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Pênfigo Foliáceo em pequenos animais

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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Final do Estágio Curricular Obrigatório do Curso de 
Medicina Veterinária, realizado na Clínica Veterinária Dermato Pet, 
Ribeirão Preto - SP 
 
 
 
Caso de Interesse: Pênfigo foliáceo em cadela SRD 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Vitória de Athayde de Conde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO - SP 
Novembro/2020
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Final do Estágio Curricular Obrigatório do Curso de 
Medicina Veterinária, realizado na Clínica Veterinária Dermato Pet, 
Ribeirão Preto - SP 
 
 
Caso de Interesse: Pênfigo foliáceo em cadela SRD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Vitória de Athayde de Conde 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Ketherson 
Rodrigues Silva 
Supervisor: ESP. M.V. Rodrigo Ferreira 
Diniz 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO – SP 
Novembro/2020
 
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio 
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à 
fonte. 
 
 
 
Bibliotecária Responsável: Iandra M. H. Fernandes CRB8 9878 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária Responsável: Iandra M. H. Fernandes CRB8 9878 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C749c 
 
 
Conde, Maria Vitória de Athayde de 
Caso de Interesse: pênfigo foliáceo em cadela SRD/ Maria 
Vitória de Athayde de Conde - Ribeirão Preto, 2020. 
 
47p.il 
 
Trabalho de conclusão do curso de Medicina Veterinária 
do Centro Universitário Barão de Mauá 
 
Orientador: Ketherson Rodrigues Silva 
 
1. Pênfigo 2. Autoimune 3. Anticorpos I. Silva, Ketherson Rodrigues II. Título 
 
 
 CDU 619 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico aos meus pais, Andreia e 
Henrique, e aos meus irmãos, Alvaro e 
Lorena, que ao longo desses anos me 
nutriram com um amor genuíno, capaz de 
me fazer enxergar forças que pensei não 
ter. E a Rosimar Maia (in memorian), sua 
lembrança me inspira e me faz persistir. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Durante toda a minha graduação, pensei estar buscando algo que somente 
eu conseguiria encontrar. Entretanto, entendi que essa busca só foi possível devido 
às pessoas incríveis que caminharam de mãos dadas comigo. 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido a graça da vida. Por 
me guardar, me proteger, me guiar. Por todas as respostas que Ele me deu em 
diversas noites no silencio do meu quarto, quando éramos apenas nós dois. Pela 
minha fé que se reinventou, renasceu e aumentou durante os dias escuros, onde a 
imensidão da luz Dele me abria o caminho para continuar; 
Agradeço aos meus pais, Andreia e Henrique, por depositarem em mim todo 
o seu coração e confiança. Por não desistirem dos meus sonhos, e mais do que 
isso, por sonharem cada um deles comigo. Por acreditarem em mim até quando eu 
não consegui acreditar. Quero poder ao melhor no espelho, refletir metade do que 
enxergo em vocês. Bondade. Humildade. Honestidade. O que existe de mais bonito 
e sincero na construção diária de ser humano que eu sou, devo a vocês; 
Ao meu irmão Alvaro, toda a minha gratidão e admiração. Gratidão pelos dias 
em que diversas vezes você me orientou, me ajudou, foi meu guia. Admiração 
porque não há uma pessoa que não veja como o meu coração se enche de orgulho 
ao falar de você. Sobre o profissional incrível e ser humano admirável. Mas, acima 
de tudo, sobre às vezes em que você pegou a nossa família no colo e me fez 
enxergar que tudo ficaria bem. E ficou. O meu amor por você será sempre como os 
nossos copos, nunca ficam pela metade. Amo você por inteiro; 
Agradeço a minha irmã Lorena, por todos os dias compartilhados. Na maior 
parte do tempo fomos uma pela outra. Choramos muito juntas, mas sorrimos muito 
mais. Não tenho dúvidas do quanto crescemos. Lo, você é a minha maior fonte de 
aprendizado, todos os dias me ensina algo novo, principalmente em como ser 
alguém melhor. Saiba que eu te admiro com todo o meu coração, até ontem você 
era a minha pequena e hoje já é uma mulher incrível. Ao Tony, meu cunhado, toda 
minha gratidão. Vocês dois juntos suportaram os meus piores dias. Obrigada por 
todas as jantas, os almoços de domingo, os churrascos em pleno começo de 
semana. Obrigada de coração por me acolherem. Nós três somos família, vocês 
foram irmãos, amigos, companheiros, pais. Eu amo vocês; 
 
A minha vovó Maria, dona do meu coração todinho, quero que saiba que o 
mais difícil é sempre na hora de falar sobre você. Obrigada por ser meu suporte, 
minha rede de apoio, por ser não só meu colo, mas o meu abraço, meu aconchego, 
o meu principal lar. O seu coração é o que eu tenho de mais valioso, meu lugarzinho 
no mundo. Vó, você é a minha principal faculdade. É com você que eu mais aprendi, 
e são as suas aulas que eu vou levar comigo a vida toda. Você é a pessoa da minha 
vida. Vô Alvaro, meu velho rabugento, obrigada por estar sempre do meu lado, por 
cuidar de mim, se preocupar comigo, por colocar nossas vidas acima de tudo. Você 
é o maior exemplo de nossas vidas. Aos meus avós, viver só não é mais difícil 
porque tenho vocês comigo; 
Tia Lolô, obrigada por ser exatamente do jeitinho que você é. Queria eu ter 
pelo menos metade da doçura que você carrega. Obrigada por todos os incentivos, 
por sempre tentar me mostrar o quanto eu sou especial. Saiba que você é uma das 
pessoas mais importantes da minha vida. Você reflete só coisas boas, é uma mulher 
forte e especial. A sua luz torna os meus dias mais especiais; 
Tio Marco, te agradeço pela sua presença todas as vezes em que precisei. 
Por ser meu pai aqui em ribeirão, por sempre me acolher como filha. Me orgulho do 
ser humano que você é. Te amo muito; 
Neto e Cá, é tão difícil também falar sobre vocês. Eu não sou capaz de dizer 
quem tem o coração mais bondoso, mas sou capaz de reconhecer o quanto eu sou 
abençoada por tê-los em minha vida. Cá, obrigada por todos os conselhos, que bom 
ter muito mais que uma prima, você é uma das minhas melhores amigas. Neto, o 
que seria da minha rotina na veterinária sem você? Se eu conseguir ser metade do 
profissional que você é, eu já me sinto realizada; 
Agradeço a minha melhor amiga da graduação, Lari Fabris. Você é o meu 
maior presente e um dos meus maiores orgulhos. Obrigada por ter segurado a 
minha mão por todos esses anos. Obrigada pelas noites de estudos, os choros, as 
comemorações pós provas. Nós conseguimos! E eu honestamente não sei se teria 
conseguido sem você; 
Ao meu supervisor Rodrigo Diniz, um dos meus maiores agradecimentos vai 
para você. Obrigada por abrir as portas e me acolher. Você é um exemplo que faço 
questão de seguir. Como pessoa, como profissional; 
Aos meus colegas de estágio, Mariana e Fabiano. Obrigada por me 
aguentarem nessa reta final. Por terem me apoiado e me inspirado tanto; 
 
Luísa Guimarães e Larissa Reis, as duas primeiras amigas que fiz aqui e as 
minhas duas melhores amigas da vida toda. Obrigada por estarem do meu lado 
todos os dias. Por terem me ajudado a crescer, por aguentarem os meus dias 
difíceis, por estarem caminhando comigo desde o primeiro momento em que pisei 
nessa terra desconhecida chamada Ribeirão Preto. Eu não canso de dizer que 
sempre vou doar o máximo de mim para ver as duas sorrindo. A felicidade delas é 
algo que basta para mim. Obrigada, de todo o meu coração. Vocês duas são a 
minha família aqui também. Aprendo com vocês, cresço com vocês, sou alguém 
melhor por vocês. Aquece o coração olhar para duas pessoas e enxergar nelas o 
significado de amizade verdadeira. Depois do Vita vocês tornaram todo o resto da 
minha vida possível. 
Agradeço ao meu orientador Ketherson por toda paciência e apoio. Sempre o 
admirei muito como professor, hoje, devo a você uma gratidão sem fim por ter sido 
meu principal guia nesse momento tão importante. A minha banca,Adriana e 
Cecília, agradeço por todo aprendizado e orientação. Vocês fazem parte da minha 
história. Levarei vocês sempre comigo; 
A minha cachorrinha Mavi e todos os anjos de quatro patas que passaram 
pelo meu caminho; obrigada de toda minha alma e coração. É tudo por vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Todas as coisas da criação são filhos do 
Pai e irmãos do homem... Deus quer que 
ajudemos aos animais, se necessitam de 
ajuda”. 
 
(São Francisco de Assis)
 
 
RESUMO 
 
São classificadas como dermatopatias autoimunes aquelas em que os anticorpos do 
próprio organismo se direcionam à algum componente. O pênfigo foliáceo é a 
dermatose mais comum do complexo pênfigo. Nesta afecção, o ataque dos 
autoanticorpos ocorre sobre as membranas dos queratinócitos, proteínas 
responsáveis por adesão celular da epiderme, resultando na formação de pústulas 
subcorneais. Embora não tenha a sua etiologia completamente elucidada, o pênfigo 
foliáceo canino possui apresentação idiopática, ou relacionada com a administração 
de fármacos e a doenças crônicas. Os pacientes apresentam lesões primárias como 
pústulas, e lesões secundárias como crostas, escamas, colaretes epidérmicos e 
alopecia. O diagnóstico é baseado na anamnese, exame físico e citologia das 
pústulas, e a confirmação da doença só ocorre com exame histopatológico. O 
protocolo terapêutico consiste na imunossupressão do paciente, que necessitará de 
acompanhamento por toda vida. 
 
Palavras-chave: Dermatopatia Autoimune. Pênfigo. Pústulas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico 
BID Duas vezes ao dia 
DAAP Dermatite alérgica a picada de pulgas 
DUA Dermatite úmida aguda 
ECO Estágio Curricular Obrigatório 
FPS Fator de proteção solar 
HE Hematoxilina e Eosina 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IgG1 Imunoglobulina G 1 
IgG4 Imunoglobulina G 4 
IgA Imunoglobulina A 
PE Pênfigo Eritematoso 
PF Pênfigo Foliáceo 
PV Pênfigo Vulgar 
SC Subcutâneo 
SID Uma vez ao dia 
SRD Sem raça definida 
UVB Luz ultravioleta tipo B 
V7 Vacina contra Cinomose, Hepatite Infecciosa, Parvovirose, 
Parainfluenza e Leptospirose (NOBIVAC®). 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 — Frequência de atendimentos por espécie animal acompanhados na 
Clinica Médica Veternária Dermato Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 
de Agosto de 2020 a 03 de Novembro de 2020 ................................................... 
 
 
16 
Tabela 2 — Frequência absoluta de Suspeita Clínica e/ou Diagnóstico, de 
acordo com a espécie animal, acompanhados na Clínica Médica Veterinária 
Dermato Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 de Agosto de 2020 a 03 de 
Novembro de 2020 ................................................................................................ 
 
 
 
17 
Tabela 3 — Frequência absoluta de métodos auxiliares de diagnósticos, de 
acordo com a espécie animal, acompanhados na Clínica Médica Veterinária 
Dermato Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 de Agosto de 2020 a 03 de 
Novembro de 2020 ................................................................................................ 
 
 
 
18 
Tabela 4 — Frequência absoluta das vacinações, de acordo com a espécie 
animal, acompanhados na Clinica Médica Veterinária Dermato Pet, Ribeirão 
Preto – SP, no período de 03 de Agosto de 2020 a 03 de Novembro de 2020 .... 
 
 
18 
Tabela 5 — Frequência absoluta dos procedimentos ambulatoriais, de acordo 
com a espécie animal, acompanhados na Clinica Médica Veterinária Dermato 
Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 de Agosto de 2020 a 03 de 
Novembro de 2020 ................................................................................................ 
 
 
 
18 
Tabela 6 — Frequência absoluta das raças, de acordo com a espécie animal, 
acompanhados na Clínica Médica Veterinária Dermato Pet, Ribeirão Preto – 
SP, no período de 03 de Agosto de 2020 a 03 de Novembro de 2020 ................ 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1. Fachada da Clínica Médica Veterinária Dermato Pet, Ribeirão Preto – 
SP ......................................................................................................................... 
 
13 
Figura 2. Vista de ângulos diferentes da recepção .............................................. 13 
Figura 3. Visão ampla do consultório ................................................................... 14 
Figura 4. Visão geral do laboratório clínico .......................................................... 14 
Figura 5. Corredor com balança para pesagem dos pacientes ........................... 15 
Figura 6. Vista de ângulos diferentes da sala de internação ............................... 29 
Figura 7. Lesões múltiplas eritematosas e alopécicas ........................................ 31 
Figura 8. Lesões bolhosas recém rompidas ........................................................ 37 
Figura 9. Imagem microscópica de lesão primária, apresentando queratinócitos 
acantolisados (seta). Visualização em aumento de 1000x ................................... 
37 
Figura 10. Eritema em toda extensão ventral ...................................................... 38 
Figura 11. Animal da espécie canina. Nota-se eritema em todo região 
abdominal e lesão e face medial do metatarso esquerdo ..................................... 
 
39 
Figura 12. Diagnóstico pênfigo foliáceo em cadela SRD. Nota-se presença de 
células acantolíticas .............................................................................................. 
 
41 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO I – RELATÓRIO DE ESTÁGIO 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12 
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ................................................. 12 
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO ..................................... 16 
4. DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................. 19 
5. CONCLUSÃO .......................................................................................... 24 
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 25 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II – CASO DE INTERESSE: PÊNFIGO FOLIÁCEO 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 27 
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................... 28 
2.1 Fisiopatologia ......................................................................................... 28 
2.2 Sinais clínicos ......................................................................................... 30 
2.3 Epidemiologia ......................................................................................... 31 
2.4 Diagnóstico ............................................................................................. 32 
2.5. Diagnóstico diferencial .......................................................................... 33 
2.6 Tratamento ............................................................................................. 33 
3. DESCRIÇÃO DO CASO DE INTERESSE ............................................... 35 
4. DISCUSSÃO ............................................................................................ 42 
5. CONCLUSÃO .......................................................................................... 44 
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 45 
 
 
 
 
12 
 
CAPÍTULO I - RELATÓRIO DE ESTÁGIO 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Estágio Curricular Obrigatório (ECO) é considerado o momento de maior 
importância para o discente de Medicina Veterinária, já que proporciona a 
experiência de participar de rotinas e abordagens do espaço acadêmico,permitindo 
ao estagiário conhecer conceitos diversificados e adequar-se à melhor forma de 
atuação. 
O presente relatório refere-se às atividades realizadas pela discente Maria 
Vitória de Athayde de Conde, durante o ECO, realizado na Clínica Médica com 
enfoque em Dermatologia (Dermato Pet), no período de 03 de agosto a 03 de 
novembro de 2020, totalizando-se 480 horas, sob a supervisão do Médico 
Veterinário Rodrigo Diniz CRMV-SP 42031 e orientação do Prof. Dr. Ketherson 
Rodrigues Silva, CRMV-SP 38432. 
O objetivo do ECO foi buscar maior conhecimento e aperfeiçoamento da 
teoria e pratica adquiridas ao longo dos anos na graduação em Medicina Veterinária 
no Centro Universitário Barão de Mauá. A área de interesse de estágio foi na clínica 
médica de pequenos animais, com foco na área de dermatologia veterinária. 
 
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 
 
A Dermato Pet, conforme descrito na Figura 1, está localizada na Rua Dom 
Luís do Amaral Mousinho, nº 742, no bairro Jardim Paulistano, na cidade de Ribeirão 
Preto – SP, sendo o horário de funcionamento de segunda a sexta-feira das 08h às 
18h e sábados das 08h às 14h. No entanto, é necessário agendamento prévio para 
consultas e retornos. 
O atendimento é voltado principalmente para a área de dermatologia 
veterinária, entretanto, consultas relacionadas com a clínica médica geral são 
bastante comuns. 
O quadro de funcionários é constituído por um Médico Veterinário com 
especialização em dermatologia, um recepcionista e quatro estagiários. 
13 
 
A Dermato Pet possui em sua estrutura os setores elucidados nas Figuras de 
1 a 6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Fachada da clínica médica veterinária Dermato Pet, Ribeirão Preto – SP. 
Fonte: arquivo pessoal (2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Vista de ângulos diferentes da recepção. Em A, balcão da recepção e em B nota-se uma 
vitrine com produtos terapêuticos para venda na clínica médica veterinária Dermato Pet, 
Ribeirão Preto – SP. 
Fonte: arquivo pessoal (2020). 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Visão ampla do consultório de atendimento da clínica médica veterinária Dermato Pet, 
Ribeirão Preto – SP. 
Fonte: arquivo pessoal (2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Visão geral do laboratório clínico clínica médica veterinária Dermato Pet, Ribeirão Preto – 
SP. 
Fonte: arquivo pessoal (2020). 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. Vista de ângulos diferentes da sala de internação da clínica médica veterinária Dermato 
Pet, Ribeirão Preto – SP. Em A vista do canil e em B vista do armário em que são 
armazenados itens hospitalares 
 Fonte: arquivo pessoal (2020). 
 
O atendimento tem inicio na recepção, onde se realiza triagem e cadastro do 
paciente que logo em após é direcionado para o consultório, local em que acontece 
a consulta com anamnese, exame físico, e até mesmo exames complementares, 
sendo eles: tricograma, citológico, lâmpada de Wood, raspado cutâneo, exame 
otológico e até mesmo exames oculares. 
No consultório, quando necessário, é realizada também a coleta de sangue 
do paciente para posteriormente ser enviada a um laboratório parceiro, além do 
material coletado, é enviado um documento assinado pelo médico-veterinário 
solicitando os exames complementares necessários. 
Como descrito na Figura 4, o estabelecimento possui em sua estrutura um 
laboratório, onde se realiza os exames dermatológicos das amostras que 
anteriormente foram coletadas durante a consulta. 
 
 
 
 
 
16 
 
3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO 
 
Dentre os procedimentos realizados durante o ECO, a estagiaria acompanhou 
as diversas etapas presentes dentro do atendimento clínico, desde a anamnese, 
exame físico, coletas, realização ou solicitação dos exames complementares e 
procedimentos cirúrgicos. 
Todas as atividades acompanhadas na área de clínica médica de pequenos 
animais e dermatologia veterinária, durante o período de estágio na Clínica 
Veterinária Dermato Pet, foram descritas nas Tabelas de 1 a 6. 
 
Tabela 1. Frequência de atendimentos por espécie animal acompanhados na Clínica 
 Médica Veterinária Dermato Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 
 de agosto de 2020 a 03 de novembro de 2020. 
 
Espécie Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 
Canina 158 96,93 
Felina 05 3,07 
TOTAL 163 100,00 
Fonte: Dados obtidos durante o estágio curricular obrigatório (2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Tabela 2. Frequência absoluta de Suspeita Clínica e/ou Diagnóstico, de acordo com 
a espécie animal, acompanhados na Clínica Médica Veterinária Dermato 
Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 de agosto de 2020 a 03 de 
novembro de 2020. 
 
Suspeita 
Clínica/Diagnóstico 
Espécie Canina Espécie Felina Total 
Colapso Traqueal 14 00 14 
Traqueíte 06 00 06 
Refluxo 02 00 02 
Malasseziose 13 01 14 
Piodermite Bacteriana 21 01 22 
Otite Externa 24 00 24 
Seborreia 10 00 10 
Atopia 12 00 12 
Hemoparasitose 08 00 08 
Epilepsia 01 00 01 
Hiperadrenocorticismo 03 00 03 
Demodicose 07 00 07 
Pênfigo Foliaceo 03 00 03 
Pododermatite 
interdigital 
04 00 04 
Foliculite Foruculose 02 00 02 
Blefarite 01 00 01 
Trofoalérgico 15 00 15 
Onicomicose 02 00 02 
Hipotireoidismo 03 00 03 
DAAP¹ 13 00 13 
Luxação patelar 04 00 04 
Alopecia por Diluição 
de Cor 
01 00 01 
Dermatite Responsiva 
a Vit. A 
01 00 01 
Dermatite Responsiva 
ao Zinco 
02 00 02 
Gastroenterite 14 01 15 
Doença inflamatória 
intestinal 
08 00 08 
Adenite Sebácea 02 00 02 
DUA² 11 00 11 
TOTAL 207 03 210 
(*1) Dermatite alérgica a picada de pulgas, 
(*2) Dermatite úmida aguda. 
Fonte: Dados obtidos durante o estágio curricular obrigatório (2020). 
 
 
 
 
 
18 
 
Tabela 3. Frequência absoluta de métodos auxiliares de diagnósticos, de acordo 
com a espécie animal, acompanhados na Clínica Médica Veterinária 
Dermato Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 de agosto de 2020 a 
03 de novembro de 2020. 
 
Métodos de 
Diagnóstico 
Espécie Canina Espécie Felina Total 
Tricograma 89 00 89 
Citologia 118 01 119 
Hemograma 56 01 57 
Raspado cutâneo 
de profundo 
17 00 17 
Raspado cutâneo 02 00 02 
Imprint 06 00 06 
TOTAL 288 02 290 
Fonte: Dados obtidos durante o estágio curricular obrigatório (2020). 
 
Tabela 4. Frequência absoluta das vacinações, de acordo com a espécie animal, 
 acompanhados na Clínica Médica Veterinária Dermato Pet, Ribeirão 
 Preto – SP, no período de 03 de agosto de 2020 a 03 de novembro de 
 2020. 
 
Vacinas Espécie Canina Espécie Felina Total 
Antirrábica¹ 17 01 18 
V7² 26 00 26 
TOTAL 52 01 53 
(*1) Vacina Antirrábica Canina e Felina (NOBIVAC®); 
(*²) Vacina contra Cinomose, Hepatite infecciosa, Parvovirose, Parainfluenza e Leptospirose Canina 
(L. interrogans sorogrupo Canicola sorovar Canicola e L. interrogans sorogrupo Icterohaemorrhagiae 
sorovar Copenhageni (NOBIVAC®). 
Fonte: Dados obtidos durante o estágio curricular obrigatório (2020). 
 
Tabela 5. Frequência absoluta dos procedimentos ambulatoriais, de acordo com a 
 espécie animal, acompanhados na Clínica Médica Veterinária Dermato 
 Pet, Ribeirão Preto – SP, no período de 03 de agosto de 2020 a 03 de 
 novembro de 2020. 
 
Procedimentos 
Ambulatoriais 
Espécie Canina Espécie Felina Total 
Curativos 04 02 06 
Fluidoterapia 03 01 04 
Retirada de pontos 05 01 06 
Transfusão de 
sangue 
01 00 01 
Eutanásia 03 00 03 
TOTAL 16 04 20 
Fonte: Dados obtidos durante o estágio curricular obrigatório (2020). 
 
19 
 
Tabela 6. Frequência absoluta das raças, de acordo com a espécie animal, 
 acompanhados na Clínica Médica Veterinária Dermato Pet, Ribeirão 
 Preto – SP, no período de 03 de agosto de 2020 a 03 de novembro de 
 2020. 
 
 Fonte: Dados obtidos durante o estágio curricular obrigatório (2020). 
 
4. DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
 
Conforme elucidado naTabela 1, nota-se que os atendimentos realizados na 
Dermato Pet foram voltados 96,93% á espécie canina, ficando os felinos com 
apenas 3,07% dos atendimentos. De acordo com alguns dados, os animais de 
estimação fazem parte de uma quantidade considerável de lares brasileiros. 
Segundo pesquisa realizada, 46,1% das casas possuem pelo menos um cão, 
enquanto os gatos fazem parte de 19,3% dos lares (CARVALHO et al., 2018). 
Em 2013, havia 74,3 milhões de cães e gatos presentes nos domicílios 
brasileiros segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo 52,2 
milhões de lares possuindo pelo menos um cão, enquanto os outros 22,1 milhões de 
Raças Espécie Canina Espécie Felina Total 
SRD 27 05 32 
SHIH-TZU 41 - 41 
YORKSHIRE 16 - 16 
COCKER SPANIEL 02 - 02 
GOLDEN RETRIEVER 05 - 05 
LHASA APSO 12 - 12 
CHOW-CHOW 02 - 02 
SCHNAUZER 02 - 02 
LABRADOR 04 - 04 
BULDOGUE FRANCES 11 - 11 
PASTOR ALEMÃO 02 - 02 
SPITZ ALEMÃO 09 - 09 
PINSCHER 02 - 02 
MALTES 12 - 12 
FILA BRASILEIRO 01 - 01 
AMERICOS TERRIER 01 - 01 
POODLE 04 - 04 
FOX TERRIER 01 - 01 
PEQUINES 01 - 01 
CHIHUAUHA 01 - 01 
DACHSHUND 02 - 02 
TOTAL 158 05 163 
20 
 
residências contam com pelo menos um gato. Levando ao índice de 44% de cães 
por residência e o de gatos 18% (IBGE, 2013). 
Como já esperado, a maior parte dos atendimentos do consultório foram 
voltados para consultas dermatológicas. A pele, por ser o maior órgão do corpo, 
sofre grandes quantidades de injurias, resultando na casuística dos dados que 
apontam que da clínica de pequenos animais, os casos dermatológicos representam 
a maior parte dos atendimentos, podendo chegar até 75% (BARBOSA et al., 2012). 
Segundo Lobo (2006), a dermatologia possui a vantagem de não depender de 
tecnologias e aparelhos eletrônicos sofisticados, ópticos ou de imagem. O mais 
importante dentro dessa especialidade é observar atenciosamente com olho nu, 
vinculando-o com o conhecimento e prática do profissional, se torna o instrumento 
principal para diagnóstico. 
Dentre os diagnósticos realizados, o de maior prevalência foi otite externa 
(Tabela 2). De acordo com Lusa e Amaral (2010), os sinais clinicos da otite externa 
estão relacionados com o prurido, sendo ele a queixa principal do proprietário 
quando procura o atendimento veterinário. As otites podem se classificar em 
ceruminosa, eczematosa, bacteriana, hiperplásica ou estenosante, sendo a 
classificação relacionada com as características físicas e morfológicas (LARSSON; 
LUCAS, 2018). 
A otite externa é caracterizada pelo aumento da produção de material 
ceruminoso e sebáceo, levando-o canal auditivo externo a uma descamação do 
epitélio que consequentemente pode causar dor e prurido (LUSA; AMARAL, 2010). 
Sendo esses sinais as queixas principais quando realizado a anamnese do paciente 
durante as consultas na Dermato Pet. Lusa e Amaral (2010) citam que os principais 
fatores capazes de desencadear um processo de otite externa são aqueles que 
podem iniciar uma inflamação nas orelhas normais. 
Segundo Lusa e Amaral (2010), a otite externa acomete 5% a 20% dos cães 
e 2% a 6% dos gatos, sendo a hipersensibilidade a principal causa de otite externa 
crônica, destacando que 50% a 80% dos cães atópicos ou com hipersensibilidade 
alimentar tendem a apresentar otite externa em algum momento da vida. 
Devido o leque de possibilidades dos fatores capazes de desencadear a otite 
externa, deve-se realizar um preciso e minucioso atendimento, incluindo anamnese, 
exame físico, exame dermatológico e exames complementares. Idealizando 
21 
 
encontrar e definir a causa primaria ou subjacente da otite externa, assim como 
traçar a melhor forma de tratamento (SAMPAIO, 2014). 
Cita-se o exame otológico e a citologia de orelha como principais métodos 
auxiliares para diagnosticar a otite externa. Sendo este último, essencial para definir 
quais protocolos terapêuticos deverão ser seguidos (LUSA; AMARAL, 2010). 
O protocolo terapêutico na Dermato Pet para pacientes diagnosticados com 
otite externa variava de acordo com a particularidade do caso e dos achados da 
citologia. Entretanto, preconizava-se a utilização de soluções de limpeza a base de 
ceruminolíticos uma vez por dia por pelo menos sete dias, para posteriormente, 
utilizar o agente terapêutico ideal. Produtos como 244μg de Orbifloxacino mg, 
15,1mg de miconazol, 1,11mg de aceponato de hidrocortisona e 1.505UI de sulfato 
de gentamicina foram os mais prescritos durante a ECO. Recomendava-se a 
agitação do produto antes do uso, após aplicação, a base do ouvido devia ser 
suavemente massageada de forma rápida permitindo que a preparação penetre na 
parte inferior do canal auditivo. Recomendava-se o uso por normalmente uma vez 
por dia por quinze dias. 
O protocolo utilizado na Dermato Pet está de comum acordo com a literatura 
científica, a qual sugere preparar o conduto promovendo remoção do excesso de 
cerúmen e oleosidade, para posteriormente realizar o tratamento com produtos 
tópicos contendo glicocorticoides combinados com antibióticos ou antifúngicos 
(LUSA; AMARAL, 2010). 
A piodermite bacteriana foi à segunda afecção mais diagnosticada durante os 
atendimentos na Dermato Pet. É descrita como uma infecção bacteriana da pele, 
caracterizada pelo acúmulo de exsudato com infiltrado de neutrófilos (SOUSA SÁ et 
al., 2018). 
Dentre as doenças da Dermato Pet, as infecções bacterianas estão entre as 
mais frequentes. Explica-se esse fato pelas distintas possibilidades de afecções, que 
ao desestabilizar as condições de normalidade da pele, tornam-na um ambiente 
favorável para a multiplicação desses microrganismos. 
O principal patógeno descrito é o agente Staphylococcus aureos, enquanto as 
principais lesões citadas envolvendo a piodermite bacteriana são pápulas, pústulas, 
escoriações, eritema, escamação, crosta, hiperpigmentação e hiperqueratose. A 
citologia é a melhor forma de diagnóstico da patologia em questão, enquanto os 
meios terapêuticos podem ser diversos, incluindo forma tópica, sistêmica, cirurgica 
22 
 
ou até mesmo associação das mesmas. Sendo sempre preconizado reconhecer o 
agente e eliminar causa (SOUSA SÁ et al., 2018). 
Os pacientes atendidos na Dermato Pet com piodermite bacteriana foram 
tratados na maioria dos casos apenas com produtos de terapia tópica, sendo à base 
de clorexidina 3% que age como antisséptico desinfetante. Preconizava-se o uso 
desses agentes para uma menor agressão ao organismo do animal e também 
minimizar a seleção e a dispersão de cepas resistentes. Entretanto, quando avaliado 
que necessário, o uso de fármacos sistêmicos era prescrito, como os da família das 
cefalosporinas e quinolonas via oral, normalmente por 21 dias. Nesses casos, além 
do tratamento oral associava-se o tópico, já que conjuntamente estimulem maior 
resposta. 
Este protocolo de tratamento corrobora com os descritos na literatura, a qual 
indica o uso de produtos à base de clorexidina 3% na terapia tópica e associação de 
agentes microbianos da família das cefalosporinas no tratamento sistêmico (SOUSA 
SÁ et al., 2018). 
Nos atendimentos de clínica médica geral na Dermato Pet, a afecção de 
maior suspeita/diagnóstico foi o colapso traqueal. O colapso de traqueia é definido 
como uma doença progressiva degenerativa que advém devido à diminuição do rigor 
do músculo traqueal e degeneração dos anéis traqueais, sendo sua etiologia 
multifatorial (FOSSUM, 2008; GRANDAGE, 2007). 
A suspeita de diagnóstico ocorre a partir dos sinais clinicos, resumidos na 
maioria dos casos em tosse não produtiva e angustia respiratória, podendo ocorrer 
de forma aguda ou crônica (CAVALARO et al., 2011). Já a confirmação da afecção 
ocorre através dos achados radiográficos cervicais e torácicos. Entretanto, a 
traqueoscopia é considerada o padrão ouro de diagnóstico da doença, isto porque 
este exame permite observar o colabamento traqueal a nível bronquial, aspectodificilmente observado na radiografia convencional (HOLME, 2014). 
Segundo Cavalaro et al. (2011), a terapia clínica é indicada nos casos com 
menos de 50% de colabamento e o tratamento cirúrgico em pacientes com mais de 
50% de colabamento. 
Em casos de terapia clínica, indica-se evitar superaquecimento e excitação, e 
em casos de pacientes obesos, recomenda-se dieta para redução do peso. Os 
agentes terapêuticos incluem antitussígenos, antibióticos, broncodilatadores e 
corticoresteroides (HOLME, 2014). 
23 
 
O tratamento dos pacientes com colapso traqueal na Dermato Pet caminha 
com o descrito na literatura, preconizando-se nesses casos agentes com sulfato de 
condroitina, visando sempre o fortalecimento da cartilagem. 
Como já representado na Tabela 3, os métodos auxiliares de diagnóstico 
fazem parte do atendimento dermatológico no consultório da Dermato Pet, sendo 
necessário e importante avaliar o paciente como um todo, para definir qual melhor 
método de exame complementar será necessário para determinado caso. De acordo 
com a Tabela 3, a citologia foi o exame mais realizado durante as consultas. 
O exame citológico da pele ou do ouvido visa estudar a morfologia das células 
das camadas superficiais da pele, além de identificar alguns micro-organismos. 
Pode ser empregada sobre variadas lesões, sejam elas pruriginosas, pustulares, 
crostosas, nodulares, descamativas ou alopécicas (HORTA; COSTA VAL, 2013). 
Informações como o tipo de infiltrado inflamatório, células neoplásicas, quantidade 
de proteína, mucina e a presença de células acantolíticas, leveduras, bactérias e 
protozoários podem ser determinados durante analise da lâmina citológica em 
microscópio de luz (MADUREIRA; BRUM, 2017). 
A citologia é um exame acessível, além de ser um método de fácil execução, 
sendo capaz de fornecer achados importantes sobre o aspecto da pele e do ouvido 
do paciente, isso quando não se torna o método indispensável para definir o 
diagnóstico do caso assim como o melhor tratamento a ser instituído (HORTA; 
COSTA VAL, 2013). A forma de obtenção do material depende do aspecto da lesão 
e escolha do profissional, podendo variar entre técnicas de impressão direta do 
tecido, aspiração por agulha fina, esfoliação, raspado cutâneo ou auxílio de um 
suabe (LOBO, 2006). 
Após a coleta do material, a coloração de eleição para a citologia 
dermatológica é a de Panóptico rápido, posteriormente a analise da lâmina deve 
ocorrer em objetiva de imersão, onde o aumento é de 1000x (MADUREIRA; BRUM, 
2017). 
O tricograma foi o segundo método de diagnóstico mais empregado dentro 
dos atendimentos. Considera-se um exame de coleta fácil, com o objetivo de avaliar 
as pontas, hastes e raízes, o que permite ao veterinário identificar em qual fase do 
crescimento o pelo está no momento. Defeitos na pigmentação e infecções por 
fungos também podem ser analisados nesse método. A coleta consiste na remoção 
dos pelos pela raiz, não podendo haver quebra ou corte, aplicando-o em seguida 
24 
 
sobre uma lâmina com óleo mineral. Posteriormente, realiza-se a visualização no 
microscópico de luz na objetiva de imersão, aumento de 1000x (LOBO, 2006). 
Como demonstrado na tabela 4, protocolos vacinais foram realizados no 
consultório da Dermato Pet. A vacinação é uma das ferramentas mais utilizadas 
quando pensamos em defesas para doenças infecciosas. Para determinar um 
protocolo vacinal adequado que atenda melhor o paciente, é preciso conhecer os 
fatores relacionados com o hospedeiro, enfermidade e a vacina (AMARO; 
MACZUGA; CARON, 2016). Na Dermato Pet o início do protocolo vacinal ocorre 
apenas após realização de um perfil hematológico do paciente. Após avaliação do 
estado geral do animal, a primeira dose da V7 (vacina contra Cinomose, Hepatite 
Infecciosa, Parvovirose, Parainfluenza e Leptospirose (NOBIVAC®)) era realizada 
entre os primeiros 45 dias de vida. A segunda dose era administrada três semanas 
depois e após mais três semanas era administrado a terceira e ultima dose da V7 e 
realizado a vacinação antirrábica. O reforço anual é realizado com a administração 
via subcutânea da vacina V7 e antirrábica. 
Como representado na tabela 5, dentro dos procedimentos ambulatoriais 
realizados no período de estágio na Dermato Pet, retirada de pontos e curativos 
foram os mais frequentes. A retirada de pontos acontecia após cirurgias eletivas que 
eram realizadas em clínicas parceiras, enquanto os curativos eram realizados em 
feridas, principalmente nos casos de dermatite úmida aguda. Realizava-se tricotomia 
do local para facilitar limpeza, em seguida utiliza-se clorexidina alcoólica 2% para 
antissepsia do local com auxilio de gaze. Por fim, produtos em creme com 
composição de gentamicina, betametasona e miconazol eram utilizados para auxiliar 
no tratamento das lesões. 
Conforme Tabela 6, a raça de maior prevalência foi ShihTzu, seguida de 
SRD. A definição racial é um fator extremamente importante dentro da clínica de 
Dermatologia Veterinária, já que as características genéticas da raça e histórico 
familiar podem auxiliar no diagnóstico de algumas dermatopatias. 
 
5. Conclusão 
A realização do ECO possibilita a aplicação prática de grande parte das 
informações ao longo da graduação de Medicina Veterinária. Toda conduta, tanto 
ética quanto clínica, é exemplo a ser seguido, possibilitando maiores chances de se 
25 
 
inserir no mercado de trabalho, além de maior desenvolvimento e competência em 
áreas específicas. Dentro da área clínica geral e principalmente na especialidade de 
Dermatologia, ensinamentos e aprendizados foram trocados, permitindo um maior 
crescimento profissional futuro, mas especialmente, um amplo crescimento pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
REFERÊNCIAS 
 
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https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/editora/caderno%20tecnico%2071%20dermatologia%20caes%20e%20gatos.pdf
https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/editora/caderno%20tecnico%2071%20dermatologia%20caes%20e%20gatos.pdf
27 
 
 
LOBO, M. B. Dermatologia de pequenos animais. 2006. 55f. Trabalho de 
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MADUREIRA, R.; BRUM, J. S. Diagnóstico dermatológico em pequenos animais: o 
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SAMPAIO, M. S. Ocorrência de otite externa em cães apresentados à consulta 
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SOUSA SÁ, I. et al. Piodermite canina: revisão de literatura e estudo da prevalência 
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PubVet, Londrina, v. 12, n. 6, p. 1-5, jun. 2018. Disponível em: 
http://www.pubvet.com.br/uploads/6acb95f3e34bcb94d4e957403be4d943.pdf. 
Acesso em: 16 nov. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/178/o/Mariana%20Brito%20Lobo.pdf
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http://www.pubvet.com.br/uploads/6acb95f3e34bcb94d4e957403be4d943.pdf
28 
 
CAPÍTULO II — Caso de Interesse: Pênfigo foliáceo em cadela SRD 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Nos animais domésticos, as afecções de pele apresentam-se com grande 
prevalência dentro da clínica médica, podendo o número de animais atendidos 
devido alterações do sistema tegumentar chegar até 75% (BARBOSA et al., 2012). 
Entretanto, erros de diagnósticos ainda são bastante frequentes, isso devido a 
diversos fatores que podem acabar interferindo na finalização do caso, como 
anamneses mal desempenhadas, relatos incompletos e desorganizados, dificuldade 
em saber quais exames solicitar, tutores resistentes ao custear exames 
complementares e dificuldade na coleta de materiais para analise, resultando assim, 
em recidivas e frustações (MADUREIRA; BRUM, 2017). 
 O PF é considerado dentre as dermatoses imunomediadas, incluindo as do 
complexo pênfigo, a afecção que mais acomete cães e gatos (BARBOSA et al., 
2012). 
Dentro da clínica dermatológica, é uma das doenças em que durante a 
anamnese, mais são relatados pelo tutor, tentativas de tratamentos anteriores 
prolongados com recidivas, ou até mesmo, pacientes sem remissão total dos 
sintomas (ZANHOLO, 2011). É uma dermatopatia caracterizada por lesões 
vesicobolhosas e pustulares (LARSSON; LUCAS, 2018) em que o prurido cutâneo 
pode estar presente de forma moderada a intensa (ABREU et al., 2014). 
A etiologia do PF não é completamente elucidada, mas sabe-se que fatores 
de ordem genética e imunológica podem estar envolvidos, bem como, o uso de 
alguns agentes farmacológicos (PEREIRA et al., 2018). Envolve um fenômeno que 
inclui autoanticorpos e ativação de linfócitos contra células da própria epiderme do 
animal (ABREU et al., 2014). 
Segundo Barbosa et al. (2008), o pênfigo foliáceo acaba sendo mais comum 
em cães de meia idade a senil, e possui predileção aos animais com raça definida, 
sendo o Cocker Spaniel a mais acometida (ABREU et al., 2014). 
Para o diagnóstico, é necessário uma anamnese completa, assim como 
adequado exame físico e escolha ideal dos exames complementares (BARBOSA et 
29 
 
al., 2012). Já para o tratamento, preconiza-se a utilização de drogas 
imunossupressoras (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
O presente trabalho teve como objetivo relatar um caso de pênfigo foliáceo 
em um cão e as dificuldades existentes no diagnóstico da doença. 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
Descreve-se o pênfigo foliáceo como uma dermatopatia autoimune crônica 
caracterizada por um quadro de lesões vesicular, bolhosa e pustular (LARSSON; 
LUCAS, 2018), diferenciada em termos histopatológicos pela formação de bolhas 
intradérmicas com acantólise e, em imunológicas, pela circulação de autoanticorpos 
para epiderme (FONSECA et al., 2017). É considerada uma das dermatoses 
autoimunes mais comuns dentre as patologias do complexo pênfigo, representando 
1,0 – 1,5% da casuística de atendimento na dermatologia veterinária, apesar de que 
quando comparado com outras doenças, é considerado raro (BARBOSA et al., 
2012). Dentre as principais formas clínicas que compreende o complexo pênfigo, 
temos o Pênfigo foliáceo, pênfigo eritematoso e o pênfigo vulgar (SOUZA et al., 
2015). 
 
2.1 Fisiopatologia 
 
Segundo Larsson e Lucas (2018), as doenças imunológicas da pele são 
subdividas em primárias ou autoimunes, e secundárias ou imunomediadas. Quando 
imunomediadas provêm em um evento imunológico que não age diretamente sobre 
os autoantígenos da pele, enquanto as afecções cutâneas autoimunes têm origem 
na produção de anticorpos e/ou ativação de linfócitos voltados a constituinte até 
então normais do próprio organismo do paciente (SOUZA et al., 2015). 
A trajetória das doenças autoimunes, como o pênfigo foliáceo, é embasada 
em falta de controle ou até mesmo um escape dos mecanismos controladores da 
resposta imune adquirida do organismo animal (LARSSON; LUCAS, 2018). 
O pênfigo foliáceo é caracterizado por lesões microscópicas do tipo acantólise 
(COVATTI, 2013). A acantólise é um fenômeno que ocorre devido à ação dos 
autoanticorpos, IgG1 e IgG4, sobre os antígenos desmossômicos conhecidos como 
desmogleínas, resultando na desunião das células epidérmicas (PATEL; 
30 
 
FORSYTHE, 2020). O estimulo antígeno-anticorpo acabada destruindo a ligação das 
células epiteliais, resultando então na perda da força de tensão da superfície. Esse 
processo acaba alterando a arquitetura das células, que de poliédricas passam a 
ficar arredondadas, recebendo o nome de célula acantolítica (LARSSON; LUCAS, 
2018). No cão, segundo Abreu et al. (2014), o principal antígeno envolvido no 
fenômeno de acantólise é a desmogleína I, causando principalmente 
hipersensibilidade do tipo II. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. Pênfigo foliáceo em cão. Detalhe de pústula neutrofílica subcorneal. Presença de 
queratinócitos soltos (acantolíticos) entre os neutrófilos. Coloração Hematoxilina e Eosina 
(HE). 
Fonte: Santos e Alessi (2016). 
 
Conforme Patel e Forsythe (2020), a desmogleína I é o principal componente 
proteico que forma o centro dos desmossomos. Essa proteína está presente em pele 
e mucosas, sendo mais frequentemente presente nos coxins, pavilhão auricular e 
focinho. Os autoanticorpos do pênfigo foliáceo se ligam a desmogleína I, induzindo 
o descolamentodos queratinócitos e consequentemente leva prejuízo a função 
dessas proteínas (COVATTI, 2013). 
Essa interação entre desmogleína I e autoanticorpo leva a ativação do 
plasminogênio, convertendo-o em plasmina, que é uma enzima fibrinolítica que 
promove a destruição das estruturas dos desmossomos (ABREU et al., 2014), 
acarretando na acantólise e na separação de queratinócitos no estrato espinhoso. 
Então, as fissuras que são formadas são preenchidas por neutrófilos migrando da 
circulação para a epiderme para formar pústulas. Dentro dessas pústulas são 
encontradas bactérias e queratinócitos acantolíticos, células essas que se 
31 
 
desprendem do estrato espinhoso devido o processo acantolítico (PATEL; 
FORSYTHE, 2020). 
 
2.2 Sinais clínicos 
 
As lesões primárias descritas são vesículas que rapidamente se tornam 
pústulas, e que por serem transitórias, dificilmente são encontradas integras 
(COVATTI, 2013). Essas lesões podem ou não estar presentes em áreas especificas 
da pele como nariz, orelhas, pele periocular e coxins (SOUZA et al., 2015), porém, 
dentro de seis meses tornam-se generalizadas ou multifocais em 60% dos cães. 
(BARBOSA et al., 2012). Na maioria das vezes, as pústulas são grandes, irregulares 
e coalescentes (ABREU et al., 2014). 
As pústulas geradas por esse fenômeno são de fácil rompimento, essa 
fragilidade pode ser explicada devido ao fato da acantólise ocorrer nas camadas 
mais superficiais da epiderme (BARBOSA et al., 2012) o que resulta rapidamente na 
formação extensiva de crostas nas áreas afetadas (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
Essas lesões são consideradas secundárias, podendo variar desde erosões 
superficiais, escamas, colaretes epidérmicos e alopecia (COVATTI, 2013). Os 
relatos sobre o prurido e dor no pênfigo foliáceo são bastante variáveis, porém, 
quando presentes variam desde graus moderados até severos, sendo possível 
também encontrar casos de infecção bacteriana secundária (BARBOSA et al., 
2012). 
Quando encontrados casos mais graves e generalizados da doença, o 
pênfigo foliáceo pode se manifestar de forma sistêmica, sendo principalmente 
relatados sinais de depressão, pirexia, claudicação, edema, linfoadenopatia e 
leucocitose neutrofílica (ABREU et al., 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7. A, Equino. Pústula subcorneal com neutrófilos e células acantolíticas (setas). B, região 
inguinal, cão. Múltiplas pústulas presentes na pele pouco recoberta por pelos. A pele dentro 
da elipse preta foi injetada com anestésico local na preparação para coleta de biópsia. C, 
Face, cão. Estão presentes eritema, alopecia, erosão focal, crostas e despigmentação na 
superfície medial dos pavilhões auriculares, pele periocular, dorso do nariz e do plano 
nasal. D, Coxins, cão. Erosões (setas), despigmentação e crostas estão presentes. 
Fonte: Santos e Alessi (2016). 
 
2.3 Epidemiologia 
 
O Pênfigo foliáceo pode acometer diversas espécies, mas principalmente a 
canina, que apresenta na maioria dos casos elucidados até então o inicio do 
aparecimento das lesões a partir dos quatro anos de idade (PATEL; FORSYTHE, 
2020). É descrito principalmente com três possíveis formas de apresentação, a 
mediada por fármacos, como griseofulvina, fenilbutazona, penicilaminas, 
trimetoprinas e/ou sulfas, que acaba acometendo principalmente cães das raças 
Labrador, Retriever e Doberman Pinscher. A forma espontânea, mais comum em 
cães das raças Akita e Chow Chow, ou ainda, a forma relacionada com as 
dermatopatias crônicas (COVATTI, 2013). Sabe-se ainda que fatores genéticos e 
exposição aos raios ultravioletas podem influenciar no aparecimento da doença 
(PEREIRA et al., 2018). Segundo Patel e Forsythe (2020), alguns trabalhos 
33 
 
experimentais demonstraram que a exposição à luz ultravioleta tipo B (UVB) da pele 
não lesionada de cães levou a acantólise. 
Não há nada descrito até então sobre predisposição sexual, entretanto, Abreu 
et al. (2014) ainda descreve Collie, Dachshund, Spitz Alemão, Cocker Spaniel e 
Chihuahua como raças predispostas. 
 
2.4 Diagnóstico 
 
O diagnóstico do pênfigo foliáceo é baseado através da resenha, anamnese 
completa e exame físico do paciente, assim como citologia das lesões e exame 
histopatológico das lesões de pele (ABREU et al., 2014). É fundamental para 
confirmação do diagnóstico, realizar a exclusão de todos os possíveis diferenciais 
(ZANHOLO, 2011). 
Na técnica de Tzanck, mais conhecida como citologia esfoliativa, deve-se 
utilizar o conteúdo contido dentro das pústulas integras, onde poderá ser observada 
a presença das células acantolítica (BARBOSA et al., 2012). 
Por maior que seja o crescimento da tecnologia de diagnóstico em todas as 
especialidades, a citologia ainda é um excelente método para o diagnóstico de 
muitas dermatoses, isso devido tratar-se de uma técnica de fácil execução e baixo 
custo (BRITO et al., 2009). Todavia, o uso bem-sucedido dessa técnica dependerá 
de fatores como: obtenção da amostra, adequada aplicação sob a lâmina, coloração 
adequada e um exame microscópico de qualidade (MADUREIRA; BRUM, 2017). 
No entanto, de acordo com Barbosa et al. (2012), a confirmação do pênfigo 
foliáceo só ocorre com a prática do exame histopatológico de pele, sendo o mesmo 
considerado o padrão ouro para confirmação do diagnóstico da doença. Não 
obstante, existem fatores que merecem atenção durante a realização do 
procedimento. Desde a escolha do local adequado para coleta da biopsia até a 
realização de múltiplas coletas para uma adequada e precisa avaliação 
(MADUREIRA; BRUM, 2017), sendo sempre necessário realizar-se a coleta das 
lesões primárias como as bolhas e pústulas (BARBOSA et al., 2012). 
 O diagnóstico do pênfigo foliáceo através do histopatológico ocorre através 
da identificação de acantólise subcorneal superficial no estrato espinhoso superior 
ou granuloso, infiltrado inflamatório na epiderme e queratinócitos acantolíticos 
34 
 
individualizados e circulares acometendo os folículos pilosos (FONSECA et al., 
2017). 
 
2.5 Diagnóstico diferencial 
 
Dentre as afecções do complexo pênfigo, o pênfigo foliáceo, pênfigo 
eritematoso e pênfigo vulgar são as principais descritas acometendo os animais 
domésticos. No caso do pênfigo vulgar, a ausência de lesões na região da boca e a 
natureza generalizada dessas lesões de pele, são capazes de diferencia-lo do 
pênfigo foliáceo. 
O pênfigo eritematoso e outras afecções como lúpus eritematoso discoide, 
dermatite linear por IgA, dermatomiosite, foliculite bacteriana, leishmaniose cutânea, 
dermatofitoses, doenças seborreicas da pele, piodermite superficial, eritema 
migratório necrolítico superficial e pustelose eosinofólico, a diferenciação com 
pênfigo foliáceo ocorre no local de deposição das Igs na epiderme e o local onde as 
fendas acantolíticas são formadas, achados esses observados quando realizado 
adequada biopsia e exame histopatológico da pele (BARBOSA et al., 2012). 
No linfoma epiteliotrópico cutâneo, afecção considerada também um 
diferencial do pênfigo foliáceo, deve-se coletar um citológico das lesões para 
diferenciação das afecções, onde serão visualizados linfócitos atípicos. (FONSECA 
et al., 2017). 
Já no lúpus eritematoso sistêmico, o diagnóstico diferencial só ocorre se 
realizado um imuno-histoquimico (BARBOSA et al., 2012), método no qual ocorre 
uma exploração do princípio da ligação específica de anticorpos e antígenos no 
tecido biológico (WENER et al., 2005). 
 
2.6 Tratamento 
 
Objetivam-se no tratamento do pênfigo foliáceo drogas capazes de suprimir a 
resposta imunológica. Entretanto, todo o esquema de terapia deve ser 
individualizado, devido cada paciente apresentar reações particulares e respostas 
individuais (BARBOSA et al., 2012). Ainda se descreve o uso dos glicocorticoides 
como fármacos de eleição, sendo a prednisona a de principal escolha paraos cães 
nas doses de 2 a 4mg/Kg na indução a cada 12 horas até remissão dos sinais 
35 
 
clínicos e de 0,5 a 2mg/Kg/48h na manutenção (ZANHOLO, 2011). É benéfico 
utilizar-se a maior dose no inicio do tratamento para que ocorra uma rápida resposta, 
entretanto, ao começo da remissão dos sinais clínicos, que ocorre entre duas a oito 
semanas, é imprescindível encontrar a menor dose acumulativa para o paciente, 
evitando maiores danos quando se pensa nos efeitos adversos que esses agentes 
podem causar (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
Dentre os prejuízos causados pelo uso dos glicocorticoides, Barbosa et al. 
(2012) apontam a poliúria, polidipsia e a polifagia, até mesmo nos casos de pouca 
exposição ao fármaco. Enquanto quando o uso é elevado e prolongado, é descrito 
por Patel e Forsythe (2020), a inclusão de sinais de hiperadrenocorticismo 
iatrogênico, como o ganho de peso, redistribuição da gordura corpórea e a atrofia 
muscular, fato que pode ser elucidado devido a uma atrofia da adrenocortical. 
(ZANHOLO, 2011). Calcinose cutânea, hepatomegalia, piodermite, Diabetes 
Mellitus, infecções do trato urinário e distúrbios gastrointestinais são outras possíveis 
complicações (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
Por mais que os hormônios esteroides sejam citados diversas vezes como 
agentes recomendados para o tratamento do pênfigo, devido controle efetivo das 
lesões e doença, muitos são os efeitos adversos mencionados na literatura, ainda 
mais nos caninos (SOUZA et al., 2015). A outra opção baseia-se no uso de 
medicamentos imunossupressores não esteroidais (como a azatioprina, 
ciclofosfamida, entre outros) isoladamente ou até mesmo em associação com 
glicocorticoides (ZAHOLO, 2011). De acordo com Abreu et al. (2014), essa 
associação, que recebe o nome de terapia heterodoxona, potencializa os efeitos 
anti-inflamatórios e imunossupressores, além de reduzir a dose dos fármacos e 
atenuar significantemente os efeitos adversos. Um exemplo é o uso da prednisona 
associada com azatioprina, indicados inclusive nos casos de pacientes portadores 
de obesidade e pênfigo foliáceo como também, nos casos de episódios recorrentes 
(BARBOSA et al., 2012). 
Essa combinação de tratamento tem sido relatada como a opção de diversos 
veterinários para chegarem até o controle da doença, quando o mesmo é atingido, o 
uso torna-se alternado, preconizando a administração do glicocorticoide em um dia e 
da azatioprina no outro, no caso, a dose de manutenção deste ultimo agente é de 
0,5 mg/kg (ZANHOLO, 2011). 
36 
 
Os agentes citostáticos, como a azatioprina e ciclofosfamida, são 
considerados também as opções de tratamento quando o paciente não apresenta 
nenhuma resposta ao uso dos glicocorticoides, isso se explica por serem agentes 
imunossupressores mais potentes (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
Contudo, assim como os glicocorticoides, o uso de ciclosporina também pode 
apresentar efeitos adversos, sendo o mais toxico deles relacionado com a supressão 
da medula óssea com trombocitopenia e anemia, que no geral, desenvolve-se 
gradualmente. Além de efeitos que incluem diarreia, podendo ser hemorragia ou 
não, hepatotoxicidade e pancreatite aguda (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
É muito importante tratar corretamente o pênfigo foliáceo propriamente dito, 
entretanto, é de extrema importância tratar o paciente em si. Cada qual com sua 
particularidade e suas necessidades (ZANHOLO, 2011). Por isso, o tratamento 
tópico também é bastante preconizado, indicando-se o uso de xampus terapêuticos, 
sprays, pomadas, assim como é essencial realizar-se o uso de filtros solares com 
fatores acima de fator de proteção solar (FPS) 15 (ABREU et al., 2014). 
Além disso, segundo Barbosa et al. (2012), a administração sistêmica de 
Vitamina E e de ácidos graxos, podem trazer benefícios para determinados 
pacientes. E por não estarem isentos da possibilidade de infecções bacterianas 
secundárias, o uso de antibióticos sistêmicos como cefalexina, enrofloxacina ou 
amoxicilina com clavulanato de potássio podem ser necessários (ABREU et al., 
2014). 
Independente do protocolo de eleição, por normalmente o paciente 
diagnosticado com PF precisar de tratamento pela vida inteira (LARSSON; LUCAS, 
2018), o monitoramento com exames complementares como hematologia, 
bioquímicos, entre outros, é de máxima importância para a garantia de uma melhor 
qualidade de vida (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
 
3. RELATO DE CASO 
 
No dia 03 de agosto de 2020, um cão doméstico (Canis lúpus familiaris) 
chegou ao consultório da Clínica Veterinária Dermato Pet localizada em Ribeirão 
Preto – SP, para atendimento dermatológico. Tratava-se de uma fêmea SRD, com 4 
anos de idade e peso de 8,3kg, apresentando como queixa principal múltiplas lesões 
37 
 
bolhosas nos membros pélvicos e membros torácicos, o que a levava a episódios de 
dores e dificuldades de locomoção. 
O tutor relatou que as lesões estavam espalhadas por todo o corpo, e que ao 
rompimento das mesmas, formavam-se cascas, queda de pelo e secreção 
amarelada e fétida. Relatou que as lesões tiveram inicio em novembro de 2019, e 
desde então, seguiu diversos protocolos indicados para tratamento, que na maioria 
das vezes não surtiram resultados e que nos casos com alguma melhora, acabavam 
reincidindo. Na ocasião o mesmo ainda relatou que o paciente já havia feito 
tratamento com alguns antibióticos (doxiciclina, enrofloxacina, cefalexina), além de 
aplicações tópicas com pomadas de mupirocina, cetoconazol e xampus a base de 
clorexidina e peróxido de benzoíla 2,5%, não havendo nenhuma resposta 
significativa aos tratamentos. Entretanto, relatou ainda que realizou tratamento com 
prednisolona, sendo apresentada uma pequena resposta e melhora do quadro, 
porém, com rápida recidiva quando se diminuía a dose ou quando se cessava o uso 
desse medicamento. 
Ainda na anamnese, segundo o tutor, protocolos de tratamento para dermatite 
trofoalérgica e dermatite atópica foram realizados. No caso da alergia alimentar, 
realizou-se protocolo de alimentação exclusiva apenas com ração monoproteica e 
água, entretanto, não houve melhora no quadro. Já para tratar a suspeita de 
dermatite atópica, produtos de limpeza foram restringidos. O tutor relata que foi 
indicado utilizar apenas sabão de coco e água. Além disso, foi aconselhado realizar 
a troca de todas as camas e roupas do paciente por tecido de algodão 180 fios. 
Ainda assim, o quadro não apresentou nenhuma resposta. O tutor relatou que no 
momento da consulta estava administrando maleato oclacitini (Apoquel®) como 
tentativa de tratamento. 
Durante o exame físico, foram observadas apenas alterações cutâneas. Na 
avaliação dermatológica notou-se toda extensão da pele eritematosa e hipertérmica. 
Lesões múltiplas eritematosas e alopécicas foram observadas por toda extensão da 
região dorsal, periocular e plano nasal. Presença de pústulas, vesículas exsudativas 
e colaretes epidérmicos na região do abdome. E nos membros pélvicos e membros 
torácicos (Figuras 8 e 9) foram observadas inúmeras vesículas e bolhas recém-
rompidas. 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8. Animal da espécie canina (SRD). Notam-se lesões múltiplas eritematosas e alopécicas. 
Fonte: Arquivo pessoal (2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9. Animal da espécie canina (SRD). Observam-se lesões bolhosas recém rompidas. 
Fonte: Arquivo pessoal (2020). 
 
A citologia de pele foi requerida como exame complementar. Ao analisar 
lâmina (Figura 10) em aumento de 1000x foram observados queratinócitos 
acantolisados. 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10. Exame de citologia de lesão em pele de cão. Imagem microscópica de lesão primária, 
apresentando queratinócitos acantolisados (seta). Visualização em aumento de 1000x e 
coloração Hematoxilina e Eosina (HE). 
Fonte: Arquivo pessoal (2020). 
 
Diante relato do tutor, todo o quadro clínico do paciente e os achadosda 
citologia, levantou-se como suspeita clínica o Pênfigo Foliáceo. 
A princípio, foi instituída uma associação de tratamento tópico e sistêmico 
visando melhorar o quadro do paciente. Para o tratamento tópico, xampu a base de 
clorexidina a 3% e condicionador a base de aveia coloidal foram prescritos, com a 
orientação de realizar banhos a cada três dias por três semanas, com uso exclusivo 
apenas desses produtos. Para tratamento sistêmico, foi prescrito o uso via oral de 
prednisolona 20mg/kg/VO com desmame sendo um comprido a cada 12 horas 
durante três dias, meio comprimido a cada 12 horas por três dias, finalizando com 
meio comprimido a cada 24 horas por mais três dias. Posteriormente, foi orientado 
entrar com prednisolona 5mg/kg/VO a cada 12 horas até o retorno. Os demais 
produtos e medicações que o paciente vinha fazendo uso foram suspensos. 
Para concluir diagnóstico, incialmente, realizou-se acompanhamento do 
paciente para avaliar a resposta ao tratamento. No dia 24 de agosto de 2020, 21 
dias após a primeira consulta, o paciente voltou para retorno. O tutor relatou que 
realizou todo o tratamento prescrito, e que as lesões diminuíram. Entretanto, relatou 
que ao realizar as mudanças de dose da prednisolona ou quando atrasava o horário 
40 
 
da medicação, o paciente apresentava eritema cutâneo (Figura 11). Segundo o tutor, 
o paciente apresentou polifagia, voltou a realizar suas atividades normalmente, não 
apresentando mais dificuldade para andar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11. Animal da espécie canina. Nota-se eritema em todo região abdominal e lesão e face 
medial do metatarso esquerdo. 
Fonte: arquivo pessoal (2020). 
 
Foi orientado suspensão do uso da prednilosona por 21 dias para que a 
coleta de material para histopatológico fosse realizada. O tutor foi informado de que 
o quadro do paciente pioraria, mas que era necessário para concretizar o 
procedimento da biópsia. 
No dia 10 de setembro de 2020, paciente deu entrada para realização da 
biópsia cutânea. Realizou-se o procedimento sob tranquilização com MPA na dose 
0,05mg/kg/SC de acepromazina, seguido de indução de 5mg/kg/EV com isoflurano e 
manutenção com 5mg/kg de isoflurano também por via inalatória. Por incisão, foi 
realizada coleta de três fragmentos extensos, com bordas transicionais, de caráter 
eritematoso e contendo pústulas. Para o pós-operatório, foram receitados tramadol 
40mg, um comprimido a cada 8 horas durante 4 dias e amoxicilina com clavulanato 
de potássio 50mg a cada 12 horas. 
Prescreveu-se o uso da prednisolona e os banhos tópicos com xampu a base 
de clorexidina a 3% e condicionador a base de aveia coloidal para tratamento das 
41 
 
lesões e melhora do quadro da paciente, até que se obtenha o resultado do 
histopatológico. 
No dia 26 de setembro de 2020, durante retorno, tutor relatou que o paciente 
apresentou melhora com o uso da prednisolona. 
O laudo da avaliação histopatológica revelou que um dos fragmentos 
apresentou presença de camada córnea com áreas multifocais contendo crostas 
serocelulares densas com grande quantidade de neutrófilos íntegros, material 
seroso e paraqueratose. Evidenciaram-se presença de células acantolíticas 
degenerada no interior da crosta e na camada córnea. Em outros campos e 
ocupando menor proporção do fragmento foram observados presença de 
hiperqueratose discreta com áreas de paraqueratose. A epiderme revelou na maior 
parte dos campos presença de acantólise irregular discreta à moderada associada a 
presença de espongiose discreta e áreas focais de exocitose de neutrófilos e 
eosinófilos, sendo observadas sob as crosas presença de áreas de exulceração. Na 
derme foram encontrados infiltrado inflamatório perivascular à intersticial composto 
por neutrófilos, eosinófilos, linfócitos e plasmócitos com áreas focais com presença 
de acantólise e derrame de fibrina. A epiderme de outro fragmento apresentou 
acantólise irregular com áreas de espongiose e exulceração da camada córnea com 
áreas de exocitose neutrófilos e eosinófilos. Na derme superficial, observaram-se 
moderado infiltrado inflamatório, de distribuição perivascular a intersticial, composta 
predominantemente de quertinócitos acantolisados e neutrófilos, acompanhando de 
eosinófilos, linfócitos e plasmócitos. A epiderme de outros campos apresentou 
acantólise irregular com áreas de espongiose e exocitose de neutrófilos e 
eosinófilos. Não foram observados fungos e parasitas ou sinais de malignidade nas 
amostras analisadas (Figura 12). 
 
42 
 
 
Figura 12. Diagnóstico pênfigo foliáceo em cadela SRD. Nota-se presença de células acantolíticas. 
Fonte: Imagem gentilmente cedida pela Médica Veterinária MV Rayssa de Moura Barbosa, 
laboratório HistoPet-SP (2020). 
 
 
Conclui-se no laudo que as lesões caracterizam uma dermatite perivascular à 
intersticial com áreas múltiplas de exsudação e formação de crostas serocelulares 
densas e que os fragmentos analisados apresentaram um quadro morfológico 
compatível ao Pênfigo Foliáceo, confirmando a suspeita clínica. 
Para tratamento, o protocolo recomendado foi a Ciclosporina como agente 
terapêutico único, sendo a dose receitada de 5mg/kg duas vezes ao dia. Entretanto, 
devido à ação desse fármaco não ser imediata, o paciente segue com a 
prednisolona só que em fase de desmame. 
O tutor foi orientado em administrar a prednisolona na dose de 5mg a cada 72 
horas, e relatou que o paciente responde bem. O perfil glicêmico já está sendo 
realizado diariamente desde a primeira semana de uso, e acompanhamentos como 
perfil hepático e renal começarão a ser realizados a partir dos trinta dias de 
administração do agente, semestralmente. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
4. DISCUSSÃO 
 
Nas dermatopatias autoimunes, o pênfigo foliáceo é considerado a afecção 
mais encontrada nos cães, principalmente nos casos em que enfermidades 
dermatológicas são diagnosticadas erroneamente, não respondendo a tratamentos 
convencionais (ARAUJO; GONDIM, 2019). É descrito na literatura que sua etiologia 
não é completamente elucidada, mas que existem fatores que podem desencadear 
o aparecimento da doença (PATEL; FORSYTHE, 2020). Classificam-se os fatores 
genéticos relacionados à raça como endógenos, enquanto os fatores relacionados 
aos fármacos, infecções virais e dermatopatias crônicas são classificados como 
exógenos (BARBOSA et al., 2012). 
Quando pensamos em fatores genéticos, o SRD não é citado na literatura 
como raça predisposta, e quando relacionado aos fatores exógenos, não houve 
relato de infecções virais ou dermatopatias crônicas. Entretanto, quando 
relacionamos com a forma mediada por fármacos, o paciente do relato se encaixa 
no quadro, já que segundo relato do tutor administraram-se distintos medicamentos 
por períodos prolongados. 
O paciente do caso tem quatro anos de idade, estando de acordo com o 
descrito na literatura, já que segundo Barbosa et al. (2012), a idade mais comum 
para manifestação do pênfigo foliáceo no cão ocorre entre os quatro anos. 
Em relação às lesões, o que foi relatado e observado no paciente do presente 
relato caminha com o que é descrito, principalmente sobre o aparecimento de 
pústulas que se rompem rapidamente, resultando na formação extensiva de crostas 
(PATEL; FORSYTHE, 2020). Destacam-se também, erupções, alopsia e eritema 
acometendo normalmente a face, plano nasal, área auricular, região abdominal e 
coxins plantares (ALVES et al., 2014). Na forma sistêmica, relatou-se que o animal 
apresentou depressão, claudicação, alterações essas descritas na literatura, tendo 
ainda pirexia, linfoadenopatia e leucocitose neutrófila como outras possíveis 
alterações sistêmicas (ABREU et al., 2014). 
Para diagnóstico, necessita-se levar em conta todo o histórico do paciente, 
aspectos das lesões e achados complementares (BARBOSA et al., 2012). Na 
analise da lâmina de citologia do paciente relatado, foipossível identificar 
queratinócitos acantolíticos. Cita-se a citologia como um importante método auxiliar 
quando realizado coleta de lesões integras e primárias. Ao analisar a lâmina, a 
44 
 
identificação de queratinócitos acantolíticos pode-se direcionar o caso a uma maior 
suspeita de pênfigo foliáceo (LARSSON; LUCAS, 2018). 
 
No paciente do caso, o procedimento de biopsia de pele foi realizado 
corretamente, de acordo com o que é descrito e recomendado por Barbosa et al. 
(2012). Múltiplos fragmentos de áreas diferentes devem ser coletados de forma 
incisiva, preservando a superfície da lesão. O resultado do exame histopatológico do 
paciente pode confirmar o diagnóstico do exame citológico ao evidenciar células 
acantolíticas soltas na epiderme, esféricas e com hipercromasia nuclear, como é 
descrito na literatura (LARSSON; LUCAS, 2018). 
Para terapia do pênfigo foliáceo no quadro relatado, elegeu-se o uso da 
ciclosporina como agente único. De acordo com Abreu et al. (2014), a ciclosporina é 
um agente imunossupressor que vem sendo bastante utilizado na medicina humana, 
onde o princípio de ação ocorre por meio do bloqueio das proteínas reguladoras da 
ativação de genes indutores de células T-helper e de células citotóxicas. Segundo a 
autora, esse agente terapêutico pode ser associado aos corticoides, entretanto, a 
mesma ainda cita que a ciclosporina também pode ser administrada como agente 
terapêutico único. A dose prescrita foi de 5-10mg/kg a cada 24 horas, coincidindo 
com o que é descrito na literatura. (PATEL; FORSYTHE, 2020). 
É descrito que o uso da Ciclosporina inclui efeitos colaterais como vômitos, 
diarreia e anorexia. O tutor foi orientado sobre essas possíveis condições e sobre a 
necessidade dos acompanhamentos de perfil glicêmico, renal e hepático. (PATEL; 
FORSYTHE, 2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Mesmo diante de todos os avanços e tecnologias de diagnóstico, as doenças 
imunológicas que acometem o sistema tegumentar acabam sendo ignoradas quando 
é necessário formular uma suspeita clínica. O pênfigo foliáceo é considerado a 
dermatopatia mais comum entre as doenças dermatológicas autoimunes, e ainda 
assim, o seu diagnóstico é um grande desafio na clínica de pequenos animais, 
levando a quadros extensos de falhas terapêuticas e recidivas constantes. O 
objetivo de terapia da doença consiste em reduzir a atividade do sistema 
imunológico, onde na maioria dos casos, esse protocolo deverá ser realizado pela 
vida toda do animal. Mesmo sendo muito descrito o uso de glicocorticoides como 
tratamento para pênfigo foliáceo, os efeitos adversos causados pelo uso prologando 
da droga diminui a expectativa e a qualidade de vida do animal. Hoje, diversos 
relatos comprovam a reposta da ciclosporina no tratamento do pênfigo foliáceo, que 
quando comparada ao uso da prednisolona, possui efeitos adversos menos 
agressivos, assim como, uma melhor reposta ao quadro do paciente. Sendo assim, 
conclui-se que o diagnóstico precoce e o inicio do tratamento correto são aspectos 
fundamentais quando pensamos sobre bem-estar e qualidade de vida do paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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