: 1. Associada a doença subjacente específica (por exemplo paciente que tem pielonefrite, aneurisma de aorta, abscesso cutaneo). 2. Presença de componente neuropático (vemos isso através de avaliação de sensibilidade e força e alguns casos da parte autonomica, como funcionamento de bexiga). Por exemplo: paciente tem formigamento que começa numa dor lombar e vai para L4, isso é uma alteração sensitiva. Se fosse dificuldade em movimentar, seria perda de força. Não confundir com pseudoparesia, pois isso é quando o paciente não mexe a perna porque esta com muita dor e não é verdadeira porque ele não perdeu a força verdadeiramente e sim porque ele está com dor, por isso não mexe. 3. Inespecífica (maioria, de origem mecânica) Atendimento primário: 75% não se encontra causa orgânica evidente. Fatores de risco: Acima de 30 anos Sexo masculino Tabagismo paciente dependente do tabaco. Alcoolismo paciente dependendo ao álcool. *Obesidade devido a sobrecarga axial (sobre o eixo do corpo) mecânica e a inflamação sistêmica. *Postura inadequada *Sedentarismo *Atividades laborais Obs: pacientes que perdem 10% do peso, a dor já melhora 50%. *Não pedir para fazer musculação sem orientação indevida, pois piora a mecânica da coluna. Temos que pedir para fortaceler musculatura paravertebral. *Se for fazer atividade, pedir para caminhar e não correr, fazer pilates, hidroterapia pois tem baixo impacto. Questionário de Deyo e Weinstein: 1. Há alguma doença sistêmica causando a dor? inflamação? 2. Há alguma questão social ou psicológica que possa amplificar ou prolongar a dor? Pois nosso limiar de dor é muito influenciado pelo estado emocional, pelo sistema limbico, principalmente em pacientes depressivos. Igual acontece naquelas pacientes que já tem dor crônica e quando perdem alguém pioram o quadro Fazer uma boa história clínica e um bom exame físico. São poucos os que precisarão de exames complementares, pois aqueles são ferramentas mais importantes. Página 5 de 11 no momento do luto. Ou até mesmo aqueles pacientes que tem fibromialgia e tem transtorno de humor/de sono associados devido a essa ligação. 3. Há algum comprometimento neurológico que exija intervenção cirúrgica? Pois quando tem, isso é um sinal de alerta para tto de emergência e de cirurgia. Quando falamos de déficit neurológico, perda de força, alteração urinária, autonômico, é sempre sinal de alerta e deve ser encaminhado para urgencia. Diferente se for uma parestesia, que pode tratar com remédio. Sinais de alerta: Sinais de alerta para doenças graves em indivíduos com lombalgia. Dor sem melhora a noite ou com repouso pensar em metastases e tumores. Qualquer história de câncer (neoplasia maligna) pois a vertebra é muito acometida em metastases. Osteoporose ou outra doença sistêmica Qualquer sintoma neurológico Uso crônico de corticosteroides pode ter fraturas de baixo impacto. Início dos sintomas antes dos 18 ou após 60 anos Imunossupressão ou febre Abuso de drogas ou álcool OU Dor sem resposta a tratamento clínico > 4 a 6 semanas Histórico de doença arterial ou cardíaca (aneurisma de aorta) ITU de repetição (pielonefrite) Dor discogênica: Piora com posição ereta Pior a flexão do tronco 3ª e 4ª décadas Dor facetária: Pior a extensão do tronco A partir da 6ª década Independente de qual dor que é, ambas melhoram com repouso. Se não melhoram com repouso, alerta para dor oncogênica. Na prática: os paciente geralmente tem uma dor mista, dando dor em ambos os movimentos (flexao e extensao). Exame físico: Iniciar na avaliação da marcha e postura Palpação: pontos dolorosos miofasciais. Não palpar somente o processo espinhoso e sim também a musculatura paravertebral. A síndrome dolorosa miofascial ela tem pontos de gatilho de dor que doem a palpação e ela responde muito bem a bloqueio (injeta anestésico dentro do núcleo). Se clínica, pesquisar Giordano. Se componente radicular (dor em L4 que sai da coluna e desce para perna), pesquisar Laségue (elevação da perna estendida, isso causa dor pois estira o nervo). Wadell/Apeldoom: *Ajuda a diferenciar se é uma dor orgânica ou psicogênica 1. Sensibilidade superficial: desconforto na pele durantepalpação superficial. 2. Sensibilidade não anatômica: quando cruza limites anatômicos. 3. Dor a carga axial simulada: dor ao pressionar o alto da cabeça (sem efeito sobre o disco lombar). 4. Dor a rotação simulada: girar o ombro e o quadril em bloco (ao mesmo tempo) não deve gerar dor. Página 6 de 11 5. Distração da manobra de elevacao do membro inferior estendido: o sinal de Laségue é positivo, porém, se sentado, a extensão do membro inferior não é dolorosa. 6. Regionalização da sensibilidade: perda de sensibilidade que não segue dermátomo (p. ex., só abaixo do joelho). 7. Regionalização da força: fraqueza sem resistência (a orgânica é espasmódica). 8. Super-reação (overreaction): resposta dolorosa exagerada a um estímulo que, quando repetido, não tem a mesma reação. Se tiver > 3 itens positivos, aumenta as chances de ser dor psicogênica. Diagnóstico e exame complementar: Primeiro episódio de dor lombar: não requer investigação Exceto nos sinais de alerta (histórico de CA por exemplo) Laboratoriais para causas específicas (p. ex. pielonefrite) 80% dos indivíduos com imagem: achados inespecíficos Grande parte dos custos: exames desnecessários Principais exames usados: Radiografia simples: amplamente usada (+ barato e + fácil) – se vê lesoes ósseas e alterações indiretas de outras estruturas, por exemplo, lateração do espaço discal. TC: melhor exame para investigação óssea. Na TC é usado o contraste radiopaco iodado. RM: melhor exame para avaliação de partes moles, muscular, discos, nervo (são solicitados em casos duvidosos). A vantagem em relação a TC é que não é radioativo, logo, pensar nas gestantes, por exemplo. O contraste usado é magnetivo, de gadolineo, logo, não tem desvantagens. Só pensar em contrastes em causas infecciosas. TC com contraste: Vantagens e desvantagens: Contraste iodado: pode ser nefrotóxico e pode ter reação alérgica (reação anafilactoide). Podendo agudizar pacientes renais crônicos. Exames de imagem: RX mostrando boa avaliação de estrutura óssea. Vemos numa visão coronal osteófitos (bico-de-papagaio). Em perfil vemos uma redução no espaço intervertebral, mostrando uma doença degenerativa de disco quando comparada com a de cima. Na imagem do lado vemos um TC, a qual mostra a estrutura óssea com muito mais detalhes, alem de conseguirmos rodar a sequência. Vemos na foto uma fratura vertebral, onde na vertebra de baixo tem uma retropulsão, deslocando-a para trás, não estando alinhada, isso é denominado de listése (deslocamento de uma vertebra sobre a outra). Página 7 de 11 Vemos um RM, com partes moles, discos, cauda equina, musculatura vistos com muito mais detalhes. Nesse corte identificamos que em L4 e L5 tem um estreitamento, o qual é uma estenose de canal lombar. Isso aperta os nervos. Esses pacientes chegam com alteração urinária, hipoestesia de cela e perda de força nas pernas, a qual caracteriza a Síndrome da Cauda Equina, que é uma emergência médica e tem que descomprimir. RM: Melhor exame para avaliação de partes moles Pesquisa de causas específicas Não emite radiação ionizante. Avaliar concordância CLÍNICO – RADIOLÓGICA Alta prevalência de alterações de exames em pacientes assintomáticos. Tratamento: Manejo de dor Combinação de fármacos e técnicas Efeito sinérgico Analgesia balanceada Dor crônica: natureza multidimensional Opioides: Indicação típica: dor nociceptiva (aquela dor que estímula o receptor de dor). Bloqueiam a transmissão (central e periférica) da via nociceptiva Importantes no tratamento da dor inflamatória aguda Receptores mi(OP3) e x(OP2) (maior importância) Reforça ação fisiológica das endorfinas (aquelas que são liberadas em momento de felicidade e durante sono) e das vias inibitórias (serotoninérgicas e noradrenérgicas) Não são igualmente eficazes para dor neuropaticas. Mas se for usar para dor neuropática (hérnia de disco comprimindo o nervo ciático, por exemplo), usa-se aqueles atipicos: Tramadol e Metadona. Anti-inflamatórios não esteroides (AINE): Afetam a via nociceptiva. Logo, são bons nesses casos. Evitar passar AINE para paciente com dor crônica devido a nefrotoxicidade e úlceras. Se usar, em ciclos curtos. Inibe a atividade da ciclo-oxigenase e lipo-oxigenase Página 8 de 11 Previne a síntese das prostaglandinas Previne a sensibilização de nociceptores periféricos Dose/efeito limitada (efeito teto) -COX 1: maioria dos tecidos -COX 2: maioria dos tecidos -COX 3: córtex cerebral -inibida por drogas analgésicas e antipiréticas Corticoides: Anti-inflamatório potente! Diminuem a expressao do ácido araquidônico Diminuição de seus metabólitos -Prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. Diminuem a expressão de interleucinas e TNF-alfa Diminuição da resposta dolorosa em processos autoimunes Anticonvulsivante: Estabilização da membrana neuronal Diminuição da transmissão sináptica Supressão da atividade espontânea Aferente primário Gânglio da raíz dorsal Principais: Gabapentina (tem receptor saturável no intestino, logo, não adianta aumentar a dose pois não vai absorver, deve-se fracionar, usar 8 em 8h, por exemplo) e Pré-Gabalina. São para modular a dor, ou seja, para fazer profilaxia. Antidepressivos: Usado para dor neuopática. Pode ser relacionado com o bloqueio da recaptação da serotonina (Sertralina – não são tão bons) e da norepinefrina (Duloxetina, Venlafaxina) – melhor tomar de manhã, pois se tomar noite pode piorar o sono do paciente. Triciclicos (Amitriptilina, Nortripitilina) também são muito bons para dor. Dar preferencia para eles ou para Duloxetina, Venlafaxina. Aumentando a atividade dessas monoaminas nos terminais das vias de modulação da dor Melhor tratamento de qualquer dor é tratar a causa. 90% melhoram nos primeiros 30 dias sem intervenção AINEs: podem ser utilizados na fase aguda pois tem componente nociceptivo, mas ficar atendo EA. -Alerta para os efeitos colaterais Opióides: eficaz/ atentar para efeitos colaterais -Opioides atípicos: caso de dor neuropática. Miorrelaxantes: prática diária/ carece de melhores estudos (Ciclobenzapina, por exemplo). Fase aguda: Orientar manter atividades normais -Recuperação mais rápida e menor incapacidade a longo prazo. Educação postural Fisioterapia direcionada a lombalgia e hidroterapia pois tem baixo impacto. Orientações (perda de peso, evitar sobrecarga axial). Página 9 de 11 Bloqueios/ tratamentos percutâneos Cirurgias CASOS CLÍNICOS Caso clínico I: - MTH, masculino, 70 anos - Lavrador aposentado - HAS, DM (em uso: losartana, HCTZ e metformina) - Dor (queimação) lombar direita com irradiação até o pé (medial) - Piora com esforço físico - P: 89kg, H: 1,72m - Dor à palp mm para vertebral lombar - Dor a flexão do tronco - Lasegue + dir Logo, paciente tem uma dor Discogênica. RM do paciente mostrando a coluna lombar. Na seta verde mostra a linha guia com alterações do corpo vertebral e discopatias abauladas. A linha verde está entre L4 e L5. Vemos uma hérnia de disco fechando o forame. Página 10 de 11 Os nervos da cervical saem acima da vertebra, na torácica saem abaixo da vertebra. Isso ocorre porque temos 7 vertebras cervicais e 8 nervos cervicais, logo, o n° de ossos < nervos. Até T1 sai acima, abaixo disso saem abaixo. Dermatomos: Dermatomo de L4, passa pela regiao anterior do joelho e vai até a parte medial do pé. Logo, é a hérnia que está causando o sintoma, a clínica bateu com a radiologia. Modular (profilatico) – Duloxetina/Pregabalina Tirar da dor AINE com relaxante muscular – Cetoprofeno e Ciclobenzaprina. Medicação para dor fraca e intensa: Dipirona e Tramadol. Caso clínico II: Página 11 de 11 - MTH, masculino, 52 anos - Advogado - HAS(em uso de captopril) - Dor lombar em queimação há 02 semanas após mudança de casa - Piora com esforço físico - P: 95kg, H: 1,68m - Dor à palp mm para vertebral lombar - Dor que piora à extensão do tronco
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